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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Ontogênese • A ontogênese dos linfócitos B ocorre toda na medula óssea, diferente dos linfócitos T. • Saem da medula óssea como células capazes de realizar uma resposta imune. • A produção de linfócitos B não envolve o timo, mas tem características semelhantes à produção dos Linfócitos T. Figura 8.1, pág. 277. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • O primeiro tipo celular é um precursor de linfócitos B da medula óssea, que possui os genes para imunoglobulina não rearranjados. Da mesma forma que os Linf. T, precisam que haja um rearranjo no genoma. • O rearranjo para a formação dos receptores acontece na medula óssea. Uma vez que os linfócitos tenham anticorpos prontos, começam a expressar esses anticorpos na superfície. Ainda na medula vão passar por um processo de seleção negativa, para definir os linfócitos que são autorreativos (que morrem) e os não reativos (que sobrevivem). Desenvolvimento do Linfócito B • A progressão do seu desenvolvimento depende da expressão correta de seus receptores de superfície, que são as imunoglobulinas/anticorpos (quando secretados) /BCR. Figura 8.4, pág. 279. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Há diferentes estágios de desenvolvimento da célula. • A célula precursora de um progenitor linfoide comum é estimulada e inicia o processo de formação do linfócito B no estágio Pró-B inicial. Nesse estágio é que se inicia o rearranjo dos genes para formação do anticorpo. Esses genes tem a mesma denominação dos genes dos linfócitos T – os segmentos que precisam ser rearranjados são também os segmentos VDJ. • A cadeia pesada dos anticorpos começa a ser rearranjada na fase Pró-B inicial com o rearranjo D-J. Esse rearranjo prossegue com o V-DJ. Quando esse VDJ está completo, a cadeia pesada também estará e começa a ser expressa. Com isso, leva à expressão de um pré-receptor de linfócitos B – o qual funciona para testar se essa cadeia recém-formada é funcional. • Com a expressão do pré-receptor, o linfócito B em desenvolvimento chega no estágio Pré-B grande. Se o Pré-BCR sinalizar a funcionalidade da cadeia pesada, a célula passa para o próximo estágio, fase Pré-B pequena, onde começa o rearranjo da cadeia leve. Com a cadeia leve rearranjada, as cadeias estão completamente rearranjadas e o linfócito B expressa o anticorpo. • O primeiro subtipo de anticorpo que o linfócito B expressa é o IgM e essa expressão marca a entrada da célula na fase imatura. É nesse momento que acontece a seleção negativa dos linfócitos. • Os que sobrevivem à seleção negativa se tornam linfócitos B maduros ou virgens – maduros, porque já estão prontos para desenvolver uma resposta imune e virgens porque nunca foram Ontogênese e ativação de linfócitos B Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez ativados. Nesse momento a célula começa a expressar o segundo subtipo do anticorpo que é o IgD – ele e o IgM são os dois marcadores de linfócitos B virgens circulantes no organismo. Formação do receptor • Em cada uma das etapas existe a possibilidade de a célula fazer o rearranjo produtivo. • Sempre que houver um erro no rearranjo para a formação de receptores, o linfócito não prossegue para a próxima fase e morre. Figura 8.11, pág. 287. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Começa com o rearranjo D-J em ambos os cromossomos disponíveis para a formação do rearranjo produtivo. Caso esse rearranjo seja produtivo, a célula segue para o estágio Pró-B tardio, no qual ocorre a formação de V-DJ. Esse rearranjo pode acontecer nos dois cromossomos, mas apenas em um dos cromossomos é que a célula vai prosseguir para a etapa Pré-B. Quando um cromossomo termina de ser rearranjado, o processo no outro cromossomo para. Se nos dois cromossomos houver algum erro ou for inadequado, a célula morre por apoptose. • No estágio Pré-B pequeno, o rearranjo da cadeia leve tem algumas opções: ao contrário da cadeia pesada, a leve tem dois locais no DNA onde há segmentos para sua produção, denominados k (kappa) e lambda. Em ambos os locais pode ocorrer o rearranjo produtivo para a formação dessa cadeia. Logo, juntando os dois locais e os dois cromossomos, há 4 possibilidades para que a célula consiga fazer o rearranjo VJ da cadeia leve. Quando o rearranjo for produtivo em uma das 4 possibilidades, a célula segue para o próximo estágio e os outros rearranjos param de acontecer (RAG para de ser expresso). Se as 4 possibilidades tiverem erros, a célula morre. • Uma vez que o rearranjo ocorre de forma correta, a célula começa a expressar IgM, no estágio imaturo. • Na imagem, a cadeia azul é a pesada, maior. Ela está na mesma cor, porque seu rearranjo ocorre em apenas um local do genoma. • A cadeia leve se encontra em 2 cores, porque há duas opções de locais no genoma para esse rearranjo – kappa (verde) ou lambda (laranja). • A maior parte dos linfócitos B em humanos tem a cadeia kappa expressa. • Quando a célula consegue expressar IgM, o linfócito B imaturo precisa ser selecionado. • O linfócito B imaturo é uma célula produziu um anticorpo cuja especificidade é totalmente desconhecida, que é capaz teoricamente de reproduzir uma resposta imune. Eles têm receptores de antígeno que permitem fazer uma resposta imune. Como a especificidade é desconhecida, esse linfócito imaturo é perigoso para o organismo, pois pode gerar uma resposta autoimune. Por causa disso, antes de serem liberados para a corrente sanguínea, passam por um processo de seleção de infócitos B não autorreativos. Apenas os que não tem a capacidade de ser ativados por antígenos do nosso corpo serão liberados na corrente sanguínea e sobrevivem. Seleção de linfócitos B • Acontece na fase em que o linfócito B é imaturo, ainda na medula óssea. • Apenas os clones sem autorreatividade sobreviverão. Logo, é uma seleção negativa. • Os que recebem o sinal de ativação são eliminados. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 8.12, pág. 288. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Na primeira coluna mostra quando não ocorre a autorreação. Esse linfócito imaturo migra para a periferia, começa a expressar IgD e se torna uma célula madura. • Nas outras três colunas são possibilidades nas quais o linfócito B reconhece algum tipo de antígeno na medula óssea. • A última coluna mostra um linfócito B capaz de reconhecer antígenos solúveis na medula óssea. Porém, esses antígenos, possuem uma baixa afinidade ou são moléculas que não causam o chamado ¨cross-linking¨, reação cruzada que é fundamental para a ativação dos linfócitos B – antígenos que causam essa reação são aqueles que vão ativar os linfócitos. A ligação cruzada é a aproximação dos anticorpos de superfície causada pelo reconhecimento de antígenos. Quanto maior for essa aproximação, maior é a ativação do linfócito B. Figura 8.12, pág. 288. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • A imagem acima representa uma célula não ativada, embora o anticorpo reconheça o antígeno, não promove a aproximação entre as moléculas. Figura 8.12, pág. 288. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • A imagem representa um linfócito B que reconhece mais o antígeno, pois ele possui mais epítopos. Com isso, pode ocorrer a aproximação com algumas moléculas. A partir disso, há uma ativação, porém baixa. Figura 10.19, pág. 406. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Nessa última imagem, há um antígeno multivalente – o qual possui múltiplos epítopos capazes de serem reconhecidos pelo linfócito.Com isso há um intenso cross-linking, com grande aproximação de anticorpos, gerando uma alta ativação. • Voltando ao esquema geral (figura 8.12), na última coluna é extamente a situação em que o antígeno não consegue ser ativado, por não ter epítopos suficientes para gerar o cross-linking. Esse linfócito B não ativado migra para a periferia, torna-se uma célula B madura chamada de clone ignorante ou com ignorância imunológica – que interage, mas ignora. Isso tem impactos imunológicos, pois esses ignorantes ao serem ativados terão uma resposta intensa. • Tanto no caso de ausência completa de reconhecimento, quanto no caso de reconhecimento de células que não promovem cross-linking, os linfócitos migram para a periferia e se tornam linfócitos B maduros, expressando IgD e IgM. Serão linfócitos funcionais que vão gerar respostas imunes. • Na terceira coluna é possível observar linfócitos B imaturos que são capazes de reconhecer antígenos próprios que causam cross-linking com Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez baixa ativação. Esses linfócitos não podem ser liberados funcionais da medula óssea. Por conta de ser uma baixa ativação, não leva à apoptose e migram para a periferia. Contudo, se tornam linfócitos B anérgicos – incapazes de serem ativado e promover uma resposta imune humoral (independente de anticorpos). Eles possuem algumas funções. • A última possibilidade é quando os linfócitos B entram em contato com uma molécula própria multivalente, que possui vários epítopos capazes de serem reconhecidos. Ao receber um alto sinal de ativação, na maior parte dos casos, morre pela deleção clonal – deleção específica desse clone capaz de reconhecer. Existe uma chance de salvação, com a edição de receptores: o sinal de ativação leva a célula a expressar o RAG novamente, tentando fazer o rearranjo da cadeia leve novamente em outros locus gênicos ou cromossomo. Apenas a cadeia leve muda. Se essa mudança levar à geração de um receptor que para de reconhecer o antígeno multivalente, a célula sobrevive e vai para a periferia. Torna-se uma célula madura e funcional. Se a edição do receptor não gera mudança significativa, a célula sofre deleção clonal e morre. • A regra principal do processo é: apenas os clones sem autorreatividade sobreviverão. Há possibilidades que podem acontecer durante o processo de seleção. Ativação de linfócitos B • Após o processo de seleção, são liberados linfócitos B maduros na corrente sanguínea. Eles vão para um determinado local: órgãos linfoides secundários, os quais são o local de armazenamento e ativação de linfócitos B e T. • Depois do processo de ontogênese – rearranjo dos genes para a produção de imunoglobulinas, os linfócitos B se tornam células maduras e chegam aos órgãos linfoides secundários via corrente sanguínea. (linfonodos, baço...). Nesse ambiente que a célula será ativada. Figure 11-1, pág. 248. Kindt, Thomas J., et al. Kuby immunology. Macmillan, 2007. • Uma vez no órgão linfoide secundário, o linfócito B virgem precisa do antígeno ou do linfócito T (ou ambos) para ser ativado. • Essa ativação gera um processo de diferenciação que envolve dois processos: a maturação de afinidade e a mudança de classe, além da diferenciação em plasmócito, que é a célula produtora de anticorpos. Essa ativação também gera as células de memória. Antígenos reconhecidos por células B • Os antígenos reconhecidos e capazes de ativar linfócitos B são aqueles na sua forma natural. No caso do linfócito T, ele é ativado por antígenos processados por células dendríticas, fragmentos proteicos. No caso dos linfócitos B não, é preciso que eles estejam na sua forma natural (sem processamento) para que o anticorpo seja capaz de interagir. A interação envolve não só o epítopo, mas também o formato da bactéria e sua estrutura. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Em vacinas, por exemplo, o antígeno utilizado precisa ser o mais próximo possível do antígeno que está no microrganismo que se quer prevenir, para que haja um reconhecimento correto. • Os antígenos que ativam linfócitos B são divididos em dois tipos: • Antígenos T-dependentes: antígenos que para ativar o linfócito B dependem da ajuda de linfócitos T específicos contra esse antígeno. São em sua maioria antígenos proteicos. • Todos os outros tipos de antígenos não proteicos são T-independentes: Independem, para ativar os linfócitos B, da ajuda de linfócitos T. Em geral são antígenos lipídicos ou polissacarídeos. Ativação dos linfócitos B nas respostas contra antígenos T-dependentes Figura 11-1, pág. 244. Abbas, Abul K., Andrew H. Lichtman, and Shiv Pillai. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008. • Visão geral da resposta. • A primeira etapa é o reconhecimento do antígeno pelo anticorpo na superfície, com o cross-linking. • Esse linfócito B ativado por um antígeno proteico precisa do auxílio de linfócitos T auxiliares (CD 4). • Uma vez completamente ativado, recebendo todos os sinais: sinal do antígeno e os sinais do linfócito T, o linfócito B entra em expansão clonal e começa a proliferar em grandes quantidades. Durante o processo de expansão clonal ocorre a diferenciação. • A diferenciação do linfócito B tem alguns processos, para que possa ser gerada uma célula capaz de produzir anticorpos (o plasmócitos). Esses processos são a maturação de afinidade e a mudança de classe, além da geração de memória. Descrição do processo • Linfócitos cognatos são linfócitos T e B que reconhecem o mesmo antígeno. Isso é fundamental, pois a reposta imune contra um patógeno precisa ser coordenada. • Para que ocorra uma resposta humoral eficiente contra antígenos T-dependentes, deve acontecer o reconhecimento de linfócitos cognatos. Proteína Epítopo Epítopo de linfócitos T de linfócitos B • Na imagem podemos observar ima proteína que possui epítopos para os linfócitos T e linfócitos B. os dois linfócitos reconhecem o mesmo antígeno, porém por meio de diferentes epítopos. Sendo que para o linfócito T ele deve ser apresentado pelo MHC, enquanto para o B deve estar de forma natural. • Em uma resposta real, é necessário que existam mecanismos moleculares que permitam a interação entre esses dois linfócitos, a chamada interação T/B, um dos momentos mais importantes da resposta imune adaptativa. Figura 10.4, pág. 391. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Quando o linfócito B interage e reconhece o antígeno – na primeira etapa de ativação, ele fará a internalização de todo o complexo – anticorpo + antígeno completo e o degrada no compartimento endossomal, permitindo a apresentação via MHC de classe II. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • O linfócito B com o MHC:peptídeo vai se ligar ao Linfócito T CD4, o qual deve ser necessariamente específico para o tipo de epítopo que está sendo apresentado (viral, bacteriano etc.). A interação com o linfócito T gera dois sinais do linfócito B: o primeiro é a interação via molécula CD40 e seu ligante CD40L no linfócito T ativado; o segundo sinal derivado são as citocinas produzidas pelos linfócitos T CD4, as quais estimulam o linfócito B a produzir anticorpos. • A partir daí, o linfócito B vi terminar a diferenciação, proliferar e dará origem a plasmócitos produtores de anticorpos que se ligam à proteína da superfície do vírus. • Esse princípio é muito utilizado na produção de vacinas. • Ex: vacina para o Hemophilus influenza tipo b. Ela foi produzida para direcionar o sistema imuneà produção de anticorpos altamente eficientes contra antígenos polissacarídeos, já que o principal fator de virulência dessa bactéria é o polissacarídeo capsular. Figura 10.5, pág. 392. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. Para produzir essa vacina: ligou-se o polissacarídeo à proteína da toxina tetânica. Quando o anticorpo reconhece esse açúcar, o linfócito B internaliza todo o complexo e degrada. O MHC de classe II só é capaz de apresentar a parte proteica. O linfócito T vai interagir com o linfócito B por meio do MHC:peptídeo e apresentará o antígeno. Mesmo apresentando apenas a parte proteica, quando forem produzidos os anticorpos, haverá uma produção focando combater o polissacarídeo, pois o receptor da célula B que o reconheceu é específico para polissacarídeos. • Outra questão que explica a interação T/B é a arquitetura histológica dos órgãos linfoides secundários. Todos eles são divididos em áreas onde são maridos os linfócitos B e áreas onde são mantidos os linfócitos T. Figura 1.18, pág. 19. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • No caso do linfonodo, a área em bege são os folículos linfoides, que contêm em maioria linfócitos B – podem ser primários ou secundários (já com centros germinativos). A parte azul é onde estão os linfócitos T – área paracortical. • A divisão entre essas áreas serve com caminho para que os linfócitos possam migrar na direção correta. Figura 11-8, pág. 251. Abbas, Abul K., Andrew H. Lichtman, and Shiv Pillai. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008. • A linfa que flui através do linfonodo e de onde vem as informações antigênicas dos sítios de inflamação, banha os folículos linfoides, zona paracortical e sai pelos vasos eferentes. Logo, a zona onde se encontram os linfócitos B será banhada primeiro pela linfa. Com isso, aumenta a chance de que os organismos estejam na sua forma natural, sem ter sido fagocitados. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Ao receber o sinal, o linfócito B começa a migrar em direção à zona dos linfócitos T. Ao mesmo tempo, na linfa que está chegando também vem células dendríticas ativadas, as quais fazem o processo de apresentação de antígenos para os linfócitos T. Esse linfócito T é ativado e recebe os 3 sinais. Esse linfócito T CD4 ativado também faz o processo de migração em direção à zona de linfócitos B. • Essa migração provoca o encontro das células na margem entre as duas zonas (folículo linfoide e córtex parafolicular). Esse local de encontro é chamado de zona marginal. Figura 11-10, pág. 253. Abbas, Abul K., Andrew H. Lichtman, and Shiv Pillai. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008. • Nas imagens é possível observar as etapas da interação T/B. • A apresentação de antígeno do linfócito B para o linfócito T CD4, após o reconhecimento do antígeno pelo linfócito B e a internalização do complexo. • Essa interação leva à ativação do linfócito T, que expressa CD40L e produz citocinas. • Esse ligante CD40, junto com as citocinas, da aos linfócitos B os sinais que ele precisa para poder ser ativado. • Ao final desse processo de ativação, o linfócito b prolifera e se diferencia. • A proliferação e diferenciação dos linfócitos B ocorre no folículo linfoide. A interação acontece na zona marginal. Quando o linfócito b termina de receber os estímulos do linfócito T, ele volta ao folículo linfoide para proliferar e diferenciar. • Esse retorno ao folículo linfoide gera a formação dos centros germinativos. Figura 10.10, pág. 396. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • O centro germinativo é formado no local onde os linfócitos proliferam. Figura 10.11, pág. 397. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • O centro germinativo é um microambiente especializado que ocorre em órgão linfoides secundários em decorrência da ativação de linfócitos B. São áreas bem delimitadas nos órgãos. • Os linfócitos B possuem nomes diferentes de acordo com o estágio de diferenciação que se encontram. • Nesse ambiente ocorre a ativação e diferenciação terminal dos linfócitos B. Nele há linfócitos B e células foliculares dendríticas. Em azul, são linfócitos T CD4. • As etapas do processo de ativação e diferenciação são: hipermutação somática, maturação de afinidade, mudança de classe de imunoglobulina e formação de plasmócitos. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • No centro germinativo acontece um tipo de seleção positiva: determina que os linfócitos sobreviventes são os que recebem o sinal positivo, os demais morrem. • No centro germinativo, os linfócitos B competem pelo estímulo antigênico. Eles precisam da interação contínua com o antígeno para continuar proliferando. Quanto maior a interação, maior e melhor a diferenciação e produção de plasmócitos. Figura 10.16, pág. 403. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • É necessária uma forma de fixar o antígeno dentro do centro do órgão linfoide secundário, já que o antígeno é solúvel e está passando na linfa preso a células que podem se ligar sem modificar sua forma natural. • Duas células darão essa fixação: as células dendríticas (não são células hematopoiéticas, apenas células epiteliais com prolongamentos). Elas estão nos folículos linfoides e expressam uma grande quantidade de PRRs, os quais reconhecem moléculas opsonizantes. Contudo, ela fagocita muito devagar, o que faz com que os antígenos fiquem presos a sua superfície sem sofrer alterações. Vão se localizar na zona clara do folículo linfoide. Figura 10.17, pág. 403. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • As bolinhas nos prolongamentos são aglomerados de antígenos chamados de Icossomos. Figura 10.8, pág. 394. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Outra célula que fará essa fixação são os macrófagos foliculares. São macrófagos subcapsulares que se localizam logo abaixo da cápsula do linfonodo e outros órgãos linfoides. Possuem baixa capacidade endocítica e baixa capacidade de degradas antígenos. Conseguem interagir com uma série de antígenos e pela baixa capacidade de endocitose, esses ficam presos na superfície da célula. • Pode se observar a necessidade de manter o antígeno dentro do folículo linfoide por um tempo maior, para permitir que os linfócitos B continuem recebendo o estímulo necessário para o processo de diferenciação e ativação. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 11-10, pág. 253. Abbas, Abul K., Andrew H. Lichtman, and Shiv Pillai. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008. • O processo de diferenciação é induzido pela interação T/b, principalmente por causa da interação CD40-CD40L. https://www.biolegend.com/en-us/cd40-signaling. • Há diversas vias de transmissão de sinal que são ativadas no linfócito B quando o CD40L se liga ao CD40. • A ativação de CD40 no linfócito B induz: - Ativação da via MAPK, que será importante para proliferação e diferenciação. - Ativação da via PI3K, leva à regulação negativa do apoptose, permite o aumento da sobrevivência do linfócito B. Sinal de sobrevivência. - Ativação de NFkB, a qual vai induzir a produção de moléculas co-estimulatórias, inflamatórias e a expressão de AID – desaminase de citosinas induzida por ativação, que é a enzima responsável pela hipermutação somática. Hipermutação somática • A hipermutação somática é um acúmulo grande de mutações no DNA somático do linfócito B durante o processo de ativação no centro germinativo. Uma alteração do DNA germinativo. Figura 11-18. Abbas, Abul K., Andrew H.Lichtman, and Shiv Pillai. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008. • Cada traço preto é uma mutação. O gráfico está sendo demonstradas as regiões da cadeia pesada e da cadeia leve, assim como as porções variáveis, que de fato interagem com os epítopos antigênicos. • CDR: regiões que complementam o antígeno. • Foi observado o número de mutações em linfócitos B estimulados em diferentes etapas: linfócitos B virgens estimulados após 7 dias – algumas mutações; depois o mesmo linfócito virgem estimulado após 14 dias – apresentou bem mais mutações. Nas duas últimas linhas apresenta https://www.biolegend.com/en-us/cd40-signaling Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez os linfócitos reestimulados por um mesmo antígeno depois de algum tempo de descanso. Na segunda e terceira estimulação as mutações aumentaram. • A enzima AID promove essas mutações. Quando ela retira o resíduo de amina da citosina DNA, ela vira uracila. Essa uracila no DNA é rapidamente reconhecida pelo sistema de reparo e removida do local, incluindo nucleotídeos aleatórios. Nesse processo que as mutações vão se acumulando. • Esse processo ocorre preferencialmente nas regiões do DNA que codificam para as porções do anticorpo que reconhecem diretamente esse antígeno. • Em determinado momento, com tantas mutações, altera-se o reconhecimento do antígeno. Essa alteração pode ser positiva ou negativa. Podem alterar o anticorpo que está na superfície do linfócito B para que ele consiga interagir melhor com o antígeno; podem alterá-lo de modo a que a interação seja pior; ainda, é possível alterá-lo de forma que não reconheça mais o antígeno. • Isso gera uma competição entre subclones de linfócitos B dentro do centro germinativo. Maturação de afinidade Figura 11-19. Abbas, Abul K., Andrew H. Lichtman, and Shiv Pillai. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008. • As células-filhas do linfócito B sofrem hipermutação somática, pois ele foi estimulado por CD40L. Esses clones terão anticorpos com formatos diferentes por conta das mutações pontuais que aparecem, podendo a partir delas ter diferentes afinidades com o antígeno (aumentada, normal, diminuída ou sem afinidade nenhuma). • Na competição pela interação com o antígeno preso às células foliculares dendríticas, o linfócito com afinidade maior que vence. Esse processo é a maturação de afinidade. • A maturação de afinidade é a aquisição de maior afinidade (capacidade de reconhecimento) pelo antígeno por anticorpos da superfície de linfócitos B durante a resposta humoral. • Esse processo permite que toda vez que um linfócito B seja ativado por antígeno T dependente, o clone inicialmente ativado vai dar origem a um clone de maior afinidade pelo antígeno. Dessa forma, aumenta a eficiência dessa resposta imune. Eles guardam essa afinidade na memória. • Por isso que algumas vacinas possuem várias doses, para aumentar a afinidade. • A especificidade nunca muda, pois se isso ocorresse, ele não seria capaz de reconhecer o mesmo antígeno e morre, ao perder a competição com outros clones com afinidade. • Essa maturação é decorrente da hipermutação somática. Resposta contra antígenos T-independentes • Acontece sem o auxílio de linfócitos T. • Pode acontecer contra antígenos T-Independente do tipo 1 ou do tipo 2. • Em ambos os casos essas respostas geram a produção de anticorpos IgM. Apenas ocorre a produção de outra classe de imunoglobulinas se houver interação do linfócito B com outros tipos celulares de citocina, como macrófagos, células dendríticas ou linfócitos NK. - Antígenos TI-1: são mitógenos, ou seja, são capazes de ativar linfócitos B de maneira policlonal e só induzem resposta específica em baixas concentrações. Ex: LPS, DNA bacteriano. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 11-5. Abbas, Abul K., Andrew H. Lichtman, and Shiv Pillai. Imunologia celular e molecular. Elsevier Brasil, 2008. • A ativação da célula B pelos antígenos acontece via reconhecimento específico pelo anticorpo e por reconhecimento via PRRs – expressos também pelos linfócitos B. • O estímulo via PRRs dá um estímulo de inflamação inato. O anticorpo dá o estímulo específico adaptativo. Ambos são suficientes para induzir a ativação do linfócito B e a produção de anticorpos IgM. Figura 10.18, pág. 404. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Exemplo do LPS de como esses antígenos podem induzir ativação de maneira policlonal: Em altas concentrações de LPS, ele é capaz de estimular o linfócito B específico contra LPS, enquanto linfócitos com anticorpos específicos para outros antígenos não reconhecem. Contudo, por conta do estímulo inflamatório exacerbado – muito LPS, todos os outros linfócitos serão ativados inflamatóriamente e se transformam em plasmócitos produtores de anticorpos, independente da especificidade. Gera-se a partir disso uma resposta humoral não específica. Em baixa concentração, o mesmo LPS só é capaz de estimular o linfócito B específico para ele. Acontece o reconhecimento dos epítopos e estímulo inflamatório. A partir disso, é gerada uma resposta específica contra o LPS. Como não há tanto LPS, não ocorre uma resposta inflamatória geral dos outros linfócitos não-específicos. - Antígenos TI-2: Não ativam linfócitos B por características intrínsecas de estímulos de receptores inflamatórios. São antígenos que possuem estruturas em repetição – multivalentes, capazes de fazer uma estimulação sem a necessidade dos linfócitos T. Induzem resposta específica, ou seja, só ativam linfócitos B maduros com receptores específicos para o antígeno. Importantes para promover imunidade contra bactérias capsuladas. A resposta contra esses antígenos é feita geralmente por linfócito B-1 (o B-2 é o que normalmente faz a resposta T-dependente). Figura 10.19, pág. 406. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • O antígeno independente do tipo 2 é o que possui vários epítopos iguais, os quais promovem um intenso cross-linking e a grande ativação dos linfócitos B. Essa característica que permite a ativação sem os linfócitos T. • Essa ativação gera a produção de plasmócitos produtores de IgM. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Figura 10.20, pág. 407. Murphy, K. Imunobiologia de Janeway-8. Artmed Editora. • Resumo de todos os tipos de resposta dos linfócitos B contra os vários tipos de antígenos.
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