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Luana Soares P2 – Monitoria • Anemia é definida como diminuição do volume de hemácias, ou de hemoglobina (Hb), por unidade de volume de sangue. • Do ponto de vista fisiológico, a anemia é caracterizada pela diminuição na capacidade transportadora de oxigênio por unidade de volume de sangue, já que a principal função da Hb é o transporte de oxigênio do pulmão para os tecidos. • Os valores de referência variem entre os laboratórios, valores típicos de hemoglobina para definir anemia seriam abaixo de 13,5 g/dL em homens adultos e abaixo de 11,5 g/dL em mulheres adultas • Nas crianças de um a dois anos, de ambos os sexos, o limite inferior de hemoglobina sérica é de 9,5 g/dl (anemia fisiológica da infância). Os indivíduos residentes em elevadas altitudes, em razão dos menores teores de oxigênio do ar ambiente, possuem níveis marcadamente superiores • Dos 2 anos de idade até a puberdade, hemoglobina abaixo de 11 g/dL indicaria anemia. • Os recém-nascidos têm nível mais alto de hemoglobina; ao nascimento, 14 g/dL é considerado o limite de referência inferior • Anemia não é um diagnóstico definitivo, e sim um achado laboratorial que necessita elucidação etiopatogênica DETERMINAÇÃO VALOR NORMAL APROXIMADO HEMOGLGINA - Homens: 13,5 – 17,5 g/dL - Mulheres: 12 – 16 g/dL HEMATÓCRITO - Homens: 40 – 52% - Mulheres: 36 – 48% CONTAGEM DE ERITRÓCITOS - RBC - Homens: 4,5 – 6,0 x 106/ ml de sangue - Mulheres: 4,0 – 5,4 x 106/ ml de sangue VOLUME CORPUSCULAR MÉDIO - VCM 81 – 99 fL HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MÉDIA – HCM 30 – 34 pg CONCENTRAÇÃO DE HEMOGLOBINA CORPUSCULAR MEDIA - CHCM 30 – 36 g/dL RDW – CV + 12 – 15% RDW – SD + 37 – 47 fL CONTAGEM DE RETICULÓCITO 20.000 – 100.000 n°/mL de sangue % DE RETICULÓCITO 0,5 – 1,5 % de RBCs Luana Soares P2 – Monitoria VALORES DE REFERÊNCIA (LIMITE INFERIOR) DE HEMOGLOBINA E HEMATÓCRITO EM CRIANÇAS, DE ACORDO COM A FAIXA ETÁRIA IDADE HEMOGLOBINA (G/DL) HEMATÓCRITO (%) 6 meses a 4 anos 11,0 33 5 a 11 anos 11,5 34 12 a 14 anos 12,0 36 ASPECTOS CLÍNICOS DA ANEMIA • As principais adaptações à anemia ocorrem no sistema circulatório (com aumento do volume sistólico e taquicardia) e na curva de dissociação de O2 da hemoglobina. • A presença ou a ausência de sinais clínicos de anemia variam de acordo com quatro fatores principais. o Velocidade de instalação − Anemia rapidamente progressiva causa mais sintomas que a anemia de instalação lenta, uma vez que há menos tempo para adaptação do sistema circulatório e da curva de dissociação de O2 da hemoglobina. o Severidade da anemia − Mesmo uma anemia severa (hemoglobina da ordem de 6 g/dL) pode causar sintomas discretos quando a instalação for gradual e acometer um indivíduo jovem sem outra doença. o Idade − O idoso tolera menos a anemia do que o jovem, pela progressiva diminuição da compensação cardiovascular normal com o avanço da idade. o Curva de dissociação de O2 da hemoglobina − A anemia é acompanhada de aumento de 2,3-DPG nos eritrócitos e de desvio para a direita da curva de dissociação de O2 da hemoglobina, de modo que o oxigênio é liberado de forma mais rápida para os tecidos. Essa adaptação é particularmente marcante em algumas anemias que afetam diretamente o metabolismo do eritrócito (p. ex., na deficiência de piruvatoquinase, que causa aumento na concentração de 2,3-DPG nos eritrócitos) ou nas que são associadas a uma hemoglobina de baixa afinidade (como a Hb S) QUADRO CLINICO • Os sinais e sintomas associados à anemia se devem à deficiência do aporte tissular de oxigênio. • Pacientes cujo quadro anêmico se estabeleceu lentamente, como no caso da deficiência de ferro por perdas crônicas, suportarão níveis mais baixos de hemoglobina (pela adaptação feita com os mecanismos compensatórios) • Existem mecanismos fisiológicos de adaptação à anemia, que são Luana Soares P2 – Monitoria o Aumento do débito cardíaco - Para aumentar o aporte de oxigênio aos tecidos, o sangue circula em maior volume por minuto. Tal procedimento é chamado “efeito hiperci néti co da anemia”, que é consequência da queda da resistência vascular periférica e aumento da frequência cardíaca o Aumento do 2,3 DPG (glicose difosfato) no interior da hemácia - Este metabólito reduz a afinidade da hemoglobina pelo oxigênio, facilitando a liberação de O2 nos tecidos e minimizando os sintomas. o Aumento da perfusão “órgão-seletiva” - Formando shunts, para melhorar perfusão de órgãos vitais. Na perda aguda, as maiores áreas de redistribuição são o leito vascular mesentérico e ilíaco; nas perdas crônicas, pele e rim. o Aumento da função pulmonar - Aumento da frequência respiratória para elevar a oxigenação sanguínea. o Aumento da produção de eritrócito - Mediado pela produção de eritropoietina (EPO). A taxa da síntese de EPO é inversamente proporcional à concentração de hemoglobina e estimulada pela hipóxia do tecido renal. Quando o sistema de adaptação da anemia está preservado, a liberação tissular de oxigênio pode ser mantida, em repouso, com valores de hemoglobina até 5g/dL. Sintomas se estabelecerão com valores abaixo deste no indivíduo em repouso, ou ao esforço físico, ou, ainda, nos casos de falha no sistema de adaptação. • SINAIS o Sinais gerais incluem palidez das mucosas e dos leitos ungueais, que ocorrem se o nível de hemoglobina for menor do que 9 a 10 g/dL; pode haver hipercinese circulatória com taquicardia, pulso amplo, cardiomegalia e sopro sistólico, mais audível no ápex. Sinais de insuficiência cardíaca podem estar presentes, sobretudo em idosos. o Sinais específicos são os associados a tipos particulares de anemia por exemplo, coiloníquia (“unhas em colher”) na deficiência de ferro, icterícia nas anemias hemolítica e megaloblástica, úlceras de perna na anemia de células falciformes e em outras anemias hemolíticas, deformidades ósseas na talassemia maior. o Anemia causada por perda sanguínea aguda é acompanhada de sintomas de hipovolemia. De acordo com o volume de sangue perdido, a intensidade do sintoma muda, e pode variar desde taquicardia, até choque hipovolêmico e perda de consciência. Além disso, os reflexos de adaptação vascular à perda volumétrica aguda são mais intensos, e o quadro pode regredir apenas com reposição de volume. É importante reconhecer a diferença entre sintoma de anemia e hipovolemia, a fim de evitar transfusões de sangue desnecessária • SINTOMAS o Dispneia ao esforço (de forma progressiva, até dispneia em repouso) o Fraqueza, astenia o Tontura postural o Vertigem o Letargia Luana Soares P2 – Monitoria o Alteração do sono o Alteração do humor o Palpitações, taquicardia o Cefaleia Em idosos, podem surgir sintomas de insuficiência cardíaca, angina de peito, claudicação intermitente e confusão mental. Distúrbios visuais devidos à hemorragia da retina podem complicar anemias muito severas, sobretudo quando forem de rápida instalação CLASSIFICAÇÃO Fisiopatológica • O número de reticulócitos (precursores das hemácias) ajuda a estimar a função medular e deve ser pedido na avaliação das anemias. • A contagem normal de reticulócitos varia de 0,5 a 2%, e sua contagem absoluta de 25.000 a 75.000 μL, podendo ser utilizada como marcador da eritropoese eficaz, pois eles são formas jovens da hemácia recentemente liberados pela medula óssea. • Diante do quadro de anemia, se a EPO e a função medular estiverem preservadas, a produção eritroide aumentará em 2 a 3 vezes o valor normal dentro de 10 dias do início da anemia. Desta forma, se o valor normal da contagem não for ampliado dessa maneira, será indício de resposta medular inadequada. • O valor do reticulócito pode ser expresso em número absoluto ou relativo (em porcentagem). Como geralmente é referido em porcentagem, para utilizá-lo como indicador de função medular, sãonecessários ajustes. o Ajustar para o grau de anemia − Na anemia, a porcentagem de reticulócitos pode estar aumentada, enquanto o número absoluto pode estar baixo. − Ex.: em um caso em que o valor de reticulócitos é de 5%, em uma contagem de eritrócitos de 1.000.000/μL, o número absoluto é de 50.000/μL; isto é, infere-se que não há reticulocitose. Para corrigir esse efeito, utiliza-se o seguinte cálculo: − Outra fórmula que também pode ser uti lizada é o cálculo do número de reti culócitos absolutos, como segue: • Índice reticulocitário o O reticulócito está presente na circulação pelo período de 1 a 2 dias, tempo sufi ciente para o catabolismo final dos resíduos de RNAs. Luana Soares P2 – Monitoria o Em situações com grande estímulo da eritropoiese, o reticulócito pode sair precocemente da medula e ficar mais dias no sangue periférico, fato identificado pelo encontro de policromasia (variação de cor na análise do sangue periférico). Portanto, nessas situações, pode-se ter uma estimativa exagerada da eritropoiese. o Para corrigir esse efeito, uti liza-se o índice reticulocitário. Calcula-se, de forma prática, dividindo o reticulócito corrigido por 2 (ou o valor absoluto), pois a maioria dos pacientes se apresenta com hematócrito entre 20 e 30. Porém, quanto mais intensa for a anemia, mais precocemente o reticulócito cairá na circulação, e ali fica por maior tempo. Desta forma, o método correto de calcular o índice reticulocitário é correlacionar com o hematócrito. ANEMIAS HIPOPROLIFERATIVAS • Medula hipoproliferativa: apresenta contagem de reticulócito corrigida <2% ou <100.000/mm3 • diagnosticada pela reticulocitopenia, resulta da baixa taxa de produção de hemácia. • Causas mais comuns: o Deficiência nutritiva (causa mais comum entre crianças e adultos): por falta de absorção, ingesta inadequada ou perda crônica; o Falta de estímulo: diminuição de hormônios estimulantes da eritropoiese – eritropoetina (disfunção renal), hormônio tireoidiano, andrógeno; o Doenças da célula-tronco (anemia aplástica, mielodisplasia) ou infiltração medular tumoral; supressão medular: quimioterápicos, medicamentos; o Anemia de doença crônica secundária a processos inflamatórios, infecciosos ou neoplásicos ANEMIAS HIPERPROLIFERATIVAS • Medula hiperproliferativa: quando a contagem atinge valores ≥2% ou ≥100.000/mm3, indicando resposta medular normal à perda de sangue ou à destruição excessiva dos eritrócitos. Luana Soares P2 – Monitoria • Diagnosticadas pela reticulocitose, ocorrem em razão da perda ou destruição excessiva dos eritrócitos, com resposta adequada da medula óssea. Hemólise é a destruição prematura de hemácias e pode ser de causa congênita ou adquirida Morfológica • A avaliação morfológica das anemias baseia-se, principalmente, na Concentração da Hemoglobina Corpuscular Média (CHCM), no Volume Corpuscular Médio (VCM) e no RDW. • O VCM (que mostra o tamanho médio dos eritrócitos) e o CHCM (que mostra o valor médio de hemoglobina por hemácia – representada morfologicamente pela cor do eritrócito) podem ser calculados com base nos valores de hematócrito, número de eritrócitos e hemoglobina. • Segundo o VCM, a anemia pode ser: o NORMOCÍTICA: 80 a 100 fL − São geralmente normocrômicas − Estão incluídas neste grupo as anemias hemolíticas e as aplasias medulares ou anemia aplástica o MACROCÍTICAS: > 100 fL − Caracterizadas pela presença de hemácias de grande volume e geralmente hipercrômicas. − Algumas dessas anemias macrocíticas podem ser megaloblásticas o MICROCÍTICAS: <80 fL − Têm predomínio de hemácias de pequeno volume e pobres em hemoglobina ou hipocrômicas. − Incluem-se aqui as anemias ferroprivas. • Segundo o CHCM, a anemia pode ser: o NORMOCRÔMICA: 32 a 36 g/dL o HIPOCRÔMICA: < 32 g/dL o HIPERCRÔMICA: > 36 g/dL ANEMIAS MACROCÍTICAS E NORMOCRÔMICAS • Trata-se de hemácias grandes e de coloração normal, maiores que a média, porém com conteúdo globínico normal. • Ocorrem frequentemente em: o Anemias com metabolismo anormal do ácido nucleico – megaloblásticas por deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, medicamentos (zidovudina, hidroxiureia); o Reticulocitose importante, pois o reticulócito é uma célula grande – anemia hemolítica, resposta à perda sanguínea aguda; Luana Soares P2 – Monitoria o Alteração da maturação do eritrócito (mielodisplasia); o Outras causas, como hepatopatia, hipotireoidismo, alcoolismo. • Sem megaloblastos na medula óssea o Anemia hemorrágica e hemolítica o Anemia secundária a uso de antimetabólitos o Anemia das hepatopatias • Com megaloblastos na medula óssea o Anemia por deficiência de vitamina B12 o Anemia por deficiência de ácido fólico o Anemia por defeito de síntese do ADN (por drogas ou congênito) ANEMIAS NORMOCÍTICAS E NORMOCRÓMICAS • A média do tamanho e da coloração das hemácias é normal. • Nessa situação, a análise do sangue periférico é importante, pois pode tratar-se de estágio inicial de anemia microcítica ou macrocítica. • Pode também ocorrer pela falta de estímulo da eritropoese (insuficiência renal, endocrinopatia), pela anemia de doença crônica ou pelas anemias por infiltração medular, entre outros. • Anemia hemorrágica aguda • Anemia ferropriva, fase inicial • Anemia da IRC • Mielodisplasias • Anemia da hepatopatia crônica • Anemia multicarencial – ferropriva e megaloblástica • Anemias hemolíticas (com discreta reticulocitose) • Anemias por deficiente produção de hemácias o Aplasia medular o Insuficiência renal o Doenças crônicas o Endocrinopatias (hipotireoidismo, hipoadrenalismo) o Infiltração medular (leucemias, mieloma etc.) ANEMIAS MICROCÍTICAS E HIPOCRÔMICAS • São caracterizadas por células pequenas e de coloração menos intensa, pelo pouco conteúdo de Hb, que pode ser decorrente de: o Diminuição da disponibilidade do ferro: deficiência de ferro, anemia de doença crônica, deficiência de cobre; o Diminuição da síntese do heme: intoxicação por chumbo, anemia sideroblástica; o Diminuição na síntese de globinas: talassemia, outras hemoglobinopatias. • Anemia ferropriva • Anemia sideroblástica • Anemia do hipertireoidismo Luana Soares P2 – Monitoria • Anemia de doença crônica de longa duração (o VCM não chega abaixo de 75 fL) • Talassemias Luana Soares P2 – Monitoria Anemia Ferropr iva • A deficiência de ferro representa a causa mais comum de anemia. • Diagnóstico o Hb Eritrócitos e Hematócrito VCM HCM ↑RDW o Hemograma com anemia microcítica e hipocrômica. o Ferritina < 10 ng% o Ferro sérico < 30mcg% , o que denota baixo estoque o Capacidade de ligação ao ferro (TBIC) alta. Siderob lást i ca • Podem ser hereditárias ou adquiridas. • Na infância: muito grave. • Diagnostico o Hb (6,0) VCM ↑RDW (sempre), Anisocitose intensa, microcitose, hipocromia, pecilocitose com presença de codócitos. o Infecção por chumbo o O que diferencia da ferropriva é sua hipocromia e seu ferro sérico alto Anemia Megalob lás t i ca • ↑VCM ↑HCM e CHCM normal • Pode ser causada por deficiência de vitamina B12 ou ácido fólico, que ocorre por baixa ingesta (deficiência de folato) ou por impacto na absorção, como é o caso da anemia perniciosa (deficiência de vitamina B12). • Diagnóstico o Neutrófilos plurissegmentados no sangue periférico. o Leucopenia o Trombocitopenia o Macrocitose o Deficiência de vitamina B12 pode cursar com pancitopenia. o A investigação inicia-se pela dosagem de ácido fólico e vitamina B12. o As dosagens séricas de ácido metilmalônico e homocisteina são usadas para confirmação diagnóstica Luana Soares P2 – Monitoria ANEMIA PERNICIOSA • A anemia perniciosa é a forma mais comum de deficiência de vitamina B12 e ocorre de duas formas: pelafalta do fator intrínseco associado à atrofia gástrica e à deficiência de muitas outras secreções gástricas (aquilia gástrica); ou pela falta congênita do fator intrínseco, que é muito rara. • É mais frequente em adultos, sendo que a frequência da doença aumenta à medida que a idade avança. • Durante a instalação da deficiência de vitamina B12, o VCM tende a ser proporcional ao grau de anemia. Anemia moderada cursa com valores de VCM que variam de 100 a 110 fL, mas, com o agravamento do quadro, o VCM pode chegar A valores superiores a 150 fL. Semelhantemente, o HCM pode chegar a valores acima de 50 pg em situações de anemia extrema. • A macrocitose pode ser mascarada pela coexistência de outras patologias associadas à deficiência de vitamina B12. ANEMIAS HEMOLÍTICAS − Compreende um grupo de doenças em que a sobrevida das hemácias em circulação está acentuadamente reduzida e a medula óssea não é capaz de compensação mesmo aumentando sua produção. − Elevação da bilirrubina, urobilinogênio positivo e reticulocitose sugerem anemia hemolítica. ANEMIA FALCIFORME • Ocorre por mutação que substitui o ácido glutâmico por valina na posição 6 da cadeia ß da globina. A hemácia com a globina mutante quando desoxigenada torna a clássica forma de foice, perdendo a flexibilidade necessária para atravessar os pequenos capilares. Os heterozigotos para a mutação apresentam uma entidade benigna (traço falciforme), sem ocorrência de anemia ou obstrução vascular. • Diagnóstico o VCM ↑RDW o Anemia crônica, crises de dor osteoarticular, icterícia e história familiar freqüentemente positiva. o O diagnóstico é feito pela eletroforese de hemoglobina que detecta a presença da hemoglobina mutante (Hemoglobina S). TALASSEMIA • É doença hereditária resultante de um defeito genético na síntese de uma ou mais cadeias globínicas da hemoglobina. • Há dois principais tipos de talassemia - alfa e beta – que podem se manifestar como minor (ou traço talassêmico), intermédia ou major. • Diagnóstico o Hemograma com microcitose, hipocromia VCM HCM. o A eletroforese de hemoglobina apresenta elevação da hemoglobina A2 nas beta-talassemias. Luana Soares P2 – Monitoria ESFEROCITOSE HEREDITÁRIA • Representa a mais comum desordem congênita da membrana eritróide. • É caracterizada por disfunção de uma ou mais proteínas de membrana, gerando alteração na flexibilidade da hemácia com destruição periférica precoce. Clinicamente varia desde anemia discreta compensada até grave anemia hemolítica. • O tratamento inclui reposição de ácido fólico e esplenectomia para os pacientes com anemia mais grave. • A transfusão de concentrados de hemácias deverá ser reservada para pacientes em crise aplásica ou hemólise grave. • ↑CHCM DEFICIÊNCIA DE GLICOSE 6 FOSFATO DESIDROGENASE (G6PD) • Representa a anormalidade mais comum do metabolismo da hemácia. • É uma desordem genética ligada ao cromossomo X. • A deficiência desta enzima diminui a capacidade da hemácia de manter-se íntegra frente aos agentes oxidantes. • Infecções, alterações metabólicas e exposição a alguns fármacos provocam episódio hemolítico agudo com hemólise intravascular. • O diagnóstico pode ser confirmado pela presença do Corpúsculo de Heinz no esfregaço de sangue periférico e pela pesquisa de G6PD. • A maioria dos indivíduos é assintomática, realizando-se o diagnóstico por estudo familiar. • O tratamento é de suporte com transfusão de hemácias, quando necessário. • A profilaxia das crises é extremamente importante, evitando o uso de substâncias oxidantes. ANEMIA HEMOLÍTICA AUTOIMUNE • Ocorre quando há destruição precoce das hemácias mediada por auto-anticorpos fixados a antígenos da membrana eritrocitária que determina uma série de reações em cascata terminando na lise dessas células (hemólise intravascular), além de fagocitose pelo sistema macrofagocítico (hemólise extravascular). • Pode ocorrer de forma idiopática, induzido por drogas ou de forma secundária a processos autoimunes, infecciosos ou neoplásicos. • O quadro clínico típico demonstra sinais e sintomas de anemia associada à icterícia, dor abdominal e febre. Esplenomegalia de pequena monta pode ser encontrada. • O esfregaço de sangue periférico revela microesferócitos, hemácias “mordidas” e eritroblastos. O teste da antiglobulina direta (Coombs direto) é caracteristicamente positivo. • O tratamento consiste em administração de glicocorticóides. Nos casos refratários pode ser realizada esplenectomia ou terapia com imunossupressores. A transfusão deverá ser reservada para pacientes com sinais de falência circulatória. • COOMBS DIRETO • Corpos frios IgM (ex.: mycosplasma) • Corpos quentes IgG Luana Soares P2 – Monitoria ANEMIA HEMOLÍTICA MICROANGIOPÁTICA • Caracterizada por hemólise microvascular causada por fragmentação de eritrócitos normais passando por vasos anormais. • A síndrome hemolítico-urêmica e a púrpura trombocitopênica trombótica são causas primárias, enquanto que, entre as secundárias, encontramos as complicações da gravidez como: o DPP, pré- eclâmpsia, eclâmpsia e a síndrome HELPP. • Clinicamente constata-se a tríade clássica: anemia microangiopática, plaquetopenia e insuficiência renal aguda. • O tratamento consiste em plasmaférese, observando-se que a transfusão de plaquetas é contraindicada por resultar em agravamento da trombose microvascular. Anemia Ap lást i ca • VCM, HCM E CHCM normais. • Caracterizada por uma pancitopenia, ou seja, a diminuição das três linhagens celulares: eritrócitos, leucócitos e plaquetas. A medula óssea mostra-se hipoplástica ou aplástica. • A grande maioria das anemias aplásticas é idiopática. Os mecanismos que levam à aplasia incluem deficiência, imunosupressão ou defeito nas células-tronco da medula óssea. Anemia De Doenças Crôn i cas • Cursa com anemia normocítica e normocrômica, geralmente leve a moderada. Sua causa é multifatorial e as doenças infecciosas, autoimunes, neoplasias e insuficiência renal crônica são condições associadas. • Os exames laboratoriais demonstram ferritina normal ou alta, com ferro sérico baixo, em decorrência de desordem no metabolismo do ferro. Luana Soares P2 – Monitoria • O tratamento da doença de base deve ser realizado sempre que possível. O tratamento de suporte pode ser realizado com reposição de eritropoetina para os casos onde há deficiência e administração de ferro por via parenteral, enquanto que a transfusão de concentrados de hemácias deverá ser reservada para os pacientes sintomáticos.
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