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Nicolas Martins 2025.1 - EHAS EMBRIOLOGIA DO SISTEMA DIGESTÓRIO ● Introdução A formação do aparelho digestório tem início na quarta semana de desenvolvimento, nessa semana temos alterações marcantes no embrião em desenvolvimento. ✓ Até a terceira semana o embrião é plano, composto pela sobreposição de 03 folhetos o ectoderma, mesoderma e o endoderma. O ectoderma constitui o assoalho da vesícula amniótica e o endoderma o teto da vesícula vitelínica ✓ Na quarta semana temos as flexuras cefálica, caudal e as laterais. Com isso o embrião se torna intraamniotic e uma parte do saco vitelínico irá ser incorporada dentro do embrião formando um túbulos que vai da membrana cloacal a membrana bucofaríngea ,que fecha a boca primitiva, chamado de intestino primitivo (a partir dele se forma o aparelho digestivo) Com isso, todo revestimento do tubo digestivo, do aparelho respiratório, do epitélio glandular do fígado e do pâncreas se derivam do endoderma da estrutura (intestino primitivo) derivada do saco vitelínico. Os tecidos conjuntivos irão derivar do mesênquima ao redor ● Formação do intestino primitivo O embrião plano sofre as flexuras e com isso teremos uma reorganização da anatomia embrionária, deslocando o coração para a posição definitiva que leva uma massa de tecido mesenquimal ,que irá se colocar entre a região do futuro tórax e futuro abdômen, que chamamos de septo transverso Com a incorporação de parte do saco vitelínico nós formamos o intestino primitivo. Quando esse saco vitelínico é incorporado parte do alantóide também é incorporado formando um pedículo do embrião que tem uma massa de mesoderma que liga o embrião ao mesoderme parietal que junto com o trofoblasto formarão o córion e placenta, formando os vasos umbilicais que irão comunicar a placenta e o embrião ✓ Na visão em corte longitudinal podemos observar os arcos branquiais/ faríngeos que possuem papel importante na formação de estruturas da face ✓ Pode ser observado o intestino primitivo que vai da membrana bucofaríngea a cloacal ✓ Na porção mais cranial do embrião temos uma alta relação de vasos sanguíneos e arcos aórticos ✓ A flexura cefálica corre pelo crescimento do SNC, o crescimento do encéfalo faz com que a parte cefálica “tombe” fazendo com que a parte cardiogênica se desloca para uma porção inferior e anterior levando uma massa de mesênquima chamada de septo transverso, atravessando a cavidade do embrião e assim formando o diafragma ✓ Na flexura caudal a membrana cloacal é trazida mais pra frente e mais pra cima ocorrendo a incorporação do saco vitelínico com o alantóide sendo importante para a formação de algumas estruturas do aparelho urinário e genital. Inicialmente o intestino posterior termina numa dilatação chamada de cloaca O intestino primitivo pode ser dividido em 3 subdivisões: - Aquela que é aprisionada pela flexura cefálica = intestino anterior - Aquela que é aprisionada pela flexura caudal = intestino posterior - Aquela que é aprisionada pelas flexuras laterais = intestino médio Porém, à medida que o desenvolvimento embrionário progride não conseguimos ver que parte é derivada de qual flexura, mas temos para facilitar essa distinção um componente anatômico vascular bem definido que separa essas regiões. Basicamente, o intestino anterior é irrigado pelo tronco da artéria celíaca, o intestino médio é irrigado pela mesentérica superior e o intestino posterior é irrigado pela mesentérica inferior, desse modo, observando quais estruturas são irrigadas por esses componentes vasculares podemos saber de qual porção do intestino primitivo deu origem a tal estrutura - Intestino anterior = Tronco da artéria celíaca Faringe, laringe, árvore respiratória inferior, esofago, estomago, primeira porção do duodeno, fígado e pâncreas - Intestino médio = Mesentérica superior Segunda porção do duodeno, intestino delgado, ceco, colo ascendente e ⅔ do colo transverso - Intestino posterior = Mesentérica inferior Restante do colo transverso, colo descendente, sigmóide e reto. Nessa porção derivado do pedaço do alantóide que foi incorporado temos formação de parte do aparelho genital ● Formação do estômago No intestino anterior logo abaixo do ponto onde o esofago atravessa o diafragma (apartir desse ponto iremos ter a dilatação do tubo para a formação do estômago e para o esfíncter anatômico cardía, com um esofago curto a cavidade pode se formar na cavidade torácica, hérnia de hiato) é onde começa a formação do estômago Esse tubo no final da quarta semana se dilata, inicialmente essa dilatação é em uma posição medial na borda anterior e posterior do tubo. A borda anterior cresce menos e a posterior cresce mais, formando um saco em forma de C. Com essa dilatação a porção da saída do estômago (piloro) é empurrada para cima. Depois disso o estômago que está localizado em nossa linha média irá girar em uma rotação de 90 graus no eixo crânio caudal, fazendo com que a borda dorsal se coloque à esquerda e a borda ventral se coloque a direita dando a posição definitiva do estômago Lembrando que inicialmente o estômago se encontra pendurado na cavidade abdominal por uma prega de tecido mesenquimal que liga a parede anterior do abdômen e uma prega dorsal que liga a parede dorsal do abdômen, chamadas de meso ventral e mesodorsal (como está aderido ao estômago, mesogástrio ventral e mesogástrio dorsal). ✓ A mesodorsal forma uma dobra com a rotação do estômago que irá formar atrás do estômago uma pequena cavidade, essa cavidade é chamada de bolsa omental devido ao não rompimento do mesoventral, sendo ela importante pois permite que o estômago se movimente para misturar o bolo alimentar. Essa bolsa é ligada a cavidade peritoneal pelo forame omental que está atrás do pedículo hepático e podemos observar também que a prega de mesentério irá proliferar e irá formar projeções que envolvem as alças intestinais e as sustentam ✓ Com a rotação o mesoventral irá ser esticado e forma ligamentos que ligam a parede anterior ao estômago, ficando entre o estômago e o fígado e entre o fígado e o duodeno, formando os ligamentos hepatogástrico e hepatoduodenal, e também irá formar um ligamento que liga o fígado a parede anterior do estômago chamado de ligamento falciforme OBS.: Quando o estômago gira o nervo vago esquerdo passa a ser anterior e o vago direito passa a ser passa a ser posterior ● Formação do fígado e pâncreas Formados da primeira porção do duodeno. O fígado ele se forma a partir de uma projeção do intestino anterior em sua porção mais caudal, onde o endoderma se invagina e forma um divertículo, o divertículo hepático. Esse divertículo hepático cresce e dá origem a alguns outros divertículos, o cístico e o pancreático ventral, tudo isso na linha média crescendo para o mesoventral com o crescimento essa porção mais final do divertículo se expande e forma canalículos que formam os primórdios do fígado e depois da extremidade dos canalículos se originam os hepatócitos que se colocam em cordões envolvendo vasos sanguíneos e assim formando a estrutura do fígado ✓ O mesênquima esplênico que está ao redor forma a cápsula conjuntiva, cápsula de Glisson, e também formam diversas pregas conjuntivas que dividem o órgão em compartimentos chamados de lóbulos hepáticos Com a rotação do estômago o duodeno acaba rodando também fazendo com que as estruturas localizadas na linha média sejam jogadas para o lado direito, ou seja, o fígado e a vesícula biliar são jogadas para o lado direito enquanto o broto pancreático ventral é jogado para trás onde se junta com o brotamento pancreático dorsal e forma um pâncreas único aderido na parede posterior da cavidade abdominal. ● Intestino médio - Duodeno após a saída do pedículo hepático - Ceco - Apêndice - Colo ascendente - Metade a 2/3 proximais do cólon transverso OBS.: O intestino médio forma a alça intestinal média em forma de U, que roda no eixo da artéria mesentérica superior. A alça forma a hérnia fisiológica, entre a 6ª e 10ª semanas. Entre a saída e retorno a cavidade abdominala alça sofre uma rotação de 360º no sentido anti-horário. Com essa saída e volta e com essa rotação é que temos a disposição do intestino médio em sua porção definitiva. O ceco e o apêndice é colocado em sua posição direita e as alças derivadas da porção mais cefálica que dão origem a porções do duodeno e jejuno íleo irão para suas posições Uma malformação que pode acontecer é o intestino rodar de forma inadequada formando o volvo ou nó nas tripas, causando nos primeiros a obliteração dos vasos sanguíneos ● Formação do apêndice A porção mais caudal do intestino médio não cresce tanto e forma um diverticulite cecal que dá origem a um divertículo menor chamado de apêndice. Uma outra coisa importante é que a muscular longitudinal externa adquire a forma de cordões, 03 feixes, que formam as tênias do colo que dão aspecto pregueado ao colo Durante o desenvolvimento dos colos podemos ter desenvolvimento anômalo que pode dificultar o diagnóstico da apendicite ● Intestino posterior • 1/3 do colo transverso • Colo descendente • Colo sigmóide • Reto canal anal • Epitélio da bexiga urinária • Parte da uretra ● Septação da cloaca No intestino posterior temos uma cavidade única, chamada cloaca que nos mamíferos é dividida pelo septo urorretal que é uma projeção de mesoderma que divide a cavidade em duas. Temos uma porção ventral chamada de seio urogenital e uma porção dorsal chamada de canal anal, e com isso a membrana cloacal é dividida em membrana anal e urogenital Na porção final o intestino posterior forma o canal anal mas ele termite 2 cm afastado do ânus que é formado pelo invafinação do prctoedel que se une a o intestino posterior ● Canal anal Ao dois terços superiores (cerca de 25 mm) do canal anal do adulto derivam do intestino posterior, o terço inferior (cerca de 13mm) desenvolve-se a partir do proctodeu. A junção do epitélio que deriva do ectoderma do proctodeu com o endoderma do intestino posterior é grosseiramente indicada pela linha pectínea, situada no limite inferior das pregas anais. Essa linha indicada, de modo aproximado, o antigo local da membrana anal. Localizada cerca de 2 cm em posição superior ao ânus, está a linha ano cutâneo (“linha branca”) onde, aproximadamente, o epitélio anal muda de colunar para estratificado escamoso. No ânus, o epitélio é queratinizado e contínuo com a pele da região anal. As outras camadas da parede do canal anal derivam do mesênquima esplâncnico. ● Diferença das hérnias Hérnia umbilical: Surge exatamente na região da cicatriz umbilical. Pode acontecer por um defeito congênito (não fechamento adequado do orifício de passagem do cordão umbilical) ou adquirido, fraqueza fisiológica associada a aumento de pressão intra-abdominal (especialmente devido à gestação ou obesidade). No início, o principal sintoma é dor local ao toque ou quando é feito algum esforço. Ao longo do tempo, surge um abaulamento. Se a hérnia for diagnosticada ainda nas fases iniciais é possível reduzir o conteúdo herniário, retornando-o para seu local natural dentro do abdome. Com o passar do tempo, o conteúdo pode aumentar e se tornar volumoso. Em casos de um anel herniário estreito, a hérnia umbilical pode se tornar irredutível, aumentando o desconforto e as dores, assim como aumentando o risco de estrangulamento. Os bebês estão mais vulneráveis a este tipo de hérnia, mas neles normalmente desaparece (“fecha”) espontaneamente ao longo dos primeiros anos de vida. Hérnia inguinal: Ocorre na virilha (zona de junção entre a coxa e a parte inferior do abdome) e representa o tipo mais comum de hérnia (corresponde a 75% de todas as hérnias). Os homens são mais vulneráveis a esse tipo de hérnia devido a fraqueza na parede muscular criada pela passagem do testículo para a bolsa escrotal. Hérnias grandes ou volumosas podem descer em direção aos testículos e são chamadas de hérnia inguinal escrotal. Hérnia fisiológica: Uma parte do intestino, agora, se projeta temporariamente no cordão umbilical. Este processo normal, chamado herniação fisiológica, cria espaço para outros órgãos se desenvolverem no abdômen. ● Particularidades dos segmentos 1. Esôfago Se forma a partir da porção do intestino anterior imediatamente caudal à faringe primitiva. - Inicialmente, ele é curto mas alonga-se com rapidez, basicamente como resultado do crescimento e da descida do coração e dos pulmões. - O esôfago atinge seu comprimento final na sétima semana. - Seu epitélio e glândulas se originam do endoderma. - O epitélio do esôfago prolifera e obstrui parcial ou totalmente a sua luz, mas por regra, a sua recanalização ocorre no final do período embrionário. - O músculo estriado, que constitui a camada muscular externa do terço superior do esôfago, origina-se da mesênquima dos arcos branquiais caudais. - O músculo liso, em especial no terço inferior do órgão, desenvolve-se a partir do mesênquima esplâncnico circundante. Ambos os tipos de músculo são inervados para os ramos do nervo vago, que suprem os arcos branquiais caudais. ✓ É interessante saber que no final da quarta e no início da quinta semana o revestimento do esôfago prolifera muito, então o tubo se oblitera (esôfago fecha) e permanece fechado por um tempo. ✓ No final do período embrionário as células do meio do esôfago coalescem, são absorvidas e o esôfago volta a canalizar.
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