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Introdução ao estudo da Psicopatologia e o diagnóstico em Psiquiatria Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. Semiologia psiquiátrica • Semiologia ou semiótica: ciência dos signos. • Signo: elemento nuclear da semiologia. É um tipo de sinal. • Sinal: qualquer estímulo emitido pelos objetos do mundo. • Ex.: fumaça → fogo / vermelho → sangue • Semiologia médica: estudo dos sintomas e sinais das doenças, que permite ao profissional de saúde identificar alterações físicas e mentais, ordenar os fenômenos observados, formular diagnósticos e empreender terapêuticas. • Ex.: febre → infecção / fala extremamente rápida e fluente → mania • A semiologia médica e psicopatológica trata particularmente dos signos que indicam a existência de sofrimento mental, transtornos e patologias. • Signos de maior interesse para a psicologia: - sinais comportamentais objetivos, verificáveis pela observação direta do paciente. - sintomas, ou seja, as vivências subjetivas relatadas pelos pacientes, suas queixas, aquilo que experimenta e que comunica a alguém de alguma forma. Síndromes e entidades nosológicas • Síndromes: agrupamentos relativamente constantes e estáveis de determinados sinais e sintomas. Consiste puramente numa definição descritiva de um conjunto momentâneo e recorrente de sinais e sintomas. • Entidades nosológicas, doenças ou transtornos específicos: fenômenos mórbidos nos quais se podem identificar ou presumir com certa consistência determinados fatores causais, um curso relativamente homogêneo, estados terminais típicos, mecanismos psicológicos e psicopatológicos característicos, antecedentes genético- familiares, resposta a tratamentos mais ou menos possíveis. • Psicopatologia e psiquiatria → trabalha-se muito mais com síndrome do que com doenças específicas. Forma e conteúdo dos sintomas • Quando se estuda os sintomas psicopatológicos, costuma- se enfocar dois aspectos básicos dos mesmos: • Forma dos sintomas: sua estrutura básica, que é relativamente semelhante nos diversos pacientes. • Ex.: alucinação, delírio, ideia obsessiva, labilidade emocional) • Conteúdo dos sintomas: aquilo que preenche a alteração estrutural. Geralmente é mais pessoal, dependendo da história de vida do paciente, de seu universo cultural e personalidade prévia ao adoecimento. Geralmente, esses conteúdos estão relacionados aos temas centrais da existência humana. • Ex.: sexualidade, segurança, sobrevivência, etc. A psicopatologia e o psicopatólogo • Psicopatologia: -Jaspers: nunca se pode reduzir inteiramente o ser humano a conceitos psicopatológicos. - Não se pode compreender e explicar tudo o que existe em um homem por meio de conceitos psicopatológicos. - É uma das abordagens possíveis do homem mentalmente doente, mas não a única e exclusiva. • Psicopatólogo: - Não julga moralmente o seu objeto. - Busca observar, identificar e compreender os diversos elementos da doença mental. - Rejeita qualquer dogma (religioso, psicológico, biológico, etc.). - O conhecimento que busca está constantemente sujeito a revisões, críticas e reformulações. O normal e o patológico em psicopatologia • Conceito de normalidade em psicopatologia: - questão de grande controvérsia. - quando se trata de casos extremos, o delineamento entre o normal e o patológico não é tão problemático. - nos casos limítrofes a delimitação entre comportamentos e formas de sentir normais e patológicas é bastante difícil. - implica na própria definição do que é saúde e doença mental. • Principais critérios de normalidade em psicopatologia: 1- normalidade como ausência de doença 2- normalidade ideal 3- normalidade estatística 4- normalidade como bem-estar 5- normalidade funcional 6- normalidade como processo 7- normalidade subjetiva 8- normalidade como liberdade 9- normalidade operacional Principais escolas de psicopatologia • Psicopatologia descritiva X psicopatologia dinâmica • Psicopatologia médica X psicopatologia existencial • Psicopatologia comportamental-cognitivista X psicopatologia psicanalítica • Psicopatologia categorial X psicopatologia dimencional • Psicopatologia biológica X psicopatologia sociocultural • Psicopatologia operacional X psicopatologia fundamental DSM e CID DSM • 1953 – Primeira Edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM), publicado pela Associação Psiquiátrica Americana (APA) • 1968 – DSM-II, desenvolvido paralelamente com a CID-8 • 1980 – Terceira edição do DSM. Apresentou um enfoque mais descritivo, com critérios explícitos de diagnóstico organizados em um sistema multiaxial, com o objetivo de oferecer ferramentas para clínicos e pesquisadores, além de facilitar a coleta de dados estatísticos. • 1987 – DSM-III-R • 1994 – DSM-IV • 2000 – DSM-IV-TR. Formalmente utilizada até o início de 2013. • 2013 – DSM-5. Oficialmente publicado em 18 de maio de 2013. CID • Classificação Internacional de Doenças. • Publicada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). • Revista periodicamente. • CID-11: lançamento programado para 2015. • OBS: os grupos encarregados da revisão do DSM e da CID compartilham o objetivo de harmonizar essas duas classificações o máximo possível. Transtorno mental: definição (DSM-5) • “Um transtorno mental é uma síndrome caracterizada por perturbação clinicamente significativa na cognição, na regulação emocional ou no comportamento de um indivíduo que reflete uma disfunção nos processos psicológicos, biológicos ou de desenvolvimento subjacentes ao funcionamento mental. Transtornos mentais estão frequentemente associados a sofrimento ou incapacidade significativos que afetam atividades sociais, profissionais ou outras atividades importantes. Uma resposta esperada ou aprovada culturalmente a um estressor ou perda comum, como a morte de um ente querido, não constitui transtorno mental. Desvios sociais de comportamento (p., de natureza política, religiosa ou sexual) e conflitos que são basicamente referentes ao indivíduo e à sociedade não são transtornos mentais a menos que o desvio ou conflito seja o resultado de uma disfunção no indivíduo, conforme descrito” (p. 20) A ENTREVISTA PSIQUIÁTRICA Técnica e habilidade em realizar entrevista • Atributo fundamental e insubstituível do profissional de saúde. • Essa habilidade é, em parte, aprendida e em parte intuitiva. • Habilidade do entrevistador: - Perguntas formuladas e perguntas que evita formular. - Decisão de quando e como falar ou apenas calar-se. - Capacidade de estabelecer uma relação ao mesmo tempo empática e tecnicamente útil. • Entrevista bem conduzida: pode ser aquela na qual o profissional fala muito pouco, ouve o paciente. Outras vezes, pode ser aquela na qual é mais ativo, participativo, falando mais, fazendo mais perguntas e intervindo frequentemente. Isto vai variar em função: - Do paciente. - Do contexto institucional da entrevista. - Dos objetivos da entrevista. - Da personalidade do entrevistador. • Atitudes que, na maioria das vezes, são inadequadas e improdutivas: 1- Posturas rígidas e estereotipadas. 2- Atitude excessivamente neutra ou fria. 3- Reações exageradamente emotivas ou artificialmente calorosas. 4- Comentários valorativos. 5- Reações emocionais intensas de pena ou compaixão. 6- Respostas hostis ou agressivas. 7- Entrevistas excessivamente prolixas. 8- Fazer muitas anotações durante a entrevista. A(s) primeira(s) entrevista(s) • Entrevista inicial → momento crucial no diagnóstico e tratamento em saúde mental. • Logo no início da primeira entrevista é conveniente que o profissional se apresente, dizendo seu nome, se necessário, sua profissão e a razão da entrevista. • É importante que o profissional garanta explicitamente: que a entrevista e o tratamento irão ocorrer com sigilo e discrição e que é necessário a colaboração mútua entre profissional e paciente. • Inicialmente, deve-secolher os dados sociodemográficos básicos (nome, idade, data de nascimento, naturalidade, estado civil, com quem reside, profissão, atividade profissional, etc.) • Após colher esses dados, que situam quem é o paciente que chega ao serviço de saúde, deve-se solicitar que ele relate sua queixa básica, seu sofrimento, dificuldade ou conflito que o traz ao profissional ou ao serviço. • Nesse momento, o profissional deve muito mais ouvir do que falar. • Profissional → ouve o relato e observa como o relato é feito. • Duração e número de entrevistas iniciais, com fins diagnósticos e de planejamento terapêutico→ não é fixo, dependendo de diversos fatores. Escuta ≠ Passividade • Primeiros encontros → evitar pausas e silêncios prolongados. • Procedimentos que podem facilitar o entrevistador no lidar com o silêncio do paciente: - fazer perguntas e colocações breves que assinalam a sua presença efetiva e mostram que ele está atento e tranquilo para ouvi-lo. - evitar perguntas muito direcionadas, fechadas (que podem ser respondidas apenas com um sim ou não categóricos) e perguntas muito longas e complexas (que podem ser difíceis de serem compreendidas pelo paciente). - utilizar intervenções, tais como “como foi isso”, “explique melhor”, “conte um pouco mais sobre isso”, no lugar de perguntas que estimulam o paciente a fechar e encerrar sua fala , tais como “por que” ou “qual a causa”. - buscar para cada paciente o tipo de intervenção que facilite a continuidade de sua fala. • Mesmo realizando entrevistas abertas, nos primeiros encontros o profissional deve ter a estrutura da entrevista em sua mente. Transferência e contratransferência • Transferência: - Conceito introduzido por Freud e que o profissional deve conhecer para realizar as entrevistas de forma mais habilidosa. - Compreende atitudes e sentimentos cujas origens são basicamente inconscientes para o paciente. Inclui tanto sentimentos positivos como negativos. - O profissional passa a ocupar no presente o lugar que o pai ou a mãe do paciente ocupavam no passado. - Esses sentimentos são uma repetição inconsciente do passado e o paciente não se dá conta da natureza dos mesmos, considerando-os como novas experiências reais. • Contratransferência: - Projeção, por parte do profissional, de sentimentos que nutria no passado por pessoas significativas de sua vida. - O profissional poderá lidar de forma racional e objetiva com o que está ocorrendo na relação profissional ao identificar suas reações contratransferenciaise conscientizar-se de que elas têm a ver com seus próprios conflitos. Avaliação psiquiátrica • Entrevista inicial: na qual se fará a anamnese. • Exame psíquico: é o exame do estado mental atual do paciente. • Exame físico geral e neurológico: deverá ser mais ou menos detalhado a partir das hipóteses diagnósticas que irão se formando com os dados da anamnese e do exame do estado mental do paciente. • Exames complementares: como as avaliações por meio de testes da personalidade e da cognição, exames laboratoriais (hemograma, citológico e imunológico do liquor, etc.), exames de neuroimagem (tomografia computadorizada do cérebro, ressonância magnética do cérebro, etc.) e neurofisiológicos (EEG, potenciais evocados, etc.). Pontos adicionais • Entrevista e dados fornecidos por um “informante”: - Muitas vezes, faz-se necessária a informação de familiares, amigos, etc. Por exemplo, no caso de pacientes com quadros demenciais, com déficits cognitivos, em estado psicótico grave ou em mutismo. - O entrevistador deve levar em consideração que os dados fornecidos pelo “informante” padecem de certo subjetivismo. - Informante → tem “sua visão do caso” e não “a visão” correta do mesmo. • Veracidade dos dados obtidos: - Dissimulação: ato de esconder ou negar voluntariamente a presença de sinais e sintomas. Pode ocorrer, por exemplo, por medo de ser internado, de receber medicamentos ou de ser “rotulado” como “louco”. - Simulação: tentativa do paciente de “criar”, apresentar voluntariamente um sintoma, sinal ou vivência que de fato não tem. Por ocorrer, por exemplo, quando o paciente está buscando dispensa do trabalho ou mesmo a internação para não ser encontrado por traficantes de drogas. • Perspectiva transversal versus perspectiva longitudinal da avaliação psiquiátrica: - Dimensão longitudinal: histórica, temporal. - Dimensão transversal: momentânea, atual • Relato do caso por escrito: - Deve ser organizado e coerente, evitando terminologia por demais tecnicista e deve conter, de preferência, as próprias palavras que o paciente e informantes usaram para descrever os sintomas mais relevantes. - O profissional deve evitar interpretação precoce dos dados (seja ela psicológica, psiquiátrica, sociológica ou biológica) PROCESSOS PSÍQUICOS E SUAS ALTERAÇÕES Dalgalarrondo, P. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 2000. ALTERAÇÕES DA CONSCIÊNCIA Definições básicas • Consciência • Definição neuropsicológica: - estado de estar desperto, acordado, lúcido, vigil. - grau de clareza do sensório. • Definição psicológica: - soma total das experiências conscientes do indivíduo num determinado momento. - capacidade de o indivíduo entrar em contato com a realidade, perceber e conhecer os seus objetos. • Definição ético-filosófica: - capacidade de tomar ciência dos deveres éticos e assumir as responsabilidades, os direitos e deveres concernentes a essa ética. Alterações normais da consciência • Sono normal: - estado especial da consciência, que ocorre de forma cíclica nos organismos superiores. - duas fases: sono Não-REM e sono REM. • Sonho: - fenômeno associado ao sono. - considerado uma alteração normal da consciência. - a maioria das pessoas sonha várias vezes durante uma noite. - são vivências predominantemente visuais, raramente ocorrendo percepções auditivas, olfativas ou táteis. Alterações patológicas da consciência • A consciência pode se alterar devido a processos fisiológicos e processos patológicos. • Em diversos quadros neurológicos e psicopatológicos, o nível de consciência diminui de forma progressiva. • Estado normal (vigil, desperto) → coma profundo. • Os quadros patológicos de alteração da consciência envolvem alterações qualitativas e qualitativas da consciência. Alterações quantitativas da consciência • Obnubilação ou turvação da consciência: - rebaixamento da consciência em grau leve a moderado. - o paciente pode já estar claramente sonolento ou parecer desperto. - diminuição do grau de clareza do sensório, com lentidão da compreensão e dificuldade de concentração. - o paciente tem dificuldade para integrar as informações sensoriais oriundas do ambiente, encontrando-se um tanto perplexo, com a compreensão dificultada e podendo estar com o pensamento ligeiramente confuso.. • Sopor: - paciente apresenta-se sempre evidentemente sonolento. - estado de marcante turvação da consciência, no qual pode ser despertado apenas por estímulo energético (principalmente de natureza dolorosa) - o paciente pode apresentar reações de defesa, mas é incapaz de qualquer ação espontânea. • Coma: - grau mais profundo de rebaixamento do nível da consciência. - não é possível qualquer atividade voluntária consciente Síndromes psicopatológicas associadas ao rebaixamento do nível de consciência: • Delirium: rebaixamento do nível de consciência, desorientação tempoespacial, ansiedade, agitação ou lentificação psicomotora, ilusões e /alucinações visuais. Alterações qualitativas da consciência • Estados crepusculares: - estreitamento transitório do campo da consciência, afunilamento da consciência, com a conservação de uma atividade psicomotora global mais ou menos coordenada. • Dissociação da consciência: - fragmentação ou divisão do campo da consciência, ocorrendo perda da unidade psíquica comum do ser humano. - o indivíduo “desliga” da realidadepara parar de sofrer. - ocorre nos quadros de crises histéricas de tipo dissociativo, podendo ocorrer também em quadros de ansiedade intensa. • Transe: - estado de dissociação da consciência que se assemelha a um sonho acordado, mas no qual há presença de atividade motora automática e estereotipada com suspensão parcial dos movimentos voluntários. - ocorre em contextos religiosos culturais. • Estado hipnótico: - estado de consciência reduzida e estreitada e de atenção concentrada. - pode ser induzido por outra pessoa (hipnotizador) - estado semelhante ao transe. ALTERAÇÕES DA ATENÇÃO Definições básicas: • Atenção: direção da consciência, estado de concentração da atividade mental sobre determinado objeto. • A atenção pode ser discriminada quanto à sua: • Natureza: - Atenção voluntária: exprime a concentração ativa e intencional da consciência sobre um objeto. - Atenção espontânea: tipo de atenção suscitado pelo interesse momentâneo, incidental que um ou outro objeto desperta. Este tipo de atenção geralmente encontra-se aumentado nos estados mentais nos quais o indivíduo tem pouco controle voluntário sobre sua atividade mental. • Direção: - Atenção externa: projetada para fora do mundo subjetivo do sujeito, voltada para o mundo exterior ou para o corpo. Geralmente é de natureza mais sensorial, utilizando-se dos órgãos dos sentidos. - Atenção interna: se volta para os processos mentais do próprio indivíduo. É mais reflexiva, introspectiva e meditativa. • Amplitude: - Atenção focal: matem-se concentrada sobre um campo determinado e relativamente delimitado e restrito da consciência. - Atenção dispersa: não se concentra em um campo determinado, espalhando-se por um campo menos delimitado. • Atenção seletiva: capacidade de seleção de estímulos e objetos específicos. • Atenção sustentada: manutenção da atenção seletiva sobre determinado estímulo ou objeto. • Tenacidade: capacidade de fixar a atenção sobre determinada área ou objeto. • Vigilância: qualidade da atenção que permite mudar o foco de um objeto para outro. • Atenção flutuante: estado de como deve funcionar a atenção do psicanalista durante uma sessão analítica. Alterações da atenção • Hipoprosexia: alteração mais comum e menos específica da atenção. Consiste na diminuição global da atenção. • Aprosexia: total abolição da capacidade de atenção, mesmo que os estímulos sejam fortes e variados. • Hiperprosexia: estado de atenção exacerbada. • Distração: consiste num sinal de superconcentração ativa da atenção sobre determinados conteúdo ou objetos e inibição de tudo o mais. • Distratibilidade: a atenção é facilmente desviada de um objeto para outro. É um estado patológico que se exprime por instabilidade marcante e mobilidade acentuada da atenção voluntária, com dificuldade ou incapacidade para se fixar ou se manter em qualquer coisa que implique esforço produtivo. • Exemplos de estados em que ocorre alterações da atenção: estados depressivos, estados maníacos, esquizofrenia, etc. ALTERAÇÕES DA ORIENTAÇÃO Definições básicas • Orientação é a capacidade de situar-se quanto a si mesmo e ao ambiente. • A orientação consiste num elemento básico da atividade mental. • Distúrbios da orientação: tradicionalmente, são separados segundo tempo, lugar e pessoa. • Orientação autopsíquica: orientação em relação a si mesmo. • Orientação alopsíquica: capacidade de orienta-se em relação ao mundo. Envolve a orientação temporal e a orientação espacial. Orientação autopsíquica • É a orientação do indivíduo em relação a si mesmo. • Revela se o indivíduo sabe quem ele é, como se chama, que idade tem, qual a sua nacionalidade, estado civil, religião, etc. • Alterações / anormalidades da orientação autopsíquica geralmente estão presentes em quadros mais graves. Orientação espacial • É a capacidade de orientar-se quanto ao espaço. • Indica se o paciente sabe o lugar onde ele se encontra, a instituição, o andar do prédio, o bairro, a cidade, o estado, o país, etc. Orientação temporal • É a capacidade de orientar-se quanto ao tempo. • Indica se o paciente sabe em que momento cronológico estamos vivendo. • É um tipo de orientação mais sofisticada que a espacial e a autopsíquica. Requer a integração de estímulos ambientais de forma mais elaborada, depende de uma adequada percepção da passagem do tempo, da capacidade de apreender o passado e “antever” o futuro, etc. • Adquirida mais tardiamente na evolução da criança. Perguntas que podem ser feitas para investigar essas funções: • Orientação autopsíquica: Quem é o senhor(a)? Qual o seu nome? O que faz? Qual a sua profissão? Quem são seus pais? Qual a sua idade? • Orientação temporal: Que dia é hoje (semana, mês, ano)? Que horas do dia são agora? • Orientação espacial: Onde estamos? Em que cidade estamos? E o bairro? Quanto tempo leva para vir de sua casa até aqui? Qual o caminho? Que edifício é este? Qual o andar? Prejuízos da capacidade de orientação Geralmente, aparecem na seguinte ordem: Geralmente, desaparecem na ordem inversa: TEMPO LUGAR PESSOA PESSOA LUGAR TEMPO Alterações da orientação • Desorientação por redução do nível de consciência (desorientação torporosa ou confusa). • Desorientação por déficit de memória de fixação (desorientação amnéstica). • Desorientação demencial. • Desorientação por apatia e/ou desinteresse profundos. • Desorientação delirante. • Desorientação oligofrênica. • Desorientação histérica. • Desorientação por desagregação. • Desorientação quanto a própria idade. ALTERAÇÕES NAS VIVÊNCIAS DE TEMPO E ESPAÇO Tempo objetivo e tempo subjetivo: Tempo objetivo Tempo exterior Tempo cronológico, mensurável. Tempo subjetivo Tempo interior Tempo vivenciado internamente por cada sujeito. Anormalidades da vivência do tempo e ritmo psíquico nas síndromes depressivas e maníacas • Estados depressivos: a passagem do tempo é percebida como lenta e vagarosa. • Estados maníacos: a passagem do tempo é percebida como rápida e acelerada. • Depressão: há uma lentificação de todas as atividades mentais. • Mania: há uma aceleração de todas as funções psíquicas (pensamento, motricidade, linguagem, etc.) Exemplos de anormalidade da vivência do tempo: • Ilusão sobre a duração do tempo: deformação acentuada da percepção da duração do tempo, típica de intoxicações por alucinógeno e psicoestimulante. • Atomização do tempo: típica dos estados de exaltação e agitação maníaca (geralmente acompanhados de fuga de ideias e distratibilidade intensa) • Inibição da sensação de fluir do tempo: falta da sensação do “avançar subjetivo” do tempo, perda do sincronismo entre o fluir dos acontecimentos objetivos e o fluir de seu tempo interno. Exemplos de anormalidades da vivência do espaço: • Estado de êxtase: perda das fronteiras entre o eu e o mundo externo. O paciente sente-se fundido ao mundo exterior. • Estado maníaco: espaço extremamente dilatado e amplo, invade o espaço das outras pessoas (desconhece as fronteiras espaciais). • Quadros depressivos: o espaço externo pode ser vivenciado como encolhido, pouco penetrável pelo indivíduo e pelos outros. • Quadro paranóide: o paciente vivencia o seu espaço interno como invadido por aspectos ameaçadores, perigosos e hostis do mundo. • Agorafobia: o espaço externo é percebido como sufocante, pesado, perigoso. ALTERAÇÕES DA SENSOPERCEPÇÃO Definições básicas • Sensação: fenômeno elementar gerado por estímulos físicos, químicos ou biológicos variados, originados fora ou dentro do organismo, que produzem alterações nos órgãos receptores, estimulando-os. • Percepção: tomada de consciência, pelo indivíduo, do estímulo sensorial. Fenômeno imagem ≠ Fenômeno representação • Imagem perceptiva real (imagem): é o elemento básico do processo de sensopercepção. • Imagem representativa ou mnêmica: revivescência de uma imagem sensorial determinada, sem que esteja presente oobjeto original que a produziu. Imagem ≠ Representação Imagem perceptiva real • Nitidez • Corporeidade • Estabilidade • Extrojeção • Ininfluenciabilidade voluntária • Completitude Imagem representativa • Pouca nitidez • Pouca corporeidade • Instabilidade • Introjeção • Incompletude • “Todos admitirão sem hesitar que existe uma considerável diferença entre as percepções da mente quando o homem sente a dor de um calor excessivo ou o prazer de um ar moderadamente tépido e quando relembra mais tarde essa sensação ou a antecipa pela imaginação. Essas faculdades podem remedar ou copiar as percepções dos sentidos, mas jamais atingirão a força e a vivacidade do sentimento original. O máximo que podemos dizer delas, mesmo quando operam com todo o seu vigor, é que representam o seu objeto de maneira tão viva que quase se poderia que os vemos ou sentimos [...] O mais vivo pensamento é ainda inferior à mais embotada das sensações” (Hume, D. 1973) Subtipos de imagem representativa • Imagem eidética (eidetismo): - Evocação de uma imagem guardada na memória (representação) de forma muito precisa, com características semelhantes a uma percepção. - É experimentada por alguns indivíduos. • Pareidolias: - Imagens visualizadas voluntariamente a partir de estímulos imprecisos do ambiente. - Ex.: Criança ao olhar uma nuvem e poder ver nela um gato ou elefante. / Olhar uma folha com manchas impressivas e, pelo esforço voluntário, visualizar nessas manchas determinados objetos. As alterações da sensopercepção incluem: • Alterações quantitativas: - As imagens perceptivas têm uma intensidade anormal, para mais ou para menos. - Hiperestesia - Hipoestesia - Analgesia de partes do corpo e disestesias corporais. • Alterações qualitativas: - São as mais importantes em psicopatologia. - Compreendem: ilusões, alucinações, alucinose e pseudo-alucinação. Ilusão Alucinação Alucinose Pseudo-alucinação • Percepção deformada de um objeto real e presente. • Ocorre, basicamente, em três condições: - Rebaixamento do nível de consciência. - Fadiga grave ou inatenção marcante. - Certos estados afetivos, em que o afeto deforma o processo de sensopercepção. • Tipos mais comuns: visuais e sonoras. • Percepção clara e definida de um objeto (voz, ruído, imagem) sem a presença do objeto estimulante real. • Desafio conceitual: como então falar de percepção sem objeto? • A clínica registra indivíduos que percebem perfeitamente uma voz e uma imagem sem a presença real do objeto. • Fenômeno pelo qual o paciente percebe a alucinação como estranha à sua pessoa. • Falta a crença de que comumente o paciente tem em sua alucinação. • Alucinose auditiva: a mais comum é a alucinose alcoólica. • Alucinose visual: maior frequência em pacientes com déficits visuais graves, tumores, intoxicações por alucinógeno. • Embora pareça com a alucinação, não apresenta os aspectos vivos e corpóreos de uma imagem perceptiva real. • Possui características de uma imagem representativa. • O paciente relata que “parece uma voz (ou imagem)” ou que “é como se fosse uma voz (ou imagem)”. • Fenômeno semelhante à imagem pós-óptica. Atenção! • Fantasia • Produção imaginativa, produto minimamente organizado da imaginação. • Função psicológica: ajuda o indivíduo a lidar com frustrações, com o desconhecido e com seus conflitos. Alucinações auditivas • São as mais frequentes. • Dentre elas, a mais encontrada é a alucinação audioverbal, na qual o paciente escuta vozes sem qualquer estímulo real. • Sonorização do pensamento: vivência de ouvir o pensamento, no momento mesmo em que ele está sendo pensado ou de forma repetida logo após ter sido pensado. → Dois tipos básicos: - Sonorização do próprio pensamento; e - Sonorização de pensamentos como vivência alucinatório-delirante. Alucinações musicais • Tipo de alucinação que é relativamente raro. • Audição de tons musicais e melodias sem o correspondente estímulo auditivo externo. • Comumente associadas a déficits auditivos, doenças neurológicas, etc. Alucinações visuais • Visões nítidas que o paciente experimenta, sem a presença de estímulos visuais. • Podem ser simples (fotopsias) e complexas (pessoas, partes do corpo, entidades, etc.). • Podem ocorrer em qualquer psicose, sendo mais frequentes nas síndromes psicorgânicas agudas e psicoses desencadeadas por drogas. Alucinações táteis • O paciente sente espetadas, choques, insetos correndo sobre sua pele. • É frequente no delirium tremens e nas psicoses tóxicas produzidas por cocaína. • Pacientes esquizofrênicos sentem, de forma passiva, que forças estranhas tocam, cutucam ou penetram seus genitais. Alucinações olfativas e gustativas • Relativamente raras. • Olfativas: o paciente sente cheiro de coisas podres, de cadáver, de fezes, etc. • Gustativas: o paciente sente na boca o sabor de ácido, de sangue, de urina, etc. • Muitas vezes, ocorrem em conjugação. Alucinações cenestésicas e cinestésicas • Cenestésicas: sensações incomuns e claramente anormais em diferentes partes do corpo (cérebro encolhendo, fígado despedaçando). • Cinestésicas: sensações alteradas de movimentos do corpo (corpo encolhendo e afundando, braço se levantando, etc.). Etiologia das alucinações • Ainda são controversas as suas possíveis causas e mecanismos fisiológicos, neuropsicológicos e psicológicos. • Existem algumas teorias, tais como: psicodinâmicas e afetivas, neuroquímica, distúrbio da linguagem interna. ALTERAÇÕES DO PENSAMENTO Definições básicas • Elementos constitutivos do pensamento ≠ Dimensões do processo de pensar. • Elementos constitutivos do pensamento: desde Aristóteles, dividem-se em três operações básicas: - Conceito: formam-se a partir das representações, ao contrário das percepções. É um elemento puramente cognitivo, intelectivo, não tem elementos de sensorialidade (não é possível ouvi-lo, senti-lo, vê-lo). - Juízo: consiste, a princípio, na afirmação de uma relação entre dois conceitos. Por exemplo, “cadeira” e “utilidade”. Juízo → “a cadeira é útil”. - Raciocínio: função que relaciona os juízos. Representa um modo especial de ligação entre conceitos, de sequência de juízos, de encadeamento de conhecimentos. • Processo do pensar: forma de analisar o pensamento que distingue os seguintes aspectos ou momentos do pensamento: - Curso do pensamento: modo como o pensamento flui, sua velocidade e ritmo ao longo do tempo. - Forma ou estrutura do pensamento: estrutura básica do pensamento, sua “arquitetura”, preenchida pelos mais diversos conteúdos e interesses do indivíduo. - Conteúdo ou temática do pensamento: aquilo de dá substância ao pensamento, seus temas predominantes, o assunto em si. Alterações dos elementos constitutivos do pensamento Alterações dos conceitos • Desintegração dos conceitos: - Perda do significado original dos conceitos. - A ideia de determinado objeto e a palavra que normalmente a designa passam a não mais coincidir. - É comum o sujeito utilizar as palavras de forma totalmente pessoal e idiossincrática. - Ex.: “ateu”: “descrente de Deus” → “ateu”: “a teu comando”, ‘a comando de Deus”, “crente”. - Bastante característica da esquizofrenia, podendo ocorrer também nas síndromes demenciais. • Condensação dos conceitos: - Quando dois ou mais conceitos são fundidos. - O paciente involuntariamente condensa duas ou mais ideias em um único conceito que se expressa por uma nova palavra. • No plano da linguagem, as desintegrações e condensações dos conceitos são designadas neologismos: palavras inteiramente novas ou palavras conhecidas recebendo significados novos. Alterações dos juízos • Juízo deficiente ou prejudicado: - Tipo de juízo falso devido à elaboração prejudicada dos juízos pela deficiência intelectual, pela pobreza cognitiva do indivíduo. - Os conceitos são inconscientes e o raciocínio é pobre e defeituosos.- Os juízos são muito simplistas, concretos e sujeitos à influência do meio social. - Juízo deficiente ≠ delírio - Os juízos deficientes não são persistentes e irredutíveis. Mudam com facilidade e variam a sua temática de um momento para outro. • Delírio: - Alterações do juízo de realidade. - São as alterações do juízo mais importantes em psicopatologia. Alterações do raciocínio e do estilo de pensar • Pensamento mágico: fere os princípios da lógica formal e não respeita os indicativos e imperativos da realidade. • Pensamento derreísta: semelhante ao pensamento mágico, o pensar volta-se muito mais ao mundo interno do sujeito, suas fantasias e sonhos, manifestando-se como um devaneio, no qual tudo é possível e favorável ao indivíduo. Crenças baseadas em desejo e não em fatos. • Pensamento concreto ou concretismo: o indivíduo não consegue entender metáforas, o pensamento é muito “aderido” ao nível sensorial da experiência. • Pensamento inibido: ocorre inibição do raciocínio. • Pensamento vago: o paciente expõe um pensamento muito ambíguo, podendo mesmo parecer obscuro. • Pensamento prolixo: o paciente não consegue chegar a uma conclusão sobre o tema de que está tratando, dá longas voltas, mistura o essencial com o supérfluo. • Tangencialidade: o paciente dá respostas que apenas tangenciam aquilo que foi perguntado. • Circunstancialidade: o paciente “roda em volta do tema”, sem entrar nas questões essenciais, mas eventualmente alcança o objetivo de seu raciocínio. • Pensamento deficitário (ou oligofrênico): pensamento de estrutura pobre e rudimentar. • Pensamento demencial: o pensamento também é pobre, porém, o empobrecimento é desigual. • Pensamento confusional: devido à turvação da consciência. • Pensamento desagregado: pensamento radicalmente incoerente. “Salada de palavras” • Pensamento obsessivo: predominam ideias ou representações que impõem-se à consciência de modo persistente e incontrolável, apesar de terem um conteúdo absurdo ou repulsivo para o indivíduo. Alterações do processo de pensar Curso do pensamento • Aceleração do pensamento: - O pensamento flui de forma muito acelerada. - Uma ideia sucede à outra rapidamente. - Ex.: quadros de mania, alguns quadros esquizofrênicos, estados de ansiedade intensa, psicoses tóxicas, principalmente por anfetamina e cocaína, etc. • Lentificação do pensamento: - O pensamento progride lentamente, de forma dificultosa. - Há certa latência entre as perguntas formuladas e as respostas. - Ex.: depressões graves, alguns quadros de rebaixamento do nível de consciência, algumas intoxicações por substâncias sedativas e alguns quadros psicorgânicos. • Bloqueio ou intercepção do pensamento: -Pode ser verificado quando o paciente, no meio de uma conversa, interrompe brusca e repentinamente o que estava relatando, sem qualquer motivo aparente. - O paciente relata que, sem saber por que “o pensamento para”, é bloqueado. - É uma alteração quase que exclusiva da esquizofrenia. • Roubo do pensamento: - Vivência que é frequentemente associada ao bloqueio do pensamento. - O paciente tem a nítida sensação de que seu pensamento foi roubado de sua mente (por uma força ou ente estranho, por uma máquina, por uma antena, etc.) - É um tipo de vivência de influência. - É uma alteração típica da esquizofrenia. Forma do pensamento • Fuga de ideias: - Alteração da estrutura do pensamento secundária a uma acentuada aceleração do pensamento. - Uma ideia segue à outra de forma extremamente rápida, perturbando-se as associações lógicas entre os juízos e conceitos. - Alteração muito característica das síndrome maníacas. • Dissociação do pensamento: - Designação cunhada por Bleuler para a desorganização do pensamento. - O pensamento passa progressivamente a não seguir uma sequência lógica e bem organizada, os juízos não se articulam bem uns com os outros. - Encontrada em certas formas de esquizofrenia. • Descarrilhamento do pensamento: - O pensamento passa a extraviar-se de seu curso normal, tomando desvios e retornando aqui e acolá ao curso original. - Observado na esquizofrenia e nas síndromes maníacas. • Desagregação do pensamento: - Profunda e radical perda dos enlaces associativos, total perda da coerência do pensamento. - Restam apenas “pedaços” de pensamentos, conceitos e ideias fragmentadas, muitas vezes, irreconhecíveis. - Não se percebe uma linha diretriz e uma finalidade no ato de pensar. - Alteração típica de formas avançadas de esquizofrenia e de quadros demenciais. Conteúdo do pensamento • Alguns autores classificam os delírios como alterações do conteúdo do pensamento. Para Dalgalarrondo, isso não é correto. • Conteúdo do pensamento → aquilo que preenche a estrutura do processo de pensar, correspondendo à temática do pensamento. • Principais conteúdos que preenchem os sintomas psicopatológicos: 1. de perseguição 2. depreciativos 3. religiosos 4. sexuais 5. de poder, riqueza ou grandeza 6. de ruína ou culpa 7. conteúdos hipocondríacos • Esses conteúdos de pensamento são temas de interesse ao ser humano. Para Dalgalarrondo, não são os conteúdos do pensamento que se encontram patologicamente alterados num caso de psicose, por exemplo. E sim, o juízo de realidade. ALTERAÇÕES DO JUÍZO DE REALIDADE Definições básicas • As alterações do juízo de realidade são alterações do pensamento. • Ajuizar → julgar • Juízos falsos: podem ser produzidos de diversas formas, podendo ser patológicos ou não. • Erro não determinado por processo mórbido ≠ juízos falsos determinados por transtorno mental. • Erro simples X delírio: - O erro origina-se da ignorância, do julgar apressado e baseado em premissas falsas. - Os erros são passíveis de ser corrigidos pela experiência, pelas provas e dados que a realidade oferece. - Boa parte dos erros de ajuizamento são determinados por situações afetivas intensas ou dolorosas, nas quais o indivíduo não analisou a experiência de forma objetiva e lógica. - Tipos de erros mais comuns (não necessariamente determinados por transtornos mentais): preconceitos, crenças culturalmente sancionadas, superstições e ideias prevalentes. - O delírio é caracterizado, dentre outros aspectos, pela incompreensibilidade. Não se pode compreender psicologicamente o delírio. Alterações patológicas do juízo • Delírio ou ideias delirantes: - Segundo Jaspers, são juízos patologicamente falseados. Erro do ajuizar. - Tem origem na doença mental, sua base é mórbida, é motivado por fatores patológicos. - Características essenciais do delírio, segundo Jaspers: 1) convicção extraordinária, certeza subjetiva praticamente absoluta; 2) é impossível sua modificação pela experiência; 3) seu conteúdo é impossível. - Delírio ≠ crenças culturais: o delírio, geralmente, é uma convicção de um só homem, é uma produção associal, idiossincrática em relação ao grupo cultural do doente. - Indicadores da gravidade do delírio, segundo Kendler e colaboradores (1983): convicção, extensão, bizarrice, desorganização, pressão, resposta afetivae comportamento desviante . - Classificação dos delírios quanto à estrutura: delírios simples, delírios complexos, delírios não-sistematizados, delírio sistematizados. - Classificação dos delírios quanto ao curso: delírios agudos e delírios crônicos. - Mecanismos constitutivos do delírio: deve-se pensar o delírio como uma construção inserida em um processo de tentativa de reorganização do funcionamento mental. O aparelho psíquico empreende um esforço no sentido de lidar com a desorganização que a doença de fundo produz. - Estado pré-delirante: geralmente, o delírio surge após um período pré-delirante, denominado humor delirante. Este é um período caracterizado por aflição e ansiedades intensas, como se algo terrível, pavoroso, estivesse para acontecer, mas sem saber exatamente o quê. Predomínio de grande perplexidade, estranheza radical e uma sensação de fim do mundo. O humor delirante cessa quando o paciente “configura” o delírio(“descobre o que de fato está acontecendo”) Conteúdos e tipos mais frequentes do delírio 1. Delírio de perseguição (ou persecutório) 2. Delírio de referência (de alusão ou autoreferência) 3. Delírio de relação 4. Delírio de influência (vivências de influência) 5. Delírio de grandeza (de enormidade) 6. Delírio de reivindicação (ou querelância) 7. Delírio de invenção ou descoberta 8. Delírio de reforma (ou salvacionismo) 9. Delírio místico ou religioso 10. Delírio de ciúmes e delírio de infidelidade 11. Delírio erótico (erotomania) 12. Delírio de ruína (ou niilista) 13. Delírio de culpa e de autoacusação 14. Delírio de negação de órgãos 15. Delírio hipocondríaco 16. Delírio cenestopático 17. Delírio de infestação (síndrome de Ekbom) 18. Delírio fantástico ou mitomaníaco ALTERAÇÕES DA AFETIVIDADE Definições básicas • Afetividade: termo genérico, que compreende várias modalidades de vivências afetivas como o humor, as emoções e os sentimentos. • Cinco tipos básicos de vivências afetivas: 1) Humor ou estado de ânimo: tônus afetivo do indivíduo, estado emocional de base e difuso no qual ele se encontra em determinado momento. Trata-se da disposição afetiva de fundo que penetra toda sua experiência psíquica, da lente afetiva que dá cor às suas vivências a cada momento, ampliando ou reduzindo o impacto das vivências reais. Em boa parte o humor é vivido corporalmente. 2) Emoções: são reações afetivas agudas, momentâneas, desencadeadas por estímulos significativos. Trata-se de um estado afetivo intenso de curta duração. Frequentemente, acompanham-se de reações somáticas mais ou menos específicas.. 3) Sentimentos: estados e configurações afetivas estáveis, são mais atenuados em sua intensidade e menos reativos a estímulos passageiros. Geralmente, são associados a conteúdos intelectuais, valores, representações. Constituem fenômeno muito mais mental do que somático. 4) Afetos: qualidade e tônus emocional que acompanham uma ideia ou representação mental. Componente emocional de uma ideia. 5) Paixões: estado afetivo extremamente intenso, que domina a atividade psíquica como um todo, captando e dirigindo a atenção e o interesse do indivíduo numa só direção. Alterações patológicas da afetividade Alterações do humor • Distimia: termo que, em psicopatologia geral, designa a alteração básica do humor. Não se deve confundir o sintoma distimia com o transtorno distimia (que é um transtorno depressivo leve e crônico). • Humor triste e ideação suicida: frequentemente relacionado com o humor depressivo, principalmente quando acompanhado de desesperança e muita angústia. Deve ser sempre investigada, cuidadosamente, em pacientes com humor triste. • Disforia: distimia que é acompanhada de uma tonalidade afetiva desagradável, mal- humorada. • Hipotimia: termo que faz referência à base afetiva de toda síndrome depressiva. • Hipertimia: humor patologicamente alterado no sentido da exaltação e da alegria. • Euforia: alegria patológica, humor morbidamente exagerado, no qual predomina um estado de alegria intensa e desproporcional às circunstâncias. • Elação: além da alegria patológica, há uma expansão do eu, sensação subjetiva de grandeza e poder. • Puerilidade: alteração do humor que se caracteriza por seu aspecto infantil, simplório, “regredido”. • Moria: alegria muito pueril, ingênua, “boba”. • Estado de êxtase: experiência de beatitude, sensação de dissolução do eu no todo • Irritabilidade patológica: hiperatividade desagradável, hostil e, eventualmente, agressiva a estímulos do meio exterior (ainda que leves) Alterações da emoções e dos sentimentos • Apatia: diminuição da excitabilidade emotiva e afetiva. • Hipomodulação do afeto: incapacidade de modular a resposta afetiva de acordo com a situação existencial. Indica rigidez do indivíduo na relação com o mundo. • Inadequação do afeto ou paratimia: reação completamente incongruente a situações existências ou a determinados conteúdos ideativos. Contradição profunda entre a esfera ideativa e a afetiva. • Pobreza de sentimentos: perda progressiva e patológica das vivências afetivas. • Embotamento afetivo e devastação afetiva: perda profunda de todo tipo de vivência afetiva. É observável, constatável pela mímica, postura e atitude do paciente, diferentemente da apatia (que é basicamente subjetiva). • Sentimento de falta de sentimento: vivência de incapacidade para sentir emoções, experimentada de forma muito penosa. • Anedonia: incapacidade total ou parcial de obter e sentir prazer com determinas atividades e experiências da vida. • Labilidade afetiva e incontinência afetiva: estados nos quais ocorrem mudanças súbitas e imotivadas do humor, sentimentos e emoções. • Ambivalência afetiva: sentimentos opostos em relação a um mesmo estímulo ou objeto e que ocorrem de modo absolutamente simultâneo. • Neotimia: sentimentos e experiências afetivas inteiramente novas vivenciadas por pacientes em estado psicótico. Afetos muito estranhos e bizarros para a própria pessoa que os experimenta. • Medo: a rigor, não é uma emoção patológica. • Fobias: medos determinados psicopatologicamente, desproporcionais e incompatíveis com as possibilidades de perigo real oferecidas pelos objetos ou situações desencadeantes. • Pânico: reação de medo intenso, de pavor, relacionada geralmente ao perigo imaginário de morte iminente, descontrole ou desintegração. ALTERAÇÕES DA VOLIÇÃO Definições básicas • Ato volitivo: - Traduzido pelas expressões típicas: “eu quero” ou “eu não quero”. - De um modo geral, se dá como um processo. • Processo volitivo: - Fase de intenção ou propósito - Fase de deliberação - Fase de decisão propriamente dita - Fase de execução • Ação voluntária: ato de vontade pautado pelas quatro fases acima. É o ato de vontade no qual a ponderação, análise e reflexão precedem a execução motora. Alterações da vontade • Hipobulia: diminuição da atividade volitiva. • Abulia: abolição da atividade volitiva. • Abulia ≠ Ataraxia (estado de indiferença volitiva e afetiva desejada e buscada ativamente pelo indivíduo, como no caso de místicos, que almejam um estado de imperturbabilidade) Atos impulsivos e atos compulsivos • Ato impulsivo: - Ato que abole abruptamente as fases de intenção, deliberação e decisão, tanto em função da intensidade dos desejos ou temores inconscientes quanto da fragilidade das instâncias psíquicas implicadas na reflexão, análise, contenção e refreamento dos impulsos e desejos. - De modo geral, é realizado de forma egossintônica. - Geralmente é associado a impulsos patológicos, de natureza inconsciente, ou à incapacidade de tolerância à frustração e à necessária adaptação à realidade objetiva. - Impulsos patológicos: tipos de atos impulsivos nos quais predominam as ações psicomotoras automáticas, sem reflexão, ponderação ou decisão prévias, de tipo instantâneo e explosivo. • Ato compulsivo: - Difere do ato impulso, pois o indivíduo o reconhece como indesejável e inadequado e tenta refreá-lo ou adiá-lo. - Egodistônico. - Há tentativa de “resistir” ou adiá-lo. - Há sensação de alívio ao realizá-lo. - Frequentemente associados a ideias obsessivas muito desagradáveis, muitas vezes representando tentativas de “neutralizar” esses pensamentos. Tipos de impulsos e compulsões patológicas • Impulsos e compulsões agressivas auto ou heterodestrutivas • Impulsos relacionados à ingestão de drogas ou alimentos • Atos e compulsões relacionadas ao desejo sexual • Outros impulsos e compulsões: poriomania, cleptomania, compulsão a comprar. Outras alterações da vontade • Negativismo: oposição do indivíduo às solicitações do meio ambiente. Na forma ativa, o indivíduo faz o oposto do solicitado. Na forma passiva, simplesmente nada faz ao ser solicitado pelo ambiente. • Obediência automática: oposto ao negativismo. O indivíduo obedece automaticamente, como um robô teleguiado, às solicitações de pessoas que entrem em contatocom ele. • Fenômenos em eco: revelam acentuada perda do controle da atividade voluntária e sua substituição por atos automáticos, “sugeridos” pelo ambiente circundante. - Ecopraxia - Ecolalia - Ecomimia - Ecografia ALTERAÇÕES DA PSICOMOTRICIDADE Definições básicas • Assim como o ato motor é o componente final do ato volitivo, as alterações da psicomotricidade são, frequentemente, a expressão final de alterações da volição. Agitação psicomotora • Uma das alterações da psicomotricidade mais freqüentes. • Aceleração e exaltação de toda atividade motora do indivíduo. • É um sinal psicopatológico extremamente freqüente e relativamente inespecífico. • Associado a: quadros maníacos, episódios esquizofrênicos agudos, quadros psicoorgânicos agudos (intoxicação por drogas, síndromes de abstinência, traumas craioencefálicos, etc.) Lentificação psicomotora • Lentificação de toda a atividade psíquica (bradipsiquismo) • Toda a movimentação voluntárias torna-se lenta e difícil, “pesada”, podendo haver um período de latência entre uma solicitação ambiental e a resposta motora do paciente. • Inibição psicomotora: estado acentuado e profundo de lentificação psicomotora, com ausência de respostas motoras adequadas, sem que haja paralisias ou déficit motor primário. Estupor • Perda de toda atividade espontânea, que atinge o indivíduo globalmente, na vigência de um nível de consciência aparentemente preservado e da capacidade sensitivo-motora para reagir ao ambiente. • Envolve toda a atividade voluntária, incluindo a comunicação verbal (mutismo), não-verbal, mímica, olhar, gesticulação e marcha. • As reações do indivíduo ficam como que congeladas. • Tipicamente, o indivíduo fica restrito ao leito, acordado, porém sem reagir ao ambiente. Catalepsia • Acentuado exagero do tônus postural, com grande redução da mobilidade passiva dos vários segmentos corporais e com hipertonia muscular. Flexibilidade cerácea • O indivíduo ou uma parte de seu corpo é colocado pelo examinador em determinada posição e o paciente mantém essa posição, como se fosse um homem de cera, moldável por outra pessoa. • A catalepsia e flexibilidade cerácea são sintomas freqüentes na esquizofrenia catatônica. Estereotipias motoras • Repetições automáticas e uniformes de determinado ato motor complexo, geralmente indicando marcante perda do controle voluntário sobre a esfera motora. • O paciente repete mecanicamente o mesmo gesto com as mãos dezenas ou centenas de vezes em um mesmo dia. • São observadas na esquizofrenia, em particular nas formas crônicas e catatônicas e em alguns deficientes mentais. Maneirismo • Tipo de estereotipia motora caracterizada por movimentos bizarros e repetitivos, geralmente complexos, que perseguem um certo objetivo, mesmo que esdrúxulo. • A harmonia normal de conjunto de gestos é substituída por posturas e movimentos estranhos, exagerados, afetados ou bizarros. • Ocorrem na esquizofrenia, principalmente catatônica, formas graves de histeria e deficientes mentais. Conversão • Surgimento abrupto de sintomas físicos de origem psicogênica, tais como: paralisias, anestesias, parestesias, cegueira, etc. • Conversão motora: ocorre geralmente em uma situação estressante, de ameaça ou conflito intrapsíquico ou interpessoal significativos para o indivíduo. Alterações da marcha Pacientes histéricos • Marcha descrita como irregular, mutável, bizarra. Mas raramente revela um padrão preciso e estável de determinada “marcha neurológica”. • Camptocormia: caminhar com o tronco fletido para frente. • Hemiplegia histérica: arrasta o pé para frente sobre o solo, diferentemente da marcha ceifante do hemiplégico orgânico. • Disbasia histérica: o paciente apresenta-se totalmente incapaz de se levantar e andar, apesar de não apresentar qualquer paralisia ou ataxia de origem orgânica. Pacientes esquizofrênicos • Marcha marcadamente bizarra, com maneirismos e estereotipias variadas. • Distonia de tronco ou membros: quando estão usando neurolópticos tradicionais, podem ser apresentadas revelando uma marcha bizarra pelo componente distônico de sua postura. Apragmatismo (ou hipopragmatismo) • Dificuldade ou incapacidade de realizar condutas volitivas e psicomotoras minimamente complexas (cuidar da higiene pessoal, limpar o quarto, etc.) • Resulta de alterações básicas das esferas volitivas e afetivas, não havendo incapacidade neuropsicológica de realizar os atos motores complexos. • Não deve ser confundido com apraxia, que é uma perda da atividade gestual complexa por lesão neuronal. Alterações motoras relacionadas ao uso de psicofármacos e a doenças neurológicas • No diagnóstico diferencial das alterações psicomotoras próprias dos transtornos mentais deve-se considerar dois grandes grupos de alterações motoras: 1) os decorrentes do uso de psicofármacos: principalmente os neurolépticos de primeira geração (haloperidol, clorpromazina, etc.) produzem uma série de alterações do tônus muscular, da postura e da movimentação voluntária e involuntária. 2) os transtornos decorrentes de doenças neurológicas: a semiologia neurológica descreve uma série de movimentos involuntários decorrentes de lesões neuronais. Manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais(DSM-5). 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. Transtornos de Ansiedade Transtornos de Personalidade TRANSTORNO DE ANSIEDADE Agorafobia Transtorno do Pânico Fobia Específica Fobia Social Transtorno da Ansiedade Generalizada Transtorno de Estresse Pós-Traumático Transtorno Obsessivo-Compulsivo Agorafobia A. Medo ou ansiedade marcantes acerca de duas (ou mais) das cinco situações seguintes: 1. Uso de transporte público. 2. Permanecer em espaços abertos. 3. Permanecer em locais fechados. 4. Permanecer em uma fila ou ficar em meio a uma multidão. 5. Sair de casa sozinho. B. O indivíduo tem medo ou evita essas situações devido a pensamentos de que pode ser difícil escapar ou de que o auxílio pode não estar disponível no caso de desenvolver sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes ou constrangedores. C. As situações agorafóbicas quase sempre provocam medo ou ansiedade. D. As situações agorafóbicas são ativamente evitadas, requerem a presença de uma companhia ou são suportadas com intenso medo e ansiedade. E. O medo ou ansiedade é desproporcional ao perigo real apresentado pelas situações agorafóbicas e ao contexto cultural. F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses. G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. H. Se outra condição médica está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente excessivo. I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental. Transtorno de Pânico A. Ataques de pânico recorrentes e inesperados. Um ataque de pânico é um surto abrupto de medo intenso ou desconforto intenso que alcança um pico em minutos e durantes o qual ocorrem quatro (ou mais) dos seguintes sintomas: 1. Palpitações, coração acelerado, taquicardia. 2. Sudorese. 3. Tremores ou abalos. 4. Sensações de falta de ar ou sufocamento. 5. Sensações de asfixia. 6. Dor ou desconforto toráxico. 7. Náusea ou desconforto abdominal. 8. Sensação de tontura, instabilidade, vertigem ou desmaio. 9. Calafrios ou ondas de calor. 10. Parestesias (anestesia ou sensações de formigamento). 11. Desrealização ou despersonalização. 12. Medo de perder o controle ou “enlouquecer” 13. Medo de morrer. B. Pelo menos ou dos ataques foi seguido de um mês (ou mais) de uma ou de ambas as seguintes características: 1. Apreensão ou preocupação persistente acerca de ataques de pânico adicionais ou sobre suas consequências. 2. Uma mudança desadaptativa significativa no comportamentorelacionada aos ataques. C. A perturbação não é consequência dos efeitos psicológicos de uma substância ou de outra condição médica. D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental. TRANSTORNO DE ANSIEDADE DE SEPARAÇÃO A. Medo ou ansiedade impróprios e excessivos em relação ao estágio de desenvolvimento, envolvendo a separação daqueles com quem o indivíduo tem apego, evidenciando por três (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Sofrimento excessivo e recorrente ante a ocorrência ou previsão de afastamento de casa ou de figuras importantes de apego. 2. Preocupação persistente e excessiva acerca da possível perda ou de perigos envolvendo figuras importantes de apego, tais como doença, ferimentos, desastres ou morte. 3. Preocupação persistente e excessiva de que um evento indesejado leve à separação de uma figura importante de apego (p. ex., perder-se, ser sequestrado, sofrer um acidente, ficar doente). 4. Relutância persistente ou recusa a sair, afastar-se de casa, ir para a escola, o trabalho ou a qualquer outro lugar, em virtude do medo da separação. 5. Temor persistente e excessivo ou relutância em ficar sozinho ou sem as figuras importantes de apego em casa ou em outros contextos. 6. Relutância ou recusa persistente em dormir longe de casa ou dormir sem estar próximo a uma figura importante de apego. 7. Pesadelos repetidos envolvendo o tema da separação. 8. Repetidas queixas de sintomas somáticos (p., ex., cefaleias, dores abdominais, náuseas ou vômitos) quando a separação de figuras de apego ocorre ou é prevista. B. O medo, a ansiedade ou a esquiva é persistente, durando pelo menos quatro semanas em crianças e adolescentes e geralmente seis meses ou mais em adultos. C. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, acadêmico, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental, como a recusa em sair de casa devido à resistência excessiva à mudança no transtorno do espectro autista; delírios ou alucinações envolvendo a separação em transtornos psicóticos; recusa em sair sem um acompanhante confiável na agorafobia; preocupações com doença ou outros danos afetando pessoas significativas no transtorno de ansiedade generalizada; ou preocupações envolvendo ter uma doença no transtorno de ansiedade de doença. Fobia Específica A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de um objeto ou situação (p. ex., voar, alturas, animais, tomar uma injeção, ver sangue). Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso por choro, ataques de raiva, imobilidade ou comportamento de agarrar-se. B. O objeto ou situação fóbica quase invariavelmente provoca uma resposta imediata de medo ou ansiedade. C. O objeto ou situação fóbica é ativamente evitado ou suportado com intensa ansiedade ou sofrimento. D. O medo ou ansiedade é desproporcional em relação ao perigo real imposto pelo objeto ou situação específica e ao contexto sociocultural. E. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente com duração mínima de seis meses. F. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. G. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental, incluindo medo, ansiedade e esquiva de situações associadas a sintomas do tipo pânico ou outros sintomas incapacitantes (como na agorafobia); objetos ou situações relacionados a obsessões (como no transtorno obsessivo-compulsivo); evocação de eventos traumáticos (como no transtorno de estresse pós-traumático); separação de casa ou de figuras de apego (como no transtorno de ansiedade de separação); ou situações sociais (como no transtorno de ansiedade social). Especificar Estímulo Fóbico: Animal Ambiente natural Sangue-injeção-ferimentos Transtorno de Ansiedade Social (Fobia Social) A. Medo ou ansiedade acentuados acerca de uma ou mais situações sociais em que o indivíduo é exposto a possível avaliação por outras pessoas. Exemplos incluem interações sociais (p. ex., manter uma conversa, encontrar pessoas que não são familiares), ser observado (p. ex., comendo ou bebendo) e situações de desempenho diante de outros (p. ex., proferir palestras). Nota: Em crianças, a ansiedade deve ocorrer em contextos que envolvem seus pares, e não apenas em interações com adultos. B. O indivíduo teme agir de forma a demonstrar sintomas de ansiedade que serão avaliados negativamente (i. é., será humilhante ou constrangedor; provocará a rejeição ou ofenderá os outros). C. As situações sociais quase sempre provocam medo ou ansiedade. Nota: Em crianças, o medo ou ansiedade pode ser expresso chorando, com ataques de raiva, imobilidade, comportamento de agarrar-se, encolhendo ou fracassando em falar em situações sociais. D. As situações sociais são evitadas ou suportadas com intenso medo ou ansiedade. E. O medo ou ansiedade é desproporcional à ameaça real apresentada pela situação social e o contexto sociocultural. F. O medo, ansiedade ou esquiva é persistente, geralmente durando mais de seis meses. G. O medo, ansiedade ou esquiva causa sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. H. O medo, ansiedade ou esquiva não é consequência dos efeitos fisiológicos diretos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou de outra condição médica. I. O medo, ansiedade ou esquiva não é mais bem explicado pelos sintomas de outro transtorno mental, como transtorno de pânico, transtorno dismórfico corporal ou transtorno do espectro autista. J. Se outra condição médica (p. e., doença de Parkinson, obesidade, desfiguração por queimaduras ou ferimentos) está presente, o medo, ansiedade ou esquiva é claramente não relacionado ou excessivo. Especificar se: Somente desempenho: se o medo está restrito à fala ou ao desempenhar em público. Transtorno de Ansiedade Generalizada A. Ansiedade e preocupação excessivas (expectativa apreensiva), ocorrendo na maioria dos dias por pelo menos seis meses, com diversos eventos ou atividades (tais como desempenho escolar ou profissional). B. O indivíduo considera difícil controlar a preocupação. C. A ansiedade e a preocupação estão associadas com três (ou mais) dos seguintes sintomas (com pelo menos alguns deles presentes na maioria dos dias nos últimos seis meses). Nota: Apenas um item é exigido para crianças. 1. Inquietação ou sensação de estar com os nervos à flor da pele. 2. Fatigabilidade. 3. Dificuldade em concentrar-se ou sensações de “branco” na mente. 4. Irritabilidade. 5. Tensão muscular. 6. Perturbação o sono (dificuldade em conciliar ou manter o sono, ou sono insatisfatório e inquieto). D. A ansiedade, a preocupação ou os sintomas físicos causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. E. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., hipertireoidismo). F. A perturbação não é mais bem explicada por outro transtorno mental (p. ex., ansiedade ou preocupação quanto a ter ataques de pânicos no transtorno de pânico, avaliação negativa no transtorno de ansiedade social [fobia social], contaminação ou outras obsessões no transtorno obsessivo- compulsivo, separação das figuras de apego no transtorno de ansiedade de separação, lembranças de eventos traumáticos no transtorno de estresse pós- traumático, ganho de peso na anorexia nervosa, queixas físicas no transtorno de sintomas somáticos, percepção de problemas na aparência no transtorno dismórfico corporal, ter uma doença séria no transtorno de ansiedade de doença ou o conteúdo de crenças delirantesna esquizofrenia ou transtorno delirante). Transtorno de Estresse Pós-Traumático A. Exposição a episódio concreto ou ameaça de morte, lesão grave ou violência sexual em uma (ou mais) das seguintes formas: 1. Vivenciar diretamente o evento traumático. 2. Testemunhar pessoalmente o evento traumático ocorrido com outras pessoas. 3. Saber que o evento traumático ocorreu com familiar ou amigo próximo. Nos casos de episódio concreto ou ameaça de morte envolvendo um familiar ou amigo, é preciso que o evento tenha sido violento ou acidental. 4. Ser exposto de forma repetia ou extrema a detalhes aversivos do evento traumático. B. Presença de um (ou mais) dos seguintes sintomas intrusivos associados ao evento traumático, começando depois de sua ocorrência: 1. Lembranças intrusivas angustiantes, recorrentes e involuntárias do evento traumático. 2. Sonhos angustiantes recorrentes nos quais o conteúdo e/ou sentimento do sonho estão relacionados ao evento traumático. 3. Reações dissociativas (. Ex., flashbacks) nas quais o indivíduo sente ou age como se o evento traumático estivesse ocorrendo novamente. 4. Sofrimento psicológico intenso ou prolongado ante a exposição a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático. 5. Reações fisológicas intensas a sinais internos ou externos que simbolizem ou se assemelhem a algum aspecto do evento traumático. C. Evitação persistente de estímulos associados ao evento traumático, começando após a ocorrência do evento, conforme evidenciado por um ou ambos dos seguintes aspectos: 1. Evitação ou esforços para evitar recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático. 2. Evitação ou esforços para evitar lembranças externas que despertem recordações, pensamentos ou sentimentos angustiantes acerca de ou associados de perto ao evento traumático. D. Alterações negativas em cognições e no humor associadas ao evento traumático começando ou piorando depois da ocorrência de tal evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Incapacidade de recordar algum aspecto importante do evento traumático. 2. Crenças ou expectativas negativas persistentes e exageradas a respeito de si mesmo, dos outros e do mundo. 3. Cognições persistentes a respeito d causa ou das consequências do evento traumático que levam o indivíduo a culpar a si mesmo ou aos outros. 4. Estado emocional negativo persistente. 5. Interesse ou participação bastante diminuída em atividades significativas. 6. Sentimentos de distanciamento e alienação em relação aos outros. 7. Incapacidade persistente de sentir emoções positivas. E. Alterações marcantes na excitação e na reatividade associadas ao evento traumático, começando ou piorando após o evento, conforme evidenciado por dois (ou mais) dos seguintes aspectos: 1. Comportamento irritadiço e surtos de raiva geralmente expressos sob a forma de agressão verbal ou física em relação a pessoas e objetos. 2. Comportamento imprudente ou autodestrutivo. 3. Hipervigilância. 4. Resposta de sobressalto exagerada. 5. Problemas de concentração. 6. Perturbação do sono. F. A perturbação (Critérios B, C, D e E) dura mais de um mês. G. A perturbação causa sofrimento clinicamente significativo e prejuízo social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. H. A perturbação não se deve aos efeitos fisiológicos de uma substância ou outra condição médica. Determinar o subtipo: Com sintomas dissociativos: 1. Despersonalização / 2. Desrealização. Especificar se: Com expressão tardia. Transtorno Obsessivo-compulsivo A. Presença de obsessões, compulsões ou ambas: Obsessões: 1. Pensamentos, impulsos ou imagens recorrentes e persistentes que, em algum momento durante a perturbação, são experimentados como intrusivos e indesejados e que, na maioria dos indivíduos, causam acentuada ansiedade ou sofrimento. 2. O indivíduo tenta ignorar ou suprimir tais pensamentos, impulsos ou imagens ou neutralizá-los com algum outro pensamento ou ação. Compulsões: 1. Comportamentos repetitivos ou atos mentais que o indivíduo se sente compelido a executar em resposta a uma obsessão ou de acordo com regras que devem ser rigidamente aplicadas. 2. Os comportamentos ou os atos mentais visam prevenir ou reduzir a ansiedade ou o sofrimento ou evitar algum evento ou situação temida; entretanto, esses comportamentos ou atos mentais não têm uma conexão realista com o que visam neutralizar ou evitar ou são claramente excessivos. B. As obsessões ou compulsões tomam tempo ou causam sofrimento clinicamente significativo ou prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. C. Os sintomas obsessivo-compulsivos não se devem aos efeitos fisiológicos de uma substância ou a outra condição médica. D. A perturbação não é mais bem explicada pelos sintomas de outro transtorno mental. Especificar se: Com insight bom ou razoável Com insight pobre Com insight ausente/crenças delirantes Relacionado ao tique Transtornos da Personalidade Transtorno da Personalidade Paranóide Transtorno da Personalidade Esquizóide Transtorno da Personalidade Esquizotípico Transtorno da Personalidade Dependente Transtorno da Personalidade Borderline Transtorno da Personalidade Histriônica Transtorno da Personalidade Antissocial Transtorno da Personalidade Narcisista Transtorno da Personalidade Paranóide A. Um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas motivações são interpretadas como malévolas, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado por outros. 2. Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou da confiabilidade de amigos e sócios. 3. Reluta em confiar nos outros devido a medo infundado de que as informações serão usadas maldosamente contra si. 4. Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários ou eventos benignos. 5. Guarda rancores de forma persistente. 6. Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebidos pelos outros e reage com raiva ou contra-ataca rapidamente. 7. Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos ou outro transtorno psicótico e não é atribuível aos efeitos fisiólógicos de outra condição médica. Transtorno da Personalidade Esquizoide A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão presentes em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família. 2. Quase sempre opta por atividades solitárias. 3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa. 4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma. 5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau. 6. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros. 7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista e não é atribuível aos efeitos psicológicos de outra condição médica. Transtorno da Personalidade Esquizotípica A. Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivase comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Ideias de referência. 2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas subculturais. 3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais. 4. Pensamento e discurso estranhos. 5. Desconfiança ou ideação paranoide. 6. Afeto inadequado ou constrito. 7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar. 8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau. 9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista. Transtorno da Personalidade Dependente Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e apego que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros. 2. Precisam que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida. 3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. 4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria. 5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis. 6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo. 7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo. 8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado. Transtorno da Personalidade Borderline Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. 2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo. 4.Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas. 5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor. 7. Sentimentos crônicos de vazio. 8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la. 9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos. Transtorno da Personalidade Histriônica Um padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções. 2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamentos sexualmente sedutor inadequado ou provocativo. 3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções. 4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si. 5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes. 6. Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções. 7. É sugestionável. 8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são. Transtorno da Personalidade Antissocial A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes: 1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção. 2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, uso de nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal. 3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro. 4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas. 5. Descaso pela segurança de si ou de outros. 6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras. 7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. C. Há evidências de comportamento antissocial com surgimento anterior aos 15 anos de idade. D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar. Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva Um padrão difuso de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido. 2. Demonstra perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas. 3. É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades de lazer e amizades. 4. É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de moralidade, ética ou valores. 5. É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor mesmo quando não têm valor sentimental. 6. Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se submetam à sua forma exata de fazer as coisas. 7. Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como algo a ser acumulado para futuras catástrofes. 8. Exibe rigidez e teimosia. Transtorno da Personalidade Narcisista Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância. 2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal. 3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado a, outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada. 4. Demanda admiração excessiva. 5. Apresenta um sentimento de possuir direitos. 6. É explorador em relações interpessoais. 7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos outros. 8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam. 9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes.
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