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ARBITRAGEM - A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NA HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇAS ARBITRAIS ESTRANGEIRAS

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A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça na homologação de
sentenças arbitrais estrangeiras: uma análise do critério de ordem pública
A JURISPRUDÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA NA
HOMOLOGAÇÃO DE SENTENÇAS ARBITRAIS ESTRANGEIRAS: UMA ANÁLISE
DO CRITÉRIO DE ORDEM PÚBLICA
Brazilian Superior Court of Justice jurisprudence on the enforcement of foreign arbitration awards: an
analysis of the public policy criteria
Revista de Arbitragem e Mediação | vol. 67/2020 | p. 189 - 211 | Out - Dez / 2020
DTR\2020\14759
Beatriz Rieche Estill
Formada em Direito pelo Ibmec/RJ. Pós-graduanda em Direito Processual Civil no CEPED/UERJ.
Advogada. beatriz.estill@gmail.com
 
Área do Direito: Processual; Arbitragem
Resumo: O objetivo do presente artigo é analisar o critério de ordem pública adotado pelo Superior
Tribunal de Justiça quando indefere o pedido de homologação de sentenças arbitrais estrangeiras. A
partir de levantamento bibliográfico e de estudo de recentes casos concretos, fez-se possível
estabelecer um recorte atual sobre a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça a respeito da
temática, procurando delimitar o critério de ordem pública utilizado pela Corte. Foi possível concluir que
o Brasil possui uma posição favorável ao instituto da arbitragem, mas ainda não consolidou um critério
uniforme e previsível de ordem pública, nem aplica o conceito de ordem pública internacional.
 
Palavras-chave: Arbitragem – Sentenças arbitrais estrangeiras – Homologação – Ordem pública –
Jurisprudência
Abstract: The present paper intends to analyze public policy criteria adopted by the Brazilian Superior
Court of Justice when it does not enforce foreign arbitration awards. Through the study of academic
literature about the theme and the analysis of relevant case laws, it was possible to establish the recent
understanding of the Court. Therefore, it was ascertained that Brazil has a favorable position regarding
arbitration, but there is still no predictable criteria of public policy and the country does not adopt the
concept of international public policy.
 
Keywords: Arbitration – Foreign arbitration awards – Enforcement – Public policy – Jurisprudence
Assista agora aos comentários da autoradir-web para este artigo.
Sumário:
 
1. A homologação de sentenças arbitrais estrangeiras no Superior Tribunal de Justiça - 2. Análise de
casos - 3. Constatações finais - Bibliografia
 
1. A homologação de sentenças arbitrais estrangeiras no Superior Tribunal de Justiça
1.1. O juízo de delibação adotado pelo Superior Tribunal de Justiça e a legislação aplicável ao
procedimento homologatório
Inicialmente1, aponta-se que é pacífica a compreensão de que a sentença proferida por tribunal
estrangeiro só terá seus efeitos reconhecidos no Brasil após a devida homologação pelo STJ. Menciona-
se que a competência do STJ para o reconhecimento de decisão estrangeira está prevista pelo artigo
105, inciso I, alínea e, da Constituição Federal, incluída pela EC 45/04 (LGL\2004\2637). Diante da
importância do tema, a cooperação internacional recebeu especial atenção do Código de Processo Civil
de 2015, que abarcou, em seus artigos 26 a 41, os principais fundamentos sobre a postura a ser
tomada pelo Brasil em relação aos atos jurídicos estrangeiros.2
No contexto específico de homologação e cumprimento de decisão transnacional, conforme leciona
Nadia de Araujo, o Brasil adota o sistema de delibação para o reconhecimento e a execução de
sentenças estrangeiras. Em suas palavras:
“Adotou-se o sistema de delibação, oriundo do sistema italiano, pelo qual não se questionava o mérito
da decisão, em sua substância, senão para verificação dos requisitos formais e de ofensa à ordem
pública, bons costumes e soberania nacional. Estabeleceu-se, assim, um processo de contenciosidade
limitada.”3
Ou seja, a autora reconhece que a análise do Superior Tribunal não irá adentrar no mérito da demanda,
mas, sim, reconhecer os requisitos formais e os limites de ordem pública e bons costumes atinentes à
soberania nacional e ao ordenamento jurídico brasileiro.
Ainda sob a ótica de cooperação internacional, Humberto Dalla também reconhece o juízo de delibação
como o instituto responsável por verificar a compatibilidade de ato judicial estrangeiro com os princípios
fundamentais do ordenamento jurídico brasileiro, sem adentrar no mérito do que foi decidido. A autora
Nadia de Araujo ressalva, ainda, que no juízo de delibação, o exame de mérito poderá ocorrer se for
observada ofensa à ordem pública, o que se relaciona diretamente com o objeto do presente artigo.
Também é essa a compreensão da jurisprudência pátria, que se vê limitada à análise dos requisitos
formais e não se debruça sobre o mérito da sentença que se pretende reconhecer, salvo em casos de
ofensa à soberania nacional.4
Nesse sentido, faz-se importante ressaltar que não apenas a sentença homologada surtirá efeitos no
plano nacional, mas também no plano internacional, pois demonstrará que o Brasil se encontra
alinhado com os princípios relativos à cooperação internacional inerentes ao Direito Internacional.
Tendo isso em vista, passa-se a demonstrar o procedimento de homologação de sentenças
estrangeiras. Aponta-se, incialmente, que a homologação é um processo de conhecimento, em que a
sentença terá natureza constitutiva, pois apenas haverá a produção de efeitos após o deferimento da
homologação. Quanto à previsão procedimental, tem-se que o Código de Processo Civil reconhece a
homologação de decisão estrangeiras nos artigos 960 a 965, e que o artigo 960, § 2º determina que a
homologação deve observar os tratados em vigor no Brasil e o Regimento Interno do Superior Tribunal
de Justiça (RISTJ (LGL\1989\44)). Mais especificamente sobre a temática aqui trabalhada, o § 3º do
artigo 960 é claro em determinar que a homologação de decisão arbitral estrangeira deverá obedecer à
legislação específica, com aplicação subsidiária do CPC (LGL\2015\1656).
Pois bem. O processo de homologação de sentenças estrangeiras está previsto nos artigos 216-A a
216-N do RISTJ (LGL\1989\44). O artigo 216-C estabelece que a parte requerente deverá formular o
pedido de homologação perante o Tribunal, observando os requisitos da petição inicial previstos em lei
e apresentando a documentação pertinente. Além disso, o artigo 216-D aponta que a decisão
estrangeira deve necessariamente atender a três requisitos essenciais: (i) ter sido proferida por
autoridade competente; (ii) conter elementos que comprovem terem sido as partes regularmente
citadas; e (iii) ter transitado em julgado.
Ressalta-se que o artigo 216-H do Regimento Interno passou a autorizar expressamente o exercício do
contraditório no procedimento homologatório, ou seja, a parte requerida também poderá se manifestar
acerca dos requisitos formais da sentença que se pretende homologar.
Ademais, os requisitos elencados pelo artigo 963 do CPC (LGL\2015\1656) também são de crucial
importância de análise do Superior Tribunal de Justiça. Nele, é possível observar que são elencados
requisitos indispensáveis à homologação da decisão, tais como a necessidade de ter sido proferida por
autoridade competente, ter sido realizada citação regular, deter eficácia em seu país de origem, não
ofender a coisa julgada brasileira, estar acompanhada de tradução oficial e não conter expressa
violação à ordem pública.
Acrescentam-se, ainda, os requisitos essenciais previstos pela Lei de Introdução às Normas Brasileiras
(LINDB), que seguem o mesmo entendimento que os regramentos previamente demonstrados.5 Ou
seja, o que se observa é uma ampla frente legal que delimita os principais requisitos formais a serem
observados na sentença estrangeira pelo STJ para validar seus termos no território nacional.
Resta desenhado, portanto, a forma através da qual o juízo de delibação foi absorvido pelo
ordenamento jurídico pátrio, pois a análise se restringe estritamente aos aspectos formais da sentença
homologanda, respeitando-se a decisão estrangeira sem a julgar novamente.
Assim, apóso seu reconhecimento pelo órgão competente, a sentença se torna título executivo
extrajudicial, que poderá ser executada perante a Justiça Federal, nos termos do artigo 955 c/c o artigo
515, inciso VIII, ambos do Código de Processo Civil.
Pois bem. Uma vez que restam claras as leis nacionais aplicáveis no procedimento de homologação de
sentença estrangeira, não se pode deixar de apontar o regramento específico no que tange à sentença
arbitral, que está previsto na Lei de Arbitragem e na Convenção de Nova York.
Como bem aponta Francisco Cahali, a Lei 9.307/96 (LGL\1996\72) sistematizou a arbitragem no Brasil,
pois foi capaz de transitar entre o direito material e o direito processual relacionados ao instituto.6 O
autor também ressalta a importante inovação que a norma trouxe em seu artigo 35, que estabeleceu
que bastava a homologação pelo Superior Tribunal de Justiça para sentença arbitral estrangeira ganhar
eficácia no território nacional, não mais exigindo a homologação da sentença arbitral no Judiciário de
origem.
Quanto à homologação propriamente dita, é necessária a observância dos requisitos presentes nos
artigos 38 e 39 da Lei de Arbitragem. O artigo 38 estabelece parâmetros para identificar se a decisão
arbitral estrangeira observou a regularidade do procedimento arbitral como um todo. Cita-se, como
exemplo, a necessidade de se observar a capacidade das partes que aderiram à convenção de
arbitragem, bem como a validade da convenção arbitral perante a legislação do país de origem, a
observância ao princípio do contraditório, se a sentença respeitou os limites da convenção de
arbitragem e, finalmente, se a referida sentença não foi anulada ou suspensa no país de origem. O
artigo 39, por sua vez, ressalva a necessidade de observar se, segundo a lei brasileira, o objeto do
litígio é arbitrável e se a decisão ofende a ordem pública nacional.
Além disso, merece especial atenção o artigo 34 da Lei de Arbitragem, que torna expresso que a
sentença arbitral estrangeira terá seu reconhecimento ou execução no Brasil se estiver em
conformidade com os tratados internacionais em eficácia no Brasil e, na ausência desses, em
conformidade com os termos da própria Lei 9.307/96 (LGL\1996\72). Nesse ponto, afirma-se que a Lei
de Arbitragem reconheceu uma prevalência dos tratados internacionais sobre a legislação da matéria,
tratando-se de relevante inovação legal7.
Com isso em mente, portanto, passa-se a abordar a relevante Convenção de Nova York, que foi
ratificada pelo Brasil pelo Decreto 4.311/2002 (LGL\2002\234) e, por conta do estabelecido pelo artigo
34 da Lei de Arbitragem, prevalece sobre as disposições das legislações internas no que se refere à
homologação de sentenças arbitrais estrangeiras.
Como demonstra Humberto Dalla, o Superior Tribunal de Justiça já emitiu decisão sobre esse aspecto e
consolidou o entendimento de que, de fato, a Convenção de Nova York possui hierarquia legal sobre a
legislação interna.8 Especialmente sobre esse tema, entende-se que o reconhecimento de sua
hierarquia legal é extremamente relevante, pois é capaz de dirimir eventual conflito das leis aplicáveis.
Acrescenta-se, ainda, que a própria Convenção dispõe em seu artigo VII que caso a lei interna seja
mais favorável, esta prevalece sobre a Convenção.
A regra da máxima eficácia dos laudos arbitrais, como demonstram Selma Ferreira Lemes e Adriana
Braghetta em seus comentários à Convenção de Nova York, também é amplamente compreendida pela
doutrina internacional.9 O autor Pieter Sanders também adota a interpretação de que o artigo VII.1 traz
a compreensão da aplicação do direito mais favorável à sentença arbitral.10
Aliás, faz-se relevante ressaltar que a própria Convenção de Nova York detém um posicionamento que
busca favorecer a homologação, possuindo um claro objetivo de facilitar o reconhecimento de
sentenças arbitrais estrangeiras.11 Nas palavras de Redfern e Hunter:
“Enshrining as it does a strong pro-enforcement policy, the New York Convention provides for the
recognition and enforcement of foreign arbitral awards by national courts, subject to a handful of
procedural and substantive grounds for objecting to enforcement that are intended to be limited in
scope.”12
Portanto, será sob a ótica favorável ao reconhecimento de sentenças arbitrais estrangeiras presente na
Convenção de Nova York que o presente artigo irá se basear para comentar as hipóteses de
indeferimento na homologação de decisões arbitrais estrangeiras no Brasil. Antes disso, contudo, é
necessário delimitar conceitualmente a exceção de ordem pública para melhor explorá-la na prática.
1.2. Parâmetros para a concretização do conceito de ofensa à ordem pública
Compreender e elencar os principais parâmetros que concretizam o conceito de ofensa à ordem pública
é essencial para o objeto deste artigo. Para tanto, serão feitas algumas exposições da doutrina
especializada nessa temática, buscando demonstrar o posicionamento atual dos autores quanto à
materialização conceitual de ordem pública.
A definição do conceito de ordem pública não é tarefa simples. Contudo, é importante não deixar a
abstração do conceito gerar insegurança jurídica na sua aplicação. Na doutrina de Ricardo Ramalho
Almeida, a ordem pública é um limite que se impõe às partes e ao julgador.13 Na mesma linha, Jacob
Dolinger atribui à ordem pública uma natureza de princípio, o qual “rejeita a aplicação da lei atentatória
à sensibilidade jurídica, à ordem moral e aos interesses econômicos de um país”14.
Para melhor visualização do conceito, acrescenta-se, ainda, que Nadia de Araujo compreende a ordem
pública como “núcleo duro” do ordenamento jurídico do foro, que consiste nos valores essenciais de
justiça. Segundo a autora, a ordem pública no Brasil pode ser interpretada como uma barreira que
busca a proteção dos direitos fundamentais, os quais foram consagrados no topo da pirâmide
normativa após a promulgação da Constituição Federal de 1988.15 Por esse motivo, Araujo expõe que o
conceito pode ser maleável de acordo com as mudanças nos costumes e a evolução temporal do
direito.
A autora também demonstra os dois efeitos que a aplicação da exceção de ordem pública gera. O
primeiro se trata do efeito negativo, sendo aquele que irá afastar a aplicação da legislação estrangeira,
uma vez que seria incompatível com o ordenamento jurídico brasileiro. O efeito positivo, de maneira
reflexa, autorizaria a aplicação da lei adequada ao conflito, permitindo que o órgão competente adeque
a situação à ordem jurídica local.16
Nada obstante, Hanotiau e Caprasse demonstram que a ordem pública deve ser classificada como o
último recurso, a última barreira à autonomia de vontade da arbitragem internacional.17 Na doutrina
nacional, percebe-se que Lidia Spitz também adota a posição de que a ordem pública não pode ter seu
conceito injustificadamente estendido para denegar a homologação de sentenças estrangeiras. Segundo
a autora:
“Não se pode, sob a justificativa de mácula à ordem pública nacional, negar a homologação nas
hipóteses em que o direito estrangeiro aplicado ao caso concreto seja meramente diferente daquele
que seria aplicável no Brasil se a ação fosse julgada por tribunal doméstico.”18
Com isso em vista, é importante frisar que a ordem pública nacional e a ordem pública internacional
possuem alcances distintos. Conforme aponta Vera Cecília Monteiro de Barros, no Direito Interno a
ordem pública ocupa uma função de limitar a vontade das partes. Já no Direito Internacional Privado, a
ordem pública se trata de instituto que visa impedir a aplicação de legislação estrangeira, bem como o
reconhecimento de atos realizados no exterior e a execução de sentenças estrangeiras.19
Inclusive, a interpretação de que a Convenção de Nova York endossa o conceito de ordem pública
internacional na sua aplicação é sustentada por boa parte da doutrina. Conforme ressaltam Fouchard,
Gaillard e Goldman, apesar da CNY se referir à ordem pública do país de destino, o país deve sempre
observar a ordem pública internacionalna homologação de sentenças arbitrais estrangeiras.20
Nesse contexto, como bem conclui Humberto Dalla, o artigo 39, inciso II, da Lei de Arbitragem está
alinhado com o artigo V.2.b da Convenção de Nova York, o que faz possível concluir que o ordenamento
jurídico brasileiro também comporta a interpretação restritiva que a ordem pública internacional
exige.21
Alinhado a essa visão, André Abbud aponta que o Brasil, essencialmente, também deve observar o
conceito de ordem pública internacional no procedimento homologatório de decisões arbitrais
estrangeiras.22 Eduardo Damião Gonçalves vai ainda mais além:
“Do Judiciário brasileiro, cumpre esperar que abandonem a referência à LBA e passem a decidir os
casos de homologação de sentença estrangeira com base na CNI, de modo que o Brasil possa dar
também sua contribuição na construção da jurisprudência mundial em torno desta convenção
internacional.”23
Assim, os parâmetros que devem ser observados pelo ordenamento jurídico brasileiro ao homologar
sentenças arbitrais estrangeiras devem levar em conta o artigo V.2.b da Convenção de Nova York e,
portanto, aplicar o conceito de ordem pública internacional. Nesse sentido, tratando especificamente da
interpretação de ordem pública presente na Convenção de Nova York:
“(…) the Convention’s ‘public policy’ defence should be construed narrowly, and that enforcement of
foreign arbitral awards should be denied on this basis only ‘where enforcement would violate the forum
state’s most basic notions of morality and justice.”24
Ou seja, uma vez que a Convenção tem por objetivo facilitar o reconhecimento e a execução de
sentenças arbitrais estrangeiras, considera-se necessário interpretar o conceito de ordem pública
internacional de forma restritiva, evitando-se estender o conceito para não gerar significativa
insegurança jurídica no momento de homologação da decisão arbitral proferida no estrangeiro.
Em artigo recente sobre o tema, Ricardo Ramalho Almeida traz importante contribuição sobre a ordem
pública internacional. O autor considera a ordem pública internacional mais liberal em relação à ordem
pública interna, uma vez que a ordem pública internacional tolera e aceita divergências das normas
internas de outros ordenamentos jurídicos, não repelindo de pronto a sua aplicação apenas por suas
diferenças em relação ao ordenamento jurídico que se busca reconhecer e executar a sentença
estrangeira.25
Finalmente, considera-se importante distinguir, de forma sucinta, o que se compreende como ordem
pública processual e ordem pública material. Segundo a autora Vera Cecília Monteiro de Barros, a
ordem pública processual se atentará a garantir às partes uma decisão em conformidade com a lei
processual aplicável, em especial aos seus princípios fundamentais, de forma que sua inobservância
tornaria a sentença arbitral inconciliável com os valores reconhecidos em um Estado de Direito. A
ordem pública material, por sua vez, é violada quando não restam observados os preceitos
fundamentais do Direito material aplicável, quando o conteúdo da sentença afronta os principais
aspectos econômicos e estatais fundamentais.
Diante do exposto, foi possível perceber que a ordem pública é um conceito extremamente maleável,
que se adapta ao tempo em que é suscitada e ao caso concreto. Dessa forma, faz-se imprescindível
analisar a forma que o instituto se apresenta na prática para sua melhor visualização, em especial na
realidade jurisprudencial brasileira.
2. Análise de casos
Após o devido levantamento dos principais fundamentos e da legislação aplicável na homologação de
sentenças arbitrais estrangeiras pelo Superior Tribunal de Justiça, passa-se a analisar os casos
concretos em que o STJ suscitou o debate a respeito da aplicação do critério de ordem pública para não
homologar sentenças arbitrais estrangeiras.
É importante ressalvar que as decisões que indeferiram a homologação de sentenças arbitrais
estrangeiras com base na exceção à ordem pública foram em número relativamente baixo, permitindo-
se dizer que o STJ possui uma postura favorável quanto à homologação.26
Por isso, os casos que serão trabalhados a seguir observarão o critério temporal, ou seja, serão
apontados os casos mais recentes, também fazendo-se necessário usar o critério da especialidade, de
forma que serão indicados apenas casos que suscitaram a ordem pública processual, ainda que de
maneira reflexa. Dessa forma, permite-se um debate mais atual e objetivo sobre a temática, com a
necessária abordagem no tempo presente que a discussão exige. Neste Capítulo, portanto, serão
analisados os casos mais recentes sobre o tema, quais sejam: (i) SEC 854/US e 853/US e (ii) SEC
9.412/US.
Antes de tratar especificamente de cada caso, será feita uma brevíssima introdução sobre os principais
conceitos que foram suscitados pela sentença denegatória de homologação, bem como conceitos-chave
do Direito Internacional Privado e Direito Processual Civil, para que se possa compreender em que
contexto a ordem pública foi aplicada pelo Superior Tribunal de Justiça.
2.1. Sentença Estrangeira Contestada 854/US e Sentença Estrangeira Contestada 853/US
2.1.1.Competência concorrente, princípio constitucional do acesso à justiça e ordem pública
O27-28 presente caso trouxe uma discussão interessantíssima sobre a competência concorrente no
Direito Internacional Privado e seus limites jurisdicionais. Em linhas gerais, mostra-se importante
apontar o que se compreende como competência concorrente. Mais uma vez fazendo uso da doutrina
de Nadia de Araujo, entende-se a competência concorrente como a hipótese em que o Estado brasileiro
se julga competente para julgar a lide, mas admite que a justiça de outro país também o faça.29
Além disso, a autora aponta que na hipótese de competência concorrente, ao mesmo tempo que o
Brasil não abdica sua competência, a norma nacional também não exclui a jurisdição de outros Estados.
É necessário observar, ainda, que caso a ação no exterior tenha seu início em momento simultâneo à
ação proposta no Brasil, a justiça brasileira será competente e possuirá independência em relação à
ação estrangeira – e, caso a questão seja resolvida no território brasileiro antes, a sentença estrangeira
não poderá ser homologada. Aliás, o artigo 24 do CPC (LGL\2015\1656) traz importante disposição
sobre o tema, pois estabelece que, em caso de coincidência de ações, somente após a homologação da
sentença estrangeira que a ação proposta no Brasil e sem trânsito em julgado terá seu prosseguimento
interrompido.
Tendo isso em vista, passa-se a tratar rapidamente sobre o princípio constitucional do acesso à justiça,
consagrado pelo artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal – materializando-se, portanto, em
cláusula pétrea no ordenamento jurídico brasileiro. Tratando sobre o tema, Cândido Rangel Dinamarco
leciona: “[O acesso à justiça] figura como verdadeira cobertura geral do sistema de direitos, destinada
a entrar em operação sempre que haja alguma queixa de direitos ultrajados ou de alguma esfera de
direitos atingida.”30
Como abordam Dalla e Stancati, o acesso à justiça se trata de um direito social básico, que não apenas
garante aos cidadãos o acesso aos órgãos jurisdicionais, mas também funciona como mecanismo de
efetivo acesso à uma ordem jurídica justa, alinhada aos princípios do Estado Democrático de Direito.31
Assim, de acordo com o que foi demonstrado, tanto o instituto da competência concorrente quanto o
próprio princípio do acesso à justiça são basilares do ordenamento jurídico brasileiro e de extrema
importância para o fortalecimento do Estado de Direito. Dessa forma, a discussão travada nos
procedimentos SEC 854/US e SEC 853/US trouxe importantes reflexões sobre esses institutos e sua
relação com a ordem pública nacional. É o que se passa a demonstrar.
2.1.2. Breve síntese do caso, os fundamentos para a homologação parcial da sentença
estrangeira e o indeferimento da homologação da sentença arbitral estrangeira
O processo de homologação SEC 854/US teve como origema relação contratual entre a empresa
americana GEMS IT e a brasileira Tecnimed, que estavam envolvidas em três procedimentos distintos,
quais sejam: o procedimento arbitral, a ação judicial brasileira distribuída à Décima Vara Cível de Porto
Alegre pela Tecnimed para suspender a arbitragem, diante da nulidade da cláusula arbitral, e uma ação
judicial americana distribuída perante o estado de Nova York também visando suspender a arbitragem,
ambas movidas pela empresa brasileira.
Essencialmente, o litígio girava em torno de dois contratos celebrados entre as partes – o primeiro
tratava-se de um contrato de Vendas e Serviços, e o segundo de Distribuição. A controvérsia surgiu
após a GEMS IT alegar que a Tecnimed estaria devendo cerca de US$ 1,2 milhão em faturas não pagas
e, de acordo com a Tecnimed, a GEMS IT estaria vendendo produtos diretamente no mercado brasileiro,
violando as licenças concedidas nos contratos celebrados.
Pois bem. A corte judicial americana compreendeu que o litígio era arbitrável e determinou que a parte
brasileira tomasse as medidas necessárias para arquivar o processo judicial brasileiro. A GEMS IT
também distribuiu medida cautelar perante o Tribunal norte-americano objetivando o impedimento de
prosseguimento da ação judicial brasileira. Ante a demora em providenciar o arquivamento, a empresa
brasileira incorreu em desobediência, de acordo com a decisão americana nesse sentido, e seria
criminalmente responsabilizada.
Em apertada síntese dos votos proferidos na SEC 854/US, tem-se que o Ministro Relator Massami
Uyeda votou no sentido de indeferir o pedido homologatório referente às sentenças judiciais americanas
que reconheciam a validade do procedimento arbitral e negavam a jurisdição do Poder Judiciário
brasileiro para dirimir a controvérsia sobre a validade da convenção de arbitragem. O Ministro ressalvou
que a existência da ação anulatória em andamento no Brasil não obstaria, por si só, a homologação,
mas considerou inviável a homologação pelo fato de existir decisão pátria diametralmente oposta sobre
a mesma questão (ou seja, reconhecendo a nulidade da cláusula arbitral), sob pena de ferir a soberania
nacional.32
Além disso, fundamentou em seu voto a necessidade de se indeferir o trecho da sentença que
cominava sanções de cunho civil e criminal caso a requerida mantivesse as ações brasileiras em curso,
sustentando que o referido trecho se tratava de renúncia do direito de ação, que o Estado brasileiro
resguardava a apreciação pelo Poder Judiciário de lesão ou ameaça de direito e que, portanto, haveria
ofensa à soberania nacional.
Em voto-vista, que se tornou o voto vencedor, o Ministro Sidnei Beneti divergiu do voto do Ministro
Massami Uyeda em relação à homologação das sentenças estrangeiras. O Ministro considerou que,
diante da anterioridade do trânsito em julgado das sentenças americanas, essas deveriam prevalecer
sobre o julgamento nacional. O Ministro refutou, ainda, a invocação da soberania nacional, pois em
sede de competência concorrente, foi a sentença americana que transitou em julgado primeiro. Ele
afirmou que o fato de a instauração da arbitragem ter ocorrido antes mesmo das duas ações judiciais
deveria pesar para a homologação da sentença estrangeira, que prestigiava a opção voluntária das
partes pela arbitragem.
Concluindo o seu voto no sentido de deferimento da homologação, o Min. Sidnei Beneti levantou o
princípio da kompetenz-kompetenz a respeito da necessidade de o próprio Tribunal Arbitral ter poderes
para decidir sobre sua jurisdição, apontando que a requerida havia provocado a jurisdição estatal antes
mesmo da manifestação do Tribunal Arbitral sobre a validade de cláusula arbitral.
Interessante notar que o voto do Ministro prestigiou o instituto da arbitragem em diversas passagens e
ainda ressalvou que o obstáculo da ordem pública, sob a alegação e ofensa à soberania nacional, não
poderia se tornar um conceito com larga extensão de forma a antagonizar-se ao direito processual
internacional.
Na visão do Ministro, contudo, havia apenas uma disposição presente nas sentenças estrangeiras que
não poderia ser homologada. O referido trecho tratava, justamente, da determinação que ordenava a
requerida a desistir da ação em andamento no Brasil, sob pena de responsabilização. A respeito desse
ponto, suscitou que haveria obstáculo no princípio do acesso à justiça (artigo 5º, XXXV, CF
(LGL\1988\3)), que se tratava de cláusula pétrea. A Corte Especial, por maioria, deferiu parcialmente
os pedidos de homologação, nos termos apresentados pelo Min. Sidnei Beneti.
Simultaneamente a isso, também tramitava o pedido homologatório da SEC 853/US, que se referia
especificamente à sentença arbitral. Curiosamente, o pedido de homologação foi indeferido, uma vez
que o Min. Relator Jorge Mussi, em decisão monocrática (com amparo no artigo 216-K do Regimento
Interno do STJ33), apontou que a ação anulatória brasileira que versava sobre a validade da cláusula
arbitral havia transitado em julgado em 24.09.2012 e que, por esse motivo, obstaria a homologação da
sentença arbitral condenatória.
Fundamentou o indeferimento com base no argumento de que a existência de sentença brasileira já
transitada em julgado impediria a homologação de sentença estrangeira que versava sobre o mesmo
objeto. Caso fosse homologada, haveria ofensa à soberania nacional.
Ante a recente decisão do caso, ainda não se observou ampla discussão sobre os desdobramentos
dessa demanda. Nada obstante, é possível perceber que a discussão travada na SEC 854/US a respeito
da ofensa à ordem pública e à soberania nacional quando há pedido de homologação de sentença
estrangeira simultaneamente a processo brasileiro com objeto idêntico ou semelhante pode trazer
grande contribuição com o estudo e desenvolvimento do Direito Internacional Privado e da arbitragem
internacional no país.
Por fim, ressalva-se o voto do Min. Sidnei Beneti, que de maneira correta ponderou a aplicação da
exceção à ordem pública no caso concreto, com o cuidado de afirmar a impossibilidade de estender o
conceito em demasiado. Tal posição reforça a postura que o Superior Tribunal de Justiça vem adotado
para homologar os pedidos de sentenças estrangerias e prestigiar a cooperação internacional entre as
jurisdições.
2.2. Sentença Estrangeira Contestada 9.412/US
2.2.1. Dever de revelação dos árbitros, imparcialidade e a exceção à ordem pública
Antes34 de tratar propriamente o caso, é importante compreender o debate central que foi travado pelo
Superior Tribunal de Justiça. A problemática da ordem pública se pautou em torno do dever de
revelação do árbitro e sua suposta imparcialidade para julgar o caso. Visando a melhor análise do caso
concreto, serão feitas algumas considerações sobre esses dois institutos.
Primeiramente, o dever de revelação é o dever do árbitro de informar às partes, ou à própria câmara
de arbitragem, sobre qualquer circunstância que possa afetar a sua independência ou imparcialidade,
sob o ponto de vista dos participantes daquele procedimento arbitral. O objetivo do dever de revelação
é, portanto, permitir que as partes possam alegar o seu impedimento, se assim optarem. A importância
do dever de revelação se dá, portanto, pelo fato de que é através dessa revelação que as partes
conseguem exercer o seu direito de contestar a escolha do árbitro. É o que se vê na doutrina de Gary
Born:
“The arbitrator’s disclosure obligations are intended primarily to enable the parties to ascertain whether
prospective arbitrators satisfy applicable standards of independence and impartiality, and to exercise
their challenge rights if they believe that these standards are not satisfied.”35
A grande problemática que esse princípio encontra é a de determinar quais fatos seriam significativos
para a revelação. Segundo Fouchard, Gaillard e Goldman, os fatos que não precisam ser revelados
devem atender duas condições: (i) eles devem ser publicamente notórios, de forma que qualquer
revelação sobre o tema seria irrelevante ou (ii) os fatosnão devem suscitar “dúvida razoável” quanto à
independência do árbitro.36
Na doutrina nacional, Humberto Dalla também aponta a necessidade de se observar o dever de
revelação, devendo o árbitro revelar e indicar qualquer situação que possa comprometer sua
imparcialidade, conforme estabelece o artigo 14, § 2º, da Lei de Arbitragem. O autor aponta, ainda,
que a regra tem por finalidade evitar que as partes sejam surpreendidas com alguma informação que
não tinham ciência. Inclusive, o requisito de imparcialidade do árbitro é de suma importância, sob pena
de eventual ação anulatória sobre a matéria, nos termos do artigo 21, § 2º c/c o art. 32, VIII, da Lei de
Arbitragem. Tal demonstração permite concluir que a doutrina nacional e a estrangeira estão alinhadas
quanto à importância do dever de revelação e a imparcialidade do árbitro.
No debate aqui proposto, é possível perceber que no caso SEC 9.412/US a discussão sobre
imparcialidade do árbitro foi justamente a tratada no contexto da ordem pública nacional. Isso porque,
será possível perceber que o STJ estendeu o conceito de ordem pública para fazê-lo alcançar os termos
do artigo 21, § 2º, da Lei de Arbitragem, que, de fato, garante expressamente que o procedimento
arbitral deverá observar a imparcialidade do árbitro e seu livre convencimento.
No entanto, a decisão abre perigoso precedente, já que os requisitos para a configuração de
imparcialidade em país estrangeiro podem ser diferentes dos standards nacionais. A questão, nesse
caso, ainda se agrava porque tanto no Tribunal Arbitral quando no Judiciário estrangeiro, a questão da
imparcialidade já havia sido enfrentada e ambos entenderam que o vício não estaria configurado.
Conforme se demonstrará, o STJ deixou de homologar duas sentenças arbitrais por entender,
essencialmente, que elas ofendiam a ordem pública nacional. Considerou-se ofensa à ordem pública “a
sentença arbitral emanada de árbitro que tenha, com as partes ou com o litígio, algumas das relações
que caracterizem os casos de impedimento ou suspeição de juízes”37, com base nos artigos 14 e 32, II,
da Lei 9.307/96 (LGL\1996\72).
2.2.2. O caso e o indeferimento de homologação
No caso em comento, a relação das partes, em síntese, se firmou com a aquisição pelo Grupo Abengoa
do controle do Grupo Dedini Agro. Posteriormente, após assumir o controle do grupo, o Grupo Abengoa
se sentiu lesado por entender que o vendedor havia manipulado e omitido diversas informações
durante a auditoria e o processo de negociação.
A principal controvérsia, nesse contexto, está no fato de que o Grupo Dedini Agro teria afirmado possuir
capacidade para moer cerca de 7,1 milhões de toneladas de cana por ano-safra, mas constatou-se um
déficit de 1 milhão na capacidade de moer, o que deu ensejo ao pedido indenizatório – feito através de
dois procedimentos arbitrais.
As referidas arbitragens usaram Nova York como sede, fazendo uso da lei brasileira para resolver a
controvérsia. O Tribunal Arbitral, ao final, condenou o Grupo Dedini Agro ao pagamento de cerca de
US$ 132.000.000,00 (centro e trinta e dois milhões de dólares), dos quais cem milhões de dólares
foram fixados como indenização pelo fato de as usinas terem capacidade de moagem de 6 milhões de
toneladas/ano, em vez dos 7 milhões inicialmente afirmado.
O procedimento homologatório no STJ, naturalmente, teve seu início a requerimento das partes
vencedoras da arbitragem – o Grupo Abengoa. Nesse contexto, o Grupo Dedini Agro, que figura como
parte requerida na SEC 9.421/EX, alegou, no sentido de indeferimento do pedido homologatório, os
principais pontos, aqui elencados: (i) a parcialidade do Juiz Presidente do Tribunal Arbitral, uma vez que
seria sócio sênior da banca de advocacia que teria representado as empresas requerentes em diversas
causas; (ii) a desconsideração de provas (correspondências eletrônicas) essenciais para a defesa; (iii) a
violação dos princípios da reparação integral e da legalidade e o desrespeito, no momento da fixação da
indenização, à lei acordada e aplicável à controvérsia (brasileira) objeto da sentença CCI 16.513.
Importante ressaltar que, especificamente quanto à suposta imparcialidade do árbitro, houve ação
anulatória para esse fim nos Estados Unidos, que foi julgada improcedente. No entanto, a
argumentação do STJ sobre o tema foi no sentido de que a Justiça Federal americana não vincula as
decisões brasileiras e, além disso, a sentença proferida pela Justiça Federal americana à luz de sua
própria legislação não teria o condão de obstar o exame do STJ quanto a possível ofensa à ordem
pública nacional decorrente da alegada imparcialidade do árbitro presidente. Além disso, sustentou que
a justiça americana usou outros critérios de análise da imparcialidade, diferentemente dos que seriam
utilizados pelo direito brasileiro.
Nesse sentido, a parcialidade do árbitro foi defendida pelo Grupo Dedini Agro através da argumentação
de que o escritório de advocacia Debevoise & Plimpton LLP, do qual o árbitro presidente era sócio
sênior, recebeu da empresa Abengoa Solar, integrante do Grupo Abengoa, no período de arbitragem, o
montante de US$ 6,5 milhões a título de honorários, tratando-se de fato incontroverso, mas que não
havia sido revelado pelo árbitro presidente. Os referidos honorários seriam relativos à assessoria
prestada pelo escritório na estruturação de investimentos por meio do Departamento de Energia
americano de dois grandes projetos de energia solar do Grupo Abengoa.
Por outro lado, em sua defesa, o Grupo Abengoa alegou que o escritório de advocacia do árbitro
presidente não prestou assistência direta às empresas do Grupo Abengoa, mas estritamente ao
Departamento de Energia dos EUA, e essa assessoria ao Departamento de Estado foi, portanto, o que
ensejou o recebimento dos honorários. Alegaram, ainda, que pelas regras americanas, as empresas
interessadas na realização de investimentos no setor de energia deveriam arcar com todos os custos
envolvidos na obtenção do financiamento. Concluíram, assim, que esses honorários não constituiriam a
relação advogado-cliente entre a empresa e o escritório escolhido.
O voto do Min. João Otávio de Noronha, que foi o vencedor no SEC 9.421/US, entendeu que bastaria a
configuração de uma relação de credor x devedor entre o escritório de advocacia e o grupo econômico
para se materializar a hipótese de impedimento. Nesse sentido, afirmou:
“(...) ainda que essa relação de devedor e credor entre a empresa Abengoa Solar, integrante do grupo
Abengoa e o escritório do árbitro presidente fosse de desconhecimento do árbitro, já é suficiente para
colocar objetivamente em dúvida sua independência.”38
Além disso, o Ministro considerou que constava nos autos outras operações em que o escritório de
advocacia do árbitro presidente teve contato com o Grupo Abengoa, de forma que, ainda que não
configurada a relação de advogado-cliente, mostrava que o escritório teve contatos relevantes com
sociedades do Grupo Abengoa.
O parecer elaborado pelo Dr. Carlos Alberto Carmona nos autos foi no sentido de que o árbitro se
desincumbiu do seu dever de revelação, já que não se sabe qual o nível de relacionamento que pode
resultar de uma negociação contratual – por esse motivo é que se exige o contato entre o árbitro e
partes seja informado.39
Interessante notar, ademais, que pelo fato de ter sido reconhecida a violação à ordem pública, o voto
do Min. João Otávio de Noronha adentrou no mérito da demanda e compreendeu que a condenação
indenizatória extrapolou os limites da convenção de arbitragem, que determinava a aplicação da lei
brasileira. Sobre esse ponto, que também foi trabalhado como violação à ordem pública, o Ministro
interpretou que o Tribunal Arbitral havia reconhecido a caracterização do dolo acidental e fixado
indenização com base numa avaliação financeira do negócio, o que não prestigiou o entendimento do
artigo 944 do Código Civil (LGL\2002\400)40, pois se trataria de dano hipotético.
Assim, o voto do relator foi conclusivo no sentido de queo direito brasileiro não autoriza a condenação
na obrigação de indenizar em valor que supere os efetivos prejuízos suportados pela vítima, tendo a
sentença arbitral extrapolado os limites da convenção de arbitragem. A homologação também foi
recusada nessa parte, em conformidade com o artigo 38, IV, da Lei de Arbitragem.
Insta salientar que o Min. Felix Fischer, que havia anteriormente votado no sentido de não homologar
as sentenças arbitrais estrangeiras, retificou o seu voto para que fosse deferido o pedido. É relevante
ressaltar que o Ministro reforçou em seu voto a necessidade de se observar o juízo de delibação que foi
adotado pelo ordenamento jurídico brasileiro. Sustentou o Ministro que, ao reanalisar as razões pelas
quais o árbitro não seria parcial – sendo que tal pleito já havia sido objeto de julgamento no exterior –
o juízo delibatório não estaria sendo respeitado.
O Ministro também faz importante ponderação sobre o uso do critério de ordem pública, reforçando que
a sua aplicação deve ser feita para afastar da ordem jurídica atos “absolutamente repugnantes” à
ordem social interna41. Além disso, afirmou que compreender de maneira diferente iria de encontro
com o espírito da Convenção de Nova York e da Lei de Arbitragem. O Ministro também fez alusão ao
que já foi aqui discutido a respeito da necessidade de se observar o conceito de ordem pública
internacional que a Convenção de Nova York ampara.
Nada obstante, a Corte Especial votou por maioria pelo indeferimento do pedido de homologação das
sentenças arbitrais estrangeiras, sustentando que restaram reconhecidos elementos objetivos aptos a
comprometer a imparcialidade e a independência do árbitro-presidente nesse caso. Em atenção aos
artigos 13, 14, caput e § 1º, 32, II e IV, 38, V, e 39, II, da Lei de Arbitragem, a sentença não foi
homologada.
Pois bem. Analisados os termos do acórdão, e em linha com a doutrina sobre o tema, é possível
concluir que a decisão do STJ foi questionável e abriu margem para muitos debates, tanto na
comunidade arbitral brasileira, quanto na internacional.
A maior preocupação da doutrina está no fato do total desprestígio dos julgadores quanto ao disposto
na Convenção de Nova York, pois foi considerada apenas a lei brasileira para resolver a controvérsia.42
Com a Convenção, teria sido observada uma noção de ordem pública internacional, cujos limites são
mais estreitos, bem como seria levada em consideração a prática internacional à luz do ordenamento
jurídico brasileiro.
Aliás, como bem analisam Flávia Bittar Neves e Luciana Aguiar S. F. de Toledo, é fato que o artigo 39,
II, da Lei de Arbitragem, trazido pelo Min. João Otávio de Noronha, é muito semelhante ao dispositivo
V, 2 (b) da Convenção de Nova York, que também entende que o dever de imparcialidade do árbitro é
uma questão de ordem pública.43 Assim, a sua violação pode impedir que a eficácia da sentença arbitral
seja reconhecida pelos países signatários da Convenção. O resultado do SEC 9.412/US também poderia
sido o mesmo, ainda que usada a fundamentação legal da Convenção.
3. Constatações finais
O objetivo do presente artigo foi trabalhar casos recentes em que a homologação de sentenças arbitrais
estrangeiras foi analisada sob o prisma de desrespeito à ordem pública nacional. Essencialmente,
buscou-se delimitar de que forma esse critério se materializou na prática pelo Superior Tribunal de
Justiça, bem como tratar os principais fundamentos presentes no ordenamento jurídico brasileiro que
geraram a aplicação da exceção à ordem pública para justificar o indeferimento da homologação.
Teceu-se, então, brevíssimos comentários sobre o juízo de delibação que é adotado pelo Superior
Tribunal de Justiça, com apontamentos sobre como esse juízo é feito na prática e sua relevância dentro
do contexto do Direito Internacional Privado. Ato contínuo, foram analisadas as normas aplicáveis ao
procedimento homologatório, momento em que se deu especial atenção à Lei de Arbitragem e à
Convenção de Nova York. Viu-se que as referidas normas possuem uma interpretação favorável ao
reconhecimento de decisões arbitrais e buscam facilitar a circulação de sentenças arbitrais proferidas
no estrangeiro.
Finalmente, abordou-se parâmetros para a concretização do conceito de ofensa à ordem pública. Nesse
momento, trabalhou-se a necessidade de se reconhecer a divergência entre o que se entende como
ordem pública internacional e ordem pública nacional. Foi frisado que a Lei de Arbitragem possui a
mesma redação da Convenção de Nova York sobre esse tema, o que, portanto, autorizaria a aplicação
pelo STJ do conceito de ordem pública internacional nos procedimentos homologatórios.
A partir desse momento, passou-se a tratar de recentes casos concretos em que o Superior Tribunal de
Justiça suscitou o critério de ordem pública para não homologar sentenças arbitrais estrangeiras.
Assim, foram escolhidos os casos SEC 854/US e 853/US (ações conexas) e, por fim, a SEC 9.412/US.
É importante constatar que a Corte ao longo do tempo foi consolidando sua posição em favor da
homologação. Aliás, em inúmeros casos, o critério de ordem pública foi suscitado pela parte
contestante e afastado pelo Superior Tribunal de Justiça para deferir a homologação.
Assim, foi possível concluir, nos casos aqui abordados, que o Superior Tribunal de Justiça fez uso do
conceito de ordem pública de maneira expansiva, mas é inegável que o Tribunal vem se consagrando
como favorável à homologação de sentenças arbitrais estrangeiras. Em relação à discussão do critério
de ordem pública, viu-se que esse conceito ainda permite amplo debate. Diferentemente do que se
objetivava inicialmente neste artigo, não se recomenda limitar o conceito de ordem pública de maneira
objetiva demais, sob o risco de sua aplicação se tornar ainda mais complexa.
O que se espera, após analisados os casos concretos, é que o Superior Tribunal de Justiça, ao trazer o
critério de ordem pública, exponha seus parâmetros e limites de aplicação de maneira clara e bem
fundamentada, fazendo uso dos critérios previstos pela Convenção de Nova York e pela Lei de
Arbitragem. Dessa forma, o Brasil cada vez mais se consolidará como país em que o instituto da
arbitragem é reconhecido e respeitado pelos órgãos jurisdicionais.
Bibliografia
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de homologação no Brasil: inspiração no Projeto de Sentenças da Conferência da Haia, Tese
(Doutorado), UERJ, Rio de Janeiro, 2018. Disponível em: [www.bdtd.uerj.br/tde_busca/arquivo.php?
codArquivo=15077]. Acesso em: 22.05.2020.
WALD, Arnoldo; LEMES, Selma Ferreira: Arbitragem comercial internacional: a Convenção de Nova
Iorque e o Direito Brasileiro. São Paulo: Editora Saraiva, 2011.
 
 
 
1 .Artigo produzido a partir da monografia “A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça na
homologação de sentenças estrangeiras: uma análise do critério de ordem pública”, realizada sob a
orientação do Prof. Dr. Humberto Dalla Bernardina de Pinho e apresentada para a obtenção de grau de
Bacharel em Direito no Ibmec/RJ, jul. 2020.
 
2 .CPC. Art. 27. A cooperação jurídica internacional terá por objeto: I – citação, intimação e notificação
judicial e extrajudicial; II – colheita de provas e obtenção de informações; III – homologação e
cumprimento de decisão; IV – concessão de medida judicial de urgência; V – assistência jurídica
internacional; VI – qualquer outra medida judicial ou extrajudicial não proibida pela lei brasileira.
Código de Processo Civil (BRASIL. Código de Processo Civil. Art. 27. Disponível em:
[www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm]. Acesso em: 10.06.2020).
 
3 .ARAUJO, Nadia de. Direito internacional privado: teoria e prática brasileira. São Paulo: Ed. RT, 2018,
p. 257.
 
4 .Sobre a contenciosidade limitada e a impossibilidade de análise de mérito, confira-se os seguintes
julgados: SEC. 3932/GB, STJ; SEC 507/GB; SEC 269/RU; SEC 1.043/AR; SEC 2.277/US; SEC 7.741/
EU; SEC 4.638. Extraídos de DALLA, Humberto. Manual de mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva
Educação, 2019. p. 360.
 
5 .Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes
requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se
legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades
necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete
autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. (BRASIL. Lei de Introdução às
normas do Direito Brasileiro. Art. 15. Disponível em: [www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/
del4657compilado.htm]. Acesso em: 13.06.2020).
 
6 .CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem. São Paulo: Ed. RT, 2011. p. 78.
 
7 .Ibid., p. 364.
 
8 .SEC 5.782-EX, rel. Min. Jorge Mussi, DJe 16.12.2015. Disponível em: [ww2.stj.jus.br/processo/
pesquisa]. Acesso em: 18.06.2020.
 
9 .LEMES, Selma Ferreira; BRAGHETTA, Adriana. O artigo VII da Convenção de Nova Iorque. In: WALD,
Arnoldo; LEMES, Selma Ferreira: Arbitragem comercial internacional: a Convenção de Nova Iorque e o
Direito Brasileiro. São Paulo: Editora Saraiva, 2011. p. 322.
 
10 .SANDERS, Pieter; VAN DEN BERG, Albert Jan. Consolidated commentary Vol. III-IV. Yearbook
Commercial Arbitration. Kluwer Law International; ICCA, 1979. v. IV. p. 252.
 
11 .BORN, Gary B. International Commercial Arbitration. 2. ed. Kluwer Law International, 2014.
p. 3410. Disponível em: [www.kluwerarbitration.com/book-toc?
title=International%20Commercial%20Arbitration%20(Second%20Edition)#]. Acesso em: 21.06.2020.
 
12 .REDFERN, Alan; HUNTER, Martin. Redfern and hunter on international arbitration. 6. ed. Kluwer
Law International; Oxford University Press, 2015. p. 616. Disponível em: [www.kluwerarbitration.com/
book-toc?
title=Redfern%20and%20Hunter%20on%20International%20Arbitration%20(Sixth%20Edition]. Acesso
em: 21.06.2020.
 
13 .ALMEIDA, Ricardo Ramalho. Arbitragem comercial internacional e ordem pública. Rio de Janeiro,
Renovar, 2005. p. 24.
 
14 .DOLINGER, Jacob, 2007, p. 102 apud CAHALI, Francisco José. Curso de arbitragem. São Paulo: Ed.
RT, 2011. p. 372.
 
15 .ARAUJO, Nadia de. Direito internacional privado: teoria e prática brasileira. 16. ed. São Paulo: Ed.
RT, 2018. p. 95.
 
16 .Ibid., p. 95.
 
17 .HONATIAU e CAPRASSE, 1986 apud GONÇALVES, Eduardo D. Comentários ao artigo V(2)(b) da
Convenção de Nova Iorque. In: WALD, Arnoldo. LEMES, Selma F. Arbitragem comercial internacional.
São Paulo: Saraiva, 2011. p. 288.
 
18 .SPILBERG, Lidia Spitz. Necessidade e viabilidade do controle indireto da jurisdição estrangeira na
ação de homologação no Brasil: inspiração no Projeto de Sentenças da Conferência da Haia, Tese
(Doutorado), UERJ, Rio de Janeiro, 2018. p. 362-363. Disponível em: [www.bdtd.uerj.br/tde_busca/
arquivo.php?codArquivo=15077]. Acesso em: 22.05.2020.
 
19 .BARROS, Vera Cecília Monteiro de. Exceção de ordem pública na homologação de sentença arbitral
estrangeira no Brasil. São Paulo: Quartier Latin, 2017. p. 139.
 
20 .FOUCHARD, Phillipe; GAILLARD, Emmanuel; GOLDMAN, Bertold. Fouchard, Gaillard, Goldman on
International Commercial Arbitration. The Hague: Kluwer Law International, 1999. p. 997. No mesmo
sentido: “The public policy of the State where the arbitral award is invoked is thus not the internal
public policy of that country, but its international public policy, which is defined as being all that affects
the essential principles of the administration of justice of the performance of contractual obligations.”
(BORN, Gary B. International Commercial Arbitration. 2. ed. Kluwer Law International, 2014. p. 3657.
Disponível em: [www.kluwerarbitration.com/book-toc?
title=International%20Commercial%20Arbitration%20(Second%20Edition)#]. Acesso em: 21.06.2020.
 
21 .DALLA, Humberto. Manual de mediação e arbitragem. São Paulo: Saraiva Educação, 2019. p. 371.
 
22 .ABBUD, 2008, p. 209 apud DALLA, Humberto. Manual de mediação e arbitragem. São Paulo:
Saraiva Educação, 2019.
 
23 .GONÇALVES, Eduardo D. Comentários ao artigo V(2)(b) da Convenção de Nova Iorque. In: WALD,
Arnoldo; LEMES, Selma F. Arbitragem Comercial Internacional. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 293.
 
24 .REDFERN, Alan; HUNTER, Martin. Redfern and hunter on international arbitration. 6. ed. Kluwer
Law International; Oxford University Press, 2015. p. 643-644. Disponível em:
[www.kluwerarbitration.com/book-toc?
title=Redfern%20and%20Hunter%20on%20International%20Arbitration%20(Sixth%20Edition]. Acesso
em: 21.06.2020.
 
25 .ALMEIDA, Ricardo Ramalho. Arbitragem Comercial. Internacional e os 60 anos da Convenção de
Nova Iorque. São Paulo: Quartier Latin: 2019. p. 75.
 
26 .ARAUJO, Nadia de. Direito Internacional Privado: teoria e prática brasileira. São Paulo: Editora
Revista dos Tribunais, 2018, 16 ed., p. 405-406.
 
27 .STJ, SEC 854/US, rel. Min. Massami Uyeda, j. 07.11.2013. Disponível em: [https://scon.stj.jus.br/
SCON/GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=200501238031&dt_publicacao=07/11/2013]. Acesso
em: 21.06.2020.
 
28 .STJ, SEC 853/US, rel. Min. Jorge Mussi, j. 08.05.2019. Disponível em: [https://processo.stj.jus.br/
processo/revista/documento/mediado/?
componente=MON&sequencial=95416200&num_registro=200500800620&data=20190510] Acesso
em: 21.06.2020.
 
29 .ARAUJO, Nadia de. Direito internacional privado: teoria e prática brasileira. 16. ed. São Paulo: Ed.
RT, 2018. p. 176.
 
30 .DINAMARCO, Candido Rangel, 2005 apud DALLA, Humberto; STANCATI, Maria. A ressignificação do
princípio do acesso à justiça à luz do art. 3.º do CPC/2015. Revista de Processo, São Paulo, v. 254,
p. 17-44, abr. 2016.
 
31 .Idem.
 
32 .Ressalta-se relevante trecho de seu voto: “Nesse ponto, inexiste razão jurídica para se admitir que
o Poder Judiciário de outro Estado, no caso, o dos Estados Unidos da América, possa aferir a validade
ou não do compromisso arbitral e, em contrapartida,negar tal juízo ao Poder Judiciário brasileiro, já
que, além de inexistir litispendência entre as ações, há como visto, antecedência da ação promovida no
Brasil.” (STJ, SEC 854/US, p. 48. Disponível em: [https://scon.stj.jus.br/SCON/
GetInteiroTeorDoAcordao?num_registro=200501238031&dt_publicacao=07/11/2013]. Acesso em:
21.06.2020.
 
33 .Art. 216-K. Parágrafo único. O relator poderá decidir monocraticamente nas hipóteses em que já
houver jurisprudência consolidada da Corte Especial a respeito do tema. (BRASIL. Regimento Interno
do Superior Tribunal de Justiça. Disponível em: [ww2.stj.jus.br/publicacaoinstitucional/index.php/
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34 .STJ, SEC 9.412, rel. Min. João Otávio de Noronha, j. 19.04.2017. Disponível em: [https://
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