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Direito de Manifestação e a Constituição Federal

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Conhecida como a “Constituição Cidadã”, a Constituição Federal de 1988 teve como seu maior objetivo assegurar os direitos do povo, que estava traumatizado após duros anos da Ditadura Militar (1964-1986) e buscava garantir direitos, antes oprimidos pelos Atos Institucionais, como a Liberdade de Expressão (art. 5º, IX) e a Liberdade de Reunião (art. 5º, XVI). Contudo, na contemporaneidade tais direitos ainda sofrem tentativa de opressão, através da edição de uma lei que proíbe manifestações na avenida principal da cidade, com a justificativa de conseguir o livre acesso aos hospitais ali situados. 
	Conforme os artigos citados no parágrafo acima, resumidamente, o cidadão possui o direito de expressar sua opinião e de se reunir pacificamente, em locais abertos, sem necessária autorização, mas sim, um prévio aviso à autoridade competente para que não aconteçam futuras interrupções. Ou seja, a lei que proíbe manifestações com o propósito de sustentar o livre trânsito nas entradas dos hospitais, provavelmente, não está ciente de que há um órgão responsável por tais manifestações e, caso os hospitais tivessem contato com este, poderiam reorganizar a passagem de pacientes por outras entradas, além da principal. Outrossim, a avenida em discussão possui 6 faixas livres que podem ser organizadas pelo órgão para que os protestos não atrapalhem diretamente as entradas de hospital. 
	A lei, é por sua vez, irrazoável, desnecessária e desproporcional, já que existem medidas (citadas acima) que podem conter e controlar a problemática ao invés de simplesmente impedir a ocorrência das manifestações. Tira-las do povo seria a mesma coisa que cala-los e geraria um problema maior ainda, pois tudo isso não vai de acordo com a materialidade da constituição e muito menos com os seus objetivos quando foi criada.
	Portanto, a lei é inconstitucional e deve ser revogada. O artigo quinto resume basicamente os direitos fundamentais do cidadão, e a criação de uma lei que está em desacordo com este, não deve existir. A importância das manifestações já foi provada diversas vezes, tanto no seu acontecimento com efetividade, quanto na sua ausência em momentos de necessidade, e segundo a ministra Cármen Lúcia, em seu livro “Direito de para todos”: “ A solidão é frágil. Mesmo forte o homem, a solidão o deixa quieto, quando é o movimento marca singular de sua existência. As reuniões firmam braços em profusão. Tornam fortes o que são fragilidades dos homens, mas reúnem-se pelo que se define como a sua essência, e inspiram-se na possibilidade do viver diferente, que enriquece a aventura de ser com o outro”.

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