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1 CURSO BACHARELADO EM ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS APOSTILA DE ANÁLISE FINANCEIRA DOCENTE: PROF. Me. ANELIA FRANCELI STEINBRENNER CLEIDE MARISA RIGON DISCENTE: ___________________________________ SANTA ROSA-RS, AGOSTO DE 2016. 2 SUMÁRIO 1 CONTABILIDADE .............................................................................................................................................................. 4 1.1 USUÁRIOS E LIMITAÇÕES ....................................................................................................................................................... 4 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES ....................................................................................................................................... 5 2.1 Contabilidade X Sistema de Informações Contábeis X Análise Econômica Financeira ................................................................ 5 3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS .................................................................................................................................... 6 3.1 Balanço Patrimonial (BP) ............................................................................................................................................................... 9 3.1.1 Ativo Circulante ................................................................................................................................................................... 10 3.1.2 Ativo Não circulante ............................................................................................................................................................. 10 3.1.3 Passivo circulante ................................................................................................................................................................. 10 3.1.4 Passivo Não circulante ......................................................................................................................................................... 11 3.1.5 Modelo de Balanço Patrimonial ........................................................................................................................................... 12 3.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) E DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE (DRA)................................................................................................................................................................................................. 12 3.2.1 Demonstração do Resultado do Exercício DRE ................................................................................................................... 12 3.2.1.1 Modelo de DRE............................................................................................................................................................. 14 3.2.2 Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) .................................................................................................................. 15 3.3 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) .................................................................................................... 15 3.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) .................................................................................................... 15 Exemplo de DMPL , conforme NBC TG 26 ................................................................................................................................. 16 3.5 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) .................................................................................................................................. 17 3.5.1 Benefícios da informação dos fluxos de caixa...................................................................................................................... 17 3.5.2 Caixa e equivalentes de caixa ............................................................................................................................................... 17 3.5.3 Apresentação da demonstração dos fluxos de caixa ............................................................................................................. 18 3.5.3.1 Atividades Operacionais ............................................................................................................................................... 18 3.5.3.2 Atividades de Investimento ........................................................................................................................................... 19 3.5.3.3 Atividades de financiamento ......................................................................................................................................... 19 3.5.4 Apresentação dos fluxos de caixa das atividades operacionais ............................................................................................ 20 3.5.4.1 Método Direto ............................................................................................................................................................... 20 3.5.4.2 Método Indireto ............................................................................................................................................................ 20 3.5.4.3 Modelos de DFC .................................................................................................................................................. 21 3.6 Demonstração do Valor Adicionado (DVA) ................................................................................................................................ 23 3.6.1 Estrutura da DVA ................................................................................................................................................................. 23 3.6.1.1 Receitas ......................................................................................................................................................................... 24 3.6.1.2 Insumos adquiridos de terceiros ................................................................................................................................... 24 3.6.1.3 Valor adicionado recebido em transferência ................................................................................................................ 24 3.6.2 Distribuição da riqueza ......................................................................................................................................................... 24 4.6.3 Modelos de DVA .................................................................................................................................................................. 26 3.7 Notas Explicativas ............................................................................................................................................................... 27 4 ANÁLISE ECONOMICA E FINANCEIRA ...................................................................................................................... 28 5 ETAPAS BÁSICAS DO PROCESSO DE ANÁLISE FINANCEIRA............................................................................... 29 5.1 Usuários e Limitações .................................................................................................................................................................. 31 6 MÉTODOS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ............................................................................. 32 6.1 ANÁLISE HORIZONTAL .......................................................................................................................................................... 32 6.2 ANÁLISE VERTICAL ................................................................................................................................................................37 6.3 ANÁLISE DOS INDICADORES ECONÔMICO-FINANCEIROS ........................................................................................... 37 6.3.1 Indicadores de Liquidez ....................................................................................................................................................... 38 6.3.1.1 Quociente de Liquidez Imediata ................................................................................................................................... 38 6.3.1.2 Quociente de Liquidez Seca ......................................................................................................................................... 38 6.3.1.3 Quociente de Liquidez Corrente ................................................................................................................................... 39 6.3.1.4 Quociente de Liquidez Geral ........................................................................................................................................ 39 6.3.2 Indicadores de Endividamento ............................................................................................................................................. 40 6.3.2.1 Participação de capitais de terceiros sobre os Recursos Totais : Endividamento ......................................................... 40 6.3.2.2 Quociente de capitais de terceiros / Capitais próprios .................................................................................................. 40 6.3.2.3 Quociente de Participação das dívidas de curto prazo sobre o endividamento total ..................................................... 41 6.3.3 Indicadores do Ciclo Operacional e Rotatividade ................................................................................................................ 41 6.3.3.1 Exame dos Estoques, Rotatividades e Prazos ............................................................................................................... 41 6.3.3.1.1 Coeficiente de Rotação ou Giro do Estoque ......................................................................................................... 41 6.3.3.1.2 Coeficiente de Quantidade de Estoques ................................................................................................................ 42 6.3.3.1.3 Rotatividade do estoque de produtos acabados ..................................................................................................... 42 6.3.3.1.4 Prazo médio de cobrança – PMC .......................................................................................................................... 42 6.3.3.1.5 Prazo médio de pagamento de contas a pagar (PMP) ........................................................................................... 43 6.3.3.1.6 Prazo médio de estocagem de matéria-prima – PME – Indústria......................................................................... 43 6.3.3.1.7 Prazo médio de Fabricação – PMF ...................................................................................................................... 43 3 6.3.3.1.8 Prazo médio de Venda – PMV ............................................................................................................................. 44 6.3.3.1.9 Rotatividade do ativo ............................................................................................................................................ 44 6.3.4 Análise de Lucratividade e da Rentabilidade ....................................................................................................................... 44 6.3.4.1 Margem Operacional .................................................................................................................................................... 45 6.3.4.2 Margem de Lucro ......................................................................................................................................................... 45 6.3.4.3 Retorno sobre o investimento ....................................................................................................................................... 45 6.3.4.4 Retorno sobre o Patrimônio Líquido............................................................................................................................. 45 6.3.4.5 Análise da Taxa de Retorno sobre Investimentos (Análise da Lucratividade) ............................................................. 46 6.3.5 Estudo da Alavancagem Financeira...................................................................................................................................... 46 6.3.5.1 Grau de Alavancagem Financeira ................................................................................................................................. 46 6.3.5.2 Retorno sobre ativo ....................................................................................................................................................... 46 6.3.5.3 Custo da Dívida ............................................................................................................................................................ 47 6.3.6 Grau de Imobilização ........................................................................................................................................................... 47 6.3.6.1 Imobilização do Patrimônio Líquido ............................................................................................................................ 47 6.3.6.2 Imobilização dos Recursos a Longo Prazo e do PL ...................................................................................................... 47 6.3.6.3 Nível de Automação ..................................................................................................................................................... 48 6.3.6.4 Produção por Imobilizado ............................................................................................................................................. 48 6.3.6.5 Grau de Comercialização da Produção ......................................................................................................................... 48 6.3.6.6 Giro do Imobilizado ...................................................................................................................................................... 48 6.3.6.7 Tempo de Vida ............................................................................................................................................................. 49 6.3.7 Outros Índices Relevantes .................................................................................................................................................... 49 6.3.7.1 Índice de Desconto de Duplicatas ................................................................................................................................. 49 6.3.7.2 Reciprocidade Bancária ................................................................................................................................................ 49 6.3.7.3 Participação dos Recursos Bancários sobre o Capital de Terceiros .............................................................................. 49 7 ROTEIRO PARA A ELABORAÇÃO DAS CONCLUSÕES DA ANÁLISE ................................................................... 50 7.1 SITUAÇÃO FINANCEIRA ........................................................................................................................................................ 50 7.2 SITUAÇÃO PATRIMONIAL ..................................................................................................................................................... 50 7.3 SITUAÇÃO DOS CAPITAIS ......................................................................................................................................................51 7.4 SITUAÇÃO ECONÔMICA ........................................................................................................................................................ 51 7.5 PARECER DO ANALISTA ........................................................................................................................................................ 51 7.6 PONTOS DE VISTA ................................................................................................................................................................... 51 7.7 SUGESTÕES PARA MELHORAR O DESEMPENHO FINANCEIRO-ECONÔMICO DAS ENTIDADES EM GERAL ..... 52 7.7.1 Melhora de Desempenho Financeiro .................................................................................................................................... 53 7.7.2 Melhora de Desempenho Econômico ................................................................................................................................... 54 8 RELATÓRIO DE ANÁLISE .............................................................................................................................................. 55 9 CONCLUSÃO .................................................................................................................................................................... 56 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................................................... 57 4 1 CONTABILIDADE O conceito de contabilidade tem evoluído acompanhando as mudanças decorrentes do desenvolvimento dos negócios, das empresas e da globalização da economia. Contabilidade é a Ciência que estuda, registra e controla o patrimônio e as mutações que nele operam os atos e fatos administrativos, demonstrando no final de cada exercício social o resultado obtido e a situação econômico-financeira da entidade. O I Congresso Brasileiro de Contabilidade, realizado em setembro de 1924, aprovou a seguinte definição: Contabilidade é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação, controle e registro relativo aos atos e fatos da administração econômica. Apesar do tempo decorrido e das grandes transformações políticas, sociais e econômicas verificadas desde então, pode-se dizer, sem medo de errar, que, em sua essência, a definição continua válida. Várias correntes contábeis sucederam-se ao longo da história (contismo, personalismo, controlismo, aziendalismo, patrimonialismo etc.) e centenas de definições diferentes foram dadas e, por serem cientificamente corretas, são todas válidas. Para fins didáticos e tomando por base a primeira definição oficial e acrescentando alguns elementos, define-se: Contabilidade é a ciência que estuda, registra e controla o patrimônio e as mutações que nele operam os atos e fatos administrativos, demonstrando no final de cada exercício social o resultado obtido e a situação econômico-financeira da entidade. IUDÍCIBUS (2000), diz que o objetivo básico da contabilidade, portanto, pode ser resumido no fornecimento de informações econômicas para os vários usuários, de forma que propiciem decisões racionais. A contabilidade é a ciência que estuda os fatos administrativos e econômicos que afetam as organizações, com o intuito de elaborar relatórios que possam auxiliar os gestores na tomada de decisões. Marion (2006, p. 26) descreve a contabilidade como “o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa”, sendo essa a sua finalidade inicial, mas com o passar do tempo, o governo passa a utilizá-la para arrecadar seus tributos, tornando-a, assim, obrigatória para a maioria das empresas. Outra definição é dada por Araujo e Assaf Neto, que afirmam que “a contabilidade é conceituada como um sistema de informação capaz de orientar aos donos ou acionistas de uma empresa, a tomarem decisões apoiados em números que idealizem a situação financeira e patrimonial do seu negócio” (2010, p. 3). Logo, pode-se dizer que a contabilidade é a linguagem dos negócios. E, é através dos relatórios contábeis que se atinge este objetivo, os quais são descritos na sequência. 1.1 USUÁRIOS E LIMITAÇÕES Diz-se que os usuários das informações contábeis já não são somente os proprietários, os gestores e os colaboradores (usuários internos); entende-se que outros usuários também têm interesse em saber sobre uma empresa: sindicatos, governo, fisco, investidores, credores e outros (usuários externos). Ampliando o leque dos usuários potenciais da contabilidade, reforça-se a necessidade de uma empresa evidenciar (demonstrar) suas realizações para a sociedade em sua totalidade. Inicialmente, a contabilidade tinha por objetivo informar ao dono qual foi o lucro obtido numa empreitada comercial. (BASSO, 2005) Em tempos de capitalismo moderno, somente informar os números relativo ao lucro não é suficiente. Os sindicatos precisam saber qual a capacidade de pagamentos de salários, o governo demanda saber a agregação de riqueza à economia, isto é, o quanto a empresa agregou valor ao produto desde a compra até a venda e a capacidade de pagamento de impostos, os ambientalistas exigem conhecer a contribuição para o meio ambiente, os credores querem calcular o nível de endividamento e a possibilidade de pagamento das dívidas, os gerentes das empresas precisam de informações para subsidiar o processo decisório e reduzir as incertezas, e assim por diante. Silva (2005) diz que as informações contábeis apresentam algumas limitações. Como elas provém de uma coleta de dados quantitativos, expressos em valores monetários, fica difícil demonstrar os dados referentes a aspectos não mensuráveis monetariamente como: perfil do quadro diretivo da empresa, potencialidades e ameaças do mercado, nível tecnológico, agressão ao meio ambiente provocada pela empresa, e comprometimento da empresa com a satisfação de seus clientes e empregados. Segundo Matarazzo (1993), outro problema sério enfrentado pelas empresas é a defasagem da informação. As análises normalmente são feitas com base em demonstrativos de anos anteriores e que podem, principalmente numa economia instável, não traduzir a situação atual da empresa. 5 Também a veracidade das informações pode ser questionada em algumas empresas que manipulam suas demonstrações financeiras. Porém, as limitações das informações contábeis não são suficientes para eliminar sua utilidade, cabendo ao analista buscar informações complementares, mesmo que sejam indicadores não-financeiros. Diante desse quadro, pode-se afirmar que a contabilidade é planejar e colocar em prática um sistema de informação para uma organização com ou sem fins lucrativos. 2 SISTEMAS DE INFORMAÇÕES De acordo com Moscove et. Ali. (2002, p. 23), um sistema de informações é um conjunto de subsistemas inter-relacionados que funcionam em conjunto para coletar, processar, armazenar, transformar e distribuir informações para fins de planejamento, tomada de decisões e controle. Os níveis de influência do Sistema de Informações classificam-se em Estratégico, Tático e Operacional. Segundo Oliveira, Perez Jr e Silva (2008, pg. 30) entendem: O nível estratégico vem a ser o processo de decidir sobre os objetivos da organização, as alterações desses objetivos, os recursos necessários para alcança-los e as políticas que governam sua aquisição e utilização. O nível tático é o controle gerencial, que seria o processo pelo qual os gerentes se asseguram de que os recursos são obtidos e utilizados eficazmente para o cumprimento dos objetivos da organização. E o nível operacional, é o nível de controle, é o processo que visa assegurar que tarefas específicas sejam executadas eficiente e eficazmente. Os sistemas de informações compreendem um conjunto de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros agregadossegundo uma sequência lógica para o processamento dos dados e a correspondente tradução em informações. A teoria sistêmica procura desenvolver: - Uma visão holística, de conjunto ou totalidade. - Uma técnica para lidar com a amplitude das empresas. - Uma visão interativa do todo. Sistemas de Informações é estudo da relação entre os componentes de apoio para a análise e solução de problemas complexos, pois permite analisá-los dividindo em partes, sem perder a visão do todo. e Sistemas de Informações Contábeis é o meio utilizado pelo contador geral, contador gerencial ou controller para efetivar a contabilidade e a informação contábil dentro da organização, para que a contabilidade seja utilizada em sua plenitude. No entanto, o Controller através da aplicabilidade dos conceitos de contabilidade e controladoria é o responsável pelo sistema de informações completo da organização, no intuito de alinhar e gerar as informações das diversas áreas da empresa, tanto operacional, quanto táticas ou estratégicas, demonstrando que a contabilidade atende o seu principal objetivo que é gerar informações significativas para a tomada de decisões. 2.1 Contabilidade X Sistema de Informações Contábeis X Análise Econômica Financeira Sabendo que a contabilidade é um sistema de informações que tem o objetivo de auxiliar aos diversos usuários, ou seja, as pessoas que têm interesse nas organizações e, a contabilidade tem como objetivo fim ser um sistema de informações, neste momento reporta-se a controladoria, a qual abarca todo sistema de informações da empresa e tem as funções de acompanhar e controlar todo o sistema empresa. Logo, dentro desta estrutura entra a análise econômica e financeira como uma parte importantíssima, ou seja, uma parte do sistema que forma o todo, na geração de informações úteis para fins de tomada de decisões. Logo, a análise econômico-financeira consiste no estudo e na aplicação de uma metodologia específica de avaliação de empreendimentos, na busca de respostas precisas quanto à real situação das organizações ou quais os motivos que levaram a ter determinado crescimento ou decrescimento. Como o foco deste estudo é a análise econômica e financeira e, a contabilidade fornece uma base significativa de informações através de seus diversos relatórios, no entanto considera-se adequado retomar os mesmos, seus objetivos e estrutura, antes de iniciar o estudo da análise. 6 3 DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Relatório contábil é a exposição resumida e ordenada dos principais fatos registrados pela contabilidade em determinado período. Entre os relatórios contábeis, as mais importantes são as Demonstrações Contábeis. A Lei das sociedades por ações estabelece que, ao fim de cada exercício social (ano), a diretoria fará elaborar, com base na escrituração contábil, as seguintes demonstrações Contábeis: 1. Balanço Patrimonial (BP); 2. Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) ; 3. Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), podendo ser substituído pela demonstração das mutações do patrimônio líquido (DMPL); 4. Demonstração dos fluxos de caixa; (DFC) não obrigatória para as organizações com patrimônio líquido inferior a dois milhões de reais; 5. Demonstração do valor adicionado (DVA), obrigatória para companhias abertas; e 6. Notas explicativas, incluindo a descrição das práticas contábeis. Destacando que este é o produto final que a contabilidade fornece, deve-se atentar a aplicabilidade da atual legislação aos mesmos. As demonstrações contábeis são extraídas dos livros, registros e documentos que compõem o sistema contábil das entidades, devendo especificar a natureza, a data e/ou período e a entidade a que se referem. Assim, as demonstrações contábeis, elaboradas pelo contador, fornecerão um conjunto de dados respeitando as normas e princípios de contabilidade. Dentre as demonstrações contábeis fornecidas pela contabilidade, cita-se as que atendem um maior número de usuários de informações, as quais destaca-se o Balanço Patrimonial, Demonstração de Resultado do Exercício, Demonstração dos Lucros e Prejuízos Acumulados, Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, Demonstração dos Fluxos de Caixa, Demonstração do Valor Adicionado e as notas explicativas. Segundo a NBC TG 26, esta Norma define a base para a apresentação das demonstrações contábeis, para assegurar a comparabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade quanto com as demonstrações contábeis de outras entidades. Nesse cenário, esta Norma estabelece requisitos gerais para a apresentação das demonstrações contábeis, diretrizes para a sua estrutura e os requisitos mínimos para seu conteúdo. Ainda conforme a NBC TG 26, destaca-se algumas definições em relação as demonstrações contábeis. Demonstrações contábeis de propósito geral (referidas simplesmente como demonstrações contábeis) são aquelas cujo propósito reside no atendimento das necessidades informacionais de usuários externos que não se encontram em condições de requerer relatórios especificamente planejados para atender às suas necessidades peculiares. Aplicação impraticável – A aplicação de um requisito é impraticável quando a entidade não pode aplicá- lo depois de ter feito todos os esforços razoáveis nesse sentido. Práticas contábeis brasileiras compreendem a legislação societária brasileira, as Normas Brasileiras de Contabilidade, emitidas pelo Conselho Federal de Contabilidade, os pronunciamentos, as interpretações e as orientações emitidos pelo CPC e homologados pelos órgãos reguladores, e práticas adotadas pelas entidades em assuntos não regulados, desde que atendam à NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL – Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro emitida pelo CFC e, por conseguinte, em consonância com as normas contábeis internacionais. Omissão material ou divulgação distorcida material – As omissões ou divulgações distorcidas são materiais se puderem, individual ou coletivamente, influenciar as decisões econômicas que os usuários das demonstrações contábeis tomam com base nessas demonstrações. A materialidade depende do tamanho e da natureza da omissão ou da divulgação distorcida, julgada à luz das circunstâncias que a rodeiam. O tamanho ou a natureza do item, ou combinação de ambos, pode ser o fator determinante para a definição da materialidade. Avaliar se a omissão ou a divulgação distorcida pode influenciar a decisão econômica do usuário das demonstrações contábeis e, nesse caso, se são materiais, requer que sejam levadas em consideração as características desses usuários. A Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro contida na NBC TG ESTRUTURA CONCEITUAL estabelece no item QC32 que: “Relatórios contábil-financeiros são elaborados para usuários que têm conhecimento razoável de 7 negócios e de atividades econômicas e que revisem e analisem a informação diligentemente”. Dessa forma, a avaliação deve levar em conta como se espera que os usuários, com seus respectivos atributos, sejam influenciados na tomada de decisão econômica. Notas explicativas contêm informação adicional em relação à apresentada nas demonstrações contábeis. As notas explicativas oferecem descrições narrativas ou segregações e aberturas de itens divulgados nessas demonstrações e informação acerca de itens que não se enquadram nos critérios de reconhecimento nas demonstrações contábeis. Outros resultados abrangentes compreendem itens de receita e despesa (incluindo ajustes de reclassificação) que não são reconhecidos na demonstração do resultado como requerido ou permitido pelas normas, interpretações e comunicados técnicos emitidos pelo CFC. Os componentes dos outros resultados abrangentes incluem: (a) variações na reserva de reavaliação quando permitidas legalmente(ver a NBC TG 27 – Ativo Imobilizado e a NBC TG 04 – Ativo Intangível); (b) ganhos e perdas atuariais em planos de pensão com benefício definido reconhecidos conforme item 93A da NBC TG 33 – Benefícios a Empregados; (c) ganhos e perdas derivados de conversão de demonstrações contábeis de operações no exterior (ver a NBC TG 02 – Efeitos das Mudanças nas Taxas de Câmbio e Conversão de Demonstrações Contábeis); (d) ganhos e perdas na remensuração de ativos financeiros disponíveis para venda (ver a NBC TG 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração); (e) efetiva parcela de ganhos ou perdas de instrumentos de hedge em hedge de fluxo de caixa (ver também a NBC TG 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração Proprietário é o detentor de instrumentos classificados como patrimoniais (de capital próprio, no patrimônio líquido). Resultado do período é o total das receitas deduzido das despesas, exceto os itens reconhecidos como outros resultados abrangentes no patrimônio líquido. Ajuste de reclassificação é o valor reclassificado para o resultado no período corrente que foi inicialmente reconhecido como outros resultados abrangentes no período corrente ou em período anterior. Resultado abrangente é a mutação que ocorre no patrimônio líquido durante um período que resulta de transações e outros eventos que não derivados de transações com os sócios na sua qualidade de proprietários. Resultado abrangente compreende todos os componentes da “demonstração do resultado” e da “demonstração dos outros resultados abrangentes”. As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Essas informações, juntamente com outras informações constantes das notas explicativas, ajudam os usuários das demonstrações contábeis na previsão dos futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração. Para satisfazer a esse objetivo, as demonstrações contábeis proporcionam informação da entidade acerca do seguinte: (a) ativos; (b) passivos; (c) patrimônio líquido; 8 (d) receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas; (e) alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; e (f) fluxos de caixa. Ainda com base na NBC TG 26, o conjunto completo de demonstrações contábeis inclui: (a) balanço patrimonial ao final do período; (b) demonstração do resultado do período; demonstração do resultado abrangente do período; (c) demonstração das mutações do patrimônio líquido do período; (d) demonstração dos fluxos de caixa do período; (e) demonstração do valor adicionado do período, conforme NBC TG 09; (f) notas explicativas, compreendendo um resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias; e (g) balanço patrimonial no início do período mais antigo comparativamente apresentado quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou procede à reapresentação restrospectiva de itens das demonstrações contábeis, ou ainda quando procede à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis. Muitas entidades apresentam, fora das demonstrações contábeis, relatório da administração que descreve e explica as características principais do desempenho e da posição financeira e patrimonial da entidade e as principais incertezas às quais está sujeita. Esse relatório pode incluir a análise: (a) dos principais fatores e influências que determinam o desempenho, incluindo alterações no ambiente em que a entidade opera, a resposta da entidade a essas alterações e o seu efeito e a política de investimento da entidade para manter e melhorar o desempenho, incluindo a sua política de dividendos; (b) das fontes de financiamento da entidade e a respectiva relação pretendida entre passivos e o patrimônio líquido; e (c) dos recursos da entidade não reconhecidos nas demonstrações contábeis de acordo com as normas. Muitas entidades apresentam também, fora das demonstrações contábeis, relatórios e demonstrações tais como relatórios ambientais e sociais, sobretudo nos setores em que os fatores ambientais e sociais sejam significativos e quando os empregados são considerados um importante grupo de usuários Os relatórios e demonstrações apresentados fora das demonstrações contábeis estão fora do âmbito das normas emitidas pelo CFC. Logo, na sequência vamos focar os principais relatórios que servirão de base da análise econômico- financeira conforme NBCs. De acordo com Silva (2012, pg, 92), os Relatórios Contábeis apresentam e Comentam a empresa, seus resultados, as expectativas futuras da direção e outros dados relevantes e apresenta o seguinte resumo dos relatórios contábeis: RELATÓRIO DESCRIÇÃO Balanço Patrimonial Fotografia da empresa em determinado momento, mostrando os bens, direitos e obrigações. Demonstração do Resultado do Exercício Acumula Receitas, custos e despesas de um período, para apurar o resultado. Uma espécie da história do período. Demonstração Dos Fluxos De Caixa Mostra o fluxo de caixa gerado pelas operações, pelas atividades de investimentos e de financiamentos. Notas Explicativas Ajudam a esclarecer as demonstrações financeiras e os critérios contábeis. Demonstrações Das Mutações Do Patrimônio Líquido Detalha as principais ocorrências que modificam o patrimônio líquido do período. 9 Demonstração Do Valor Adicionado Detalha os principais grupos de beneficiários do valor adicionado pela empresa. Parecer Do Conselho Fiscal Opina sobre o relatório anual e sobre as demonstrações financeiras. Parecer Dos Auditores Opina sobre a qualidade e veracidade das demonstrações financeiras. 3.1 Balanço Patrimonial (BP) Com base na NBC TG 26 a Informação a ser apresentada no balanço patrimonial deve apresentar, respeitada a legislação, no mínimo, as seguintes contas: (a) caixa e equivalentes de caixa; (b) clientes e outros recebíveis; (c) estoques; (d) ativos financeiros (exceto os mencionados nas alíneas “a”, “b” e “g”); (e) total de ativos classificados como disponíveis para venda (NBC TG 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e ativos à disposição para venda de acordo com a NBC TG 31 – Ativo Não Circulante Mantido para Venda e Operação Descontinuada; (f) ativos biológicos; (g) investimentos avaliados pelo método da equivalência patrimonial; (h) propriedades para investimento; (i) imobilizado; (j) intangível; (k) contas a pagar comerciais e outras; (l) provisões; (m) obrigações financeiras (exceto as referidas nas alíneas “k” e “l”); (n) obrigações e ativos relativos à tributação corrente, conforme definido na NBC TG 32 – Tributos sobre o Lucro; (o) impostos diferidos ativos e passivos, como definido na NBC TG 32; (p) obrigações associadas a ativos à disposição para venda de acordo com a NBC TG 31; (q) participação de não controladores apresentada de forma destacada dentro do patrimônio líquido; e (r) capital integralizado e reservas e outras contas atribuíveis aos proprietários da entidade. A entidade deve apresentar contas adicionais, cabeçalhos e subtotais nos balanços patrimoniais sempre que sejam relevantes para o entendimento da posição financeira e patrimonial da entidade. Na situação em que a entidade apresente separadamente seus ativose passivos circulantes e não circulantes, os impostos diferidos ativos (passivos) não devem ser classificados como ativos circulantes (passivos circulantes). A entidade deve julgar a adequação da apresentação de contas adicionais separadamente com base na avaliação: (a) da natureza e liquidez dos ativos; (b) da função dos ativos na entidade; (c) dos montantes, natureza e prazo dos passivos. A utilização de distintos critérios de mensuração de classes diferentes de ativos sugere que suas naturezas ou funções são distintas e, portanto, devam ser apresentadas em contas separadas. Por exemplo, diferentes classes de imobilizado podem ser reconhecidas ao custo ou pelo valor de reavaliação, quando permitido legalmente, em conformidade com a NBC TG 27. A entidade deve apresentar ativos circulantes e não circulantes, e passivos circulantes e não circulantes, como grupos de contas separados no balanço patrimonial, de acordo com os itens 66 a 76, exceto quando uma apresentação baseada na liquidez proporcionar informação confiável e mais relevante. Quando essa exceção for aplicável, todos os ativos e passivos devem ser apresentados por ordem de liquidez. 10 3.1.1 Ativo Circulante A Norma NBC TG 26 coloca que o ativo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou (d) é caixa ou equivalente de caixa (conforme definido na NBC TG 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa), a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Os ativos circulantes incluem ativos (tais como estoque e contas a receber comerciais) que são vendidos, consumidos ou realizados como parte do ciclo operacional normal mesmo quando não se espera que sejam realizados no período de até doze meses após a data do balanço. Os ativos circulantes também incluem ativos essencialmente mantidos com a finalidade de serem negociados (por exemplo, ativos financeiros dentro dessa categoria classificados como disponíveis para venda de acordo com a NBC TG 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração) e a parcela circulante de ativos financeiros não circulantes. O ciclo operacional da entidade é o tempo entre a aquisição de ativos para processamento e sua realização em caixa ou seus equivalentes. Quando o ciclo operacional normal da entidade não for claramente identificável, pressupõe-se que sua duração seja de doze meses. Todos os demais ativos devem ser classificados como não circulante. 3.1.2 Ativo Não circulante Segundo Silva (2012, pg. 103) o ativo não circulante compreende o ativo realizável a longo prazo, investimento, imobilizado e intangível. A Norma NBC TG 26 utiliza o termo “não circulante” para incluir ativos tangíveis, intangíveis e ativos financeiros de natureza associada a longo prazo. Não se proíbe o uso de descrições alternativas desde que seu sentido seja claro. O ativo não circulante deve ser subdividido em realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível. 3.1.3 Passivo circulante Segundo Silva (2012, pg. 122) o passivo circulante compreende as obrigações vencíveis no exercício social seguinte. Conforme a Norma NBC TG 26 o passivo deve ser classificado como circulante quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja liquidado durante o ciclo operacional normal da entidade; (b) está mantido essencialmente para a finalidade de ser negociado; (c) deve ser liquidado no período de até doze meses após a data do balanço; ou (d) a entidade não tem direito incondicional de diferir a liquidação do passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço. Os termos de um passivo que podem, à opção da contraparte, resultar na sua liquidação por meio da emissão de instrumentos patrimoniais não devem afetar a sua classificação. Todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. Alguns passivos circulantes, tais como contas a pagar comerciais e algumas apropriações por competência relativas a gastos com empregados e outros custos operacionais são parte do capital circulante usado no ciclo operacional normal da entidade. Tais itens operacionais são classificados como passivos circulantes mesmo que estejam para ser liquidados em mais de doze meses após a data do balanço. O mesmo ciclo operacional normal aplica-se à classificação dos ativos e passivos da entidade. Quando o ciclo 11 operacional normal da entidade não for claramente identificável, pressupõe-se que a sua duração seja de doze meses. Outros passivos circulantes não são liquidados como parte do ciclo operacional normal, mas está prevista a sua liquidação para o período de até doze meses após a data do balanço ou estão essencialmente mantidos com a finalidade de serem negociados. Exemplos disso são os passivos financeiros classificados como disponíveis para venda de acordo com a NBC TG 38 – Instrumentos Financeiros: Reconhecimento e Mensuração, saldos bancários a descoberto e a parte circulante de passivos financeiros não circulantes, dividendos a pagar, imposto de renda e outras dívidas a pagar não comerciais. Os passivos financeiros que proporcionem financiamento a longo prazo (ou seja, não façam parte do capital circulante usado no ciclo operacional normal da entidade) e cuja liquidação não esteja prevista para o período de até doze meses após a data do balanço são passivos não circulantes. A entidade classifica os seus passivos financeiros como circulante quando a sua liquidação estiver prevista para o período de até doze meses após a data do balanço, mesmo que: (a) o prazo original para sua liquidação tenha sido por período superior a doze meses; e (b) um acordo de refinanciamento, ou de reescalonamento de pagamento a longo prazo seja completado após a data do balanço e antes das demonstrações contábeis serem autorizadas para sua publicação. 3.1.4 Passivo Não circulante Segundo Silva (2012, pg. 125) classifica passivo não circulante as obrigações de longo prazo são caracterizadas por terem seus vencimentos após o término do exercício social seguinte, isto é num prazo superior a um ano. Segundo Silva, Alcantara (2012, pg. 45) todos os outros passivos devem ser classificados como não circulantes. Lembrando que na companhia em que o ciclo operacional da empresa tiver duração maior que o exercício social , a classificação terá como base o prazo desse ciclo. 12 3.1.5 Modelo de Balanço Patrimonial Modelo de Balanço Patrimonial (analítico) - Companhia ABC - CNPJ: 00.000.000/0001-00 Balanço Patrimonial em 31/12/xxxx - Em $ mil ATIVO PASSIVO Ativo Circulante Disponível - caixa e bancos - aplicações de liquidez imediata Clientes - duplicatas a receber - (-) duplicatas descontadas - (-) PDD Outros Créditos - títulos a receber - cheques em cobrança - juros a receber - adiantamento a terceiros - impostos a recuperar (ICMS, IPI...) Estoques - mercadorias para revenda - produtos acabados - almoxarifado Despesas do Exercício Seguinte (pgas antecip) - Prêmios de Seguros a apropriar - Aluguéis pagos antecipadamente Ativo Não Circulante Realizável a Longo Prazo Créditos e Valores - clientes - títulos a receber - Depósitos Judiciais - Impostos a recuperar - Valores a receber de partes relacionadas (de coligadas, controladas, acionistas) Investimentos - Aplicações permanentes em outras entidades/sociedades Ativo Imobilizado - Terrenos e imóveis - Máquinas e equipamentos - Veículos - Móveis eutensílios e instalações - Imobilizações em andamento (-) Depreciação, Amortização e Exaustão Imobilizado em Andamento Ativo Intangível - Direitos sobre bens incorpóreos (Marcas e Patentes) (-) Amortização Passivo Circulante Fornecedores Obrigações Sociais - Ordenados e salários a pagar - Encargos sociais a pagar - INSS a recolher - FGTS a recolher - Dividendos a pagar Obrigações Fiscais - ICMS a recolher - IPI a recolher - Provisão para Imposto de Renda - CSLL a recolher - PIS a recolher - COFINS a recolher Empréstimos e Financiamentos - títulos a pagar Passivo Não Circulante Exigível a Longo Prazo Empréstimos e Financiamentos Debêntures Parcelamentos de impostos Patrimônio Líquido Capital Social subscrito (-) Capital Social a integralizar Reservas de Capital - ágio na emissão de ações - produto da alienação de partes beneficiárias Reservas de Lucro - reserva legal - reservas estatutárias - reserva para contingências - reserva de lucros a realizar (-) Ações em Tesouraria Ajustes de Avaliação Patrimonial Ajustes acumulados de conversão Lucros ou Prejuízos Acumulados Total do Ativo Total do Passivo 3.2 DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO EXERCÍCIO (DRE) E DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO ABRANGENTE (DRA) 3.2.1 Demonstração do Resultado do Exercício DRE A demonstração do resultado do exercício, que também é reconhecida pela sigla DRE, esta demonstração mostra o lucro ou o prejuízo obtido pela empresa no período. Expressa o desempenho econômico, através das receitas dos custos e despesas de um período, para apurar o resultado. É uma demonstração dos aumentos e reduções causados no Patrimônio Líquido pelas operações da empresa. As receitas representam normalmente aumento do Ativo, através de ingresso de novos elementos. As despesas 13 representam redução do Patrimônio Líquido, através da redução do ativo, ou do aumento do passivo exigível. (SILVA, 2012) Objetivamente a demonstração do resultado do exercício – DRE – é o confronto entre receitas e despesas, onde a partir dessa demonstração pode-se obter os valores correspondentes ao lucro ou ao prejuízo da empresa. Quando as receitas do período forem maior que as despesas e custos temos um lucro e quando as despesas e custos forem maior que as receitas temos um prejuízo. Cabe salientar que a DRE retrata apenas o fluxo econômico e não o fluxo monetário (fluxo de dinheiro). Sendo assim, o resultado obtido pela empresa em um dado período não representa o saldo da conta caixa deste mesmo período, mas reforça o fato de que lucro não significa saldo positivo no caixa ou prejuízo pode não representar saldo negativo. Vamos imaginar uma situação considerando que determinada empresa obteve prejuízo. Esse prejuízo e as consequentes dificuldades de recursos financeiros levaram essa empresa a buscar um financiamento. O saldo do caixa será positivo, porém o resultado da empresa continua sendo negativo. Para a DRE não importa se uma receita ou despesa tem reflexos em dinheiro, basta apenas que afete o Patrimônio Líquido, entre duas datas. É apresentada de forma dedutiva (vertical), ou seja, das receitas subtraem-se os custos e as despesas e em seguida, indica-se o resultado (lucro ou prejuízo). Segundo a NBC TG 26, a entidade deve apresentar todos os itens de receita e despesa reconhecidos no período em duas demonstrações: demonstração do resultado do período e demonstração do resultado abrangente do período, e esta última começa com o resultado líquido e inclui os outros resultados abrangentes. A demonstração do resultado do período deve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas, obedecidas também as determinações legais: (a) receitas; (b) custo dos produtos, das mercadorias ou dos serviços vendidos; (c) lucro bruto; (d) despesas com vendas, gerais, administrativas e outras despesas e receitas operacionais; (e) parcela dos resultados de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; (f) resultado antes das receitas e despesas financeiras (g) despesas e receitas financeiras; (h) resultado antes dos tributos sobre o lucro; (i) despesa com tributos sobre o lucro; (j) resultado líquido das operações continuadas; (k) valor líquido dos seguintes itens: - resultado líquido após tributos das operações descontinuadas; - resultado após os tributos decorrente da mensuração ao valor justo menos despesas de venda ou na baixa dos ativos ou do grupo de ativos à disposição para venda que constituem a unidade operacional descontinuada; (l) resultado líquido do período; 14 3.2.1.1 Modelo de DRE Companhia ABC: CNPJ: 00.000.000/0001-00 - Demonstração do Resultado do Exercício em 31/12/xxxx - Em $ mil Contas X2 X1 RECEITA OPERACIONAL BRUTA Vendas De Mercadorias Prestação De Serviços (-) DEDUÇÕES DA RECEITA Descontos Concedidos Devoluções de Mercadorias Abatimentos ICMS PIS E COFINS ISS (=) RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA (-) CMV: CUSTO DAS MERCADORIAS VENDIDAS OU CPV: CUSTO PRODUTOS VENDIDOS OU CSP: CUSTO DOS SERVIÇOS PRESTADOS (=) LUCRO BRUTO (-) DESPESAS OPERACIONAIS GERAIS E ADMINISTRATIVAS Pró-labore Despesas de Salários e Ordenados Despesas com INSS Despesas com FGTS Despesas com Férias Despesas com 13º Despesas com Transporte Despesas com Prêmios de Seguros Despesas com Assistência Médica Despesa com Transporte Despesas com Serviços de Terceiros Despesas de Aluguéis e condomínios Despesas com Água Despesa com energia Elétrica Despesa de manutenção do imobilizado Despesas com Viagens Despesa com telefone Despesas com impostos e taxas diversas Despesas com Contribuições e doações Despesas com multas Despesas com depreciação / exaustão ou amortização Despesas de Material de Expediente Despesa Material de uso e Consumo Despesa com material de escritório Despesas com refeição Despesas com treinamento Despesas com revistas e jornais Despesas com xeróx Despesas com brindes Despesas com uniformes Despesas com correios Encargos Sociais (-) Recuperação de Despesas DESPESAS COM VENDAS Despesas de Salários e Ordenados Despesas com INSS Despesas com FGTS Despesas com Férias Despesas com 13º Despesa com Propaganda e publicidade Despesa Comissões Vendedores DESPESAS FINANCEIRAS DEDUZIDAS DAS RECEITAS FINANCEIRAS Despesas com Juros Passivos Despesas com descontos concedidos Despesas Bancárias Despesa com Variação Cambial passiva Despesa com variação monetária passiva Receitas de Juros Ativos Receita com descontos obtidos Receita com Variação Cambial Ativa OUTRAS DESPESAS E RECEITAS OPERACIONAIS Dividendos Recebidos Receitas de Equivalência Patrimonial Receita venda de ativo imobilizado (-) Custo imobilizado vendido Receitas de Alugueis (=) LUCRO ANTES DO IRPJ E CSSL IRPJ CSLL (=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO ANTES DAS PARTICIPAÇÕES DO RESULTADO (-) PARTICIPAÇÕES NO RESULTADO Debênturistas Empregados Administradores Partes Beneficiárias (=) LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO 15 3.2.2 Demonstração do Resultado Abrangente (DRA) A (DRA) demonstração do resultado abrangentedeve, no mínimo, incluir as seguintes rubricas: (a) resultado líquido do período; (b) cada item dos outros resultados abrangentes classificados conforme sua natureza (exceto montantes relativos ao item (c); (c) parcela dos outros resultados abrangentes de empresas investidas reconhecida por meio do método de equivalência patrimonial; e (d) resultado abrangente do período. Os itens que se seguem devem ser divulgados nas respectivas demonstrações do resultado e do resultado abrangente como alocações do resultado do período: (a) resultados líquidos atribuíveis: - à participação de sócios não controladores; e - aos detentores do capital próprio da empresa controladora; (b) resultados abrangentes totais do período atribuíveis: - à participação de sócios não controladores; e - aos detentores do capital próprio da empresa controladora. 3.3 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Apenas uma parte do lucro líquido é distribuída para os proprietários da empresa, em forma de dividendos. A maior parcela, normalmente, é retida na empresa e reinvestida no negócio. A destinação (canalização) do lucro líquido para os proprietários (distribuição de dividendos) ou o reinvestimento na própria empresa (retenção do lucro) serão evidenciados na Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados, antes de serem indicados no balanço patrimonial. Segundo Silva (2005) o objetivo da demonstração, portanto, é apresentar o saldo de lucros ou prejuízos remanescente do exercício anterior, as alterações ocorridas no exercício, o lucro ou prejuízo do exercício e a destinação dada aos lucros ao final de cada exercício social. Vamos conhecer agora a estrutura desse demonstrativo, bem como cada um dos elementos que o integram. Segundo Iudícibus (2009), no dispositivo legal da Lei 6.404, alterado pela 11.638/07 e 11.941/09 no art. 186 tem-se, a estrutura da demonstração deve apresentar a seguinte forma: DEMONSTRAÇÃO DE LUCROS OU PREJUÍZOS ACUMULADOS SALDO NO INÍCIO DO EXERCÍCIO ( + ) OU ( - ) AJUSTE DE EXERCÍCIOS ANTERIORES (=) SALDO INICIAL AJUSTADO (-) DESTINAÇÃO NO EXERCÍCIO ( + ) REVERSÕES, ABSORÇÕES E TRANSFERÊNCIAS DE RESERVAS ( + ) OU ( - ) RESULTADO DO EXERCÍCIO ( + ) OU ( - ) CORREÇÃO MONETÁRIA DO SALDO INICIAL AJUSTADO * (=) SALDO A DISPOSIÇÃO DA ASSEMBLÉIA (-) PROPOSTA DE DESTINAÇÃO DO SALDO (=) SALDO AO FINAL DO EXERCÍCIO Fonte: Lei 6.706/76 alterado pela 11.638/07 e 11.941/09 3.4 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) A demonstração das mutações do patrimônio líquido inclui as seguintes informações: (a) o resultado abrangente do período, apresentando separadamente o montante total atribuível aos proprietários da entidade controladora e o montante correspondente à participação de não controladores; (b) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos das alterações nas políticas contábeis e as correções de erros reconhecidas de acordo com a NBC TG 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa 16 e Retificação de Erro; (c) para cada componente do patrimônio líquido, os efeitos da aplicação retrospectiva ou da reapresentação retrospectiva, reconhecidos de acordo com a NBC TG 23 – Políticas Contábeis, Mudança de Estimativa e Retificação de Erro. (d) para cada componente do patrimônio líquido, a conciliação do saldo no início e no final do período, demonstrando-se separadamente as mutações decorrentes: - do resultado líquido; - de cada item dos outros resultados abrangentes; e - de transações com os proprietários realizadas na condição de proprietário, demonstrando separadamente suas integralizações e as distribuições realizadas, bem como modificações nas participações em controladas que não implicaram perda do controle. O patrimônio líquido deve apresentar o capital social, as reservas de capital, os ajustes de avaliação patrimonial, as reservas de lucros, as ações ou quotas em tesouraria, os prejuízos acumulados, se legalmente admitidos os lucros acumulados e as demais contas exigidas pelas normas emitidas pelo CFC. A entidade deve apresentar na demonstração das mutações do patrimônio líquido, ou nas notas explicativas, o montante de dividendos reconhecidos como distribuição aos proprietários durante o período e o respectivo montante por ação. As alterações no patrimônio líquido da entidade entre duas datas de balanço devem refletir o aumento ou a redução nos seus ativos líquidos durante o período. Com a exceção das alterações resultantes de transações com os proprietários agindo na sua capacidade de detentores de capital próprio (tais como integralizações de capital, reaquisições de instrumentos de capital próprio da entidade e distribuição de dividendos) e dos custos de transação diretamente relacionados com tais transações, a alteração global no patrimônio líquido durante um período representa o montante total líquido de receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas, gerado pelas atividades da entidade durante esse período. Exemplo de DMPL , conforme NBC TG 26 Capital Social Integralizado Reservas de Capital, Opções Outorgadas e Ações em Tesouraria (1) Reservas de Lucros (2) Lucros ou Prejuízos Acumulados Outros Resultados Abrangentes (3) Patrimônio Líquido dos Sócios da Controladora Participação dos Não Controlador es no Pat. Liq. das Controladas Patrimônio Líquido Consolidado Saldos Iniciais 1.000.000 80.000 300.000 0 270.000 1.650.000 158.000 1.808.000 Aumento de Capital 500.000 -50.000 -100.000 350.000 32.000 382.000 Gastos com Emissão de Ações -7.000 -7.000 -7.000 Opções Outorgadas Reconhecidas 30.000 30.000 30.000 Ações em Tesouraria Adquiridas -20.000 -20.000 -20.000 Ações em Tesouraria Vendidas 60.000 60.000 60.000 Dividendos -162.000 -162.000 -13.200 -175.200 Transações de Capital com os Sócios 251.000 18.800 269.800 Lucro Líquido do Período 250.000 250.000 22.000 272.000 Ajustes Instrumentos Financeiros -60.000 -60.000 -60.000 Tributos s/ Ajustes Instrumentos Financeiros 20.000 20.000 20.000 Equiv. Patrim. s/ Ganhos Abrang. de Coligadas 24.000 24.000 6.000 30.000 Ajustes de Conversão do Período 260.000 260.000 260.000 Tributos s/ Ajustes de Conversão do Período -90.000 -90.000 -90.000 Outros Resultados Abrangentes 154.000 6.000 160.000 Reclassific. p/ Resultado – Aj. Instrum. Financ. 10.600 10.600 10.600 Resultado Abrangente Total 414.600 28.000 442.600 Constituição de Reservas 140.000 -140.000 Realização da Reserva Reavaliação 78.800 -78.800 Tributos sobre a Realização da Reserva de Reavaliação -26.800 26.800 Saldos Finais 1.500.000 93.000 340.000 0 382.600 2.315.600 204.800 2.520.400 17 3.5 Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) Conforme a Resolução CFC N.º 1.296/10, que aprova a NBC TG 03 – Demonstração dos Fluxos de Caixa: As informações sobre o fluxo de caixa de uma entidade são úteis para proporcionar aos usuários das demonstrações contábeis uma base para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como as necessidades da entidade de utilização desses fluxos de caixa. As decisões econômicas que são tomadas pelos usuários exigem avaliação da capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa, bem como da época de sua ocorrência e do grau de certeza de sua geração. Os usuários das demonstrações contábeis de uma entidade estão interessados em saber como a entidade gera e utiliza caixa e equivalentes de caixa. Esse é o ponto, independentemente da natureza das atividades da entidade, e ainda que o caixa seja considerado como produto da entidade, como pode ser o caso de instituição financeira. As entidades necessitam de caixa essencialmente pelas mesmas razões, por mais diferentes que sejam as suas principais atividades geradorasde receita. Elas precisam de caixa para levar a efeito suas operações, pagar suas obrigações e proporcionar um retorno para seus investidores. Assim sendo, esta Norma requer que todas as entidades apresentem demonstração dos fluxos de caixa. 3.5.1 Benefícios da informação dos fluxos de caixa A demonstração dos fluxos de caixa, quando usada em conjunto com as demais demonstrações contábeis, proporciona informações que permitem que os usuários avaliem as mudanças nos ativos líquidos da entidade, sua estrutura financeira (inclusive sua liquidez e solvência) e sua capacidade para mudar os montantes e a época de ocorrência dos fluxos de caixa, a fim de adaptá-los às mudanças nas circunstâncias e oportunidades. As informações sobre os fluxos de caixa são úteis para avaliar a capacidade de a entidade gerar caixa e equivalentes de caixa e possibilitam aos usuários desenvolver modelos para avaliar e comparar o valor presente dos fluxos de caixa futuros de diferentes entidades. A demonstração dos fluxos de caixa também concorre para o incremento da comparabilidade na apresentação do desempenho operacional por diferentes entidades, visto que reduz os efeitos decorrentes do uso de diferentes critérios contábeis para as mesmas transações e eventos. Os seguintes termos são usados nesta na Norma NBC TG 26, com os significados abaixo especificados: Caixa compreende numerário em espécie e depósitos bancários disponíveis. Equivalentes de caixa são aplicações financeiras de curto prazo, de alta liquidez, que são prontamente conversíveis em montante conhecido de caixa e que estão sujeitas a um insignificante risco de mudança de valor. Fluxos de caixa são as entradas e saídas de caixa e equivalentes de caixa. Atividades operacionais são as principais atividades geradoras de receita da entidade e outras atividades que não são de investimento e tampouco de financiamento. Atividades de investimento são as referentes à aquisição e à venda de ativos de longo prazo e de outros investimentos não incluídos nos equivalentes de caixa. Atividades de financiamento são aquelas que resultam em mudanças no tamanho e na composição do capital próprio e no capital de terceiros da entidade. 3.5.2 Caixa e equivalentes de caixa Os equivalentes de caixa são mantidos com a finalidade de atender a compromissos de caixa de curto prazo e, não, para investimento ou outros propósitos. Para que um investimento seja qualificado como equivalente de caixa, ele precisa ter conversibilidade imediata em montante conhecido de caixa e estar sujeito a um insignificante risco de mudança de valor. Portanto, um investimento normalmente qualifica-se como equivalente de caixa somente quando tem 18 vencimento de curto prazo, por exemplo, três meses ou menos, a contar da data da aquisição. Os investimentos em instrumentos patrimoniais (de patrimônio líquido) não estão contemplados no conceito de equivalentes de caixa, a menos que eles sejam, substancialmente, equivalentes de caixa, como, por exemplo, no caso de ações preferenciais resgatáveis que tenham prazo definido de resgate e cujo prazo atenda à definição de curto prazo. Empréstimos bancários são geralmente considerados como atividades de financiamento. Entretanto, saldos bancários a descoberto, decorrentes de empréstimos obtidos por meio de instrumentos como cheques especiais ou contas correntes garantidas que são liquidados em curto lapso temporal compõem parte integral da gestão de caixa da entidade. Nessas circunstâncias, saldos bancários a descoberto são incluídos como componente de caixa e equivalentes de caixa. Uma característica desses arranjos oferecidos pelos bancos é que frequentemente os saldos flutuam de devedor para credor. Os fluxos de caixa excluem movimentos entre itens que constituem caixa ou equivalentes de caixa porque esses componentes são parte da gestão de caixa da entidade e, não, parte de suas atividades operacionais, de investimento e de financiamento. A gestão de caixa inclui o investimento do excesso de caixa em equivalentes de caixa. 3.5.3 Apresentação da demonstração dos fluxos de caixa A demonstração dos fluxos de caixa deve apresentar os fluxos de caixa do período classificados por: - Atividades operacionais; - Atividades de investimento e - Atividades de financiamento. A entidade deve apresentar seus fluxos de caixa advindos das atividades operacionais, de investimento e de financiamento da forma que seja mais apropriada aos seus negócios. A classificação por atividade proporciona informações que permitem aos usuários avaliar o impacto de tais atividades sobre a posição financeira da entidade e o montante de seu caixa e equivalentes de caixa. Essas informações podem ser usadas também para avaliar a relação entre essas atividades. Uma única transação pode incluir fluxos de caixa classificados em mais de uma atividade. Por exemplo, quando o desembolso de caixa para pagamento de empréstimo inclui tanto os juros como o principal, a parte dos juros pode ser classificada como atividade operacional, mas a parte do principal deve ser classificada como atividade de financiamento. 3.5.3.1 Atividades Operacionais O montante dos fluxos de caixa advindos das atividades operacionais é um indicador chave da extensão pela qual as operações da entidade têm gerado suficientes fluxos de caixa para amortizar empréstimos, manter a capacidade operacional da entidade, pagar dividendos e juros sobre o capital próprio e fazer novos investimentos sem recorrer a fontes externas de financiamento. As informações sobre os componentes específicos dos fluxos de caixa operacionais históricos são úteis, em conjunto com outras informações, na projeção de fluxos futuros de caixa operacionais. Os fluxos de caixa advindos das atividades operacionais são basicamente derivados das principais atividades geradoras de receita da entidade. Portanto, eles geralmente resultam de transações e de outros eventos que entram na apuração do lucro líquido ou prejuízo. Exemplos de fluxos de caixa que decorrem das atividades operacionais são: (a) recebimentos de caixa pela venda de mercadorias e pela prestação de serviços; (b) recebimentos de caixa decorrentes de royalties, honorários, comissões e outras receitas; (c) pagamentos de caixa a fornecedores de mercadorias e serviços; (d) pagamentos de caixa a empregados ou por conta de empregados; (e) recebimentos e pagamentos de caixa por seguradora de prêmios e sinistros, anuidades e outros benefícios da apólice; (f) pagamentos ou restituição de caixa de impostos sobre a renda, a menos que possam ser 19 especificamente identificados com as atividades de financiamento ou de investimento; e (g) recebimentos e pagamentos de caixa de contratos mantidos para negociação imediata ou disponíveis para venda futura. Algumas transações, como a venda de item do imobilizado, podem resultar em ganho ou perda, que é incluído na apuração do lucro líquido ou prejuízo. Os fluxos de caixa relativos a tais transações são fluxos de caixa provenientes de atividades de investimento. Entretanto, pagamentos em caixa para a produção ou a aquisição de ativos mantidos para aluguel a terceiros que, em sequência, são vendidos, conforme descrito no item 68A da NBC TG 27 – Ativo Imobilizado, são fluxos de caixa advindos das atividades operacionais. Os recebimentos de aluguéis e das vendas subsequentes de tais ativos são também fluxos de caixa das atividades operacionais. A entidade pode manter títulos e empréstimos para fins de negociação imediata ou futura (dealing or trading purposes), os quais, no caso, são semelhantes a estoques adquiridos especificamente para revenda. Dessa forma, os fluxos de caixa advindos da compra e venda desses títulos são classificados como atividades operacionais. Da mesma forma, as antecipações de caixa e os empréstimos feitos por instituições financeirassão comumente classificados como atividades operacionais, uma vez que se referem à principal atividade geradora de receita dessas entidades. 3.5.3.2 Atividades de Investimento A divulgação em separado dos fluxos de caixa advindos das atividades de investimento é importante em função de tais fluxos de caixa representarem a extensão em que os dispêndios de recursos são feitos pela entidade com a finalidade de gerar lucros e fluxos de caixa no futuro. Somente desembolsos que resultam em ativo reconhecido nas demonstrações contábeis são passíveis de classificação como atividades de investimento. Exemplos de fluxos de caixa advindos das atividades de investimento são: (a) pagamentos em caixa para aquisição de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo. Esses pagamentos incluem aqueles relacionados aos custos de desenvolvimento ativados e aos ativos imobilizados de construção própria; (b) recebimentos de caixa resultantes da venda de ativo imobilizado, intangíveis e outros ativos de longo prazo; (c) pagamentos em caixa para aquisição de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto aqueles pagamentos referentes a títulos considerados como equivalentes de caixa ou aqueles mantidos para negociação imediata ou futura); (d) recebimentos de caixa provenientes da venda de instrumentos patrimoniais ou instrumentos de dívida de outras entidades e participações societárias em joint ventures (exceto aqueles recebimentos referentes aos títulos considerados como equivalentes de caixa e aqueles mantidos para negociação imediata ou futura); (e) adiantamentos em caixa e empréstimos feitos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos feitos por instituição financeira); (f) recebimentos de caixa pela liquidação de adiantamentos ou amortização de empréstimos concedidos a terceiros (exceto aqueles adiantamentos e empréstimos de instituição financeira); (g) pagamentos em caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou futura, ou os pagamentos forem classificados como atividades de financiamento; e (h) recebimentos de caixa por contratos futuros, a termo, de opção e swap, exceto quando tais contratos forem mantidos para negociação imediata ou venda futura, ou os recebimentos forem classificados como atividades de financiamento. Quando um contrato for contabilizado como proteção (hedge) de posição identificável, os fluxos de caixa do contrato devem ser classificados do mesmo modo como foram classificados os fluxos de caixa da posição que estiver sendo protegida. 3.5.3.3 Atividades de financiamento A divulgação separada dos fluxos de caixa advindos das atividades de financiamento é importante por ser útil na predição de exigências de fluxos futuros de caixa por parte de fornecedores de capital à entidade. 20 Exemplos de fluxos de caixa advindos das atividades de financiamento são: (a) caixa recebido pela emissão de ações ou outros instrumentos patrimoniais; (b) pagamentos em caixa a investidores para adquirir ou resgatar ações da entidade; (c) caixa recebido pela emissão de debêntures, empréstimos, notas promissórias, outros títulos de dívida, hipotecas e outros empréstimos de curto e longo prazos; (d) amortização de empréstimos e financiamentos; e (e) pagamentos em caixa pelo arrendatário para redução do passivo relativo a arrendamento mercantil financeiro. 3.5.4 Apresentação dos fluxos de caixa das atividades operacionais A entidade deve apresentar os fluxos de caixa das atividades operacionais, usando alternativamente: - Método Direto e/ou - Método Indireto. 3.5.4.1 Método Direto O método direto, segundo o qual as principais classes de recebimentos brutos e pagamentos brutos são divulgadas. Pelo método direto, as informações sobre as principais classes de recebimentos brutos e de pagamentos brutos podem ser obtidas alternativamente: (a) dos registros contábeis da entidade; ou (b) pelo ajuste das vendas, dos custos dos produtos, mercadorias ou serviços vendidos (no caso de instituições financeiras, pela receita de juros e similares e despesa de juros e encargos e similares) e outros itens da demonstração do resultado ou do resultado abrangente referentes a: - variações ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar; - outros itens que não envolvem caixa; e - outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das atividades de investimento e de financiamento. 3.5.4.2 Método Indireto O método indireto, segundo o qual o lucro líquido ou o prejuízo é ajustado pelos efeitos de transações que não envolvem caixa, pelos efeitos de quaisquer diferimentos ou apropriações por competência sobre recebimentos de caixa ou pagamentos em caixa operacionais passados ou futuros, e pelos efeitos de itens de receita ou despesa associados com fluxos de caixa das atividades de investimento ou de financiamento. De acordo com o método indireto, o fluxo de caixa líquido advindo das atividades operacionais é determinado ajustando o lucro líquido ou prejuízo quanto aos efeitos de: (a) variações ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar; (b) itens que não afetam o caixa, tais como depreciação, provisões, tributos diferidos, ganhos e perdas cambiais não realizados e resultado de equivalência patrimonial quando aplicável; e (c) todos os outros itens tratados como fluxos de caixa advindos das atividades de investimento e de financiamento. Alternativamente, o fluxo de caixa líquido advindo das atividades operacionais pode ser apresentado pelo método indireto, mostrando-se as receitas e as despesas divulgadas na demonstração do resultado ou resultado abrangente e as variações ocorridas no período nos estoques e nas contas operacionais a receber e a pagar. A conciliação entre o lucro líquido e o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais deve ser fornecida, obrigatoriamente, caso a entidade use o método direto para apurar o fluxo líquido das atividades operacionais. A conciliação deve apresentar, separadamente, por categoria, os principais itens a serem conciliados, à semelhança do que deve fazer a entidade que usa o método indireto em relação aos ajustes ao lucro líquido ou 21 prejuízo para apurar o fluxo de caixa líquido das atividades operacionais. 3.5.4.3 Modelos de DFC DFC Método Direto Descrição FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS (+) Recebimento de Clientes (-) Pagamento ao Fornecedores (-) Pagamento a empregados (-) Pagamento de Despesas (-) Pagamento de Impostos (-) Juros Pagos (+) Recebimento de Juros (+) Recebimento Duplicatas Descontadas (=) Caixa Líquido Consumido nas Atividades Operacionais (=) FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE INVESTIMENTOS (+) Recebimento pela Venda de Imobilizado (-) Compra imobilizado (+) Recebimento de Dividendos (=) Caixa Líquido Consumido nas atividades de Investimento (=) FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES DE FINANCIAMENTO (+) Integralização de Capital Social (-) Pagamento por empréstimo de curto prazo (+) Recebimento por empréstimo de longo prazo (-) Pagamento de Dividendos (=) Caixa Líquido Gerado nas atividades de Financiamento (=) Aumento Líquido no caixa e Equivalente de Caixa (=) Caixa e Equivalentes de Caixa no inicio do período Caixa Bancos (=)Caixa e Equivalentes de Caixa no fim do período Caixa Bancos variação 22 Modelo de DFC Método Indireto Descrição FLUXOS DE CAIXA DAS ATIVIDADES OPERACIONAIS (=) Lucro Líquido Exercício Ajuste por: (+) Depreciação (-) Lucro na venda do Imobilizado (=) Resultado Ajustado Para formação Disponibilidades
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