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Aula 8 – RESPONSABILIDADE CIVIL: É um tema complexo onde a situação não está na lei e sim depende de doutrina e jurisprudência. A responsabilidade é extracontratual, pois não há um contrato entre estado e particular. a) irresponsabilidade do estado: no início do desenvolvimento da sociedade moderna, onde o monarca era representante de Deus na terra, sendo que Deus não erra, seu representante também não, onde não existia responsabilidade do Estado a danos causados aos particulares. Vigorou nos Estados Unidos e na Inglaterra até 1946 e 1947, onde o Rei não erra. b) civilista: fundamentada pelo direito civil respondendo apenas por atos de gestão e não de império. Gestão – comerciais. Era necessário a comprovação de dolo e da culpa, além do agente causador do dano. Culpa: negligência, imprudência e imperícia. c) culpa administrativa ou anônima – ou falta de serviço. Mesmo não identificando quem causou o dano, o poder público ainda é responsável, mas também tem que comprovar sua culpa. d) risco objetivo (teoria objetiva): O prestador assume os riscos de prejuízos independentemente de dolo ou culpa em eventual dano. Só por estar ali tem que se responsabilizar, bastando a comprovação do dano, causada pelo agente, nexo causal. Exceção: culpa exclusiva da vítima por exemplo: Constituição Federal: adota a teoria do risco administrativo. e) teoria do risco integral: aqui o estado age como segurador universal, não existindo excludentes, onde se é o estado que cria o risco, é ele que indeniza. EVOLUÇÃO: 1824: menciona de forma expressa: o imperador é irresponsável. Já o do agente público é subjetiva; 1891: não menciona a irresponsabilidade do imperador, responsabilidade subjetiva dos agentes públicos; 1934: Os agentes respondem de forma subjetiva solidária do Estado e de seus agentes; 1937: responsabilidade subjetiva solidária do estado e de seus agentes; 1946: inclusão da responsabilidade subjetiva do estado. Inclusão da responsabilidade objetiva do Estado e ação regressiva em caso de dolo do agente público. 1988: responsabilidade civil objetiva do Estado de demais prestadores de serviços públicos, além de ação regressiva, constando de forma expressa na CF. RESPONSABILIDADE OBJETIVA: Artigo 37 §6º CF: Pessoas jurídicas de direito privado e de direito público, ou seja, alcança tanto uma quanto a outra; Empresas públicas e sociedade de economia mista; Usuário e não usuários dos serviços públicos: para o STF não interessa se estava utilizando ou não o serviço público; A prestadora de serviço público só será responsável se o agente atuar em nome dela, e depois há ação de regresso contra o agente. Responsabilidade objetiva, a pessoa vai ajuizar uma ação contra a concessionária, comprovando o dano, comprovar a conduta do agente (nexo causal); Atos lícitos ou ilícitos, mesmo quando o agente age dentro da lei, mas há diferenças. Empresa pública que presta serviço público – objetiva. Explorando atividade econômica é subjetiva, onde o dano tem que ser comprovado. O agente tem que estar no exercício da função pública. PRAZO: 5 anos. DANO MORAL: Agrg no aresp 359962/sp: A decisão fala que os danos morais decorrentes da responsabilidade civil do estado somente podem ser revistos em sede de recurso especial quando o valor arbitrado é exorbitante ou irrisório, afrontando os princípios da razoabilidade e o da proporcionalidade. Ou seja, o estado também pode ser responsável por danos morais. Excludente de ilicitude penal: a administração pública pode responder civilmente, ainda que seja excludente de ilicitude penal. TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO X INTEGRAL: Risco administrativo - tem natureza objetiva, onde na integral também. Objetiva - particular que sofreu o dano não precisando comprovar dolo e culpa. Na teoria do risco administrativo, o estado pode ter algumas excludentes como a culpa exclusiva da vítima. Na teoria do risco integral, não comporta as justificativas dadas pela Administração. HIPÓTESES DE APLICAÇÃO DA TEORIA DO RISCO INTEGRAL: 1) Dano nuclear CF 88, artigo 21, XXIII, d; 2) Atos terroristas, de guerra ou eventos correlatos contra aeronaves de matrícula brasileira (lei 10.744/03); 3) Danos ambientais (lei 6938/81 artigo 14, §1º). EXCLUDENTES DE RESPONSABILIDADE: ● Culpa exclusiva da vítima que é diferente da culpa concorrente; ● Caso fortuito (interno – riscos do negócio, a exemplo do pneu estourado x externo-assalto); ● Força maior; ● Fato de terceiro; Exemplo de responsabilidade objetiva: danos ao meio ambiente => risco integral. Petrobras joga petróleo no mar. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA: Exemplo da energia elétrica, onde a culpa foi dele, podendo afastar o dever de indenizar. É diferente da culpa concorrente ao qual os dois têm uma parcela de culpa, não se excluindo e sim somente atenuando. CASO FORTUITO E FORÇA MAIOR: É um evento imprevisto ou não tem como controlar que simplesmente acaba causando dano para o particular. O caso fortuito interno não exclui o dever de indenizar relacionado aos riscos do negócio, exemplo do pneu estourado; O externo: é alheio ou estranho ao processo de elaboração do produto ou execução do serviço, não tendo relação externa excluindo. Evento de força maior: Em regra é um evento da natureza, imprevisível como no caso de terremotos. FATO DE TERCEIRO: É um fato causado por terceiro que acontece em um dado momento. Se trata de responsabilidade subjetiva, devendo comprovar o dolo e a culpa do agente. RESPONSABILIDADE CIVIL SUBJETIVA: Esta se dá por atos comissivos e omissivos. Atos comissivos x atos omissivos: as derivadas de atos comissivos é objetiva e as de atos omissivos são subjetivas. O particular não precisa comprovar dolo ou culpa, já a subjetiva como dito no tópico anterior deve ser comprovada a existência de dolo e a culpa do agente. O pagamento poderá ser feito através da via administrativa. OMISSÃO ESPECÍFICA: Porque no caso em concreto o Estado era obrigado a agir e não o fez, sendo objetiva. Já a omissão geral é genérica, sendo subjetiva. SITUAÇÕES ESPECIAIS: 1. DANOS DE OBRAS PÚBLICAS: Só pelo fato da obra é objetiva, mas se for por má execução da obra é subjetiva. Pela existência da obra desde que causada pela má decisão, o responsável é o estado, cabendo ação para isso. 2. ATOS LEGISLATIVOS: A lei geral de caráter abstrato não existe indenização, mas há outras situações que permitem a indenização tais como: ● Leis de efeito concreto; ● Lei declarada inconstitucional pelo STF desde que gere prejuízo; ● Omissão legislativa inconstitucional: se declarada inconstitucional a omissão, o particular poderá entrar. 3. ATOS JUDICIAIS: A regra é que não caberá indenização quando causar danos para uma das partes do processo, quando entra com o recurso, exceto: ● Prisão judicial além do tempo fixado: ultrapassar mais de 10 anos por exemplo; ● Erro judicial; ● Proceder com dolo ou fraude no exercício de suas funções: para beneficiar de forma fraudulenta uma das partes; ● CPC artigo 143: recusa, retardo, omissão de diligência: “Art. 143. O juiz responderá, civil e regressivamente, por perdas e danos quando: I - no exercício de suas funções, proceder com dolo ou fraude; II - recusar, omitir ou retardar, sem justo motivo, providência que deva ordenar de ofício ou a requerimento da parte. Parágrafo único. As hipóteses previstas no inciso II somente serão verificadas depois que a parte requerer ao juiz que determine a providência e o requerimento não for apreciado no prazo de 10 (dez) dias.” COISAS OU PESSOAS NA RESPONSABILIDADE ESTATAL: Exemplo da criança em escola pública, mercadoria apreendida pela receita federal (computadores caríssimos). Regra é que seja objetiva. Vítima baleada em tiroteio entre policial e assaltante, responsabilidade objetiva - STJ RESP 1266517/PR. Atos ilícitos praticados por foragidos do sistema penitenciário, o Estado não responde, salvo quando decorre de uma forma direta ou indireta do ato de fuga. Atropelamento de pedestre em via-férrea, se configura a culpapela metade quando: 1. Descumpre o dever de cercar, fiscalizar os limites da linha férrea, em locais urbanos e populosos, adotando conduta negligente as necessárias práticas de cuidado e vigilância tendentes a evitar a ocorrência de sinistros; 2. A vítima adota conduta é imprudente, atravessando a via-férrea em local inapropriado. Não há nexo de causalidade entre o prejuízo sofrido por investidores em decorrência de quebra de instituição financeira e a suposta ausência ou falha na fiscalização realizada pelo banco central no mercado de capitais. RESP 1164436: A existência de lei específica que rege a atividade militar, lei 6880 não isenta a responsabilidade do Estado pelos danos morais causados em decorrência de acidente sofrido durante as atividades militares; RESP 1443990 - rompimento de barragem, é possível a comprovação de prejuízos de ordem material por prova exclusivamente testemunhal, diante da impossibilidade de produção ou utilização de outro não probatório. AGRG 1388266/SC - cumulável o benefício previdenciário com indenização decorrente de responsabilização civil do Estado por danos oriundos do mesmo ato ilícito. Artigo 22 lei 13.286: Art. 22. Os notários e oficiais de registro são civilmente responsáveis por todos os prejuízos que causarem a terceiros, por culpa ou dolo, pessoalmente, pelos substitutos que designarem ou escreventes que autorizarem, assegurado o direito de regresso. Parágrafo único. Prescreve em três anos a pretensão de reparação civil, contado o prazo da data de lavratura do ato registral ou notarial. (NR) STF RE 842846: O estado responde objetivamente pelos atos de notários e tabeliães e registradores oficiais, sendo obrigado a propor contra tabelião, onde não o fazendo, responderá por improbidade administrativa. PRAZO: para prescrever, o prazo é de 5 anos de acordo com o decreto 20910/32. O artigo 37 §5º da Constituição federal fala no caso de particular ou servidor que praticou o dano. Prazo de 5 anos no caso de responsabilidade comum. Já quando se tratar de improbidade administrativa em conduta dolosa, não tem prazo para se propor ação de ressarcimento. Já ações indenizatórias decorrentes de violações de direitos fundamentais durante o regime militar são imprescritíveis. AGRG NO RESP 147 9984. DIREITO DE REGRESSO: Para o estado entrar com regressiva contra o agente público é subjetiva estando no artigo 37 §6º - devendo comprovar dolo ou culpa CF. O STF PACIFICOU O ENTENDIMENTO QUE SE DEVE ENTRAR CONTRA A PESSOA JURÍDICA, E NÃO CONTRA O SERVIDOR. Ou seja, é desnecessária a denunciação da lide ao suposto agente público causador do ato lesivo.
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