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Centro Universitário das Faculdades Metropolitanas Unidas Leticia Mickely Guilhermi da Silva. RA:3743164 Atividade Pratica Supervisionada (APS) PROCESSO PENAL – INFRAÇÕES E PROCEDIMENTOS CRIMINAIS ESPECIAIS São Paulo- SP 2021 PROCESSO PENAL – INFRAÇÕES E PROCEDIMENTOS CRIMINAIS ESPECIAIS No caso desta disciplina será prevista como tal atividade a leitura e resenha do texto A FILOSOFIA DE AGAMBEN, O TERRORISMO DE BIN LADEN E O DIREITO PENAL DO INIMIGO: UM ESTUDO DE FRONTEIRAS ENTRE A PROTEÇÃO E A PUNIÇÃO de Fernando Antônio C. Alves de Souza e José Arlindo de Aguiar Filho in https://revistajusticaesistemacriminal.fae.edu/direito/article/download/17/15 . O texto relata a morte do terrorista Osama Bin Laden, conhecido mundialmente, acusado de atentados terroristas na cidade de Nova Iorque. Após sua morte os Estados Unidos da América justificaram como legitima defesa durante uma operação militar. Diante controvérsias do relato, surgiu um debate de que existiria um Direito Penal do inimigo que algumas vozes, fundamentadamente, o apontam como justificativa do assassinato do Osama Bin Laden, pelo suposto assassinado do mesmo. O Direito Penal do Inimigo surgiu na Alemanha, com as idéias de Gunther Jakobs, professor de Filosofia do Direito e Direito. Segundo Jakobs o direito penal do inimigo é para o indivíduo que desafia as convenções da sociedade como estabelecidas e, dessa forma, ameaça a estrutura estatal buscando a sua destruição. Com isso, por não respeitar os regramentos este individuo não faria jus aos direitos fundamentais e garantias, arrancando a sua dignidade, justificado como um ser juridicamente inominável e inclassificável. O inimigo não é simplesmente o criminoso que pratica pequenos e médios delitos, mas sim aquele que abdicou totalmente dos preceitos da vida em sociedade, como terroristas, pondo em risco as convenções da coletividade. Neste entendimento o inimigo seria alguém que não aceitaria o convívio social, devendo ser objeto de medidas penais duras, como prisão perpetua e a pena de morte. A preocupação está concentrada em proteger a sociedade dos danos possíveis que o inimigo poderia causar. A Teoria de Jakobs, a criação de leis severas direcionadas à indivíduos dessa específica engenharia de controle social, poderiam funcionar perfeitamente em uma sociedade que tivesse condições e capacidades especiais para distinguir entre os que mereceriam ser chamados de cidadãos e os que deveria ser considerados os inimigos. São características do direito penal do inimigo: A que é formado pela cogitação, preparação, execução, consumação e em alguns delitos o exaurimento. A desproporcionalidade das penas, que consiste na cominação de penas em abstrato muito desproporcionais à gravidade do fato. A restrição de garantias penais, que são um escudo contra o arbítrio do poder punitivo estatal. Verifica-se o tratamento diferenciado entre alguns indivíduos, que é presente desde os tempos antigos, com o entendimento que deveriam ser tratados como inimigos do Estado, essa colocação faz do inimigo um ser perigoso, não podendo ter direitos mínimos assegurados sobre os direitos humanos, uma vez que o inimigo se revolta contra o Estado. O texto também traz o conceito de Estado de Execução, que segundo Gunther é um início da guerra Civil, que tira o direito dos considerados inimigos “uma forma legal, daquilo que não pode ser legal”. Segundo Agamben, não é um direito especial, e sim uma definição de seu patamar ou seu conceito limite, ou seja, a suspenção em caráter para proteger o estado. A definição descrita é aplicável ao evento da morte do terrorista, justificando que a morte foi em favor do Estado e da segurança coletiva, em razão ao atentado de 11 de setembro de 2001. Mas é visto como uma longa série de abusos contra os direitos humanos, cometidos sob o conceito de um direito penal do inimigo, como a total ausência de garantias penais processuais. Todavia, muitos estudiosos afirmam que não se pode chamar o direito penal do inimigo de um direito, muito menos de um direito penal. Seria na verdade um não direito, ou contra-direito totalmente avesso e incompatível com aquilo que conhecemos por Estado Democrático de Direito. Segundo Luhmann e Jakobs ser uma pessoa significa ter de representar um papel. Pessoa é a máscara, vale dizer, precisamente não é a expressão da subjetividade de seu portador, ao contrário é a representação de uma competência socialmente compreensível. Consideram que o sujeito livre, sempre será um sujeito que ostenta responsabilidades. As bases da ficção de Jakobs se baseia nos fundamentos dos filósofos Rosseau, Fichte, Hobbes e Kant. Com base nesses filósofos, Jakobs sustenta que o status de cidadão pode deixar de existir, já que há diferença entre pessoa e indivíduo. Diante de todo o exposto acima, permite-se concluir que a Teoria do Direito Penal do Inimigo, vem, há mais de 20 anos, com entendimento de que é para um individuo que vá contra o estado e suas regras, com objetivo de prevenir a ocorrência de certos crimes, com uma exacerbação do caráter punitivo da Justiça. Percebe-se que a adoção do direito penal do inimigo decorre muitas vezes de um estado de alarme provocado na sociedade pelos meios de comunicação que não veem nada mais que a perspectiva de lucro com matérias sangrentas e bombásticas. Contudo, a teoria do direito penal do inimigo é totalmente incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro, analisando-se o tema sob o ponto de vista constitucional, a dignidade da pessoa humana é fundamento de um Estado Democrático de Direito e está disposta expressamente no artigo 1º, III e no artigo 5º, “caput”, inciso X da nossa constituição. A Carta Magna aplica o princípio da igualdade, não sendo cabível a essência da teoria de Jakobs no que diz respeito à segmentação das pessoas entre “cidadãos” e “inimigos”. Basicamente essa teoria visa a separar os indivíduos que cometem crimes reiteradas vezes dos indivíduos que cometeram um crime pela primeira vez, ou seja, deve-se existir dois direitos penais, a lei não pode ser aplicada da mesma forma para os dois indivíduos, não se pode tratar de modo igual um terrorista e quem comete um furto. Assim, não cabe ao Estado sacrificar os direitos do individuo, mesmo que em caráter de excepcionalidade, for a de guerra, alegando ser em prol do bem coletivo, os direitos tem que ser cumpridos.
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