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Visagismo e Imagem Pessoal Beatriz Cardoso de Freitas CRÉD ITOS Presidente da Divisão de Ensino Prof. Paulo Arns da Cunha Reitor Prof. José Pio Martins Direção Acadêmica Prof. Roberto Di Benedetto Gerente de Educação à Distância Rodrigo Poletto Coordenação de Metodologia e Tecnologia Profa. Roberta Galon Silva Autoria Beatriz Cardoso de Freitas Parecer Técnico Patricia Nuevo Supervisão Editorial Felipe Guedes Antunes VG EDUCACIONAL Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte, Diagramação, Design Grá�co e Revisão. © Universidade Positivo 2019 Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido Curitiba-PR – CEP 81280-330 *Todos os grá�cos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência. Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal. Imagens de ícones/capa: © 123RF II Caro aluno, A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e tecnologias apropriadas que permitem o desenvolvimento e a interação entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a comunicação bidirecional entre os atores educacionais. O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um percurso de aprendizagem que busca direcionar a construção de seu conhecimento por meio da leitura, da contextualização teórica-prática e das atividades individuais e colaborativas; e fundamentado nos seguintes propósitos: valorizar suas experiências;1 2 incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento; 3 estimular a pesquisa; 4 oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados. COMPREENDA SEU LIVRO III Objetivos do capítulo Indicam o que se espera que você aprenda ao final do estudo do capítulo, baseados nas necessidades de aprendizagem do seu curso. Contextualizando o cenário Contextualização do tema que será estudado no capítulo, como um cenário que o oriente a respeito do assunto, relacionando teoria e prática. Tópicos que serão estudados Descrição dos conteúdos que serão estudados no capítulo. Pausa para refletir Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica. Pergunta norteadora Ao final do Contextualizando o cenário, consta uma pergunta que estimulará sua reflexão sobre o cenário apresentado, com foco no desenvolvimento da sua capacidade de análise crítica. Proposta de atividade Sugestão de atividade para que você desenvolva sua autonomia e siste- matize o que aprendeu no capítulo. Boxes São caixas em destaque que podem apresentar uma citação, indicações de leitura, de filme, apresentação de um contexto, dicas, curiosidades etc. Referências bibliográficas São todas as fontes utilizadas no capítulo, incluindo as fontes mencionadas nos boxes, adequadas ao Projeto Pedagógico do curso. Recapitulando É o fechamento do capítulo. Visa sintetizar o que foi abordado, reto- mando os objetivos do capítulo, a pergunta norteadora e fornecendo um direcionamento sobre os questionamentos feitos no decorrer do conteúdo. PERCURSO IV BOXES Assista Indicação de filmes, vídeos ou similares que trazem informações complementares ou aprofundadas sobre o conteúdo estudado. Contexto Dados que retratam onde e quando aconteceu determinado fato; demonstram a situação histórica, social e cultural do assunto. Dica Um detalhe específico da informação, um breve conselho, um alerta, uma informação privilegiada sobre o conteúdo trabalhado. Exemplo Informação que retrata de forma obje tiva determinado assunto abordando a relação teoria-prática. Afirmação Citações e afirmativas pronunciadas por teóricos de relevância na área de estudo. Biografia Dados essenciais e pertinentes sobre a vida de uma determinada pessoa relevante para o estudo do conteúdo abordado. Curiosidade Informação que revela algo desconhecido e interessante sobre o assunto tratado. Esclarecimento Explicação, elucidação sobre uma palavra ou expressão específica da área de conhecimento trabalhada. V Apresentação 001 Autor 002 Capítulo 1 História da Beleza 003 Contextualizando o Cenário 005 1.1 Pré-História e Antiguidade 006 1.1.1 Paleolíticos e neolíticos 012 1.1.2 Mesopotâmia 013 1.1.3 Egito 013 1.1.4 Creta 015 1.2 Idade Média e Renascimento 017 1.2.1 Oriente 018 1.2.2 Ocidente 018 1.2.3 Renascimento 019 1.3 Século XVII ao XIX 021 1.3.1 Vaidade no século XVII 022 1.3.2 O requinte no século XVIII 022 1.3.3 Romantismo 022 1.4 Século XX e os Tempos Atuais 024 1.4.1 Influência do século XX 025 1.4.2 Contemporaneidade 025 1.4.3 Tendências atuais 035 1.4.4 Referências históricas na atualidade 038 Recapitulando 041 Proposta de Atividade 042 Referências 043 SUMÁRIO VI SUMÁRIO Capítulo 2 Introdução ao Visagismo 044 Contextualizando o Cenário 046 2.1 Visagismo 047 2.1.1 História 049 2.1.2 Conceito 050 2.2 Princípios Básicos 054 2.2.1 Linguagem Visual 054 2.2.2 Inteligência Visual 055 2.3 Ferramentas do Diagnóstico Visagista 056 2.3.1 Visualização 056 2.3.2 Gestual intuitivo 057 2.3.3 Cores e formas 058 2.3.4 Linguagem 066 Recapitulando 068 Proposta de Atividade 069 Referências 070 Capítulo 3 Formatos de Rosto 071 Contextualizando o Cenário 073 3.1 Análise das Linhas Faciais 074 3.1.1 Tipos de formatos – 7 primários 078 3.1.2 Perfil do rosto 083 3.1.3 Máscara 084 3.2 Divisão dos Terços e Proporções Faciais 086 3.2.1 Razão 087 3.2.2 Emoção 088 VI SUMÁRIO 3.2.3 Intuição 088 3.2.4 Medidas das feições e sua proporção 088 3.3 Feições 091 3.3.1 Sobrancelhas 091 3.3.2 Olhos 093 3.3.3 Nariz 093 3.3.4 Boca 094 3.4 Temperamentos 095 Recapitulando 099 Proposta de Atividade 100 Referências 101 Capítulo 4 Estilos e Biotipos 102 Contextualizando o Cenário 104 4.1 Design da Imagem 105 4.1.1 Imagem Pessoal 107 4.1.2 Autoimagem e autoestima 107 4.1.3 Comunicação verbal e não verbal 108 4.2 Biotipos 110 4.2.1 Tipos de Silhueta 110 4.2.2 Proporção 112 4.3 Estilos 113 4.3.1 Tipos de estilo 113 4.3.2 Moda x tendência 114 VIII SUMÁRIO 4.4 Consultoria de Imagem 117 4.4.1 Mercado de trabalho 117 4.4.2 Etapas da consultoria 118 Recapitulando 138 Proposta de Atividade 139 Referências 139 Capítulo 5 Teoria das Cores e Coloração Pessoal 141 Contextualizando o Cenário 142 5.1 Classificação das Cores 144 5.1.1 Cores primárias 146 5.1.2 Cores secundárias 149 5.1.3 Cores terciárias 149 5.1.4 Círculo cromático 150 5.2 Propriedades da Cor 153 5.2.1 Matiz 153 5.2.2 Saturação ou intensidade 154 5.2.3 Valor ou brilho 155 5.3 Coloração Pessoal 156 5.3.1 Sazonal 157 5.3.2 Sazonal expandida 166 Recapitulando 170 Proposta de Atividade 171 Referências 171 IX SUMÁRIO Capítulo 6 Ferramentas e Produtos 173 Contextualizando o Cenário 175 6.1 Tipos de Produtos 176 6.1.1 Preparação da pele 180 6.1.2 Preparação e correção da pele – fundação da maquiagem 183 6.1.3 Olhos 186 6.1.4 Boca 187 6.2 Ferramentas e Acessórios 190 6.2.1 Tipos de pincéis e funções 193 6.2.2 Acessórios de maquiagem 196 6.3 Higienização e Organização 198 6.3.1 Lavagem 200 6.3.2 Limpadores 200 6.3.3 Organização da bancada 201 Recapitulando 205 Proposta de Atividade 206 Referências 206 Capítulo 7 Técnicas de Maquiagem Básica 208 Contextualizando o Cenário 210 7.1 Proporção e Harmonia e Cílios Postiços 211 7.1.1 Pontos de simetria 212 7.1.2 Proporção dos olhos 213 7.1.3 Intensidade e harmonização das sombras 216 7.1.4 Cílios postiços 218 X SUMÁRIO 7.2 Preparação e Correção de Pele 221 7.2.1 Corretores para neutralização de tons indesejados 223 7.2.2 Preparação da pele 225 7.2.3 Iluminação e Contorno 227 7.2.4 Finalização 230 7.3 Maquiagem clássica231 7.3.1 Proposta de maquiagem 232 7.3.2 Esfumado e tons neutros 233 7.3.3 Tipos de delineado 234 7.3.4 Boca Vermelha 236 7.4 Maquiagem Smokey Eye 239 7.4.1 Proposta de maquiagem 240 7.4.2 Diferentes técnicas de execução 241 7.4.3 Mitos 242 Recapitulando 243 Proposta de Atividade 244 Referências 244 Capítulo 8 Técnicas de Maquiagem Avançada 246 Contextualizando o Cenário 248 8.1 Smokey Glam 249 8.1.1 Proposta da Maquiagem 251 8.1.2 Aplicação de glitter 257 8.2 Pálpebra Luz 260 8.2.1 Proposta da Maquiagem 261 8.2.2 Diferentes técnicas de execução 262 8.3 Semi Cut 265 8.3.1 Proposta da Maquiagem 265 8.3.2 Cut crease 268 XI SUMÁRIO 8.3.3 Cut crease aberto 269 8.3.4 Double cut crease 270 8.4 Esfumado Noiva 272 8.4.1 Proposta de Maquiagem 273 8.4.2 Mercado de noivas 275 Recapitulando 278 Proposta de Atividade 279 Referências 279 XII Apresentação A criação da beleza e sua customização estabelecem uma identidade personalizada. Nesse contexto, o visagismo corresponde à identi�cação de características e análise das possibilidades para o reconhecimento da imagem pessoal. É importante conhecer as medidas e proporções, mas também reconhecer as expressões, os temperamentos e o caráter emotivo de cada indivíduo, pois a beleza está na particularidade. Nem sempre o que é simétrico e considerado ideal é o melhor para uma pessoa. É nesse momento que o visagista mostra suas habilidades de observação e análise. Há um conjunto de fatores a serem estudados e cada fator tem seu objetivo e sua aplicabilidade. Assim, a importância do pro�ssional na construção da imagem pessoal vai além da estética, pois ele é responsável por proporcionar autoestima e con�ança para seus clientes. Esse é o diferencial de quem atua nessa área. 1 A U T O R A Beatriz Cardoso de Freitas A professora Beatriz Cardoso de Freitas é mestre em Biociências e Fisiopatologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM, 2018). É especialista em Anatomia Humana e Histologia pela Universidade Estadual de Maringá (UEM, 2016). Tem graduação em Biomedicina pela Universidade Estadual de Maringá (UEM, 2015). Atualmente, desenvolve pesquisas na área de Biomedicina estética e fotoproteção. Atua como tutora educacional, na educação a distância, dos cursos de graduação em bem-estar (Estética e Cosmetologia, Terapias integrativas e complementares e Podologia). LATTES 2 http://lattes.cnpq.br/0677411874411773 CAPÍTULO 1 História da Beleza Objetivos do Capítulo Compreender a evolução da indumentária, cabelo, maquiagem, mostrando que a percepção de beleza pode ser diferente, por meio de cada época, contexto social e o movimento vivido. Tópicos de Estudo Tópico 1 - Pré-História e Antiguidade. Paleolíticos e Neolíticos. 3 Mesopotâmia. Egito. Creta. Tópico 2 - Idade Média e Renascimento. Oriente. Ocidente. Renascimento. Tópico 3 - Século XVII ao XIX. Vaidade no século XVII. O requinte no século XVIII. Romantismo. Tópico 4 - Século XX e os tempos atuais. In�uência do século XX. Contemporaneidade. Tendências atuais. Referências históricas na atualidade. 4 Contextualizando o Cenário Neste capítulo, serão abordados os principais pontos acerca da história da beleza e seu impacto na indumentária em cada contexto histórico e nas tendências atuais. Na medida em que beleza e estilo estão associados a uma identidade, sentir-se belo e único não é uma futilidade, mas uma maneira de expressar uma ideia, ressaltar alguma característica de empoderamento, de liderança ou, apenas, relacionada ao reconhecimento visual. Desse modo, o visagista tem grande importância nesse cenário. É válido ressaltar que o conceito de beleza é próprio de cada um. Juntamente com a aparência física, as pessoas são um conjunto de experiências pessoais e valores. Assim, a maquiagem e as roupas são importantes ferramentas, que auxiliam a construção da imagem pessoal; uma das formas de se fazer isso é por meio da evidenciação positiva das características do indivíduo. Diante desse cenário, questiona-se: o comportamento das pessoas é in�uenciado pelo que elas vestem? As roupas que elas usam têm algum referencial histórico? 5 1.1 Pré-História e Antiguidade A beleza é um conceito que se refere àquilo que se mostra atrativo e desperta emoções. Para Hallawel (2010), os sentidos humanos são responsáveis pela percepção das formas, cores e sensações, e a interpretação disso tudo resulta no que é considerado belo ou não. O belo é algo que agrada e apresenta alguma particularidade especial, que pode ser a harmonia, o equilíbrio ou apenas a aparência. Platão considerava a beleza como uma ideia superior às outras. Por sua vez, Aristóteles percebeu uma relação entre o belo e as virtudes. 6 © so�azhuravets / / 123RF. De acordo com Braga (2007), o mercado da moda e da beleza busca referências e tendências ao longo da história. A cada dia, novas tecnologias cosméticas possibilitam transformações e camu�agens. Do francês maquiler, maquiagem signi�ca a arte de se embelezar e pintar o rosto. Em inglês, o termo é make-up e foi criado pelo famoso maquiador Max Factor. Durante a evolução humana, a cultura e a sociedade têm colocado, cada vez mais, as mulheres nas atividades econômicas; isso tem re�etido, diretamente, na moda, ditando tendências. O ato de se maquiar tornou- se algo diário na vida da mulher moderna e, nesse sentido, a maquiagem é uma poderosa ferramenta, que reforça o estilo e a personalidade. Nesse universo, muitos recursos podem ser utilizados, e o mercado de cosméticos é o que mais cresce no mundo, visto que, a cada dia, surgem novos produtos e inovações tecnológicas. 7 É importante ressaltar que a maquiagem não é um recurso apenas feminino, pois se trata de um contexto de vaidade maior, no qual as pessoas passam mais tempo na frente dos espelhos e das câmeras. Nesse contexto, os homens também estão buscando mais recursos estéticos, a �m de melhorar a aparência e alavancar a autoestima. Historicamente, desde a antiguidade, inúmeros recursos são utilizados para o embelezamento da aparência, como a medida da perfeição, a proporção áurea e as técnicas de visagismo aplicadas à maquiagem. Na região da Mesopotâmia, surgiram as primeiras pinturas à base de carvão, hena e de outros resíduos naturais. Os gregos, contudo, preocupavam-se mais com a saúde e a beleza, mas não utilizavam a maquiagem da mesma forma que no Egito, onde a maquiagem tornou-se sinônimo de elegância e perfeição, além de ser vista como parte da higiene. Os primeiros registros do uso de cosméticos estão relacionados à civilização egípcia, que utilizava uma mistura de metais pesados nas pálpebras dos olhos. Nessa época, Cleópatra representava o ideal de beleza, e as mulheres usavam máscara de farinha e leite, para melhorar a pele do rosto. Aproximadamente, 150 a.C., o primeiro creme facial do mundo foi criado pelo físico Galeno. A fórmula baseava-se na mistura de água, cera de abelha e óleo de oliva, substituído, mais tarde, por óleo de amêndoas. O ato de pintar os lábios tornou-se moda no século XVII e, durante os 100 anos seguintes, Paris foi considerada autoridade da moda, proporcionando uma nova percepção para o mundo da maquiagem. Somente no século XX, no entanto, com os avanços da indústria química, os cosméticos tornaram-se produtos de uso geral. Como marco histórico no mundo da maquiagem, em meados de 1920, em Paris, o batom teve sua primeira versão embalada em tubo. Em 1930, o batom dominava o mercado americano, contribuindo para o 8 desenvolvimento de novas formulações. Com a Segunda Guerra Mundial, a indústria cosmética teve sua primeira crise, pois a economia da época se concentrava na produção de armas. Na década de 1950, com o �m da guerra, a maquiagem volta a ser algo importante para as mulheres. Pele pálida, lábios realçados e olhos delineados marcaram essa época. Nos anos de 1960, a indústria cosmética aprimorou a estética das embalagens e, nos anos de 1970, as cores tornaram-se populares na maquiagem, acompanhando as coleções daalta-costura europeia. Além disso, os anos de 1970 foram marcados pela era disco, assim, a variedade de cores e brilhos in�uenciou a forma de as pessoas se maquiarem. No �m da década de 1980, investiu-se em fórmulas mais evoluídas para cosméticos pigmentados. No início de 1990, �nalmente, surgiram as fórmulas baseadas nas tecnologias conhecidas atualmente, como proteção solar e controle do envelhecimento. 9 Embora o acesso a produtos cosméticos seja facilitado pela in�nidade de opções e marcas, muitas vezes, o uso não ocorre de forma adequada ou não atende ao objetivo principal. Além do embelezamento, é importante atentar-se à harmonização e à leitura da imagem de uma pessoa. Nesse contexto, cada vez mais, cresce a busca por pro�ssionais que auxiliem a construção de uma imagem pessoal adequada. Diante da evolução da maquiagem e da globalização, qual é a importância dos pro�ssionais nessa área? A vestimenta também teve grande in�uência na evolução da humanidade, visto que representa o contexto socioeconômico, as ideais e os comportamentos de cada época. Assim, a indumentária é a arte associada ao vestuário e à história dele, relacionando-se aos hábitos, ao traje, à época e à cultura. Moda, beleza e indumentária andam juntas, pois estão relacionadas à forma de expressão, à individualidade, às camadas sociais, à idade e ao sexo. 10 Antes de compreender as tendências e como elas in�uenciam o modo de vestir, é preciso entender a evolução da indumentária ao longo dos anos, para que seja possível conhecer melhor a in�uência do vestuário nos diferentes contextos históricos. De acordo com Nery (2004), a indumentária é re�exo do gosto contemporâneo e retrata o desenvolvimento econômico, cultural e político. Uma roupa diferenciada pode identi�car camadas sociais, idade ou sexos. Pode-se de�nir a Pré-História como um período anterior ao aparecimento da escrita. Os povos que viveram entre o Paleolítico e Neolítico caracterizam o período denominado primitivo, no qual sua con�guração social, cultural, econômica e religiosa mostrava-se oposta à do povo ocidental. Da pedra ao bronze, os corpos humanos passaram a ser representados pela arte, de maneira mais requintada. O livro Questão de estilo: 20 itens icônicos que mudaram a história da moda, de Valéria Manferto de Fabianis, apresenta 20 referências de moda e estilo, marcadas por histórias de coragem e empreendedorismo. Esse livro tem o objetivo de de�nir o que é essencial na moda. D I CA 11 1.1.1 Paleolíticos e Neolíticos A Pré-História, como exposto anteriormente, foi um período anterior ao surgimento da escrita, ou seja, anterior há 4000 a.C., pois foi por volta desse ano que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Os homens da Pré-História venceram barreiras impostas pela natureza e prosseguiram com o desenvolvimento da humanidade na Terra. Fonte: © aklionka / / 123RF. As roupas do homem pré-histórico eram feitas de pele de animais, logo, era necessário dar forma a elas e torná-las maleáveis, uma vez que, secas, �cavam muito duras e di�cultavam o trabalho e a caça. Em relação ao uso de adornos, o homem pré-histórico buscava se impor em relação aos demais mediante a exibição de dentes e garras de animais ferozes. Além disso, os homens pintavam o rosto com pigmentos extraídos da argila e de minerais, para reverenciar os deuses em rituais religiosos. 12 1.1.2 Mesopotâmia A civilização da Mesopotâmia, no atual Oriente Médio, é considerada uma das mais antigas da história. O traje típico dessa civilização, de modo geral, era uma espécie de túnica, com mangas curtas e justas. Os homens das classes mais altas também usavam esse traje de mangas curtas, mas que era mais longo, chegando até os pés. Também era comum o uso de cintos enfeitados. De acordo com o status de cada pessoa, os trajes eram mais ornamentados. Para esse povo, a barba e o cabelo eram símbolos de beleza. Os reis costumavam usar barba postiça, cuidadosamente penteada, e, nos cabelos, utilizavam óleo, a �m de evitar ressecamento e piolhos. 1.1.3 Egito A civilização egípcia antiga desenvolveu-se às margens do Rio Nilo, por volta de 3200 a.C. Para os egípcios, a indumentária era um diferenciador social, representando a distinção entre as classes, pois os nobres tinham vestimentas luxuosas, e os menos favorecidos, frequentemente, andavam nus. Aproximadamente, por 3.000 anos, a indumentária egípcia permaneceu sem muitas alterações. Somente a partir de invasões e de in�uências romanas houve mudanças signi�cativas nessa indumentária. Os trajes característicos do antigo Egito eram o Chanti, uma vestimenta próxima a uma tanga masculina, e o Kalasiris, uma túnica longa, utilizada por homens e mulheres. Esses trajes podem ser visualizados na �gura “Vestimenta egípcia”. 13 Vestimenta egípcia A cor mais usada era a branca, e os tecidos mais comuns eram linho e algodão. Os indivíduos costumavam raspar a cabeça, a �m de evitar piolhos, por isso, utilizam perucas feitas de cabelo natural ou de �bras vegetais. Os mais nobres utilizavam o colar peitoral, feito com metais pesados e preciosos. Embora fosse hábito andar de pés descalços, as pessoas também usavam sandálias feitas de palha. O clima quente levou os egípcios à criação de óleos, para tratar a pele em relação aos efeitos do sol. Eles também usavam carvão como uma espécie de delineador e esse pigmento preto, inclusive, era responsável por realçar o olhar de Cleópatra. Além dos olhos, os egípcios evidenciavam os lábios com carmim, um pigmento extraído de inseto e, no rosto, utilizavam um pó marrom. 14 1.1.4 Creta Considerada o início da civilização grega, Creta é a segunda maior ilha situada no Mar Mediterrâneo, que teve seu apogeu cultural entre 1750 e 1400 a.C. A principal forma de economia dessa civilização era a produção de vinho, azeite, cerâmicas, tecidos e joias. Em relação ao vestuário, as mulheres usavam uma série de babados, sobrepostos em uma saia longa, evidenciando a cintura bem afunilada, além de um tipo de blusa, com costura nos ombros, mangas curtas e com as mamas à mostra (os seios eram associados à fartura e à fertilidade). As mulheres também usavam chapéus com algum animal pendurado e cada um tinha um signi�cado; a cobra, por exemplo, representava poder. Por sua vez, os homens vestiam-se de modo mais simples, com uma tanga amarrada por um cinto, evidenciando a cintura. Também utilizavam joias e adereços e o cabelo e a barba eram grandes e cacheados. Acredita-se que a vestimenta do povo cretense era feita de linho, lã ou couro. Para os pés, em dias mais frios, eram usadas botas e, em dias quentes, sandálias. A civilização grega surgiu entre os mares Egeu e Mediterrâneo, por volta 2000 a.C. A indumentária grega caracterizou-se pelos drapeados, em especial, por uma túnica feita com um grande tecido retangular. Essa túnica era presa sobre os ombros e embaixo dos braços, sendo uma das laterais fechada e a outra aberta. No ombro, era presa por al�netes e broches e, na cintura, por cordões ou cintos. O linho e a lã eram os tecidos mais utilizados. Quando os gregos utilizam algum calçado, eram sandálias, presas às pernas e aos pés por meio de tiras. Comumente, as túnicas eram tingidas. O único lugar em que era obrigatório o uso de vestes brancas 15 era o teatro, por ser considerado um lugar sagrado. Dentre os homens, era comum o cabelo curto e a barba para os homens mais velhos. As mulheres, de modo geral, mantinham o cabelo solto e/ou faziam amarrações com �tas, além de usarem joias, como braceletes, colares, brincos e anéis. Em relação à maquiagem, os gregos tiveram grande in�uência egípcia, e utilizavam cosméticos e tinturas naturais. Fonte: © elen1 / / 123RF. A civilização romana é considerada a mais rica da Antiguidade; suas vestimentas reforçam esse contexto. É válido salientar que a cultura romana foi muito in�uenciada pela cultura grega. Os homens romanos vestiam-se com uma túnica e, por cima dela, colocavam outra, bastante drapeada. Os menos favorecidos usavam apenas umatúnica. Havia diferentes tipos de túnicas, conforme a função social e a idade de cada indivíduo. As mulheres, por sua vez, usavam uma túnica longa e com mangas. Além disso, os penteados eram vistos como um sinal de status, portanto, eram elaborados. 16 1.2 Idade Média e Renascimento O período conhecido por Idade Média ocorreu durante um milênio, no qual a arte era voltada aos interesses da burguesia, de tal forma que as produções artísticas expressavam ideias, ações e os con�itos da época. O início do período foi marcado pela invasão e tomada do Império Romano pelos povos bárbaros, no século V d.C. Os bárbaros eram seminômades, guerreiros e caçadores. Com a ruína do Império Romano, a arte romana “encolheu” em relação aos valores culturais dos povos invasores. Ademais, foi no Período Medieval que se formaram os feudos e foram estabelecidas as relações de suserania, vassalagem, além do poder da Igreja Católica. Na transição da Idade Média para o período moderno, entre os séculos XIV e XV, ocorreu a queda de Constantinopla e o �m do Império Romano. Durante essas transformações, surgiu o Renascimento, movimento artístico, cultural e cientí�co que se iniciou na Península Itálica, no �m do século XIV. Segundo Palomino (2003), o movimento renascentista possibilitou que os romanos revivessem a grandeza e o esplendor, e grandes artistas se destacaram na época. Além disso, diferente do Período Medieval, o 17 movimento cientí�co do Renascimento questionava a origem da vida e do universo. 1.2.1 Oriente Grandes civilizações surgiram no Oriente Médio, como a egípcia e a mesopotâmica, que são umas das mais antigas. Nesse contexto, o Império Persa dominou grande parte do Oriente Médio no século VI a.C. Em seguida, a região foi conquistada por gregos e romanos. Após a queda de Roma, no século V d.C., o Império Bizantino governou o oeste do Oriente Médio. Os persas foram os primeiros povos a medir e cortar os tecidos para ajustar e modelar a roupa ao corpo. Nesse caso, os homens vestiam túnicas curtas e calças justas nas pernas, e as mulheres usavam roupas semelhantes às dos homens. Além disso, as franjas caracterizavam a indumentária desse povo e os acessórios e enfeites usados nas roupas determinavam o status social do indivíduo. A barba e os cabelos compridos também eram símbolo de poder, assim, os reis costumavam usar barbas postiças, cuidadosamente tratadas e conservadas. 1.2.2 Ocidente A queda do Império Romano ocorreu em 476 d.C., com o início da Idade Média, a qual foi um período marcado pela religiosidade. Nessa época, muitos elementos ligados à indumentária militar, como braçadeiras e peitorais, faziam parte da vestimenta. 18 As invasões bárbaras, especialmente pelos germânicos, marcaram o início da Idade Média. A indumentária dos bárbaros era confeccionada, principalmente, com lã, mas também eram utilizados o linho, o algodão e o couro. Os homens usavam calças presas às pernas, por bandas de tecido, e um manto de couro ou uma pele de animal por cima. As mulheres usavam uma túnica longa, presa ao corpo por cintos e broches. Ambos os sexos usavam o cabelo longo e as mulheres, em geral, mantinha o cabelo preso. Na Europa gótica, as roupas passaram a delinear mais os corpos em relação ao período anterior, em especial, na vestimenta feminina. A silhueta predominante era verticalizada e magra, resultante da arquitetura medieval. As mangas eram maiores e amplas, na altura dos punhos. Ademais, homens e mulheres usaram chapéus em forma de cone ou chifres. Nessa indumentária, difundiu-se uso da barbette, uma espécie de banda de tecido, que passava sob o queixo e era presa no alto da cabeça, sobre os penteados. Nessa época, também teve início a diferenciação das vestimentas masculina e feminina: as masculinas encurtaram e as femininas permaneceram compridas. 1.2.3 Renascimento O Renascimento italiano ocorreu no século XVI, que foi um período marcado por grande expansão econômica e demográ�ca. Nesse período, a maquiagem ganhou mais espaço. O rosto branco, como no Período Medieval, continuava sendo um dos traços característicos. Na Inglaterra, a Rainha Elizabeth I foi uma referência, ao pintar os cabelos de vermelho e utilizar claras de ovos no rosto. Dentre as tendências da maquiagem in�uenciadas pela rainha, destacavam-se o uso de pós e 19 pastas branqueadoras para o rosto e os lábios sempre muito vermelhos. Fonte: © Chris Dorney / / 123RF. Ainda nesse contexto histórico, a indumentária tornou-se mais requintada. A vestimenta masculina era mais colorida e mais expansiva do que a feminina e foi caracterizada pelo gibão, que, hoje, corresponde ao paletó. O gibão era acolchoado, com ou sem mangas, e usava-se uma túnica aberta sobre ele. Ademais, os homens usavam a braguette, um detalhe colocado sobre o órgão sexual, que ajudava a unir uma perna à outra. Esse adorno relacionava-se a um efeito erótico, pois evidenciava a masculinidade. As mulheres usavam o vertugado, um tipo de vestimenta rígida, na parte superior, e em formato de cone, na parte de baixo. Além disso, era comum o uso do decote e do corpete, que apertava a cintura e contribuía para evidenciar o volume dos quadris. Assim, a indumentária feminina passou a estar relacionada à sedução. Ainda nesse contexto, o rosto pálido era padrão de beleza; o rosto era coberto por camadas de pintura branca, por meio do pó de arroz e de caulim. 20 1.3 Século XVII ao XIX No século XVII, a vestimenta não representava apenas a riqueza e a ostentação para os membros da corte. O período seguia os ideais do Renascimento, como o antropocentrismo, no qual o homem era considerado o centro do mundo. Assim, o século XVII foi considerado um período de luxo, por exemplo, devido aos hábitos e à ostentação, especialmente na vestimenta masculina, e ao surgimento do salto alto, criado por Luís XIV, o Rei Sol. A indumentária foi um importante fator econômico para a época. Nesse período, surgiram as primeiras indústrias de roupa, as quais eram muito diferentes das atuais, porém, já eram uma forma mais organizada de produção do que em épocas anteriores. Para manter a indústria e gerar economia, foram criados mecanismos para aumentar a frequência com que as roupas eram trocadas. A partir disso, surgiu o que, hoje, é conhecido como troca de moda. 21 1.3.2 O requinte no século XVIII O período Barroco foi marcado pelo antropocentrismo. Em relação às roupas, as rendas foram muito usadas em golas e punhos, para ambos os sexos. Usava-se muito uma espécie de gola de renda engomada, mais tarde, denominada gola caída, que era completamente apoiada sobre os ombros. As mulheres passaram a usar uma sobreposição por baixo saias arredondadas e o corpete era comum. Os tecidos eram luxuosos e caros. No cabelo, propositalmente, eram feitos penteados com aparência despenteada, preso por �tas. O gibão e as botas adornadas por rendas passaram a ser moda entre os homens. Além disso, era frequente o uso de chapéus. Nessa época, esteve em alta o uso de rendas, tanto para homens quanto para mulheres, e de perucas empoadas com pó branco e presas, como um rabo-de-cavalo, por um laço de �ta de seda preta. Portanto, esse período foi marcado pelo exagero nos penteados. 1.3.3 Romantismo No período do Romantismo, aproximadamente entre 1820 e 1840, houve uma mudança na forma de se vestir, in�uenciada pela vida no campo. Assim, casacos de caça ingleses, botas, calças, golas altas e majestosos lenços amarrados no pescoço como adorno passaram a ser utilizados. As mulheres usavam um vestido simples, similar a uma camisola solta, como musseline, geralmente de cor branca, com acentuado decote. Elas também usavam longas luvas, quando os vestidos tinham mangas curtas. 22 Fonte: © Artwork / / Wikimedia Commons. No período do Romantismo, os vestidos �caram mais ornamentados, sutilmente cônicos; os decotes �caram mais altos e as mangas eram compridas, justas nos punhos e bufantes nos ombros. Esse contexto tem outras características: penteados so�sticados, chapéus de palha ou cetim,sapatos com salto baixo e o uso do leque tornou-se indispensável. Nesse contexto, na Inglaterra, surgiu um estilo denominado dandismo, movimento criado por George Brummel. Nesse caso, os homens, como ícones de elegância, status e poder social, usavam a cartola. 23 1.4 Século XX e os tempos atuais Ainda sob in�uência do Romantismo, La Belle Époque (Bela Época) ocorreu entre 1890 e 1914. Nesse período, havia a cintura ampulheta das mulheres, ombros com volume, cintura muito �na e volume nos quadris. As golas eram altas e cobriam o pescoço. Além disso, as mulheres usavam chapéu com �ores e uma saia, em formato de sino, muito apertada, quase impedindo o caminhar. Por sua vez, o traje masculino era composto de terno e cartola. Os homens usavam cabelos curtos e o bigode era muito popular naquela época. Os acontecimentos do século XX marcaram o início da Idade Moderna. A época foi de�nida pelo progresso e pela industrialização, bem como por con�itos como a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e pela crise econômica relacionada a essa guerra. No Brasil, no início do século XX, a Semana da Arte Moderna (1922) reuniu poetas, literatos e artistas, e representou importantes mudanças urbanas e industriais. A Semana da Arte Moderna referenciou alguns movimentos modernistas, como o Expressionismo, o Futurismo e o Cubismo. 24 1.4.1 Influência do século XX A partir do século XX, a evolução indumentária passa ser analisada a cada década, devido à aceleração das mudanças evidenciadas nas linhas da moda. Durante a Primeira Guerra Mundial, a presença do homem na guerra fez as mulheres atuarem em diversos setores, anteriormente, masculinos. O francês Paul Poiret foi o responsável pela grande mudança na indumentária feminina: o �m dos espartilhos. Poiret lançou uma forma mais solta para o vestuário e criou um modelo de casaco kimono. Outra mudança do período foi o encurtamento das saias e dos vestidos. A moda masculina, porém, não sofreu alterações visíveis, pois se manteve o uso de calça, paletó, colete e gravata. 1.4.2 Contemporaneidade A partir do século XX, a história da moda será analisada década a década, devido à globalização e à aceleração das mudanças evidenciadas nas linhas da moda. 25 © Elena Mikhaylova / / 123RF. Década de 1920 Após o �m da Primeira Guerra, as saias encurtaram ainda mais. As propostas que surgiram nos anos anteriores foram consolidadas e essa foi uma época marcada pela funcionalidade e pela praticidade. No vestuário feminino, a cintura estava deslocada para baixo, na altura dos quadris, e não era mais evidenciada em curva. A maquiagem era evidente pelo uso do pó de arroz, batom vermelho e acentuação dos cílios. O cabelo era curto e contribuía para a aparência andrógina. Também era comum o uso do chapéu cloche, em formato de sino, com abas menores. A década de 1920 foi marcada pela estilista Coco Chanel, que tinha a principal característica de adaptar o traje masculino para as mulheres, sem que houvesse perda de feminilidade. Os homens passaram a usar o smoking em ocasiões mais formais e o colete entrou em desuso. 26 Década de 1930 A década de 1930 foi marcada pela crise �nanceira, mas, paradoxalmente, foi um período de muita so�sticação e referencial cinematográ�co. Nesse contexto, o corpo feminino voltou a ser valorizado e eram utilizados o sutiã e o espartilho. Durante o dia, eram comuns vestidos mais curtos e, à noite, mais longos, acompanhados de boleros, casacos e mantos de pele. A cintura volta a evidenciar a forma curva, porém menos acentuada, sendo exposta pelas enormes aberturas nas costas. Os cortes godê e evasê foram os mais utilizados, além do corte em viés, que remetia à sensualidade. Os shorts surgiram com a popularização da prática esportiva e, nesse contexto, o ideal de beleza apontava para uma vida ao ar livre e o corpo bronzeado. Em relação à maquiagem, as sobrancelhas e pálpebras eram marcadas com lápis e era utilizado o pó de arroz bem claro. As mulheres deixaram o cabelo crescer e aderiram às ondas nos �os. No caso dos homens, houve poucas mudanças. Década de 1940 Embora o início da Segunda Guerra limitasse a quantidade de tecidos que poderia ser comprada, devido às regras de racionamento, a moda permaneceu como in�uenciadora na década de 1940. A silhueta feminina foi masculinizada em estilo militar e as roupas eram confeccionadas em tecidos simples. Usavam-se saias justas e casacos detalhados em debrum. Os sapatos tinham plataformas e as bolsas, em geral, eram tiracolo. O uso de saia- calça difundiu-se, in�uenciado pelo uso da bicicleta. Nessa época, surgiu o biquíni, peça de banho criada por Louis Réard. 27 Os efeitos da guerra abalaram o mercado da moda e estética. A falta de matérias-primas fez a graxa para botas ser utilizada como máscara de cílios e tintura para as sobrancelhas, enquanto o carvão era empregado como sombra para os olhos. Além disso, era comum a produção de blush líquido, com pétalas de rosa encharcadas no álcool. Década de 1950 Caracterizado pelo renascimento da feminilidade, os anos de 1950 �caram conhecidos como “anos dourados”. Essa foi a década da alta costura e dos grandes nomes da moda, como Dior, Nina Ricci e Chanel. Nessa época, a cintura e as saias rodadas ganharam evidência. Os scarpins, os chapéus de aba larga, as luvas e as bijuterias imitando joias complementavam o visual. A década de 1950 foi marcada pelas pin-ups, devido ao caráter relacionado à sensualidade feminina. Com o �m da escassez dos cosméticos, após o término da guerra, �rmou-se a valorização da beleza, com o uso da maquiagem, a qual foi marcada pelo realce intenso dos lábios, pela palidez da pele e pelos olhos delineados. O �lme O sorriso de Mona Lisa (2003) recria os costumes do início da década de 1950, contando a história de uma professora de artes de uma tradicional escola feminina. Nesse contexto, o maior desa�o é fazer as alunas assumirem suas identidades cultural e social. Esse �lme retrata a relação dos padrões com o comportamento e o modo de se vestir. A S S I S T A 28 Nos cabelos, eram feitos penteados presos, em coques ou rabos-de- cavalo, e as franjas ganharam o gosto das mulheres. Além disso, as tintas e as loções alisadoras e �xadoras passaram fazer parte do processo de embelezamento. Década de 1960 Os anos de 1960 foram marcados pela cultura jovem e pelo rock-and-roll. A moda inovou com propostas futuristas, como macacões de malha, calças jeans e o uso de zíper; surgiram a minissaia e o caráter psicodélico, com novas estampas geométricas e curvilíneas. A Pop Art foi uma manifestação artística do período, que reproduzia rostos de pessoas famosas. Nesse contexto, a modelo Twiggy foi uma grande in�uência para a maquiagem da época, devido ao seu aspecto ingênuo, seus cabelos curtos, olhos marcados com rímel e cílios postiços. No vestuário masculino, os ternos deram espaço às jaquetas, camisas coloridas com golas altas e calças mais justas. Devido à in�uência do movimento hippie, as roupas tinham detalhes artesanais despreocupados, as saias eram longas, havia as calças boca de sino, as batas indianas e os cabelos longos e despenteados. Década de 1970 As calças jeans “boca de sino”, assim como as tradicionais, foram muito usadas durante a década de 1970. O visual era composto por muito brilho e pela bota plataforma de cano longo. 29 Fonte: © Ioulia Bolchakova / / 123RF. Nessa mesma época, surgiram os punks, que usavam roupas rasgadas, jaquetas de couro e acessórios metálicos. A maquiagem e os cortes de cabelo tornaram-se uma forma de expressão. Além disso, havia os conceitos de cabelos livres, pele bronzeada e lábios brilhantes. 30 Década de 1980 A década de 1980 foi marcada por releituras das épocas anteriores, mas, além do uso das ombreiras altas, estampas e da sensualidade, houve a in�uência da ginástica. Nesse contexto de exageros e pluralidade, surgiu o conceito de tribos, as quais eram constituídas por diversos grupos, de diferentes identidades. Assim, a alta costura francesa deixou de ser dominante,e uma forte tendência da época foi o minimalismo das criações japonesas. Nessa década, houve o auge das academias, com isso, surgiu a proposta de roupas que valorizassem o corpo, assim, as roupas de ginástica expandiram-se para as ruas. Como exposto anteriormente, também foram os anos das ombreiras, da cintura marcada e do quadril evidente. Em relação à maquiagem, o vermelho era comum nos lábios, os olhos eram pintados de cores vibrantes e as maçãs do rosto eram, fortemente, realçadas com blush. Década de 1990 A moda da década de 1990 se manifestou com muita liberdade. As releituras permaneceram, assim como o conceito de tribos. Os jovens ditaram moda e irreverência, e os acontecimentos mais importantes da época foram os avanços tecnológicos na área têxtil. A inovação da micro�bra permitiu a criação de tecidos leves e resistentes, representando a praticidade, pois esses tecidos não amarrotam e secam rápido, sendo utilizados até hoje. Nesse período, teve início uma preocupação com o meio ambiente devido, principalmente, ao aquecimento global. Então, surgiram as novas �bras ecológicas. A partir da década de 1990, as pessoas passaram a se preocupar, além da beleza e do preço, com a forma como as roupas são produzidas. 31 Ademais, os exageros da década de 1980 diminuíram. Assim, a maquiagem passou a ser mais sutil e apostava-se em cores neutras e pele iluminada. Século XXI Com o novo milênio, as mudanças passaram a ocorrer de maneira mais acelerada. Os inúmeros acontecimentos começaram a ser vividos com muito mais intensidade e a consciência ambiental passou a ser um estilo de vida. No século XXI, a mídia passou a exercer grande in�uência sobre as pessoas. Nesse contexto, ocorreu o desenvolvimento da internet e o fortalecimento do capitalismo. No início do século XXI, a moda foi marcada, especialmente, por duas tendências: “moda vem e vai” e “nada se cria e tudo se copia”. Além disso, o luxo e o glamour perderam a visibilidade e os conceitos se transformaram. As pessoas passaram a vivenciar novas �loso�as, in�uenciadas pelo romantismo, pela poesia e pela comunidade hippie. Nessa nova fase, busca-se uma identidade própria, na qual as pessoas permitem-se criar seu próprio estilo. Nessa nova era, as tribos urbanas tiveram grande popularização, como a moda emo, o movimento indie, bitrock, dentre outros. Além disso, o corpo passou a ser mais valorizado, visto que a perfeição e a sensualidade transformaram o modo de as pessoas se posicionarem no mundo. Nesse contexto, também surgiram as tatuagens, os piercings e as escovas progressivas, utilizadas para determinar o padrão liso dos cabelos. Hoje, tudo ocorre de forma acelerada e a moda, muitas vezes, é baseada na releitura do passado, ou seja, o que foi moda há um tempo pode ser transformado e aplicado no contexto atual. 32 © Elena Mikhaylova / / 123RF. Alguns ícones que marcaram a moda no início do século XXI estão expostos a seguir. Calças Saint Tropez (cintura baixa). Denim (jeans). Boinas. Conjunto de moletom. Sobreposições. Bohemian chic (blusas camponesas e saias simétricas). Saltos plataformas e calçados de cano alto. Blusa cacharrel. A primeira década do século XXI foi uma verdadeira releitura dos anos de 1980. A moda de meados de 2010 estava repleta de brilho e ombreiras, mas essa atitude excêntrica logo caiu em desuso. 33 A franja reta das cantoras Katy Perry e de Lady Gaga dominou os cabelos femininos, e a maquilagem focalizou a expressividade do olhar e a simplicidade, visto que os batons eram discretos e a pele levemente bronzeada, representando um aspecto saudável. Os verões de 2011 e 2012, por sua vez, foram marcados pela ousadia nos cortes e nas cores; a cantora Nicki Minaj foi um exemplo disso. Os designers e artistas preocupavam-se em promover as cores �uorescentes e havia a tendência das tachas em sapatos, malas e casacos. No �m de 2012, os cabelos passaram a ser usados com um corte longo, absolutamente lisos e as californianas atraíram o gosto das mulheres. No vestuário, as calças justíssimas, cortadas ou dobradas, tinham o objetivo de mostrar o tornozelo. Em 2013, a moda foi caracterizada pela temática grunge, com peças em cabedal e axadrezadas. Os acessórios inovaram-se, pois surgiram as armaduras de orelha e os anéis de falange. Nesse contexto, as sobrancelhas passaram a ser mais grossas, com aspecto natural. No ano seguinte, em 2014, as tranças francesas ganharam popularidade e as polêmicas birkenstocks conseguiram a preferência no mundo dos calçados. Ainda nesse ano, o minimalismo ganhou força no visual das mulheres, �cando evidente com o uso do total black, além de sapatos masculinos e das saias de tamanho médio. Até hoje, muitas outras in�uências marcam a moda atual e as releituras, principalmente, começaram a fazer parte das tendências. Da praticidade dos tênis na composição feminina à tendência plasti�cada e vinil, a moda contemporânea é marcada pelo conforto e pela criatividade. 34 1.4.3 Tendências atuais A pesquisa de tendências permite a compreensão das mudanças de consumo e de comportamento de determinado grupo social. Mediante pesquisa e coleta de informações relacionadas ao comportamento e ao mercado, a indústria da moda encontra ferramentas estratégicas para acompanhar os desejos dos consumidores e, assim, atender à demanda e gerar novas possibilidades funcionais e estéticas nos produtos de moda. É válido salientar, no entanto, que as tendências de moda dependem das condições econômicas e da capacidade de produzir um conjunto de fatores, em determinada época. A moda tornou-se um grande negócio e a necessidade de inovação é cada vez mais necessária nesse setor. Enquanto houver modismos que satisfaçam o desejo de comprar algo novo, o mercado da moda continuará exercendo grande in�uência na maneira de as pessoas se vestirem. Certamente, é difícil prever a moda futura. A velocidade dos estímulos, orientados pelo setor têxtil, acompanha as mudanças no comportamento humano. Na era da prática e da informação, as vestimentas são produzidas em série. Nesse contexto, a mídia é uma grande in�uenciadora e o consumismo ditado por ela aproxima oferta e procura. Os produtos têm curta duração e a velocidade com que são consumidos remete à inutilidade deles. Embora prever a moda seja uma tarefa difícil, o mercado da moda utiliza duas ferramentas para isso: as macro e as microtendências. Segundo Massonier (2008), as macrotendências são movimentos que in�uenciam a sociedade e a maneira como ela absorve o consumo, por um período mais longo, com duração de, aproximadamente, 10 anos. Essas manifestações re�etem, posteriormente, na moda e em movimentos artísticos, musicais e literários. 35 Por sua vez, as microtendências são consequências das macrotendências e podem ser aplicadas no mundo da moda, ou em qualquer outra área, de modo mais pontual. Em outras palavras, a microtendência tem duração mais breve (no máximo, cinco anos), dessa forma, não gera grandes impactos sociais, porém atua, efetivamente, no dia a dia das pessoas, impactando o consumo e a cultura. Por exemplo, na moda atual, é possível citar a in�uência das microtendências nos seguintes itens: calça pantacourt, cores metalizadas, mule, meia arrastão, jaqueta bomber e o veludo. Com as roupas industrializadas e início da sua produção em massa, a alta costura perdeu seu espaço e retirou, parcialmente, a propriedade dos estilistas de serem as únicas referências de moda. Por consequência, a larga escala permitiu que mais pessoas pudessem adquirir mais roupas, porque são mais baratas e acessíveis. A moda contemporânea é marcada pela “roupa pronta para vestir”, previamente de�nida e padronizada por tamanhos, comprada em lojas e magazines. Esse tipo de roupa pode ser adquirido por todas as classes, inclusive, as menos providas economicamente, visto que o produto industrializado tem seu custo reduzido pela padronização das modelagens e dos acabamentos. Como é de conhecimento geral, no início dos anos 2000, o mundo capitalista tornou-se vítimade ações terroristas e o cenário mundial foi marcado por violência e crises. Após o 11 de setembro, muitas pessoas passaram a re�etir sobre suas prioridades e a realizar grandes mudanças. Nesse sentido, houve um aumento do desprendimento material em favor do próximo. Nessa perspectiva, a moda foi marcada pelo �m do luxo e da extravagância. O romantismo, a suavidade, a poesia e uma nova forma de �loso�a hippie ganharam destaque. Nesse período, a moda voltou a ser in�uenciada pelas tendências de diferentes movimentos, dentre eles, o Barroco e o Romantismo. 36 Em 2007, o mundo vivenciou uma crise econômica que provocou angústia e medo nas pessoas, em relação à possibilidade de perder o emprego. Um dos aspectos que mais assombrava os afetados pela crise era a necessidade de manter o padrão de vida e o poder de compra. Nesse contexto, houve o retorno do luxo, no entanto mais retraído e moderado. Esse também foi um ano marcado pela elegância, visto que as mulheres realçaram sua feminilidade e sensualidade. A tendência desse momento foi in�uenciada pela década de 1950, por meio do retrô chic e da elegância. Nesse período, as mulheres passaram a ter posição equiparável à dos homens. A igualdade de sexos pôde ser evidenciada nos movimentos sociais, e o poder da mulher na economia e na política se intensi�cou. Na Europa e nas Américas, até a década de 1960, as raras pessoas que ousavam criar uma imagem pessoal personalizada eram consideradas excêntricas. Geralmente, essas pessoas eram artistas ou poetas e um exemplo é Salvador Dalí, um importante pintor catalão, conhecido por seu trabalho surrealista. A F I R M A Ç Ã O 37 1.4.4 Referências históricas na atualidade Normalmente, as tendências atuais pautam-se em algum momento já vivido, ou seja, elas podem ser in�uenciadas por contextos históricos anteriores ou, até mesmo, podem ter inspirações futuristas, devido à in�uência das novas tecnologias. Em relação às releituras, as principais in�uências de determinada época podem caracterizar novas tendências. Até mesmo durante crises econômicas, a moda dita tendência e gera impacto econômico. Nesse sentido, de que forma as pesquisas relacionadas à evolução indumentária e ao processo criativo podem colaborar para criação de uma nova tendência? 38 No que se refere às releituras e referências históricas, em 2005, o verão foi marcado pelo clima de romance da década de 1920 e pelo glamour da década de 1950. Cores delicadas, tons pastéis e estampas �orais representaram o romance dos anos de 1950, enquanto os tecidos naturais, os padrões náuticos, marinheiros e os tons rústicos e envelhecidos faziam referência aos anos de 1970. Dois anos depois, em 2007, a elegância e a feminilidade aparecem como referência da estação. O verão desse ano foi representado por cinco tendências: memória romântica, jovem, elegante e moderna e in�uência dos anos de 1980, período que foi rodeado pela elegância e feminilidade. As estampas �orais caracterizavam a memória romântica, e as estampas grá�cas e as listras faziam referência à década de 1980. © Anna Maksimova / / 123RF. Em 2009, as tendências do verão foram representadas pelo glamour, poder, pelos brechós, pelas tribos, pela poesia, nostalgia, arte, web e design. As tendências do inverno daquele ano foram baseadas nas décadas de 1970 (in�uência folk hippie) e 1980 (punk rock). Os anos 39 seguintes foram (e os próximos, provavelmente, serão) in�uenciados pelas tendências anteriores. Embora a busca pelo inovador seja constante, as referências históricas ainda in�uenciam os comportamentos e as necessidades atuais. 40 ! Recapitulando Neste capítulo, foi contextualizada a história da beleza. Nesse universo, desde a antiga civilização egípcia, a maquiagem sempre esteve presente, como um dos principais elementos de embelezamento. Além disso, a indumentária passou por várias mudanças. Assim, é possível a�rmar que o contexto histórico e o tempo cronológico são os principais fatores de transição entre uma moda e outra. As principais mudanças na moda estão associadas, principalmente, à indumentária feminina. Conforme a mulher foi ocupando espaço na economia e no mercado de trabalho, a vestimenta foi se adequando às necessidades e aos desejos femininos. Nesse sentido, na evolução da indumentária, é possível observar elementos que representam força e feminilidade. Ainda em relação à indumentária, as pesquisas de tendência visam compreender as necessidades do consumidor e atender ao mercado da moda. Assim, as tendências atuais podem ser inspiradas em anteriores ou associadas a elementos futurísticos e tecnológicos. Nesse contexto, a globalização e as mídias exercem papel de in�uenciadoras e aceleram o consumo e a produção em larga escala. 41 O contexto histórico da indumentária demonstra a evolução da alta costura francesa até o surgimento da produção têxtil em massa. Embora vestir-se tenha se tornado mais barato e acessível, tudo o que se veste corresponde a um segmento da moda. Portanto, o modo de se vestir está associado ao contexto socioeconômico e a como a moda se insere nesse contexto. Proposta de Atividade Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore uma linha do tempo, de acordo com a evolução indumentária abordada ao longo deste capítulo. Ao produzir essa linha do tempo, considere os períodos destacados e uma ou mais características de cada época. A representação deve ser feita com imagens relacionadas ao contexto histórico, para isso, você pode utilizar o modelo exposto a seguir. Ao produzir sua linha do tempo, considere as leituras básicas e complementares realizadas. 42 Referências BRAGA, J. História da Moda: uma narrativa. São Paulo: Anhembi Morumbi, 2007. FABIANIS, V. M. de. Questão de Estilo: 20 itens icônicos que mudaram a história da moda. São Paulo: Editora Manole, 2014. HALLAWELL, P. Visagismo, Harmonia e Estética. 6. ed. São Paulo: Editora SENAC, 2010. MASSONIER, V. Tendências de Mercado: están pasado cosas. Buenos Aires: Granica, 2008. NERY, M. L. A Evolução da Indumentária: subsídios para criação de �gurino. Rio de Janeiro: Editora SENAC, 2004. O SORRISO de Mona lisa. Direção de Mike Newell. Columbia Pictures. Culver City, Califórnia, 2003. 1 DVD (119 min.). PALOMINO, É. A Moda. São Paulo: Publifolha, 2003. 43 CAPÍTULO 2 Introdução ao Visagismo Objetivos do Capítulo Entender o conceito do visagismo, interpretando os elementos visuais por meio do diagnóstico visagista. Tópicos de Estudo Tópico 1- Visagismo. História. Conceito. 44 Tópico 2 - Princípios Básicos. Linguagem visual. Inteligência visual. Tópico 3 - Ferramentas do Diagnóstico Visagista. Visualização. Gestual intuitivo. Cores e formas. Linguagem. 45 Contextualizando o Cenário Neste capítulo, conceituaremos o visagismo em sua forma mais ampla; além disso, veremos sobre seu contexto histórico e suas aplicações. O visagismo tem a �nalidade de aplicar os conhecimentos de linguagem visual à construção da imagem pessoal, ou seja, é nada mais que identi�car características e analisar possibilidades para o reconhecimento da imagem pessoal. É importante conhecer as medidas e as proporções, mas, também, reconhecer as expressões, os temperamentos e o caráter emotivo de cada indivíduo, pois a beleza está na particularidade. Nem sempre o simétrico e o considerado ideal serão o melhor para pessoa. É nesse momento que o visagista mostra suas habilidades de observação e análise. Há um conjunto de fatores a serem estudados, cada um com seu objetivo e sua aplicabilidade. A importância do pro�ssional de visagismo para a construção da imagem pessoal vai além da estética, uma vez que o visagista é responsável por proporcionar autoestima e con�ança a seus clientes. Diante desse cenário, questiona-se: como utilizar a ferramenta do visagismo? 46 2.1 Visagismo Derivado da palavra francesa visage, o termo visagismo signi�ca rosto, tendo sido criado em 1936, pelo francês Fernand Aubry, e conceituado como a arte de esculpir orosto humano. Aubry foi um grande cabeleireiro e maquiador de sua época, tendo sido um dos primeiros pro�ssionais a criar uma imagem personalizada para seus clientes. Para isso, ele utilizava a tríade harmonização do corte, penteado e maquiagem, de acordo com uma única intenção. O cabeleireiro esteve à frente de seu tempo, pois combateu os padrões de moda impostos pela época, em contrapartida com a uniformização da imagem. Em uma visão mais ampla, o visagismo pertence a uma atuação pro�ssional que tem como objetivo embelezar ou, ainda, adequar, de acordo com a mensagem que a pessoa deseja expressar, por meio do uso de cosméticos, tinturas, maquiagem e cortes de cabelo. No entanto, para o sucesso visagista, é necessário, além de conhecer as técnicas e ter domínio sobre elas, conhecer e aprimorar-se nos fundamentos da linguagem visual, uma vez que se associa tal linguagem aos conceitos básicos de estética e de harmonia. 47 © langstrup / / 123RF. Para contextualização, basta compararmos o pro�ssional visagista a um artista. Ambos devem conhecer sobre as cores e as relações entre elas, bem como sobre proporção, volume e luz. A linguagem em comum, tanto para um artista quanto para um visagista, é a linguagem visual. Para Kamizato (2014), visagismo é a arte de customizar. A imagem pessoal determina as mensagens que a pessoa quer transmitir, ou seja, a imagem descreve quem a pessoa é, e quando bem utilizada, pode ser uma excelente forma para expressar e demonstrar habilidades pro�ssionais e pessoais. Por �m, a imagem pessoal transmite a identidade da pessoa. 48 2.1.1 História Mesmo antes de Fernand Aubry conceituar o visagismo, a linguagem visual já era estudada. No século VI a.C, os gregos identi�caram os meios representativos da realidade visual por meio da Ciência e da Matemática, conceituando a relação entre proporção, volume e movimento e descobrindo que a perfeição geométrica era, também, artisticamente bela. Foi na Renascença que a linguagem visual se desenvolveu ainda mais. Entre 1400 e 1500, várias descobertas em relação à ótica e suas perspectivas ocorreram durante o Quattrocento, termo referente ao movimento histórico e artístico italiano que envolveu grandes artistas �orentinos, como Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael Sanzio. Nessa época, foi desenvolvida a arte do Realismo e discutia-se o uso da Anatomia, da luz, da cor e de suas perspectivas na criação de imagens com realismo, profundidade e volume. Do século XV até os dias atuais, a linguagem visual se so�sticou, em muitos fatores contribuíram para essa evolução. O interesse cientí�co contribuiu com muitas descobertas, tornando-se peça-chave para a criação de imagens realistas e fotográ�cas. Foi somente a partir de 1970, na Alemanha, que se aderiram novos conhecimentos sobre Neurociência e Psicologia à percepção visual. Hoje, o desenho não é mais ensinado, apenas, como uma técnica, mas também como uma linguagem. Os intuitos são: evitar o ensino de fórmulas e esquemas; e proporcionar o conhecimento necessário para se enfrentar os desa�os na área visual. 49 2.1.2 Conceito Para o brasileiro Philip Hallawell (2009), artista plástico e visagista, os pro�ssionais da área de beleza e estética, que trabalham com imagem pessoal, têm uma responsabilidade direta na autoestima das pessoas. Portanto, as mudanças visuais requerem cuidado e atenção, pois devem ser analisadas conforme o per�l, a personalidade e as características de cada um. Ao contrário da arte do escultor ou do pintor, o visagista é um pro�ssional da arte aplicada, ou seja, deve atender às necessidades do cliente, enquanto o artista se preocupa em atender às re�exões e aos pensamentos acerca de seu trabalho. Por isso, é válido ressaltar que o visagista não deve impor aos seus clientes padrões e estilo, pois, se isso ocorrer, o pro�ssional estará expressando suas preferências, em vez de atender às necessidades dos clientes. Philip Hallawell é artista plástico e pesquisador de linguagem visual. Hallawell associa seu trabalho às áreas da Psicologia, Neurobiologia e Antropologia. É autor dos livros Visagismo integrado: identidade, estilo e beleza (2009) e Visagismo, harmonia e estética (2010). D I CA 50 O pro�ssional de beleza, portanto, precisa conscientizar-se da importância da identidade e da imagem pessoal e de como essa relação afeta o modo com que as pessoas se expressam. A exemplo disso, são notórios os benefícios da adequação da imagem de uma pessoa a partir dos recursos de visagismo. Há um reconhecimento no espelho, e isso se re�ete nas demais áreas da vida, tanto pessoal quanto pro�ssional. A possibilidade de transformação implica na construção de uma identidade e no próprio reconhecimento pessoal. Visto isso, qual seria a importância do visagista na sociedade contemporânea, na qual somos avaliados por aquilo que representamos? Segundo Hallawell (2010), é importante que o visagista conheça os fundamentos da linguagem visual e suas aplicações diante de: 51 Fundamentos da linguagem visual © ponsuwan / / 123RF. (Adaptado). É importante estabelecer a conexão entre as técnicas de visagismo e a identidade pessoal. A relação do rosto com o senso que cada pessoa tem de si é um dos aspectos mais importantes para a construção da imagem pessoal. O reconhecimento que temos das pessoas se inicia, principalmente, pelo rosto, pois este se apresenta como a porta de entrada ou o cartão de visitas de cada um. É fácil atribuirmos valores aos rostos das pessoas e, também, associar sensações a imagem do corpo. Isso acontece quando lembramos de alguém e, logo, surge a imagem da pessoa seguida de seus gestos e suas sensações, sejam essas positivas, como alegria e simpatia, ou negativas, como rejeição e empatia. No visagismo, é muito importante identi�car e reconhecer os formatos de rosto e seus padrões. Sabe-se que o formato do rosto é o fator mais importante para determinar a linha de corte e a adequação da maquiagem. Reconhecer os padrões de rosto vai além da identi�cação 52 dos formatos, pois é necessária uma análise das partes do rosto e do formato da cabeça. É indicado, também, observar e comparar os espaços e as linhas que, juntos, compõem o formato do rosto. A Anatomia (em especial, a estrutura óssea) determina o formato do rosto. Se acaso o osso frontal de uma pessoa for mais largo, proporcionalmente a uma mandíbula �na, o rosto terá o formato de triângulo invertido. Por outro lado, pessoas com arco zigomático maior têm maçãs do rosto visivelmente maiores, com o formato do rosto hexagonal. Para analisar os formatos de rosto, os principais pontos a serem observados são: a altura e a largura da testa; e o formato das maçãs e da mandíbula. Rostos quadrados são constituídos por ângulos retos, enquanto os rostos ovais têm formas mais arredondadas, e os rostos triangulares têm características angulares. A Psico�ognomia é uma ciência utilizada pelos antigos egípcios que analisa o formato do rosto e, por meio dessa análise, aponta as características psicológicas, a personalidade e os fatores que permitem à pessoa se autoconhecer. C U R I O S I D A D E 53 2.2 Princípios Básicos Veremos, a seguir, sobre os princípios básicos que regem o visagismo. São eles: a linguagem visual e a inteligência visual. Enquanto a primeira é associada à interpretação, a segunda preocupa-se com a capacidade de compreensão. 2.2.1 Linguagem visual A linguagem visual é responsável pela interpretação dos símbolos grá�cos em sentimentos ou em ideias. Já a comunicação visual tem por �nalidade estruturar o sentir e o pensar; além do mais, é uma ferramenta de representação de ideias, por meio do conhecimento dos elementos visuais, sua ordenação e compreensão. No entanto, quanto mais abstrata a linguagem, mais difícil sua compreensão, pois a interpretação é moldada pelos repertórios pessoal e mental de cada um. Dessa forma, a comunicação visual é caracterizada pela expressão, exteriorizada por meio de um simples desenho ou de técnicas mais avançadas. No entanto,para a comunicação ser compreendida, de 54 acordo com o seu objetivo, deve-se utilizar da linguagem visual, constituída por elementos grá�cos como as linhas, a forma, a cor, o equilíbrio e a relação entre luz e sombra. Ao observarmos um desenho, vemos nele a presença desses elementos. Resumidamente, a criação de uma imagem, com o objetivo de transmitir uma ideia, pressupõe o uso de uma linguagem visual. 2.2.2 Inteligência visual A capacidade de ver aquilo que outros não veem, de ver o que não está lá e deveria estar ou de ver os pontos positivos e os negativos, é denominada inteligência visual. A inteligência visual é de�nida por um conjunto de habilidades, as quais, se usadas de forma correta, permitem a compreensão e a interpretação de uma imagem. Esse tipo de inteligência permite que uma pessoa veja algo que ainda não está estruturado, e como �cará depois de arranjado. É uma ferramenta muito utilizada por designers, artistas e visagistas. Nesse contexto, o nível de inteligência visual está relacionado à percepção e à capacidade de observação, desenvolvendo-se a partir de um apuramento das percepções sensório-motoras, permitindo, assim, uma boa discriminação das cores, das dimensões, das formas e das relações espaciais. Normalmente, as pessoas com esse tipo de inteligência possuem certo domínio da coordenação motora e conseguem recriar suas experiências visuais sob diferentes formas. Tratam-se de indivíduos que, frequentemente, associam os pensamentos às imagens visuais, lembrando-se facilmente de tais imagens. 55 2.3 Ferramentas do Diagnóstico Visagista Segundo Trindade (2013), o visagista necessita de ferramentas que o auxiliem durante a interpretação visual e as mensagens propostas pelo seu cliente. Além disso, o pro�ssional deve se respaldar nos conceitos da aparência (uma das maneiras de comunicação não falada) e do discurso (a mensagem transmitida de acordo com a identidade pessoal). A seguir, veremos quais são as ferramentas utilizadas pelo visagista e de que maneira elas se aplicam. 2.3.1 Visualização A visualização é uma das principais ferramentas do visagismo. As ações de observar algo ou alguém e assimilar o que se vê ao contexto, às características e ao ambiente, somadas, são fatores que contribuem para a visualização no sentido menos super�cial possível, em que se deve atentar para as questões geométricas, as formas e linhas e a proporção. 56 2.3.2 Gestual intuitivo O gestual intuitivo está relacionado aos gestos, às ações e às atitudes, ou seja, está associado à linguagem corporal não visual. Nosso corpo, independentemente de estar estático ou em movimento, está em interação com o meio o tempo todo. A mensagem é transmitida por meio dos movimentos dos braços, das pernas, dos olhos, das mãos, da cabeça, en�m, de todo o corpo. A comunicação abrange a interpretação dos gestos, da postura, das expressões faciais, do movimento dos olhos e da proximidade entre quem transmite e quem recebe a mensagem. Dentro desse contexto, a Cinesiologia é a ciência que analisa o movimento do corpo humano e, juntamente com outras linhas de pesquisa, como a Paralinguagem, a Linguística, a Neurociência, a Psicologia e a Oratória, contribui para a interpretação do gestual intuitivo. Charles Darwin foi um dos primeiros pesquisadores a investigar a linguagem corporal como uma das primeiras formas de comunicação. Sua pesquisa foi publicada no livro A expressão das emoções em homens e animais, no qual defendia que os mamíferos demonstravam suas emoções por meio de expressões faciais. C U R I O S I D A D E 57 De acordo com Hallawell (2009), o visagista, além do domínio de técnicas aplicadas às linhas e às formas, deve conhecer os mecanismos de comunicação do seu cliente durante a construção da imagem pessoal. Por isso, a interpretação dos gestos pode ser uma excelente ferramenta para determinar a identidade pessoal de cada um. 2.3.3 Cores e formas As cores são responsáveis pela transmissão de sentidos e mensagens. No visagismo, a cor é ferramenta que deve ser utilizada adequadamente, de acordo com o tipo e o tom de pele de cada pessoa. © subbotina / / 123RF. Um elemento fundamental para o surgimento da cor é a luz. No século XVII, a luz era de�nida como sendo aquilo que o olho vê e que causa sensações visuais. A Física, nos dias de hoje, de�ne cor como a radiação 58 percebida pelos órgãos visuais, na qual a luz branca é composta de ondas que vibram em diversas frequências, cada uma correspondendo a uma das cores do arco-íris. Essas frequências de onda são obtidas a partir da divisão da velocidade da luz, que é constante (cerca de 300 mil quilômetros por segundo), pelo comprimento. O físico inglês Isaac Newton (1642-1727) descobriu, por meio de suas pesquisas, que o olho vê as ondas, apenas, num espectro entre 400 e 700 milimícrons (mµ); portanto, essas ondas correspondem às cores que enxergamos. Por exemplo: comprimentos pequenos (cerca de 400 mµ) correspondem ao violeta, enquanto comprimentos maiores (700 mµ) correspondem à cor vermelha; no entanto, a ausência de luz corresponde ao preto. O espectro vai do infravermelho, que é a onda mais larga, passando pelo verde até chegar ao azul, que é a onda mais curta. É importante esclarecer que não enxergamos a cor; o que ocorre, de fato, é que nosso cérebro registra uma sensação de cor ao captar as ondas de luz. A luz incidida sobre um objeto o ilumina e fornece condições para a visualização deste; assim, apenas as ondas correspondentes às cores do objeto são re�etidas, e as outras ondas são absorvidas por meio de uma reação química. O �siologista Thomas Young (1783-1829) e, posteriormente, o físico Ludwig Ferdinand von Helmholtz desenvolveram a Teoria Tricromática. De acordo com essa teoria, a onda de luz re�etida é captada por receptores da retina; tal onda, ao ser enviada ao cérebro, é interpretada como a cor correspondida. 59 Ressalta-se, aqui, a importância de distinção entre cor e pigmento. Ao de�nirmos cor, sabemos que ela é energia, e sua vibração ocorre em três faixas de frequência (azul, verde e vermelho). A cor é energia, e o pigmento é o material químico que tinge uma superfície com determinada cor. Quando misturados, os pigmentos reagem de acordo com um padrão (Teoria da Cor). Porém, de acordo com essa teoria, nem todas as tintas se misturam, e isso depende muito da qualidade do pigmento e do processo de aplicação da tinta. No visagismo, por exemplo, é importante observar que a cor da pele altera a cor da maquiagem; por isso, ao se aplicar uma base, deve-se atentar para a pele e a cor do produto (base). De acordo com Pedrosa (1999), os pigmentos são classi�cados em: cromáticos: que contêm cor; acromáticos: não contêm cor e são produzidos pela mistura do preto e do branco. Os pigmentos cromáticos são classi�cados em três categorias: primários, secundários e terciários. Se você gosta de artes, tecnologia e design, vai se identi�car com o blog Design Culture. O site apresenta cursos e vídeos que possibilitam ao leitor compreender o impacto da imagem e da cor. Além disso, há um artigo especí�co sobre a análise de paletas cromáticas em diversos �lmes (TORRES, 2016, on-line). D I CA 60 Cores primárias: não podem ser obtidas pela mistura de outros pigmentos; portanto, são consideradas puras. Cores secundárias: para se obter uma cor secundária, é necessário que dois pigmentos primários sejam misturados. Cores terciárias: são variações do preto e do cinza e são obtidas pela mistura de um pigmento primário e outro secundário. Veja a �gura “Representação do triângulo da cor”. Representação do triângulo da cor © Nattaya Makerd / / 123RF. (Adaptado). As cores criam contrastes entre si, ou seja, há uma vibração visual quando são colocadas lado a lado. O contraste de cor ocorre, apenas, entre as cores primárias e secundárias; no entanto, quando há choques sucessivos ou unicamente expansivos, percebe-se uma desarmonia de cor. Quando bem controlados, os contrastes fornecem vibrações harmônicas às imagens esão classi�cados, de acordo com a intensidade, em: 61 alto-contraste: ocorre entre uma cor primária e a cor secundária oposta, ou entre duas cores secundárias; médio-contraste: ocorre entre duas cores primárias; leve-contraste: ocorre entre uma cor primária e outra secundária vizinha; por exemplo: amarelo e laranja. O equilíbrio no uso das cores denomina-se harmonia; esta, por sua vez, está associada às áreas neutras e às áreas de cor que estimulam os olhos. Embora o olho humano tenha a sensibilidade de reagir positivamente aos estímulos, não responde bem aos exageros. Quando uma imagem possui muitos contrastes, é considerada de alta vibração; por outro, quando possui pouco contraste, é considerada de baixa vibração. O exagero nos contrastes gera desarmonia; já a falta de exagero ocasiona desinteresse. Existem dois tipos de harmonia: a monocromática e a policromática. Israel Pedrosa foi um pintor e pesquisador. Sua obra Da cor à cor inexistente apresenta o desenvolvimento da teoria das cores, desde Da Vinci, Newton, Goethe, Maxwell e Chevreul. O livro aborda com clareza temas como harmonização das cores, mutações cromáticas e cor inexistente (PEDROSA, 1999). Um título indispensável para artistas, designers, estudantes de arte, professores e visagistas. B I O G R A F I A 62 Monocromática: nesse tipo, há poucos contrastes de cor. Uma única cor primária ou secundária é dominante, e são usados, apenas, tons variados do mesmo segmento. Policromática: esse tipo é muito colorido e não apresenta muitas cores primárias ou secundárias. Caracteriza-se por possuir muitos contrastes. Além disso, as cores são classi�cadas de acordo com o tom e a temperatura. As cores de tom claro são: amarelo, laranja e verde- amarelado. Já as cores escuras são: vermelho, roxo, verde e azul. As cores, ainda, podem ser frias (azul, verde e roxo) ou quentes (amarelo, laranja e vermelho). Outro aspecto importante a ser considerado é a identi�cação das formas, pois elas classi�cam os formatos de rosto e podem ser uma excelente ferramenta para se de�nir o gestual intuitivo. Portanto, é fundamental identi�car as formas geométricas na �gura humana. Se observarmos a cabeça, o rosto, o pescoço e os ombros, será possível identi�car as formas geométricas: oval (rosto); esfera ovoide (cabeça); esfera e cilindro (olhos); cilindro (pescoço); pirâmide (nariz); retângulo (testa); e triângulo (parte central do rosto, boca e ombros). As formas geométricas são formadas por linhas, e sua composição pode simbolizar emoções e temperamentos. Veja a �gura “Formas geométricas”. 63 Formas geométricas HALLAWELL, 2010, p. 50. Quadrado Tanto o quadrado quanto a forma retangular são formados por linhas verticais e horizontais. Portanto, qualquer imagem, objeto ou espaço, até mesmo os rostos e os cortes de cabelo com esses formatos, expressam poder, força, segurança, intelectualidade e frieza. Já observou que, muitas vezes, chamamos as pessoas conservadoras de “quadradas”? Na verdade, isso faz sentido quando relacionamos o formato quadrado à resistência. Triângulo Formado por linhas inclinadas, o triângulo possui a base horizontal, que proporciona estabilidade à medida que os outros lados proporcionam a sensação de dinamismo. Embora as linhas inclinadas dirigem o olhar para cima, quando um corte de cabelo tem esse formato, as linhas laterais se voltam para baixo, criando a sensação de imobilidade e peso. Uma curiosidade acerca do triângulo invertido é sua relação simbólica com o perigo, pois essa forma fornece a sensação de insegurança. Isso se torna ruim quando associamos tal triângulo à 64 imagem pessoal. Contudo, quando as linhas dessa forma se inclinam para cima, expressam energia e leveza. Círculo O círculo é formado por uma linha curva, sendo de�nido pela sua estabilidade e, ao mesmo tempo, pelo movimento. Essa forma permite a sensação de movimento eterno que se autolimita. Exemplo disso é a imagem da serpente engolindo seu próprio rabo, formando um círculo e simbolizando a eternidade. A discussão sobre o impacto da pressão estética e a desconstrução dos padrões alimentados pela mídia e pela indústria da moda tem a função de desmisti�car o conceito de beleza e perfeição. Enquanto pro�ssional visagista, como seguir as técnicas e os padrões estabelecidos pela indústria estética e, ao mesmo tempo, respeitar a individualidade e as limitações de cada um? O reconhecimento das formas geométricas possibilita ao visagista explorar o processo criativo por meio da modi�cação dos padrões existentes. Embora as formas do rosto sejam inalteradas, a não ser por 65 métodos cirúrgicos e invasivos, o visagista tem diversas opções para modi�car a aparência e a expressão de uma pessoa, usando técnicas baseadas nas estruturas, na cor e na luz. 2.3.4 Linguagem É vista uma relação entre as imagens e a forma como as usamos, em busca de estabelecer uma linguagem e, a partir disso, estabelecer mecanismos de interação. Na tentativa de propor uma linguagem, por meio dos elementos de sintaxe visual, o visagismo pode ser considerado uma ferramenta de construção da imagem humana. Os princípios que compõem essa construção são baseados, além da linguagem visual, na estética, na proporção, na simetria, nas cores, nas formas e na personalidade, possibilitando leituras e a interpretação da imagem. Essa é a razão pela qual as estratégias de comunicação devem ser pautadas em uma linguagem visual estética e sensorial. A relação entre o visagismo e a imagem transmitida trata-se de um método multidisciplinar baseado nas teorias e nas pesquisas das áreas da Psicologia, da Cognição, da Neurociência e da Antropologia. Pesquisas mostram a relação das simbologias (nomeadamente: linhas, formas e cores) e como seu signi�cado é transversal em todas as culturas. As formas e as estruturas possuem, em sua composição, um signi�cado arquetípico, ou seja, toda a imagem produz uma reação emocional, antes de ser compreendida racionalmente. Embora a reação emocional seja individual, ela está associada às memórias e às experiências passadas. 66 Para compreender melhor a aplicação do visagista no contexto da comunicação, é preciso compreender a constituição da linguagem. Primeiramente, é realizada uma análise geométrica na face do cliente; em seguida, é determinado o temperamento dessa pessoa; por �m, é discutida a mensagem que se pretende expressar por meio da imagem. Em outro momento, inicia-se a aplicação das técnicas e do domínio dos elementos que compõem a linguagem visual, ou seja, o visagista transforma uma intenção em uma imagem estética e harmônica. 67 ! Recapitulando Vimos, neste capítulo, o conceito de visagismo e como aplicá-lo baseando-se na identi�cação dos traços físicos, expressivos e emocionais. Aprendemos sobre a necessidade de expressar e transmitir mensagens por meio da imagem pessoal. Todos nós queremos nos sentir únicos e nos reconhecermos como parte integrante de um grupo que nos “lê” por meio do que vestimos, do corte de cabelo, da maquiagem, da postura, do temperamento e muito mais. De uma forma mais simplista, o visagismo compreende conceitos de harmonia e de estética, auxiliando na forma como a pessoa quer ser “lida”. Não devemos confundir tudo isso com futilidade, pois nossa impressão é o que vai de�nir nossas relações e nossa autoestima. Sabemos que a mídia e a moda impõem padrões de beleza, muitas vezes, contrários ao que a maioria das pessoas pode ou quer adquirir. Esse é um debate que deve ser destacado, pois não existe estereótipo perfeito, e a busca por perfeição tem trazido consequências devastadoras para a autoestima, em especial, das mulheres. Nisso, não 68 há nada de belo! Beleza e estilo não podem ser limitados aos padrões, e sim ao harmônico e ao saudável. Sua impressão, além do que você expressa �sicamente, também engloba seu emocional e seu cognitivo. Proposta de Atividade Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo! Elabore um texto argumentativo de, no máximo, 15 linhas sobre
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