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MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 1 Placenta e seus anexos Composição da placenta A placenta é composta por: → Córion:que tem origem no trofoblasto → Âmnion: que tem origem no epiblasto (amnioblasto) → Vesícula umbilical → Alantóide Descrição e constituição da placenta Orgão maternofetal que apresenta dois componentes: PARTE FETAL → Desenvolve-se a partir do saco coriônico (formado pelo mesoderma extraembrionário, e pela proliferação do citotrofoblasto no interior do sinciciotrofoblasto). As estruturas do mesoderma extraembrionário+ citotrofoblasto +sinciciotrofoblasto formam o córion. PARTE MATERNA → Determinada pelo endométrio (decídua basal). Uma vez que o endométrio sofre a ação de implantação do embrião, ele passa a ser chamado de decídua, o que seria nesse caso a decídua basal, parte basal. → A decídua vem da palavra deciduus, que significa se despreende. O embrião quando se implanta no embrião e forma a placenta, no momento do parto ele vai se desprender. Esse local de desprendimento do corpo materno do que seria a decídua basal (o que está em contato com o endométrio). Logo, a decídua é o local de implantação. Curiosidades: Depois que se separa no parto, desprende a placenta depois que o neném nasce a parte que fica do desprendimento é como se fosse um ralado, uma escoriação, e ela passa a chamar caduca e é daí que vem o sangramento que acontece pós parto, chamado de loquio. À medida que vai cicatrizando esse local da implantação da caduca, o sangue vai mudando de coloração até a total cicatrização. REGIÕES DECIDUAIS → Decídua basal: constitui a parte materna da placenta e está em contato com o endométrio. Está em contato íntimo com o organismo materno. → Decídua capsular: superfície da decídua que cobre o concepto. Está em contorno do saco gestacional como a decídua basal, mas não possui vilosidades. → Decídua parietal: parte restante da decídua. Endométrio contralateral, não esta em contato e não tem ligação direta com a implantação. À medida que o saco gestacional e o neném vão crescendo e se desenvolvendo, a tendência da decídua capsular é se juntar com a parietal pelo crescimento do feto, do saco gestacional, pelo aumento do volume de líquido amniótico então vai se expandindo e se encontra com a parietal isso na terceira semana. No momento que a cápsula preenche toda a cavidade uterina, todo o útero, ai o útero começa a crescer em tamanho e em volume MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 2 clinicamente. Isso começa por volta de 13 semanas, o útero começa a ganhar tamanho efetivamente e sai da pelve e começa a ser palpável, sinal clínico muito importante devido a adaptação do organismo da mãe e do feto e dessa relação entre eles, a qual foi proporcionada e captaneada pela placenta, com fundamental interesse no desenvolvimento da decídua basal. REAÇÃO DECIDUAL → As células deciduais possuem característica determinada pela: • Ação da progesterona: o corpo lúteo tem que se manter funcionante até dez semanas porque ele tem que produzir a progesterona para manter o endométrio com aquelas características em questão de permitir a implantação. • Possuem coloração clara. • Ampliam-se com o aumento de glicogênio e lipídeos no citoplasma. Ou seja, são células inturgecidas e grandes porque tem glicogênio e lipídeos. Lembrete: as células que produzem hormônios esteróides possuem acúmulo de glicídeo e lipídeo. → Reação decidual são alterações vasculares e celulares que ocorrem na decídua (endométrio que já sofreu implantação) na gravidez que são facilmente reconhecidas clinicamente com a USG. Útero saco gestacional *A área mais esbranquiçada ao redor do saco gestacional é a reação decidual Definição → Por definição, placenta vem do grego plakuos e significa bolo chato e inchado. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 3 → Com 9 meses de gravidez, o diâmetro varia de 15 a 20 cm, 2/3 cm de espessura e 500/600 gramas. → Cresce em tamanho e espessura principalmente até a 18ª semana. → Recobre de 15 a 30% do endométrio quando está totalmente desenvolvida. → Possui uma relação muito importante com o peso fetal, pesa 1/6 dele. O peso fetal é proporcional ao aporte nutricional, entre outras coisas, dentre as características genéticas. Quanto maior o aporte nutricional, maior a possibilidade do feto ter um peso maior. Essa relação aumenta na: • Hidropsia: fetos são inchados, são edemaciados, tem edemas, com infiltração de líquido nos tecidos, nas cavidades, no abdômen. • Diabetes: por causa da ação da insulina, hormônio anabolizante que aumenta o peso da placenta e do feto. • Infecção: causa edema inflamatório. Essa relação reduz com a: • RCIU (restrição de crescimento intra- uterino): típico de mau aporte nutricional. Existem dois tipos de restrição: � Restrição simétrica: causa um crescimento fetal menor. � Restrição assimétrica: ocorre principalmente no abdômen do feto. O fígado compõe 2/3 do abdômen do feto, então ele é o primeiro órgão a reduzir. A redução do peso principal é do abdômen. As outras partes do corpo crescem normalmente. Reduz o peso através da redução do peso do abdômen. • Infecções: existem infecções que obstruem os vasos placentários e diminuem o aporte de sangue e consequentemente nutrientes. Assim o feto e a placenta ficam menores. • Cromossomopatias: doenças cromossômicas são a principal causa de restrição de crescimento simétrico, ou seja, em todas as partes do corpo indistintamente. Então se eu tenho um feto com uma relação de crescimento dele com a placenta comprometido pelo crescimento anormal de um compartimento principalmente o abdômen, é assimétrico. E quando ele é reduzido em termo de padrão de crescimento, em todo o individuo, é simétrico, isso é um grande sinal de erro cromossômico. � Os erros cromossômicos são originários da primeira semana de desenvolvimento. Função da placenta A placenta funciona como um sistema de transporte da mãe para o feto. Local de trocas de nutrientes/gases entre mãe e feto. Possui as seguintes funções: → Proteção. → Nutrição. → Respiração. → Excreção. → Produção hormonal. Desenvolvimento do córion → Na segunda semana temos: • Proliferação do sinciciotrofoblasto. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 4 • Desenvolvimento do saco. • Desenvolvimento das vilosidade. O sinciciotrofoblasto vai invadindo, formando as lacunas, o embrião vai se nutrindo dos metabólitos da decomposição celular e do transudado (líquido orgânico) das lacunas. → No final da terceira semana já tem um arranjo anatômico para as trocas fisiológicas entre a mãe e o feto. Desenvolvimento da placenta → Desenvolvimento do trofoblasto, das vilosidades coriônicas e do saco coriônico. → Na quarta semana há o desenvolvimento da rede vascular que permite trocas. As vilosidades cobrem todo o saco até a oitava semana. Então, até a oitava semana temos vilosidades em toda a circunferência do saco gestacional. → Com o crescimento do saco coriônico, as vilosidades da decídua capsular regridem e degenera, formando o cório liso. As vilosidades na decídua basal se desenvolvem e ramificam-se formando o cório frondoso. EXPLICAÇÃO A partir da oitava semana o saco gestacional vai aumentando de diâmetro, então essas vilosidades vão estar exarcebadas na área de implantação aonde está o sinciciotrofoblasto e as outras vilosidades, como não tem ação de troca, vão ficando mais delicadas em função do efeito físico de expansão do saco gestacional, a ponto de quando juntar a decídua capsular com a parietal, nós vamos ter as vilosidades no sítio de implantaçãocom o sinciciotrofoblasto que é a decídua basal e as vilosidades que foram ficando mais finas vão desaparecer, então isso vai ser a decídua capsular que vai se encontrar com a decídua parietal O que faz o desaparecimento das vilosidades que compõem toda a circunferência do saco gestacional são o próprio efeito de crescimento e a ausência de vilosidades de troca, que são particularidades da decídua basal. Isso lá na frente vai formar o cório e vão ser dois córios: • Liso: porque as vilosidades se aplanaram pela expansão do saco gestacional, reduzindo o fluxo sanguíneo, formando uma área avascular. Estaria na decídua capsular. • Frondoso (viloso): as vilosidades formam reentrâncias, aumentam de tamanho que é onde estaria a decídua basal. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 5 Junção fetomaterna → O cório frondoso se fixa a parte materna pela capa citotrofoblástica. → As vilosidades ancoram o saco coriônico na decídua basal. → Invasão vilositária: aumento do espaço interviloso por erosão/penetração decidual, produzindo septos placentários que se projetam para a placa coriônica. Os septos dividem a face fetal em áreas irregulares chamadas de cotilédones. • Cotilédones: duas ou mais vilosidades tronco e várias vilosidades ramificadas. Isso seria uma analogia ao pulmão e o alvéolo. A placenta se organiza em cotilédones para aumentar a superfície de troca, assim como o pulmão. Isso porque a demanda por oxigênio é muito grande, pois é um indivíduo em pelo crescimento, desenvolvimento, diferenciação e funcionamento. Ao acontecer uma obstrução e a oxigenação diminuir, vai diminuir também a nutrição do feto e causar os distúrbios no feto. Quanto maior o tamanho do cotilédone, quanto mais eficiente for o espaço interviloso, melhor a nutrição do feto que se dá através da veia umbilical e retorna pela artéria umbilical. → A decídua capsular: com o desenvolvimento da gestação a camada justaposta forma uma cápsula e se salienta para a cavidade uterina, onde se fundirá com a decídua parietal, obliterando a cavidade uterina. Com a cavidade uterina toda preenchida começa a palpação clinicamente do útero, quando ele sai da pelve. Essa decídua se encontra com a parietal por volta da 12ª/13ª semana e se degenera pela redução da vascularização por volta da 22ª/24ª semana. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 6 Espaço interviloso → Contém sangue derivado das lacunas desenvolvidas na segunda semana. → É dividido pelos septos placentários mas se comunicam pois os septos não atingem a placa coriônica. → Artéria espiralares aportam sangue ao espaço interviloso através das aberturas na capa citotrofoblástica e é drenado pelas veias espiralares. Membrana amniótica → Saco aminiótico tem crescimento mais acelerado que o saco coriônico. À medida que o saco amniótico vai crescendo, ela vai empurrando a decídua capsular em direção a decídua parietal. → A fusão do âmnio com o cório liso forma a membrana amniocoriônica. → A rutura prematura da membrana é a principal causa de partos pré-maturos e complicação na gestação. A rutura prematura da membrana é o escape de líquido amniótico através do colo uterino e da vagina (através do canal cervical exteriorizado pela vagina) e isso vai causar uma perda de líquido dentro da bolsa amniótica e isso tem sérias complicações para o neném que vai desde infecção até problemas pulmonares graves. Circulação placentária A circulação placentária se dá através das vilosidades coriônicas. CIRCULAÇÃO FETOPLACENTÁRIA → A circulação é composta por: • A artéria umbilical traz o sangue menos oxigenado em direção à placenta. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 7 • A veia umbilical leva o sangue oxigenado em direção ao coração. OBS: isso é ao contrário do que acontece realmente, onde a artéria leva sangue oxigenado e a veia traz sangue venoso, menos oxigenado. Só que no feto, o conceito de veia é tudo que se direciona ao coração e artéria tudo que sai do coração em direção oposta. A placenta é o pulmão no feto, é nela que ocorre a troca, o sangue sai oxigenado da placenta e vai em direção à câmara direita do feto, para ser redistribuído ao corpo. → O espaço interviloso é um sistema de baixa resistência, ou seja, o vaso não põe resistência ao sangue e em compensação como ele tem complacência a velocidade é baixa. Não tem resistência ao fluxo do sangue, o qual flui em uma velocidade reduzida. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 8 → O sangue materno tem pressão mais elevada que a do interviloso, mas essa diferença não é muito grande e resulta em baixa velocidade e resistência ao fluxo. Então, como o sangue flui de um ponto para outro? Primeiro é preciso ter uma diferença de pressão entre os pontos. O primeiro ponto precisa ter uma pressão maior do que o segundo e tem que ter uma comunicação entre esses pontos, o vaso. E segundo porque a diferença é muito pequena e assim o vaso não impõe resistência nesse fluxo de sangue. Alterações nesse sistema vão causar comprometimentos no feto, em sua vida: • Hipoxia fetal: baixa concentração, diminuição do oxigênio fetal. � Caso a pressão seja muito aumentada no segundo ponto ou muito diminuída no primeiro gera-se uma resistência no vaso aumenta, reduzindo a oferta de oxigênio. • Restrição ao crescimento fetal (RCI) por reduzir a quantidade de nutrientes. • Pré-eclampsia, aumento da pressão arterial na mãe devido o aumento da resistência no leito placentário. Então isso ocorre devido ao aumento da resistência. Metabolismo placentário No período fetal é determinado pelo início metabólico hormonal da placenta na sétima semana. Até a sétima semana quem mantém o desenvolvimento da interação entre a mãe e o feto e a formação das vilosidades é o corpo lúteo, o qual produz a progesterona, principal hormônio para a manutenção do endométrio, para que ele fique sem descamar e para permitir que toda a nidação ocorra de forma perfeita. A placenta inicia a produção de hormônios esteróides, ou seja, começa o seu funcionamento metabólico e o corpo lúteo regride, sofrendo apoptose. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 9 A placenta sintetiza glicogênio, colesterol e ácido graxo como fonte nutricional e substâncias necessárias para o transporte entre o compartimento materno e fetal e também o produto/ secreção endócrina materna. Transporte placentário Transporte de gases, nutrientes, hormônios, resíduos, fármacos, agentes infecciosos (anticorpos, proteínas de cicatriz imunológica, por exemplo) e transporte imunológico. CARACTERÍSTICAS → Transporte ativo: contra o gradiente de concentração e requer energia. • Transporte ativo do tipo pinocitose, realizado por proteínas. → Transporte passivo: a favor do gradiente de concentração e não depende de gasto de energia. • Transporte passivo do tipo difusão simples, realizado pelo oxigênio por exemplo. TRANSPORTE DE GASES Atravessam a membrana placentária (barreira) por difusão simples. A placenta tem funcionamento semelhante ao pulmão, a difusão do oxigênio não é difusão limitada, mas fluxo limitada. → Com a redução do fluxo pela área de troca. devemos ter um fluxo de baixa velocidade e uma área de troca muito grande para que o sangue demore ao passar pelo espaço interviloso e, como a diferença de pressão entre um espaço materno e fetal é muito pequeno, para que ocorra a passagem do oxigênio → Aumento da velocidade. → Combinação de ambos. Então quando acontece a obstrução dos cotilédones que estão dentro dos espaços intervilosos, diminui- se a área de trocas e assim diminui-se a oferta de nutrientes e oxigênio.Isso acontece também quando há o aumento da velocidade da passagem do sangue, ou quando acontece os dois combinados. *Não gestacional: os vasos endometriais vêm pela artéria uterina, espiralada, passa pelo miométrio e entra no endométrio, nutrindo-o na sua porção receptora. *Na pré-eclampsia: essa invasão do trofoblasto não se da de forma plena, não alcança até o miométrio da artéria espiralar, ela fica limitada. Então quando ela vem vindo, chega em um determinado ponto em que o sinciciotrofoblasto não tem essa capacidade de MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 10 invadir por uma alteração genética ou por uma reação imunológica da mãe. Como o sangue vem e existe uma diferença muito pequena de pressão e uma diferença de concentração, a velocidade no sangue tem que ser baixa e a resistência, promovida pela invasão e pela destruição da musculatura das artérias pelo sinciciotrofoblasto. Assim, há o aumento da velocidade do sangue no espaço interviloso e congestionamento do sangue no sentido da mãe, aumentando sua pressão. À medida que vai se passando a gravidez, esse problema vai se tornando mais significativo. Por isso que a hipertensão na gravidez vai aparecer clinicamente no segundo trimestre, porque a necessidade de oxigênio e de troca vai ser maior, mas o trofoblasto não permite, logo a pressão na circulação da mãe aumenta. *Na grávida normal vamos ter a invasão do trofoblasto dentro da intima desses vasos e vai destruir a musculatura que tem na artéria e assim ela vai perder a capacidade de se contrair e quando ela perde a musculatura, ela relaxa, facilitando o fluxo de sangue. Então o sangue vem pela artéria uterina, passa no miométrio e quando vai chegando à área aonde está o embrião ela tem a invasão do trofoblasto e a artéria fica complacente, flácida, facilitando o fluxo para o espaço interviloso. TRANSPORTE NUTRICIONAL → Água é transportada rapidamente por difusão simples. → Glicose produzida pela mãe e pela placenta é rapidamente transferida ao embrião por difusão facilitada. O embrião é um grande consumidor de glicose, tudo que produz ele absorve, principalmente porque na fase da implantação até a vigésima/vigésima quarta ou quinta semana o consumo energético dele é muito grande, visto que ele ta diferenciando tecido na fase embrionária crítica (ate 13ª semana), depois ele se desenvolve no ponto de vista volumétrico ganhando massa em cada tecido e por último vai amadurecer. Depois desse período a necessidade deixa de ser grande, já que o feto só vai ganhar de tamanho. Então, na semana 26, a placenta começa a produzir um hormônio chamado de lactogênio placentário. Esse hormônio é um hormônio contra insulínico, ou seja, tudo passa para o feto menos a insulina. No início da gestação quando o feto precisa de energia, ele vai recebendo toda glicose que for possível através da insulina que ele mesmo produz em seu pâncreas, mas quando chega na 26ª semana, ele não precisa mais de tanta glicose como antes e é nesse contexto que entra o hormônio lactogênio como contra insulínico, dizendo que o feto não precisa de tanta glicemia. Já não há necessidade tamanha de absorção de glicose pelo feto e isso acontece de forma natural. No caso de uma mãe diabética, no momento em que ela engravida, a sua glicose diminui. No entanto, ao chegar na 26ª semana e o feto começar a produzir o hormônio lactogênio placentário, a glicose da mãe, por ser excessiva, vai começar a invadir a barreira placentária e vai atingir o feto. Com isso, o feto começa a aumentar a sua produção de insulina para combater a glicose que está chegando em excesso. Ao aumentar a insulina, hormônio anabolizante, a relação de 1/6 entre o peso da placenta e do feto não irá mais obedecer essa proporção, porque a placenta irá crescer demais devido a insulina e o feto também. E assim o feto passa a ser chamado de grandes para a idade gestacional (GIG). A insulina é produzida pelo pâncreas fetal, sempre, em toda a gestação. *Lembrete: a função da insulina é pegar a glicose e trazer para dentro da célula. • GIG. • Essa diabetes gestacional é uma grande causa de óbito fetal súbito por distúrbio metabólico. • 52,4% de macrossomia, estrutura corporal grande. • 14,3% de óbito fetal. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 11 • 8,2% de má formação. → Mas como usar essas informações embriológicas no contexto clínico? • Deve-se realizar a glicemia, testar o açúcar da grávida sem que ela coma nada antes e posteriormente deve-se testar após uma refeição. Isso para testar e ver a atuação da insulina. Uma grávida que tenha diabetes deverá ajustar a dose de insulina nos primeiros meses para baixo, porque o feto irá consumir o açúcar materno. • Para eu fazer o diagnostico real de uma diabetes gestacional eu preciso solicitar a glicemia depois da 26ª semana, em função da produção placentária do hormônio lactogênio placentário. → As proteínas, aminoácidos e vitaminas são transportados ativamente pela membrana placentária. • A transferrina transporta o ferro para o embrião/feto. TRANSPORTE HORMONAL E IMUNOLÓGICO → Hormônios protéicos não atingem o concepto significativamente. T3 e T4 são exceções. → Hormônios esteróides não conjugados atravessam livremente, passam facilmente pela barreira placentária, por exemplo: estrogênio, progesterona, testosterona, etc. → Eletrólitos atravessam livremente a barreira placentária e contribuem também para os gradientes de difusão. → Anticorpos materno: • A produção de anticorpos pela imaturidade do sistema imunológico fetal é muito pequena. • A imunidade passiva é a transferência placentária de anticorpo materno. � IgG: confere imunidade fetal por transporte ativo, menos para coqueluche e catapora. � IgM: molécula grande que não ultrapassa a barreira mas é importante marcador de infecção ativa na mãe. → A doença hemolítica perinatal (eritroblastose fetal) é causada por uma mãe Rh negativa que produz um feto Rh positivo. • Pequena quantidade de sangue materno se mescla com o fetal no espaço interviloso. Quando isso acontece, sensibilza-se a mãe e essa irá formar anticorpo anti-Rh. Numa segunda gravidez, se ela vier a engravidar de um feto Rh positivo, ela vai terá anticorpo contra o Rh que irá destruir as células sanguíneas do segundo filho, causando a eritroblastose fetal. • Mortalidade fetal alta da segunda gestação. • Atualmente existe vacina contra isso, a imunoglobulina anti-Rh. Sabendo- se o tipo sanguíneo da mãe, se faz a do feto: se for positivo faz a vacina até 72 horas após o parto e a mãe fica imunizada. → Síntese e produção endócrina: o sinciciotrofoblasto produz hormônios esteróides e protéicos. • Hcg MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 12 • Somatotrofina ou lactogênio placentário, produzido a partir da 26ª semana. • Tireotrofina coriônica humana, T3 e T4, também começa desde a sétima semana porque também esta envolvido com a atividade metabólica. • Corticotrofina coriônica humana. • Estrogênio e progesterona, essa síntese começa na sétima semana. Parto → Processo de expulsão das membranas, placenta e feto. • O cortisol tem uma relação importante com a supra renal e a produção de estrogênio. • A progesterona e o estrogênio estimula a prostaglandina, o que é chamado de teoria da gangorra. Quando tem a progesterona alta, isso inibe a prostaglandina. À medida que a placenta vai envelhecendo, a progesterona vai diminuindo e essa diferença entre o estrogênio e progesterona se torna menor, estimulando a prostaglandina, a qual possui o efeito de induzir contrações. Essa contração a cada dia vai sendo mais freqüente, ritmada e intensa, culminando com o trabalho de parto. MARIA EDUARDA SARDINHAESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 13 *A inserção do cordão umbilical geralmente é central. *A face materna, a decídua basal (caduca) que vai estar no útero, cotilédones bem diferenciados. Duas artérias e uma veia, sendo essa mais calibrosa. *A face fetal lisa, brilhante. Anomalias da placenta Anomalias que podem ocorrer em função da invasão do sinciciotrofoblasto. Existem situações em que o sistema imunológico da mulher não consegue frear no local exato a invasão, e essa acaba por atingir locais mais profundos do que deveria. Quanto maior o grau de invasão, pior. É uma situação crítica que pode levar a morte materna por hemorragia. Isso porque a placenta sai aos pedaços e os cotilédones ficam aderidos ao útero, fazendo com que saia muita quantidade de sangue. → Então se a invasão alcança o miométrio, a placenta é chamada de Creta. A placenta fica difícil de sair, visto que ela entra na musculatura e essa dificulta que a placenta se solte do útero por possuir uma consistência muito grande. → Se a placenta chegar até o limite da camada externa do útero, a placenta é chamada de increta. → Se a placenta ultrapassa o limite da camada externa do útero, ela passa a ser chamada de percreta. O tratamento é retirar o útero e assim a mulher não poderá mais ter filhos. Cordão umbilical → Apresenta duas artérias e uma veia. → Está sempre envolto por uma geléia de warton, que é um tecido conjuntivo que envolve os vasos. → O artifício clinico para localização do cordão umbilical é aparelho de ultrassom com Doppler. Além de localizar, esses exames consegue perceber anomalias. → Existem anomalias no cordão umbilical: • Prolapso do cordão: quando no momento do parto, antes de vir à cabeça, vem o cordão. Então quando a cabeça passa no canal, ela acaba por comprimir o cordão. Caso o cordão seja comprimido, estanca o sangue para o neném e esse pode morrer por falta de oxigenação. • Nós de cordão: o que acontece é que se o neném descendo o canal do parto, se MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 14 ele tracionar o cordão, esse poderá apertar o nó e assim não há oxigenação. • Circular de cordão: o cordão se enrolar no pescoço do neném. Na circular de cordão e o nó de cordão depende do comprimento do cordão para ser fatal. Se o comprimento for grande, o bebê pode nascer bem. → Síndrome da artéria umbilical única é uma alteração no cordão e não é muito freqüente. • Nessa síndrome, ao invés de termos 2 artérias e 1 veia, temos 1 artéria e 1 veia. • Está associada a cromossomopatias ou malformações múltiplas e cardiovasculares. Líquido amniótico → O líquido amniótico envolve todo o embrião em função do dobramento primeiro em forma laminar e depois dobramento cervical, caudal e por último lateral. → Esse líquido fica ao redor da bolsa amniótica. → O líquido amniótico é produzido inicialmente pelas células amnióticas, mas a maior parte provém do líquido intersticial materno por difusão pela decídua parietal. → Sequência: sangue proveniente do espaço interviloso. → Composto 99% por água com elementos em suspensão (células epiteliais mortas, sais orgânicos, fezes e urina fetal). Então o feto recebe o sangue pela veia umbilical no coração, o qual irá distribuir pelas artérias. Esse sangue é metabolizado pelos tecidos, os metabólitos se transformam em fezes e urina. O feto irá defecar, urinar e deglute/ aspira. Logo, uma forma importante de produção de líquido amniótico é principalmente a urina fetal, entre as outras substâncias citadas. Pode-se perceber a integridade do sistema renal do feto através da quantidade de líquido amniótico. → Esse líquido é trocado a cada 3 horas durante o terceiro trimestre. Ou seja, esse ciclo de deglutição e eliminação pela artéria umbilical completo dura 3 horas. → É deglutido pelo feto 400ml/dia no final da gestação, é absorvido pelo intestino (mecônio) e eliminado pelo rim retornando ao saco amniótico. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 15 • Mecônio: fezes esverdeadas que o neném recém nascido possui e ele é produto de degradação dos elementos de suspensão no líquido amniótico. FUNÇÕES DO LÍQUIDO AMNIÓTICO → Meio de flutuação para o feto. → Permite o crescimento simétrico do feto, ou seja, com pouco líquido haverá pressão externa dos órgãos internos, os quais não vão conseguir se desenvolver com plenitude. → Impede aderência do âmnio ao feto. Existe uma banda amniótica, local onde o feto encosta e é amputado, é mais comum nas extremidades. Isso porque o âmnio tem uma ação corrosiva muito grande, se o feto encosta no âmnio e se mantém ali, o âmnio vai acabar amputando um órgão do feto. → Permite o desenvolvimento dos pulmões. O primeiro órgão a ser prejudicado na compressão externa por falta de líquido é o pulmão, ele não consegue ter seu desenvolvimento correto. Logo, ele fica hipoplásico (pouco desenvolvimento). → Proteção contra choques. → Mantém a constância da temperatura. PATOLOGIAS DO LÍQUIDO AMNIÓTICO → Oligodramnia: redução do volume do líquido amniótico. • Geralmente relacionada a função renal (débito urinário). • Más formações (síndrome de potter: geralmente associada a uma alteração, a uma cromossomopatia, e é uma causa importante para a oligodramnia, podendo ter uma agenesia renal). • Insuficiência placentária: pouca oxigenação, pouco aporte de nutrientes. Assim o bebê cresce pouco, devido a falta de nutrientes ele urina pouco e assim terá pouco líquido. • Redução do crescimento intra-uterino devido ao pouco aporte de nutrientes. • Rutura da bolsa amniótica. • Compliações: � Hipoplasia pulmonar. � Banda amniótica: defeito na face e nos membros. � Infecções intrauterinas. � Morte intra-útero. → Poligodramnia: aumento do volume do líquido amniótico. • Geralmente é idiopática: causa não aparente ou não caracterizada. (60%). • Origem materna (20%) por alterações endocrinológicas, principalmente a diabetes. O feto diabético urina muito, assim terá muito líquido. • Origem fetal: más formações como atresia duodeno (estreitamento em determinado local do duodeno congestionando a deglutição), defeitos de tubo neural (falha na comunicação entre o líquido cefalorraquidiano e o meio externo) e anencefalias. Essas duas últimas causam uma alteração na MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 16 absorção e no trânsito do líquido cefalorraquidiano. • Complicações: � Rutura prematura da bolsa amniótica. � Prematuridade. � Morte intra-útero. Amniocentese → É o exame em que se penetra a agulha na barriga e extrai o líquido amniótico. Ele permite o estudo da composição química desse líquido e o estudo genético cromossômico do embrião. → Consegue observar se o bebê está acometido por alguma infecção durante a gravidez. → Diagnóstico de cromossomopatias. → Está em desuso no rastreio e diagnóstico de doenças cromossômicas em função do seqüenciamento genômico, feito através de exame de sangue. Anexos da placenta Os anexos são: córion, âmnio, saco vitelínico e alantóide. VESÍCULA UMBILICAL → Aparece na ultra-sonografia com 32 dias de amenorréia e geralmente mede de 3 a 6 mm de diâmetro. • Sonoembriologia: demora para aparecer porque as estruturas precisam de no mínimo 2 milímetros. � 1ª estrutura a aparecer: saco gestacional com 31 dias. � 2ª estrutura a aparecer: vesícula vitelínica com 32 dias. � 3ª estrutura a aparecer: embrião com 33 dias. • Nas gestações anembrionárias às vezes a morte ou o diagnóstico se da 1 ou 2 dias antes dessa fase que eu tenho somente o saco gestacional (31 dias). → Tem crescimento mais lento que o embrião (1mm por semana x 1mm por dia). No começoa vesícula é maior do que ao embrião. → Afasta-se ventralmente do embrião com o avanço da gestação e alcança o mesênquima extraembrionário com 12/13 semanas. O que é um marcador clínico embriológico. → Mega vesícula: é quando ocorre o óbito embrionário, alterações cromossomiais embrionárias. O primeiro estágio é: se o embrião estiver ausente e a vesícula continuar produzindo nutrientes, ela ganha tamanho. O segundo estágio do sinal da vesícula: a vesícula vai sofrer deteriorização de suas células e entrará em apoptose, ou seja, ela irá regredir e vai calcificar. A vesícula vai ficar branda, toda colapsada por falta de funcionamento. Essas alterações nas vesículas estão muito relacionadas com cromossomopatias. → Responsável pela nutrição do embrião até a semana 7. → Ácido olinoleico: onde a sua concentração elevada está relacionada com a malformação e alterações epigenéticas no embrião. Isso é MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 17 frequente na mãe diabética e no diabetes gestacional. → O sangue se desenvolve no mesoderma extraembrionário que recobre a vesícula umbilical da 3ª até a 6ª semana, quando o fígado assume a função hematopoiética. Então até a 6ª semana, a hematopoiese é determinada pela vesícula vitelínica e depois o fígado assume essa função. → Na 4ª semana, parte da vesícula é incorporada ao embrião como parte do intestino primitivo. O endoderma da vesícula umbilical, derivado do epiblasto, dará origem ao epitélio da traquéia, brônquios, pulmões e aparelho digestório. → As células germinativas primordiais aparecem no endoderma da vesícula umbilical e migrarão pelo alantóide para a crista genital. ALANTÓIDE → Vasos sanguíneos se tornarão veia e artérias umbilicais. → Porção embrionária vai do umbigo até bexiga. → No adulto ele vai formar um cordão membranoso que une o umbigo à bexiga, chamado de úraco, que é um resquício do alantóide. Gestações múltiplas GEMELARIDADE → Gêmeos dizigóticos: são fraternos. • A principal causa de gemelaridade nos dizigóticos é a reprodução assistida. → Gêmeos monozigóticos: são idênticos. • Gêmeos semi-idênticos: dois espermatozóides e 1 óvulo. • Os monozigóticos aumentam com a idade. → 2/3 dos gemelares são dizigóticos GÊMEOS DIZIGÓTICOS → Fertilização de dois óvulos. → Pode ser do mesmo sexo ou sexo diferentes. → Não são iguais geneticamente. → O componente genético: risco de recorrência é 3x maior. → Está relacionado com a poliovulação, ao invés de um folículo, ovula por dois/três. → Tem variação racial: 1/500 asiáticos, 1/12 em brancos e 1/20 africanos. → O sinal clínico é a lâmbida. GÊMEOS MONOZIGÓTICOS → Fecundação de um único óvulo e desenvolvimento a partir de um zigoto único. → Geneticamente são idênticos e com aparência física semelhante. → Diferenças podem ocorrer em função do ambiente (anastomose placentária com fornecimento de sangue desigual, isso se chama transfusão gêmelo-gemelar, a placenta transporta sangue de um cotilédone de um gêmeo para o outro, então é como se fosse um seqüestro de sangue. O feto que possui seu sangue seqüestrado vai ficar menor, vai produzir menos líquido e o outro feto fica gordo, cresce demais, a própria bolsa dele pode comprimir o outro e através dessa transfusão pode levar o óbito do outro). → Processo se inicia na fase de blastocisto com divisão do embrioblasto. MARIA EDUARDA SARDINHA ESTRELLA 58- 2025.2 EMBRIOLOGIA - FRANCISCO 18 → Divisão na fase de 2-8 blastômeros: os monozigóticos e diamniótcos. É de difícil diagnóstico clínico. → Pode ser monocoriônico (1 placenta) ou monoamniótico (1 bolsa amniótica). Também pode ser dicoriônioco e diamniótico. DIAGNÓSTICO DA ZIGOSIDADE → A melhor fase para determinar a coriônicidade é o primeiro trimestre com USG transvaginal com Doppler, mas nem sempre é fácil. → Importante por possibilidade de transplante. Gêmeos idênticos são mais fácil de possuir a compatibilidade. → Os gêmeos idênticos são idênticos? → Divisão tardia do disco embrionário pela causa do monozigoto na segunda semana depois do blastocisto. • Taxa de mortalidade próxima a 50% devido aos nós/ circulares de cordão. → A principal causa de óbito em gestação gemelar é a prematuridade. Já a principal causa de prematuridade em gestação gemelar é a rutura da bolsa amniótica precoce. GÊMEOS SIAMESES → São gêmeos com divisão incompleta do disco embrionário na segunda semana. → A nomenclatura é determinada pela região anatômica interligada. SÍNDROME TRANSFUSÃO GEMELO-GEMELAR → 15-30% gestações monocoriônicas e diamniótica. → Trata com: anastomose artério-venosas placentárias seqüestram sangue de um gêmeo para outro. • Gêmeo doador: tem restrição de crescimento, palidez e redução do líquido amniótico. • Gêmeo receptor: rubor e fácies pletórica, polidramnia e GIG. → Tem associação com anomalias anatômicas e pode ocorrer rutura da bolsa amniótica e morte intra-útero. → O tratamento é ablação da anastomose placentária guiada por USG com Doppler. Ou seja, o tratamento é ligar esses vasos que estão seqüestrando sangue de um para outro.
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