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PDF Visagismo e imagem Pessoal

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Prévia do material em texto

Visagismo e Imagem Pessoal
Beatriz Cardoso de Freitas
CRÉD ITOS
Presidente da Divisão de Ensino
Prof. Paulo Arns da Cunha
Reitor
Prof. José Pio Martins
Direção Acadêmica
Prof. Roberto Di Benedetto
Gerente de Educação à Distância
Rodrigo Poletto
Coordenação de Metodologia e Tecnologia
Profa. Roberta Galon Silva
Autoria
Beatriz Cardoso de Freitas
Parecer Técnico
Patricia Nuevo
Supervisão Editorial
Felipe Guedes Antunes
VG EDUCACIONAL
Análise de Qualidade, Edição de Texto, Design Instrucional, Edição de Arte,
Diagramação, Design Grá�co e Revisão.
© Universidade Positivo 2019
Rua Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5300 – Campo Comprido
Curitiba-PR – CEP 81280-330
*Todos os grá�cos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Imagens de ícones/capa: © 123RF
II
Caro aluno,
A metodologia da Universidade Positivo apresenta materiais e 
tecnologias apropriadas que permitem o desenvolvimento e a interação 
entre alunos, docentes e recursos didáticos e tem por objetivo a 
comunicação bidirecional entre os atores educacionais.
O seu livro, que faz parte dessa metodologia, está inserido em um 
percurso de aprendizagem que busca direcionar a construção de seu 
conhecimento por meio da leitura, da contextualização teórica-prática 
e das atividades individuais e colaborativas; e fundamentado nos 
seguintes propósitos:
valorizar suas experiências;1
2 incentivar a construção e a reconstrução do conhecimento;
3 estimular a pesquisa;
4 oportunizar a reflexão teórica e aplicação consciente dos temas abordados.
COMPREENDA SEU LIVRO
III
Objetivos do capítulo
Indicam o que se espera que você 
aprenda ao final do estudo do 
capítulo, baseados nas necessidades 
de aprendizagem do seu curso.
Contextualizando o cenário
Contextualização do tema que será 
estudado no capítulo, como um cenário 
que o oriente a respeito do assunto, 
relacionando teoria e prática.
Tópicos que serão estudados
Descrição dos conteúdos que serão 
estudados no capítulo.
Pausa para refletir
Ao final do Contextualizando o cenário, 
consta uma pergunta que estimulará sua 
reflexão sobre o cenário apresentado, 
com foco no desenvolvimento da sua 
capacidade de análise crítica.
Pergunta norteadora
Ao final do Contextualizando o cenário, 
consta uma pergunta que estimulará sua 
reflexão sobre o cenário apresentado, 
com foco no desenvolvimento da sua 
capacidade de análise crítica.
Proposta de atividade
Sugestão de atividade para que você 
desenvolva sua autonomia e siste-
matize o que aprendeu no capítulo.
Boxes
São caixas em destaque que podem 
apresentar uma citação, indicações de 
leitura, de filme, apresentação de um 
contexto, dicas, curiosidades etc.
Referências bibliográficas
São todas as fontes utilizadas 
no capítulo, incluindo as fontes 
mencionadas nos boxes, adequadas 
ao Projeto Pedagógico do curso.
Recapitulando
É o fechamento do capítulo. Visa 
sintetizar o que foi abordado, reto-
mando os objetivos do capítulo, a 
pergunta norteadora e fornecendo 
um direcionamento sobre os 
questionamentos feitos no decorrer do 
conteúdo.
PERCURSO
IV
BOXES
Assista
Indicação de filmes, vídeos 
ou similares que trazem 
informações complementares 
ou aprofundadas sobre o 
conteúdo estudado.
Contexto
Dados que retratam onde 
e quando aconteceu 
determinado fato; demonstram 
a situação histórica, social e 
cultural do assunto.
Dica
Um detalhe específico 
da informação, um breve 
conselho, um alerta, uma 
informação privilegiada sobre o 
conteúdo trabalhado.
Exemplo
Informação que retrata de 
forma obje tiva determinado 
assunto abordando a relação 
teoria-prática.
Afirmação
Citações e afirmativas 
pronunciadas por teóricos de 
relevância na área de estudo.
Biografia
Dados essenciais e pertinentes 
sobre a vida de uma 
determinada pessoa relevante 
para o estudo do conteúdo 
abordado.
Curiosidade
Informação que revela algo 
desconhecido e interessante 
sobre o assunto tratado.
Esclarecimento
Explicação, elucidação sobre 
uma palavra ou expressão 
específica da área de 
conhecimento trabalhada.
V
Apresentação 001
Autor 002
Capítulo 1
História da Beleza 003
Contextualizando o Cenário 005
1.1 Pré-História e Antiguidade 006
1.1.1 Paleolíticos e neolíticos 012
1.1.2 Mesopotâmia 013
1.1.3 Egito 013
1.1.4 Creta 015
1.2 Idade Média e Renascimento 017
1.2.1 Oriente 018
1.2.2 Ocidente 018
1.2.3 Renascimento 019
1.3 Século XVII ao XIX 021
1.3.1 Vaidade no século XVII 022
1.3.2 O requinte no século XVIII 022
1.3.3 Romantismo 022
1.4 Século XX e os Tempos Atuais 024
1.4.1	 Influência	do	século	XX 025
1.4.2 Contemporaneidade 025
1.4.3	 Tendências	atuais 035
1.4.4	 Referências	históricas	na	atualidade 038
Recapitulando 041
Proposta de Atividade 042
Referências 043
SUMÁRIO
VI
SUMÁRIO
Capítulo 2
Introdução ao Visagismo 044
Contextualizando o Cenário 046
2.1 Visagismo 047
2.1.1	 História	 049
2.1.2 Conceito 050
2.2 Princípios Básicos 054
2.2.1 Linguagem Visual 054
2.2.2	 Inteligência	Visual	 055
2.3 Ferramentas do Diagnóstico Visagista 056
2.3.1 Visualização 056
2.3.2 Gestual intuitivo 057
2.3.3 Cores e formas 058
2.3.4 Linguagem 066
Recapitulando 068
Proposta de Atividade 069
Referências 070
Capítulo 3
Formatos de Rosto 071
Contextualizando o Cenário 073
3.1 Análise das Linhas Faciais 074
3.1.1 Tipos de formatos – 7 primários 078
3.1.2	 Perfil	do	rosto	 083
3.1.3 Máscara 084
3.2 Divisão dos Terços e Proporções Faciais 086
3.2.1 Razão 087
3.2.2 Emoção 088
VI
SUMÁRIO
3.2.3 Intuição 088
3.2.4 Medidas das feições e sua proporção 088
3.3 Feições 091
3.3.1	 Sobrancelhas	 091
3.3.2	 Olhos	 093
3.3.3 Nariz 093
3.3.4 Boca 094
3.4 Temperamentos 095
Recapitulando 099
Proposta de Atividade 100
Referências 101
Capítulo 4
Estilos e Biotipos 102
Contextualizando o Cenário 104
4.1 Design da Imagem 105
4.1.1 Imagem Pessoal 107
4.1.2 Autoimagem e autoestima 107
4.1.3 Comunicação verbal e não verbal 108
4.2 Biotipos 110
4.2.1	 Tipos	de	Silhueta 110
4.2.2 Proporção 112
4.3 Estilos 113
4.3.1 Tipos de estilo 113
4.3.2	 Moda	x	tendência	 114
VIII
SUMÁRIO
4.4 Consultoria de Imagem 117
4.4.1	 Mercado	de	trabalho 117
4.4.2 Etapas da consultoria 118
Recapitulando 138
Proposta de Atividade 139
Referências 139
Capítulo 5
Teoria das Cores e Coloração Pessoal 141
Contextualizando o Cenário 142
5.1	 Classificação	das	Cores 144
5.1.1 Cores primárias 146
5.1.2 Cores secundárias 149
5.1.3 Cores terciárias 149
5.1.4 Círculo cromático 150
5.2 Propriedades da Cor 153
5.2.1 Matiz 153
5.2.2 Saturação ou intensidade 154
5.2.3	 Valor	ou	brilho 155
5.3 Coloração Pessoal 156
5.3.1 Sazonal 157
5.3.2 Sazonal expandida 166
Recapitulando 170
Proposta de Atividade 171
Referências 171
IX
SUMÁRIO
Capítulo 6
Ferramentas e Produtos 173
Contextualizando o Cenário 175
6.1 Tipos de Produtos 176
6.1.1 Preparação da pele 180
6.1.2 Preparação e correção da pele – fundação da maquiagem 183
6.1.3	 Olhos 186
6.1.4 Boca 187
6.2 Ferramentas e Acessórios 190
6.2.1 Tipos de pincéis e funções 193
6.2.2	 Acessórios	de	maquiagem 196
6.3 Higienização e Organização 198
6.3.1 Lavagem 200
6.3.2 Limpadores 200
6.3.3 Organização da bancada 201
Recapitulando 205
Proposta de Atividade 206
Referências 206
Capítulo 7
Técnicas de Maquiagem Básica 208
Contextualizando o Cenário 210
7.1 Proporção e Harmonia e Cílios Postiços 211
7.1.1 Pontos de simetria 212
7.1.2	 Proporção	dos	olhos 213
7.1.3	 Intensidade	e	harmonização	das	sombras 216
7.1.4 Cílios postiços 218
X
SUMÁRIO
7.2 Preparação e Correção de Pele 221
7.2.1 Corretores para neutralização de tons indesejados 223
7.2.2 Preparação da pele 225
7.2.3 Iluminação e Contorno 227
7.2.4 Finalização 230
7.3 Maquiagem clássica231
7.3.1 Proposta de maquiagem 232
7.3.2 Esfumado e tons neutros 233
7.3.3 Tipos de delineado 234
7.3.4	 Boca	Vermelha 236
7.4 Maquiagem Smokey Eye 239
7.4.1 Proposta de maquiagem 240
7.4.2 Diferentes técnicas de execução 241
7.4.3 Mitos 242
Recapitulando 243
Proposta de Atividade 244
Referências 244
Capítulo 8
Técnicas de Maquiagem Avançada 246
Contextualizando o Cenário 248
8.1 Smokey Glam 249
8.1.1 Proposta da Maquiagem 251
8.1.2 Aplicação de glitter 257
8.2 Pálpebra Luz 260
8.2.1 Proposta da Maquiagem 261
8.2.2 Diferentes técnicas de execução 262
8.3 Semi Cut 265
8.3.1 Proposta da Maquiagem 265
8.3.2 Cut crease 268
XI
SUMÁRIO
8.3.3 Cut crease aberto 269
8.3.4 Double cut crease 270
8.4 Esfumado Noiva 272
8.4.1 Proposta de Maquiagem 273
8.4.2 Mercado de noivas 275
Recapitulando 278
Proposta de Atividade 279
Referências 279
XII
Apresentação
A criação da beleza e sua customização estabelecem uma identidade
personalizada. Nesse contexto, o visagismo corresponde à identi�cação de
características e análise das possibilidades para o reconhecimento da imagem
pessoal. É importante conhecer as medidas e proporções, mas também
reconhecer as expressões, os temperamentos e o caráter emotivo de cada
indivíduo, pois a beleza está na particularidade.
Nem sempre o que é simétrico e considerado ideal é o melhor para uma pessoa.
É nesse momento que o visagista mostra suas habilidades de observação e
análise. Há um conjunto de fatores a serem estudados e cada fator tem seu
objetivo e sua aplicabilidade. Assim, a importância do pro�ssional na construção
da imagem pessoal vai além da estética, pois ele é responsável por proporcionar
autoestima e con�ança para seus clientes. Esse é o diferencial de quem atua
nessa área.
1
A U T O R A
Beatriz Cardoso de
Freitas
A professora Beatriz Cardoso de Freitas é
mestre em Biociências e Fisiopatologia pela
Universidade Estadual de Maringá (UEM,
2018). É especialista em Anatomia Humana e
Histologia pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM, 2016). Tem graduação em
Biomedicina pela Universidade Estadual de
Maringá (UEM, 2015). Atualmente, desenvolve
pesquisas na área de Biomedicina estética e
fotoproteção. Atua como tutora educacional,
na educação a distância, dos cursos de
graduação em bem-estar (Estética e
Cosmetologia, Terapias integrativas e
complementares e Podologia).
LATTES
2
http://lattes.cnpq.br/0677411874411773
CAPÍTULO 1
História da Beleza
Objetivos do Capítulo
Compreender a evolução da indumentária, cabelo, maquiagem,
mostrando que a percepção de beleza pode ser diferente, por meio
de cada época, contexto social e o movimento vivido.
Tópicos de Estudo
Tópico 1 - Pré-História e Antiguidade.
Paleolíticos e Neolíticos.
3
Mesopotâmia.
Egito.
Creta.
Tópico 2 - Idade Média e Renascimento.
Oriente.
Ocidente.
Renascimento.
Tópico 3 - Século XVII ao XIX.
Vaidade no século XVII.
O requinte no século XVIII.
Romantismo.
Tópico 4 - Século XX e os tempos atuais.
In�uência do século XX.
Contemporaneidade.
Tendências atuais.
Referências históricas na atualidade.
4
Contextualizando o Cenário
Neste capítulo, serão abordados os principais pontos acerca da história
da beleza e seu impacto na indumentária em cada contexto histórico e
nas tendências atuais. Na medida em que beleza e estilo estão
associados a uma identidade, sentir-se belo e único não é uma futilidade,
mas uma maneira de expressar uma ideia, ressaltar alguma característica
de empoderamento, de liderança ou, apenas, relacionada ao
reconhecimento visual.
Desse modo, o visagista tem grande importância nesse cenário. É válido
ressaltar que o conceito de beleza é próprio de cada um. Juntamente
com a aparência física, as pessoas são um conjunto de experiências
pessoais e valores. Assim, a maquiagem e as roupas são importantes
ferramentas, que auxiliam a construção da imagem pessoal; uma das
formas de se fazer isso é por meio da evidenciação positiva das
características do indivíduo.
Diante desse cenário, questiona-se: o comportamento das pessoas é
in�uenciado pelo que elas vestem? As roupas que elas usam têm
algum referencial histórico?
5
1.1
Pré-História e Antiguidade
A beleza é um conceito que se refere àquilo que se mostra atrativo e
desperta emoções. Para Hallawel (2010), os sentidos humanos são
responsáveis pela percepção das formas, cores e sensações, e a
interpretação disso tudo resulta no que é considerado belo ou não.
O belo é algo que agrada e apresenta alguma particularidade especial,
que pode ser a harmonia, o equilíbrio ou apenas a aparência. Platão
considerava a beleza como uma ideia superior às outras. Por sua vez,
Aristóteles percebeu uma relação entre o belo e as virtudes.
6
© so�azhuravets / / 123RF.
De acordo com Braga (2007), o mercado da moda e da beleza busca
referências e tendências ao longo da história. A cada dia, novas
tecnologias cosméticas possibilitam transformações e camu�agens. Do
francês maquiler, maquiagem signi�ca a arte de se embelezar e pintar o
rosto. Em inglês, o termo é make-up e foi criado pelo famoso maquiador
Max Factor.
Durante a evolução humana, a cultura e a sociedade têm colocado, cada
vez mais, as mulheres nas atividades econômicas; isso tem re�etido,
diretamente, na moda, ditando tendências. O ato de se maquiar tornou-
se algo diário na vida da mulher moderna e, nesse sentido, a maquiagem
é uma poderosa ferramenta, que reforça o estilo e a personalidade.
Nesse universo, muitos recursos podem ser utilizados, e o mercado de
cosméticos é o que mais cresce no mundo, visto que, a cada dia, surgem
novos produtos e inovações tecnológicas.
7
É importante ressaltar que a maquiagem não é um recurso apenas
feminino, pois se trata de um contexto de vaidade maior, no qual as
pessoas passam mais tempo na frente dos espelhos e das câmeras.
Nesse contexto, os homens também estão buscando mais recursos
estéticos, a �m de melhorar a aparência e alavancar a autoestima.
Historicamente, desde a antiguidade, inúmeros recursos são utilizados
para o embelezamento da aparência, como a medida da perfeição, a
proporção áurea e as técnicas de visagismo aplicadas à maquiagem.
Na região da Mesopotâmia, surgiram as primeiras pinturas à base de
carvão, hena e de outros resíduos naturais. Os gregos, contudo,
preocupavam-se mais com a saúde e a beleza, mas não utilizavam a
maquiagem da mesma forma que no Egito, onde a maquiagem tornou-se
sinônimo de elegância e perfeição, além de ser vista como parte da
higiene.
Os primeiros registros do uso de cosméticos estão relacionados à
civilização egípcia, que utilizava uma mistura de metais pesados nas
pálpebras dos olhos. Nessa época, Cleópatra representava o ideal de
beleza, e as mulheres usavam máscara de farinha e leite, para melhorar a
pele do rosto.
Aproximadamente, 150 a.C., o primeiro creme facial do mundo foi criado
pelo físico Galeno. A fórmula baseava-se na mistura de água, cera de
abelha e óleo de oliva, substituído, mais tarde, por óleo de amêndoas.
O ato de pintar os lábios tornou-se moda no século XVII e, durante os 100
anos seguintes, Paris foi considerada autoridade da moda,
proporcionando uma nova percepção para o mundo da maquiagem.
Somente no século XX, no entanto, com os avanços da indústria química,
os cosméticos tornaram-se produtos de uso geral.
Como marco histórico no mundo da maquiagem, em meados de 1920,
em Paris, o batom teve sua primeira versão embalada em tubo. Em 1930,
o batom dominava o mercado americano, contribuindo para o
8
desenvolvimento de novas formulações.  
Com a Segunda Guerra Mundial, a indústria cosmética teve sua primeira
crise, pois a economia da época se concentrava na produção de armas.
Na década de 1950, com o �m da guerra, a maquiagem volta a ser algo
importante para as mulheres. Pele pálida, lábios realçados e olhos
delineados marcaram essa época. Nos anos de 1960, a indústria
cosmética aprimorou a estética das embalagens e, nos anos de 1970, as
cores tornaram-se populares na maquiagem, acompanhando as coleções
daalta-costura europeia. Além disso, os anos de 1970 foram marcados
pela era disco, assim, a variedade de cores e brilhos in�uenciou a forma
de as pessoas se maquiarem.
No �m da década de 1980, investiu-se em fórmulas mais evoluídas para
cosméticos pigmentados. No início de 1990, �nalmente, surgiram as
fórmulas baseadas nas tecnologias conhecidas atualmente, como
proteção solar e controle do envelhecimento.
9
Embora o acesso a produtos cosméticos seja facilitado pela
in�nidade de opções e marcas, muitas vezes, o uso não
ocorre de forma adequada ou não atende ao objetivo
principal. Além do embelezamento, é importante atentar-se
à harmonização e à leitura da imagem de uma pessoa. Nesse
contexto, cada vez mais, cresce a busca por pro�ssionais que
auxiliem a construção de uma imagem pessoal adequada.
Diante da evolução da maquiagem e da globalização, qual é a
importância dos pro�ssionais nessa área?
A vestimenta também teve grande in�uência na evolução da
humanidade, visto que representa o contexto socioeconômico, as ideais
e os comportamentos de cada época. Assim, a indumentária é a arte
associada ao vestuário e à história dele, relacionando-se aos hábitos, ao
traje, à época e à cultura. Moda, beleza e indumentária andam juntas,
pois estão relacionadas à forma de expressão, à individualidade, às
camadas sociais, à idade e ao sexo.
10
Antes de compreender as tendências e como elas in�uenciam o modo de
vestir, é preciso entender a evolução da indumentária ao longo dos anos,
para que seja possível conhecer melhor a in�uência do vestuário nos
diferentes contextos históricos. De acordo com Nery (2004), a
indumentária é re�exo do gosto contemporâneo e retrata o
desenvolvimento econômico, cultural e político. Uma roupa diferenciada
pode identi�car camadas sociais, idade ou sexos.
Pode-se de�nir a Pré-História como um período anterior ao
aparecimento da escrita. Os povos que viveram entre o Paleolítico e
Neolítico caracterizam o período denominado primitivo, no qual sua
con�guração social, cultural, econômica e religiosa mostrava-se oposta à
do povo ocidental.
Da pedra ao bronze, os corpos humanos passaram a ser representados
pela arte, de maneira mais requintada.
O livro Questão de estilo: 20 itens icônicos que mudaram a
história da moda, de Valéria Manferto de Fabianis, apresenta 20
referências de moda e estilo, marcadas por histórias de coragem
e empreendedorismo. Esse livro tem o objetivo de de�nir o que é
essencial na moda.
D I CA
11
1.1.1 Paleolíticos e Neolíticos
A Pré-História, como exposto anteriormente, foi um período anterior ao
surgimento da escrita, ou seja, anterior há 4000 a.C., pois foi por volta
desse ano que os sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme. Os
homens da Pré-História venceram barreiras impostas pela natureza e
prosseguiram com o desenvolvimento da humanidade na Terra.
Fonte: © aklionka / / 123RF.
As roupas do homem pré-histórico eram feitas de pele de animais, logo,
era necessário dar forma a elas e torná-las maleáveis, uma vez que,
secas, �cavam muito duras e di�cultavam o trabalho e a caça. Em relação
ao uso de adornos, o homem pré-histórico buscava se impor em relação
aos demais mediante a exibição de dentes e garras de animais ferozes.
Além disso, os homens pintavam o rosto com pigmentos extraídos da
argila e de minerais, para reverenciar os deuses em rituais religiosos.
12
1.1.2 Mesopotâmia
A civilização da Mesopotâmia, no atual Oriente Médio, é considerada uma
das mais antigas da história. O traje típico dessa civilização, de modo
geral, era uma espécie de túnica, com mangas curtas e justas. Os homens
das classes mais altas também usavam esse traje de mangas curtas, mas
que era mais longo, chegando até os pés. Também era comum o uso de
cintos enfeitados. De acordo com o status de cada pessoa, os trajes eram
mais ornamentados.
Para esse povo, a barba e o cabelo eram símbolos de beleza. Os reis
costumavam usar barba postiça, cuidadosamente penteada, e, nos
cabelos, utilizavam óleo, a �m de evitar ressecamento e piolhos.
1.1.3 Egito
A civilização egípcia antiga desenvolveu-se às margens do Rio Nilo, por
volta de 3200 a.C. Para os egípcios, a indumentária era um diferenciador
social, representando a distinção entre as classes, pois os nobres tinham
vestimentas luxuosas, e os menos favorecidos, frequentemente,
andavam nus.  
Aproximadamente, por 3.000 anos, a indumentária egípcia permaneceu
sem muitas alterações. Somente a partir de invasões e de in�uências
romanas houve mudanças signi�cativas nessa indumentária.  
Os trajes característicos do antigo Egito eram o Chanti, uma vestimenta
próxima a uma tanga masculina, e o Kalasiris, uma túnica longa, utilizada
por homens e mulheres. Esses trajes podem ser visualizados na �gura
“Vestimenta egípcia”.
13
Vestimenta egípcia
A cor mais usada era a branca, e os tecidos mais comuns eram linho e
algodão. Os indivíduos costumavam raspar a cabeça, a �m de evitar
piolhos, por isso, utilizam perucas feitas de cabelo natural ou de �bras
vegetais. Os mais nobres utilizavam o colar peitoral, feito com metais
pesados e preciosos. Embora fosse hábito andar de pés descalços, as
pessoas também usavam sandálias feitas de palha.    
O clima quente levou os egípcios à criação de óleos, para tratar a pele em
relação aos efeitos do sol. Eles também usavam carvão como uma
espécie de delineador e esse pigmento preto, inclusive, era responsável
por realçar o olhar de Cleópatra. Além dos olhos, os egípcios
evidenciavam os lábios com carmim, um pigmento extraído de inseto e,
no rosto, utilizavam um pó marrom.
14
1.1.4 Creta
Considerada o início da civilização grega, Creta é a segunda maior ilha
situada no Mar Mediterrâneo, que teve seu apogeu cultural entre 1750 e
1400 a.C. A principal forma de economia dessa civilização era a produção
de vinho, azeite, cerâmicas, tecidos e joias.
Em relação ao vestuário, as mulheres usavam uma série de babados,
sobrepostos em uma saia longa, evidenciando a cintura bem afunilada,
além de um tipo de blusa, com costura nos ombros, mangas curtas e com
as mamas à mostra (os seios eram associados à fartura e à fertilidade).
As mulheres também usavam chapéus com algum animal pendurado e
cada um tinha um signi�cado; a cobra, por exemplo, representava poder.
Por sua vez, os homens vestiam-se de modo mais simples, com uma
tanga amarrada por um cinto, evidenciando a cintura. Também
utilizavam joias e adereços e o cabelo e a barba eram grandes e
cacheados.
Acredita-se que a vestimenta do povo cretense era feita de linho, lã ou
couro. Para os pés, em dias mais frios, eram usadas botas e, em dias
quentes, sandálias.
A civilização grega surgiu entre os mares Egeu e Mediterrâneo, por volta
2000 a.C. A indumentária grega caracterizou-se pelos drapeados, em
especial, por uma túnica feita com um grande tecido retangular. Essa
túnica era presa sobre os ombros e embaixo dos braços, sendo uma das
laterais fechada e a outra aberta. No ombro, era presa por al�netes e
broches e, na cintura, por cordões ou cintos. O linho e a lã eram os
tecidos mais utilizados.
Quando os gregos utilizam algum calçado, eram sandálias, presas às
pernas e aos pés por meio de tiras. Comumente, as túnicas eram
tingidas. O único lugar em que era obrigatório o uso de vestes brancas
15
era o teatro, por ser considerado um lugar sagrado.
Dentre os homens, era comum o cabelo curto e a barba para os homens
mais velhos. As mulheres, de modo geral, mantinham o cabelo solto e/ou
faziam amarrações com �tas, além de usarem joias, como braceletes,
colares, brincos e anéis. Em relação à maquiagem, os gregos tiveram
grande in�uência egípcia, e utilizavam cosméticos e tinturas naturais.
Fonte: © elen1 / / 123RF.
A civilização romana é considerada a mais rica da Antiguidade; suas
vestimentas reforçam esse contexto. É válido salientar que a cultura
romana foi muito in�uenciada pela cultura grega. Os homens romanos
vestiam-se com uma túnica e, por cima dela, colocavam outra, bastante
drapeada. Os menos favorecidos usavam apenas umatúnica. Havia
diferentes tipos de túnicas, conforme a função social e a idade de cada
indivíduo. As mulheres, por sua vez, usavam uma túnica longa e com
mangas. Além disso, os penteados eram vistos como um sinal de status,
portanto, eram elaborados.
16
1.2
Idade Média e Renascimento
O período conhecido por Idade Média ocorreu durante um milênio, no
qual a arte era voltada aos interesses da burguesia, de tal forma que as
produções artísticas expressavam ideias, ações e os con�itos da época. O
início do período foi marcado pela invasão e tomada do Império Romano
pelos povos bárbaros, no século V d.C. Os bárbaros eram seminômades,
guerreiros e caçadores.
Com a ruína do Império Romano, a arte romana “encolheu” em relação
aos valores culturais dos povos invasores. Ademais, foi no Período
Medieval que se formaram os feudos e foram estabelecidas as relações
de suserania, vassalagem, além do poder da Igreja Católica.
Na transição da Idade Média para o período moderno, entre os séculos
XIV e XV, ocorreu a queda de Constantinopla e o �m do Império Romano.
Durante essas transformações, surgiu o Renascimento, movimento
artístico, cultural e cientí�co que se iniciou na Península Itálica, no �m do
século XIV.
Segundo Palomino (2003), o movimento renascentista possibilitou que os
romanos revivessem a grandeza e o esplendor, e grandes artistas se
destacaram na época. Além disso, diferente do Período Medieval, o
17
movimento cientí�co do Renascimento questionava a origem da vida e
do universo.
1.2.1 Oriente
Grandes civilizações surgiram no Oriente Médio, como a egípcia e a
mesopotâmica, que são umas das mais antigas. Nesse contexto, o
Império Persa dominou grande parte do Oriente Médio no século VI a.C.
Em seguida, a região foi conquistada por gregos e romanos. Após a
queda de Roma, no século V d.C., o Império Bizantino governou o oeste
do Oriente Médio.
Os persas foram os primeiros povos a medir e cortar os tecidos para
ajustar e modelar a roupa ao corpo. Nesse caso, os homens vestiam
túnicas curtas e calças justas nas pernas, e as mulheres usavam roupas
semelhantes às dos homens. Além disso, as franjas caracterizavam a
indumentária desse povo e os acessórios e enfeites usados nas roupas
determinavam o status social do indivíduo. A barba e os cabelos
compridos também eram símbolo de poder, assim, os reis costumavam
usar barbas postiças, cuidadosamente tratadas e conservadas.
1.2.2 Ocidente
A queda do Império Romano ocorreu em 476 d.C., com o início da Idade
Média, a qual foi um período marcado pela religiosidade. Nessa época,
muitos elementos ligados à indumentária militar, como braçadeiras e
peitorais, faziam parte da vestimenta.
18
As invasões bárbaras, especialmente pelos germânicos, marcaram o
início da Idade Média. A indumentária dos bárbaros era confeccionada,
principalmente, com lã, mas também eram utilizados o linho, o algodão e
o couro. Os homens usavam calças presas às pernas, por bandas de
tecido, e um manto de couro ou uma pele de animal por cima. As
mulheres usavam uma túnica longa, presa ao corpo por cintos e broches.
Ambos os sexos usavam o cabelo longo e as mulheres, em geral,
mantinha o cabelo preso.
Na Europa gótica, as roupas passaram a delinear mais os corpos em
relação ao período anterior, em especial, na vestimenta feminina. A
silhueta predominante era verticalizada e magra, resultante da
arquitetura medieval. As mangas eram maiores e amplas, na altura dos
punhos. Ademais, homens e mulheres usaram chapéus em forma de
cone ou chifres.
Nessa indumentária, difundiu-se uso da barbette, uma espécie de banda
de tecido, que passava sob o queixo e era presa no alto da cabeça, sobre
os penteados. Nessa época, também teve início a diferenciação das
vestimentas masculina e feminina: as masculinas encurtaram e as
femininas permaneceram compridas.
1.2.3 Renascimento
O Renascimento italiano ocorreu no século XVI, que foi um período
marcado por grande expansão econômica e demográ�ca. Nesse período,
a maquiagem ganhou mais espaço. O rosto branco, como no Período
Medieval, continuava sendo um dos traços característicos.
Na Inglaterra, a Rainha Elizabeth I foi uma referência, ao pintar os cabelos
de vermelho e utilizar claras de ovos no rosto. Dentre as tendências da
maquiagem in�uenciadas pela rainha, destacavam-se o uso de pós e
19
pastas branqueadoras para o rosto e os lábios sempre muito vermelhos.
Fonte: © Chris Dorney / / 123RF.
Ainda nesse contexto histórico, a indumentária tornou-se mais
requintada. A vestimenta masculina era mais colorida e mais expansiva
do que a feminina e foi caracterizada pelo gibão, que, hoje, corresponde
ao paletó. O gibão era acolchoado, com ou sem mangas, e usava-se uma
túnica aberta sobre ele. Ademais, os homens usavam a braguette, um
detalhe colocado sobre o órgão sexual, que ajudava a unir uma perna à
outra. Esse adorno relacionava-se a um efeito erótico, pois evidenciava a
masculinidade.
As mulheres usavam o vertugado, um tipo de vestimenta rígida, na parte
superior, e em formato de cone, na parte de baixo. Além disso, era
comum o uso do decote e do corpete, que apertava a cintura e contribuía
para evidenciar o volume dos quadris. Assim, a indumentária feminina
passou a estar relacionada à sedução. Ainda nesse contexto, o rosto
pálido era padrão de beleza; o rosto era coberto por camadas de pintura
branca, por meio do pó de arroz e de caulim.
20
1.3
Século XVII ao XIX
No século XVII, a vestimenta não representava apenas a riqueza e a
ostentação para os membros da corte. O período seguia os ideais do
Renascimento, como o antropocentrismo, no qual o homem era
considerado o centro do mundo. Assim, o século XVII foi considerado um
período de luxo, por exemplo, devido aos hábitos e à ostentação,
especialmente na vestimenta masculina, e ao surgimento do salto alto,
criado por Luís XIV, o Rei Sol.
A indumentária foi um importante fator econômico para a época. Nesse
período, surgiram as primeiras indústrias de roupa, as quais eram muito
diferentes das atuais, porém, já eram uma forma mais organizada de
produção do que em épocas anteriores. Para manter a indústria e gerar
economia, foram criados mecanismos para aumentar a frequência com
que as roupas eram trocadas. A partir disso, surgiu o que, hoje, é
conhecido como troca de moda.
21
1.3.2 O requinte no século XVIII
O período Barroco foi marcado pelo antropocentrismo. Em relação às
roupas, as rendas foram muito usadas em golas e punhos, para ambos
os sexos. Usava-se muito uma espécie de gola de renda engomada, mais
tarde, denominada gola caída, que era completamente apoiada sobre os
ombros.
As mulheres passaram a usar uma sobreposição por baixo saias
arredondadas e o corpete era comum. Os tecidos eram luxuosos e caros.
No cabelo, propositalmente, eram feitos penteados com aparência
despenteada, preso por �tas. O gibão e as botas adornadas por rendas
passaram a ser moda entre os homens. Além disso, era frequente o uso
de chapéus.
Nessa época, esteve em alta o uso de rendas, tanto para homens quanto
para mulheres, e de perucas empoadas com pó branco e presas, como
um rabo-de-cavalo, por um laço de �ta de seda preta. Portanto, esse
período foi marcado pelo exagero nos penteados.
1.3.3 Romantismo
No período do Romantismo, aproximadamente entre 1820 e 1840, houve
uma mudança na forma de se vestir, in�uenciada pela vida no campo.
Assim, casacos de caça ingleses, botas, calças, golas altas e majestosos
lenços amarrados no pescoço como adorno passaram a ser utilizados.
As mulheres usavam um vestido simples, similar a uma camisola solta,
como musseline, geralmente de cor branca, com acentuado decote. Elas
também usavam longas luvas, quando os vestidos tinham mangas curtas.
22
Fonte: © Artwork / / Wikimedia Commons.
No período do Romantismo, os vestidos �caram mais ornamentados,
sutilmente cônicos; os decotes �caram mais altos e as mangas eram
compridas, justas nos punhos e bufantes nos ombros. Esse contexto tem
outras características: penteados so�sticados, chapéus de palha ou
cetim,sapatos com salto baixo e o uso do leque tornou-se indispensável.
Nesse contexto, na Inglaterra, surgiu um estilo denominado dandismo,
movimento criado por George Brummel. Nesse caso, os homens, como
ícones de elegância, status e poder social, usavam a cartola.
23
1.4
Século XX e os tempos atuais
Ainda sob in�uência do Romantismo, La Belle Époque (Bela Época)
ocorreu entre 1890 e 1914. Nesse período, havia a cintura ampulheta das
mulheres, ombros com volume, cintura muito �na e volume nos quadris.
As golas eram altas e cobriam o pescoço. Além disso, as mulheres
usavam chapéu com �ores e uma saia, em formato de sino, muito
apertada, quase impedindo o caminhar. Por sua vez, o traje masculino
era composto de terno e cartola. Os homens usavam cabelos curtos e o
bigode era muito popular naquela época.
Os acontecimentos do século XX marcaram o início da Idade Moderna. A
época foi de�nida pelo progresso e pela industrialização, bem como por
con�itos como a Primeira Guerra Mundial (1914-1918) e pela crise
econômica relacionada a essa guerra.
No Brasil, no início do século XX, a Semana da Arte Moderna (1922)
reuniu poetas, literatos e artistas, e representou importantes mudanças
urbanas e industriais. A Semana da Arte Moderna referenciou alguns
movimentos modernistas, como o Expressionismo, o Futurismo e o
Cubismo.
24
1.4.1 Influência do século XX
A partir do século XX, a evolução indumentária passa ser analisada a cada
década, devido à aceleração das mudanças evidenciadas nas linhas da
moda. Durante a Primeira Guerra Mundial, a presença do homem na
guerra fez as mulheres atuarem em diversos setores, anteriormente,
masculinos.
O francês Paul Poiret foi o responsável pela grande mudança na
indumentária feminina: o �m dos espartilhos. Poiret lançou uma forma
mais solta para o vestuário e criou um modelo de casaco kimono. Outra
mudança do período foi o encurtamento das saias e dos vestidos. A
moda masculina, porém, não sofreu alterações visíveis, pois se manteve
o uso de calça, paletó, colete e gravata.
1.4.2 Contemporaneidade
A partir do século XX, a história da moda será analisada década a década,
devido à globalização e à aceleração das mudanças evidenciadas nas
linhas da moda.
25
© Elena Mikhaylova / / 123RF.
Década de 1920
Após o �m da Primeira Guerra, as saias encurtaram ainda mais. As
propostas que surgiram nos anos anteriores foram consolidadas e essa
foi uma época marcada pela funcionalidade e pela praticidade. No
vestuário feminino, a cintura estava deslocada para baixo, na altura dos
quadris, e não era mais evidenciada em curva. A maquiagem era evidente
pelo uso do pó de arroz, batom vermelho e acentuação dos cílios. O
cabelo era curto e contribuía para a aparência andrógina. Também era
comum o uso do chapéu cloche, em formato de sino, com abas menores.
A década de 1920 foi marcada pela estilista Coco Chanel, que tinha a
principal característica de adaptar o traje masculino para as mulheres,
sem que houvesse perda de feminilidade. Os homens passaram a usar o
smoking em ocasiões mais formais e o colete entrou em desuso.
26
Década de 1930
A década de 1930 foi marcada pela crise �nanceira, mas,
paradoxalmente, foi um período de muita so�sticação e referencial
cinematográ�co. Nesse contexto, o corpo feminino voltou a ser
valorizado e eram utilizados o sutiã e o espartilho. Durante o dia, eram
comuns vestidos mais curtos e, à noite, mais longos, acompanhados de
boleros, casacos e mantos de pele.
A cintura volta a evidenciar a forma curva, porém menos acentuada,
sendo exposta pelas enormes aberturas nas costas. Os cortes godê e
evasê foram os mais utilizados, além do corte em viés, que remetia à
sensualidade. Os shorts surgiram com a popularização da prática
esportiva e, nesse contexto, o ideal de beleza apontava para uma vida ao
ar livre e o corpo bronzeado.
Em relação à maquiagem, as sobrancelhas e pálpebras eram marcadas
com lápis e era utilizado o pó de arroz bem claro. As mulheres deixaram
o cabelo crescer e aderiram às ondas nos �os. No caso dos homens,
houve poucas mudanças.
Década de 1940
Embora o início da Segunda Guerra limitasse a quantidade de tecidos
que poderia ser comprada, devido às regras de racionamento, a moda
permaneceu como in�uenciadora na década de 1940. A silhueta feminina
foi masculinizada em estilo militar e as roupas eram confeccionadas em
tecidos simples.
Usavam-se saias justas e casacos detalhados em debrum. Os sapatos
tinham plataformas e as bolsas, em geral, eram tiracolo. O uso de saia-
calça difundiu-se, in�uenciado pelo uso da bicicleta. Nessa época, surgiu
o biquíni, peça de banho criada por Louis Réard.
27
Os efeitos da guerra abalaram o mercado da moda e estética. A falta de
matérias-primas fez a graxa para botas ser utilizada como máscara de
cílios e tintura para as sobrancelhas, enquanto o carvão era empregado
como sombra para os olhos. Além disso, era comum a produção de blush
líquido, com pétalas de rosa encharcadas no álcool.
Década de 1950
Caracterizado pelo renascimento da feminilidade, os anos de 1950
�caram conhecidos como “anos dourados”. Essa foi a década da alta
costura e dos grandes nomes da moda, como Dior, Nina Ricci e Chanel.
Nessa época, a cintura e as saias rodadas ganharam evidência. Os
scarpins, os chapéus de aba larga, as luvas e as bijuterias imitando joias
complementavam o visual.
A década de 1950 foi marcada pelas pin-ups, devido ao caráter
relacionado à sensualidade feminina. Com o �m da escassez dos
cosméticos, após o término da guerra, �rmou-se a valorização da beleza,
com o uso da maquiagem, a qual foi marcada pelo realce intenso dos
lábios, pela palidez da pele e pelos olhos delineados.
O �lme O sorriso de Mona Lisa (2003) recria os costumes do início
da década de 1950, contando a história de uma professora de
artes de uma tradicional escola feminina. Nesse contexto, o
maior desa�o é fazer as alunas assumirem suas identidades
cultural e social. Esse �lme retrata a relação dos padrões com o
comportamento e o modo de se vestir.
A S S I S T A
28
Nos cabelos, eram feitos penteados presos, em coques ou rabos-de-
cavalo, e as franjas ganharam o gosto das mulheres. Além disso, as tintas
e as loções alisadoras e �xadoras passaram fazer parte do processo de
embelezamento.
Década de 1960
Os anos de 1960 foram marcados pela cultura jovem e pelo rock-and-roll.
A moda inovou com propostas futuristas, como macacões de malha,
calças jeans e o uso de zíper; surgiram a minissaia e o caráter psicodélico,
com novas estampas geométricas e curvilíneas.
A Pop Art foi uma manifestação artística do período, que reproduzia
rostos de pessoas famosas. Nesse contexto, a modelo Twiggy foi uma
grande in�uência para a maquiagem da época, devido ao seu aspecto
ingênuo, seus cabelos curtos, olhos marcados com rímel e cílios postiços.
No vestuário masculino, os ternos deram espaço às jaquetas, camisas
coloridas com golas altas e calças mais justas. Devido à in�uência do
movimento hippie, as roupas tinham detalhes artesanais
despreocupados, as saias eram longas, havia as calças boca de sino, as
batas indianas e os cabelos longos e despenteados.
Década de 1970
As calças jeans “boca de sino”, assim como as tradicionais, foram muito
usadas durante a década de 1970. O visual era composto por muito
brilho e pela bota plataforma de cano longo.
29
Fonte: © Ioulia Bolchakova / / 123RF.
Nessa mesma época, surgiram os punks, que usavam roupas rasgadas,
jaquetas de couro e acessórios metálicos. A maquiagem e os cortes de
cabelo tornaram-se uma forma de expressão. Além disso, havia os
conceitos de cabelos livres, pele bronzeada e lábios brilhantes.
30
Década de 1980
A década de 1980 foi marcada por releituras das épocas anteriores, mas,
além do uso das ombreiras altas, estampas e da sensualidade, houve a
in�uência da ginástica. Nesse contexto de exageros e pluralidade, surgiu
o conceito de tribos, as quais eram constituídas por diversos grupos, de
diferentes identidades. Assim, a alta costura francesa deixou de ser
dominante,e uma forte tendência da época foi o minimalismo das
criações japonesas.
Nessa década, houve o auge das academias, com isso, surgiu a proposta
de roupas que valorizassem o corpo, assim, as roupas de ginástica
expandiram-se para as ruas. Como exposto anteriormente, também
foram os anos das ombreiras, da cintura marcada e do quadril evidente.
Em relação à maquiagem, o vermelho era comum nos lábios, os olhos
eram pintados de cores vibrantes e as maçãs do rosto eram, fortemente,
realçadas com blush.
Década de 1990
A moda da década de 1990 se manifestou com muita liberdade. As
releituras permaneceram, assim como o conceito de tribos. Os jovens
ditaram moda e irreverência, e os acontecimentos mais importantes da
época foram os avanços tecnológicos na área têxtil. A inovação da
micro�bra permitiu a criação de tecidos leves e resistentes,
representando a praticidade, pois esses tecidos não amarrotam e secam
rápido, sendo utilizados até hoje.
Nesse período, teve início uma preocupação com o meio ambiente
devido, principalmente, ao aquecimento global. Então, surgiram as novas
�bras ecológicas. A partir da década de 1990, as pessoas passaram a se
preocupar, além da beleza e do preço, com a forma como as roupas são
produzidas.
31
Ademais, os exageros da década de 1980 diminuíram. Assim, a
maquiagem passou a ser mais sutil e apostava-se em cores neutras e
pele iluminada.
Século XXI
Com o novo milênio, as mudanças passaram a ocorrer de maneira mais
acelerada. Os inúmeros acontecimentos começaram a ser vividos com
muito mais intensidade e a consciência ambiental passou a ser um estilo
de vida. No século XXI, a mídia passou a exercer grande in�uência sobre
as pessoas. Nesse contexto, ocorreu o desenvolvimento da internet e o
fortalecimento do capitalismo.
No início do século XXI, a moda foi marcada, especialmente, por duas
tendências: “moda vem e vai” e “nada se cria e tudo se copia”. Além disso,
o luxo e o glamour perderam a visibilidade e os conceitos se
transformaram. As pessoas passaram a vivenciar novas �loso�as,
in�uenciadas pelo romantismo, pela poesia e pela comunidade hippie.
Nessa nova fase, busca-se uma identidade própria, na qual as pessoas
permitem-se criar seu próprio estilo. Nessa nova era, as tribos urbanas
tiveram grande popularização, como a moda emo, o movimento indie,
bitrock, dentre outros. Além disso, o corpo passou a ser mais valorizado,
visto que a perfeição e a sensualidade transformaram o modo de as
pessoas se posicionarem no mundo.
Nesse contexto, também surgiram as tatuagens, os piercings e as escovas
progressivas, utilizadas para determinar o padrão liso dos cabelos. Hoje,
tudo ocorre de forma acelerada e a moda, muitas vezes, é baseada na
releitura do passado, ou seja, o que foi moda há um tempo pode ser
transformado e aplicado no contexto atual.
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© Elena Mikhaylova / / 123RF.
Alguns ícones que marcaram a moda no início do século XXI estão
expostos a seguir.
Calças Saint Tropez (cintura baixa).
Denim (jeans).
Boinas.
Conjunto de moletom.
Sobreposições.
Bohemian chic (blusas camponesas e saias simétricas).
Saltos plataformas e calçados de cano alto.
Blusa cacharrel.
A primeira década do século XXI foi uma verdadeira releitura dos anos de
1980. A moda de meados de 2010 estava repleta de brilho e ombreiras,
mas essa atitude excêntrica logo caiu em desuso.
33
A franja reta das cantoras Katy Perry e de Lady Gaga dominou os cabelos
femininos, e a maquilagem focalizou a expressividade do olhar e a
simplicidade, visto que os batons eram discretos e a pele levemente
bronzeada, representando um aspecto saudável.
Os verões de 2011 e 2012, por sua vez, foram marcados pela ousadia nos
cortes e nas cores; a cantora Nicki Minaj foi um exemplo disso. Os
designers e artistas preocupavam-se em promover as cores �uorescentes
e havia a tendência das tachas em sapatos, malas e casacos. No �m de
2012, os cabelos passaram a ser usados com um corte longo,
absolutamente lisos e as californianas atraíram o gosto das mulheres. No
vestuário, as calças justíssimas, cortadas ou dobradas, tinham o objetivo
de mostrar o tornozelo.
Em 2013, a moda foi caracterizada pela temática grunge, com peças em
cabedal e axadrezadas. Os acessórios inovaram-se, pois surgiram as
armaduras de orelha e os anéis de falange. Nesse contexto, as
sobrancelhas passaram a ser mais grossas, com aspecto natural.
No ano seguinte, em 2014, as tranças francesas ganharam popularidade
e as polêmicas birkenstocks conseguiram a preferência no mundo dos
calçados. Ainda nesse ano, o minimalismo ganhou força no visual das
mulheres, �cando evidente com o uso do total black, além de sapatos
masculinos e das saias de tamanho médio.
Até hoje, muitas outras in�uências marcam a moda atual e as releituras,
principalmente, começaram a fazer parte das tendências. Da praticidade
dos tênis na composição feminina à tendência plasti�cada e vinil, a moda
contemporânea é marcada pelo conforto e pela criatividade.
34
1.4.3 Tendências atuais
A pesquisa de tendências permite a compreensão das mudanças de
consumo e de comportamento de determinado grupo social. Mediante
pesquisa e coleta de informações relacionadas ao comportamento e ao
mercado, a indústria da moda encontra ferramentas estratégicas para
acompanhar os desejos dos consumidores e, assim, atender à demanda
e gerar novas possibilidades funcionais e estéticas nos produtos de
moda.
É válido salientar, no entanto, que as tendências de moda dependem das
condições econômicas e da capacidade de produzir um conjunto de
fatores, em determinada época. A moda tornou-se um grande negócio e
a necessidade de inovação é cada vez mais necessária nesse setor.
Enquanto houver modismos que satisfaçam o desejo de comprar algo
novo, o mercado da moda continuará exercendo grande in�uência na
maneira de as pessoas se vestirem.
Certamente, é difícil prever a moda futura. A velocidade dos estímulos,
orientados pelo setor têxtil, acompanha as mudanças no comportamento
humano. Na era da prática e da informação, as vestimentas são
produzidas em série. Nesse contexto, a mídia é uma grande
in�uenciadora e o consumismo ditado por ela aproxima oferta e procura.
Os produtos têm curta duração e a velocidade com que são consumidos
remete à inutilidade deles.
Embora prever a moda seja uma tarefa difícil, o mercado da moda utiliza
duas ferramentas para isso: as macro e as microtendências. Segundo
Massonier (2008), as macrotendências são movimentos que in�uenciam
a sociedade e a maneira como ela absorve o consumo, por um período
mais longo, com duração de, aproximadamente, 10 anos. Essas
manifestações re�etem, posteriormente, na moda e em movimentos
artísticos, musicais e literários.
35
Por sua vez, as microtendências são consequências das macrotendências
e podem ser aplicadas no mundo da moda, ou em qualquer outra área,
de modo mais pontual. Em outras palavras, a microtendência tem
duração mais breve (no máximo, cinco anos), dessa forma, não gera
grandes impactos sociais, porém atua, efetivamente, no dia a dia das
pessoas, impactando o consumo e a cultura. Por exemplo, na moda
atual, é possível citar a in�uência das microtendências nos seguintes
itens: calça pantacourt, cores metalizadas, mule, meia arrastão, jaqueta
bomber e o veludo.
Com as roupas industrializadas e início da sua produção em massa, a alta
costura perdeu seu espaço e retirou, parcialmente, a propriedade dos
estilistas de serem as únicas referências de moda. Por consequência, a
larga escala permitiu que mais pessoas pudessem adquirir mais roupas,
porque são mais baratas e acessíveis.
A moda contemporânea é marcada pela “roupa pronta para vestir”,
previamente de�nida e padronizada por tamanhos, comprada em lojas e
magazines. Esse tipo de roupa pode ser adquirido por todas as classes,
inclusive, as menos providas economicamente, visto que o produto
industrializado tem seu custo reduzido pela padronização das
modelagens e dos acabamentos.
Como é de conhecimento geral, no início dos anos 2000, o mundo
capitalista tornou-se vítimade ações terroristas e o cenário mundial foi
marcado por violência e crises. Após o 11 de setembro, muitas pessoas
passaram a re�etir sobre suas prioridades e a realizar grandes
mudanças. Nesse sentido, houve um aumento do desprendimento
material em favor do próximo.
Nessa perspectiva, a moda foi marcada pelo �m do luxo e da
extravagância. O romantismo, a suavidade, a poesia e uma nova forma
de �loso�a hippie ganharam destaque. Nesse período, a moda voltou a
ser in�uenciada pelas tendências de diferentes movimentos, dentre eles,
o Barroco e o Romantismo.
36
Em 2007, o mundo vivenciou uma crise econômica que provocou
angústia e medo nas pessoas, em relação à possibilidade de perder o
emprego. Um dos aspectos que mais assombrava os afetados pela crise
era a necessidade de manter o padrão de vida e o poder de compra.
Nesse contexto, houve o retorno do luxo, no entanto mais retraído e
moderado.
Esse também foi um ano marcado pela elegância, visto que as mulheres
realçaram sua feminilidade e sensualidade. A tendência desse momento
foi in�uenciada pela década de 1950, por meio do retrô chic e da
elegância. Nesse período, as mulheres passaram a ter posição
equiparável à dos homens. A igualdade de sexos pôde ser evidenciada
nos movimentos sociais, e o poder da mulher na economia e na política
se intensi�cou.
Na Europa e nas Américas, até a década de 1960, as raras
pessoas que ousavam criar uma imagem pessoal personalizada
eram consideradas excêntricas. Geralmente, essas pessoas eram
artistas ou poetas e um exemplo é Salvador Dalí, um importante
pintor catalão, conhecido por seu trabalho surrealista.
A F I R M A Ç Ã O
37
1.4.4 Referências históricas na
atualidade
Normalmente, as tendências atuais pautam-se em algum momento já
vivido, ou seja, elas podem ser in�uenciadas por contextos históricos
anteriores ou, até mesmo, podem ter inspirações futuristas, devido à
in�uência das novas tecnologias.
Em relação às releituras, as principais in�uências de
determinada época podem caracterizar novas tendências.
Até mesmo durante crises econômicas, a moda dita
tendência e gera impacto econômico.  Nesse sentido, de que
forma as pesquisas relacionadas à evolução indumentária e
ao processo criativo podem colaborar para criação de uma
nova tendência?
38
No que se refere às releituras e referências históricas, em 2005, o verão
foi marcado pelo clima de romance da década de 1920 e pelo glamour da
década de 1950. Cores delicadas, tons pastéis e estampas �orais
representaram o romance dos anos de 1950, enquanto os tecidos
naturais, os padrões náuticos, marinheiros e os tons rústicos e
envelhecidos faziam referência aos anos de 1970.
Dois anos depois, em 2007, a elegância e a feminilidade aparecem como
referência da estação. O verão desse ano foi representado por cinco
tendências: memória romântica, jovem, elegante e moderna e in�uência
dos anos de 1980, período que foi rodeado pela elegância e feminilidade.
As estampas �orais caracterizavam a memória romântica, e as estampas
grá�cas e as listras faziam referência à década de 1980.
© Anna Maksimova / / 123RF.
Em 2009, as tendências do verão foram representadas pelo glamour,
poder, pelos brechós, pelas tribos, pela poesia, nostalgia, arte, web e
design. As tendências do inverno daquele ano foram baseadas nas
décadas de 1970 (in�uência folk hippie) e 1980 (punk rock). Os anos
39
seguintes foram (e os próximos, provavelmente, serão) in�uenciados
pelas tendências anteriores. Embora a busca pelo inovador seja
constante, as referências históricas ainda in�uenciam os
comportamentos e as necessidades atuais.
40
!
Recapitulando
Neste capítulo, foi contextualizada a história da beleza. Nesse universo,
desde a antiga civilização egípcia, a maquiagem sempre esteve presente,
como um dos principais elementos de embelezamento. Além disso, a
indumentária passou por várias mudanças. Assim, é possível a�rmar que
o contexto histórico e o tempo cronológico são os principais fatores de
transição entre uma moda e outra.
As principais mudanças na moda estão associadas, principalmente, à
indumentária feminina. Conforme a mulher foi ocupando espaço na
economia e no mercado de trabalho, a vestimenta foi se adequando às
necessidades e aos desejos femininos. Nesse sentido, na evolução da
indumentária, é possível observar elementos que representam força e
feminilidade.
Ainda em relação à indumentária, as pesquisas de tendência visam
compreender as necessidades do consumidor e atender ao mercado da
moda. Assim, as tendências atuais podem ser inspiradas em anteriores
ou associadas a elementos futurísticos e tecnológicos. Nesse contexto, a
globalização e as mídias exercem papel de in�uenciadoras e aceleram o
consumo e a produção em larga escala.
41
O contexto histórico da indumentária demonstra a evolução da alta
costura francesa até o surgimento da produção têxtil em massa. Embora
vestir-se tenha se tornado mais barato e acessível, tudo o que se veste
corresponde a um segmento da moda. Portanto, o modo de se vestir está
associado ao contexto socioeconômico e a como a moda se insere nesse
contexto.
Proposta de Atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo!
Elabore uma linha do tempo, de acordo com a evolução indumentária
abordada ao longo deste capítulo. Ao produzir essa linha do tempo,
considere os períodos destacados e uma ou mais características de cada
época. A representação deve ser feita com imagens relacionadas ao
contexto histórico, para isso, você pode utilizar o modelo exposto a
seguir. Ao produzir sua linha do tempo, considere as leituras básicas e
complementares realizadas.
42
Referências
BRAGA, J. História da Moda: uma narrativa. São Paulo: Anhembi
Morumbi, 2007.
FABIANIS, V. M. de. Questão de Estilo: 20 itens icônicos que mudaram a
história da moda. São Paulo: Editora Manole, 2014.
HALLAWELL, P. Visagismo, Harmonia e Estética. 6. ed. São Paulo:
Editora SENAC, 2010.
MASSONIER, V. Tendências de Mercado: están pasado cosas. Buenos
Aires: Granica, 2008.
NERY, M. L. A Evolução da Indumentária: subsídios para criação de
�gurino. Rio de Janeiro: Editora SENAC, 2004.
O SORRISO de Mona lisa. Direção de Mike Newell. Columbia Pictures.
Culver City, Califórnia, 2003. 1 DVD (119 min.).
PALOMINO, É. A Moda. São Paulo: Publifolha, 2003.
43
CAPÍTULO 2
Introdução ao Visagismo
Objetivos do Capítulo
Entender o conceito do visagismo, interpretando os elementos
visuais por meio do diagnóstico visagista.
Tópicos de Estudo
Tópico 1- Visagismo.
História.
Conceito.
44
Tópico 2 - Princípios Básicos.
Linguagem visual.
Inteligência visual.
Tópico 3 - Ferramentas do Diagnóstico Visagista.
Visualização.
Gestual intuitivo.
Cores e formas.
Linguagem.
45
Contextualizando o Cenário
Neste capítulo, conceituaremos o visagismo em sua forma mais ampla;
além disso, veremos sobre seu contexto histórico e suas aplicações.
O visagismo tem a �nalidade de aplicar os conhecimentos de linguagem
visual à construção da imagem pessoal, ou seja, é nada mais que
identi�car características e analisar possibilidades para o reconhecimento
da imagem pessoal. É importante conhecer as medidas e as proporções,
mas, também, reconhecer as expressões, os temperamentos e o caráter
emotivo de cada indivíduo, pois a beleza está na particularidade. Nem
sempre o simétrico e o considerado ideal serão o melhor para pessoa.
É nesse momento que o visagista mostra suas habilidades de observação
e análise. Há um conjunto de fatores a serem estudados, cada um com
seu objetivo e sua aplicabilidade. A importância do pro�ssional de
visagismo para a construção da imagem pessoal vai além da estética,
uma vez que o visagista é responsável por proporcionar autoestima e
con�ança a seus clientes. Diante desse cenário, questiona-se: como
utilizar a ferramenta do visagismo?
46
2.1
Visagismo
Derivado da palavra francesa visage, o termo visagismo signi�ca rosto,
tendo sido criado em 1936, pelo francês Fernand Aubry, e conceituado
como a arte de esculpir orosto humano. Aubry foi um grande
cabeleireiro e maquiador de sua época, tendo sido um dos primeiros
pro�ssionais a criar uma imagem personalizada para seus clientes. Para
isso, ele utilizava a tríade harmonização do corte, penteado e
maquiagem, de acordo com uma única intenção. O cabeleireiro esteve à
frente de seu tempo, pois combateu os padrões de moda impostos pela
época, em contrapartida com a uniformização da imagem.
Em uma visão mais ampla, o visagismo pertence a uma atuação
pro�ssional que tem como objetivo embelezar ou, ainda, adequar, de
acordo com a mensagem que a pessoa deseja expressar, por meio do
uso de cosméticos, tinturas, maquiagem e cortes de cabelo. No entanto,
para o sucesso visagista, é necessário, além de conhecer as técnicas e ter
domínio sobre elas, conhecer e aprimorar-se nos fundamentos da
linguagem visual, uma vez que se associa tal linguagem aos conceitos
básicos de estética e de harmonia.
47
© langstrup / / 123RF.
Para contextualização, basta compararmos o pro�ssional visagista a um
artista. Ambos devem conhecer sobre as cores e as relações entre elas,
bem como sobre proporção, volume e luz. A linguagem em comum, tanto
para um artista quanto para um visagista, é a linguagem visual.
Para Kamizato (2014), visagismo é a arte de customizar. A imagem
pessoal determina as mensagens que a pessoa quer transmitir, ou seja, a
imagem descreve quem a pessoa é, e quando bem utilizada, pode ser
uma excelente forma para expressar e demonstrar habilidades
pro�ssionais e pessoais. Por �m, a imagem pessoal transmite a
identidade da pessoa.
48
2.1.1 História
Mesmo antes de Fernand Aubry conceituar o visagismo, a linguagem
visual já era estudada. No século VI a.C, os gregos identi�caram os meios
representativos da realidade visual por meio da Ciência e da Matemática,
conceituando a relação entre proporção, volume e movimento e
descobrindo que a perfeição geométrica era, também, artisticamente
bela.
Foi na Renascença que a linguagem visual se desenvolveu ainda mais.
Entre 1400 e 1500, várias descobertas em relação à ótica e suas
perspectivas ocorreram durante o Quattrocento, termo referente ao
movimento histórico e artístico italiano que envolveu grandes artistas
�orentinos, como Leonardo da Vinci, Michelangelo Buonarroti e Rafael
Sanzio. Nessa época, foi desenvolvida a arte do Realismo e discutia-se o
uso da Anatomia, da luz, da cor e de suas perspectivas na criação de
imagens com realismo, profundidade e volume.
Do século XV até os dias atuais, a linguagem visual se so�sticou, em
muitos fatores contribuíram para essa evolução. O interesse cientí�co
contribuiu com muitas descobertas, tornando-se peça-chave para a
criação de imagens realistas e fotográ�cas.
Foi somente a partir de 1970, na Alemanha, que se aderiram novos
conhecimentos sobre Neurociência e Psicologia à percepção visual. Hoje,
o desenho não é mais ensinado, apenas, como uma técnica, mas
também como uma linguagem. Os intuitos são: evitar o ensino de
fórmulas e esquemas; e proporcionar o conhecimento necessário para se
enfrentar os desa�os na área visual.
49
2.1.2 Conceito
Para o brasileiro Philip Hallawell (2009), artista plástico e visagista, os
pro�ssionais da área de beleza e estética, que trabalham com imagem
pessoal, têm uma responsabilidade direta na autoestima das pessoas.
Portanto, as mudanças visuais requerem cuidado e atenção, pois devem
ser analisadas conforme o per�l, a personalidade e as características de
cada um.
Ao contrário da arte do escultor ou do pintor, o visagista é um
pro�ssional da arte aplicada, ou seja, deve atender às necessidades do
cliente, enquanto o artista se preocupa em atender às re�exões e aos
pensamentos acerca de seu trabalho. Por isso, é válido ressaltar que o
visagista não deve impor aos seus clientes padrões e estilo, pois, se isso
ocorrer, o pro�ssional estará expressando suas preferências, em vez de
atender às necessidades dos clientes.
Philip Hallawell é artista plástico e pesquisador de linguagem
visual. Hallawell associa seu trabalho às áreas da Psicologia,
Neurobiologia e Antropologia. É autor dos livros Visagismo
integrado: identidade, estilo e beleza (2009) e Visagismo, harmonia e
estética (2010).
D I CA
50
O pro�ssional de beleza, portanto, precisa conscientizar-se da
importância da identidade e da imagem pessoal e de como essa relação
afeta o modo com que as pessoas se expressam. A exemplo disso, são
notórios os benefícios da adequação da imagem de uma pessoa a partir
dos recursos de visagismo. Há um reconhecimento no espelho, e isso se
re�ete nas demais áreas da vida, tanto pessoal quanto pro�ssional.
A possibilidade de transformação implica na construção de
uma identidade e no próprio reconhecimento pessoal. Visto
isso, qual seria a importância do visagista na sociedade
contemporânea, na qual somos avaliados por aquilo que
representamos?
Segundo Hallawell (2010), é importante que o visagista conheça os
fundamentos da linguagem visual e suas aplicações diante de:
51
Fundamentos da linguagem visual
© ponsuwan / / 123RF. (Adaptado).
É importante estabelecer a conexão entre as técnicas de visagismo e a
identidade pessoal. A relação do rosto com o senso que cada pessoa tem
de si é um dos aspectos mais importantes para a construção da imagem
pessoal. O reconhecimento que temos das pessoas se inicia,
principalmente, pelo rosto, pois este se apresenta como a porta de
entrada ou o cartão de visitas de cada um.
É fácil atribuirmos valores aos rostos das pessoas e, também, associar
sensações a imagem do corpo. Isso acontece quando lembramos de
alguém e, logo, surge a imagem da pessoa seguida de seus gestos e suas
sensações, sejam essas positivas, como alegria e simpatia, ou negativas,
como rejeição e empatia.
No visagismo, é muito importante identi�car e reconhecer os formatos
de rosto e seus padrões. Sabe-se que o formato do rosto é o fator mais
importante para determinar a linha de corte e a adequação da
maquiagem. Reconhecer os padrões de rosto vai além da identi�cação
52
dos formatos, pois é necessária uma análise das partes do rosto e do
formato da cabeça. É indicado, também, observar e comparar os espaços
e as linhas que, juntos, compõem o formato do rosto.
A Anatomia (em especial, a estrutura óssea) determina o formato do
rosto. Se acaso o osso frontal de uma pessoa for mais largo,
proporcionalmente a uma mandíbula �na, o rosto terá o formato de
triângulo invertido. Por outro lado, pessoas com arco zigomático maior
têm maçãs do rosto visivelmente maiores, com o formato do rosto
hexagonal.
Para analisar os formatos de rosto, os principais pontos a serem
observados são: a altura e a largura da testa; e o formato das maçãs e da
mandíbula. Rostos quadrados são constituídos por ângulos retos,
enquanto os rostos ovais têm formas mais arredondadas, e os rostos
triangulares têm características angulares.
A Psico�ognomia é uma ciência utilizada pelos antigos egípcios
que analisa o formato do rosto e, por meio dessa análise, aponta
as características psicológicas, a personalidade e os fatores que
permitem à pessoa se autoconhecer.
C U R I O S I D A D E
53
2.2
Princípios Básicos
Veremos, a seguir, sobre os princípios básicos que regem o visagismo.
São eles: a linguagem visual e a inteligência visual. Enquanto a primeira é
associada à interpretação, a segunda preocupa-se com a capacidade de
compreensão.
2.2.1 Linguagem visual
A linguagem visual é responsável pela interpretação dos símbolos
grá�cos em sentimentos ou em ideias. Já a comunicação visual tem por
�nalidade estruturar o sentir e o pensar; além do mais, é uma ferramenta
de representação de ideias, por meio do conhecimento dos elementos
visuais, sua ordenação e compreensão. No entanto, quanto mais abstrata
a linguagem, mais difícil sua compreensão, pois a interpretação é
moldada pelos repertórios pessoal e mental de cada um.
Dessa forma, a comunicação visual é caracterizada pela expressão,
exteriorizada por meio de um simples desenho ou de técnicas mais
avançadas. No entanto,para a comunicação ser compreendida, de
54
acordo com o seu objetivo, deve-se utilizar da linguagem visual,
constituída por elementos grá�cos como as linhas, a forma, a cor, o
equilíbrio e a relação entre luz e sombra.
Ao observarmos um desenho, vemos nele a presença desses elementos.
Resumidamente, a criação de uma imagem, com o objetivo de transmitir
uma ideia, pressupõe o uso de uma linguagem visual.
2.2.2 Inteligência visual
A capacidade de ver aquilo que outros não veem, de ver o que não está lá
e deveria estar ou de ver os pontos positivos e os negativos, é
denominada inteligência visual. A inteligência visual é de�nida por um
conjunto de habilidades, as quais, se usadas de forma correta, permitem
a compreensão e a interpretação de uma imagem. Esse tipo de
inteligência permite que uma pessoa veja algo que ainda não está
estruturado, e como �cará depois de arranjado. É uma ferramenta muito
utilizada por designers, artistas e visagistas.
Nesse contexto, o nível de inteligência visual está relacionado à
percepção e à capacidade de observação, desenvolvendo-se a partir de
um apuramento das percepções sensório-motoras, permitindo, assim,
uma boa discriminação das cores, das dimensões, das formas e das
relações espaciais.  
Normalmente, as pessoas com esse tipo de inteligência possuem certo
domínio da coordenação motora e conseguem recriar suas experiências
visuais sob diferentes formas. Tratam-se de indivíduos que,
frequentemente, associam os pensamentos às imagens visuais,
lembrando-se facilmente de tais imagens.
55
2.3
Ferramentas do Diagnóstico
Visagista
Segundo Trindade (2013), o visagista necessita de ferramentas que o
auxiliem durante a interpretação visual e as mensagens propostas pelo
seu cliente. Além disso, o pro�ssional deve se respaldar nos conceitos da
aparência (uma das maneiras de comunicação não falada) e do discurso
(a mensagem transmitida de acordo com a identidade pessoal).
A seguir, veremos quais são as ferramentas utilizadas pelo visagista e de
que maneira elas se aplicam.
2.3.1 Visualização
A visualização é uma das principais ferramentas do visagismo. As ações
de observar algo ou alguém e assimilar o que se vê ao contexto, às
características e ao ambiente, somadas, são fatores que contribuem para
a visualização no sentido menos super�cial possível, em que se deve
atentar para as questões geométricas, as formas e linhas e a proporção.
56
2.3.2 Gestual intuitivo
O gestual intuitivo está relacionado aos gestos, às ações e às atitudes, ou
seja, está associado à linguagem corporal não visual.
Nosso corpo, independentemente de estar estático ou em movimento,
está em interação com o meio o tempo todo. A mensagem é transmitida
por meio dos movimentos dos braços, das pernas, dos olhos, das mãos,
da cabeça, en�m, de todo o corpo. A comunicação abrange a
interpretação dos gestos, da postura, das expressões faciais, do
movimento dos olhos e da proximidade entre quem transmite e quem
recebe a mensagem.
Dentro desse contexto, a Cinesiologia é a ciência que analisa o
movimento do corpo humano e, juntamente com outras linhas de
pesquisa, como a Paralinguagem, a Linguística, a Neurociência, a
Psicologia e a Oratória, contribui para a interpretação do gestual intuitivo.
Charles Darwin foi um dos primeiros pesquisadores a investigar
a linguagem corporal como uma das primeiras formas de
comunicação. Sua pesquisa foi publicada no livro A expressão das
emoções em homens e animais, no qual defendia que os
mamíferos demonstravam suas emoções por meio de
expressões faciais.
C U R I O S I D A D E
57
De acordo com Hallawell (2009), o visagista, além do domínio de técnicas
aplicadas às linhas e às formas, deve conhecer os mecanismos de
comunicação do seu cliente durante a construção da imagem pessoal.
Por isso, a interpretação dos gestos pode ser uma excelente ferramenta
para determinar a identidade pessoal de cada um.
2.3.3 Cores e formas
As cores são responsáveis pela transmissão de sentidos e mensagens. No
visagismo, a cor é ferramenta que deve ser utilizada adequadamente, de
acordo com o tipo e o tom de pele de cada pessoa.
© subbotina / / 123RF.
Um elemento fundamental para o surgimento da cor é a luz. No século
XVII, a luz era de�nida como sendo aquilo que o olho vê e que causa
sensações visuais. A Física, nos dias de hoje, de�ne cor como a radiação
58
percebida pelos órgãos visuais, na qual a luz branca é composta de
ondas que vibram em diversas frequências, cada uma correspondendo a
uma das cores do arco-íris. Essas frequências de onda são obtidas a
partir da divisão da velocidade da luz, que é constante (cerca de 300 mil
quilômetros por segundo), pelo comprimento.
O físico inglês Isaac Newton (1642-1727) descobriu, por meio de suas
pesquisas, que o olho vê as ondas, apenas, num espectro entre 400 e 700
milimícrons (mµ); portanto, essas ondas correspondem às cores que
enxergamos. Por exemplo: comprimentos pequenos (cerca de 400 mµ)
correspondem ao violeta, enquanto comprimentos maiores (700 mµ)
correspondem à cor vermelha; no entanto, a ausência de luz
corresponde ao preto.
O espectro vai do infravermelho, que é a onda mais larga, passando pelo
verde até chegar ao azul, que é a onda mais curta. É importante
esclarecer que não enxergamos a cor; o que ocorre, de fato, é que nosso
cérebro registra uma sensação de cor ao captar as ondas de luz. A luz
incidida sobre um objeto o ilumina e fornece condições para a
visualização deste; assim, apenas as ondas correspondentes às cores do
objeto são re�etidas, e as outras ondas são absorvidas por meio de uma
reação química.
O �siologista Thomas Young (1783-1829) e, posteriormente, o físico
Ludwig Ferdinand von Helmholtz desenvolveram a Teoria Tricromática.
De acordo com essa teoria, a onda de luz re�etida é captada por
receptores da retina; tal onda, ao ser enviada ao cérebro, é interpretada
como a cor correspondida.
59
Ressalta-se, aqui, a importância de distinção entre cor e pigmento. Ao
de�nirmos cor, sabemos que ela é energia, e sua vibração ocorre em três
faixas de frequência (azul, verde e vermelho). A cor é energia, e o
pigmento é o material químico que tinge uma superfície com
determinada cor.
Quando misturados, os pigmentos reagem de acordo com um padrão
(Teoria da Cor). Porém, de acordo com essa teoria, nem todas as tintas se
misturam, e isso depende muito da qualidade do pigmento e do
processo de aplicação da tinta. No visagismo, por exemplo, é importante
observar que a cor da pele altera a cor da maquiagem; por isso, ao se
aplicar uma base, deve-se atentar para a pele e a cor do produto (base).
De acordo com Pedrosa (1999), os pigmentos são classi�cados em:
cromáticos: que contêm cor;
acromáticos: não contêm cor e são produzidos pela mistura do
preto e do branco.
Os pigmentos cromáticos são classi�cados em três categorias: primários,
secundários e terciários.
Se você gosta de artes, tecnologia e design, vai se identi�car com
o blog Design Culture. O site apresenta cursos e vídeos que
possibilitam ao leitor compreender o impacto da imagem e da
cor. Além disso, há um artigo especí�co sobre a análise de
paletas cromáticas em diversos �lmes (TORRES, 2016, on-line).
D I CA
60
Cores primárias: não podem ser obtidas pela mistura de outros
pigmentos; portanto, são consideradas puras.
Cores secundárias: para se obter uma cor secundária, é necessário
que dois pigmentos primários sejam misturados.
Cores terciárias: são variações do preto e do cinza e são obtidas pela
mistura de um pigmento primário e outro secundário.
Veja a �gura “Representação do triângulo da cor”.
Representação do triângulo da cor
© Nattaya Makerd / / 123RF. (Adaptado).
As cores criam contrastes entre si, ou seja, há uma vibração visual
quando são colocadas lado a lado. O contraste de cor ocorre, apenas,
entre as cores primárias e secundárias; no entanto, quando há choques
sucessivos ou unicamente expansivos, percebe-se uma desarmonia de
cor. Quando bem controlados, os contrastes fornecem vibrações
harmônicas às imagens esão classi�cados, de acordo com a intensidade,
em:
61
alto-contraste: ocorre entre uma cor primária e a cor secundária
oposta, ou entre duas cores secundárias;
médio-contraste: ocorre entre duas cores primárias;
leve-contraste: ocorre entre uma cor primária e outra secundária
vizinha; por exemplo: amarelo e laranja.
O equilíbrio no uso das cores denomina-se harmonia; esta, por sua vez,
está associada às áreas neutras e às áreas de cor que estimulam os
olhos. Embora o olho humano tenha a sensibilidade de reagir
positivamente aos estímulos, não responde bem aos exageros. Quando
uma imagem possui muitos contrastes, é considerada de alta vibração;
por outro, quando possui pouco contraste, é considerada de baixa
vibração. O exagero nos contrastes gera desarmonia; já a falta de
exagero ocasiona desinteresse.
Existem dois tipos de harmonia: a monocromática e a policromática.
Israel Pedrosa foi um pintor e pesquisador. Sua obra Da cor à cor
inexistente apresenta o desenvolvimento da teoria das cores,
desde Da Vinci, Newton, Goethe, Maxwell e Chevreul. O livro
aborda com clareza temas como harmonização das cores,
mutações cromáticas e cor inexistente (PEDROSA, 1999). Um
título indispensável para artistas, designers, estudantes de arte,
professores e visagistas.
B I O G R A F I A
62
Monocromática: nesse tipo, há poucos contrastes de cor. Uma única
cor primária ou secundária é dominante, e são usados, apenas, tons
variados do mesmo segmento.
Policromática: esse tipo é muito colorido e não apresenta muitas
cores primárias ou secundárias. Caracteriza-se por possuir muitos
contrastes.
Além disso, as cores são classi�cadas de acordo com o tom e a
temperatura. As cores de tom claro são: amarelo, laranja e verde-
amarelado. Já as cores escuras são: vermelho, roxo, verde e azul. As
cores, ainda, podem ser frias (azul, verde e roxo) ou quentes (amarelo,
laranja e vermelho).
Outro aspecto importante a ser considerado é a identi�cação das formas,
pois elas classi�cam os formatos de rosto e podem ser uma excelente
ferramenta para se de�nir o gestual intuitivo. Portanto, é fundamental
identi�car as formas geométricas na �gura humana. Se observarmos a
cabeça, o rosto, o pescoço e os ombros, será possível identi�car as
formas geométricas:
oval (rosto);
esfera ovoide (cabeça);
esfera e cilindro (olhos);
cilindro (pescoço);
pirâmide (nariz);
retângulo (testa);
e triângulo (parte central do rosto, boca e ombros).
As formas geométricas são formadas por linhas, e sua composição pode
simbolizar emoções e temperamentos. Veja a �gura “Formas
geométricas”.
63
Formas geométricas
HALLAWELL, 2010, p. 50.
Quadrado
Tanto o quadrado quanto a forma retangular são formados por
linhas verticais e horizontais. Portanto, qualquer imagem, objeto ou
espaço, até mesmo os rostos e os cortes de cabelo com esses
formatos, expressam poder, força, segurança, intelectualidade e
frieza. Já observou que, muitas vezes, chamamos as pessoas
conservadoras de “quadradas”? Na verdade, isso faz sentido quando
relacionamos o formato quadrado à resistência.
Triângulo
Formado por linhas inclinadas, o triângulo possui a base horizontal,
que proporciona estabilidade à medida que os outros lados
proporcionam a sensação de dinamismo. Embora as linhas
inclinadas dirigem o olhar para cima, quando um corte de cabelo
tem esse formato, as linhas laterais se voltam para baixo, criando a
sensação de imobilidade e peso.
Uma curiosidade acerca do triângulo invertido é sua relação
simbólica com o perigo, pois essa forma fornece a sensação de
insegurança. Isso se torna ruim quando associamos tal triângulo à
64
imagem pessoal. Contudo, quando as linhas dessa forma se
inclinam para cima, expressam energia e leveza.
Círculo
O círculo é formado por uma linha curva, sendo de�nido pela sua
estabilidade e, ao mesmo tempo, pelo movimento. Essa forma
permite a sensação de movimento eterno que se autolimita.
Exemplo disso é a imagem da serpente engolindo seu próprio rabo,
formando um círculo e simbolizando a eternidade.
A discussão sobre o impacto da pressão estética e a
desconstrução dos padrões alimentados pela mídia e pela
indústria da moda tem a função de desmisti�car o conceito
de beleza e perfeição. Enquanto pro�ssional visagista, como
seguir as técnicas e os padrões estabelecidos pela indústria
estética e, ao mesmo tempo, respeitar a individualidade e as
limitações de cada um?
O reconhecimento das formas geométricas possibilita ao visagista
explorar o processo criativo por meio da modi�cação dos padrões
existentes. Embora as formas do rosto sejam inalteradas, a não ser por
65
métodos cirúrgicos e invasivos, o visagista tem diversas opções para
modi�car a aparência e a expressão de uma pessoa, usando técnicas
baseadas nas estruturas, na cor e na luz.
2.3.4 Linguagem
É vista uma relação entre as imagens e a forma como as usamos, em
busca de estabelecer uma linguagem e, a partir disso, estabelecer
mecanismos de interação.
Na tentativa de propor uma linguagem, por meio dos elementos de
sintaxe visual, o visagismo pode ser considerado uma ferramenta de
construção da imagem humana. Os princípios que compõem essa
construção são baseados, além da linguagem visual, na estética, na
proporção, na simetria, nas cores, nas formas e na personalidade,
possibilitando leituras e a interpretação da imagem. Essa é a razão pela
qual as estratégias de comunicação devem ser pautadas em uma
linguagem visual estética e sensorial.
A relação entre o visagismo e a imagem transmitida trata-se de um
método multidisciplinar baseado nas teorias e nas pesquisas das áreas
da Psicologia, da Cognição, da Neurociência e da Antropologia.
Pesquisas mostram a relação das simbologias (nomeadamente: linhas,
formas e cores) e como seu signi�cado é transversal em todas as
culturas.  As formas e as estruturas possuem, em sua composição, um
signi�cado arquetípico, ou seja, toda a imagem produz uma reação
emocional, antes de ser compreendida racionalmente. Embora a reação
emocional seja individual, ela está associada às memórias e às
experiências passadas.
66
Para compreender melhor a aplicação do visagista no contexto da
comunicação, é preciso compreender a constituição da linguagem.
Primeiramente, é realizada uma análise geométrica na face do cliente;
em seguida, é determinado o temperamento dessa pessoa; por �m, é
discutida a mensagem que se pretende expressar por meio da imagem.
Em outro momento, inicia-se a aplicação das técnicas e do domínio dos
elementos que compõem a linguagem visual, ou seja, o visagista
transforma uma intenção em uma imagem estética e harmônica.
67
!
Recapitulando
Vimos, neste capítulo, o conceito de visagismo e como aplicá-lo
baseando-se na identi�cação dos traços físicos, expressivos e
emocionais. Aprendemos sobre a necessidade de expressar e transmitir
mensagens por meio da imagem pessoal.
Todos nós queremos nos sentir únicos e nos reconhecermos como parte
integrante de um grupo que nos “lê” por meio do que vestimos, do corte
de cabelo, da maquiagem, da postura, do temperamento e muito mais.
De uma forma mais simplista, o visagismo compreende conceitos de
harmonia e de estética, auxiliando na forma como a pessoa quer ser
“lida”.
Não devemos confundir tudo isso com futilidade, pois nossa impressão é
o que vai de�nir nossas relações e nossa autoestima. Sabemos que a
mídia e a moda impõem padrões de beleza, muitas vezes, contrários ao
que a maioria das pessoas pode ou quer adquirir.
Esse é um debate que deve ser destacado, pois não existe estereótipo
perfeito, e a busca por perfeição tem trazido consequências
devastadoras para a autoestima, em especial, das mulheres. Nisso, não
68
há nada de belo! Beleza e estilo não podem ser limitados aos padrões, e
sim ao harmônico e ao saudável. Sua impressão, além do que você
expressa �sicamente, também engloba seu emocional e seu cognitivo.
Proposta de Atividade
Agora é a hora de recapitular tudo o que você aprendeu neste capítulo!
Elabore um texto argumentativo de, no máximo, 15 linhas sobre

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