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Penal -Roteiro 02 - História Direito Penal

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NOME DO ALUNO
	Camila Fragozo Vargas e
 Radharani Bertazzo da Silva
	2020-04
	ESTUDO DIRIGIDO
	DIREITO 
PENAL
1
	
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
DO DIREITO PENAL
	ORIENTAÇÕES:
1. Preencha os tópicos abaixo, utilizando ao menos TRÊS autores diferentes, fazendo as devidas citações dos mesmos em notas de rodapé, e referindo exemplos esclarecedores.
2. Ao final, CRIE UMA questão objetiva, que abranja todo o conteúdo do presente estudo, e UMA questão objetiva sobre um conteúdo específico, destacando-as com a resposta correta. O critério para avaliação deste item será a ORIGINALIDADE (o não envolvimento do nome do Professor.)
3. O trabalho deverá ser entregue em formato PDF, com o corpo do texto em fonte Calibri, tamanho 12, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e recuo de 1,25cm na primeira linha. As notas de rodapé em fonte Calibri, tamanho 9, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e Hanging de 0,5cm. O documento deverá ter margem direita em 1,5cm e as demais em 2,0cm. 
Bom trabalho!!
ORIGENS HISTÓRICAS
Conforme as palavras de Noronha: “A história do direito penal é a história da humanidade. Ele surge com o homem e o acompanha através dos tempos, isso porque o crime, qual sombra sinistra, nunca dele se afastou.”[footnoteRef:1] [1: Noronha, E. Magalhães Direito penal, vol 1 : introdução e parte geral — 38. ed. rev. e atual. São Paulo : Saraiva, 2004.] 
Conforme as palavras de Luiz Flávio Gomes: “O Direito penal o instrumento de controle (social) mais drástico com que conta o Estado, precisamente porque dispõe dos meios coativos mais gravosos (penas e medidas de segurança), mais ameaçadores aos direitos fundamentais da pessoa, desde o Iluminismo (veja em seguida as bases desse movimento filosófico) a preocupação do penalista crítico sempre foi a de construir limites ao exercício desse poder.”[footnoteRef:2] [2: GOMES. Luiz Flávio. Direito Penal: Parte Geral Introdução. 2ª. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. P 307.] 
Conforme as palavras de Francisco de Assis Toledo: “A verdadeira história do direito penal brasileiro começa, pois, no período colonial, com as Ordenações Afonsinas, vigentes em Portugal à época do descobrimento, seguidas pelas Manuelinas e, por último, pelas Filipinas. Mas, na verdade, em relação ao Brasil, as Afonsinas não chegaram a ter aplicação, por ausência de uma organização estatal adequada; as Manuelinas, publicadas em 1521, tiveram, por sua vez, aplicação escassa, até que foram substituídas pelas Filipinas, publicadas em janeiro de 1603 e revalidadas por D. João IV em 1643. Estas últimas, as Filipinas, em cujo Livro V se encontra a codificação penal do Reino, é que foram aplicadas, com toda a sua dureza, durante o Brasil colonial e, depois disso, até a edição e início de vigência do Código Criminal do Império, de 1830. Note-se que, mesmo depois da Independência (7-9-1822), continuou o país a reger-se por aquelas ordenações até se dar a sua substituição pelo ordenamento jurídico editado pelo Estado recém- criado.” [footnoteRef:3] [3: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios básicos de direito penal: de acordo com a Lei n. 7 .2 0 9, de 1 1 -7-1 984 e com a Constituição Federal de 1988. 5ª. ed. São Paulo: Saraiva, 1994. P 64.] 
Deste modo compreendemos por origens históricas do direito penal, que ela vem das primeiras civilizações humanas, levando até as primeiras sociedades. O direito desde os primórdios sempre teve uma imagem punitiva embasada pelas diversas culturas onde se estalava. No Brasil por sua vez o Direito Penal veio aos moldes do Direito Português, sendo que a utilização da expressão Sistema Normativo veio a delimitar a ser um conjunto de normas que foram utilizadas no Brasil desde o seu descobrimento. Ressaltamos que o Direito Português exerceu em sua amplitude uma enorme influência na formação aplicada à legislação penal brasileira, pelo motivo de sua grande importância influenciadora, pois somente no meado de 1830 veio a surgir o primeiro conjunto de normas penais sistematizadas e reduzidas em um único código.
Exemplo: Na antiguidade a origem histórica do Direito Penal, já se dava quando em um reino existia a norma de que um agente não poderia cometer adultério contra sua esposa, se o mesmo o fizesse teria sua mão cortada. 
O antigo oriente
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “No Oriente antigo, fundava-se a punição em caráter religioso, castigando-se o infrator duramente para aplacar a ira dos deuses. Notava-se o predomínio do talião, que, se mérito teve, consistiu em reduzir a extensão da punição e evitar a infindável onda de vingança privada. Nas palavras de CEZAR ROEERTO BITENCOURT, “o castigo era aplicado, por delegação divina, pelos sacerdotes, com penas cruéis, desumanas e degradantes, cuja finalidade maior era a intimidação. Pode-se destacar como legislação típica dessa fase o Código de Manu [Índia], embora legislações com essas características tenham sido adotadas no Egito (Cinco Livros), na China (Livro das Cinco Penas), na Pérsia (Avesta), em Israel (Pentateuco) e na Babilônia”. 4 Cuidando-se, particularmente, da Babilônia, deve-se fazer referência ao Código de Hamurabi, nos idos do século XXIII a.C., prevendo-se delitos e penas cruéis, embora admitindo-se a composição, que era a troca de bens materiais, quando se tratava de crime patrimonial. Mesmo assim, prevalecia o talião, encontrando-se lesão por lesão, morte por morte. Esse mesmo critério do talião estendeu-se à legislação hebraica, sob a nomenclatura de lei mosaica (originada na lei de Moisés). 5 Na Grécia antiga, como retrataram os filósofos da época, a punição mantinha seu caráter sacro e continuava a representar forte tendência expiatória e intimidativa. Em uma primeira fase, prevalecia a vingança de sangue, que terminou cedendo espaço ao talião e à composição.”[footnoteRef:4] [4: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.98] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Seguindo, ainda, as lições de Magalhães Noronha, no que diz respeito à vingança divina: “Já existe um poder social capaz de impor aos homens normas de conduta e castigo. O princípio que domina a repressão é a satisfação da divindade, ofendida pelo crime. Pune-se com rigor, antes com notória crueldade, pois o castigo deve estar em relação com a grandeza do deus ofendido. É o direito penal religioso, teocrático e sacerdotal. Um dos principais Códigos é o da Índia, de Manu (Mânava, Dharma, Sastra). Tinha por escopo a purificação da alma do criminoso, através do castigo, para que pudesse alcançar a bem-aventurança. Dividia a sociedade em castas: brâmanes, guerreiros, comerciantes e lavradores. Era a dos brâmanes a mais elevada; a última, a dos sudras, que nada valiam. Revestido de caráter religioso era também o de Hamurabi. Aliás, podemos dizer que esse era o espírito dominante nas leis dos povos do Oriente antigo. Além da Babilônia, Índia e Israel, o Egito, a Pérsia, a China etc.” 7 Era o direito aplicado pelos sacerdotes, ou seja, aqueles que, supostamente, tinham um relacionamento direto com um deus e atuavam de acordo com sua vontade. Incontáveis atrocidades foram praticadas em nome dos deuses, muitas delas com a finalidade de aplacar-lhes a ira. A criatividade maligna dos homens não tinha limites. As sociedades, nesse período, eram carregadas de misticismos e crenças sobrenaturais. Eventos da natureza, como chuvas, trovões, terremotos, vendavais etc., podiam demonstrar a fúria dos deuses para com os homens e, para tanto, precisava ser aplacada, mediante o sacrifício humano. Alguém era apontado como culpado e, consequentemente, devia ser entregue aos deuses.”[footnoteRef:5] [5: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017p.48] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “Esse era, enfim, o espírito dominante nas leis dos povos do Oriente antigo (além da Babilônia, China, Índia, Israel,Egito, Pérsia etc.). Além da severidade, que era sua característica principal, decorrente do caráter teocrático, esse direito penal era aplicado pelos sacerdotes. Evoluiu-se, posteriormente, para a vingança privada, que poderia envolver desde o indivíduo isoladamente até o seu grupo social, com sangrentas batalhas, causando, muitas vezes, a completa eliminação de grupos. Quando a infração fosse cometida por membro do próprio grupo, a punição era o banimento (perda da paz), deixando-o à mercê de outros grupos, que fatalmente o levariam à morte. Quando, no entanto, a violação fosse praticada por alguém estranho ao grupo, a punição era a “vingança de sangue”, verdadeira guerra grupal. Com a evolução social, para evitara dizimação das tribos, surge alei de talião, determinando areação proporcional ao mal praticado: olho por olho, dente por dente. Esse foi o maior exemplo de tratamento igualitário entre infrator e vítima, representando, de certa forma, a primeira tentativa de humanização da sanção criminal. A lei de talião foi adotada no Código de Hamurabi (Babilônia), no Êxodo (hebreus) e na Lei das XII Tábuas (romanos) 3. No entanto, como passar do tempo, como o número de infratores era grande, as populações iam ficando deformadas, pela perda de membro, sentido ou função, que o Direito talional propiciava. Assim, evoluiu-se para a composição, sistema através do qual o infrator comprava a sua liberdade, livrando-se do castigo. A composição, que foi largamente aceita, na sua época, constitui um dos antecedentes da moderna reparação do Direito Civil e das penas pecuniárias do Direito Penal. Mas, com a melhor organização social, o Estado afastou a vindita privada, assumindo o poder-dever de manter a ordem e a segurança social, surgindo a vingança pública, que, nos seus primórdios, manteve absoluta identidade entre poder divino e poder político. A primeira finalidade reconhecida desta fase era garantir a segurança do soberano, por meio da aplicação da sanção penal, ainda dominada pela crueldade e desumanidade, característica do direito criminal da época. Mantinha-se ainda forte influência do aspecto religioso, como qual o Estado justificava a proteção do soberano.” [footnoteRef:6] [6: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012p.32] 
	Deste modo compreendemos que nas cidades e civilizações do antigo oriente, o direito, ainda rudimentar, tinha um cordão umbilical intrínseco ao meio religioso. Sendo assim o crime era a conduta que ofendia os preceitos divinos, e como consequência seria o castigo dos deuses. Por conseguinte, o líder religioso tinha a tarefa em trazer a vontade dos deuses até o alcance do seu grupo. 
	Exemplo: A Grécia era governada em nome de Zeus, assim se um cidadão grego cometesse qualquer crime que seja repressivo por Zeus ele teria que ter uma punição; na Roma Antiga por sua vez recebeu a Lei das XII Tábuas, assim se alguém não cumprisse o que estava escrito lá também receberia uma punição, etc. 
Direito penal Romano
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “O direito romano, dividido em períodos, contou, de início, com a prevalência do poder absoluto do pater famílias, aplicando as sanções que bem entendesse ao seu grupo. Na fase do reinado, vigorou o caráter sagrado da pena, firmando-se o estágio da vingança pública. No período republicano, perdeu a pena o seu caráter de expiação, pois separaram-se o Estado e o culto, prevalecendo, então, o talião e a composição. Havia, para tanto, a possibilidade de entregar um escravo para padecer a pena no lugar do infrator, desde que houvesse a concordância da vítima – o que não deixava de ser uma forma de composição, como bem lembra PIERANGELI. 7 A Lei das XII Tábuas teve o mérito de igualar os destinatários da pena, configurando autêntico avanço político-social. Durante o Império, a sanção penal tornou-se novamente mais rigorosa, restaurando-se a pena de morte e instituindo-se os trabalhos forçados. Se na República a pena tinha caráter predominantemente preventivo, passou-se a vê-la com o aspecto eminentemente intimidativo. Entretanto, foi também a época de significativos avanços na concepção do direito penal romano, reconhecendo-se a divisão entre o público e o privado, desenvolveu-se a doutrina da imputabilidade, da culpabilidade e de suas excludentes, diferenciaram-se, quanto ao elemento subjetivo do delito, o dolo de ímpeto e o dolo de premeditação, entre outras conquistas.8 Continuavam a existir, no entanto, as penas infamantes, cruéis, de morte, de trabalhos forçados e de banimento.”[footnoteRef:7] [7: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.99] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “O Direito Romano oferece um ciclo jurídico completo, constituindo até hoje a maior fonte originária de inúmeros institutos jurídicos. Roma é tida como síntese da sociedade antiga, representando um elo entre o mundo antigo e o moderno. No período da fundação de Roma (753 a. C.), a pena era utilizada com aquele caráter sacral que já referimos, confundindo-se a figura do Rei e do Sacerdote, que dispunham de poderes ilimitados, numa verdadeira simbiose de Direito e religião. Durante a primitiva organização jurídica da Roma monárquica prevaleceu o Direito consuetudinário, que era rígido e formalista. A Lei das XII Tábuas (séc. Va. C.) foi o primeiro código romano escrito, que resultou da luta entre patrício se plebeus. Essa lei inicia o período dos diplomas legais, impondo – se a necessária limitação à vingança privada, adotando a lei de talião, além de admitira composição 5. Ainda nos primeiros tempos da realeza surge a distinção entre os crimes públicos e privados, punidos pelos lus publicum e lus civil e, respectivamente. Crimes públicos eram a traição ou conspiração política contra o Estado (perduellio) e o assassinato (parricidium), enquanto os demais eram crimes privados — delicta — por constituírem ofensas ao indivíduo, tais como furto, dano, injúria etc. O julgamento dos crimes públicos, que era atribuição do Estado, através do magistrado, era realizado por tribunais especiais, cuja sanção aplicada era a pena de morte. Já o julgamento dos crimes privados era confiado ao próprio particular ofendido, interferindo o Estado somente para regular o seu exercício. Os crimes privados pertenciam ao Direito privado e não passavam de simples fontes de obrigações. Na época do império surge uma nova modalidade de crime, os criminal extraordinária, “fundada nas ordenações imperiais, nas decisões do Senado ou na prática da interpretação jurídica, que resulta na 
aplicação de uma pena individualizada pelo arbítrio judicial à relevância do caso concreto”. O núcleo do Direito Penal Romano clássico surge com o conjunto de leis publicadas ao fim da República (80 a.C.), com as leges Corneliae e Juliae, que criaram uma verdadeira tipologia de crimes, para a sua época, catalogando aqueles comportamentos que deveriam ser considerados criminosos. As leges Corneliae preocuparam-se basicamente com aqueles crimes praticados nas relações interpessoais dos cidadãos — patrimoniais, pessoais etc. —, enquanto as leges Juliae preocuparam-se, fundamentalmente, com os crimes praticados contra o Estado, seja pelos particulares, seja pelos próprios administradores, destacando-se os crimes de corrupção dos juízes, do parlamento, prevaricação, além d e alguns crimes violentos, como sequestro, estupro etc. Duas ou três décadas antes de Cristo desaparece a vingança privada, sendo substituída pela administração estatal, que passa a exercer o ius puniendi, ressalvando o poder conferido ao pater família e, mas agora já com restrições. O fundamento da pena, pode-se afirmar, era essencialmente retributivo, embora, nesse período final, apareça já bastante atenuado, vigindo o princípio da reserva legal, pois as leis Cornelia e Juliae exigiam que os fatos incriminados e as sanções correspondentes estives sempreviamente catalogados 7. A penade morte, que praticamente havia desaparecido, pois, até a era de Adriano (117-138 d.C.), ressurge com grande força, no século II d.C., com o aparecimento dos chamados crimes extraordinários, tais como furto qualificado, estelionato, extorsão, aborto, exposição de infante. A esses crimes pode-se acrescentar os crimes essencialmente religiosos, como blasfêmia, heresia, bruxaria etc. A prisão era conhecida na Antiguidade tão somente como prisão-custódia, como depósito, uma espécie de antessala do suplício, onde os condenados aguardavam para a execução da pena propriamente dita. O Direito repressivo dessa compilação é basicamente o da época clássica, tendo por base as leis de Sila, Césare Augusto. Destacamos algumas das principais características do Direito Penal Romano 9 : a) a afirmação do caráter público e social do Direito Penal; b) o amplo desenvolvimento alcançado pela doutrina da imputabilidade, da culpabilidade e de suas excludentes; c) o elemento subjetivo doloso se encontra claramente diferenciado. O dolo — animus —, que significava a vontade delituosa, que se aplicava a todo campo do direito, tinha, juridicamente, o sentido de astúcia — dolus malus —, reforçada, a maior parte das vezes, pelo adjetivo má, o velho dolus malus, que era enriquecido pelo requisito da consciência da injustiça 10 ; d) a teoria da tentativa, que não teve um desenvolvimento completo, embora se admita que era punida nos chamados crimes extraordinários; e) o reconhecimento, de modo excepcional, das causas de justificação (legítima defesa e estado de necessidade); f) a pena constituiu uma reação pública, correspondendo ao Estado a sua aplicação; g) a distinção entrecrimina publica, delicta privata e a previsão dos delicta extraordinaria; h) aconsideração do concurso de pessoas, diferenciando a autoria e a participação 11 . Finalmente, nesse período, os romanos não realizaram uma sistematização dos institutos de Direito Penal. No entanto, a eles remonta a origem de inúmeros institutos penais que na atualidade continuam a integrara moderna dogmática jurídico-penal. Na verdade, os romanos conheceram o nexo causal, dolo, culpa, caso fortuito, inimputabilidade, menoridade, concurso de pessoas, penas e sua medição. Não procuraram defini-los, trabalhavam-nos casuisticamente, isoladamente, sem se preocupar com a criação, por exemplo, de uma Teoria Geral de Direito Penal.”[footnoteRef:8] [8: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012p.32] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “O Direito Romano pode ser considerado um dos marcos mais importantes da nossa história. Roma foi fundada em 753 a.C. e surgiu de uma pequena comunidade agrícola existente na península itálica no século VIII, tornando-se um dos maiores impérios do mundo antigo. Em virtude de uma proposta levada a efeito por um plebeu chamado Gaius Terentilius, em 462 a.C., que se opunha ao modo pelo qual as leis eram conhecidas e aplicadas, principalmente pelos patrícios, foi designado um decenvirato (um grupo de dez homens), que teve por encargo a preparação de um conjunto de leis que, posteriormente, ficou conhecido como Lei das 
XII Tábuas, que chegou a seu termo e foi promulgada de 451 a 450 a.C. Foi, originalmente, escrita em doze tabletes de madeira, que foram afixados no Fórum Romano, permitindo, assim, que todos as conhecessem e pudessem fazer a sua leitura. Sua temática estava dividida da seguinte forma: Tábuas I e II: Organização e procedimento judicial; Tábua III – Normas contra os inadimplentes; Tábua IV – Pátrio poder; Tábua V – Sucessões e tutela; Tábua VI – Propriedade; Tábua VII – Servidões; Tábua VIII – Dos delitos; Tábua IX – Direito público; Tábua X – Direito sagrado – Tábuas XI e XII – Complementares.”[footnoteRef:9] [9: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. p.50] 
Deste modo compreendemos que o Direito Penal Romano, veio como meio de auxilio para os romanos, pois mesmo tendo exércitos forte mente capacitados para qualquer eventualidade os mesmos acharam necessário, elaborar um avançado sistema jurídico, que mantivesse a ordem, a chamada pax romana, nas mais distantes regiões dominadas por seus governantes. Daí decorre o motivo de serem tão extraordinários no início da história da jurisdicidade, com seus institutos, práticas e entendimentos doutrinários perdurando até hoje. Os romanos não sistematizaram os institutos penais. Cada caso era julgado em sua particularidade. O processo penal teve relevante importância. Se tratando de Direito Penal em específico, o período primitivo de caráter essencialmente religioso, houve uma preocupação de laicizar o sistema repressivo, punindo o infrator com fundamento no interesse individual ou público. As infrações passam a ser divididas em crimes públicos (crimina pública) e privados (delicta privata). Os primeiros constituíam-se em atos atentatórios à segurança interna ou externa do Estado Romano e, por isso, cabia a este exercer a repressão contra o delinqüente. Com o transcorrer dos tempos outros atos passaram à categoria de crimes públicos, como é o caso do homicídio, originariamente sancionado pelos familiares da vítima sob a denominação. As penas eram severas, como de morte ou deportação. Os crimes privados ficavam sujeitos à repressão do ofendido ou de seus familiares e eram julgados pela justiça civil que, na maioria dos casos, impunha às partes a composição. Contribuindo assim decisivamente para evolução do Direito Penal com a criação de princípios penais sobre o erro, a culpa (leve e lata), dolo (bonus e malus), imputabilidade, coação irresistível, agravantes, atenuantes, legítima defesa e estado de necessidade, além do fim de correção da pena.
Direito penal Germânico
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “O direito germânico, de natureza consuetudinária, caracterizou-se pela vingança privada e pela composição, além de conhecerem a vingança de sangue. Sob tal prisma, LUIZ REGIS PRADO demonstra que, “de acordo com a concepção germânica antiga, o direito era entendido como sendo uma ordem de paz – pública ou privada – e o delito significava sua ruptura, perda ou negação – Friedlosigkeit. A reação era feita individualmente ou através do grupo familiar (Sippe), dando lugar à Faida (feithu), em que o agressor era entregue à vítima ou aos seus parentes para que exercessem o direito de vingança. Primitivamente, foi uma verdadeira guerra familiar; a partir do século IX se transformou em direito pessoal”. 9 Além de terem conhecido a pena de talião, por influência romana, adotaram, para a prova do crime, as denominadas ordálias ou juízos de Deus. Eram provas que submetiam os acusados aos mais nefastos testes de culpa: caminhar pelo fogo, ser 994. Colocado em água fervente, submergir num lago com uma pedra amarrada aos pés – e, caso sobrevivessem, seriam considerados inocentes; do contrário, a culpa estaria demonstrada, não sendo preciso dizer o que terminava ocorrendo nessas situações. Havia, também, os duelos judiciários, em que acabava prevalecendo a lei do mais forte.”[footnoteRef:10] [10: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.99] 
Conforme as palavras de “O Direito Germânico primitivo não era composto de leis escritas, caracterizando-se como um Direito consuetudinário. O Direito era concebido como uma ordem de paz e a sua transgressão como ruptura da paz, pública ou privada, segundo a natureza do crime, privado ou público. Areação à perda da paz, por crime público, autorizava que qualquer pessoa pudesse matar o agressor. Quando se tratasse de crime privado, o transgressor era entregue à vítima e seus familiares para que exercessem o direito de vingança, que assumia um autêntico dever de vingança de sangue 12. Essa política criminal germânica, em seus primórdios, representava uma verdadeira guerra familiar, evoluindo para um direito pessoal a partir do século IX, para, finalmente, em1495, como adventoda Paz Territorial Eterna, ser definitivamente banida. Os povos germânicos também conheceram a vingança de sangue, “que somente em etapas mais avançadas, como fortalecimento do poder estatal, foi sendo gradativamente substituída pela composição, voluntária, depois obrigatória” 13. Com a instalação da Monarquia, começa a extinção paulatina da vingança de sangue. A compositor consistia, em geral, no dever de compensar o prejuízo sofrido com uma certa importância em pecúnia, objetivando a supressão da vingança privada, que, em determinados casos, mais que um direito, era um dever da vítima ou de sua Sippe de vingar as ofensas recebidas. (...). A composição representava um misto de ressarcimento e pena: parte destinava-se à vítima ou seus familiares, como indenização pelo crime, e parte era devida ao tribunal ou ao rei, simbolizando o preço da paz. Aos infratores insolventes, isto é, àqueles que não podiam pagar pelos seus crimes, eram aplicadas, em substituição, penas corporais. Só tardiamente o Direito Germânico acabou adotando a pena detalião, por influência do Direito Romano e do Cristianismo. A responsabilidade objetiva também é característica do Direito Germânico. Há uma apreciação meramente objetiva do comportamento humano, onde o que importa é o resultado causado, sem questionar se resultou de dolo ou culpa ou foi produto de caso fortuito, consagrando-se a máxima: o fato julga o homem. Mais tarde, por influência do Direito Romano, começa-se a exigir um vínculo psicológico. Em relação ao aspecto procedimental, adotava-se um Direito ordálico (provas de água fervendo, de ferro em brasaetc.).” [footnoteRef:11] [11: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. p.34] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “O Direito germânico primitivo não possuía fontes escritas, sendo suas normas transmitidas por meio dos costumes. Os problemas penais eram resolvidos pela vingança ou pela perda da paz (friedlosigkeit). O agente infrator era colocado fora da proteção jurídica do grupo a que pertencia, podendo ser perseguido e morto por qualquer pessoa. Por essa razão, segundo Aníbal Bruno, a friedlosigkeit “se torna uma modalidade de pena de morte, a mais velha e persistente das formas de reação anticriminal – também a mais absurda, nas condições do Direito Penal moderno.” 13 O direito aplicado a cada indivíduo variava de acordo com o grupo a que efetivamente pertencia. Aos poucos, o contato com o mundo romano fez com que esse direito consuetudinário fosse sendo modificado, uma vez que Roma prezava suas leis escritas. As ordálias, ou juízos de Deus, foram amplamente utilizadas pelo Direito Penal germânico durante toda a Idade Média, onde eram consideradas uma espécie de prova judiciária utilizada para a determinação da culpa ou mesmo da inocência dos acusados. A palavra “ordália” tem o significado de um julgamento no qual não existe interferência dos homens, pois seu resultado depende exclusivamente de Deus. O acusado, portanto, deveria provar sua inocência se submetendo a diversas provas, a exemplo de segurar, durante determinado tempo, uma pedra incandescente ou colocar suas mãos dentro da água fervente. Se suportasse o sofrimento, significava que era inocente e que Deus o havia absolvido; caso contrário, estaria comprovada sua culpa.”[footnoteRef:12] [12: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 52. ] 
Deste modo compreendemos que o Direito Penal Germânico era visto como uma ordem da paz; desta forma o crime seria a quebra, a ruptura com este estado, composto assim apenas pelo caráter consuetudinário e não por leis escritas. Inicialmente eram utilizadas a vingança e da composição, porém, com a invasão de Roma, o poder Estatal foi consideravelmente aumentado, desaparecendo a vingança, a partir de então, se transforma num sistema de sanções de características acentuadamente patrimoniais, "num minucioso tabelamento de taxas penais, variáveis segundo a gravidade das lesões e também a categoria do ofendido", como trabalha Aníbal Bruno. Surgindo assim, três tipos de penas: a primeira, consistia no pagamento de uma indenização, mas principalmente na submissão do infrator, obrigado a dar o seu trabalho em favor da vítima ou de seu grupo; a segunda, uma verdadeira pena de multa, paga ao ofendido, para se livrar da vingança privada; a terceira, consistente no pagamento ao soberano de uma soma em dinheiro pela violação da paz. Deste modo entendemos que as três tem o caráter pecuniário das penas criminais, que constituíram o sistema repressivo dos povos germânicos. Mesmo assim eles não deixaram de praticar a pena de morte e as demais penas em geral, como as mutilações. A composição, com suas penas patrimoniais bem definidas, constituía-se num Direito Penal de homens livres, da nobreza proprietária das terras. Aos servos se aplicavam as penas corporais mais severas. Não distinguia dolo, culpa e caso fortuito, determinando punição do autor sempre em relação ao dano por ele causado e não de acordo com o aspecto subjetivo do seu ato.
Direito penal Canônico
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “O direito canônico, predominando na Idade Média, perpetuou o caráter sacro da punição, que continuava severa, mas havia, ao menos, o intuito corretivo, visando à regeneração do criminoso. A religião e o poder estavam profundamente ligados nessa época e a heresia implicava crime contra o próprio Estado. “Assim, na Europa medieval o Estado concebeu-se, em termos religiosos, como Estado confessional cristão, e isso gerava uma justificação também religiosa do direito penal. O delito era visto como uma forma de pecado, e a pena era justificada como exigência de justiça, análoga ao castigo divino”.10 Introduziu a pena em claustro nos monastérios, que foi a origem da pena privativa de liberdade dos tempos atuais. Daí veio o termo “penitenciária”, conhecido atualmente.11 Surgiram os manifestos excessos cometidos pela Santa Inquisição, que se valia, inclusive, da tortura para extrair a confissão e punir, exemplarmente, com medidas cruéis e públicas, os pretensos culpados. Inexistia, até então, qualquer proporcionalidade entre a infração cometida e a punição aplicada. Não se pode olvidar o resultado do procedimento inquisitivo, instaurado pela Igreja romana, na Idade Média, que levou à morte milhões de pessoas, cujo elemento central era a obtenção da confissão, a qualquer custo. A chamada “rainha das provas”. Durante a época da Inquisição, morreram de 5.000.000 a 15.000.000 de pessoas em decorrência de sua ação. Os dominicanos foram eleitos inquisidores e, diligentemente, procuravam por suspeitos de heresia, submetendo-os a investigações e torturas (que o Papa Inocêncio IV legalizou, em 1252, e o Papa Alexandre VI, em 1261, abençoou). Em 1484, o Papa Inocêncio VIII instruiu os inquisidores a usar a tortura não apenas para atingir condenações, mas também para dramatizar os horrores do inferno. Tendo em vista que a confissão poderia fazer cessar a tortura, muitas vítimas admitiram a prática de crimes hediondos. 100 5. Não eram incomuns, nessa época, julgamentos após a morte. Num único dia, em 1245, em Montsegur, 200 infiéis foram queimados. Sob a tutela de TORQUEMADA (1483-1498), a repressão da Igreja atingiu proporções terríveis. Ele possuía uma rede de espiões, muitos dos quais juntavam-se a ele apenas por autoproteção. Ainda que a confissão pudesse salvar o acusado da morte, não o salvava do confisco e da prisão. Dados da Inquisição indicam que TORQUEMADA conseguiu mandar para a fogueira cerca de 10.000 pessoas e mais de 100.000 para a prisão.”[footnoteRef:13] [13: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.100.] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “(...) O Cristianismo ingressou na Monarquia franca em496 d.C., coma conversão de Clodovéu, surgindo a repressão penal de crimes religiosos e a jurisdição eclesiástica, protegendoos interesses de dominação 17. O Direito Canônico — ordenamento jurídico da Igreja Católica Apostólica Romana — é formado pelo Corpus Juris Canonici, que resultou do Decretum Gratiani (1140), sucedido pelos decretos dos Pontífices Romanos (séc. XII), de Gregório IX(1234), de Bonifácio VIII (1298) e pelas Clementinas, de Clemente V (1313). O Papa João Paulo II, em25 de janeiro de 1983, promulgou o atual Código de Direito Canônico 18. Primitivamente, o Direito Penal Canônico teve caráter disciplinar. Aos poucos, com a crescente influência da Igreja e consequente enfraquecimento do Estado, o Direito Canônico foi-se estendendo a religiosos e leigos, desde que os fatos tivessem conotação religiosa 19. A jurisdição eclesiástica 
aparecia dividida em: ratione personae e ratione materiae. Pela primeira — em razão da pessoa — o religioso era julgado sempre por um tribunal da Igreja, qualquer que fosse o crime praticado; na segunda — em razão da matéria — a competência eclesiástica era fixada, ainda que o crime fosse cometido por um leigo. A classificação dos delitos era a seguinte: a) delicta eclesiastica — ofendiamo direito divino, eram da competência dos tribunais eclesiásticos, e eram punidos com as poenitentia e; b) delicta mere secularia — lesavam somente a ordem jurídica laica, eram julgados pelos tribunais do Estado e lhes correspondiam as sanções comuns. Eventualmente, sofriam punição eclesiástica comas poenae medicinales; c) delicta mixta — violavamas duas ordens (religiosa e laica) e eram julgados pelo tribunal que primeiro deles tivesse conhecimento. Pela Igreja eram punidos com as poene vindicativae. O Direito Canônico contribuiu consideravelmente para o surgimento da prisão moderna, especialmente no que se refere às primeiras ideias sobre a reforma do delinquente. Precisamente do vocábulo “penitência”, de estreita vinculação como Direito Canônico, surgiram as palavras “penitenciário” e “penitenciária” 21. Essa influência veio completar-se como predomínio que os conceitos teológico-morais tiveram, até o século XVIII, no Direito Penal, já que se considerava que o crime era um pecado contra as leis humanas e divinas. Sobre a influência do Direito Canônico nos princípios que orientaram a prisão moderna 22, afirma-se que as ideias de fraternidade, redenção e caridade da Igreja foram transladadas ao direito punitivo, procurando corrigir e reabilitar o delinquente. Os mais entusiastas manifestam que, nesse sentido, as conquistas alcançadas em plena Idade Média não têm logrado solidificar-se, ainda hoje, de forma definitiva, no direito secular.”[footnoteRef:14] [14: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. ] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “(...) Até 1917, a Igreja Católica era regida por um conjunto disperso de normas, e chegou-se à conclusão de que havia necessidade de condensá-las em um único corpo, compilando aquelas que estavam em vigor. Assim, em 27 de maio de 1917, foi promulgado, pelo papa Bento XV, o Código de Direito Canônico (Codex Iuris Canonici), regulando a organização da Igreja Católica Romana (de rito latino), a hierarquia do seu governo, os direitos e obrigações dos fiéis, bem como o conjunto de sacramentos e sanções que se estabelecem pela contravenção das mesmas normas, o que, na prática, pode ser considerado como a “Constituição” da Igreja Católica. Em 25 de janeiro de 1983, o Papa João Paulo II, substituindo o anterior, promulgou um novo Código de Direito Canônico, que entrou em vigor em 27 de novembro do mesmo ano.”[footnoteRef:15] [15: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 53.] 
Deste modo compreendemos que o Direito Penal Canônico é o ordenamento jurídico da Igreja Católica Apostólica Romana, o mesmo dividia os crimes em delicta eclesiastica (de exclusiva competência dos tribunais eclesiásticos); delicta mere secularia (julgados pelos tribunais leigos) e delicta mixta, os quais atentavam ao mesmo tempo contra a ordem divina e a humana e poderiam ser julgados pelo tribunal que primeiro deles conhecesse. As penas distinguem-se em espirituales (penitências, excomunhão, etc) e temporales, conforme a natureza do bem a que atingem. As penas eram, em princípio, justa retribuição, mas dirigiam-se também ao arrependimento e à emenda do réu. Esse direito deu uma atenção ao aspecto subjetivo do crime, combateu a vingança privada com o direito de asilo e as tréguas de Deus, humanizou as penas, reprimiu o uso das ordálias e introduziu as penas privativas de liberdade (ocorriam nos monastérios em celas) em substituição às patrimoniais. Este Direito por sua vez criou as penitenciarias: que era um local onde o condenado não cometeria crimes, se arrependeria dos seus erros e por fim se redimiria podendo voltar ao convívio social.
Direito penal Humanitário
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “O direito penal comum, vigente nas várias regiões da Europa medieval, girava em torno das bases fornecidas pelo direito penal romano, germânico e canônico, logo, nada a se elogiar, sob o ponto de vista humanístico. Entretanto, os aspectos históricos terminam por evidenciar que os povos precisam sofrer para aprender um novo caminho, visualizar luzes em meio às trevas. Por volta do século XIII, surgiram os glosadores, que comentavam textos de lei em poucas palavras (a glosa). Na sequência, os pós-glosadores, também chamados práticos ou praxistas, pois ofertaram comentários mais sistemáticos às leis.Quanto mais prosperavam os comentários e debates acerca das duríssimas leis vigentes, mais emergiam novas ideias, surgindo o período humanitário do direito penal. (...) Substituem-se as trevas pela época das luzes, justificador do período denominado Iluminismo, cujo ápice se deu na Revolução Francesa. O sistema punitivo nunca mais foi o mesmo após esse século, com as ideias de BECCARIA, MONTESQUIEU, ROUSSEAU, VOLTAIRE, DIDEROT, HOWARD, BENTHAM, entre outros. Tanto é verdade que RADERUCH bem assinala essa evolução, afirmando que “somente quando o direito penal era exercido em nome de leis divinas ou morais podia-se castigar de consciência tranquila. Quando se castiga em nome de necessidades ou conveniências públicas ou sociais, de valorações de múltiplo sentido, mutáveis e discutíveis, a mão primitiva fica trêmula. Em novas anistias cada vez mais frequentes, na abundância dos indultos, sursis e abrandamentos de penas, praticamente na fuga diante da pena mostra-se com clareza cada vez maior que o direito penal perdeu sua consciência tranquila, direito penal perdeu sua consciência tranquila. É também o nascimento da Escola Clássica de direito penal.”[footnoteRef:16] [16: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.101.] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “As características da legislação criminal na Europa em meados do século XVIII — século das luzes — vão justificar a reação de alguns pensadores agrupados em torno de um movimento de ideias que têm por fundamento a razão e a humanidade. As leis em vigor inspiravam-se em ideias e procedimentos de excessiva crueldade, prodigalizando os castigos corporais e a pena capital. O Direito era um instrumento gerador de privilégios, o que permitia aos juízes, dentro do mais desmedido arbítrio, julgar os homens de acordo com a sua condição social. Inclusive os criminalistas mais famosos da época defendiam em suas obras procedimentos e instituições que respondiam à dureza de um rigoroso sistema repressivo. A reforma dessa situação não podia esperar mais. É na segunda metade do século XVIII quando começam a remover-se as velhas concepções arbitrárias: os filósofos, moralistas e juristas dedicam suas obras a censurar abertamente a legislação penal vigente, defendendo as liberdades do indivíduo e enaltecendo os princípios da dignidade do homem. As correntes iluministas e humanitárias, das quais Voltaire, Montesquieu e Rousseau foram fiéis representantes,realizam uma severa crítica dos excessos imperantes na legislação penal, propondo que o fim do estabelecimento das penas não deve consistir em atormentar a um ser sensível. A pena deve ser proporcional ao crime, devendo-se levarem consideração, quando imposta, as circunstâncias pessoais do delinquente, seu grau de malícia e, sobretudo, produzira impressão desereficaz sobre o espírito dos homens, sendo, ao mesmo tempo, a menos cruel para o corpo do delinquente 30. Esse movimento de ideias, definido como Iluminismo, atingiu seu apogeu na Revolução Francesa, com considerável influência em uma série de pessoas comum sentimento comum: a reforma do sistema punitivo. O Iluminismo, aliás, foi uma
 concepção filosófica que se caracterizou por ampliar o domínio da razão a todas as áreas do conhecimento humano. O Iluminismo representou uma tomada de posição cultural e espiritual de parte significativa da sociedade da época, que tinha como objetivo a difusão do uso da razão na orientação do progresso da vida em todos os seus aspectos. Em outros termos, esse movimento, também conhecido como a era da Ilustração, é resultado da concorrência de duas correntes distintas. Não esquecendo o grande destaque que tiveram os filósofos franceses, como Montesquieu, Voltaire, Rousseau, entre outros, que pugnam contra a situação reinante na defesa veemente da liberdade, igualdade e justiça 31, na seara político-criminal, fizeram coro comesse movimento, particularmente, Beccaria, Howard e Bentham, seguidos por Montesinos, Ladirzábale Conceptión Arenal. Façamos uma pequena síntese dos três que julgamos mais expressivos para a seara do Direito Penal.”[footnoteRef:17] [17: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 35. ] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “As modalidades de penas foram variando ao longo dos anos. A privação da liberdade, como pena principal em virtude da prática de um fato criminoso, é relativamente recente. Até basicamente o período iluminista, as penas possuíam caráter aflitivo, ou seja, o corpo do homem pagava pelo mal que ele havia praticado. Os olhos eram arrancados, os membros mutilados, o corpo esticado até se destroncar, sua vida esvaía-se numa cruz, enfim, o mal da infração penal era pago com o sofrimento físico e mental do criminoso. Sobretudo a partir do final do século XVIII, as penas corporais, aflitivas foram sendo substituídas, aos poucos, pela pena de privação de liberdade, que, até aquele momento, com raras exceções (a exemplo do que ocorria com a punição dos monges religiosos em seus monastérios, cuja finalidade era levá-los a refletir sobre a conduta praticada, ou ainda com as casas de correção criadas a partir da segunda metade do século XVI na Inglaterra – houses of correction e bridewells – e na Holanda – rasphuis para os homens e spinhuis para as mulheres), era tida tão somente como uma medida cautelar, ou seja, sua finalidade precípua era fazer com que o condenado aguardasse, preso, a aplicação de sua pena corporal. [...]Com a virada do século XVIII, principalmente após a Revolução Francesa, em 1789, a pena de privação de liberdade começou a ocupar lugar de destaque, em atenção mesmo a um princípio que, embora embrionário, começava a ser discutido, vale dizer, o princípio da dignidade da pessoa humana. Analisando essa mudança de opção punitiva, Foucault dizia que, a partir daquele momento, o sofrimento não mais recairia sobre o corpo do condenado, mas, sim, sobre sua alma. O período iluminista teve importância fundamental no pensamento punitivo, uma vez que, com o apoio na “razão”, o que outrora era praticado despoticamente, agora, necessitava de provas para ser realizado. Não somente o processo penal foi modificado, com a exigência de provas que pudessem conduzir à condenação do acusado, mas, e sobretudo, as penas que poderiam ser impostas. O ser humano passou a ser encarado como tal, e não mais como mero objeto, sobre o qual recaía a fúria do Estado, muitas vezes sem razão ou fundamento suficiente para a punição. Mediante um raciocínio jusnaturalista, passou-se a reconhecer direitos inatos ao ser humano, que não podiam ser alienados ou deixados de lado, a exemplo de sua dignidade, do direito a ser tratado igualmente perante as leis etc. Até mesmo no que dizia respeito à pena de morte, algumas formas de aplicação foram sendo aperfeiçoadas, com a finalidade de trazer o menor sofrimento possível ao condenado, como ocorreu com a utilização da guilhotina, sugerida por Ignace Guillotin, pela primeira vez no dia 25 de abril de 1792, que consistia em fazer com que a morte ocorresse rapidamente por meio de um golpe seco, produzido por uma lâmina afiadíssima e pesada, que pendia sobre a cabeça do executado. As penas, 
que eram extremamente desproporcionais aos fatos praticados, passaram a ser graduadas de acordo com a gravidade do comportamento, exigindo-se, ainda, que a lei que importasse na proibição ou determinação de alguma conduta, além de clara e precisa, para que pudesse ser aplicada, estivesse em vigor antes da sua prática. Era a adoção do exigível princípio da anterioridade da lei.”[footnoteRef:18] [18: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 55.] 
Deste modo compreendemos que o Direito Penal Humanitário se instalou no decorrer do período iluminista, que por sua vez era um movimento pregava a reforma das leis e da administração da justiça penal no fim do século XVIII, significando a auto emancipação do homem da simples autoridade, preconceito convenção e tradição, com insistência no livre pensamento sobre problemas que tais instâncias consideravam incriticáveis. Com a ajuda de grandes filósofos da história do planeta este movimento vai tendo cada vez mais ênfase, moldando assim a cabeça de várias pessoas da sociedade, tais mudanças de pensamento produziram resultados para o desenvolvimento de uma ampla mudança legislativa. 
Escolas penais
Conforme as palavras de Rogério Greco: “(...) são teorias absolutas todas aquelas doutrinas que concebem a pena como um fim em si mesma, ou seja, como “castigo”, “reação”, “reparação” ou, ainda, “retribuição” do crime, justificada por seu intrínseco valor axiológico, vale dizer, não um meio, tampouco um custo, mas, sim, um dever ser meta jurídico que possui em si seu próprio fundamento. São, ao contrário, “relativas” todas as doutrinas utilitaristas que consideram e justificam a pena enquanto um meio para a realização do fim utilitário da prevenção de futuros delitos. As teorias absolutas, com os olhos voltados para o passado, ou seja, simplesmente para a infração penal praticada pelo agente, advogam a tese da retribuição, sendo que as teorias relativas, com suas lentes voltadas para o futuro, buscando evitar que outras infrações penais sejam cometidas, apregoam a prevenção. Na reprovação, conforme preconiza a teoria absoluta, reside o caráter retributivo da pena. A punição se justifica pelo fato de ter o agente cometido uma infração penal. Ao mal do crime, retribui-se com o mal da pena. Emanuel Kant foi o grande expoente da teoria absoluta. Para ele, a pena é imperativo categórico e deve ser aplicada porque a exigem a razão e a justiça. Ao lado de Kant, Hegel foi outro grande defensor da teoria absoluta da pena. (...) A sociedade em geral se satisfaz e, na verdade, busca tão somente fazer com que a pena tenha essa finalidade retributiva, pois tende a fazer com ela uma espécie de “pagamento” ou compensação ao condenado que praticou a infração penal, desde que, obviamente, a pena seja, pelo menos, privativa de liberdade. Se ao condenado for aplicada uma pena restritiva de direitos ou mesmo a de multa, a sensação, para a sociedade, é de impunidade, uma vez que o homem, infelizmente, ainda se regozija com o sofrimento causado pelo aprisionamento do infrator. (...) A concepção retributiva da pena parte do pressuposto de que o homem é livre, que possui o direito e a faculdade de escolher entre o bem eo mal. Se opta por praticar o mal, deve receber a sanção previamente determinada pelo Estado. Sua preocupação não está na prevenção de futuros atos semelhantes praticados pelo próprio agente, ou mesmo por outras pessoas. Por isso, a teoria retributiva é conhecida, também, como uma teoria absoluta, já que a pena é um fim em si mesma. É importante frisar que essa concepção retributiva, principalmente no pensamento de Kant, surgiu em um Estado Liberal, onde se pressupunha que todos eram iguais perante a lei. No entanto, esse conceito de igualdade formal não é suficiente. Que igualdade poderia haver entre um homem que foi criado em meio à pobreza absoluta e outro, em “berço de ouro”? A maioria esmagadora dos delinquentes, selecionada pelo Direito Penal, é oriunda das classes sociais mais baixas e desfavorecidas. Embora seja criticável esse raciocínio de Justiça proposto pela teoria retributiva, seu surgimento, no século XVIII, teve como fundamento limitar o arbítrio no que dizia respeito à aplicação das penas. Se a pena era uma compensação, uma retribuição do mal praticado pelo agente, essa retribuição, obrigatoriamente, devia ser proporcional ao mal praticado. Assim, a retribuição não permite que se castigue além da gravidade do fato cometido. A teoria relativa, a seu turno, sob o enfoque utilitarista, fundamenta-se no critério da prevenção, que se biparte em: 
a) prevenção geral – negativa e positiva; 
b) prevenção especial – negativa e positiva.
A teoria de prevenção geral foi desenvolvida de forma mais eficaz por Paul Johann Anselm von Feuerbach, 45 tendo sido extraída de uma teoria por ele formulada, denominada “teoria psicológica da coação. Além de Feuerbach, outros nomes de vulto que atuaram na defesa das teorias utilitárias da pena foram o filósofo e jurista inglês Jeremy Benthan (1748 – 1832) e o também jurista e filósofo italiano Gian Domenico Romagnosi (1761 – 1835). A prevenção geral pode ser analisada sob dois enfoques. Por meio da prevenção geral negativa, conhecida também por prevenção por intimidação, a pena aplicada ao autor da infração penal tende a refletir-se na sociedade, evitando, assim, que as demais pessoas, que se encontram com os olhos voltados para a condenação de um de seus pares, reflitam antes de praticar qualquer infração penal. Segundo Hassemer, 48 com a prevenção por intimidação, existe a esperança de que os concidadãos com inclinações para a prática de crimes possam ser persuadidos, por meio da resposta sancionatória à violação do direito alheio, previamente anunciada, a comportarem-se em conformidade com o Direito; esperança, enfim, de que o Direito Penal ofereça sua contribuição para o aprimoramento da sociedade. Por meio dessa vertente da prevenção geral, tida como negativa, a sociedade é advertida a respeito do Direito Penal tanto mediante ameaça da pena, em abstrato, contida na lei, como também na oportunidade em que essa mesma lei é aplicada, gerando a condenação de um de seus pares. Nesta última hipótese, o agente, na verdade, serve de exemplo 49 aos demais, fazendo com que sua condenação reflita em seu meio social, levando à compreensão de todos aqueles que o cercam, ou que, pelo menos, tiveram conhecimento da sua condenação, as consequências pela prática de determinada infração penal. Segundo Nilo Batista, Zaffaroni, Alagia e Slokar, a lógica da dissuasão intimidatória propõe a clara utilização de uma pessoa como recurso ou instrumento empregado pelo Estado para seus próprios fins: a pessoa humana desaparece, reduzida a um meio a serviço dos fins estatais. Por outro lado, com enfoque distinto dos anteriores, existe a finalidade preventiva especial da pena, que pode também ser concebida em seus dois sentidos: positiva e negativa. Por intermédio da prevenção especial negativa, busca-se levar a efeito a neutralização daquele que praticou a infração penal, neutralização que ocorre com sua segregação no cárcere, retirando o agente momentaneamente do convívio social, impedindo-o de praticar novas infrações penais, pelo menos na sociedade da qual foi retirado. A neutralização do agente, como se percebe, somente ocorre quando a ele for aplicada pena privativa de liberdade. De acordo com o raciocínio da prevenção especial positiva, segundo Roxin, “a missão da pena consiste unicamente em fazer com que o autor desista de cometer futuros delitos”, 52 e, acrescenta, ressocializando-o. No escólio de Cezar Roberto Bitencourt, “a prevenção especial não busca a intimidação do grupo social nem a retribuição do fato praticado, visando apenas àquele indivíduo que já delinquiu para fazer com que não volte a transgredir as normas jurídico-penais.” 53 Do embate entre as duas teorias – retributivas e preventivas –, surgiu uma terceira, como não poderia deixar de ser, chamada de mista ou unificadora da pena, tal como ocorre com a teoria adotada pelo art. 59 do Código Penal, que funde as necessidades retributiva e preventiva da pena.” [footnoteRef:19] [19: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 70.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “A pena aplicada aos criminosos da época antiga e medieval consistia em sofrimentos atrozes, infamantes e aterrorizantes. Não havia proporção entre delito e pena. Muitos processos eram conduzidos sob o instrumento da tortura, para que despertasse a confissão do réu. Enfim, por mais que se evoluísse, o direito penal girava em torno da vingança privada, da composição e da vingança pública.”[footnoteRef:20] [20: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.104.] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “(...) Não houve, contudo, um processo linear de evolução do pensamento sistemático, porque também está vinculado às vicissitudes políticas, sociais, culturais e econômicas das sociedades, desde o advento do Iluminismo até nossos dias. Realizaremos, contudo, a exposição somente das mais importantes etapas da evolução epistemológica do Direito Penal. Por questões didáticas, começaremos, neste Capítulo, como estudo das escolas penais que antecederam o que conhecemos como moderna dogmática penal para, no Capítulo seguinte, aprofundarmos o estudo de seu desenvolvimento e consolidação, (...) Com efeito, no século XIX surgiram inúmeras correntes de pensamento estruturadas de forma sistemática, segundo determinados princípios fundamentais. A principal característica desse período é o repúdio do caráter científico das valorações jurídicas do delito e a consequente substituição destas pelo método da sociologia, da antropologia, biologia etc., como consequente desenvolvimento da Criminologia como ciência autônoma dedicada ao estudo do delito. A visão criminológica do fenômeno delitivo não foi, contudo, compartilhada por todos os pensadores do Direito Penal dessa época. Como destaca Muñoz Conde, em reação ao positivismo científico, surgiu o positivismo jurídico, reivindicando o estudo do delito sob o ponto de vista exclusivamente jurídico. O positivismo jurídico foi, portanto, o resultado dessa nova mentalidade no âmbito da doutrina jurídica: encontrou no dado real do direito positivo o material empírico suscetível de observação científica e adotou perante ele um método descritivo e classificatório assemelhado, em parte, ao utilizado pelas ciências naturais. O positivismo, enquanto cientificismo, convenceu-se de que a certeza que dominava as ciências físico-experimentais — método positivo — absorveria e resolveria todas as questões que a sociedade apresentasse, cabendo à ciência a função de reorganizar a sociedade ordenadamente. Nessa linha de entendimento, a missão da nascente dogmática penal consistia na exegese e sistematização do Direito positivo por meio do método indutivo: “trata-se de deduzir da leia solução aplicável ao caso mediante a ‘construção jurídica’, isto é, através da abstração progressiva dos conceitos específicos aos mais gerais” 9. Existia, nesse sentido, um ponto de encontro entre as diferentescorrentes positivistas: o método indutivo, causal explicativo, aplicado para a elaboração de conceitos.”[footnoteRef:21] [21: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 40.] 
Deste modo compreendemos que as Escolas Penais são chamadas assim por terem diversas correntes filosófico-jurídicos em matéria penal que surgiram nos Tempos Modernos. Todas trabalhavam como corpos de doutrinas sobre os problemas em relação com o fenômeno do crime e sobre os fundamentos e objetos do sistema penal, parafraseando Aníbal Bruno. As Escolas Penais no que lhe diz respeito apesar de terem base de pensamentos parecidos se distinguiram umas das outras conforme a tempo, as mesmas lidaram com problemas que abordam o fenômeno do crime, os fundamentos e objetivos do sistema penal de forma completamente diversificada. 
Escola Clássica 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Não houve, realmente, uma escola “Clássica.” Tal denominação lhe foi dada pelos positivistas, com uma conotação nitidamente pejorativa, no sentido de antiga, anterior, ultrapassada. As ideias postuladas pela Escola Clássica ainda podem ser consideradas como o fundamento dos modernos sistemas jurídico-penais aplicados em todo o mundo.”[footnoteRef:22] [22: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 71. ] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “Não houve uma Escola Clássica propriamente, entendida como um corpo de doutrina comum, relativamente ao direito de punir e aos problemas fundamentais apresentados pelo crime e pela sanção penal. Com efeito, é praticamente impossível reunir os diversos juristas, representantes dessa corrente, que pudessem apresentar um conteúdo homogêneo. Na verdade, a denominação Escola Clássica não surgiu, como era de esperar, da identificação de uma linha de pensamento com um entre os adeptos do positivismo jurídico, mas foi dada, com conotação pejorativa, por aqueles positivistas que negaram o caráter científico das valorações jurídicas do delito. Os postulados consagrados pelo Iluminismo, que, de certa forma, foram sintetizados no célebre opúsculo de Cesar e de Beccaria, Dos Delitos e das Penas (1764), serviram de fundamento básico para a nova doutrina, que representou a humanização das Ciências Penais. A crueldade que comandava as sanções criminais em meados do século XVIII exigia uma verdadeira revolução no sistema punitivo então reinante.”[footnoteRef:23] [23: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 40.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “A pena aplicada aos criminosos da época antiga e medieval consistia em sofrimentos atrozes, infamantes e aterrorizantes. Não havia proporção entre delito e pena. Muitos processos eram conduzidos sob o instrumento da tortura, para que despertasse a confissão do réu. Enfim, por mais que se evoluísse, o direito penal girava em torno da vingança privada, da composição e da vingança pública.”[footnoteRef:24] [24: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.106.] 
Origem
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “Modernamente, os anseios reformistas e ressocializadores questionam a racionalidade desse contrato e a legitimidade da resposta estritamente punitiva. Na verdade, apesar da evolução liberal da Escola Clássica, a teoria do Contrato Social representou um marco ideológico adequado para a proteção da burguesia nascente, insistindo, acima de tudo, em recompensar a atividade proveitosa e castigar a prejudicial. Carrara é quem simboliza a expressão definitiva da Escola Clássica, eternizando sua identificação como a “Escola Clássica de Carrara”[footnoteRef:25] 	 [25: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 41.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Os pensadores do século XVIII provocaram imensa modificação no cenário penal da época. Em particular, com a publicação da obra Dos delitos e das penas, de CESARE BONESANA, MARQUES DE BECCARIA, em 1764, nasceu a corrente de pensamento denominada escola clássica.”[footnoteRef:26] [26: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.104.] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Com o surgimento da Escola Clássica, no século XVIII, e principalmente por intermédio da obra de Beccaria (1764 – dos delitos e das penas) e de Bentham (1789 – Introdução aos princípios da moral e da legislação), (...).”[footnoteRef:27] [27: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. p.71] 
Princípios fundamentais
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “(...) o princípio da proporcionalidade da pena à infração praticada, dando relevo ao dano que o crime havia causado à sociedade. O caráter humanitário presente em sua obra foi um marco para o direito penal, até porque se contrapôs ao arbítrio e à prepotência dos juízes, sustentando que somente leis poderiam fixar penas (...)”[footnoteRef:28] [28: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.104.] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “(...) a exemplo dos princípios da necessidade e da suficiência da pena, proporcionalidade, utilidade, prevenção geral e especial, in dubio pro reo, publicidade dos julgamentos, presunção de inocência, culpabilidade, dentre outros, sem falar, talvez, na maior conquista da história da humanidade, que é o princípio da dignidade da pessoa humana, fazendo com que a pena deixasse de ser aflitiva, tendo o corpo do criminoso como seu objeto principal, evoluindo para a privação da liberdade como pena principal.(...) ”[footnoteRef:29] [29: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. p.79.] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “(...) enunciava os princípios fundamentais de sua escola, como sendo, em síntese, os seguintes: 1) crime é um ente jurídico — buscando encontrar uma fórmula para sintetizar o seu pensamento, afirmou que o crime não é um ente de fato, é um ente jurídico; não é uma ação, é uma infração. É “um ente jurídico, porque sua essência deve consistir necessariamente na violação de um direito. Mas o direito é congênito ao homem, porque foi dado por Deus à humanidade desde a sua criação, para que aquela pudesse cumprir seus deveres na vida terrena”; 2) livre-arbítrio como fundamento da punibilidade. A responsabilidade penal somente é admissível quando estiver embasada no livre-arbítrio, na culpa moral do cidadão. É indispensável a presença de uma vontade livre e consciente orientando a realização da conduta; 3) a pena como meio de tutela jurídica e retribuição da culpa moral. O primeiro objetivo da pena é a restauração da ordem externa da sociedade, que foi violada pelo crime, produto de uma vontade e livre e consciente. E, como o crime tem sua essência na violação do direito, a sua repressão também, surgindo do direito, deverá ter como razão fundamental a tutela jurídica ou defesa do direito; 4) princípio da reserva legal. Como a função da lei é tutelar bens jurídicos selecionados pelas sociedade, quem infringe a tutela social infringirá, claro, também a lei. Mas uma ação converte-se em crime somente quando se choca com uma lei.”[footnoteRef:30] [30: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012 . p 41. ] 
Função histórica
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Entre a escolha de cometer ou não um delito, a pena deveria ser utilizada como fator de dissuasão nessa escolha, ou seja, na comparação entre o mal da pena e o benefício a ser alcançado pela prática da infração penal, aquele teria de ser um fator desestimulante ao agente. Por meio de uma espécie de balança, o agente colocaria em seu prato asvantagens da infração penal e as desvantagens da pena que a ele seria aplicada, e nessa compensação a pena deveria desestimulá-lo, pois que superior às vantagens obtidas por meio do delito. (...) No entanto, coincidiam no fundamental: na existência de um sistema de normas jurídicas anterior e superior ao Estado, contestando, dessa forma, a legitimidade da tirania estatal. Propugnavam pela restauração da dignidade humana e o direito do cidadão perante o Estado, fundamentando ambas, dessa forma, o individualismo, (...) a igualdade absoluta entre todos os homens. Sob essa perspectiva se questionava a imposição da pena, o salcances do livre-arbítrio, ou o problema das relações de dominação que podia refletir uma determinada estrutura jurídica “(...) deveria servir a uma função preventiva, tanto geral quanto especial. Beccaria já dizia que “o fim da pena, pois, é apenas o de impedir que o réu cause novos danos aos seus concidadãos e demover os outros de agir desse modo.”[footnoteRef:31] [31: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 80.] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “(...) serviram de fundamento básico para a nova doutrina, que representou a humanização das Ciências Penais. A crueldade que comandava as sanções criminais em meados do século XVIII exigia uma verdadeira revolução no sistema punitivo então reinante.”[footnoteRef:32] [32: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 40. ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “A escola clássica consagrou o livre-arbítrio do ser humano para o cometimento do crime; pregou a proporcionalidade entre delito e punição; afastou-se da pena de morte e outras penas cruéis.”[footnoteRef:33] [33: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 107. ] 
Principais representantes
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Carrara, depois de afirmar, no § 604 do programa do curso de direito criminal, que existe uma lei eterna, absoluta, constituída pelo complexo dos preceitos diretivos da conduta externa do homem, revelada por Deus à humanidade, por meio da simples razão, sob o enfoque éticojurídico, deixando transparecer seu caráter retributivo, nos §§ 622 e 623 da obra citada, diz que a pena (...) Com o surgimento da Escola Clássica, no século XVIII, e principalmente por intermédio da obra de Beccaria”[footnoteRef:34] [34: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 79.] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “Cesare de Beccaria Cesar Bonessana, Marquês de Beccaria (Milão, 1738-1794), publica em 1764 seu famoso Dei Delitti e delle Pene, inspirado, basicamente, nas ideias defendidas por Montesquieu, Rousseau, Voltaire e Locke. Os postulados formulados por Beccaria marcamo início definitivo do Direito Penal moderno, da Escola Clássica de Criminologia, bem como o da Escola Clássica de Direito Penal. Alguns autores, inclusive, chegam a considerar Beccaria como um antecedente, mediato, dos delineamentos da Defesa Social, especialmente por sua recomendação Escola Positiva (...)”[footnoteRef:35] [35: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 40. ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci : “A escola clássica encontrou seu grande representante e consolidador em CARRARA, que se manifestou contrário à pena de morte e às penas cruéis, afirmando que o crime seria fruto do livre-arbítrio do ser humano, devendo haver proporcionalidade entre o delito e a sanção aplicada. (...)Nos dois, como explica CEZAR ROEERTO BITENCOURT, havia a proibição de contato durante a noite, pois estavam separados em celas individuais. Ambos adotaram, basicamente, a visão punitiva e retributiva da pena. (...) Aprimorado na Irlanda por Walter Crofton, o sistema passou (...).”[footnoteRef:36] [36: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 105.] 
Deste modo compreendemos que a Escola Clássica de Direito Penal nasceu sob os ideais iluministas. A mesma ensinava que a pena era um mal imposto ao indivíduo merecedor de um castigo por motivo de uma falta que considerava crime, cometida voluntária e conscientemente pelo mesmo, afirmavam assim que a pena é o restabelecimento da ordem externa na sociedade. Sendo uma escola importantíssima para a evolução do direito penal na medida em que defendia o individuo contra o arbítrio do Estado. Dividida posteriormente em dois grandes períodos o filosófico / teórico e o jurídico. 
Escola Positiva 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt : “Durante o predomínio do pensamento positivista no campo da filosofia, no fim do século XIX, surge a Escola Positiva, coincidindo com o nascimento dos estudos biológicos e sociológicos. A Escola Positiva surgiu no contexto de uma celerado desenvolvimento das ciências sociais (Antropologia, Psiquiatria, Psicologia, Sociologia, Estatística etc.). Esse fato determinou de forma significativa uma nova orientação nos estudos criminológicos. Ao abstrato individualismo da Escola Clássica, (...).”[footnoteRef:37] [37: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 42.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “A escola positiva deslocou o estudo do direito penal para o campo da investigação científica, proporcionando o surgimento da antropologia criminal, da psicologia criminal e da sociologia criminal. FERRI e GAROFALO foram discípulos de LOMEROSO e grandes expoentes da escola positiva, sobretudo o primeiro.”[footnoteRef:38] [38: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 110.] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Cesar e Lombroso nasceu em Verona, na Itália, em 6 de novembro de 1835. Formou-se em medicina na Universidade de Pavia, em 1858. Em 1876 escreveu uma de suas obras mais importantes, que o deixaram conhecido no cenário mundial: L’uomo deliquente (O homem delinquente). Foi professor de Medicina Legal da Universidade de Turim e é considerado o pai da criminologia moderna. Foi o introdutor do positivismo, método cientíFico utilizado nas ciências naturais, a exemplo da Física, da Botânica, da Medicina ou da Biologia. Embora a Antropologia Criminal tivesse alguns precursores diretos e imediatos, a exemplo de Nicolson, Thomson e Musdsley, foi com os trabalhos de Lombroso que ela ganhou ares de ciência. De acordo com as precisas lições de Moniz Sodré:”[footnoteRef:39] [39: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 79. ] 
Origem
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt : “(...) no fim do século XIX, surge a Escola Positiva, coincidindo com o nascimento dos estudos biológicos e sociológicos. A Escola Positiva surgiu no contexto de uma celerado desenvolvimento das ciências sociais (Antropologia, Psiquiatria, Psicologia, Sociologia, Estatística etc.). Esse fato determinou de forma significativa uma nova orientação nos estudos criminológicos.”[footnoteRef:40] [40: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 42.] 
Conforme as palavras de Rogério Greco : “Cesare Lombroso nasceu em Verona, na Itália, em 6 de novembro de 1835. Formou-se em medicina na Universidade de Pavia, em 1858. Em 1876 escreveu uma de suas obras mais importantes, que o deixaram conhecido no cenário mundial: L’uomo deliquente (O homem delinquente). Foi professor de Medicina Legal da Universidade de Turim e é considerado o pai da criminologia moderna. Foi o introdutor do positivismo, método científico utilizado nas ciências naturais, a exemplo da Física, da Botânica, da Medicina ou da Biologia. 
Embora a Antropologia Criminal tivesse alguns precursores diretose imediatos, a exemplo de Nicolson, Thomson e Musdsley, foi com os trabalhos de Lombroso que ela ganhou ares de ciência.”[footnoteRef:41] [41: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus, 2017. P 82.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Com a publicação do livro O homem delinquente (1876), de CESARE LOMEROSO, cravou-se o marco da linha de pensamento denominada escola positiva. LOMEROSO sustentou que o ser humano poderia ser um criminoso nato, submetido a características próprias, originárias de suas anomalias físico--psíquicas. Dessa forma, o homem nasceria delinquente, ou seja, portador de caracteres impeditivos de sua adaptação social, trazendo como consequência o crime, algo naturalmente esperado. Não haveria livre-arbítrio, mas simples atavismo.”[footnoteRef:42] [42: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 110.] 
Princípios fundamentais
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “Apena perde seu tradicional caráter vindicativo-retributivo, reduzindo-se a um provimento utilitarista; seus fundamentos não são a natureza e a gravidade do crime, mas a personalidade do réu, sua capacidade de adaptação e especialmente sua perigosidade. (...) O fundamento do direito de punir assume uma posição secundária, e o problema da responsabilidade perde importância, sendo indiferente a liberdade de ação e de decisão no cometimento do fato punível. Admitindo o delito e o delinquente como patologias sociais, dispensava a necessidade de a responsabilidade penalfundar-se em conceitos morais. Apena perde seu tradicionalcarátervindicativo-retributivo, reduzindo-se a um provimento utilitarista; seus fundamentos não são a naturezaea gravidade do crime, masa personalidade do réu, sua capacidade de adaptação e especialmente sua perigosidade. ”[footnoteRef:43] [43: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 42. ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Não há dúvida de que a escola positiva exerceu forte influência sobre o campo da individualização da pena, princípio que rege o direito penal até hoje, levando em consideração, por exemplo, a personalidade e a conduta social do delinquente para o estabelecimento da justa sanção. (...) Nas suas próprias palavras, GAROFALO afirma que a prisão por tempo preestabelecido somente deve ser aplicada excepcionalmente no seu sistema. No mais, “seguindo o princípio da reação racional contra o crime, mostramos quais os delinquentes a quem cabe a eliminação, aqueles para quem ela deve ser absoluta, pela pena de morte, aqueles para quem ela pode ser limitada e relativa, pela deportação com abandono, relegação perpétua e relegação indeterminada. Mostramos em que casos basta o pagamento da multa ao Estado e de indenização, larga e superior ao dano, à parte ofendida, podendo obter-se do réu, espontaneamente ou pela imposição de trabalhos forçados.”[footnoteRef:44] [44: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 112. ] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Podemos concluir com Heleno Fragoso que os princípios básicos da Escola Positiva são os seguintes: “(a) o crime é fenômeno natural e social, estando sujeito às influências do meio e aos múltiplos fatores que atuam sobre o comportamento. Exige, portanto, o método experimental ou o método positivo para explicação de suas causas; (b) a responsabilidade penal é responsabilidade social (resultado do simples fato de viver o homem em sociedade), tendo por base a periculosidade do agente; (c) a pena é exclusivamente medida de defesa social, visando à recuperação do criminoso ou à sua neutralização, nos casos irrecuperáveis; (d) o criminoso é sempre psicologicamente um anormal, de forma temporária ou permanente, apresentando também muitas vezes defeitos físicos; e (e) os criminosos podem ser classificados em tipos (ocasionais, habituais, natos, passionais e enfermos da mente).”[footnoteRef:45] [45: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus, 2017. P 85. ] 
Função histórica
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “Escola Positiva opôs a necessidade de defender mais enfaticamente o corpo social contra a ação do delinquente, priorizando os interesses sociais em relação aos individuais.”[footnoteRef:46] [46: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 42. ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Defendeu ENRICO FERRI, considerado uma das principais figuras da sociologia jurídica, que o ser humano seria responsável pelos danos causados simplesmente porque vivia em sociedade. Negou terminantemente o livre-arbítrio, legitimado pela escola clássica. Assim, o fundamento da punição era a defesa social. A finalidade da pena consubstanciava-se, primordialmente, na prevenção a novos crimes. Como ensina ANTONIO MONIZ SODRÉ DE ARAGÃO, “a escola antropológica baseia se no método positivo. A observação rigorosa e exata dos fatos é a fonte única e o fundamento racional das suas conclusões indutivas. O assunto primordial dos seus estudos é a pessoa real e viva do delinquente, e não a figura abstrata e jurídica do crime. Este é estudado, em sua origem e seus efeitos, também como um fenômeno natural e social, essencialmente complexo. Na investigação das suas causas, era indispensável fazer-se a história natural do criminoso, de cuja natureza ele é dependente; observá-lo nos laboratórios, sujeitá-lo a dissecações anatômicas, a experiências fisiológicas e a um exame completo da sua personalidade psíquica”. Não aceita o livre-arbítrio e nega a responsabilidade moral dos indivíduos.”[footnoteRef:47] [47: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 111. ] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “(...) foi com os trabalhos de Lombroso que ela ganhou ares de ciência. De acordo com as precisas lições de Moniz Sodré: A antropologia criminal é a história natural do homem criminoso, como Quatrefages considerava a zoologia ‘a história natural dos animais’, e a antropologia geral a ‘história natural dos homens’. A antropologia geral é, na definição de Topinard, ‘o ramo da história natural que trata do homem e das raças humanas.”[footnoteRef:48] [48: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 83. ] 
Principais representantes
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “A Escola Positiva apresenta três fases, distintas, predominando em cada uma determinado aspecto, tendo também um expoente máximo. São elas: a) fase antropológica: Cesare Lombroso (L’Uomo Delinquente); b) fase sociológica: Enrico Ferri (Sociologia Criminale); e c) fase jurídica: Rafael Garofalo (Criminologia).”[footnoteRef:49] [49: BITENCOURT, Cesar Roberto - Tratado de Direito Penal – Parte Geral 1ed.17º. vol.1 São Paulo: Saraiva, 2012. P 42.] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci : “(...) livro O homem delinquente (1876), de CESARE LOMEROSO, cravou-se o marco da linha de pensamento denominada escola positiva. LOMEROSO sustentou que o ser humano.”[footnoteRef:50] [50: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal - Parte Geral. ed. Vol.1 Rio de Janeiro: Forense, 2017. P 110.] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Cesare Lombroso nasceu em Verona, na Itália, em 6 de novembro de 1835. Formou-se em medicina na Universidade de Pavia, em 1858. Em 1876 escreveu uma de suas obras mais importantes, que o deixaram conhecido no cenário mundial: L’uomo deliquente (O homem delinquente).”[footnoteRef:51] [51: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal - Parte Geral. 19ºed. Vol.1. Niterói: Impetus,2017. P 80. ] 
Deste modo compreendemos que a Escola Positivista surgiu no contexto desenvolvimento das ciências sociais (Antropologia, Psiquiatria, Psicologia,

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