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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CENTRO DE ENSINO A DISTÂNCIA INSTITUTO DE CIÊNCIAS EXATAS DEPARTAMENTO DE FÍSICA CONSTRUÇÃO DE UM EXPERIMENTO DE QUEDA LIVRE COM MATERIAIS ACESSÍVEIS AUTOR: VAGNER MOREIRA DA SILVA MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DO CURSO DE LICENCIATURA EM FÍSICA A DISTÂNCIA ORIENTADOR: PROF. DR. JEFFERSON DA SILVA MARTINS JUIZ DE FORA, 06 DE DEZEMBRO DE 2019. VAGNER MOREIRA DA SILVA CONSTRUÇÃO DE UM EXPERIMENTO DE QUEDA LIVRE COM MATERIAIS ACESSÍVEIS Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do título de Licenciado em Física, do curso de Licenciatura em Física a Distância da Universidade Federal de Juiz de Fora. Prof. Orientador: Dr. Jefferson da Silva Martins JUIZ DE FORA, 2019 Autor: Vagner Moreira da Silva Título: Construção de um experimento de queda livre com materiais acessíveis. Trabalho de conclusão de curso apresentado como parte das atividades para obtenção do título de Licenciado em Física, do curso de Licenciatura em Física a Distância da Universidade Federal de Juiz de Fora. Os componentes da banca de avaliação, abaixo listados, consideram este trabalho aprovado com nota 95. Nome Titulação Assinatura Instituição 1 Jefferson da Silva Martins Doutor UFJF 2 Indhira Oliveira Maciel Doutora UFJF 3 Paulo Henrique Dias Menezes Doutor UFJF Data da aprovação: 06 de dezembro de 2019. Dedico este trabalho ao Senhor nosso Deus, a quem sou muito grato por tudo, pois, ainda que sem merecimento algum, ele me sustentou neste curso, iluminando minha mente para poder prosseguir e finalizar mais essa etapa da minha jornada. Dedico este trabalho também à minha esposa Jordânia Lopes Nunes Silva, tenho certeza que sem seu apoio jamais teria condições de concluir ao menos um semestre deste curso. Não poderia jamais esquecer dos meus pais Rosângela Penha da Silva e Vitor da Silva das Graças que me presentearam com a educação verdadeira. Dedico este trabalho também ao meu irmão, Samuel Lucas da Silva, uma pessoa que viu em mim algo que jamais poderia ver sem ajuda, uma pessoa que sempre acreditou em mim e que me fez acreditar um pouco mais, me fez entender que “sim é possível” se realmente quiser e colocar como prioridade. Agradecimentos Agradeço a Deus e meus familiares por tudo, em especial minha esposa Jordânia Lopes Nunes Silva e meu irmão Samuel Lucas da Silva. A meus amigos, em especial o Magno Bastos por todo o apoio. À coordenação do curso de licenciatura em Física em EAD da UJFJ, em especial a pessoa do coordenador Carlos Raimundo Andrade Lima que sempre demostrou um comprometimento com o curso e com os alunos além das expectativas. A todos os professores dos diversos departamentos ligados ao curso de licenciatura em física em EAD, em especial ao departamento de matemática que com seu respeito e comprometimento com os alunos por meio dos professores otimiza o aprendizado. Ao meu tutor presencial Fernando Bandeira que contribuiu bastante para meu progresso acadêmico. Ao meu orientador Prof. Dr. Jefferson por toda instrução recebida e aprendizado adquirido nesta etapa. Resumo O Ensino de física enfrenta vários obstáculos, no que concerne ao aprendizado, que devem ser superados pelos professores e alunos. Com o Estudo dos Movimentos não é diferente. Ape- sar de ser um dos primeiros assuntos abordados, tanto no Ensino Médio quanto em cursos de graduação, e tido como um dos ramos da física menos complicado pelo seu caráter menos abs- trato, essa parte da física pode se tornar um problema, principalmente quando há discrepância entre os conceitos prévios dos alunos e os conceitos científicos. Por exemplo, a diferença entre velocidade constante e variada, em que deve ser levada em conta a aceleração, pode se tornar um grande problema. Para tanto, com base na dificuldade enfrentada pelos alunos no entendi- mento do conteúdo do movimento acelerado, em especial a queda livre dos corpos, e dos pro- fessores em ensiná-lo, idealizou-se a construção de um experimento de queda livre. O intuito da idealização é auxiliar o processo ensino-aprendizagem na educação básica e superior. O ex- perimento contou com materiais acessíveis e de baixo custo. Com a construção desse experi- mento, foi possível analisar o movimento de queda livre de um objeto de madeira, por meio da coleta de dados, para cinco alturas diferentes e seus respectivos tempos de queda livre. A partir dos dados coletados, foi possível mensurar o valor da aceleração da gravidade (g) local, com um erro relativo de aproximadamente 0,6%. Palavras-chave: queda livre, movimento retilíneo uniformemente acelerado, aceleração da gravidade, ensino de física. Abstract Physics teaching faces several learning obstacles that must be overcome by teachers and students. With the Study of Movements is no different. Although it is one of the first subjects addressed in both high school and undergraduate courses, and considered as one of the least complicated branches of physics by its less abstract character, this part of physics can become a problem, especially when there is a discrepancy between students' previous concepts and sci- entific concepts. For example, the difference between constant and varying velocity, where ac- celeration must be taken into account, can become a big problem. Therefore, based on the dif- ficulty faced by the students in understanding the content of the accelerated movement, espe- cially the free fall of the bodies, and the teachers in teaching it, it was idealized the construction of a free fall experiment. The purpose of idealization is to assist the teaching-learning process in basic and higher education. The experiment featured affordable and inexpensive materials. With the construction of this experiment, it was possible to analyze the free fall movement of a wooden object by collecting data for five different heights and their respective free fall times. From the collected data, it was possible to measure the local acceleration of gravity (g) value, with a relative error of approximately 0.6%. Keywords: free fall, uniformly accelerated rectilinear motion, acceleration of gravity, physics teaching. Lista de ilustrações Figura 1: Movimento retilíneo uniforme de um carro. Criada pelo próprio autor............. 17 Figura 2: Movimento retilíneo uniforme acelerado de um carro. Criada pelo próprio autor. .................................................................................................................................................. 18 Figura 3: Bola sendo largada do repouso em queda livre. Criada pelo próprio autor ....... 20 Figura 4: Arduino UNO. .................................................................................................... 22 Figura 5: Led emissor infravermelho 5mm (IR) 940nm. .................................................. 23 Figura 6: Foto transistor/receptor (IR) 5 mm. ................................................................... 23 Figura 7: O experimento de queda livre. ........................................................................... 26 Figura 8: Construção do suporte de madeira. .................................................................... 28 Figura 9: Fixação da régua milimetrada com nível. .......................................................... 28 Figura 10: Ilustração do circuito ligado ao Arduino. ......................................................... 29 Figura 11: Circuito eletrônico com sensores e Arduino. ................................................... 30 Figura 12: Suportes para os sensores. ................................................................................ 31 Figura 13: Trilho e base de metal. ..................................................................................... 31Figura 14: Demonstração das portas Digitais, Analógicas e de Alimentação. .................. 32 Figura 15: Cabo Verde ligado no GND (terra) do Arduino e cabo laranja ligado na porta de 5V (alimentação). ......................................................................................................... 33 Figura 16: Ligação dos LEDs receptores nas portas analógicas do Arduino. ................... 33 Figura 17: Código do Arduino utilizado no projeto para capturar as informações dos sensores.............................................................................................................................. 34 Figura 18: Interface do Arduino IDE com o código do cronômetro. ................................ 35 Figura 19: Declaração das constantes e variáveis utilizadas no código. ........................... 36 Figura 20: Função Setup configurando a comunicação USB e os pinos de entrada A1 e A2. ..................................................................................................................................... 37 Figura 21: Código da função loop. .................................................................................... 37 Figura 22: Variáveis sendo reiniciadas com o valor de zero. ............................................ 38 Figura 23: Botões Verificar (A) e Carregar (B) disponíveis no Arduino IDE. .................. 39 Figura 24: Montagem dos suportes dos sensores de infravermelho. ................................. 40 Figura 25: Linha colocada no suporte para o alinhamento dos sensores........................... 40 Figura 26: Fixação dos sensores aos suportes. .................................................................. 41 Figura 27: Alinhamento dos sensores superiores. ............................................................. 42 Figura 28: Procedimento inicial para a queda livre. .......................................................... 43 Figura 29: Alinhamento dos sensores inferiores. .............................................................. 44 Figura 30: Início da queda livre. ........................................................................................ 45 Figura 31: Imagem das medidas feitas pelo cronômetro. .................................................. 46 Lista de tabelas Tabela 1: Dimensão, quantidade e valor dos materiais usados.......................................... 24 Tabela 2: Registro dos dados coletados. ............................................................................ 48 Tabela 3: Medida das alturas e média dos tempos e suas respectivas incertezas. ............. 48 Tabela 4: Cálculo da constante de 𝒈𝒏 e 𝜹𝒈𝒏. ................................................................... 49 Tabela 5: Cálculo da constante 𝒈, aceleração da gravidade local. .................................... 49 Tabela 6: Segundo registro de dados coletados. ................................................................ 50 Tabela 7: Medida das alturas e média dos tempos e suas respectivas incertezas para a segunda coleta de dados. ................................................................................................... 50 Tabela 8: Cálculo da constante de 𝒈𝒏 e 𝜹𝒈𝒏 para a segunda coleta de dados. ................ 51 Tabela 9: Cálculo da constante 𝒈, aceleração da gravidade local para a segunda coleta dados. ................................................................................................................................. 51 Sumário 1 Introdução .................................................................................................................. 13 2 Referencial Teórico .................................................................................................... 15 2.1 Cinemática .......................................................................................................... 15 2.2 Movimento retilíneo uniforme............................................................................ 15 2.3 Movimento retilíneo acelerado ........................................................................... 17 2.4 Queda livre dos corpos ....................................................................................... 19 2.5 Arduino e sensores infravermelho. ..................................................................... 21 2.5.1 Arduino........................................................................................................ 21 2.5.2 Led emissor infravermelho 5mm (IR) 940nm............................................. 23 2.5.3 Foto transistor/receptor (IR) 5 mm.............................................................. 23 3 Construção do experimento ....................................................................................... 24 3.1 Lista dos materiais .............................................................................................. 24 3.2 Experimento de queda livre ................................................................................ 25 3.2.1 Construção do suporte fixo. ........................................................................ 27 3.2.2 Construção e ligação dos sensores móveis .................................................. 29 3.3 Funcionamento do cronômetro por meio do Arduino ........................................ 32 3.3.1 Ligação do circuito ao Arduino ................................................................... 32 3.3.2 Código do cronômetro e seu funcionamento............................................... 33 3.4 Montagem e Alinhamento dos acessórios .......................................................... 39 4 Procedimento, apresentação e discussão dos resultados. ........................................... 43 4.1 Procedimento experimental ................................................................................ 43 4.2 Método usado para calcular a constante g local ................................................. 46 4.3 Cálculo das variações de tempo da queda livre .................................................. 47 4.4 Cálculo da constante g ........................................................................................ 49 5 Conclusão ................................................................................................................... 52 6 Referências Bibliográficas ......................................................................................... 53 13 13 1 Introdução O movimento dos objetos, em especial o mais simples dos movimentos: uma partícula que se desloca ao longo de uma linha reta no campo da cinemática (o estudo dos movimen- tos sem analisar a causa) é tido como um dos menos difíceis de ser estudado. Este aspecto está ligado ao seu caráter mais concreto e menos abstrato em relação aos demais campos de estudos dentro da física. Ainda assim este tema tem trazido diversas duvidas aos alunos tanto no ensino médio quanto na graduação [1]. Enquanto estuda-se o movimento retilíneo uniforme, aquele com velocidade constante, tudo fica tranquilo, mas quando entra a acele- ração, as coisas começam a se complicar. Muitos alunos trazem uma bagagem repleta de conhecimentos prévios, como uma clás- sica confusão entre as descrições básica do movimento: o deslocamento, velocidade e a aceleração que são uma parte essencial da Física [2]. Entender, por exemplo, o motivo pelo qual as coisas caem e toda a física envolta desse fenômeno, fica muito difícil em um con- texto de aulas totalmente conceituais sem qualquer experimentação. Somente resolver di- versos exercícios sobre aceleração da gravidade não necessariamente garante ao aluno um conhecimento significativo sobre este tema. Assim, torna-se necessário o envolvimento do estudante com experimentação, visto que práticas experimentaiscomplementam o conhe- cimento científico e contribuem para o desenvolvimento de técnicas de investigação expe- rimental do estudante [3]. Os fenômenos físicos relacionados ao movimento são muito mais perceptíveis em nosso dia a dia e menos abstratos do que outros tipos de fenômenos como os eletromagnéticos, por exemplo. O estudo do movimento dos corpos é algo que faz parte da evolução humana, principalmente o entendimento do movimento acelerado. Tal como descrito em [2], a ten- tativa de descrever o movimento dos objetos deu origem à ciência Física a aproximada- mente 400 anos atrás. Tentar entender o motivo pelo qual os objetos caem, o que é acelera- ção da gravidade e quais suas consequências em nossas vidas nos trouxeram benefícios extraordinários, como estudos relacionados ao movimento oblíquo, lançamentos de fogue- tes, estudo do movimento dos planetas e demais astros do espaço, entre outros. 14 Percebe-se que há uma certa dificuldade dos professores em trabalhar com práticas ex- perimentais devido a uma série de fatores, principalmente os problemas relacionados a in- fraestrutura e aquisição de materiais [4]. A questão se torna ainda mais complicada quando, associado a estes problemas, nos deparamos com a tradicional dificuldade dos professores em ensinar física, que tem como consequência uma grande dificuldade de aprendizagem da parte dos alunos e uma carga horária bem reduzida ocasionada por esses fatores [5]. Devido a essas dificuldades alguns procedimentos experimentais alternativos por meio de materiais de baixo custo, podem instigar a participação dos alunos aumentando assim o interesse para os assuntos abordados em física [5]. Portanto, este estudo pode contribuir para ajudar os alunos na aprendizagem de um conhecimento significativo, tanto no ensino médio quanto no superior e auxiliar os professores no ensino da Física. Com base na dificuldade em se estudar e aprender de forma significativa o movimento retilíneo uniformemente acelerado, em particular para o estudo de queda livre dos corpos, idealizou-se a construção de um experimento de queda livre com materiais acessíveis e de baixo custo. O objetivo geral deste trabalho é calcular a constante 𝑔 local por meio de ex- perimentação sem que haja a necessidade de estar em um laboratório com equipamentos sofisticados, caros e de difícil acesso. Através de um experimento que explore a investiga- ção científica desde sua construção à execução, além de calcular a constante 𝑔 local, este trabalho tem o intuito de demonstrar o movimento de queda livre dos corpos de forma prá- tica, a fim de auxiliar professores de Física como mediadores na construção do conheci- mento significativo de seus alunos, facilitando a aprendizagem sobre o tema queda livre dos corpos. . 15 2 Referencial Teórico 2.1 Cinemática A cinemática é a parte da Mecânica que estuda o movimento dos corpos sem análise da causa [1]. Na cinemática, as grandezas básicas utilizadas são o comprimento e o tempo, relacionados com as unidades metro (m) e segundo (s) do Sistema Internacional de unidades (SI) [1]. Na cinemática pode-se considerar um corpo como ponto material quando suas dimen- sões físicas podem ser desprezadas para estudar o seu movimento numa situação determi- nada. Normalmente quando se está analisando o movimento de um carro, por exemplo, o consideramos uma partícula, descrevemos sua posição em função de seu ponto representa- tivo, como sua extremidade dianteira, por exemplo [1]. Por meio de coordenadas define-se a posição de um ponto material em um determinado sistema em relação a um referencial, ou seja, o estudo do movimento irá depender sempre do referencial adotado. Desse modo, pode-se concluir que um corpo está se movimentando quando sua posição em relação a um referencial muda ao longo do tempo. Dizemos que o corpo está em repouso quando sua posição não muda. 2.2 Movimento retilíneo uniforme Um corpo pode se movimentar sem que nenhuma força esteja atuando sobre ele. Estando um corpo em repouso há a necessidade de uma força aplicada a ele para que possa alterar seu estado de repouso, porém, uma vez iniciado o movimento, não havendo mais nenhuma força sobre o corpo, estando livre da ação da força de atrito ou quaisquer outras forças, o corpo permanecerá em movimento retilíneo uniforme (chamado em alguns livros de M.R.U.) [1], [2]. Para compreender o movimento retilíneo uniforme torna-se necessário definir o deslo- camento. De acordo com Young & Freedman (2008) “O deslocamento é simplesmente a variação da posição de um ponto”. Um ponto pode representar uma partícula ou um objeto 16 pequeno ou uma determinada extremidade de um corpo como já descrito antes [1]. Além disso, considera-se o deslocamento como uma grandeza vetorial, pois deve-se especificar não somente a distância percorrida ou o módulo do deslocamento, como também a direção e o sentido do próprio deslocamento. Outro conceito importante utilizado é o de velocidade. Alguns autores especificam ra- pidez e velocidade. Segundo Hewitt (2002) e Tipler & Mosca (2009), rapidez pode ser defi- nida como a medida de quão rapidamente uma coisa se move, e a velocidade é a rapidez numa determinada direção e sentido, ou seja, a rapidez nada revela sobre a orientação do movimento [2], [6]. A velocidade aponta para o modo como a posição de um corpo varia com o tempo. A velocidade é um vetor cujo módulo ou rapidez indica a variação do deslo- camento do corpo em relação ao tempo, e sua direção e sentido mostram a direção e o sentido do movimento [1], [6]. Para se definir a velocidade média é necessário apenas do desloca- mento ∆𝒙 = 𝒙𝟐 − 𝒙𝟏 que ocorre durante um determinado intervalo de tempo ∆𝒕 = 𝒕𝟐 − 𝒕𝟏 de acordo com a equação (2.1) [1]. 𝑣𝑚𝑥 = 𝑥2 − 𝑥1 𝑡2 − 𝑡1 = ∆𝑥 ∆𝑡 (2.1) Para o cálculo da velocidade média não importa os detalhes ocorridos durante o inter- valo de tempo, apenas deslocamento inicial e final e tempo inicial e final do movimento [1]. No caso das distâncias serem medidas em metros e os tempos em segundos, a velocidade média é dada em metros por segundo (𝒎/𝒔). O movimento retilíneo uniforme é caracteri- zado por ser um movimento com velocidade constante, ou seja, em qualquer ponto do des- locamento a velocidade média será sempre a mesma. Na Figura 1 vemos o gráfico de 𝑥(𝑡) = 𝑥0 + 𝑣𝑡 de um carro em movimento retilíneo uniforme, onde inicia seu movimento no ponto 𝟎 com uma velocidade de 𝟏𝟎 𝒎/𝒔 mantendo-a constante até percorrer a distância de 40 me- tros passados 4 segundos. 17 Figura 1: Movimento retilíneo uniforme de um carro. Criada pelo próprio autor. 2.3 Movimento retilíneo acelerado Do mesmo modo que a velocidade indica uma taxa de variação da posição com o tempo, a aceleração indica a descrição de uma taxa de variação da velocidade com o tempo. Como a velocidade, a aceleração também é uma grandeza vetorial. No movimento retilíneo, a acelera- ção pode indicar um aumento ou diminuição de velocidade, ou seja, seria correto dizer que um carro freando está sob aceleração [1]. O movimento retilíneo com aceleração constante é considerado como o movimento acele- rado mais simples. Especialmente neste caso, a velocidade muda com a mesma taxa durante o movimento. Para uma partícula que esteja sob este movimento seu deslocamento pode ser ob- tido através da equação (2.2), sua velocidade através da equação (2.3) e sua aceleração através da equação (2.4) [1]. 𝑥 = 𝑥0 + 𝑣0𝑥𝑡 + 1 2 𝑎𝑥𝑡 2 (2.2) 𝑣𝑥 = 𝑣0𝑥 + 𝑎𝑥𝑡 (2.3) 0 10 20 30 40 50 60 0 1 2 3 4 5 6 x( m ) t(s) Gráfico da posição x em metros versus o tempo t em segundos sob movimento uniforme. 18 𝑎𝑥 = 𝑣2𝑥 − 𝑣1𝑥 𝑡2 − 𝑡1 = ∆𝑣𝑥 ∆𝑡 (2.4) Na Figura 2 temos o gráfico de 𝑥(𝑡) = 𝑥0 + 𝑣0𝑡 + 1 2 𝑎𝑡2 de um carro que está em movi-mento retilíneo acelerado com aceleração constante de 𝟓 𝒎/𝒔𝟐 , significa que a cada segundo sua velocidade aumenta em 𝟓 𝒎/𝒔. Tendo-se passado 2 segundos e considerando sua veloci- dade inicial 𝒗𝟎𝒙 = 𝟎, de acordo com o gráfico o carro percorre uma distância de 20 𝑚. Figura 2: Movimento retilíneo uniforme acelerado de um carro. Criada pelo próprio autor. Consideramos como um caso especial, que ocorre com frequência na natureza o movi- mento de um corpo em queda livre que possui uma aceleração constante quando os efeitos da resistência do ar podem ser desprezados [1]. Este fenômeno será abordado com detalhes na próxima seção. 0 20 40 60 80 100 120 140 0 1 2 3 4 5 6 x( m ) t(s) Gráfico da posição x em metros versus o tempo t em segundos sob movimento acelerado. 19 2.4 Queda livre dos corpos A queda livre é entendida como a queda dos corpos sujeitos apenas à ação da gravidade terrestre, desprezando a resistência do ar e qualquer outra força dissipativa [7]. O termo gravi- dade em si vem do latim gravitas, formado a partir do adjetivo gravis que significa “pesado” [8]. Quando a distância da queda livre é pequena em comparação com o raio da Terra, e os pequenos efeitos exercidos pela rotação da Terra são ignorados, a aceleração da gravidade é constante e o movimento ideal daí resultante denomina-se queda livre [1]. Segundo Young & Freedman (2008) a queda livre de um corpo atraído pela força gravita- cional da Terra é o exemplo mais familiar de um movimento com aceleração (aproximada- mente) constante. Este movimento atraiu o olhar de filósofos desde os tempos antigos como de Aristóteles no século IV a.C., por exemplo, que acreditava de forma equivocada que os objetos com um peso maior caíam mais rápido do que objetos com um peso menor [7]. Essa crença foi refutada por Galileu dezenove séculos depois afirmando que um corpo deveria cair com acele- ração constante independentemente do seu peso desde que sua dimensão favorecesse o desprezo do atrito com o ar [7]. Denomina-se aceleração da gravidade a aceleração constante de um corpo em queda livre, e seu módulo é designado por 𝒈. O valor exato de 𝒈 varia de um local para outro, mas normal- mente seu valor é fornecido com somente dois algarismos significativos (ou seja, 𝒈 = 𝟗, 𝟖 𝒎/𝒔𝟐 na superfície terrestre) [1]. O valor da constante 𝒈 é o módulo de uma grandeza vetorial, então ele é sempre um número positivo [1]. Como a queda livre significa possuir uma aceleração constante devido à gravidade, pode- se determinar as incógnitas através da utilização das equações de aceleração constante já apre- sentadas no tópico 2.3 como pode ser observado através da equação (2.5): ℎ = ℎ0 + 𝑣0𝑦𝑡 + 1 2 𝑎𝑦𝑡 2 (2.5) 20 Considerando 𝒉𝟎 = 𝟎 , 𝒗𝟎𝒚 = 𝟎 para um corpo partindo do repouso e se tratando de queda livre a aceleração 𝒂𝒚 pode ser substituída por 𝒈. Desta forma obtemos a equação (2.6) para queda livre dos corpos que relaciona a altura 𝒉, a aceleração da gravidade próxima a superfície da Terra 𝒈 e o tempo de queda livre 𝒕 para corpos partindo do repouso. ℎ = 1 2 𝑔𝑡2 (2.6) A Figura 3 mostra uma bola em queda livre que foi largada a partir do repouso no ponto A, e após 2 segundos toca o chão no ponto B. Desprezando os efeitos do atrito com o ar e considerando 𝒈 = 𝟗, 𝟖 𝒎/𝒔𝟐, por meio da equação (2.6) fica fácil calcular a altura do ponto A em relação ao ponto B, que é 𝟏𝟗, 𝟔 𝒎. Figura 3: Bola sendo largada do repouso em queda livre. Criada pelo próprio autor 21 Por meio da equação (2.6) podemos obter o tempo e a constante 𝒈 local. Como se trata de uma equação com 3 incógnitas sabendo o valor de duas, é possível obter facilmente o valor da terceira incógnita. É possível, por exemplo, a realização de experimentos simples envol- vendo a queda livre dos corpos e com o auxílio da equação (2.6) se chegar há um valor aproxi- mado para a constante 𝒈 local. 2.5 Arduino e sensores infravermelho. 2.5.1 Arduino O Arduino pode ser chamado de plataforma de computação física ou embarcada, ou seja, um sistema que pode interagir com seu ambiente por meio de hardware e software [9]. Ele pode ser utilizado para desenvolver circuitos interessantes como, por exemplo, acender e apagar uma lâmpada batendo palmas. Para isto seria necessário ligar ao arduino uma lâmpada, um sensor de som para capturar o som das palmas e um relê para ligar e desligar a lâmpada. Ele pode ser utilizado tanto de forma independente, controlando outros dispositivos como no exemplo citado acima, como pode também “ser conectado a um computador, a uma rede, ou até mesmo à Internet para recuperar e enviar dados do Arduino e atuar sobre eles” [9]. “A placa do Arduino é composta de um microprocessador Atmel AVR, um cristal ou osci- lador (relógio simples que envia pulsos de tempo em uma frequência especificada, para permitir sua operação na velocidade correta) e um regulador linear de 5 volts” [9]. O Arduino pode também possuir uma saída USB que permite conectá-lo a um PC ou Mac para upload ou recu- peração dos dados, e seus pinos de entrada/saída ficam expostos a fim de possibilitar a conexão com outros circuitos e sensores. Dentre as várias versões do Arduino, temos o Arduino UNO, que foi utilizado na captura dos dados para este trabalho, e é mostrado na Figura 4. 22 Figura 4: Arduino UNO. O Arduino UNO difere das outras versões por utilizar o chip FTDI, que conduz a USB para serial (24). Em vez disso, ela utiliza um Atmega8U2, programado como um conversor USB para serial [9]. McRoberts (2011) cita algumas vantagens ao utilizar o Atmega8U2, que são: • O chip é mais barato que o FTDI, o que possibilita a redução do preço das placas; • Permite que o USB tenha seu próprio programa, o que possibilita que o Arduino seja exibido no PC que está ligado como outro dispositivo hardware (como mouse, teclado, etc.) A única desvantagem deste chip é que torna “muito mais difícil para fabricantes de clones criarem clones do Arduino UNO [9]. Para programar o Arduino, é necessário a utilização da IDE do Arduino, um software livre no qual se torna possível a escrita do código na linguagem que o Arduino compreende [9]. O IDE, além de permitir que o usuário escreva o código que será executado pelo Arduino, também faz a verificação do código e, se tudo estiver correto, faz o carregamento do código para dentro do Arduino. Uma vez carregado o código, o Arduino executará essas instruções, interagindo com o que estiver conectado a ele [9]. 23 2.5.2 Led emissor infravermelho 5mm (IR) 940nm Este Led que pode ser visto por meio da Figura 5, foi utilizado no dispositivo para enviar um sinal infravermelho para um receptor. A faixa de luz infravermelha emitida pelo Led não é perceptível ao olho humano devido ao seu comprimento de onda não estar dentro do espectro de ondas eletromagnéticas visíveis. Este Led é comumente utilizado em projetos que utilizam Arduino entre outras plataformas micro controladas [10]. Figura 5: Led emissor infravermelho 5mm (IR) 940nm. 2.5.3 Foto transistor/receptor (IR) 5 mm Utilizando tecnologia infravermelha, este receptor é ativado pela incidência de luz infra- vermelha fazendo com que o transistor passe a conduzir. Ele possui um filtro negro que tem como finalidade reduzir interferências externas (luz das lâmpadas e raios ultravioletas) e pode ser visto por meio da Figura 6 [10].Também é muito utilizado com Arduino e outras platafor- mas micro controladas, este receptor é sempre utilizado em conjunto de um Led emissor onde, havendo interrupção no sinal, a plataforma micro controlada é notificada e executa uma ação conforme o código carregado na mesma [10]. Figura 6: Foto transistor/receptor (IR) 5 mm. 24 3 Construção do experimento 3.1 Lista dosmateriais Material Dimensão Quantidade Valor (R$) Peça de MDF 31,0 x 36,0 x 0,9 cm 1 10,00 Peça de Madeira Paraju. 110,0 x 4,0 x 2,5 cm 1 9,50 Régua milimetrada com nível 1 metro 1 26,00 Barra de Ferro cilíndrica. Diâmetro 9,53mm e comprimento 1,14 m 1 2,85 Chapa de metal 11,00 x 19,00 x 0,25 cm 1 2,50 Suporte para calha de lâmpada tubular fluores- cente 14,00 x 3,00 cm 13 26,00 Kit Arduíno Kit com cabo USB e 5 jumpers 1 20,40 Foto transistor infraver- melho IR Receptor 5mm 2 2,00 Led sensor infravermelho IR Emissor 5mm 2 2,00 Resistor Ôhmico 220 kΩ 2 1,00 Resistor Ôhmico 150 Ω 2 0,50 Cabo flexível Área de secção 0,5 mm2 e 1 m de compri- mento 12 6,00 Total 108,75 Tabela 1: Dimensão, quantidade e valor dos materiais usados. 3.2 Experimento de queda livre Na Figura 7, apresenta-se a construção de um experimento de queda livre com materiais acessíveis e de baixo custo. A construção desse equipamento foi dividida em três etapas: i) 25 construção do suporte fixo (A); ii) construção do trilho de metal (B) para movimentação dos sensores e iii) ligação dos sensores infravermelho ao Arduíno (J) e ao notebook (K). Figura 7: O experimento de queda livre. 26 Na Figura 7, o suporte fixo de madeira (A) serve para manter todos os outros componentes conectados e garantir a queda livre de forma retilínea e vertical. O trilho de metal (B) serve para a variação da altura dos sensores. Já os suportes para os sensores de presença (C e D) servem para correrem no trilho de metal garantindo que nas variações das alturas os sensores estejam presentes. O suporte (D) fica fixo, pois é responsável pelo ponto inicial do movimento e o su- porte (C) é responsável pelo ponto final do movimento. Se quisermos medir o tempo de queda para uma altura de 17 cm, o suporte (D) pode ficar em um ponto e o suporte (C) a uma distância de 17 cm. A régua com nível (E) colada ao suporte de madeira serve pra medir as variações das alturas e garantir o nivelamento do suporte de madeira, é através dela que é possível ter uma certa precisão da altura da queda livre. Os sensores de infravermelho (F, G, H e I) são colocados um a frente do outro, sempre um emissor (o que emite a radiação infravermelha) e um receptor (o que recebe a radiação infravermelha) e servem para que, ao objeto (M) com dimensões de 14 x 4 x 1,5 cm em queda livre passar pelo primeiro par de sensores (F e G) a emissão e recepção sofre uma alteração e ao objeto passar pelo outro par de sensores (H e I) novamente a emissão e recepção sofre outra alteração. Como os sensores estão conectados ao Arduino (J) que por sua vez está conectado ao notebook (K) a primeira alteração no primeiro par de sensores manda um sinal ao Arduino que aciona um cronômetro no notebook. A segunda alteração no segundo par de sensores manda outro sinal ao Arduino que desliga o cronômetro que fora acionado a pouco. O pedaço de cano (L) de 5 cm de diâmetro serve para facilitar a queda livre em linha reta. 3.2.1 Construção do suporte fixo. Primeiramente fez-se o suporte de madeira fixo, como pode ser observado na Figura 8. Para essa etapa foi utilizado uma peça de MDF (Medium-Density Fiberboard) (Figura 8A) com dimensões 31,0 x 36,0 x 0,9 cm, uma peça de madeira Paraju (Figura 8B) com dimensões 110,0 x 4,0 x 2,5 cm e dois pedaços de madeira em forma de prismas retangulares (Figura 8C e 27 D) para manter a peça de madeira Paraju imóvel. Fixou-se todas essas peças com o auxílio de parafusos. Figura 8: Construção do suporte de madeira. Para a medição das variações da altura, ou seja, a distância entre os sensores que acionam o cronômetro no Arduino, utilizou-se uma régua milimetrada (Figura 9A) com um metro de comprimento, que foi colada com cola de silicone quente no suporte. A régua possui um medi- dor de nível (Figura 9B) que serve para minimizar os possíveis erros referentes a inclinação, deixando o experimento nivelado. Figura 9: Fixação da régua milimetrada com nível. 28 3.2.2 Construção e ligação dos sensores móveis Na Figura 10 apresenta-se o esquema de ligação dos sensores a placa Arduino. O circuito é composto pelos fototransistores (FTs) (receptores) de sinal na região do infravermelho (IV) (A e B) e diodos emissores de luz (LEDs) (emissores) na região IV (C e D). Em cada FT (A e B) foi inserido ao terminal positivo (+) um resistor de 220 𝑘Ω (E e F). Já para cada LED emissor (C e D) foi inserido ao terminal positivo (+) um resistor de 150 Ω (G e H). Os fios laranja e verde foram ligados nas portas 5V e GND (terminal de referência da placa Arduino) respecti- vamente que são responsáveis pela alimentação de energia nos LEDs e FTs. As portas 5V e GND são respectivamente os terminais positivo (+) e negativo (-). Já os fios azul e amarelo foram ligados nas portas de entrada analógicas A1 e A2, respectivamente. Figura 10: Ilustração do circuito ligado ao Arduino. Os LEDs funcionam em pares, o emissor (C) envia sinais contínuos de IV para o receptor (A) e o emissor (D) envia sinais contínuos de IV para o receptor (B). A base do FT é ativada pela incidência de luz IV, permitindo a passagem de corrente elétrica para o emissor. Sem a presença de luz IV, o FT não conduz, ou seja, ao interromper o sinal, é enviado uma mensagem https://www.google.com/search?sxsrf=ACYBGNQ_Wxh_YNwZlWBSGwAo5rjqjla1dA:1574972756624&q=fototransistor&spell=1&sa=X&ved=2ahUKEwi03MHd3o3mAhUAHrkGHXAsBNwQBSgAegQIDxAq 29 para as portas analógicas A1 e A2, utilizadas para definirem o início e o final da contagem do tempo no cronômetro. Resumidamente, qualquer objeto que passe pelo primeiro par de sensores (A e C) interrompe o envio de sinal IV para o FT receptor (A), que por sua vez envia essa informação ao Arduino que faz o cronômetro iniciar a contagem. Em seguida, quando o objeto passar pelo par de sensores (B e D) o FT receptor (B) envia um sinal ao Arduino que fará o cronômetro parar a contagem, contabilizando quanto tempo demorou essa passagem. O funcionamento do Arduino bem como a construção do cronômetro serão apesentados na próxima seção. A Figura 11 mostra uma foto real do circuito eletrônico composto por sensores de infraver- melho, sendo (A) e (B) os receptores do sinal contínuo, e (C) e (D) os emissores. Na outra extremidade do circuito temos as saídas dos fios (E) que estão conectadas ao Arduino (F). Figura 11: Circuito eletrônico com sensores e Arduino. Na Figura 12 mostra-se o suporte para os sensores. Os suportes foram feitos de metal e suportes para calha de lâmpada tubular fluorescente. A Figura 10 mostra os braços (A, B, C e D), desse suporte, a parte de trás do suporte é composta por um parafuso e uma porca soldada 30 (E e F), de forma que é possível afrouxar para correr o suporte no trilho e variar a posição dos sensores. Figura 12: Suportes para os sensores. Na Figura 13 apresenta-se o trilho (A) para a movimentação dos suportes que foi feito com uma barra cilíndrica de diâmetro 3/8 polegadas ou 9,53 mm e 1,14 m de comprimento, tendo como base uma chapa (B) de metal de 11,00 x 19,00 0,25 cm. Figura 13: Trilho e base de metal. 31 3.3 Funcionamento do cronômetro por meio do Ar- duino 3.3.1 Ligação do circuito ao Arduino O Arduíno é composto por 3 grupos de portas: As portas digitais (A), analógicas (B) e as portas de alimentação (C) como podem ser visualizadas da Figura 14. Figura 14: Demonstração das portas Digitais, Analógicas e de Alimentação. Para este projeto, foram utilizadas as portas de alimentação e as portas analógicas, pois, os LEDs receptores enviam dados analógicos ao invés de dados digitais. O Arduino é responsável por alimentar os componentes ligados a ele e também receber o sinal que é enviado pelo LED receptor, reconhecendo se houve algumainterrupção no sinal. A alimentação é feita pelas portas de alimentação e os LEDs receptores e emissores foram ligados nas portas GND e 5V conforme a Figura 15. 32 Figura 15: Cabo Verde ligado no GND (terra) do Arduino e cabo laranja ligado na porta de 5V (alimentação). O LED emissor envia um sinal infravermelho constante para o LED receptor, por isso a necessidade de estarem pareados. O LED receptor recebe o sinal do LED emissor e se comunica com o Arduino através das portas analógicas. As portas analógicas são nomeadas do A0 até o A5. Conforme a Figura 16, utilizou-se as portas A1 e A2, porém, qualquer porta pode ser utili- zada sem nenhuma diferença pois todas elas possuem as mesmas características. Figura 16: Ligação dos LEDs receptores nas portas analógicas do Arduino. 3.3.2 Código do cronômetro e seu funcionamento Para auxiliar na medida do tempo em que o objeto percorre os dois pares de sensores, foi criado um código conforme mostra a Figura 17 de um cronômetro feito por meio do Arduino que faz medições com uma precisão de milissegundos. 33 Figura 17: Código do Arduino utilizado no projeto para capturar as informações dos sensores. Para escrever o código do cronômetro e carregá-lo para o Arduino, foi utilizado uma IDE chamada Arduino IDE que pode ser obtida por meio do site: <https://www.ar- duino.cc/en/Main/Donate> clicando em “Just Download” [11]. O Arduino IDE é um editor de código em linguagem de programação C e que faz comunicação com o Arduino para enviar o código escrito, ou seja, o fato de ter sido usada essa IDE não limita o uso de qualquer outra, desde que seja um editor de código em linguagem C que faça comunicação com o Arduino, https://www.arduino.cc/en/Main/Donate https://www.arduino.cc/en/Main/Donate 34 possibilite a escrita do código, verificar e carregar para o Arduino. Assim que a IDE é iniciada, pode começar a escrever o código para depois carregar pro Arduino como pode ser visto por meio da Figura 18 que mostra sua interface. Figura 18: Interface do Arduino IDE com o código do cronômetro. Na primeira parte do código (Figura 17) temos as declarações de constantes e variáveis que podem ser vista por meio da Figura 19. 35 Figura 19: Declaração das constantes e variáveis utilizadas no código. Neste contexto, variáveis são utilizadas para representar valores e armazenam estes valores temporariamente na memória do Arduino. Estes valores podem ser modificados ao longo do desenvolvimento do código ou da execução do programa. As Constantes, assim como as variá- veis, representam valores guardados na memória do Arduino, porém estes valores não sofrem alterações ao longo do desenvolvimento do código da execução do programa. [12]. No código é necessário indicar quais as portas de dados estão sendo utilizadas. Isso é feito através das constantes (const int) pinFtI = A2 e pinFtF = A1. Aqui, os nomes pinFtI e pinFtF fazem referência a pino Fototransistor inicial (LED receptor do primeiro par de sensores) e pino foto- transistor final (LED receptor do segundo par de sensores). Como explicado anteriormente, as portas utilizadas no projeto foram as portas A1 e A2 e, caso sejam utilizadas portas diferentes, é necessário informar isto no código (Exemplo: pinFtI = A3 e pinFtF = A4, no caso de utilizar as portas de dados A3 e A4). As variáveis timeini (tempo inicial) e timefim (tempo final) são responsáveis por captu- rar o tempo que o objeto passou pelo primeiro par de sensores (timeini) e depois pelo segundo par de sensores (timefim) em milisegundos. As variáveis final e sfinal servem para receber o cálculo das variáveis do tempo final (timefim) menos o tempo inicial (timeini). Veremos a utilização dessas variáveis mais à frente. Como visto na Figura 17, no código fonte do cronômetro existem dois blocos de códigos entre chaves ({}): Setup e Loop. Estes blocos de códigos são conhecidos na programação como funções. Na função Setup (Figura 20) é feito a configuração da comunicação com a porta USB e também determina que os pinos A1 e A2, agora representados pelas constantes pinFtI e pin- FtF, são pinos de entrada, ou seja, eles irão ler o sinal dos LEDs receptores. 36 Figura 20: Função Setup configurando a comunicação USB e os pinos de entrada A1 e A2. Na Figura 17 logo após a função Setup, vem a função loop conforme demostrado por meio da Figura 21. Figura 21: Código da função loop. Essa função executa o código enquanto o Arduino estiver ligado. Ela é dividida em três partes contendo três verificações. Na primeira parte (Figura 21A) é verificado se houve inter- rupção no sinal do LED emissor para o receptor. Através de testes feitos pelo desenvolvedor do cronometro, observou-se que quando há interrupção o valor de bits sobe de 800 bits para um 37 valor maior. Enquanto o LED receptor recebe o sinal do LED emissor, ele fica abaixo de 800 bits. O valor que o LED receptor envia ao Arduino pode variar de acordo com a distância entre o LED emissor e o LED receptor. É verificado também se o valor da variável countini é maior que zero. Essa verificação é necessária para certificar-se que o Arduino capturou o primeiro momento em que o objeto passou pelo primeiro par de sensores. Satisfeitas essas condições, timeini recebe o valor da função millis(). A função millis é uma função interna do Arduino que retorna o número de milissegundos desde que a placa Ar- duino começou a executar o código. Na segunda parte (Figura 21B) da função loop é verificado se houve interrupção no se- gundo sensor e se o código da primeira parte foi executado. A variável countfim aqui possui o mesmo objetivo que a variável countini na primeira verificação. A terceira parte (Figura 21C) será executada somente se o objeto passou pelo primeiro e segundo sensor. Aqui a variável final recebe o valor da subtração de timefim por timeini, en- contrando o tempo percorrido do objeto de um par de sensores a outro e a variável sfinal rece- berá a conversão de milisegundo para segundos. As funções Serial.print e Serial.println são internas do Arduino e servem para mostrar os resultados na tela como demostrado na seção 4.1, por meio da Figura 31. Logo após executado o código, todas as variáveis são reiniciadas recebendo o valor de zero conforme mostra a Figura 22. Isso é feito para que o programa aguarde que o objeto seja lançado novamente. Figura 22: Variáveis sendo reiniciadas com o valor de zero. 38 Depois do código escrito é necessário verificar se o código está rodando sem erros e depois carregá-lo para o Arduino. Para isso, o Arduino IDE possui dois botões: Verificar (A) e Carregar (B). Eles estão localizados logo abaixo do menu Arquivo, conforme Figura 23. Figura 23: Botões Verificar (A) e Carregar (B) disponíveis no Arduino IDE. 3.4 Montagem e Alinhamento dos acessórios Para o alinhamento deve-se primeiro colocar o suporte de madeira já com o trilho e a régua fixados, em uma superfície plana nivelada. Esse nivelamento deve ser regulado com o auxílio da régua com nível, e deve ser conferido antes do começo da coleta dos dados. Estando o su- porte nivelado insere-se no trilho (A) os suportes (B e C) para os sensores como mostra a Figura 24. Para isso afrouxa-se um pouco os parafusos (D e E) de trás dos suportes, e estando-os no 39 trilho, o suporte (B) deve ficar fixo em cima e o suporte (C), que será responsável pelas varia- ções nas altura, deve ficar mais abaixo, não preocupando-se ainda com alinhamentos dos su- portes, pois, essa parte será feita quando os sensores estiverem nos suportes. Figura 24: Montagem dos suportes dos sensores de infravermelho. Na Figura 25 mostra-se o alinhamento dos sensores. Nessa parte é necessário inserir uma linha (A) perpendicular aos braços (B e C) dos suportes dos sensores parafacilitar o alinha- mento. Essa linha servirá como referência para o alinhamento dos sensores com os pontos na régua conforme apresentado na Figura 27. Figura 25: Linha colocada no suporte para o alinhamento dos sensores. O movimento do objeto que será sujeito à queda livre no experimento será observado pela parte frontal do experimento, lado oposto ao que está o trilho de metal. O objeto de madeira 40 será largado partindo do repouso em um determinado ponto medido na régua e percorrerá uma distância até um ponto final determinado também pela régua. Para que essa distância seja me- dida com precisão dentro de um intervalo de tempo, depois de ter montado todo o aparato de suportes, coloca-se os pares dos sensores em cada suporte, como mostra a Figura 26. Os senso- res (A e B) marcados com um papel branco, são fixados na parte superior onde ficarão fixos, e os sensores (C e D) na parte inferior que serão responsáveis pelas variações das alturas. Usou- se fita adesiva para a fixação dos sensores. Figura 26: Fixação dos sensores aos suportes. Para garantir que o objeto de madeira tenha seu movimento em linha reta, foi colocado um pedaço de cano PVC (E) na parte superior, onde será o ponto inicial da queda livre. Tendo feito todos os passos anteriores chega-se à parte do alinhamento dos sensores (Figura 27). Para o alinhamento inseriu-se um ponto (A) imaginário na régua, e pontos imaginários nas extremidades dos suportes dos sensores (B e C) usando a linha como referência de plano, como mostra a Figura 27. Esse procedimento foi realizado para os sensores da parte superior e infe- rior. Esta parte deve ser feita com muita atenção para minimizar os erros ocasionados por pos- síveis medidas erradas de altura. 41 Figura 27: Alinhamento dos sensores superiores. 42 4 Procedimento, apresentação e discussão dos resultados. 4.1 Procedimento experimental Por meio da construção, montagem e alinhamento dos acessórios que incorporam o expe- rimento da queda livre apresentados na seção 3 deste trabalho, foi possível analisar o fenômeno de um objeto (pedaço de madeira com dimensões 14 x 4 x 1,5 cm) em queda livre e calcular a constante 𝒈. Procedeu-se da seguinte forma: o objeto (A) utilizado na queda livre foi introdu- zido no pedaço de cano (B) na parte superior do suporte até que estivesse no ponto inicial (P0 = 3 cm na régua) do movimento, onde a velocidade inicial é nula e o ponto de partida é zero como mostra a Figura 28. Figura 28: Procedimento inicial para a queda livre. Alinhou-se os sensores da parte de baixo para a medida de P = 20 cm como mostra a Figura 29. 43 Figura 29: Alinhamento dos sensores inferiores. Estando os sensores devidamente ligados ao Arduino e conectados ao notebook, quando o objeto utilizado na queda livre é largado partindo do ponto P0 = 3,00 cm, os sensores da parte superior enviam um sinal ao Arduino que faz o cronômetro começar a contagem. Após o objeto chegar até o ponto P = 20,00 cm, os sensores da parte inferior mandam um sinal ao Arduino que faz o cronômetro parar a contagem, dessa forma temos a variação de tempo da queda livre para a determinada altura. Achou-se necessário fazer um teste antes da coleta de dados. Tomando os pontos na régua inicial P0 = 3,00 cm e final P = 20 cm, temos que o tempo medido para a queda livre será para a altura h = P – P0 = 17 cm. Sendo assim o objeto (A) foi largado partindo do ponto inicial P0 = 3,00 cm até o ponto P0 = 20,00 cm como mostra a Figura 30. 44 Figura 30: Início da queda livre. As coletas feitas neste teste podem ser vistas na Figura 31que foi obtida através de Print Screen da tela do cronômetro. 45 Figura 31: Imagem das medidas feitas pelo cronômetro. Seguindo esses mesmo passos, foram feitas dez medidas de tempo para as altura de h1 = 0,360 m, h2 = 0460 m, h3 = 0,560 m, h4 = 0,660 m e h5 = 0,760 m. Calculou-se a média aritmética por meio da equação (4.1) entre as dez medidas de tempo para cada altura e sua respectiva incerteza através do desvio padrão da média 𝝈(𝒕) através da equação (4.2) [13]. 〈𝑡〉 = ∑ 𝑡𝑖 𝑛 𝑛 𝑖=1 (4.1) σ(t) = ( 1 √𝑛(𝑛 − 1) ) √(∑ 𝑡𝑖 2) 𝑛 𝑖=1 − ( 1 𝑛 ) (∑ 𝑡𝑖 𝑛 𝑖=1 ) 2 (4.2) 4.2 Método usado para calcular a constante g local Por meio dos procedimentos experimentais apresentados no tópico 4.1 foi possível obter cinco valores de tempo de queda livre para cada uma das respectivas alturas junto com suas incertezas. De acordo com a seção 2.4 deste trabalho, o movimento em queda livre pode ser descrito através da equação ((2.6), 𝒉 = 𝟏 𝟐 𝒈𝒕𝟐, onde h é a altura, 𝒈 é a aceleração da gravidade e 𝒕 o tempo de queda livre. Resolvendo a equação para 𝒈, a equação toma a forma de 𝒈 = 𝟐𝒉 𝒕𝟐 , 46 e de posse dos valores médios 𝒕𝒏 calculados para cada 𝒉𝒏, calculou-se cinco valores para a constante 𝒈, ou seja, calculou-se 𝒈𝟏, 𝒈𝟐, 𝒈𝟑, 𝒈𝟒 e 𝒈𝟓, sendo que o valor encontrado para a constante 𝒈 foi a média aritmética entre os valores 𝒈𝒏. A incerteza da constante 𝒈 local foi obtida por meio da equação (4.3), em função das deri- vadas parciais de 𝒈 em relação ao tempo e a altura de queda [14]. 𝛿𝑔 = √( 𝜕𝑔 𝜕ℎ 𝛿ℎ) 2 + ( 𝜕𝑔 𝜕𝑡 𝛿𝑡) 2 = √( 2 𝑡2 𝛿ℎ) 2 + ( 4ℎ 𝑡3 𝛿𝑡) 2 (4.3) Uma vez calculada a constante 𝒈 local, é necessário que se calcule o erro percentual rela- tivo do valor encontrado em relação a um valor teórico de 𝟗, 𝟕𝟖𝟔𝟏 𝒎/𝒔𝟐 para a aceleração da gravidade local em Governador Valadares [15]. O cálculo do erro foi feito através da equação ((4.4), onde ∈𝒂𝒃𝒔 é o erro absoluto, ou seja, a diferença entre o valor medido (𝒙𝒎𝒆𝒅) e o valor teórico ou verdadeiro (𝒙𝒗𝒆𝒓𝒅) [13]. ∈𝒓𝒆𝒍= ∈𝒂𝒃𝒔 𝒙𝒗𝒆𝒓𝒅 𝟏𝟎𝟎% (4.4) 4.3 Cálculo das variações de tempo da queda livre Os sensores foram ajustados por meio dos suportes no trilho do experimento para cinco medidas de alturas diferentes, ou seja, o primeiro par de sensores ficou em cima alinhado no 47 ponto inicial da queda livre e o segundo par de sensores foi variando o ponto final do movi- mento. Fez-se a coleta de dez medidas de tempo para cada uma das cinco alturas medidas que são apresentadas na Tabela 2. 𝒉 𝒕𝟏 𝒕𝟐 𝒕𝟑 𝒕𝟒 𝒕𝟓 𝒕𝟔 𝒕𝟕 𝒕𝟖 𝒕𝟗 𝒕𝟏𝟎 0,360 0,287 0,280 0,249 0,286 0,261 0,298 0,263 0,251 0,266 0,289 0,460 0,302 0,287 0,303 0,282 0,292 0,279 0,309 0,284 0,273 0,286 0,560 0,337 0,325 0,324 0,333 0,327 0,321 0,333 0,334 0,358 0,326 0,660 0,357 0,350 0,350 0,352 0,367 0,362 0,365 0,353 0,363 0,375 0,760 0,402 0,397 0,391 0,365 0,369 0,386 0,380 0,388 0,388 0,399 𝒉 é a altura em metros e 𝒕 é o tempo em segundos (𝒔). Tabela 2: Registro dos dados coletados. Com os resultados apresentados na Tabela 2 foi possível calcular o tempo de queda livre para cada altura e o desvio padrão da média, os resultados estão disponíveis na Tabela 3. Para o cálculo da média aritmética das dez medidas utilizou-se a equação (4.1), já para o cálculo do desvio padrão da média foi realizado por meio da equação (4.2). 𝒏 𝒉 𝜹(𝒉) 𝒕 𝜹(𝒕) 1 0,3600 ±0,0005 0,273 ±0,005 2 0,4600 ±0,0005 0,290 ±0,004 3 0,5600 ±0,0005 0,332 ±0,003 4 0,6600 ±0,0005 0,359 ±0,002 5 0,760 ±0,0005 0,386 ±0,004 𝒉 é a altura em metros e 𝜹(𝒉) é sua incerteza e 𝒕 é o tempo em segundos e 𝜹(𝒕) é sua incerteza. Tabela 3: Medida das alturas e média dos tempos e suas respectivas incertezas. 48 4.4 Cálculo da constante g Para o cálculo da constante gravitacional local (𝒈) e a sua incerteza (𝛅𝒈) utilizou-se as Equações ((2.6) e (4.3), respectivamente, conforme demonstrado na Seção 4.2. Com o auxílio da Tabela 2 foi possível combinar as incertezas de 𝒉𝒏 e 𝒕𝒏 para e calcular 𝒈𝒏 e 𝛅𝒈𝒏 como pode ser visto na Tabela4. 𝒏 𝒈𝒏 𝛅𝒈𝒏 1 9,6 ± 0,4 2 11,0 ± 0,3 3 10,2 ± 0,2 4 10,2 ± 0,2 5 10,2 ± 0,3 𝒈𝒏 é a aceleração da gravidade para cada um dos casos (𝒏 = 𝟏, 𝟐, 𝟑, 𝟒, 𝟓) em metros por segundo ao quadrado e 𝜹𝒈𝒏 são as respectivas incertezas. Tabela 4: Cálculo da constante de 𝒈𝒏 e (𝜹𝒈𝒏). É importante frisar que apesar dos dados estarem elencados nas tabelas presentes neste trabalho com os devidos arredondamentos, para se manter o rigor sob os resultados, todos os cálculos foram feitos levando o máximo de casas decimais possíveis. O valor da constante 𝒈 local foi obtido através do valor médio entre os valores encontrados de para cada 𝒈𝒏, e sua respectiva incerteza 𝛅𝒈 foi obtida por meio da média entre os valores das incertezas 𝛅𝒈𝒏 como pode ser observado na Tabela 5. O cálculo do erro relativo entre o valor medido de 𝟏𝟎, 𝟐𝟑𝟖𝟏 𝒎/𝒔𝟐 e o valor teórico de 𝟗, 𝟕𝟖𝟔𝟏 𝒎/𝒔𝟐 de acordo com a equação (4.8) se encontra na Tabela 5. Constante 𝒈 (𝒎/𝒔𝟐) Incerteza 𝛅𝒈(𝒎/𝒔𝟐) Erro percentual relativo 10,2 ±0,3 5% Tabela 5: Cálculo da constante 𝒈, aceleração da gravidade local. 49 Embora 5% seja um erro percentual aceitável se tratando de um valor aproximado obtido por meio de um experimento com materiais acessíveis de baixo custo, percebeu-se a necessi- dade de uma nova coleta de dados para tentar diminuir o erro. Após algumas tentativas, desco- briu-se que aproximando mais o sensor emissor do receptor de cada par de sensores havia uma melhora na coleta dos dados, diminuindo as flutuações entre as medidas de tempo, ou seja, os valores medidos passaram a ficar mais próximos como apresentado na Tabela 6. 𝒉 𝒕𝟏 𝒕𝟐 𝒕𝟑 𝒕𝟒 𝒕𝟓 𝒕𝟔 𝒕𝟕 𝒕𝟖 𝒕𝟗 𝒕𝟏𝟎 0,360 0,263 0,278 0,261 0,276 0,268 0,267 0,280 0,264 0,269 0,266 0,460 0,309 0,302 0,303 0,301 0,300 0,306 0,301 0,303 0,307 0,308 0,560 0,360 0,335 0,343 0,331 0,359 0,328 0,338 0,328 0,342 0,339 0,660 0,395 0,359 0,387 0,372 0,361 0,351 0,362 0,348 0,360 0,366 0,760 0,392 0,409 0,401 0,398 0,394 0,376 0,394 0,384 0,386 0,410 𝒉 é a altura em metros e 𝒕 é o tempo em segundos (𝒔). Tabela 6: Segundo registro de dados coletados. Por meio da Tabela 6 foi possível construir a Tabela 7. 𝒏 𝒉 𝜹(𝒉) 𝒕 𝜹(𝒕) 1 0,3600 ±0,0005 0,269 ±0,002 2 0,4600 ±0,0005 0,304 ±0,001 3 0,5600 ±0,0005 0,340 ±0,004 4 0,6600 ±0,0005 0,366 ±0,005 5 0,7600 ±0,0005 0,394 ±0,003 𝒉 é a altura em metros e 𝜹(𝒉) é sua incerteza e 𝒕 é o tempo em segundos e 𝜹(𝒕) é sua incerteza. Tabela 7: Medida das alturas e média dos tempos e suas respectivas incertezas para a segunda coleta de dados. Por meio da Tabela 7 foi possível calcular novos valores para 𝒈𝒏 com suas respectivas incertezas 𝛅𝒈𝒏 como pode ser visto na Tabela 8. 50 𝒏 𝒈𝒏 𝛅𝒈𝒏 1 9,9 ± 0,2 2 10,0 ± 0,1 3 9,7 ± 0,2 4 9,8 ± 0,3 5 9,8 ± 0,2 𝒈𝒏 é a aceleração da gravidade para cada um dos casos (𝒏 = 𝟏, 𝟐, 𝟑, 𝟒, 𝟓) em metros por segundo ao quadrado e 𝜹𝒈𝒏 são as respectivas incertezas. Tabela 8: Cálculo da constante de 𝒈𝒏 e (𝜹𝒈𝒏) para a segunda coleta de dados. Por fim, com o auxílio da Tabela 8 foi possível calcular um novo valor para a constante 𝒈 local juntamente com sua incerteza. O novo valor obtido com quatro casas decimais foi de 𝟗, 𝟖𝟑𝟔𝟒 𝒎/𝒔𝟐 , o erro relativo foi de aproximadamente 0,6% em relação ao valor teórico de 𝟗, 𝟕𝟖𝟔𝟏 𝒎/𝒔𝟐 como pode ser visto na Tabela 9. Constante 𝒈(𝒎/𝒔𝟐) Incerteza 𝛅𝒈(𝒎/𝒔𝟐) Erro percentual relativo 9,8 ±0,2 0,6% Tabela 9: Cálculo da constante 𝒈, aceleração da gravidade local para a segunda coleta dados. 51 5 Conclusão A importância deste trabalho se dá devido ao fato de possibilitar uma análise do movimento com aceleração aproximadamente constante mais familiar que podemos ver em nosso cotidi- ano, a queda livre dos corpos. Através dos resultados, foi possível averiguar de forma prática a validade da equação (2.6) que descreve o movimento da queda livre partindo do repouso e calcular a constante 𝑔 e sua incerteza. O erro percentual relativo para a primeira coleta de dados, embora seja aceitável para as circunstâncias deste trabalho, pôde ser melhorado a partir de uma nova coleta de dados aproximando mais o LED emissor do receptor de cada par de sensores, minimizando ainda mais erros que podem influenciar nas medições de tempo. Um dos atrativos deste trabalho é, sem dúvida, o pequeno custo que possibilita sua realização em qualquer curso, seja de ensino médio ou superior. Acredita-se na influência positiva desta prática sob a apren- dizagem significativa, auxiliando os professores como mediadores na construção do conheci- mento da parte dos alunos referente ao tema queda livre dos corpos, por fazer uma ligação importante de um conteúdo teórico, normalmente apresentado nos livros e explanado por pro- fessores em sala de aula, com uma prática consistente, promovendo nos alunos a capacidade de reflexão e construção de ideias. 52 6 Referências Bibliográficas [1] H. D. Young and R. A. 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