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responsabilidade civil I Professor Fabiano Pereira

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Aula 8 – RESPONSABILIDADE CIVIL:
É um tema complexo onde a situação não está na lei e sim depende de
doutrina e jurisprudência. A responsabilidade é extracontratual, pois não há um
contrato entre estado e particular.
a) irresponsabilidade do estado: no início do desenvolvimento da sociedade
moderna, onde o monarca era representante de Deus na terra, sendo que Deus não
erra, seu representante também não, onde não existia responsabilidade do Estado a
danos causados aos particulares.
Vigorou nos Estados Unidos e na Inglaterra até 1946 e 1947, onde o Rei não
erra.
b) civilista: fundamentada pelo direito civil respondendo apenas por atos de
gestão e não de império.
Gestão – comerciais. Era necessário a comprovação de dolo e da culpa, além
do agente causador do dano.
Culpa: negligência, imprudência e imperícia.
c) culpa administrativa ou anônima – ou falta de serviço. Mesmo não
identificando quem causou o dano, o poder público ainda é responsável, mas
também tem que comprovar sua culpa.
d) risco objetivo (teoria objetiva): O prestador assume os riscos de prejuízos
independentemente de dolo ou culpa em eventual dano.
Só por estar ali tem que se responsabilizar, bastando a comprovação do
dano, causada pelo agente, nexo causal.
Exceção: culpa exclusiva da vítima por exemplo:
Constituição Federal: adota a teoria do risco administrativo.
e) teoria do risco integral: aqui o estado age como segurador universal, não
existindo excludentes, onde se é o estado que cria o risco, é ele que indeniza.
EVOLUÇÃO:
1824: menciona de forma expressa: o imperador é irresponsável. Já o do
agente público é subjetiva;
1891: não menciona a irresponsabilidade do imperador, responsabilidade
subjetiva dos agentes públicos;
1934: Os agentes respondem de forma subjetiva solidária do Estado e de
seus agentes;
1937: responsabilidade subjetiva solidária do estado e de seus agentes;
1946: inclusão da responsabilidade subjetiva do estado.
Inclusão da responsabilidade objetiva do Estado e ação regressiva em caso
de dolo do agente público.
1988: responsabilidade civil objetiva do Estado de demais prestadores de
serviços públicos, além de ação regressiva, constando de forma expressa na CF.
RESPONSABILIDADE OBJETIVA:
Artigo 37 §6º CF:
Pessoas jurídicas de direito privado e de direito público, ou seja, alcança
tanto uma quanto a outra;
Empresas públicas e sociedade de economia mista;
Usuário e não usuários dos serviços públicos: para o STF não interessa se
estava utilizando ou não o serviço público;
A prestadora de serviço público só será responsável se o agente atuar
em nome dela, e depois há ação de regresso contra o agente.
Responsabilidade objetiva, a pessoa vai ajuizar uma ação contra a
concessionária, comprovando o dano, comprovar a conduta do agente (nexo
causal);
Atos lícitos ou ilícitos, mesmo quando o agente age dentro da lei, mas
há diferenças.
Empresa pública que presta serviço público – objetiva. Explorando
atividade econômica é subjetiva, onde o dano tem que ser comprovado.
O agente tem que estar no exercício da função pública.
PRAZO: 5 anos.
DANO MORAL:
Agrg no aresp 359962/sp: A decisão fala que os danos morais decorrentes da
responsabilidade civil do estado somente podem ser revistos em sede de recurso
especial quando o valor arbitrado é exorbitante ou irrisório, afrontando os princípios
da razoabilidade e o da proporcionalidade.
Ou seja, o estado também pode ser responsável por danos morais.
Excludente de ilicitude penal: a administração pública pode responder
civilmente, ainda que seja excludente de ilicitude penal.
TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO X INTEGRAL:
Risco administrativo - tem natureza objetiva, onde na integral também.
Objetiva - particular que sofreu o dano não precisando comprovar dolo e
culpa. Na teoria do risco administrativo, o estado pode ter algumas excludentes
como a culpa exclusiva da vítima.
Na teoria do risco integral, não comporta as justificativas dadas pela
Administração.
HIPÓTESES DE APLICAÇÃO DA TEORIA DO RISCO INTEGRAL:
1) Dano nuclear CF 88, artigo 21, XXIII, d;
2) Atos terroristas, de guerra ou eventos correlatos contra aeronaves de
matrícula brasileira (lei 10.744/03);
3) Danos ambientais (lei 6938/81 artigo 14, §1º).
EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE:
● Culpa exclusiva da vítima que é diferente da culpa concorrente;
● Caso fortuito (interno – riscos do negócio, a exemplo do pneu estourado x
externo-assalto);
● Força maior;
● Fato de terceiro;
Exemplo de responsabilidade objetiva: danos ao meio ambiente => risco
integral. Petrobras joga petróleo no mar.
CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA:
Exemplo da energia elétrica, onde a culpa foi dele, podendo afastar o dever
de indenizar.
É diferente da culpa concorrente ao qual os dois têm uma parcela de culpa,
não se excluindo e sim somente atenuando.
CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR:
É um evento imprevisto ou não tem como controlar que simplesmente acaba
causando dano para o particular.
O caso fortuito interno não exclui o dever de indenizar relacionado aos riscos
do negócio, exemplo do pneu estourado;
O externo: é alheio ou estranho ao processo de elaboração do produto ou
execução do serviço, não tendo relação externa excluindo.
Evento de força maior: Em regra é um evento da natureza, imprevisível como
no caso de terremotos.
FATO DE TERCEIRO:
É um fato causado por terceiro que acontece em um dado momento. Se trata
de responsabilidade subjetiva, devendo comprovar o dolo e a culpa do agente.
RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA:
Esta se dá por atos comissivos e omissivos.
Atos comissivos x atos omissivos: as derivadas de atos comissivos é objetiva
e as de atos omissivos são subjetivas.
O particular não precisa comprovar dolo ou culpa, já a subjetiva como dito no
tópico anterior deve ser comprovada a existência de dolo e a culpa do agente.
O pagamento poderá ser feito através da via administrativa.
OMISSÃO ESPECÍFICA:
Porque no caso em concreto o Estado era obrigado a agir e não o fez, sendo
objetiva.
Já a omissão geral é genérica, sendo subjetiva.
SITUAÇÕES ESPECIAIS:
1. DANOS DE OBRAS PÚBLICAS:
Só pelo fato da obra é objetiva, mas se for por má execução da obra é
subjetiva.
Pela existência da obra desde que causada pela má decisão, o responsável é
o estado, cabendo ação para isso.
2. ATOS LEGISLATIVOS:
A lei geral de caráter abstrato não
existe indenização, mas há outras
situações que permitem a
indenização tais como:
● Leis de efeito concreto;
● Lei declarada inconstitucional pelo STF desde que gere prejuízo;
● Omissão legislativa inconstitucional: se declarada inconstitucional a omissão,
o particular poderá entrar.
3. ATOS JUDICIAIS:
A regra é que não caberá indenização quando causar danos para uma das
partes do processo, quando entra com o recurso, exceto:
● Prisão judicial além do tempo fixado: ultrapassar mais de 10 anos por
exemplo;
● Erro judicial;
● Proceder com dolo ou fraude no exercício de suas funções: para
beneficiar de forma fraudulenta uma das partes;
● CPC artigo 143: recusa, retardo, omissão de diligência:
“Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por
perdas e danos quando:
I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude;
II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva
ordenar de ofício ou a requerimento da parte.
Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão
verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a
providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez)
dias.”
COISAS OU PESSOAS NA RESPONSABILIDADE ESTATAL:
Exemplo da criança em escola pública, mercadoria apreendida pela receita
federal (computadores caríssimos). Regra é que seja objetiva.
Vítima baleada em tiroteio entre policial e assaltante, responsabilidade
objetiva - STJ RESP 1266517/PR.
Atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, o Estado não
responde, salvo quando decorre de uma forma direta ou indireta do ato de fuga.
Atropelamento de pedestre em via-férrea, se configura a culpapela metade quando:
1. Descumpre o dever de cercar, fiscalizar os limites da linha férrea, em
locais urbanos e populosos, adotando conduta negligente as
necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a
ocorrência de sinistros;
2. A vítima adota conduta é imprudente, atravessando a via-férrea em local
inapropriado.
Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em
decorrência de quebra de instituição financeira e a suposta ausência ou falha na
fiscalização realizada pelo banco central no mercado de capitais.
RESP 1164436: A existência de lei específica que rege a atividade militar, lei
6880 não isenta a responsabilidade do Estado pelos danos morais causados em
decorrência de acidente sofrido durante as atividades militares;
RESP 1443990 - rompimento de barragem, é possível a comprovação de
prejuízos de ordem material por prova exclusivamente testemunhal, diante da
impossibilidade de produção ou utilização de outro não probatório.
AGRG 1388266/SC - cumulável o benefício previdenciário com indenização
decorrente de responsabilização civil do Estado por danos oriundos do mesmo ato
ilícito.
Artigo 22 lei 13.286:
Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por
todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos
substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito
de regresso.
Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil,
contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial. (NR)
STF RE 842846: O estado responde objetivamente pelos atos de notários e
tabeliães e registradores oficiais, sendo obrigado a propor contra tabelião, onde não
o fazendo, responderá por improbidade administrativa.
PRAZO: para prescrever, o prazo é de 5 anos de acordo com o decreto
20910/32.
O artigo 37 §5º da Constituição federal fala no caso de particular ou servidor
que praticou o dano.
Prazo de 5 anos no caso de responsabilidade comum. Já quando se tratar de
improbidade administrativa em conduta dolosa, não tem prazo para se propor ação
de ressarcimento.
Já ações indenizatórias decorrentes de violações de direitos fundamentais
durante o regime militar são imprescritíveis. AGRG NO RESP 147 9984.
DIREITO DE REGRESSO:
Para o estado entrar com regressiva contra o agente público é subjetiva
estando no artigo 37 §6º - devendo comprovar dolo ou culpa CF.
O STF PACIFICOU O ENTENDIMENTO QUE SE DEVE ENTRAR CONTRA
A PESSOA JURÍDICA, E NÃO CONTRA O SERVIDOR.
Ou seja, é desnecessária a denunciação da lide ao suposto agente público
causador do ato lesivo.

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