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Levantamento de Dados Secundarios - Isabela Escobar

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS 
CAMPUS LAGOA DO SINO 
CENTRO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA 
BIOLOGIA DA CONSERVAÇÃO 
 
 
LEVANTAMENTO DE DADOS SECUNDARIOS: PRESENÇA DE 
HERPETOFAUNA NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM 
 
 
 
 
ISABELA RODRIGUES ESCOBAR 
 
 
 
 
 
 
 
BURI, SP 
2020 
 
 
 
 ISABELA RODRIGUES ESCOBAR 743707 
 
 
 
 
 
LEVANTAMENTO DE DADOS SECUNDARIOS: PRESENÇA DE 
HERPETOFAUNA NA ESTAÇÃO ECOLÓGICA DO TAIM 
Atividade apresentada ao Curso de 
Biologia da Conservação, eixo 
Diversidade Biológica 4, como 
requisito para avaliação do 
mesoconteúdo Levantamento e 
monitoramento da diversidade 
biológica. 
Professor responsável: Prof. Dr. 
Alberto Carmassi. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BURI, SP 
2020 
Introdução 
Na região Sul do Brasil, existem formações campestres chamadas de Pampa 
que ocupam certa de 63% do estado do Rio Grande do Sul. Este bioma é formado por 
ecossistemas naturais uma grande biodiversidade, tanto de animais de quanto 
vegetais que preservam serviços de extrema importância, como a conservação de 
recursos hídricos (BORTOLUZZI CASTRO et al., 2019).. Suas paisagens naturais são 
variadas, de serras a planícies, de morros rupestres a coxilhas, exibindo um imenso 
patrimônio cultural. As paisagens se caracterizam pelo predomínio dos campos 
nativos, mas há também a presença de matas ciliares, matas de encosta, matas de 
pau-ferro, formações arbustivas, butiazais, banhados, afloramentos rochosos, etc 
(ENTIAUSPE-NETO, PERLEBERG & DE FREITAS, 2016). 
O conceito de biodiversidade pode ser entendido de diversas formas, porém 
pode-se resumir que se refere a uma variedade de formas de vida presentes na 
natureza, provinda da historia evolutiva. Inclui-se desde a variabilidade genética de 
espécies, até matrizes de diferentes espécies, assim como variedade de 
ecossistemas, englobando comunidades (ECHER et al., 2016). 
A presença da herpetofauna é de extrema importância para a cadeia alimentar, 
controlando populações de invertebrados e pequenos vertebrados, além de servir de 
alimentos para varias espécies de peixes, aves, mamíferos e serpentes. Em geral, os 
repteis são menos exigentes que espécies de anfíbios quando relacionado a fatores 
ambientais, como a umidade, pois possuem a pele recoberta por encamas, evitando a 
evapotranspiração (BERNARDE, MACHADO & TURCI, 2011). 
Anfíbios são animais com baixo controle sobre seu metabolismo interno, assim 
dependendo de condições ambientais favoráveis para alimentação e reprodução. Este 
grupo apresenta uma pele permeável, deixando-os aparamente mais sensível ás 
condições climáticas do que os outros vertebrados terrestres (ROCHA, 2004). 
Outros fatores, como: precipitação, temperatura e umidade relativa do ar 
acabam determinando a distribuição ecológica e geográfica das espécies de anuros 
(ROCHA, 2004), além de influenciar diretamente frequência e intensidade do consumo 
de alimentos, reprodução e nos processos de migração, desta forma determinando a 
densidade das populações (WOEHL & WOEHL, 2008). 
 Estes animais também sofrendo varias pressões devido a áreas urbanizadas, 
diminuindo espécies especialistas e aumento a chance de oportunistas (WOEHL & 
WOEHL, 2008). 
Objetivo 
O objetivo deste trabalho é o levantamento de dados secundário da herpetofauna 
presente na Estação Ecológica do Taim. 
 
 
 
 
 
Materiais e Métodos 
 A ESEC do Taim é uma unidade de Proteção Integral (SNUC, 2000), tendo 
como objetivo a preservação da natureza, a educação ambiental e a valorização da 
pesquisa. Foi criada pelo Decreto nº 92.963 em 21 de Julho de 1986 e possui 
uma área de 33.995,00 há (QUINTELA, MARTINS & LOEBMANN, 2011). 
 
 A área estudada esta localizada nos municípios de Rio Grande (RS) e Sana 
Vitoria do Palmar (RS), e conta com a presença de dois ecossistemas de extrema 
importância para o equilíbrio da fauna e da flora, tanto os campos sulinos quanto os 
banhados (KURTZ, 2003). 
 Referente ao clima desta área, sendo subtropical, sua dinâmica passa a ser um 
atributo marcante para a vida desta unidade, ora apresentando-se alagada, ora seca, 
com chegadas e partidas de diversos movimentos migratórios. Esta estação ecológica 
esta localizada na porção menos chuvosa do estado do Rio Grande do Sul, com uma 
grande variação térmica e sendo bastante influenciada Corrente Marítima Fria, além 
da presença de Ciclones Extratropicais (WOLLMANN & SIMIONI, 2013). 
 Seu relevo é caracterizado por uma planície com micro-relevos, destacando as 
feições dunais e terraços com barreiras lagunares. Sua vegetação é rica em 
macrofitas, porém encontrando também Matas de Restinga Turfosa e Arenosa, 
Campos Secos e Várzeas (KARNOPP, 2019). 
A presença de diversos agrossistemas entorna da área da ESEC acabam 
gerando deficiência na água e diminuindo na qualidade do solo, trazendo prejuízos 
ambientais e econômicos, além de outros problemas enfrentados como 
atropelamentos na BR-471, pesca e caça ilegal (KURTZ, 2003). 
A maior parte é ocupada pelo banhado, constituído de grandes porções 
alagadiças cobertas por vegetação densa, composta principalmente por e junco do 
banhado. Na borda do banhado, em lugares mais elevados, a vegetação é arbustiva. 
A região de banhado varia segundo as estações do ano: durante as épocas de chuva 
torna-se alagada, sendo praticamente inacessível; no verão, com as chuvas menos 
intensas, as porções alagadas ficam mais restritas, ocorrendo expansão da vegetação 
de suas bordas (GOMES & KRAUSE, 82). 
Na extensão da área coberta por areia são encontrados dois tipos de dunas: o 
alinhamento de dunas litorâneas, situado entre o leste do banhado e da lagoa 
Mangueira, elevadas e móveis, que se deslocam facilmente, recobrindo consideráveis 
áreas na região dos campos. Por este caráter de mobilidade é rara a fixação de 
vegetação. E as dunas mais baixas e fixas da margem da lagoa Mirim, que são 
parcialmente recobertas por uma vegetação baixa e espinhosa (GOMES & KRAUSE, 
82). 
O presente estudo foi realizado com a utilização da “LISTA PRELIMINAR DE 
REPTEIS DA ESTAÇÃO ECOLOGICA DO TAIM. RIO GRANDE DO SUL” e da “LISTA PRELIMINAR DE 
ANFIBIOS DA ESTAÇÃO ECOLOGICA DO TAIM. RIO GRANDE DO SUL”. As variáveis utilizadas 
para a realização do levantamento foram: classe, ordem, família, gênero, espécie, nome 
popular, status de conservação e distribuição geográfica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Resultados e Discussão 
 Na primeira parte, foi realizado primeiramente o levantamento de anfíbios, 
tendo a predominância da ordem anura e apenas a presença de uma família 
gymnophiona. A família mais encontrada da ordem anura foi a Leptodactylidae, 
representada por rãs, jias ou caçotes. Veja na tabela abaixo: 
CLASSE ORDEM FAMILIA GENERO ESPECIE 
NOME 
POPULAR 
STATUS DE 
CONSERVAÇÃO 
DISTRIBUIÇÃO 
GEOGRAFICA 
Amphibia 
 Anura 
 Ceratophryidae Ceratophrys 
Ceratophrys 
ornata Sapo de Chifre 
Quase 
ameaçada 
(NT) 
Sul do Brasil e 
Argentina. 
 Hylidae Boana 
Boana 
pulchella 
Canela-do-
brejo 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY, BR e 
PY 
 Scinax 
Scinax 
squalirostris Perereca 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
UY, AR, PY, 
BR E BO. 
 Scinax 
Scinax 
granulatus Perereca 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY, BR e 
PY 
 Ololygon 
Ololygon 
berthae Perereca 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY, BR e 
PY 
 Hyla Hyla sanborni 
Perereca-
pequena 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
Sul do Brasil e 
Argentina. 
 Leptodactylidae Leptodactylus 
Leptodactylus 
gracilis Rã-listrada 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, BO, BR, 
PY e UY. 
 Leptodactylus 
Leptodactylus 
latinasus Rã 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, BO, BR, 
PY e UY. 
 Leptodactylus 
Leptodactylus 
latrans Rã-manteiga 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, BO, BR,CO, GF, GU, 
PY, SU, TT, 
UY, VZ E PE. 
 Physalaemus 
Physalaemus 
biligonigerus Rã 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, BO, BR, 
PY e UY. 
 Physalaemus 
Physalaemus 
gracilis Rã-chorona 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY, BR e 
PY 
 Physalaemus 
Physalaemus 
henselii Rã 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY, BR e 
PY 
 
Pseudopaludic
ola 
Pseudopaludic
ola falcipes Rãzinha-grilo 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY, BR e 
PY 
 Pseudidae Lysapsus 
Lysapsus 
mantidactylus Rã 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
Sul e sudeste 
do Brasil, 
Uruguai e na 
Argentina 
 Odontophrynidae 
Odontophrynu
s 
Odontophrynu
s americanus Rã-bugio 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, BR, PY, 
UY e BO. 
 Bufonidae Rhinella 
Rhinella 
arenarum Sapo-da-areia 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
BO, AR, BR e 
UY. 
 Rhinella 
Rhinella 
granulosa 
Sapo-
granuloso 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, BO, BR, 
CO, GF, GU, 
PY, SU, TT, 
UY, VZ E PE. 
 Gymnophiona 
 Siphonopidae Siphonops 
Siphonops 
annulatus Cobra-cega 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, BO, BR, 
CO, GF, GU, 
PY, SU, TT, 
UY, VZ E PE. 
 
 A seguir, foi realizado o levantamento de repteis, onde tivemos uma maior 
diversidade de ordem, incluindo testudines, squamata e crocodylia. Asssim, existindo 
uma grande variação de cagados, cobras, lagartos e jacarés. Acompanhe na tabela a 
seguir: 
CLASSE ORDEM FAMILIA GENERO ESPECIE 
NOME 
POPULAR 
STATUS DE 
CONSERVAÇÃO 
DISTRIBUIÇÃO 
GEOGRAFICA 
Reptilia 
 Testudines 
 Chelidae Hydromedusa 
Hydromedus
a tectifera 
Cágado 
pescoço de 
cobra 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY, PY 
e BR. 
 
 Platemys 
Platemys 
spixii Cágado-preto 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY, PY 
e BR. 
 Emydidae Tchrysemys 
Tchrysemys 
dorbigni Tigre d'água 
Quase 
ameaçada 
(NT) 
AR, PY e 
BR. 
 Squamata 
 Liolaemidae Liolaemus 
Liolaemus 
occipitalis 
Lagarto-da-
areia 
Vulnerável 
(VU) 
SC, RS e 
UY. 
 
Gymnophthal
midae Cercosaura 
Cercosaura 
schreibersii 
Lagartinho-
de-chão 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY e 
BR. 
 
Amphisbaeni
dae Amphisbaena 
Amphisbaena 
darwinii 
trachura 
Cobra-de-
duas-cabeças 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY e 
BR. 
 Colubridae Liophis 
Liophis 
poecilogyrus 
Cobra-de-
capim 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY e 
BR. 
 Helicops 
Helicops 
carinicauda 
Cobra-
d'água-do-
litoral 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, UY e 
BR. 
 Liophis 
Liophis 
anomalys 
Corredeira-
listrada 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, PY e 
BR. 
 Liophis 
Liophis 
jaegeri 
Cobra-
d'agua-verde 
Pouco 
preocupante 
(LC) 
AR, PY e 
BR. 
 Lystrophis 
Lystrophis 
histricus 
Nariguda-
rajada 
Vulnerável 
(VU) 
AR, PY e 
BR. 
 Liophis 
Liophis 
miliaris Cobra-lisa 
Dados 
insuficientes 
(DD) 
America do 
Sul 
 Lystrophis 
Lystrophis 
dorbignyi 
Jararaca-da-
praia 
Dados 
insuficientes 
(DD) BR e AR. 
 Dipsadidae Elapomorphu Elapomorphu Boicorá Pouco AR, UY e 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Testudines
https://pt.wikipedia.org/w/index.php?title=Hydromedusa&action=edit&redlink=1
https://pt.wikipedia.org/wiki/Squamata
s s bilineatus preocupante 
(LC) 
BR. 
 Viperidae Bothrops 
Bothrops 
alternatus Urutu 
Vulnerável 
(VU) 
AR, UY, PY 
e BR. 
 Crocodylia 
 Alligatoridae Caiman 
Caiman 
latirostris 
Jacaré-de-
papo-amarelo 
Pouco 
preocupante 
(LC) BR e UY. 
 
 De acordo com a tabela apresentada, apenas 3 espécies apresentam um 
status de conservação vulnerável, sendo ambas da classe dos repteis. Existe pouca 
presença de espécies exóticas, por ser uma área de banhado com grandes 
inundações, a adaptação se torna algo não tão simples e com maiores concorrências. 
 Porém, pelos dados apresentados pode-se concluir que apesar da grande 
diversidade, a maioria dos animais estão em uma boa forma de conservação. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Alligatoridae
Conclusão 
 Conclui-se que existe uma grande diversidade de herpetofauna na estação 
ecológica do Taim, sendo de maior presença os anuros. É uma área bem conservada 
e com uma grande disponibilidade de habitats para anfíbios e repteis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Bibliografia 
BERNARDE, Paulo Sérgio; MACHADO, Reginaldo Assêncio; TURCI, Luiz Carlos Batista. 
Herpetofauna da área do Igarapé Esperança na Reserva Extrativista Riozinho da Liberdade, 
Acre-Brasil. Biota Neotropica, v. 11, n. 3, p. 117-144, 2011. 
BORTOLUZZI CASTRO, Luis Roberval et al. Os biomas brasileiros nos livros didáticos de 
ciências: um olhar ao pampa gaúcho. Revista Electrónica de Investigación en Educación en 
Ciencias, v. 14, n. 1, 2019. 
ECHER, Reges et al. Usos da terra e ameaças para a conservação da biodiversidade no bioma 
Pampa, Rio Grande do Sul. Revista Thema, v. 12, n. 2, p. 4-13, 2016. 
ENTIAUSPE-NETO, Omar; PERLEBERG, Tângela; DE FREITAS, Marco Antonio. 
Herpetofauna from an urban Pampa fragment in southern Brazil: composition, structure and 
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GOMES, Norma; KRAUSE, Lígia. Lista preliminar de répteis da estação ecológica do Taim, Rio 
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KARNOPP, Etiely et al. Uso de habitat por escorpiões do Bioma Pampa: efeito do uso do solo e 
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KURTZ, Fabio Charão et al. Zoneamento ambiental dos banhados da estação ecológica do 
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QUINTELA, Fernando Marques; MARTINS, Rafael Pinheiro; LOEBMANN, Daniel. Composição 
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ROCHA, CARLOS FREDERICO D. et al. Fauna de anfíbios, répteis e mamíferos do Estado do 
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SNUC, MMA. Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza. Ministério do, 
2000. 
WOEHL JR, Germano; WOEHL, Elza Nishimura. Anfíbios da Mata Atlântica. Jaraguá do Sul: 
Instituto Rã-bugio para Conservação da Biodiversidade. 61p, 2008. 
WOLLMANN, Cássio Arthur; SIMIONI, João Paulo Delapasse. Variabilidade espacial dos 
atributos climáticos na Estação Ecológica do Taim (RS), sob domínio polar. Revista do 
Departamento de Geografia, v. 25, p. 56-76, 2013.

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