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FACULDADES METROPOLITANAS UNIDAS - FMU APS – Bens Públicos e Contratos Administrativos Hebert Santos de Souza R.A.: 8366958 São Paulo, 10 de novembro de 2020 APS – Regime Diferenciado de Contratações Públicas Desde que o Brasil foi anunciado como sede dos eventos esportivos de 2013, 2014 e 2016, causou-se uma euforia nas pessoas, sobretudo na movimentação econômico-financeiro que traria para o país, bem como o sonho de levar as premiações, ou melhor, deixá-las aqui. No entanto, a sociedade brasileira não estava preparada, fisicamente falando, para sediar os jogos da copa do mundo e, por conta disso, foram necessárias uma série de obras de construção e reformas de estádios, estações de metrôs e afins. Nesse contexto, as capitais do país, que receberiam a maior parte dos estrangeiros e sediariam os eventos esportivos, começaram as reformas e construções, necessárias, anos antes do início desses eventos. De certo, para que as empresas iniciem essas obras públicas é preciso passar por um processo de habilitação e, consequentemente, vencer o processo de licitação para iniciarem as obras de infraestruturas. Dito isso, em 18 de março de 2011 foi criada a Medida Provisória n° 527, que inicialmente fundou a Secretaria e Aviação Civil da Presidência da República. No entanto, durante a tramitação da medida provisória, foi apresentado um projeto de lei que a convertia em lei ordinária, acrescentando à sua norma uma série de dispositivos designados para conduzir licitações e contratos necessários para reformas destinadas aos eventos esportivos entre os anos de 2013 e 2016. Dessa maneira, a Lei n° 12.462/2011 instituiu o Regime Diferenciado de Contratações Públicas. É importante pontuar, de início, que o Regime Diferenciado de Contratações Públicas, nasceu com o principal objetivo de acelerar as obras que antecediam os eventos esportivos, e por isso não precisariam seguir nenhuma das modalidades de licitação, quais sejam: concorrência, tomada de preço, convite, concurso, leilão e o pregão. Sendo que a concorrência contempla quaisquer interessados que preencha os requisitos de qualificação exigidos no edital, devendo fazê-lo na fase inicial de habilitação preliminar, para enquanto que a tomada de preço consiste quando todos os interessados devidamente cadastrados ou que atendem os requisitos exigidos para o cadastramento, até o terceiro dia anterior à data do recebimento das propostas. Já o convite, é utilizado, geralmente, nos contratos de menor valor e ocorre quando a Unidade Administrativa convida no mínimo três interessados cadastrados ou não, juntando uma cópia do instrumento convocatório. Por outro lado, a modalidade concurso é utilizada para selecionar e premiar trabalhos de caráter cientifico, técnico, bem como artístico com prêmios ou remuneração, tem a finalidade de incentivar à ciência, arte ou tecnologia, sendo que os critérios são definidos em edital. A modalidade leilão consiste na venda de bens imóveis e que não tenha nenhuma utilidade para a administração pública, vencendo o interessado que der o maior lance. Por fim, o pregão é a modalidade utilizada para contratação de bens e serviços comuns, tem um procedimento mais rápido por ser regulamentada por norma própria, dada pela Lei n°10.520/2002, cabe salientar que existem as versões presencial e eletrônica, em que o vencedor é quem oferece o menor preço. Dito isso, é importante ressaltar que o Regime Diferenciado de Contratações não é uma modalidade de licitação, mas sim um novo procedimento aplicável exclusivamente às licitações e contratos necessários à realização, conforme dispõe o artigo 1°, da Lei 12.462/2011. É importante pontuar, ainda, que o Regime Diferenciado de Contratações não utiliza todas as regras da Lei de Licitações e Contratos Administrativos n°8666/93, sendo utilizadas somente as que são compatíveis com suas normas, com isso a lei trouxe uma série de mudanças em relação ao regime tradicional dessa lei. Além disso, é necessário que os interessados em no regimente diferenciado de contratações devem expressar no instrumento convocatório, o que afastará a disciplina da Lei n° 8666/93, com exceção nos casos previstos na própria lei do RDC, conforme dispõe o parágrafo 2°, do artigo 1° da Lei n°12.462/2011. Nesse sentido, vale destacar que ampliar a eficiência nas contratações públicas e a competitividade entre os licitantes; promover a troca de experiências e tecnologias em busca da melhor relação entre custos e benefícios para o setor público; incentivar a inovação tecnológica; e assegurar tratamento isonômico entre os licitantes e a seleção da proposta mais vantajosa para a administração pública, são os objetivos que o Regime Diferenciado de Contratações trouxe e prevê o parágrafo 1°, do artigo 1°, da Lei n°12.462/2011. Embora o RDC disponha uma série de mudanças no tratamento de licitações em alguns casos, ele já foi objeto de discursão de constitucionalidade por haver uma impossibilidade de a União editar legislação especifica a ser apreciada por ela e pelos demais entes federativos, além de afastar as normas gerais da Lei n°8666/93, que trata de licitações e contratos administrativos, bem como o sigilo do orçamento dos recursos das obras públicas, disposto no artigo 6°, “caput”, da Lei n°12.462/2011, foram alguns dos argumentos apresentados para declarar a inconstitucionalidade do RDC, no entanto não houve nenhuma declaração ou anulação da lei, que está em vigor até os dias atuais. Infere-se, portanto, que o Regime Diferenciado de Contratações Públicas é uma norma diferente que regulamenta algumas licitações necessitadas de uma celeridade, afastando as burocracias que afetam as licitações de modo geral, que apesar de já ter sido objeto de questionamento de constitucionalidade, conseguiu aprovação para permanecer eficaz até o presente momento. Além disso, é necessário que as normas previstas no RDC sejam respeitadas e utilizadas dentro da seara do direito administrativo, uma vez que se trata de um regime de exceção, que está sendo utilizada como regra.
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