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Radharani Bertazzo- ROTEIRO 09

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Prévia do material em texto

NOME DO ALUNO
	CAMILA FRAGOZZO E RADHARANI BERTAZZO DA SILVA. 
	26/06/2020
	ESTUDO DIRIGIDO
	DIREITO PENAL 1
	TEORIA GERAL DO DELITO
DO FATO PUNÍVEL
	DIRETRIZES PARA CONFECÇÃO E FORMATAÇÃO DO TRABALHO:
1. Preencha os tópicos abaixo, (a) utilizando ao menos TRÊS autores diferentes; (b) fazendo as devidas citações dos autores utilizados, em notas de rodapé, a cada ponto; (c) escrevendo, por fim, um parágrafo, com suas próprias palavras sobre cada tópico; e, (d) referindo exemplos esclarecedores (se tirados dos autores, deve haver a competente nota de rodapé.
2. Ao final, CRIE UMA questão objetiva, que abranja todo o conteúdo do presente estudo, e UMA questão objetiva sobre cada conteúdo específico, destacando-as com a resposta correta. O critério para avaliação deste item será a ORIGINALIDADE (e o não envolvimento do nome do Professor.).
3. Coloque os nomes da dupla, mantendo o destaque em amarelo, e obedecendo a ordem alfabética. Ambos devem postar o seu trabalho. Não serão aceitos trabalhos em trincas ou grupos. As mesmas regras valem para os trabalhos individuais.
4. Ao final, cole ao menos uma jurisprudência sobre cada o tema tratado, explicando, na sequência os motivos que o levaram a escolher o julgado e sua relação com a matéria em estudo. Atentem à formatação exigida para a colagem da jurisprudência.
5. O trabalho deverá ser entregue em formato PDF, com o corpo do texto em fonte Calibri, tamanho 12, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e recuo de 1,25cm na primeira linha. As notas de rodapé em fonte Calibri, tamanho 9, em parágrafos com o alinhamento justificado, 6 pontos “antes” e 0 pontos “depois”, e Hanging de 0,5cm. O documento deverá ter margem direita em 1,5cm e as demais em 2,0cm. O nome do arquivo deverá ser: NOME.SOBRENOME – Roteiro 09.pdf
6. Além disto, o documento deve conter as referências completas dos autores utilizados, nos moldes descritos no item Bibliografia. Atenção: Segue um modelo de como fazer a correta referência bibliográfica. As informações entre colchetes “[]” não devem constar da versão final, por óbvio. DE TAL, Fulano. Nome do livro. [número da edição] 2.ed. Vol. X [se houver] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. In: TRANO, BEL. (Org.) Nome do livro em que está o artigo consultado. 2.ed. [número da edição] Cidade: Editora, ano. XXp. [número total de páginas]. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome da Revista. Cidade da Publicação, ano [de vida da revista] XX, n. XX, p. XX-XX [página inicial-página final], mês.-mês., [jan.-fev.,] ano de publicação. DE TAL, Fulano. Nome do artigo. Nome do Sítio Virtual. Disponível em <http://www.copie o endereço url>, acesso em XX-XX-XXX [data o acesso]. Por fim, nas notas de rodapé, por fim, deve haver a indicação da página que consta o texto referido; nas referências bibliográficas, o total de páginas do livro.
7. A única citação direta permitida é a da(s) ementa(s) dos acórdãos, que devem ter a seguinte formatação: a fonte deve ser Calibri, tamanho 10, o parágrafo justificado com recuo à direita de 3,5cm, e 18 pontos “antes” e “depois”. (Coloque na sequência da ementa e entre parênteses, os dados fundamentais, como no modelo que segue: [Nome do Tribunal destacado em negrito] TJRS. [Nome do Recurso] HCnº 123234. [Indicação do Desembargador Relator] Rel. Des. Fulano de Tal. [Indicação do órgão julgador] Primeira Câmara Criminal. [Data do julgamento] Julgado em XX-XX-XXXX. [Indicação da veiculação da publicação do acórdão] DJ de XX-XX-XXXX, p. XXX. Disponível em (endereço simplificado – www. tjrs.gov.br). Acesso em XX-XX-XXXX).
8. Não esqueçam que CADA PONTO DEVE SER SUCEDIDO POR UMA NOTA DE NOTA DE RODAPÉ COM A REFERÊNCIA COMPLETA DA OBRA UTILIZADA E A PÁGINA CORRESPONDENTE À IDEIA TRABALHADA, NAS DEVIDAS NORMAS DA ABNT (sugeridas para a bibliografia nos moldes do item 6).
9. Bom trabalho!!
1 CONCEITOS DE CRIME
Conforme as palavras de Francisco de Assis Toledo: “O crime, além de fenômeno social, é um episódio da vida de uma pessoa humana. Não pode ser dela destacado e isolado. Não pode ser reproduzido em laboratório, para estudo. Não pode ser decomposto em partes distintas. Nem se apresenta, no mundo da realidade, como puro conceito, de modo sempre idêntico, estereotipado. Cada crime tem a sua história, a sua individualidade; não há dóis que possam ser reputados perfeitamente iguais. Mas não se faz ciência do particular. E, conforme vimos inicialmente, o direito penal não é uma crônica ou mera catalogação de fatos, quer ser uma ciência prática. Para tanto, a nossa disciplina, enquanto ciência, não pode prescindir de teorizar a respeito do agir humano, ora submetendo-o a métodos analíticos, simplificadores ou generalizadores, ora sujeitando-o a amputações, por abstração, para a elaboração de conceitos, esquemas lógicos, institutos e sistemas mais ou menos cerrados.”[footnoteRef:1] [1: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª ed. Vol.1. São Paulo: Saraiva, 1994. Pg. 91 ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “O conceito de crime é artificial, ou seja, independe de fatores naturais, constatados por um juízo de percepção sensorial, uma vez que se torna impossível apontar uma conduta, ontologicamente criminosa, noutros termos, inexiste qualquer conduta que se possa dizer que constitua um crime pela própria natureza”.[footnoteRef:2] [2: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral: Arts. 1º a 120 do Código. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.348. ] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “O conceito clássico de delito foi produto do pensamento jurídico característico do positivismo científico, que afastava completamente qualquer contribuição das valorações filosóficas, psicológicas e sociológicas”.[footnoteRef:3] [3: 3BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1. — São Paulo —SARAIVA, 2012. P.105.] 
Deste modo compreendemos que, o conceito de crime em geral se caracteriza pelo o início da compreensão das condutas típicas, ilícitas e culpáveis.
EX: O Agente roupa um celular em um ônibus público o mesmo tem a compreensão e tem a lei expressa que informa que este ato foi um crime. 
Jurisprudência: EMBARGOS INFRINGENTES EM RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO QUALIFICADO TENTADO. DOLO DIRETO. DOLO EVENTUAL . Não obstante o dolo direto e o eventual serem equiparados quanto aos efeitos, sob a ótica da conduta observada pelo agente, mostram-se substancialmente diversos. Embora o conceito de dolo esteja intimamente ligado ao resultado – ou à previsão desse –, o que leva à equiparação referida, afigura-se evidente que a busca do resultado e a aceitação do risco de produzi-lo constituem condutas - em sua essência - diversas. Na realidade o dolo eventual situa-se mais próximo da culpa consciente do que do chamado dolo direto, estabelecendo-se a distinção entre aqueles, a partir da previsão do resultado (comum às condutas dolosa e culposa), na forma como o agente, subjetivamente, maneja tal previsão, acreditando que a conduta observada não determinará o resultado (culpa) ou se desimportando com esse (dolo eventual). Basta para que se chegue a tal conclusão a consideração do conceito de crime tentado posto na regra contida no art. 14, inc. II, do Código Penal, de onde resulta que a tentativa – determinada pela vontade – somente pode ser considerada quando a conduta for finalística e dirigida à produção de um resultado, o que, à evidência, não ocorre quando o agente apenas assume o risco de produzi-lo. Por conseguinte, a possibilidade jurídica do homicídio tentado pressupõe conduta diretamente dolosa, exigindo a configuração de tal infração que o agente, efetivamente, queira o resultado morte (não se afigurando suficiente para tanto que a ele tenha assentido), mas que ele não sobrevenha por circunstâncias alheias à sua vontade. EMBARGOS ACOLHIDOS. POR MAIORIA.(Embargos Infringentes e de Nulidade, Nº 70083628099, Primeiro Grupo deCâmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Jayme Weingartner Neto, Redator: Honório Gonçalves da Silva Neto, Julgado em: 03-06-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração do conceito de crime tentado posto na regra contida no art. 14, inc. II, do Código Penal, de onde resulta que a tentativa – determinada pela vontade. 
 Questão. Nos termos do Código Penal – CP:
I. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado.
II. A pena cumprida no estrangeiro não atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversa, mas nela é computada, quando idêntica. 
III. O dia do começo não se inclui no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. 
IV. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido. 
a)Somente as proposições I, II e IV estão corretas.
b)Somente as proposições II, III e IV estão corretas.
c)Somente as proposições I e IV estão corretas. (CERTA)
d)Somente as proposições II e III estão corretas. 
e)Todas as proposições estão corretas. 
1.1 Conceito Formal
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Sob o aspecto formal, crime seria toda conduta que atentasse, que colidisse frontalmente com a lei penal editada pelo Estado”.[footnoteRef:4] [4: 4GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 19ª.ed. Vol.1, Gragoatá – Niterói – RJ: IMPETUS, 2017. P.225. ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci::“É o ato ilícito, ameaçado de pena, devidamente previsto em lei”.[footnoteRef:5] [5: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral: Arts. 1º a 120 do Código. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.379.] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Além dos conhecidos conceitos formal (crime é toda a ação ou omissão proibida por lei, sob a ameaça de pena)”.[footnoteRef:6] [6: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo —SARAIVA, 2012. P.106.] 
Deste modo compreendemos que, o conceito formal é designado ao o respeito total do príncipio da reserva legal, ocorrendo quando o agente agindo por si só, considerando o ato consumado.
EX: A ameaça. Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. POSSE IRREGULAR DE ARMAS DE FOGO. ART. 12 E ART. 16, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO IV, AMBOS DA LEI Nº 10.826/03. PROVAS DA AUTORIA E DA MATERIALIDADE. TIPICIDADE. DOLO. CONDENAÇÃO MANTIDA. DOSIMETRIA DA PENA. MULTA. REDUÇÃO. 1. A posse de armas de fogo é crime de perigo abstrato e de mera conduta, mostrando-se prescindível a demonstração de perigo concreto. Precedentes. Na esteira do entendimento dos Tribunais, em especial o Supremo Tribunal Federal, não são inconstitucionais os crimes de perigo abstrato, a exemplo daqueles previstos na Lei 10.826/03, que teve sua constitucionalidade assentada na ADI 3.112/DF. 2. Pratica os crimes dos arts. 12 e 16, parágrafo único, inciso IV, ambos da Lei 10.826/03, quem possui em sua residência arma de uso permitido e com a numeração suprimida, em desacordo com determinação legal ou regulamentar. Relato fidedigno apresentado pelos policiais que participaram da prisão e que se amolda às circunstâncias evidenciadas nos autos, bem como à confissão do réu. Crime formal que não exige dolo específico. Condenação mantida. 3. Compete ao Juízo da origem definir a pena adequada ao caso, comportando alteração, em grau de recurso, apenas em situações em que a modificação não for arrazoada, proporcional ou contrariar disposição legal ou preceito constitucional. Caso em que a pena de um dos delitos comporta redução, sem, contudo, repercutir no quantum final da sanção corporal. 4. Pena de multa reduzida para guardar proporção com a pena privativa de liberdade aplicada. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Criminal, Nº 70081550675, Quarta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Julio Cesar Finger, Julgado em: 10-06-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração do conceito de crime formal, pois o mesmo não exige que tenha um dolo específico deste modo mantendo a pena. 
Questão. O crime de divulgação de cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerável, de cena de sexo ou de pornografia, previsto no artigo 218-C do Código Penal, pode ser classificado como 
a)comum, material, comissivo, unissubjetivo, culposo, principal. 
b)comum, formal, comissivo, unissubjetivo, doloso, subsidiário. 
c)especial, formal, comissivo, plurissubjetivo, admite as formas doloso e culposo, subsidiário. (CERTA)
d)especial, material, comissivo ou omissivo, unissubjetivo, doloso, principal.
e)comum, material, comissivo, plurissubjetivo, admite as formas doloso e culposo, subsidiário. 
1.2 Conceito Material
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Conceituamos o crime como aquela conduta que viola os bens jurídicos mais importantes”.[footnoteRef:7] [7: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 19ª.ed. Vol.1, Gragoatá – Niterói – RJ: IMPETUS, 2017. P.225. ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Significa o ato ilícito que, por ser considerado grave pela sociedade, deveria ser reputado delito, ameaçado de pena”.[footnoteRef:8] [8: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral: Arts. 1º a 120 do Código. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.379.] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Conceito material (crime é a ação ou omissão que contraria os valores ou interesses do corpo social, exigindo sua proibição coma ameaça de pena)”.[footnoteRef:9] [9: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo —SARAIVA, 2012. P.106.] 
Deste modo compreendemos que, o conceito Material descreve a conduta cujo o resultado abrange o tipo penal. Logo, a não ocorrência do resultado se da ao nome de tentativa.
EX: crime de estelionato, em que a lei descreve uma ação, qual seja, "empregar fraude para induzir ou manter alguém em erro", e um resultado, qual seja, "obter vantagem ilícita em prejuízo alheio" (art. 171 do Código Penal). Assim, o estelionato só se consuma com a obtenção da vantagem ilícita visada pelo agente. Fundamentação: Art. 171 do CP
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ESTELIONATO. ART. 171, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL. MATERIALIDADE, AUTORIA E DOLO COMPROVADOS. ÉDITO CONDENATÓRIO MANTIDO. APENAMENTO RATIFICADO. IMPOSSIBILIDADE DE FIXAÇÃO DA PENA AQUÉM DO MÍNIMO LEGAL PELA INCIDÊNCIA DE ATENUANTE. INTELIGÊNCIA DA SÚMULA Nº 231 DO STJ. 1. Havendo comprovação da existência do fato, da autoria e do dolo, a manutenção da condenação mostra-se impositiva. No particular, a apelante, mediante fraude, obteve vantagem ilícita em desfavor dos estabelecimentos comerciais, utilizando o cadastro da vítima, inclusive apresentando documentos falsificados. 2. Pena-base confirmada em 01 ano e 03 meses de reclusão, diante da valoração negativa dada à vetorial antecedentes. Na segunda fase, presente a atenuante da confissão espontânea, mantida a redução da pena em 03 meses, uma vez que inviável a redução da pena aquém do mínimo legal, em atenção do disposto na Súmula 231 do STJ. Pena definitiva fixada em 01 ano de reclusão. Regime aberto mantido. Pena de multa fixada em 10 dias-multa, à razão unitária mínima. Correta a substituição da pena privativa de liberdade por uma pena restritiva de direitos, consistente em prestação de serviços à comunidade. RECURSO DESPROVIDO.(Apelação Criminal, Nº 70083822775, Quinta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Lizete Andreis Sebben, Julgado em: 10-06-2020)
 Observa-se que o TJ-RS julgou conforme as estruturas do conceito de crime material, que neste caso se refere ao estelionato. 
 Questão. A Lei de Licitações e Contratos — Lei n.º 8.666/1993 — impõe pena de detenção de três anos a cincoanos e multa ao agente que dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou deixar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade. Em situação concreta, conforme a jurisprudência dos tribunais superiores, a dispensa indevida de licitação constitui 
A)crime de mera conduta, que, portanto, não admite a modalidade tentada.
B)crime material cujo resultado é a própria celebração do contrato licitatório.
C)crime para cuja configuração é exigido o dolo específico de auferir vantagem indevida para si ou para outrem.
D)crime de concurso necessário entre servidor público e particular que celebre o contrato licitatório.
E)crime material para cuja configuração é exigida a demonstração do prejuízo à administração pública. (CERTA)
1.3 Conceito Analítico
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Analisar todos os elementos ou características que integram o conceito de infração penal sem que com isso se queira fragmentá-lo”.[footnoteRef:10] [10: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 19ª.ed. Vol.1, Gragoatá – Niterói – RJ: IMPETUS, 2017. P.227. ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Entre várias opções, a majoritária, que reputamos correta, prevê como delito o fato típico, antijurídico e culpável”.[footnoteRef:11] [11: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral: Arts. 1º a 120 do Código. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.379.] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Para Carmignani, a ação delituosa compor-se-ia do concurso de uma força física e de uma força moral. Na força física estaria a ação executora do dano material do delito, e na força moral situar-se-ia a culpabilidade e o dano moral da infração penal. Essa construção levou ao sistema bipartido do conceito clássico de crime, dividido em aspectos objetivo e subjetivo”.[footnoteRef:12] [12: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1. — São Paulo-SARAIVA, 2012. P.106.] 
Deste modo compreendemos que, no conceito analítico é caracterizado pela compreensão da estrutura do delito. Ou seja, ele identifica através dessa estrutura, se o delito é comporto por fato típico, se ele é ilícito e culpável. 
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIMINAL. TENTATIVA DE HOMICÍDIO QUALIFICADO PELO MEIO CRUEL, RECURSO QUE DIFICULTOU A DEFESA DA VÍTIMA E FEMINICÍDIO. DOSIMETRIA DA PENA. PENA-BASE. CIRCUNSTÂNCIAS DO ARTIGO 59 DO CÓDIGO PENAL. CONDUTA SOCIAL. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. PENA REDUZIDA. Discricionariedade judicial. Controle da fundamentação dos critérios empregados para aplicação da pena. No caso, na primeira fase da dosimetria, o juízo a quo valorou negativamente as vetoriais referentes à culpabilidade, personalidade, conduta social, motivos, circunstâncias do crime e consequências. CULPABILIDADE. A aferição da intensidade da culpabilidade, para fins de fixação da pena, não se confunde com a simples presença dos elementos que integram o conceito analítico do tipo penal. Critérios para se avaliar o grau de culpabilidade. Nível de consciência do agente e grau de exigibilidade de comportamento diverso. A fundamentação utilizada pelo juízo a quo para valorar negativamente a culpabilidade é idônea, posto que o tempo de união do casal e o fato de terem constituído família exigia do réu o papel de cuidador. No entanto, este foi quem tentou matar a ex-esposa, causando-lhe sequelas e prejudicando a toda a unidade familiar. MOTIVOS DO CRIME. Demonstrado que o acusado cometeu o delito por medo que o divórcio entre as partes pudesse o levar a perda de bens. Motivo reprovável. PERSONALIDADE DO AGENTE. Prescindibilidade de laudo técnico (psicológico ou psiquiátrico) acerca do perfil psicológico do réu. Entendimento do STJ. Existência de elementos nos autos a indicar que o réu era pessoa agressiva e violenta, inclusive em relação a seus próprios filhos. Fundamentação idônea. CONDUTA SOCIAL. Conduta social desvalorada com fundamento em relatos que o réu passava “horas em bares, onde se embriaga voluntariamente, e dilapidando, na cidade, os ganhos auferidos pela família na zona rural”. FUNDAMENTAÇÃO INIDÔNEA. Segundo a jurisprudência do STJ, a conduta social não pode ser reputada reprovável em virtude de o agente consumir bebidas alcoólicas. O problema de alcoolismo vivido pelo acusado constitui problema de saúde, o que não pode ser utilizado para exasperar sua pena. Afastamento da valoração negativa do vetor da conduta social. CIRCUNSTÂNCIAS DO CRIME. Crime cometido mediante recurso que dificultou a defesa da vítima, conforme reconhecido pelo Conselho de Sentença. Na hipótese de concorrência de qualificadoras num mesmo tipo penal, uma delas deve ser utilizada para qualificar o crime e as demais devem ser consideradas como circunstâncias agravantes genéricas, se cabíveis, ou, residualmente, como circunstâncias judiciais. Precedentes do STF. No caso, o crime foi cometido durante à madrugada, por volta das 03h, tendo o réu adentrado na residência da vítima, enquanto essa dormia, em poder do pedaço de pau já intentando matá-la. CONSEQUÊNCIAS DO CRIME. Quanto maiores os efeitos danosos decorrentes da ação delituosa praticada ou maior irradiação de resultados, não necessariamente típicos, maior deverá ser a pena. No caso, as consequências foram consideradas graves pois os ferimentos na vítima lhe causaram cicatrizes e sequelas graves (físicas e cognitivas), conforme laudos de fls. 106 e 203, além de evidentes traumas psicológicos. PENA PROVISÓRIA. CONFISSÃO ESPONTÂNEA. NÃO-RECONHECIMENTO. Em juízo, o réu não admitiu ser o autor do fato. Alegou que havia ingerido psicofármacos em excesso e, por isso, não lembrava de nada ocorrido no dia dos fatos. CRIME COMETIDO POR MEIO CRUEL. Reconhecimento pelo Conselho de Sentença. Aplicação da agravante prevista no artigo 61, inciso II, alínea d, do Código Penal. QUANTUM DE PENA AGRAVADA. Conquanto o Código Penal não estabeleça percentuais mínimo e máximo para o aumento da pena, em razão de agravantes e atenuantes, a jurisprudência tem orientação perfilhada no sentido de que o aumento de pena em decorrência das agravantes genéricas deve se pautar pelo patamar mínimo fixado para as majorantes, que é de 1/6. Precedentes. APELO DEFENSIVO PROVIDO EM PARTE.(Apelação Criminal, Nº 70083208314, Terceira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rinez da Trindade, Julgado em: 17-04-2020)
 Observa-se que o TJ-RS julgou a aferição da intensidade da culpabilidade, para fins de fixação da pena, não se confunde com a simples presença dos elementos que integram o conceito analítico do tipo penal.
Questão. É certo afirmar: I. A finalidade do conceito analítico do crime é a análise dos seus caracteres e elementos, por isso seu foco são os elementos ou requisitos do delito, onde é entendido como conduta típica, antijurídica e culpável (conceito tripartido, teoria clássica ou tridimensional), ou apenas conduta típica e antijurídica, ou ainda, como fato típico, antijurídico e punível abstratamente. II. Trata-se de concurso formal quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes, idênticos ou não, aplicam-se cumulativamente as penas privativas de liberdade em que haja incorrido. No caso de aplicação cumulativa de penas de reclusão e de detenção, executa-se primeiro aquela. III. Na fixação da pena de multa o juiz deve atender, principalmente, à situação social do réu. IV. A continuidade temporal e espacial não é um requisito invariável do delito continuado, mas pode ser um indício da continuidade. Analisando as proposições, pode-se afirmar: 
a) Somente as proposições I e IV estão corretas. (CERTA)
b) Somente as proposições II e III estão corretas.
c) Somente as proposições I e III estão corretas.
d) Somente as proposições II e IV estão corretas.
1.3.1 Teorias Bipartidas
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “A divisão mais utilizada, porém, pelas legislações penais, inclusive pela nossa, é a bipartida ou dicotômica, segundo a qual as condutas puníveis dividem-se em crimes ou delitos(como sinônimos) e contravenções, que seriam espécies do gênero infração penal”.[footnoteRef:13] [13: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1.— São Paulo —SARAIVA, 2012. P.107.] 
Conforme as palavras de Fernando Capez: “Concepção bipartida: a culpabilidade não integra o conceito de crime. Entendemos que crime é fato típico e ilícito (ou antijurídico) por várias razões”.[footnoteRef:14] [14: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120). — 15. ed. — São Paulo : Saraiva, 2011, pag. 135.] 
Conforme as palavras de Ricardo Antônio Andreucci: “Para a Teoria Finalista Bipartida, a culpabilidade não é requisito do crime, mas pressuposto de aplicação da pena”.[footnoteRef:15] [15: ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de direito penal. – 10. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2014, pag. 64.] 
Deste modo compreendemos que, para teoria bipartida, o crime em si é um fato típico e ilício, não integrando a culpabilidade no conceito de crime, mas sim, sendo um pressuposto para a aplicação da pena.
Ex: Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal”. No artigo supracitado, o Código Penal aduz que não existe crime quando o fato é formalmente atípico. 
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: I – em estado de necessidade; II – em legítima defesa; III – em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito”.O artigo supramencionado faz referência às excludentes de ilicitude. Determina que nas hipóteses apontadas nos incisos I, II e III, a ilicitude é excluída, portanto, afastado o crime. Diante disso, vemos que quando o nosso Código Penal quer afastar o crime ele expressamente o diz usando no início das frases o trecho “não há crime”. Não podemos nos esquecer de ressaltar que essas duas hipóteses contidas nos artigos 1º e 23 são as únicas em que o referido diploma faz menção à exclusão do crime.
Jurisprudência: CRIMES DE ENTORPECENTES. (ARTIGOS 33, CAPUT, E 35, CAPUT, AMBOS DA LEI Nº 11.343/06). INCONFORMISMO DEFENSIVO. CORRÉUS. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. PENA REDIMENSIONADA. CULPABILIDADE AFASTADA. AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA AJUSTADA. I - Preliminar: O fato de não constarem expressamente da sentença os motivos pelos quais o juiz não aplicou a redutora do "tráfico privilegiado", não significa, de per si, tenha ele desconsiderado a lei que impõe o seu reconhecimento, quando presentes determinados requisitos. O julgador a quo referiu, expressamente, que os réus possuem antecedentes criminais, e os condenou também pelo delito de associação para o tráfico, o que, por si só, bastaria para impedir a incidência da redutora. Ademais, havendo omissão na sentença, caracterizada por ausência de pronunciamento acerca de determinado ponto relevante, o instrumento a ser utilizado pelas partes para fins de integração do decisum consiste nos embargos de declaração, não manejado no caso concreto. II - Mérito: Com efeito, as circunstâncias em que os fatos ocorreram - cumprimento de mandado de busca, após diversas denúncias anônimas de que os réus traficavam na residência, presença de usuários, intensa movimentação de pessoas no local e participação de adolescente -, permitem a segura conclusão de que o réu não era mero usuário, mas sim traficante de drogas, e em seu auxílio atuava sua companheira e o adolescente, corrompido por estes, em uma verdadeira associação criminosa voltada às mercancia de entorpecentes, de forma estável e concatenada. III - Pena: A culpabilidade a que se refere o artigo 59 do CP diz com a maior ou menor reprovabilidade da conduta do agente, e não pode ser confundida com o elemento do conceito analítico ou estrutural de crime (teoria tripartida), ou pressuposto de aplicação de pena (teoria bipartida). PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Crime, Nº 70064655475, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Cidade Pitrez, Julgado em: 09-06-2016)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração o conceito da teoria bipartida. 
 Questão. Considere as proposições abaixo:
O Direito Penal brasileiro adota, quanto à classificação das infrações penais, a divisão: I. tripartida, em crimes, delitos e contravenções, sendo a diferença apenas quantitativa (gravidade da conduta/pena). II. bipartida, em crimes, delitos ou contravenções, sendo a diferença apenas quantitativa (gravidade da conduta/pena). III. bipartida, em crimes ou delitos e contravenções, sendo a diferença apenas quanto à gravidade da conduta e à natureza da sanção. IV. que distingue os crimes em punidos quantitativamente com pena privativa de liberdade, restritiva de direitos e multa.
Marque a alternativa CORRETA:
a) As proposições I e II são verdadeiras
b) As proposições I e IV são verdadeiras.
 c) As proposições II e III são verdadeiras (CERTA)
d) As proposições III e IV são verdadeiras.
1.3.2 Teorias Tripartidas
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Alguns países, como Alemanha, França e Rússia, utilizam uma divisão tripartida na classificação das infrações penais, dividindo-as em crimes, delitos e contravenções, segundo a gravidade que apresentem”.[footnoteRef:16] [16: 16 BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1 — São Paulo —SARAIVA, 2012. P.107.] 
Conforme as palavras de Fernando Capez: “Alguns países, como Alemanha, França e Rússia, utilizam uma divisão tripartida na classificação das infrações penais, dividindo-as em crimes, delitos e contravenções, segundo a gravidade que apresentem.[footnoteRef:17] [17: CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal, volume 1, parte geral : (arts. 1º a 120) — 15. ed. — São Paulo : Saraiva, 2011, pag. 135] 
Conforme as palavras de Ricardo Antônio Andreucci : “O crime como fato típico, antijurídico e culpável”.[footnoteRef:18] [18: ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de direito penal– 10. ed. rev. e atual. – São Paulo : Saraiva, 2014, pag. 64.] 
Deste modo compreendemos que, a teoria tripartida ela divide os crimes, delitos e contravenções segundo a sua gravidade.
Ex: Como podemos visualizar, a Teoria Tripartida exige que, para que haja crime, o fato seja típico, ilícito e culpável, faltando um desses elementos o crime é afastado. Para que não haja crime, o fato precisa ser: ou atípico; ou enquadrado em uma das hipóteses de exclusão da ilicitude (estado de necessidade; legítima defesa; estrito cumprimento de dever legal ou exercício regular de direito, CP, art. 23, incisos I, II e III); ou que seja cabível ao caso concreto alguma das excludentes de culpabilidade (inimputabilidade; potencial desconsciência da ilicitude; e inexigibilidade de conduta diversa).
Jurisprudência: CRIMES DE ENTORPECENTES. (ARTIGOS 33, CAPUT, E 35, CAPUT, AMBOS DA LEI Nº 11.343/06). INCONFORMISMO DEFENSIVO. CORRÉUS. PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. PENA REDIMENSIONADA. CULPABILIDADE AFASTADA. AGRAVANTE DA REINCIDÊNCIA AJUSTADA. I - Preliminar: O fato de não constarem expressamente da sentença os motivos pelos quais o juiz não aplicou a redutora do "tráfico privilegiado", não significa, de per si, tenha ele desconsiderado a lei que impõe o seu reconhecimento, quando presentes determinados requisitos. O julgador a quo referiu, expressamente, que os réus possuem antecedentes criminais, e os condenou também pelo delito de associação para o tráfico, o que, por si só, bastaria para impedir a incidência da redutora. Ademais, havendo omissão na sentença, caracterizada por ausência de pronunciamento acerca de determinado ponto relevante, o instrumento a ser utilizado pelas partes para fins de integração do decisum consiste nos embargos de declaração, não manejado no caso concreto. II - Mérito: Com efeito, as circunstâncias em que os fatos ocorreram - cumprimento de mandado de busca, após diversas denúncias anônimas de que os réus traficavam na residência, presença de usuários, intensa movimentação de pessoas no local e participação de adolescente -, permitema segura conclusão de que o réu não era mero usuário, mas sim traficante de drogas, e em seu auxílio atuava sua companheira e o adolescente, corrompido por estes, em uma verdadeira associação criminosa voltada às mercancia de entorpecentes, de forma estável e concatenada. III - Pena: A culpabilidade a que se refere o artigo 59 do CP diz com a maior ou menor reprovabilidade da conduta do agente, e não pode ser confundida com o elemento do conceito analítico ou estrutural de crime (teoria tripartida), ou pressuposto de aplicação de pena (teoria bipartida). PRELIMINAR DE NULIDADE REJEITADA. APELAÇÃO PARCIALMENTE PROVIDA.(Apelação Crime, Nº 70064655475, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Antônio Cidade Pitrez, Julgado em: 09-06-2016)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração o conceito da teoria tripartida. 
Questão. Com referência a fundamentos e noções gerais aplicadas ao direito penal, julgue o próximo item. A partir da teoria tripartida do delito e das opções legislativas adotadas pelo Código Penal, é correto afirmar que o dolo integra a culpabilidade e corrobora a aplicação concreta da pena. 
a) Verdadeiro
b) Falso (CERTA)
c) Depende o caso analisado
d) O código penal não fala sobre isso. 
1.3.3 Teoria Quadripartida
Conforme as palavras do site LUCASCOTTA.COM.BR: “Segundo a concepção quadripartida, crime é um fato típico, ilícito/antijurídico, culpável e punível. Sem qualquer desses elementos, segundo essa concepção, não haveria crime”.[footnoteRef:19] [19: Disponível em <https://lucascotta.com.br/areas-do-direito/direito-penal/concepcoes-bipartida-tripartida-e-quadripartida-de-crime/>, acesso em 11-05-2020.] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Alguns autores, a exemplo de Mezger e Basileu Garcia, sustentavam que a punibilidade também integrava tal conceito, sendo o crime, pois, uma ação típica, ilícita, culpável e punível”.[footnoteRef:20] [20: GRECO, Rogério. Curso de direito penal: parte geral/ Rogério Greco. Niterói – RJ: Impetus, 2007. V.1., pag. 142.] 
Conforme as palavras de Lucas Cotta de Ramos: “De início, cumpre ressaltar que, inequivocamente, a teoria quadripartida não é adotada no Brasil. Não há divergência doutrinária ou jurisprudencial sobre isso, de modo que, com certeza, no Brasil a punibilidade não é requisito do crime. Contudo, a doutrina se divide em relação às concepções bipartida e tripartida. Como visto, para parte considerável da doutrina brasileira, o nosso Código Penal adotou a teoria bipartida, enquanto que para a outra parcela igualmente considerável da doutrina, o Código Penal teria adotado a teoria tripartida. A matéria não está pacificada no Brasil”.[footnoteRef:21] [21: RAMOS, Lucas Cotta de. Concepção bipartida, tripartida e quadripartida do crime. Disponível em < https://lucascotta.com.br/areas-do-direito/direito-penal/concepcoes-bipartida-tripartida-e-quadripartida-de-crime/>, acesso em 11-05-2020.] 
Deste modo compreendemos que, Trata-se de uma teoria para configuração do crime, que exige a presença de quatro elementos: fato típico, antijurídico, culpável e punível, embora não seja a teoria mais aceita em nosso ordenamento vem ganhando forma no decorrer do tempo.
1.4 Crime e Contravenção
Conforme as palavras de Rogério Greco :“O que hoje é considerado crime amanhã poderá vir a tornar-se contravenção e vice-versa”.[footnoteRef:22] [22: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 19ª.ed. Vol.1, Gragoatá – Niterói – RJ: IMPETUS, 2017. P.223. ] 
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci : “Os crimes sujeitam seus autores às penas de reclusão e detenção, enquanto as contravenções, no máximo, implicam prisão simples”.[footnoteRef:23] [23: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral: Arts. 1º a 120 do Código. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.378. ] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt :“Ontologicamente não há diferença entre crime e contravenção. As contravenções, que por vezes são chamadas de crimes-anões, são condutas que apresentam menor gravidade em relação aos crimes, por isso sofrem sanções mais brandas. O fundamento da distinção é puramente político-criminal e o critério é simplesmente quantitativo ou extrínseco, com base na sanção assumindo caráter formal. Com efeito, nosso ordenamento jurídico aplica a pena de prisão, para os crimes, sob as modalidades de reclusão e detenção, e, para as contravenções, quando for o caso, a de prisão simples (Decreto-lei n. 3.914/41). Assim, o critério distintivo entre crime e contravenção é dado pela natureza da pena privativa de liberdade cominada”.[footnoteRef:24] [24: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1, Cerqueira César — São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. P.107.] 
Deste modo compreendemos que, considera crime a infração penal que a lei comina pena de reclusão ou detenção. Já a contravenção é considerada crimes anões, pois são condutas que apresentam menos gravidade em relação aos crimes sofrendo sanções mais acessíveis. 
Ex: Crime : DELITO
 Contravenção: Crime anão, crime lilipitudiano.
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIME. CONTRAVENÇÃO PENAL. VIAS DE FATO. PREJUDICIAL DE MÉRITO. PRESCRIÇÃO DA PRETENSÃO PUNITIVA PELA PENA EM ABSTRATO. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE. A contravenção penal de vias de fato (art. 21 do Decreto-Lei nº 3.688/41) tem a pena máxima cominada em 03 meses de prisão simples, que prescreve no prazo de 03 anos (art. 109, VI, CP). Prazo já transcorrido entre a data do fato descrito no aditamento da denúncia (18/02/2012) e a data do recebimento do aditamento da denúncia (26/02/2018). Tratando-se de questão prejudicial de mérito e de instituto de direito material, a prescrição impossibilita o exame do mérito do apelo defensivo. Declarada, de ofício, extinta a punibilidade do acusado A.A.V.B, em relação à contravenção penal pela qual foi condenado, já que prescrita a pretensão punitiva do Estado pela pena em abstrato. DECLARADA DE OFÍCIO EXTINTA A PUNIBILIDADE PELA PRESCRIÇÃO DA PENA EM ABSTRATO. PREJUDICADO O EXAME DO MÉRITO DO APELO DEFENSIVO.(Apelação Criminal, Nº 70081784712, Sexta Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Felipe Keunecke de Oliveira, Julgado em: 18-06-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração o conceito crime e contravenção para estipular qual melhor se adapta neste processo.
Questão. Ao caminhar por uma praia turística na Grécia, Alex derramou na areia um litro de óleo dísel, com o único fim de sujar os banhistas que lá estavam. Após seu retorno ao Brasil, em razão da grande repercussão midiática, Alex foi denunciado pelo Ministério Público, que pediu sua condenação pela prática da contravenção tipificada no art. 37 do Decreto-lei n.º 3.688/1941. Considerando-se essa situação hipotética, é correto afirmar que Alex:
a) não responderá pela contravenção, pois a lei brasileira só é aplicável a contravenção praticada em território brasileiro. (CERTA)
b) responderá pela contravenção, pois ao caso se aplica o princípio da extraterritorialidade. 
c) responderá pela contravenção, pois ao caso se aplica o princípio da territorialidade.
d) não responderá pela contravenção, pois ao caso se aplica o princípio da insignificância, dada a quantidade de óleo dísel derramada.
e) não responderá pela contravenção, mas poderá ser extraditado para responder pela conduta na Grécia
2 Estrutura
Conforme as palavras De Francisco de Assis Toledo: “O crime tem uma estrutura jurídica complexa, devendo somar-se à ofensa ao bem jurídico outras circunstâncias não menos importantes para o seu aperfeiçoamento. Pode-se, pois, afirmar que o bem jurídico orienta a elaboração do tipo, esclarece o seu conteúdo, mas não o esgota. Os elementos subjetivos do tipo são igualmente importantes. O mesmo se diga da antijuridicidade e da culpabilidade, sem as quais não há que se falar em crime. É um equívoco, porém, a nosso ver confundir-se dano, evento danoso, com ofensa ao bem jurídico. Isso seria incorrer na confusão inicialmente apontada entre objeto materialdo crime e bem jurídico tutelado. Na tentativa idônea de homicídio pode não haver dano algum, mas, apesar disso, haverá sempre um ataque ao bem jurídico vida humana. O que faz com que a pena seja, nessa hipótese, menor que a do crime consumado são fatores de política criminal, o grau e a intensidade da ofensa, a frustração do ato criminoso, o que não significa ausência de ofensa ao bem jurídico, por falta de um resultado meramente material.”[footnoteRef:25] [25: TOLEDO, Francisco de Assis. Princípios Básicos de Direito Penal. 5ª ed. Vol.1. São Paulo: Saraiva, 1994. P. 32.] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Uma estrutura simples, clara e também didática, fundamentava-se num conceito de ação eminentemente naturalístico, que vinculava a conduta ao resultado através do nexo de causalidade. Essa concepção clássica do delito mantinha em partes absolutamente distintas o aspecto objetivo, representado pela tipicidade e antijuridicidade, e o aspecto subjetivo, representado pela culpabilidade. Aliás, como afirmava Welzel, na 2ª edição do Tratado de Liszt (1884) foi desenvolvida pela primeira vez, claramente, a separação entre a antijuridicidade e a culpabilidade, de acordo com os critérios objetivos e subjetivos662”.[footnoteRef:26] [26: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1. São Paulo —SARAIVA, 2012. P.401.] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “A estrutura da conduta omissiva é essencialmente normativa, não naturalística. A causalidade não é formulada em face de uma relação entre a omissão e o resultado, mas entre este e a conduta que o sujeito estava juridicamente obrigado a realizar e omitiu. Ele responde pelo resultado não porque o causou com a omissão, mas porque não o impediu realizando a conduta a que estava obrigado”. [footnoteRef:27] [27: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P. 292.] 
Deste modo compreendemos que, a estrutura do crime se dá na ação eminentemente naturalístico, que vinculava a conduta ao resultado através do nexo de causalidade.
Jurisprudência: RECURSO EM SENTIDO ESTRITO. HOMICÍDIO DUPLAMENTE QUALIFICADO CONSUMADO, RECEPTAÇÃO, ASSOCIAÇÃO AO TRAFICO E CORRUPÇÃO DE MENORES. REJEIÇÃO DA DENÚNCIA, NO TOCANTE AO CRIME DE ASSOCIAÇÃO AO TRÁFICO, POR AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA. INSURGÊNCIA DO MINISTÉRIO PÚBLICO. Caso em que os elementos colhidos durante a investigação não constituem indícios mínimos de materialidade e autoria a autorizar o recebimento da denúncia, no tocante ao crime de associação ao tráfico. A simples menção, por algumas testemunhas, de que os denunciados tinham envolvimento com o tráfico de drogas, não basta à imputação do crime em comento. Ausência de qualquer indicativo de que os réus tenham agido de forma organizada, com clara divisão de tarefas, repartição de lucros e sistema de hierarquia, com estrutura de comandante e comandados, e, ainda, que a associação havida entre os participantes tenha caráter estável e permanente. A fase processual da ação não é o meio apropriado para investigar, propriamente, a materialidade e a autoria do delito, o que deve ser efetivado durante o inquérito policial. Inobstante, não há impedimento de que o Agente Ministerial, encontrando maior robustez indiciária, ofereça nova denúncia, baseada em elementos probatórios concretos. Mantida a decisão que rejeitou a peça inicial, no tocante ao crime de associação ao tráfico, por ausência de justa causa, com fundamento no artigo 395, inciso III, do CPP. RECURSO EM SENTIDO ESTRITO IMPROVIDO. UNÂNIME.(Recurso em Sentido Estrito, Nº 70083801779, Segunda Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Joni Victoria Simões, Julgado em: 21-05-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração o conceito da estrutura deste crime para estipular qual a melhor conduta se adapta neste processo.
2.1 Concepção tridimensional 
Conforme as palavras de Ricardo Antônio Andreucci: “Na óptica tridimensional fato, valor e norma são dimensões essenciais do Direito, o qual é, desse modo, insuscetível de ser partido em fatias, sob pena de comprometer-se a natureza especificamente jurídica da pesquisa.É buscada, na Teoria Tridimensional do Direito elaborada pelo professor Reale, a unidade do fenômeno jurídico, no plano histórico-cultural, sem o emprego de teorias unilaterais ou reducionistas, que separam os elementos do fenômeno jurídico (fato, valor e norma)”.[footnoteRef:28] [28: ANDREUCCI, Ricardo Antonio. Manual de direito penal – 10. ed. rev. e atual. – São Paulo :Saraiva, 2014, pag. 67.] 
Conforme as palavras de GONZAGA, Alvaro de Azevedo: “A Teoria Tridimensional do Direito, no Brasil mais conhecida pelo seu formulador original, mas não exclusivo, o professor Miguel Reale, foi concebida como uma proposta de construção do pensamento jurídico e uma das principais inovações no estudo e compreensão deste fenômeno. Conforme proposta pelo professor Reale, a teoria correlaciona três fatores interdependentes que fazem do Direito uma estrutura social axiológico-normativa. Esses três elementos são: fato, valor e norma. Importa, desde logo, afirmar que esses três elementos devem estar sempre referidos ao plano cultural da sociedade onde se apresentam”.[footnoteRef:29] [29: GONZAGA, Alvaro de Azevedo; ROQUE, Nathaly Campitelli. Teoria Tridimensional do Direito. Disponível em <https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/64/edicao-1/tridimensional-do-direito,-teoria>, acesso em: 11-05-2020.] 
Conforme as palavras de Miguel Reale :“A Tridimensão do Direito não se faz apenas para o jurista, na órbita de sua atividade científico positiva, mas apresenta uma "validade transcendental", que condiciona todas as estruturas que fazem parte da mencionada experiência jurídica”.[footnoteRef:30] [30: REALE, Miguel. Teoria Tridimensional do Direito. 5 ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 11.] 
Deste modo compreendemos que, essa teoria permite o aprendizado da realidade jurídica-penal na sua forma fática, normativa e valorativa. Ela trás o conhecimento para sociedade através do PNC; conjunto de princípios, objetivos, diretrizes, estratégias, ações e metas que orientam o poder público na formulação de políticas culturais. E tem como objetivo orientar o desenvolvimento de programas, projetos e ações culturais que garantam a valorização, o reconhecimento, a promoção e a preservação da diversidade cultural existente no Brasil.
Ex: O acolhimento da teoria da função social da propriedade, da boa-fé objetiva nos contratos; as inovações sobre a teoria da imprevisão; as resoluções sobre onerosidade excessiva; o acolhimento do instituto da equidade em vários artigos. Contudo, a inovação mais importante introduzida no Código Civil que revela uma influência culturalista e tridimensional do Direito, encontra-se no instituto da função social do contrato, expresso no artigo 421. 
"Art. 421. A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites da função social do contrato." 
2.2 Elementos
Elementos objetivos. Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Os elementos objetivos são identificados pela simples constatação sensorial, isto é, podem facilmente ser compreendidos somente com a percepção dos sentidos. Referem-se a objetos, seres, animais, coisas ou atos perceptíveis pelos sentidos. Os elementos objetivos não oferecem, de regra, nenhuma dificuldade, a não sera sua cada vez menor utilização na definição das infrações penais.”[footnoteRef:31] [31: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. P.132] 
Elementos normativos. Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Mayer foi o primeiro a admitir a existência de elementos normativos no tipo penal, cuja teoria foi posteriormente desenvolvida por Mezger, apesar da posição negativa inicial de Beling. Elementos normativos são aqueles para cuja compreensão é insuficiente desenvolver uma atividade meramente cognitiva, devendo-se realizar uma atividade valorativa. São circunstânciasque não se limitam a descrever o natural, mas implicam um juízo de valor. São exemplos característicos de elementos normativos expressões tais como “indevidamente”(arts. 151, § 1º, II; 162; 192, I; 316; 317; 319 etc.); “sem justa causa”(arts. 153; 154; 244; 246; 248); “sem permissão legal”(art. 292); “sem licença da autoridade competente”(arts. 166 e 253); “fraudulentamente”(art. 177,caput); “sem autorização”(arts. 189; 193; 281 e 282); “documento”(arts. 297; 298; 299); “funcionário público”(arts. 312; 331 e 333); “decoro”(art. 140); “coisa alheia”(arts. 155; 157) etc. Esses tipos penais foram denominados por Asúatipos anormais. Além daqueles elementos normativos indicadores da antijuridicidade da conduta, existem outros igualmente normativos e com outras funções, como ocorre com “alheia” nos crimes contra o patrimônio, ou “honesta”, em alguns crimes sexuais (que antes da Lei n. 11.106/2005 se destinavam a proteger somente a mulher honesta),cujos conceitos implicam valorações.”[footnoteRef:32] [32: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. P.132] 
Elementos subjetivos. Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Como fruto da teoria final da ação, os elementos subjetivos do tipo permitem compreender a ação ou omissão típica não só como um processo causal cego, mas como um processo causal dirigido pela vontade humana para o alcance de um fim. De tal forma que, no momento de realizar o juízo de subsunção de uma conduta a um concreto tipo penal, é necessário também analisar o conteúdo dessa vontade, isto é, sua relevância típica”.[footnoteRef:33] [33: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. P.132] 
Elementos objetivos. Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “São os verbos constantes dos tipos penais (núcleos do tipo) e os demais requisitos, cujos significados não demandam qualquer juízo de valor, como a expressão “coisa móvel” no crime de furto ou a palavra “alguém” para se referir a ser humano no homicídio. Todos os tipos penais possuem elementos objetivos”.[footnoteRef:34] [34: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. P.132] 
Elementos Subjetivos. Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Dizem respeito à especial finalidade do agente ao realizar a ação ou omissão delituosa. Não são todos os tipos penais que contêm elementos subjetivos. O crime de extorsão mediante sequestro, por exemplo, consiste em “sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate” (art. 159 do CP). O elemento subjetivo do tipo é a intenção do agente de obter vantagem como decorrência do sequestro”.[footnoteRef:35] [35: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. P.132] 
Elementos Normativos. Conforme as palavras de Pedro Lenza: “Por sua vez, são aqueles cujo significado não se extrai da mera observação, dependendo de uma interpretação, ou seja, de um juízo de valor. No crime de furto, a expressão “coisa alheia” é considerada elemento normativo, pois só se sabe se um bem é alheio quando se está diante de um caso concreto e se faz uma análise envolvendo o bem e a pessoa acusada de tê-lo subtraído. São poucos os crimes que possuem elemento normativo”.[footnoteRef:36] [36: LENZA, Pedro. Direito Penal Esquematizado – Parte Especial 2ª.ed. Cerqueira César — São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. p.72.] 
Elementos objetivos do tipo. Conforme as palavras de Pedro Lenza: “São os que se referem à materialidade da infração penal, no que concerne à forma de execução, tempo, lugar etc. São também chamados descritivos”.[footnoteRef:37] [37: LENZA, Pedro. Direito Penal Esquematizado – Parte Especial 2ª.ed. Cerqueira César — São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. p.72.] 
Elementos normativos do tipo. Conforme as palavras da Revista de Derecho Privado: “A par dos elementos objetivos, o legislador insere na figura típica certos componentes que exigem, para a sua ocorrência, um juízo de valor dentro do próprio campo da tipicidade. Daí denominar Asúa anormais os tipos que os contêm, exatamente porque possuem conteúdo diferente dos tipos comuns e obrigam o juiz a ultrapassar a sua normal função de conhecimento, tendo em vista a sua vinculação à antijuridicidade. Note-se que, de um lado, o legislador insere no tipo termos de natureza meramente descritiva, como matar, subtrair, destruir, de outro, expressões como sem justa causa, indevidamente, fraudulentamente, função pública, documento, dignidade, decoro, noções que só são compreensíveis espiritualmente, ao contrário daquelas, que podem ser compreendidas materialmente”. [footnoteRef:38] [38: Tratado de derecho penal, Madrid, Revista de Derecho Privado, 1955, v. 1, p. 386 e 387. ] 
Elementos subjetivos do tipo (elementos subjetivos do injusto). Conforme as palavras da Revista de Derecho Privado: “O tipo não deixa de ser objetivo quando descreve particularidades e modalidades da conduta. Como ensina Mezger, os diversos tipos da Parte Especial do Código têm como ponto de partida uma descrição objetiva de determinados estados e acontecimentos que devem constituir a base da responsabilidade penal do agente. Trata-se, portanto, de estados e processos externos, suscetíveis de serem determinados espacial e temporalmente, perceptíveis pelos sentidos, objetivos, fixados na lei pelo legislador em forma descritiva, e que devem ser apreciados pelo juiz mediante simples atividade de conhecimento (cognição).” [footnoteRef:39] [39: Tratado de derecho penal, Madrid, Revista de Derecho Privado, 1955, v. 1, p. 386 e 387. ] 
Deste modo compreendemos que, o elemento objetivo refere-se a objetos, seres, animais, coisas ou atos perceptíveis pelos sentidos. Os elementos objetivos não oferecem, de regra, nenhuma dificuldade, a não será sua cada vez menor utilização na definição das infrações penais”. O elemento subjetivo reúne todas as características subjetivas direcionadas à produção de um tipo penal objetivo. Já o normativo, exigem do intérprete um juízo de valor, podendo ser expressos por meio de termos jurídicos – aqueles que precisam de definição por outra norma (como “funcionário público”).
Jurisprudência: APELAÇÃO CRIME. INJÚRIA QUALIFICADA. UTILIZAÇÃO DE ELEMENTOS REFERENTES À DEFICIÊNCIA. EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE PELA RETRATAÇÃO DO RÉU EM AUDIÊNCIA DE INSTRUÇÃO. APELO MINISTERIAL. CASSAÇÃO DA DECISÃO DE 1º GRAU. Como a retratação é causa da extinção da punibilidade e só é permitida nos casos expressamente permitidos pela legislação, nos termos do art. 107, VI, do Código Penal, e, a seu turno, o art. 143 do Código Penal preconiza que fica isento de pena o querelado (sequer sendo o caso, pois a injúria qualificada é crime de ação penal pública condicionada à representação) que se retrata em relação aos crimes de calúnia e difamação, resta afastada, por conseguinte, a possibilidade de retratação para o delito de injúria. Apelo provido.(Apelação Criminal, Nº 70082108077, Primeira Câmara Criminal, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Manuel José Martinez Lucas, Julgado em: 18-06-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração o conceito dos elementos deste crime para estipular qual a melhor conduta se adapta neste processo.
Questão. Nos crimes preterdolosos, o elemento subjetivo é caracterizado:
a) Pela culpa consciente. 
b) Pelo dolo eventual. 
c) Pelo dolo na conduta antecedente e pela culpa na consequente. (CERTA)
d) Pelo caso fortuito. 
3 SUJEITOS DO FATO PUNÍVEL
Seu principal objeto de estudo é a teoria geral do delito, também referida pela doutrina especializada como teoria do fato punível, em cujo núcleo estão as normas inscritas na Parte Geral do Código Penal que nos auxiliam a identificar e delimitar os pressupostos gerais da ação punível e os correspondentes requisitos de imputação. O conhecimento dos temas abrangidospela teoria geral do delito é, por isso, extraordinariamente importante, pois somente através do entendimento dos elementos que determinam a relevância penal de uma conduta, e das regras que estabelecem quem, quando e como deve ser punido, estaremos em condições de exercitar a prática do Direito Penal. Assim sendo, dedicaremos esta Terceira Parte especificamente ao estudo da teoria geral do delito, e das normas que compõem a Parte Geral do nosso Código Penal.[footnoteRef:40] [40: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. P.383. ] 
Em outras palavras, o fato punível já não é regido pelo mero juízo de subsunção, senão também pela ponderação que incumbe ao juiz (todo crime tem seu lado natural e ontológico assim como o axiológico). Essa ponderação, como veremos, é exigida no momento de se constatar a imputação objetiva da conduta e do resultado jurídico (é preciso verificar se a conduta criou um risco proibido e se desse risco resultou uma lesão ao bem jurídico).[footnoteRef:41] [41: GOMES, Luiz Flávio. Direito Penal Parte Geral. 2ª ed. Vol. 1São Paulo: Revista dos tribunais. P 42. ] 
A cogitação não constitui fato punível. Observava Magalhães Noronha que há casos em que já constitui delito “o desígnio ou propósito de vir a cometê-lo, como sucede com a conspiração, a incitação ao crime (art. 286), o bando ou quadrilha (art. 288) e ainda outros, em que há o propósito delituoso, ou a intenção revelada de vir a praticá-lo. A impaciência do legislador, então, antecipa-se e não espera que ele se verifique, punindo, em última análise, a intenção, o projeto criminoso”. Todavia, a cogitação que não constitui fato punível é a que não se projeta no mundo exterior, que não ingressa no processo de execução do crime. Os casos apontados não são de simples cogitatio, mas de voluntas sceleris externada através de atos sensíveis. Na quadrilha ou bando, p. ex., o Código não pune cada um dos agentes por pensar em se reunir a três outras pessoas para o fim de cometimento de crimes, mas sim porque se associa para tal fim. Não se cuida de cogitação punível, mas sim de atos preparatórios de um crime que o legislador resolveu punir como atos executórios de outro.[footnoteRef:42] [42: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral. 32ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P 373. ] 
Deste modo compreendemos que, cada momento histórico formula uma ideia diferente de sujeito, determinando, assim, o significado de ação, de ilicitude, de culpabilidade e, como consequência, os conceitos de crime e de pena. Para a identificação do antecedente causal, utilizava-se apenas a fórmula fornecida pela teoria da equivalência das condições. A adoção dessa teoria, sem nenhuma limitação, dava lugar a uma considerável amplitude da ação, e, de consequência, tudo passava a ser delito. Assim, buscou-se um limitador para essa teoria, visando garantir a prevalência de um conceito jurídico sobre um conceito natural (pré-jurídico) de ação. 
Ex: Nos crimes ambientais; não é possível a pessoa jurídica ser sujeito passivo no crime de injúria, pois ela não possuiu honra subjetiva (somente as pessoas físicas tem essa honra, p. ex.: uma agressão que leve a pessoa a chorar).
Jurisprudência: APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA. SERVIDOR PÚBLICO DO PARQUE ESTADUAL DE ITAPEVA. USO INDEVIDO DE VEÍCULO OFICIAL. ART. 9º, IV, DA LEI 8.429/92. PERCEPÇÃO DE VANTAGEM ILÍCITA. PRESSUPOSTO DOLO. COMPROVAÇÃO. INDEPENDÊNCIA DAS ESFERAS. MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. 1. O pressuposto exigível da conduta tipificada no art. 9º, IV, da Lei nº 8.429/92 é a percepção de vantagem patrimonial ilícita obtida pelo exercício da função pública em geral, mediante a configuração de dolo do agente, sendo requisito dispensável o dano ao erário. 2. O sujeito passivo do ato de improbidade é o agente público – arts. 1º e 2º da Lei nº 8.429/92 -, enquadrando-se aqui o recorrente, que é lotado no cargo público de Auxiliar de Pesquisa Agrícola, com exercício de suas funções no Parque Estadual de Itapeva, na cidade de Torres. 3. Na espécie, restou comprovado que houve a percepção de vantagem patrimonial ilícita pelo recorrente – uso de veículo oficial para fins pessoais -, obtida pelo exercício de função pública. 4. Diante das informações prestadas pela chefia do recorrente, que inclusive procedeu a uma advertência formal ao servidor à época, aliado ao fato que houve reclamação, inclusive, de um Vereador da cidade de Torres, não merece prosperar a tese de que somente uma única testemunha ampararia a veracidade dos fatos atrelados ao uso de veículo oficial pelo apelante. 5. Independência das esferas, tanto civil, penal como administrativa, a afastar a tese de que o fato ocorrido é punível apenas na seara do processo administrativo. 6. Sentença de parcial procedência mantida. APELAÇÃO DESPROVIDA.(Apelação Cível, Nº 70066194275, Quarta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Antônio Vinícius Amaro da Silveira, Julgado em: 28-03-2018)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração o sujeito do fato punível deste crime para estipular qual a melhor conduta se adapta neste processo.
3.1 Sujeito Ativo
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “É a pessoa que pratica a conduta descrita pelo tipo penal”.[footnoteRef:43] [43: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral: Arts. 1º a 120 do Código. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.387. ] 
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: “Por ser o crime uma ação humana, somente o ser vivo, nascido de mulher, pode ser autor de crime, embora em tempos remotos tenham sido condenados, como autores de crimes, animais, cadáveres e até estátuas”.[footnoteRef:44] [44: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SARAIVA, 2012. P.114.] 
Conforme as palavras de Pedro Lenza: “Pode ser qualquer pessoa. Trata-se de crime comum”.[footnoteRef:45] [45: LENZA, Pedro. Direito Penal Esquematizado – Parte Especial 2ª.ed. Cerqueira César — São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. p.101.] 
Deste modo compreendemos que, aquele ser que pratica uma conduta ilícita descrita no tipo penal. Embora, só os seres humanos podem praticar crimes a doutrina tem admitido a pessoa jurídica como sujeito ativo de crimes. 	
Ex: O sujeito ativo da infração penal pode ser pessoa física ou pessoa jurídica, porém, no caso de pessoa jurídica, apenas crimes ambientais são levados em conta, conforme a Constituição Federal  art. 225 p.3.
Jurisprudência: TRIBUTÁRIO E PROCESSUAL CIVIL. ÁGUA POTÁVEL. ICMS. INCIDÊNCIA. ILEGALIDADE. SUJEITO ATIVO. ESTADO. SUJEITO PASSIVO. CONSUMIDOR. CONDOMÍNIO. LEGITIMIDADE. APELO. SEGUIMENTO. NEGATIVA. MANUTENÇÃO. I – O ICMS é instituído pelos Estados e pelo Distrito Federal e é devido pelas pessoas que praticam operações relativas à circulação de mercadorias, importadores de bens, prestadores de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e prestadores de serviços de comunicação. II – A concessionária de serviço público é apenas a responsável pela retenção e pelo recolhimento do ICMS cobrado pelo fornecimento de água potável, cabendo ao Estado fazer a defesa da sua incidência, porque o sujeito ativo do tributo. III – O condomínio, por utilizar a água potável para o consumo dos seus condôminos, e não como produto de comercialização, é o destinatário final deste serviço, cabendo-lhe a defesa de interesses correlatos em Juízo, inclusive a pretensão de restituição de valores, observando-se as normas disciplinadas pelo Código de Defesa do Consumidor. IV – Evidenciada a legitimidade das partes, impositiva é a confirmação do decisum que negou seguimento ao apelo por confrontar jurisprudências dominantes dos Tribunais Superiores, nos termos do artigo 557 do aludido Diploma Processual. AGRAVO REGIMENTAL NÃO PROVIDO. (Classe: Agravo,Número do Processo: 0552655-83.2014.8.05.0001/50000, Relator (a): Heloísa Pinto de Freitas Vieira Graddi, Quarta Câmara Cível, Publicado em: 14/04/2016). (TJ-BA - AGV: 05526558320148050001 50000, Relator: Heloísa Pinto de Freitas Vieira Graddi, Quarta Câmara Cível, Data de Publicação: 14/04/2016)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração o sujeito ativo deste crime para estipular qual a melhor conduta se adapta neste processo.
Questão. Sobre sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal, verifica-se que:
a) há hipóteses em que a lei se refere à vítima em relação às suas condições físicas ou psíquicas, embora nem todas as pessoas possam ser sujeito passivo do crime.
b) sujeito passivo do crime não é o titular do bem jurídico ameaçado pela conduta criminosa.
c) sujeito ativo do crime é aquele que pratica a conduta descrita em lei, ou seja, o fato típico.
d) capacidade penal do sujeito ativo ou inimputável pode não ter a capacidade penal se passar a sofrer de doença mental após o delito.
3.1.1 Pessoa Natural
Conforme as palavras de Cesar Roberto Bitencourt: Com efeito, ninguém pode ignorar que por trás de uma pessoa jurídica sempre há uma pessoa física, que utiliza aquela como simples “fachada”, pura cobertura formal. Punir-se-ia a aparência formal e deixarse-ia a realidade livremente operando encoberta em outra fantasia, uma nova pessoa jurídica, com novo CNPJ. Mas isso não quer dizer que o ordenamento jurídico, no seu conjunto, deva permanecer impassível diante dos abusos que se cometam, mesmo através de pessoa jurídica. Assim, além de sanção efetiva aos autores físicos das condutas tipificadas (que podem facilmente ser substituídos), deve-se punir severamente também e, particularmente, as pessoas jurídicas, com sanções próprias a esse gênero de entes morais. A experiência dolorosa nos tem demonstrado a necessidade dessa punição. Klaus Tiedemann relaciona cinco modelos diferentes de punir as pessoas jurídicas, quais sejam: “responsabilidade civil”, “medidas de segurança”, sanções administrativas, verdadeira responsabilidade criminal e, finalmente, medidas mistas. Essas medidas mistas, não necessariamente penais, Tiedemann exemplifica com: a) dissolução da pessoa jurídica (uma espécie de pena de morte); b) corporation’s probation (imposição de condições e intervenção no funcionamento da empresa); c) a imposição de um administrador etc. E, em relação às medidas de segurança, relaciona o “confisco” e o “fechamento do estabelecimento”.[footnoteRef:46] [46: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SARAIVA, 2012. P.448.] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: O sujeito passivo pode ser considerado formal ou material. Sujeito passivo formal será sempre o Estado, que sofre toda vez que suas leis são desobedecidas. Sujeito passivo material é o titular do bem ou interesse juridicamente tutelado sobre o qual recai a conduta criminosa, que, em alguns casos, poderá ser também o Estado.[footnoteRef:47] [47: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 19ª.ed. Vol.1, Gragoatá – Niterói – RJ: IMPETUS, 2017. P.311.] 
Conforme as palavras de Fernando Capez: Nesse sentido é a jurisprudência dos tribunais superiores. Embora o STJ tenha posição consolidada sobre a possibilidade de responsabilização penal da pessoa jurídica, exige, para tanto, a imputação simultânea de pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício (ver STJ, REsp 86.586.4/PR 2006/0230607-6, j. 10-9-2009). O STJ, no entanto, numa posição intermediária, decidiu: “Admite-se a responsabilidade penal da pessoa jurídica em crimes ambientais desde que haja a imputação simultânea do ente moral e da pessoa física que atua em seu nome ou em seu benefício, uma vez que não se pode compreender a responsabilização do ente moral dissociada da atuação de uma pessoa física, que age com elemento subjetivo próprio (REsp nº 889.528/SC, Rel. Min. Felix Fischer, DJU 18/6/2007)” (REsp 847.476/SC, 2006/0089145-1, Rel. Min. Paulo Gallotti, 6ª T., julg. 8/4/2008, DJe 5/ 5/2008). [footnoteRef:48] [48: CAPEZ. Fernando. Curso de Direito Penal: parte Geral. 15ª. Ed. vol. 1. São Paulo: Saraiva. 2011. P 311.] 
Deste modo compreendemos que, a pessoa natural é o próprio ser humano dotado de capacidade. É o sujeito provido de direitos e obrigações a partir de seu nascimento com vida, de acordo com o artigo 2º do Código Civil. Todo ser humano, dessa forma, recebe a denominação de pessoa natural para ser intitulado como sujeito de direito. Importante destacar que o termo “pessoa natural” pode ser substituído pelo termo “pessoa física”.
Ex: Com relação à modificação de assentamentos em Registros de Nascimento ou do Casamento.
Jurisprudência: ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA. PESSOA NATURAL. Ausência de prova da dificuldade econômica. Capacidade de custeio do processo sem prejuízo do sustento do Agravante. Recurso não provido.(TJ-SP - AI: 2313007920128260000 SP 0231300-79.2012.8.26.0000, Relator: Tasso Duarte de Melo, Data de Julgamento: 14/11/2012, 12ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 19/11/2012)
Observa-se que o TJ-RS julgou levando em consideração o fato da pessoa natural ter tido um ausência de prova, que comprove que a pessoa não tenha a capacidade de custeio do processo.
Questão. Assinale a opção correta acerca das pessoas naturais e jurídicas.
a) Na sistemática do Código Civil, não se admite a declaração judicial de morte presumida sem decretação de ausência.
b) A existência legal das pessoas jurídicas de direito privado começa com o início de suas atividades jurídicas.
c) A personalidade civil da pessoa natural tem início a partir do nascimento com vida, independentemente do preenchimento de qualquer requisito psíquico. (CERTO)
d) O indivíduo de 16 anos de idade, ao contrair casamento, adquire a plena capacidade civil por meio da emancipação, voltando à condição de incapaz se, um ano após o casamento, sobrevier a separação judicial.
3.1.2 Pessoa Jurídica
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Objeto de debate acirrado na doutrina sempre foi a possibilidade de a pessoa jurídica poder ser autora de uma infração penal, o que muitos negam sistematicamente, por razões variadas”. [footnoteRef:49] [49: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral: Arts. 1º a 120 do Código. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.390. ] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Mais recentemente, os autores contemporâneos mantêm, majoritariamente, o entendimento contrário à responsabilidade penal da pessoa jurídica”.[footnoteRef:50] [50: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SARAIVA, 2012., 2012. P.115.] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “A pessoa jurídica não é capaz de delinquir no tocante a crimes comuns, como o furto, o homicídio etc. De ver que a Lei n. 9.605, de 12-2-1998, em seus arts. 3.º e 21 a 24, admite a responsabilidade penal da pessoa jurídica em relação a delitos ambientais”.[footnoteRef:51] [51: JESUS, Damásio de. Direito Penal: Parte Geral: 32ª.ed. Vol.1 — São Paulo — SP: SARAIVA, p.267.] 
Deste modo compreendemos que, a pessoa jurídica é um conjunto de indivíduos reconhecidos pelo Estado como detentores de direitos e deveres. A pessoa jurídica responde penalmente quando se trata de crimes ambientais, sendo eles caças, desmatamento e etc...; agora por crimes comuns quem responde é a pessoa física. 
Ex: Empresas; ONGs; Partidos políticos; Sociedades; Fundações; Igrejas.
Jurisprudência: AGRAVO DE INSTRUMENTO. GRATUIDADE DA JUSTIÇA. PESSOA JURÍDICA. INDEFERIMENTO. A condição de pessoa jurídica não impede a concessão ao benefício da gratuidade. Entretanto, a parte postulante deve demonstrar de forma robusta a sua necessidade, o que não ocorreu no caso dos autos. NEGADO PROVIMENTO AO AGRAVO, EM DECISÃO MONOCRÁTICA.(Agravo de Instrumento, Nº 70084304690, Décima Sexta Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ergio Roque Menine, Julgado em: 22-06-2020)
Observa-se que o TJ-RS julgou conforme, levando em consideração que neste processo o fato da pessoa jurídica não impede a concessão ao benefício da gratuidade. 
Questão. As entidadesda Administração Indireta possuem personalidade jurídica própria e distinta da do ente a que estão vinculadas. A respeito da constituição das pessoas jurídicas integrantes da Administração Indireta, é correto afirmar que: 
a) a sociedade de economia mista adquire personalidade jurídica de direito privado com o registro de seus atos constitutivos em cartório (CERTA)
b) a autarquia é criada por lei do ente com personalidade jurídica de direito privado
c) a empresa pública adquire personalidade jurídica de direito privado na data da publicação da lei que autoriza a sua criação
d) a fundação pública independe de lei para a sua criação e pode ter personalidade jurídica de direito público ou de direito privado
3.1.3 Crimes Próprios e de Mão Própria
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Nos crimes próprios, o sujeito ativo pode determinar a outrem a sua execução (autor), embora possam ser cometidos apenas por um número limitado de pessoas; nos crimes de mão própria, embora possam ser praticados por qualquer pessoa, ninguém os comete por intermédio de outrem”.[footnoteRef:52] [52: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SARAIVA, 2012., 2012. p.108.] 
Conforme as palavras de Damásio de Jesus: “Crime próprio ou especial é aquele que exige determinada qualidade ou condição pessoal do agente. Pode ser condição jurídica(acionista/; profissional ou social (comerciante); natural (gestante, mãe); parentesco (descendente etc)”.[footnoteRef:53] [53: JESUS, Damásio. Direito Penal: Parte Geral: 32ª.ed. Vol.1 — São Paulo — SP: SARAIVA, p. 212 e 213.] 
Conforme as palavras de Rogério Greco: “Crime próprio, a seu turno, é aquele cujo tipo penal exige uma qualidade ou condição especial dos sujeitos ativos ou passivos”. “Crime de mão própria, como sugere sua própria denominação, é aquele cuja execução é intransferível, indelegável, devendo ser levado a efeito pelo próprio agente, isto é, “com as próprias mãos”, para entendermos literalmente o seu significado”.[footnoteRef:54] [54: GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal. Parte Geral. 19ª.ed. Vol.1, Gragoatá – Niterói – RJ: IMPETUS, 2017. P.243 e 244.] 
Deste modo compreendemos que, os crimes próprios, o agente com uma condição diferenciada, pratica um crime por intermediário de uma lei que o qualifica profissionalmente ou socialmente diferenciado. Já nos de mão própria que pode ser cometido por qualquer pessoa, é praticado “com as próprias mãos”, ou seja, o agente não comete o delito por intermediário de outrem. 
Ex: CRIMES PRÓPRIOS: peculato (apenas por funcionários públicos); CRIMES DE MÃO PRÓPRIA: crime de falso testemunho. Tratam-se de crimes tão específicos que não admitem coautoria, somente participação.
Jurisprudência: REVISÃO CRIMINAL. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL. PEDIDO DE PRÓPRIO PUNHO FORMATADO PELA DEFENSORIA PÚBLICA APENAS EM RELAÇÃO À REDUÇÃO DAS PENAS APLICADAS. PLEITO DE ABSOLVIÇÃO SEM FORMATAÇÃO JURÍDICA. AUSÊNCIA DE PROVA NOVA. INOCORRÊNCIA DE ERRO, ILEGALIDADE OU IRREGULARIDADE NO JULGAMENTO. AUSÊNCIA DE ERRO OU ILEGALIDADE NAS PENAS FIXADAS. Pedido de absolvição. A revisão criminal não pode funcionar como uma segunda apelação, sendo inviável o reexame da prova já examinada, especialmente quando o pedido se revela genérico, sem a demonstração de qualquer das hipóteses autorizadoras da revisional. Pedido de mão própria, sem formatação jurídica pela Defensoria Pública não conhecido. Pleito de redução das penas aplicadas. Em sede de revisão criminal, o pedido de revisão de pena somente deve ser acolhido quando manifesta a ilegalidade ou irregularidade na aplicação da reprimenda, o que não é o caso. REVISÃO CRIMINAL PARCIALMENTE CONHECIDA E JULGADA IMPROCEDENTE NO PONTO EM QUE CONHECIDA. UNÂNIME.(Revisão Criminal, Nº 70079181210, Terceiro Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Ícaro Carvalho de Bem Osório, Julgado em: 17-05-2019).
Observa-se que o TJ-RS julgou conforme, levando em consideração que neste os crimes próprios e de mão de obra própria. 
 Questão. É crime próprio quanto ao sujeito: 
a) adulteração de peça filatélica (CP, art. 303).
b) falsidade material de atestado ou certidão (CP, art. 301, § 1º).
c) falsidade ideológica (CP, art. 299).
d) falsificação de sinal público (CP, art. 296, I).
e) atestado ideologicamente falso (CP, art. 301). (CERTA)
3.2 Sujeito Passivo
Conforme as palavras de Guilherme de Souza Nucci: “Sujeito passivo é o titular do bem jurídico protegido pelo tipo penal incriminador, que foi violado”.[footnoteRef:55] [55: NUCCI, Guilherme de Souza. Curso de Direito Penal: Parte Geral: Arts. 1º a 120 do Código. Rio de Janeiro: Forense, 2017. p.390. ] 
Conforme as palavras de Cezar Roberto Bitencourt: “Sujeito passivo é o titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa. Sujeito passivo do crime pode ser: o ser humano (ex.:crimes contra a pessoa); o Estado (ex.: crimes contra a Administração Pública); a coletividade (ex.: crimes contra a saúde pública); e, inclusive, pode ser a pessoa jurídica (ex.: crimes contra o patrimônio)”.[footnoteRef:56] [56: BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal: Parte Geral 1, 17ª.ed. Vol.1— São Paulo — SARAIVA, 2012. p.114.] 
Conforme as palavras de Pedro Lenza: “Pode ser qualquer pessoa. As pessoas que são coagidas à boicotagem não praticam crime algum, sendo vítimas deste. O empresário prejudicado é também vítima indireta do delito”.[footnoteRef:57] [57: LENZA, Pedro. Direito Penal Esquematizado – Parte Especial 2ª.ed.— São Paulo — SP: SARAIVA, 2012. p.210.] 
Deste modo compreendemos que, é o titular do bem jurídico lesado que a norma penal incriminadora protege podendo ser eles crimes contra a pessoa, contra o Estado contra a coletividade e até mesmo contra a pessoa jurídica.
Ex: O réu em uma ação judicial ou o devedor em uma relação obrigacional.
Jurisprudência: JUÍZO DE RETRATAÇÃO. AGRAVO INTERNO EM APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO TRIBUTÁRIO. EMBARGOS À EXECUÇÃO FISCAL. DISSOLUÇÃO IRREGULAR DA EMPRESA. REDIRECIONAMENTO AOS SÓCIOS. ADOÇÃO DA TEORIA DA ACTIO NATA. PRESCRIÇÃO VERIFICADA. TEMA 444 DO STJ. - A Primeira Seção do STJ, ao apreciar o REsp 1201993/SP, Rel. Ministro HERMAN BENJAMIN, firmou as seguintes teses: (i) o prazo de redirecionamento da Execução Fiscal, fixado em cinco anos, contado da diligência de citação da pessoa jurídica, é aplicável quando o referido ato ilícito, previsto no art. 135, III, do CTN, for precedente a esse ato processual; (ii) a citação positiva do sujeito passivo devedor original da obrigação tributária, por si só, não provoca o início do prazo prescricional quando o ato de dissolução irregular for a ela subsequente, uma vez que, em tal circunstância, inexistirá, na aludida data (da citação), pretensão contra os sócios-gerentes (conforme decidido no REsp 1.101.728/SP, no rito do art. 543-C do CPC/1973, o mero inadimplemento da exação não configura ilícito atribuível aos sujeitos de direito descritos no art. 135 do CTN). O termo inicial do prazo prescricional para a cobrança do crédito dos sócios-gerentes infratores, nesse contexto, é a data da prática de ato inequívoco indicador do intuito de inviabilizar a satisfação do crédito tributário já em curso de cobrança executiva promovida contra a empresa contribuinte, a ser demonstrado pelo Fisco, nos termos do art. 593 do CPC/1973 (art. 792 do novo CPC - fraude à execução), combinado com o art. 185 do CTN (presunção de fraude contra a Fazenda Pública); e, (iii) em qualquer hipótese, a decretação da prescrição para o redirecionamento impõe seja demonstrada a inércia da Fazenda Pública, no lustro que se seguiu à citação da empresa originalmente devedora (REsp 1.222.444/RS) ou ao ato inequívoco mencionado no item anterior (respectivamente, nos casos de dissolução irregular precedente ou superveniente à citação da empresa), cabendo às instâncias ordinárias o exame dos fatos e provas atinentes à demonstração da prática de atos concretos na direção da cobrança do crédito tributário

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