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O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS DA PROTEÇÃO SOCIAL BÁSICA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL NO CENTRO DA JUVENTUDE ALEX MAZARON: POSSIBILIDADES E DESAFIOS TAMIRES DE ARAÚJO - 1 LIANA GOMES NETTO - 2 RESUMO O Centro da Juventude oferece um espaço de referência para juventude, acessível, aberto e democrático visando ações que favoreçam a formação pessoal, profissional e política. O equipamento também pretende-se como um dos espaços de execução do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV da Proteção Social Básica de Assistência Social, que tem por objetivo prevenir a ocorrência de situações de exclusão social e de risco. Diante disto, este artigo tem como intuito identificar as possibilidades e dificuldades no desenvolvimento deste serviço no âmbito do Centro da Juventude Alex Mazaron. Estima-se que as informações aqui trazidas possam subsidiar as ações socioeducativas desenvolvidas, atendendo aos anseios do público juvenil. Palavras-chave: Juventudes. Educação. Direito 1 INTRODUÇÃO O Centro da Juventude, programa aprovado pela Deliberação Nº004/2009 CEDCA/PR, objetiva constituir-se em espaço aberto de convivência, de formação e de cidadania dos jovens, para jovens, pelos jovens. Atualmente o estado do Paraná conta com vinte e seis unidades em funcionamento, destinadas ao desenvolvimento integral de adolescentes e jovens, com prioridade para usuários entre 12 e 18 anos em situação de vulnerabilidade, onde se pretende a oferta de serviços de convivência e fortalecimento de vínculos 1Pós-graduada em Serviço Social e Intervenção Profissional pela Universidade Estadual do Paraná – UNESPAR. Graduada em Serviço Social pela mesma instituição. 2Mestre, professora orientadora, conteudista e mediadora da pós-graduação EAD Unicesumar. 2 familiares e comunitários, formação cidadã, atividades culturais, esportivas e de lazer. Os parâmetros para implantação e funcionamento dos Centros da Juventude foram estabelecidos com base no panorama estadual da realidade das juventudes. A partir dos dados reunidos evidenciou-se que a violência contra crianças e adolescentes perpassa todas as classes sociais, mas é nos grupos mais pauperizados onde esta questão social se evidencia. Aproximamo-nos, portanto, de um perfil de jovem o qual historicamente verifica-se como principal grupo de risco: jovens residentes em áreas pobres, de cor negra, com baixa escolaridade e pouca ou nenhuma qualificação profissional. Neste cenário, o Centro da Juventude se apresenta como alternativa para este público. Espaço de inclusão pessoal, social, cultural e econômica. Assim sendo, a proposta socioeducacional do equipamento é inovadora na medida em que se baseia na Pedagogia Freiriana, diferentemente da maioria dos serviços ofertados para este público na nossa sociedade atual, onde prevalecem práticas educativas verticais e hierárquicas. O Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV, por sua vez, constitui-se enquanto serviço da Proteção Social Básica de Assistência Social, e a partir de seu reordenamento exposto na Resolução Nº 01 de 07 de Fevereiro de 2013 apresenta-se da forma como conhecemos hoje: ações socioeducativas, trabalhadas por percursos, utilizando como instrumento metodológico os grupos, organizados de acordo com as faixas etárias. Ao analisarmos a proposta do Centro da Juventude observamos que os objetivos do Programa convergem com os objetivos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos. Fato este que não desabona o grande desafio de planejar e executar este último serviço no âmbito do Centro da Juventude. Diante deste cenário, verificou-se a necessidade de compreender melhor o funcionamento tanto do Programa quanto do Serviço, na expectativa de melhor desenvolvê-los, potencializando as ações propostas por cada um, e objetivando uma execução cada vez mais qualificada. Optou-se então por estudo das produções bibliográficas referentes ao Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos - SCFV e ao Centro da Juventude, no intuito de compreender as principais características de ambos, histórico de surgimento, seus públicos e seus objetivos, considerando as especificidades do 3 município de Apucarana. Assim, o artigo foi dividido em dois subtópicos, no primeiro é abordado o Programa Centro da Juventude, no segundo discorre-se sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, assim busca-se iniciar a análise acerca das possibilidades e desafios da interrelação entre os dois, contribuindo para maior entendimento não só do funcionamento dos serviços, mas da própria concepção acerca de convivência e fortalecimento de vínculos. 2 O CENTRO DA JUVENTUDE ALEX MAZARON Inaugurado no ano de 2012 no município de Apucarana-PR, o Centro da Juventude integra o Programa Estadual “Centros da Juventude”. O Programa é desenvolvido a partir de uma nova abordagem proposta para as políticas públicas voltadas ao público jovem. Até então o se que observava no âmbito das políticas para juventude, eram ações de caráter punitivo. Segundo Weisheimer [Et al.] (2013, p.196); as políticas de juventude no Brasil não nasceram com base em espaço de visibilidade da condição juvenil moderna, associada à idéia de direitos, mas sim das vulnerabilidades – do jovem como problema social, que precisa ser controlado pelo Estado. Com o Estatuto da Criança e do Adolescente, promulgado em 1990, o atendimento a infância e juventude no Brasil passou a ser orientado a partir da doutrina de Proteção Integral. De acordo com Rizzini ( 2000, p.10): [...] as políticas sociais e os programas destinados à população jovem em situação de pobreza normalmente priorizam seus problemas, fracassos e deficiência e, com frequência, atingem crianças e adolescentes quando já se encontram em situação de difícil reversão. Na contramão dessa postura, o Centro da Juventude busca estratégias para construção de um espaço de educação não formal popular, que possibilite aos jovens não somente o acesso a atividades de cultura, esporte, lazer e cidadania, mas também e principalmente um espaço onde eles sejam produtores das mesmas. 4 A autonomia abre o caminho para a libertação, no sentido que humaniza o homem. O ser humano autônomo busca, através da comunicação, desvelar a realidade na qual está inserido (FREIRE, 1996). O Programa exige, portanto, “práticas pedagógicas que considere a realidade dos sujeitos com foco em seu desenvolvimento integral. Assim, “optar pela metodologia com base na pedagogia freiriana, como fundamento estruturante da organização pedagógica do Centro da Juventude, significa fazer uma escolha essencialmente política” (PARANÁ, 2012, p. 13). Essa politicidade do ato educativo constitui-se como um dos princípios do método Paulo Freire e emerge na medida em que se entende o sujeito suscetível de não só conhecer a realidade, mas de transformá-la. Aliado a isso, tende-se a considerar que homens são seres de adaptação, de ajustamento; que quanto mais exercitarem os educandos no arquivamento de conteúdos, tanto menos desenvolverão para si consciência crítica sobre o mundo, como sujeitos transformadores dele. Quanto mais lhe imporem passividade, mais irão se adaptar ao mundo, ingenuamente (FREIRE, 2005). As diretrizes propostas ao Programa seguem, portanto, alinhadas à proposta metodológica e podem ser sintetizadas nos pilares do Centro da Juventude: Cidadania: pela organização de atividades que promovam a elevação da consciência política, a participação ativa, a organização, a mobilização, e formação de lideranças juvenis; Convivência: por se caracterizar como espaço de convivência, encontro e de pertencimento, numa dinâmica que combine liberdade e respeito; Formação: Pelo elencode atividades ofertadas que objetivam aprendizagem no âmbito das relações pessoais, do mundo do trabalho e da produção cultural. (PARANÁ, 2012, p.21) Aproximando-nos da realidade municipal, identificamos algumas especificidades que marcam a trajetória do Centro da Juventude Alex Mazaron. Na data de sua inauguração o equipamento pertencia à Secretaria Especial da Juventude, criada em 2009. Nas gestões subseqüentes pertenceu à Secretaria da Juventude e Esportes, e em 2016 quando a pasta da Juventude foi extinta o Centro da Juventude permaneceu na então Secretaria Municipal de Esportes até o ano de 2018, quando só então o município o entendeu enquanto equipamento socioassistencial, passando a integrar a Secretaria Municipal de Assistência Social. 5 No plano prático, a transferência do equipamento da Secretaria de Esportes para a Secretaria de Assistência Social pouco se efetivou, pois somente dois servidores da última Secretaria, um Assistente Social e um Educador Social foram cedidos para o equipamento. Assim, a coabitação das secretarias no mesmo prédio e o histórico do equipamento desde sua inauguração gestado pela ótica da Política Municipal de Esporte, colaboraram para que não houvesse clareza acerca do novo direcionamento que deveria ser dado ao Centro da Juventude, idealizado desde sua concepção. Diante deste contexto, o equipamento vem funcionando bem, dentro do que seria um complexo esportivo. Conforme aponta a Política Nacional de Esporte: a garantia de acesso ao esporte será um poderoso instrumento de inclusão social, considerando sua importância no desenvolvimento integral do indivíduo e na formação da cidadania, favorecendo sua inserção na sociedade e ampliando sobremaneira suas possibilidades futuras. (BRASIL, 2005) Portanto, reconhecem-se as potencialidades do esporte no âmbito das Políticas para Juventude, mas destaca-se que a parceria entre as duas secretarias na execução de atividades pontuais e desconexas, sem a construção de um Projeto Político Pedagógico comum, constitui-se como um dos maiores entraves para efetivação dos objetivos propostos pelo Centro da Juventude. Outro aspecto relacionado às condições técnicas de trabalho de grande relevância, diz respeito à importância de garantia de uma equipe mínima para desenvolvimento do trabalho, conforme explicitado no Projeto da instituição a equipe mínima do Centro da Juventude deve ser composta por: 01 coordenador do Centro (com formação em Pedagogia, Psicologia ou Serviço Social); 01 psicólogo; 01 assistente social; 01 assistente administrativo; 03 auxiliares na manutenção, limpeza; 04 vigilantes; 08 educadores (um por atividade especifica ); 06 jovens atuando como agentes de cidadania contratados pelo Centro de Juventude da comunidade, conforme projetos específicos em andamento (bolsa atitude). (PARANÁ, 2012, p. 29) 6 Atualmente a equipe do Centro da Juventude Alex Mazaron conta com dois servidores efetivos, Assistente Social e Educador Social, um servidor de cargo em comissão denominado “Assessor de Assistência Social”, e um oficineiro, prestador de serviços, contratado pelo período de um ano, responsável pelas oficinas de arte circense e grafite. As outras oficinas culturais: violão, danças populares e teatro são realizadas em parceria com as Secretarias de Turismo e Promoção artística e de Esportes responsáveis pela cessão dos oficineiros. Destaca-se que todos os oficineiros são prestadores de serviços e possuem vínculo de trabalho temporário, permanecendo no equipamento apenas no horário das oficinas. Além da execução das oficinas acima citadas, o Centro da Juventude realiza acompanhamento e tutoria de nove jovens incluídos no Programa Jovem Aprendiz através de convênio firmado com entidade socioassistencial e executa o Programa Bolsa Agente de Cidadania. O Programa Bolsa Agente de Cidadania, também está alicerçado à Pedagogia Freiriana e constitui-se em: Ação de pagamento de bolsas auxílio à adolescentes, denominados Agentes de Cidadania. Essa ação objetiva incentivar o ‘protagonismo juvenil’, como potencial de tornar a vivência de adolescentes e jovens mais frutífera tanto para si mesmo como para a sociedade em geral. (SEDS, 2013, p. 04) O jovem com interesse de se candidatar à Agente de Cidadania para percepção da bolsa deverá propor Projeto exequível e no interesse da comunidade nas áreas de esporte, recreação, lazer, artísticas e culturais ou qualquer outra de acordo com suas habilidades e interesse. Após avaliação da proposta e respeitados os critérios para participação e de prioridade expostos na Resolução nº 175/2017 – SEDS alterada pela Resolução nº 166/2018, o jovem deverá cumprir 10 (dez) horas semanais, no planejamento e execução de atividades necessárias à efetivação do projeto apresentado. A execução do Programa Bolsa Agente de Cidadania compreende assim as seguintes etapas: “período para o planejamento da ação, período para a execução da ação, período para elaboração dos relatórios da ação, período para os encontros de supervisão e formação.” (SEDS, 2013, p. 09). 7 O traçado metodológico do Programa contempla ainda, a busca-ativa de adolescentes, supervisão de profissional de referência do Agente de Cidadania e realização de encontros sistemáticos para discussão de planejamento e avaliação dos relatórios da ação. Esse breve resumo nos permite identificar a complexidade do Programa Bolsa Agente de Cidadania, seu caráter inovador, e o potencial de transformação que carrega quando bem executado. O Centro da Juventude atende atualmente trinta e um (31) bolsistas. O Programa estabelece um limite máximo de pagamento de até quarenta (40) bolsas por município. Entre bolsistas, jovens aprendizes e participantes das oficinas, o Centro da Juventude recebe diariamente uma média de sessenta e cinco (65) jovens. Considerando que desde seu planejamento o equipamento já expressava em seu projeto que seus objetivos convergem com os objetivos do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, aspectos como: “trocas culturais e de vivências, desenvolver o sentimento de pertença e de identidade, fortalecer vínculos familiares e incentivar a socialização e a convivência comunitária.” (TIPIFICAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS, 2009, p. 16) vêm sendo trabalhados no âmbito do Programa Bolsa Agente de Cidadania, e não no Serviço de Convivência, nos moldes da Tipificação, visto que o último exige: grupos, faixa etárias determinadas, reconhecida a flexibilidade de acordo com a realidade do território, e percursos específicos. Diante da situação, ainda que o serviço executado no Centro da Juventude Alex Mazaron traga resultados positivos esperados pela Política de Proteção Social Básica de Assistência Social, por não executar Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos totalmente alinhado à dinâmica operacional proposta pela Tipificação, que por vezes não atendem a realidade vivenciada no território, observa-se que ele tende a ser desqualificado no âmbito dos serviços ofertados pela rede socioassistencial. 2.1 O SERVIÇO DE CONVIVÊNCIA E FORTALECIMENTO DE VÍNCULOS O Serviço de convivência e Fortalecimento de Vínculos do Sistema Único de Assistência Social – SUAS, constitui-se em: 8 Serviço realizado em grupos, organizado a partir de percursos, de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários, de acordo com o seu ciclo de vida, a fim de complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social (TIPIFICAÇAÇÃO NACIONAL DOS SERVIÇOS SOCIOASSISTENCIAIS, 2009) O Serviço tal qual o conhecemos atualmente é fruto do reordenamento do SCFV (Resolução CIT Nº 01 de 07 de Fevereiro de 2013), que visou promover a equalização e qualificação da oferta, para as faixas etárias de 0 a 17 anos e acimade 60 anos, a unificação da lógica de cofinanciamento federal e o estabelecimento de meta de atendimento do público prioritário, respeitando-se as características de cada faixa etária. Anterior ao reordenamento, a Política de Assistência Social, no âmbito do trabalho socioeducativo para jovens, executava os Programas Projovem Adolescente – Serviço Socioeducativo, Projovem Urbano e ações socioeducativas do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil – PETI. Assim, o reordenamento almejou ainda “possibilitar o planejamento da oferta de acordo com a demanda local, garantir serviços continuados, potencializar a inclusão dos usuários identificados nas situações prioritárias e facilitar a execução do SCFV, otimizando os recursos humanos, materiais e financeiros.” (BRASÍLIA, 2013, p. 01). Destaca-se que o SCFV pode ser executado por equipamentos públicos ou entidades socioassistenciais, e em qualquer das situações deve obrigatoriamente ser articulado ao Serviço de Proteção e Atendimento Integral às Famílias – PAIF. Assim sendo, compõe a equipe mínima responsável pelo Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos: Técnico de Referência – profissional de nível superior do CRAS ao qual o Núcleo esteja referenciado; Orientador Social – função exercida por profissional de, no mínimo, nível médio, com atuação constante junto ao(s) Grupo(s) e responsável pela criação de um ambiente de convivência participativo e democrático; Facilitadores de Oficinas – função exercida por profissional com formação mínima em nível médio, responsável pela realização de oficinas de convívio por meio de esporte, lazer, arte e cultura. (BRASIL, 2010) A Tipificaçao Nacional dos Serviços Socioassistenciais sugere que as faixas etárias para realização dos grupos socioeducativos, sejam compreendidas da 9 seguinte forma: SCFV de 0 a 06 anos, de 06 a 15 anos, de 15 a 17 anos, de 18 a 29 anos, de 30 a 59 anos, essas duas últimas inseridas em consonância à Resolução CNAS nº 13/2014, e por fim, o SCFV para idosos. Ainda que a Lei Nº 12.852 de 05 de Agosto de 2013, Estatuto da Juventude, considere jovens aqueles entre quinze (15) e vinte e nove (29) anos de idade, a presente análise acerca da execução do SCFV no Centro da Juventude Alex Mazaron concentra-se nas faixas etárias entre doze (12) e dezoito (18) anos de idade, público prioritário do Programa. O traçado metodológico do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos ainda tem como suas principais produções os materiais produzidos no âmbito dos extintos Projovem adolescente – serviço socioeducativo, que compreendia as faixas entre 15 e 17 anos de idade, e o Projovem Urbano que compreende as faixas entre 19 e 29 anos. Ainda que os Programas tivessem como objetivo Central reintegrá-los ao processo educacional. A ação socioeducativa do Projovem adolescente era compreendida como: uma intervenção formadora, deliberada, planejada e participativa que cria situações desafiadoras que estimulam a capacidade reflexiva e crítica dos jovens e nos orientada na sua construção e reconstrução de suas vivências na família, na escola, na comunidade e na sociedade, contribuindo para o processo de formação de sua identidade pessoal, de futuro profissional e de cidadão. (TRAÇADO METODOLÓGICO, MDS, 2009, p. 24) Destacava-se inclusive que planejar o serviço nessa perspectiva “significa avançar para além da escolaridade padrão – ainda que importante e necessária -, apostando no desvelar de interesses e talentos pulsantes na vida do adolescente e juvenil e numa formação técnica geral que os prepare para o mundo do trabalho” (BRASILIA, 2009, p. 24). Identificamos assim que a metodologia do Programa Centro da Juventude, do Programa Bolsa Agente de Cidadania e do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, ainda que com suas especificidades convergem para os mesmos objetivos. Ainda assim, questões relacionadas à dinâmica operacional dificultam a execução dos serviços de forma fluída. Sendo necessária flexibilização na 10 organização dos serviços, bem como atenção da gestão municipal no sentido de deflagrar uma série de providências de forma a criar condições para a oferta do serviço socioeducativo. 3 CONSIDERAÇÕES FINAIS Historicamente o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos veio se modificando, e as diversas regulamentações do serviço surgem no intuito de aprimorá-lo, e garantir um serviço continuado e de qualidade à população. Assim, a Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais e legislação complementar têm por objetivo contribuir para execução do Serviço, e não o engessar e dificultar a efetivação de novas possibilidades e releituras do mesmo, respeitando-se é claro, a promoção das aquisições preteridas no âmbito da proteção Social Básica da Assistência Social. É necessário se ter clareza de que promover Convivência e Fortalecimento de Vínculos não é tarefa apenas da Política de Assistência Social. Assim, esse processo pode ser construído de diversas formas, em diversos espaços, e não apenas no âmbito de um serviço específico. Ao contrário do que pode parecer, mudanças construídas de forma coletiva embasadas em dados que conversem com a realidade vivenciada, não significam a execução de um serviço que não atende à parâmetros da Política, mas sim contribuições que enriquecem o trabalho executado. Destaca-se ainda que cada vez mais ações voltadas às juventudes pobres, que possibilitem a participação efetiva do jovem, adquirem caráter de resistência em meio à escassez de alternativas de formação, entretenimento, lazer e cultura para este público. Neste cenário, a proposta apresentada pelo Centro da Juventude se coloca como uma experiência diferente das quais a maioria dos jovens estão inseridos atualmente. A pedagogia freireana propõe uma educação libertadora, que torne o sujeito crítico, reflexivo, capaz de transformar a realidade. Assim, a almejada execução do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos no Centro da Juventude não se dá de forma solta, mas recebe 11 interferências da construção do próprio espaço, da clara proposta educativa, e de sua trajetória política. Diante disto se faz necessária clareza acerca da concepção de convivência e fortalecimento de vínculos, a fim de facilitar o planejamento e execução de um serviço que respeite as diretrizes da política, a dinâmica do território e contribua efetivamente na construção de uma vivência jovem que busque uma reversão no quadro de políticas e ações sociais de cunho conservador, em detrimento de uma cidadania ativa. REFERÊNCIAS BRASIL. Estatuto da Juventude. Brasília, 2013. BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome. Traçado Metodológico. Brasília, 2009. Disponível em: <https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/assistencia_social/docu mentos%20ju/smads-projovem.pdf.> Acesso em: 05 Mai. 2020 BRASIL. CONSELHO NACIONAL DO ESPORTE. Aprova a política Nacional do Esporte.Resolução nº 05 de 14 de Junho de 2005, Brasil.. BRASIL. Secretaria Nacional de Assistência Social. Comissão Intergestores Tripartite. Resolução nº 01 de 07 de Fevereiro de 2013. Dispõe sobre o reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – SCFV, no âmbito do Sistema Único da Assistência Social – SUAS, pactua os critérios de partilha do cofinanciamento federal, metas de atendimento do público prioritário e, dá outras providências. Curitiba. Disponível em: < http://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/assistencia_social/resolucoes/2013/R esolu%C3%A7%C3%A3o_CIT_n%C2%BA1_2013_Pactua%20o%20reordenamento %20do%20SCFV_Parte%201.pdf>. Acesso em: 11 Jun. 2020 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Orientações Técnicas sobre o Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos para Crianças e Adolescentesde 6 a 15 anos. Brasília. 2010. Disponível em: < https://www.gesuas.com.br/blog/static/criancas-adolescentes-6-a-15-anos.pdf> Acesso em: 13 Jul. 2020 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Reordenamento do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos – Passo a Passo. Brasília, 2013.Disponível em: <http://www.assistenciasocial.al.gov.br/sala-de- imprensa/eventos/Passo%20a%20Passo%20-%20Reordenamento%20SCFV.pdf> Acesso em: 14 Jul. 2020 https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/assistencia_social/documentos%20ju/smads-projovem.pdf https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/assistencia_social/documentos%20ju/smads-projovem.pdf http://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/assistencia_social/resolucoes/2013/Resolu%C3%A7%C3%A3o_CIT_n%C2%BA1_2013_Pactua%20o%20reordenamento%20do%20SCFV_Parte%201.pdf http://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/assistencia_social/resolucoes/2013/Resolu%C3%A7%C3%A3o_CIT_n%C2%BA1_2013_Pactua%20o%20reordenamento%20do%20SCFV_Parte%201.pdf http://www.mds.gov.br/webarquivos/legislacao/assistencia_social/resolucoes/2013/Resolu%C3%A7%C3%A3o_CIT_n%C2%BA1_2013_Pactua%20o%20reordenamento%20do%20SCFV_Parte%201.pdf https://www.gesuas.com.br/blog/static/criancas-adolescentes-6-a-15-anos.pdf http://www.assistenciasocial.al.gov.br/sala-de-imprensa/eventos/Passo%20a%20Passo%20-%20Reordenamento%20SCFV.pdf http://www.assistenciasocial.al.gov.br/sala-de-imprensa/eventos/Passo%20a%20Passo%20-%20Reordenamento%20SCFV.pdf 12 BRASIL. Ministério do Desenvolvimento Social. Tipificação Nacional dos Serviços Socioassistenciais. Brasília, 2019. Disponível em: < http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/tipifica cao.pdf> Acesso em: 29 Jun. 2020 FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 17. Ed.Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2005. PARANÁ. Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social. Bolsa Agente de Cidadania nos Centros da Juventude,Curitiba, 2013. Disponível em: < http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Capacit acao/centros_juventude/05.pdf> Acesso em: 14 Jul. 2020 PARANÁ. Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social. Centros da Juventude. Curitiba, 2012. Disponível em: < http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Projeto CentrodaJuventudeRev6_11_2012.pdf> Acesso em: 13 Jul. 2020 PARANÁ. Secretaria de Estado da Família e Desenvolvimento Social. Resolução nº 175 de 2017 alterada pela Resolução nº 166/2018 SEDS. Curitiba. Disponível em: <http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Capa citacao/Agente_da_Cidadania/Resolucao-175-Seds.pdf> Acesso em: Acesso em: 13 Jul. 2020 RIZZINI, I.; BARKER, G.; CASSANIGA, N. Criança não é risco, é oportunidade: fortalecendo as bases de apoio familiares e comunitárias para crianças e adolescentes. Rio de Janeiro: USU Editora Universitária: Instituto Promundo, 2000. WEISHEIMER, Nilson [Et al.] Sociologia da Juventude. [livro eletrônico] – Curitiba: Intersaberes, 2013. – ( Série por dentro das Ciências Sociais). Disponível em: <https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/6218/pdf/5?code=NksZ8IwRU3 plrHv21ti0LRQhfpIa6OfTRgAooG9mjtbMrc2ccYNGYyTKujT+oqs+ovSV2i5TiT9WEG zzOBLkTQ== > Acesso em: 20 Mai. 2020. http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/tipificacao.pdf http://www.mds.gov.br/webarquivos/publicacao/assistencia_social/Normativas/tipificacao.pdf http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Capacitacao/centros_juventude/05.pdf http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Capacitacao/centros_juventude/05.pdf http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/ProjetoCentrodaJuventudeRev6_11_2012.pdf http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/ProjetoCentrodaJuventudeRev6_11_2012.pdf http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Capacitacao/Agente_da_Cidadania/Resolucao-175-Seds.pdf http://www.justica.pr.gov.br/sites/default/arquivos_restritos/files/migrados/File/Capacitacao/Agente_da_Cidadania/Resolucao-175-Seds.pdf https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/6218/pdf/5?code=NksZ8IwRU3plrHv21ti0LRQhfpIa6OfTRgAooG9mjtbMrc2ccYNGYyTKujT+oqs+ovSV2i5TiT9WEGzzOBLkTQ== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/6218/pdf/5?code=NksZ8IwRU3plrHv21ti0LRQhfpIa6OfTRgAooG9mjtbMrc2ccYNGYyTKujT+oqs+ovSV2i5TiT9WEGzzOBLkTQ== https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/6218/pdf/5?code=NksZ8IwRU3plrHv21ti0LRQhfpIa6OfTRgAooG9mjtbMrc2ccYNGYyTKujT+oqs+ovSV2i5TiT9WEGzzOBLkTQ==
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