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APS PENAL

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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
APS – Direito Penal 
Hebert Santos de Souza 
R.A.: 8366958 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 São Paulo, 02 de Maio de 2020. 
APS – Resenha Crítica: “A FILOSOFIA DE AGAMBEN, O TERRORISMO 
DE BIN LADEN E O DIREITO PENAL DO INIMIGO: UM ESTUDO DE 
FRONTEIRAS ENTRE A PROTEÇÃO E A PUNIÇÃO” 
 
Na década de 1980, o mundo passava por uma série de acontecimentos históricos 
que influenciaram toda a sociedade contemporânea. Na América Latina, o Brasil passava 
pelo regime da ditadura, mais tarde fundando a Constituição Federal de 1988, enquanto 
que na Europa, a Alemanha seria marcada pela queda do muro de Berlim. Nesse momento 
surge o escritor alemão, Gunther Jakobs, trazendo a ideia do direito penal do inimigo no 
qual “se tem afastado, de maneira duradoura, ao menos de modo decidido, do Direito, 
isto é, que não proporciona a garantia cognitiva mínima necessária a um tratamento como 
pessoa”, devendo o indivíduo ser tratado como inimigo. 
Entretanto, o direito penal do inimigo defendido por Jakobs não foi, de primeiro 
momento, recepcionado pela sociedade alemã, que na época estava com medo da 
unificação da Alemanha Ocidental com a Alemanha Oriental, além disso o mundo 
caminhava rumo a democracia e as ideias do autor eram autoritárias. Porém, com o 
atentado terrorista às torres gêmeas nos EUA, em de 11 de novembro de 2001, o autor 
voltou a defender o direito penal do inimigo, em que o inimigo é um perigo que se coloca 
frente ao estado e deve ser combatido. 
É importante pontuar, de início, que para o autor, o sujeito que se coloca a 
margem, acima do estado, é considerado inimigo, ou seja, ele é um ser sensorial que 
pertence à outra ordem natural, em que é movido com inteligência por meio se suas 
satisfações e insatisfações diante seus interesses e preferências. Logo, se difere do 
indivíduo, por este está envolvido com a sociedade, sendo detentor de direitos e 
obrigações perante aos outros membros da sociedade que participa. 
Embora a ideia de Jakobs ter influenciado nas decisões que os EUA tiveram frente 
ao atentado terrorista, é necessário classificar que o direito penal do inimigo se contrapõe 
aos direitos e garantias constitucionais que o indivíduo conquistou ao longo dos anos. 
Dessa forma, tratar o indivíduo como um inimigo não tem espaço, pelo menos no 
ordenamento jurídico brasileiro, uma vez que o cidadão tem direito à vida, devendo ela 
ser resguardada pelo Estado. 
Nesse ínterim, vale ressaltar que os direitos fundamentais inerentes ao ser 
humano, positivados em lei, são de grande relevância ao relacionar o direito penal do 
inimigo, já que esses direitos e garantias surgiram com o intuito de proteger os cidadãos 
do poder do Estado. Isto é, não pode o estado tratar um cidadão como um inimigo, por 
mais criminoso que esse seja, pois, apesar de tudo, continua sendo um indivíduo 
possuidor de direitos dispostos expressamente em lei. 
Sob o mesmo ponto de vista, o general prussiano, Prittwitz entende que a teoria, 
do direito penal do inimigo, defendida por Jakobs, causa um enorme dano, uma vez que 
regimes autoritários utilizam desse instituto para legitimar o direito penal e processual 
contrário ao Estado de Direito. Como aconteceu nos Estados Unidos, na guerra ao terror 
em que invalidavam os direitos dos indivíduos, os tratando como inimigo. 
De certo, a morte de Osama Bin Laden foi um dos atos mais covardes da história, 
não defendendo suas práticas terroristas, mas no tocante à vida, ele também era munido 
de direitos e deveria ter tido um processo penal justo, com direito a ampla defesa e ao 
contraditório, dois dos princípios mais fundamentais e importantes no Direito Penal. 
Inclusive, a morte de Osama não só invalidou seus direitos como cidadão perante à 
sociedade, como também intentou contra às normas fundamentais garantidas com a Carta 
Magna de 1215. 
Acrescenta-se que, os Direitos de quarta geração trouxeram mais importância para 
o ser humano, por garantir e proteger o direito à vida, logo, cabe ao Estado reconhecer e 
zelar pela vida do cidadão, independentemente de sua infração penal. Em vista disso, com 
a Declaração Universal dos Direitos Humanos veio para reforçar este papel do Estado de 
proteger a pessoa humana, evitando que os direitos dos cidadãos, seja ele criminoso ou 
não, sejam violados por meio de assassinato, por exemplo. 
É importante pontuar, ainda, que em nenhum momento deve ser possível invalidar 
direitos constitucionais, uma vez que eles foram constituídos por meio de muita luta, são 
conquistas que devem ser preservadas mediante qualquer situação em que a sociedade 
estiver passando. Logo, não se pode admitir que num estado de exceção essas garantias 
constitucionais sejam aniquiladas sob argumento de ser um instrumento para manter a 
ordem jurídica e com isso, tratar o cidadão criminoso como o inimigo do Estado. 
Um exemplo disso, aconteceu no Brasil, que entre as décadas 1960 e 1980 viveu 
um regime militar, em que os direitos constitucionais dos cidadãos foram suprimidos. Sob 
argumento de que havia uma ameaça comunista no país, fecharam o Congresso Nacional 
e deu início ao horror. Hoje, essas pessoas que praticaram tantos crimes no regime militar 
deveriam ser executadas por, sob à luz do direito penal do inimigo? 
A resposta seria não, como aconteceu. Essas pessoas tiveram seus direitos 
constitucionais garantidos, respondendo processo penal com direito à ampla defesa e 
contraditório, assim como prevê a lei. Logo, é notório identificar que não há possibilidade 
de utilizar o direito penal do inimigo, visto que esse instituto confronta às normas do 
ordenamento jurídico, quando invalidado os direitos fundamentais dos cidadãos. 
Infere-se, dessa maneira, portanto, que o direito penal do inimigo definido como 
suspensão de determinadas leis, sob argumento da necessidade de proteger a sociedade 
ou o Estado contra o inimigo, é, sobretudo, equivocada pois anula todos os direitos 
constitucionais garantidos do cidadão, direitos estes que foram conquistados a base de 
muita luta. 
Além disso, confronta todo um sistema que prevê o direito à vida como um direito 
fundamental do qual, jamais, deve ser violado. Não obstante, não tem espaço, no 
ordenamento jurídico brasileiro, para o direito penal do inimigo, pois, sendo o cidadão 
um infrator penal, deve ele responder perante à justiça num processo penal justo, 
observando os princípios constitucionais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia: 
 
- SOUZA, Fernando Antônio C. Alves de; FILHO, José Arlindo de Aguiar. A 
FILOSOFIA DE AGAMBEN, O TERRORISMO DE BIN LADEN E O DIREITO 
PENAL DO INIMIGO: UM ESTUDO DE FRONTEIRAS ENTRE A PROTEÇÃO E A 
PUNIÇÃO. 
- JURÍDICO, Âmbito. O DIREITO PENAL DO INIMIGO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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