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Acidente Vascular Encefálico (Ave) DEFINIÇÃO: também conhecido como acidente vascular cerebral (AVC) ou derrame. É uma alteração no fornecimento de sangue para o encéfalo, provocando uma interrupção no suprimento de O² e nutrientes, causando danos ao tecido cerebral (Aguiar LR, 2015). EPIDEMIOLOGIA: segundo os dados encontrados no DATASUS, o AVE representa a primeira causa de morte (relacionadas ao sistema vascular) e incapacidade no Brasil. O número de internações ultrapassa 225 mil e a mortalidade atinge 88 mil pessoas anualmente. Além disso, os dados mostram que o AVE é pouco mais comum em homens e que 90% das mortes ocorrem em indivíduos com mais de 50 anos de idade. Com relação ao retorno desses indivíduos às suas atividades laborais, temos a informação de que 70% não retornam. CLASSIFICAÇÃO ETIOLÓGICA: → AVE ISQUÊMICO (AVEi): ✓ É o mais comum, ocorrendo entre 80 a 90% dos casos. ✓ Se dá através da obstrução dos vasos sanguíneos cerebrais, ocorrendo uma isquemia, levando à necrose da região afetada. A causa dessa obstrução, normalmente, está relacionada a trombos/coágulos ou êmbolos. ✓ AVE LACUNAR: trata-se de um pequeno AVE isquêmico profundo que envolve um ramo penetrante e não o ramo principal da artéria. O quadro clínico pode ser menos grave. ✓ ZONA DE PENUMBRA OU EDEMA CITOTÓXICO: é o edema que se forma em volta da região cerebral onde ocorreu a isquemia. Esta área é alvo para vários agentes neuroprotetores de emergência. ✓ Os exames de imagem do AVEi apresentam hipodensidade. ✓ ATAQUE ISQUÊMICO TRANSITÓRIO (AIT): é um episódio em que a obstrução dos vasos sanguíneos encefálicos ocorre, porém se desfaz em menos de 1h. Apesar de não haver evidências de morte neuronal, pacientes que tiveram AIT, têm grandes chances de apresentar um AVE posteriormente. → AVE HEMORRÁGICO (AVEh): ✓ Tende a ser mais letal do que o AVE isquêmico. ✓ As paredes dos vasos cerebrais se rompem, extravasando o sangue, que passa a circular pelas regiões proximais. Tal rompimento pode ocorrer em decorrência de picos hipertensivos ou aneurismas (dilatação das paredes dos vasos, que torna as suas paredes mais frágeis). ✓ Os exames de imagem do AVEh apresentam hiperdensidade. ANATOMIA VASCULAR: as artérias que formam o polígono de Willis vascularizam o tecido encefálico. E é esse o circuito arterial que está envolvido no AVE. TIPOS DE COMPROMETIMENTOS DE ACORDO A QUAL ARTÉRIA CEREBRAL FOI AFETADA PELO AVE: Normalmente, as manifestações clínicas decorrentes do AVE são contralaterais à lesão. → ARTÉRIA CEREBRAL MÉDIA: é a mais calibrosa e a mais afetada pelo AVE. Lesões nessa artéria ocasionam comprometimentos, principalmente, dos MMSS e da face. Exemplos: hemiplegia (perda total da força muscular) ou hemiparesia (redução da força muscular), hemianestesia (redução ou perda total da sensibilidade), paralisia facial e afasia (distúrbio na linguagem) de broca (não tem uma boa fluência, mas compreende o que é dito para ele (a). Repete as palavras e tem dificuldade para nomear objetos) e de wernicke (apresenta um discurso fluente, mas tem a compreensão comprometida. Repete as palavras e tem dificuldade para nomear objetos). → ARTÉRIA CEREBRAL ANTERIOR: lesões nessa artéria comprometem mais os MMII (predomínio crural). Exemplos: hemiplegia e hemianestesia crural, retorno do reflexo de preensão, alterações comportamentais do tipo frontal (dificuldade de socialização, memória, autoestima, etc), afasia transcortical. → ARTÉRIA CEREBRAL POSTERIOR: lesões nessa artéria podem provocar sintomas como hemianopsia (perda total ou redução de um dos campos visuais), alexia sem agrafia (dificuldade de ler, mas continua escrevendo); síndromes talâmicas (pacientes que sentem muita dor pós comprometimento do tálamo); hipoacusia (perda parcial ou total da acuidade auditiva). Além de, raramente, afasia, hemiplegia ou hemiparesia e hemianestesia. → ARTÉRIA VERTEBROBASILAR: nesse caso, a apresentação clínica não é contralateral. Quando há envolvimento do cerebelo: dismetria (incapacidade de direcionar ou limitar adequadamente os movimentos), ataxia (perda do controle muscular durante movimentos voluntários, como andar ou pegar objetos.), nistagmo (movimentos involuntários dos olhos, ou seja, os olhos fazem movimentos repetitivos, não controlados). Quando há envolvimento do bulbo: disartria (dificuldade na fala associada ao comprometimento de músculos faciais) e disfagia (comprometimento na deglutição). Quando há comprometimento do trato córtico-espinhal em qualquer nível: hemiparesia ou tetraparesia e envolvimento de nervos cranianos. FATORES DE RISCO DO AVE: → TRATÁVEIS: hipertensão arterial, cardiopatias, dislipidemias, tabagismo, sedentarismo, alcoolismo, uso de drogas, estresse, diabetes, hemopatias (ex.: anemia falciforme), histórico de AIT, vasculite, obesidade, etc. → NÃO TRATÁVEIS: idade, sexo, raça. SINAIS E SINTOMAS DO MOMENTO DO AVE: perda da visão, dificuldades na fala, fraqueza facial (“boca torta”), fraqueza nos MMSS e MMII e dor de cabeça muito forte (nos casos de AVE hemorrágico). FASES DO AVE: → HIPERAGUDA: primeiras 24h. → AGUDA: 2 ao 7° dia. → SUB AGUDA INICIAL: 8° dia aos 3 meses. → SUB AGUDA TARDIA: 3 aos 6 meses. → CRÔNICA: acima de 6 meses. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS/FUNCIONAIS PÓS AVE: → PARALISIA FACIAL CENTRAL → Tendência em transferir o peso para o lado não afetado. → Escápula rodada para baixo e úmero deslizado para baixo, decorrente de fraqueza muscular. Ocasiona muita dor e até luxação. → Adução e rotação interna do úmero / flexão de cotovelo / pronação do antebraço / flexão de punho e dedos. → ESPASTICIDADE (SINAL DE CANIVETE): a espasticidade é o aumento do tônus muscular. Hipertonia elástica. Como acontece a hipertonia? As vias descendentes corticais modulam a hiperatividade das informações medulares. Entretanto, nas lesões, as estruturas supra segmentares não conseguem inibir a atividade reflexa da medula, ocasionando a hipersensibilidade aos estímulos somatossensoriais, o que leva a hipertonia. OBS.: é comum que, inicialmente, nas fases agudas, o paciente apresente hipotonia e não hipertonia. → SINAL DE BABINSKI: refere-se ao sinal do reflexo plantar patológico, quando há a extensão do hálux (1º dedo do pé). A presença do reflexo (extensão do hálux) é uma reação normal em crianças até 1 ano de idade. Em adultos indica lesão neurológica. → POSTURA DE WERNICKE MANN: ESCALA DE ASHWORH MODIFICADA: usada para quantificar o tônus muscular.
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