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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE FÍSICA Física Geral e Experimental III-E – Física 123 Mateus Conceição Silva Victor Nascimento Lima EXPERIÊNCIA 10 Balança de Corrente Salvador 2019 1. Introdução No relatório a seguir serão contemplados os conhecimentos sobre força magnética, elemento de corrente e campo magnético. Para isso é necessária uma abordagem prévia de alguns conceitos que importantes para o entendimento dos resultados obtidos. Fundamentação Teórica Definindo elemento de corrente 𝑖. 𝑑𝑙 como sendo o vetor com a direção do fio no sentido da corrente elétrica, podemos dessa forma definir a força magnética que age em dois fios quando por eles passam corrente elétrica, como mostra a figura 1, O fio se atrai se o sentido da corrente for paralelo, e se repele se o sentido for antiparalelo e experimentalmente se verifica que: 𝑑2𝐹 ∝ 𝐼1𝐼2. 𝑑𝑙1 × (𝑑𝑙2 × �̂�) 𝑟2 Cuja constante de proporcionalidade é: µ0 4𝜋 Em que µ0 = 4𝜋. 10 −7𝑁/𝐴2 é a permeabilidade magnética do vácuo. Figura 1 Porém analogamente a força elétrica, podemos definir a força magnética, como sendo a ação de um campo indução magnética B sobre o elemento de corrente no fio, 𝑑𝐹 = 𝐼1𝑑𝑙1 × �⃗� Em que B é dado por: 𝐵 = µ0𝐼1 4𝜋 ∫ 𝑑𝑙1 × �̂� 𝑟2 Elemento de corrente também pode ser definido como 𝑖𝑑𝑙 = 𝑑𝑞 𝑑𝑡 𝑑𝑙 = 𝑑𝑞𝑣, como uma carga que passa na região a uma determinada velocidade v, ora, se há carga elétrica há força associada ao campo elétrico, logo a força elétrica sendo a força associada a carga estática, e a força magnética associada a carga em movimento podemos chegar na expressão de Lorentz: 𝐹 = 𝑞(𝐸 + 𝑣 × 𝐵) Com a expressão do campo magnético B, podemos chegar a expressão do campo em um fio muito longo que é dado por: 𝐵 = µ0𝐼 2𝜋𝑅 Sabendo que o campo magnético é um campo solenoidal, podemos chegar na expressão de Ampère pela integral fechada de caminho em uma circunferência, como abaixo: ∮ 𝐵𝑑𝑙 = 𝐵∮ 𝑑𝑙 𝐶 = 𝐶 µ0𝐼 2𝜋𝑅 . 2𝜋𝑅 = µ0𝐼 A partir desta expressão e da expressão da força podemos chegar na expressão da força que o campo magnético exerce em um fio, 𝐹 = 𝑖𝑙 × 𝐵 Figura 3 No exemplo da figura 2, no experimento da balança magnética, como o campo produzido pelos imãs é uniforme e é perpendicular à corrente a expressão acima fica, 𝐹 = 𝐵𝑖𝑙 Cuja orientação é dada pela figura 3, ou seja, a força magnética irá aumentar ou diminuir o “peso” da espira quadrada na balança de torque. 2. Objetivo Figura 2 O experimento abordado neste relatório teve como objetivo estudar a interação entre o campo de indução magnética de imã e a corrente elétrica em um fio (barra). 3. Procedimento Experimental O conjunto balança e circuito estão representados na figura (Fig. 2). Observe que as fitas condutoras que ligam a fonte a placa de circuito impresso não devem ficar esticadas. Isso causaria um esforço no braço da balança ocasionando um erro grosseiro na medida da força sobre o condutor. Ajuste os parafusos de nivelamento dos pés da balança até que a bolha do medidor de nível fique centralizada. Feito isso, a balança não pode ser mais deslocada dessa posição. Caso isso aconteça, verifique novamente o nivelamento da balança. Utilize a placa de circuito impresso cujo comprimento da trilha é igual 12,5 mm. Inicialmente, com essa placa fora da balança, conecte as duas fitas condutoras flexíveis a placa. Coloque a placa no gancho da balança observando que as fitas condutoras fiquem espaçadas e livres de esforços. Tente ajustar a balança deslocando as massas no braço superior direito de modo que a balança fique equilibrada. Caso não consiga obter o equilíbrio, gire o botão do vernier no sentido horário ou anti-horário até obter o equilíbrio. Pronto, acabamos de zerar ou fazer a tara da balança para o conjunto fita e massa da placa de circuito impresso. Verificaremos agora a influência do campo de indução magnética produzido pelas fitas condutoras com a balança zerada. Com a fonte de tensão desligada, gire os botões de controle de tensão e corrente todo no sentido anti-horário (zero). Ajuste o controle de tensão (Voltagem 0...32 V), aproximadamente a um terço de seu curso máximo no sentido horário; a tensão estará limitada a aproximadamente 10 V. Ligue a fonte. Nessa condição, o ajuste da limitação de corrente se fara pela utilização do botão de controle da corrente (Corrente 0...5 A). A fonte funcionara como uma fonte de corrente limitando a corrente ao valor ajustado mesmo em caso de curto circuito. Sem a presença do ímã permanente, observe se existe variação no ponto de equilíbrio da balança quando você varia a corrente até 5 A. Possivelmente, haverá uma pequena interação entre as fitas condutoras. 3.1. Materiais Utilizados Para a realização deste experimento foram utilizados os seguintes materiais: • Balança marca Ohaus com pés niveladores e nível de bolha; • Fonte de tensão contínua (DC) com limitação de corrente e com amperímetro acoplado; • Imã permanente em forma de U com peças polares removíveis; • Placas de circuito impresso com uma trilha condutora (n=1) nos comprimentos 12,5 mm, 25,0 mm e 50,0 mm; • Placa de circuito impresso com duas trilhas condutoras (n=2) no comprimento 50,0 mm; • Base, haste e suporte de ligação; • Cordoalha flexível (fita) condutora de cobre prateado com terminais de pino banana. 4. Resultados e Discussões Primeiramente, devemos fazer uma análise do circuito montado, representado pela figura abaixo: Figura 4 Sabe-se que o polo vermelho é positivo e que o polo verde é o negativo. Observa-se que quando a corrente passa pelo circuito na configuração acima (imagine que o sentido da corrente está entrando na folha), o valor mostrado pela balança aumenta, sinalizando que a força magnética gerada está apontando para baixo, no mesmo sentido do peso. Já quando se inverte a posição dos polos, percebe-se uma diminuição do valor mostrado na balança, indicando que a força magnética gerada está apontando para cima, no sentido oposto ao do peso. A fim de estudar a intensidade da força magnética em função da corrente elétrica, fez-se uma análise com placa de circuito impresso de comprimentos distintos. Para isso foi necessário tarar a balança com a placa de circuito impresso com comprimento de fio de 12,5 mm. Feito isso, deu-se início à coleta de dados para a medida do módulo da força magnética. Com o circuito da Figura 4 montado, anotou-se o valor de mo, que corresponde ao valor de massa quando não há passagem de corrente para uma determinada placa de circuito impresso. Feito isso, ligou-se a fonte de tensão e, variando a corrente de 0 a 3A, tomou-se nota dos vários valores de massa m que estabilizou a balança para cada valor de corrente. A seguir estão as tabelas com os resultados encontrados. Tabela 1: Valores para placa de 12,5 mm (n=1). L= 12,50 mm i (A) m (g) Fm(mN) 0,0 77,46 0 0,3 77,49 0,2943 0,6 77,50 0,3924 0,9 77,57 1,0791 1,2 77,61 1,4715 1,5 77,64 1,7658 1,8 77,66 1,962 2,1 77,70 2,3544 2,4 77,71 2,4525 2,7 77,75 2,8449 3,0 77,80 3,3354 Tabela 2: valores para placa de 25,0 mm (n=1). L= 25,0 mm i (A) m (g) Fm(mN) 0,0 75,85 0 0,3 75,93 0,7848 0,6 76,00 1,4715 0,9 76,04 1,8639 1,2 76,11 2,5506 1,5 76,15 2,943 1,8 76,20 3,4335 2,1 76,26 4,0221 2,4 76,32 4,6107 2,7 76,37 5,1012 3,0 76,43 5,6898 Tabela 3: valores para placa de 50,0 mm (n=1). L=50,0 mm i (A) m (g) Fm(mN) 0,0 77,10 0 0,3 77,22 1,1772 0,6 77,34 2,3544 0,9 77,45 3,4335 1,2 77,55 4,4145 1,5 77,65 5,3955 1,8 77,79 6,7689 2,1 77,90 7,848 2,4 78,08 9,6138 2,7 78,12 10,0062 3,0 78,21 10,8891 Tabela 4: valores para placa de 50,0 mm (n=2). L= 50,0mm i (A) m (g) Fm(mN) 0,0 83,53 0 0,3 83,75 2,1582 0,6 83,96 4,2183 0,9 84,17 6,2784 1,2 84,39 8,4366 1,5 84,60 10,4967 1,8 84,82 12,6549 2,1 85,01 14,5188 2,4 85,22 16,5789 2,7 85,43 18,639 3,0 85,65 20,7972 Uma vez que foi identificada a força magnética no mesmo sentido da força gravitacional, a partir da regra da mão direita, foi possível calcular os valores de Fm – Força magnética – que são mostrados nas Tabela 1, 2, 3 e 4. O cálculo funcionou da seguinte maneira: Sendo F a força realizada pela balança, de sentido contrário ao da Fg – Força gravitacional – e da Fm e, sabendo que no equilíbrio a Força Resultante é igual a zero, temos que: F= Fm + Fg (1) Logo, Fm=F-Fg = (m – mo).g, para g=9,81m/s². Sabemos ainda que para cada trilha 𝐹𝑚 = 𝑖. (𝐿𝑥𝐵) ou ainda 𝐹𝑚 = 𝑖. 𝐿. 𝐵. 𝑠𝑒𝑛𝜃 . Uma vez que as linhas de campo magnético e a trilha são ortogonais na configuração desse experimento, o ângulo 𝜃 entre os dois é igual a 90º logo: 𝐹𝑚 = 𝑖. 𝐿. 𝐵 → 𝐵 = 𝐹𝑚 𝑖.𝐿 (2) A seguir está um gráfico com os valores plotados nas Tabelas 1, 2 e 3 Gráfico 1: Fm x i (para n=1). A partir da leitura do Gráfico 1, é possível perceber que conforme a corrente aumenta, a força magnética também aumenta, o que já era esperado devido a equação (2). Ainda por (2) para cada placa de circuito impresso temos um L, um B e um 𝜃 constantes. Sendo assim os parâmetros de variação são a força magnética Fm e a corrente i. A partir do traço das retas que melhor ajustam os pontos nos gráficos, encontrou-se os coeficientes angulares 𝛼𝑖 para cada reta. Como 𝛼𝑖 = 𝐹𝑚 𝑖 , por (2): 𝐵 = 𝛼𝑖 𝐿 (3) Isso vale para quando a trilha condutora n=1. Com n=2, a força magnética dobra, portanto: 𝐵 = 2. 𝛼𝑖 𝐿 (4) O Gráfico 2 abaixo é referente aos dados da Tabela 4. y = 1,094x - 0,0089 y = 1,8282x + 0,2096 y = 3,7189x + 0,049 -2 0 2 4 6 8 10 12 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Fm ( m N ) i (A) L=12,50mm L=25,0mm L=50,0mm Linear (L=12,50mm) Linear (L=25,0mm) Linear (L=50,0mm) Gráfico 2: Fm x i (para n=2). Assim como no Gráfico 1, a força magnética cresce conforme a corrente aumenta. Para L=12,5mm, 𝛼𝑖 = 1,094. Como n=1, aplicando esse valor em (3), obtemos B1 = 0,08752 T. Para L=25,0 mm, 𝛼𝑖 = 1,8282. Como n=1, aplicando esse valor em (3), obtemos B2 = 0,073128 T. Para L=50,0mm e com n=1, 𝛼𝑖 = 3,7189. Aplicando esse valor em (3), obtemos B3 = 0,074378 T. Já para L=50,0mm e com n=2, 𝛼𝑖 = 6,8997. Aplicando esse valor em (4), obtemos B4 = 0,275988 T. Sendo assim, o valor médio do campo magnético é B = (B1+ B2+ B3+ B4)/4. Logo 𝐵 = 0,1277535 𝑇 O Gráfico 3 abaixo é referente aos dados encontrados acima e os comprimentos dos fios. Como já dito anteriormente, um fio de comprimento L submetido a um campo magnético externo sofre uma força magnética de módulo i x L x B. Para o gráfico Fm x L, com a corrente mantida constante, podemos inferir que a força y = 6,8997x + 0,0847 0 5 10 15 20 25 0 0,5 1 1,5 2 2,5 3 3,5 Fm ( m N ) i (A) L=50,0mm Linear (L=50,0mm) magnética é diretamente proporcional ao comprimento da placa, o que está de acordo com a literatura. Gráfico 3: Fm x L 5. Conclusão Esse experimentou possibilitou a compreensão da atuação da força magnética sobre um condutor. Foi possível também perceber a influência da corrente e do comprimento do condutor. Essa interação é compravada pelo surgimento de uma força magnética é paralela ao peso da placa. No caso experimental, a depender do sentido da corrente podemos ter a força magnética somando ou subtraindo-se da força gravitacional sendo este fato evidenciado pela variação da massa registrada na balança. Observamos também que alterando os polos do imã, alteramos o campo de indução magnética, o que reflete igualmente numa variação da massa da balança. Embora nem todos os resultados tenham sido como esperados, o experimento foi de grande importância e considera-se que o objetivo foi alcançado. y = 3,9374x - 1,2333 0 2 4 6 8 10 12 12,5 25 50 Fm ( m N ) L (mm) Linear ( )
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