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Curso egito 1part

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Lição 1 :: Contextualização – O Dom do Nilo
a. Breve resenha histórica
Os primeiros agricultores instalaram-se nas margens do Nilo pelo VI milénio antes de Cristo
e desenvolveram-se aldeias fortificadas. Cidades como Hieracômpolis e Nagada surgem no
decurso dos dois milénios seguintes. Pelos anos de 3500 a.C., populações rivais invadem
os territórios vizinhos, criando-se vários feudos, que, eventualmente se fundem, resultando
em apenas dois reinos – o Alto Egipto (a Sul) e o Baixo Egipto (a Norte).
A lenda conta que o Egipto foi finalmente unificado por Narmer (para os Gregos, Menés),
um rei lendário que expandiu o seu poder do Alto Vale do Nilo até ao Delta, usando em
simultâneo do seu poder militar e da diplomacia. Narmer será quem unifica o país e manda
edificar a capital no Baixo Egipto – Mênfis, o «Muro Branco». A escolha geográfica para a
capital, símbolo da sua vitória, deve-se à posição estratégica da mesma, acima do Delta. A
cidade foi local de residência preferencial dos faraós até ser substituída por Tebas, no início
do Império Novo.
Após a queda do Império Antigo, o Egipto caiu na anarquia, assolado por senhores rivais
que ambicionavam ao trono. Foi com Mentuhotep I (da XIª dinastia), em cerca de 2060 a.C.
que se findou quase um século de guerra civil e se iniciou um novo período de poder e
riqueza.
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Mentuhotep II (XIª dinastia). Bloco de calcário proveniente do santuário no Templo
Nebhepetre Mentuhotep, o templo dedicado ao Faraó, em Deir el-Bahri, em Tebas (cerca
2010-2000 a.C.).
O período do Império Novo será marcado por uma sucessão de faraós que conseguiram
alargar as fronteiras do território. No Segundo Período Intermédio, pesados impostos
instituídos pelos monarcas hicsos provocavam cada vez mais descontentamento. Os hicsos
eram o povo estrangeiro que havia conquistado o Baixo Egipto em cerca de 1650 a.C.,
estabelecendo a sua capital em Aranis. Ahmés, faraó fundador da XVIIIª dinastia conseguiu
destruir a capital dos hicsos durante o seu reinado (1570-1546 a.C.) e começou assim um
novo período – o Império Novo. Tebas recuperou o estatuto de capital e a autoridade real foi
consolidada no Alto e Baixo Egipto – principalmente durante o reinado de Tutmés I.
Tutmés I e o seu neto, Tutmés III, foram cruciais no alargamento do território do Egipto,
criando o maior império até à data dos seus reinados: o Egipto estendia-se agora desde o
norte da Síria até à Núbia.
Contudo, a estabilidade do Império Novo viu-se comprometida com Amenófis IV e as suas
ideias revolucionárias. Tão focado estava nas reformas religiosas que negligenciou os
negócios estrangeiros que tanto custaram aos seus antepassados a forjar. As relações
comerciais decaem e os Hititas, sempre na fronteira, prontos a atacar, ameaçam a
soberania egípcia na Síria.
Com Seti I, o império conseguiu estabelecer de novo algum controlo e, quando em cerca de
1279 a.C. sobe ao trono faraónico Ramsés II (o ousado militar apelidado de Ramsés o
Grande) o grande império começa a retomar a sua estabilidade militar e territorial. Contudo,
a instabilidade não era apenas nas relações externas. Após a morte de Ramsés II,
seguiram-se diversos golpes militares, fruto de problemas internos. Distúrbios civis, revoltas
de trabalhadores, corrupção e o saque dos túmulos perturbavam a paz interna do império.
Assim, Merneptá, filho de Ramsés II, deu início à XXª dinastia oferecendo terras, tesouros e
escravos aos sacerdotes de Amon. Contudo, esta medida serviu apenas para garantir o
poderio da classe sacerdotal, destruindo um pouco mais da estabilidade interna do país
durante o Terceiro Período Intermediário. Este período da história do Egipto foi
caracterizado pelos constantes conflitos com os sumos-sacerdotes que tomaram Tebas, os
líbios que se instalaram no Delta Ocidental (fundando uma nova dinastia: Bubastilas ou
Líbia), e diversas guerras civis que levaram à divisão do território em diversas dinastias.
Pelo Império Baixo, os aliados estrangeiros viraram-se antes para os assírios – inimigos do
Egipto, que criaram uma dinastia própria como forma de garantir o domínio do território,
apesar de não possuírem ainda planos para uma ocupação efectiva. Os próprios gregos
conseguiram invadir o Egipto e manter-se em Náucratis, no Delta, e, apesar de várias
revoltas bem-sucedidas, o Egipto nunca se conseguiu livrar da presença dos persas, até
que em 332 a.C., o governante persa Mazaces entregou o território a Alexandre o Grande,
dando origem à dinastia Ptolomaica.
A prioridade para esta dinastia foi a economia e o restabelecimento das relações comerciais
com o exterior. Apesar da contestação existente pela presença ptolomaica, estes nunca
impuseram a cultura grega aos cidadãos nativos, chegando mesmo a fundir algumas
divindades gregas com as egípcias.
As importações de cereais do Egipto para os territórios europeus do Mediterrâneo,
especialmente para Roma assumiram cada vez mais importância para estes últimos. O
Egipto torna-se mais uma província romana, em 30 a.C., depois de Otaviano
(posteriormente Imperador Augusto) derrotar Marco António e a rainha ptolomaica
Cleópatra VII. Os romanos não foram tão pacíficos com a cultura egípcia como os gregos,
mas ainda assim, permitiram que os cultos e tradições egípcios se mantivessem. Alexandria
torna-se o grande centro da rota do comércio com o Oriente do Império Romano.
. Fontes para a História do Egipto Antigo
No que trata aos relatos históricos da evolução desta civilização, não se podem apontar
fontes históricas egípcias. De facto, aquilo que se conhece deve-se sobretudo aos
historiadores gregos e romanos, na medida em que pareciam não existir propriamente
historiadores egípcios.
Historiadores modernos conseguiram, com base nas poucas fontes que chegaram até nós,
delinear uma cronologia de dinastias, conforme se segue neste quadro.
b. Fontes para a História do Egipto Antigo
No que trata aos relatos históricos da evolução desta civilização, não se podem apontar
fontes históricas egípcias. De facto, aquilo que se conhece deve-se sobretudo aos
historiadores gregos e romanos, na medida em que pareciam não existir propriamente
historiadores egípcios.
Historiadores modernos conseguiram, com base nas poucas fontes que chegaram até nós,
delinear uma cronologia de dinastias, conforme se segue neste quadro.
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Aquilo que era registado nos Anais encontrados nos templos concentrava os nomes dos
reis, a duração dos reinados e, ocasionalmente, acontecimentos marcantes de cada
reinado. Infelizmente, desses documentos, escassos terão chegado aos nossos dias, como
já referido, mas podemos nomear alguns mais importantes.
O mais antigo desses documentos é a Pedra de Palermo – uma laje de diorito negro,
produzida na V dinastia e que apresenta os nomes dos Faraós desde o final do Período
Pré-Dinástico (antes da unificação dos territórios egípcios), separando os nomes dos faraós
de ambos Alto e Baixo Egipto.
l1 6
Fragmentos do Papiro de Turim: à esquerda, podemos observar um mapa da expedição
mineira de Ramsés IV (século XII a.C., Império Novo)
No mesmo espírito de registo da Pedra de Palermo, existe também o Papiro de Turim,
redigido sob Ramsés II (até à XIX dinastia).
Outros exemplos de registos similares da época são as Listas Reais – com sequências de
nomes de monarcas apresentados cronologicamente (embora sem datação). Estas
destinavam-se essencialmente a manter o culto funerário dos antepassados, mas não se
sabe até que ponto seriam fiéis ao registo, na medida em que alguns nomes poderiam não
ser nomeados.
De entre as Listas Reais, podemos dar o exemplo da Lista de Karnak (sob Tutmés III), a
Tábua de Abydos (que consta de uma parede do templo do mesmo nome e foi redigida sob
Seti I) e a Tábua de Saqqara (datada sob Ramsés II).
Pelo século III a. C., o faraó Ptomoleu II pede ao sacerdote Máneton para escrever uma
história completa do Egipto faraónico, resultando na Aegyptiaca – hoje perdida.
Existem, ainda, outras fontes de historiadores gregos que viveram no Egipto, nos séculos VI
e V a.C.Os registos de Hecateu de Mileto foram, contudo, perdidos no tempo e aqueles de
Heródoto contêm bastantes erros.
A estes documentos aquilo que se acrescenta para delinear a História do Egipto são os
próprios monumentos. Estes são uma fonte rica de inscrições e elementos decorativos que
narram alguns dos acontecimentos mais marcantes e fazem destacar alguns monarcas e
seus feitos.
Localização e Geografia
A civilização egípcia deve a sua existência à sua localização geográfica. O Egipto está
limitado a Este e Oeste por desertos, a Sul pelas cataratas do Nilo e a Norte pelo mar
Mediterrâneo. Este posicionamento tornou-se crucial na sua evolução histórica.
A existência do rio Nilo proporcionou toda a riqueza do país, que sujeito ao cíclico fenómeno
das inundações, conseguiu prosperar por muitos milénios. Como Heródoto escreveu: «O
Delta é uma terra que confirma o Egipto como um dom do Nilo».
De facto, sem o Nilo, o Egipto seria um deserto. O rio tem um caudal de 6500km – um
terreno extremamente acidentado, que se estende desde o lago Vitória até ao Mar
Mediterrâneo. Os últimos 150km deste caudal imenso dividem-se em vários braços,
formando o Baixo Egipto, ou o Delta do Nilo, onde existe sobretudo caça e pesca.
Todos os anos, pela mesma época (Junho/Julho), o rio começa a subir lentamente,
alagando as margens e terrenos aí localizados, tornando-os extremamente férteis quando
por Setembro/Outubro volta ao seu leito habitual. Estas cheias periódicas advêm das
monções que ocorrem pelos meses de Maio/Junho nas regiões equatoriais, junto à
nascente do Nilo.
Os egípcios cedo aprenderam a tomar partido destas cheias, evitando que se
transformassem numa catástrofe regular, através da construção de canais e diques, que
favoreciam a distribuição das águas do rio.
Como conta ainda Heródoto, foi o primeiro monarca do Egipto, Narmer (ou Menés), quem
construiu o primeiro dique, na cidade de Mênfis:
«(…) porque o rio corria ao longo das montanhas arenosas do lado da Líbia (…). Menés
obrigou-o com camadas de terra a fazer uma curva, pôs a descoberto o antigo leito e
desviou o rio de modo a que corresse por meio da planície.»
Graças às terras fertilizadas pelo Nilo, a principal actividade económica egípcia era a
agricultura. Esta não apenas servia para alimentar directamente a população, como era
comercializada com os povos Sumério e Fenício (graças à abundância de excedentes
agrícolas).
Sociedade
Devido à necessidade de orientar as grandes obras hidráulicas relacionadas com o Nilo e
de defesa das fronteiras e bens dos territórios do Reino, cedo várias cidades se
organizaram e, pelo ano 3000 a.C., já se pode afirmar que o Egipto constituía um Estado
unificado.
Era regido pelo Faraó – monarca supremo, deus e homem, em simultâneo, e que
acumulava as funções de sumo-sacerdote, juiz supremo e comandante do exército. Sendo
o Egipto propriedade do Faraó, este podia dispor como bem entendesse da vida económica
do país – organizando e impondo um sistema de impostos que sobrecarregavam sobretudo
as camadas mais desprivilegiadas.
A sociedade egípcia organizava-se em torno do Faraó. Este constituía o topo de uma
hierarquia social que favorecia as camadas privilegiadas, como vemos no esquema acima.
Ao seu lado, o monarca contava com os sacerdotes, uma elite de privilegiados com grandes
honras e riquezas. Outra elite que circundava de perto o Faraó era a dos funcionários do
estado, que eram homens de confiança do Faraó, representando a sua autoridade por todo
o território e, por isso, também, donos de consideráveis riquezas. Os escribas tinham
igualmente um papel importante: controlavam a contabilidade do estado, eram responsáveis
pela cobrança dos impostos e pela direcção dos empreendimentos públicos. Os soldados
tinham também lugar de destaque na sociedade egípcia, sendo responsáveis pela defesa
do território e, por isso, eram frequentemente muito bem recompensados pelos seus
serviços, com altos cargos e terras.
A maioria da população, contudo, constituía o estrato mais desprivilegiado. Artesãos,
mercadores, camponeses tentavam sobreviver com aquilo que extraiam do seu trabalho e
que não lhes era cobrado em forma de imposto ao Faraó.
A classe mais baixa de todas nesta estratificação social era a dos escravos. Estes eram
essencialmente prisioneiros de guerra, podendo ser propriedade do estado ou de indivíduos
particulares abastados, e era-lhes incumbida a realização de tarefas domésticas e agrícolas
diversas. Muitos trabalhavam nas minas e nas grandes construções do reino

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