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CODEX-12-Adoracao_ao_SOL

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Círculo Iniciático de Hermes 
Av. Visconde de Guarapuava, 3950 Ap. 03- Curitiba - Paraná 
Fone/Fax: (041)323-4299 E-Mail: goya@rosacruz.com.br 
CODEX HERMETICUM 12 – Publicação Classe D 
 
Ritual de Adoração ao Sol 
por Frater Goya (Anderson Rosa) 
 
Introdução – 
 
Desde há muito tempo, a humanidade percebeu um vínculo muito forte existente 
entre sua existência, a existência do mundo que a cercava e a existência do Sol. Deste 
vinham calor e energia, luz e falta de luz (quando se deitava no horizonte), e atrás disso, 
fortes símbolos se estabeleceram na mente humana desde esse tempo primevo. 
Inicialmente adorando o Astro-Rei de forma animista, acreditando que seus rituais 
simplistas podiam influenciar uma estrela, o culto ao Sol foi se sofisticando e permanece 
ainda em nossos dias de formas veladas ou diretas, mas nunca deixando completamente o 
domínio da espécie humana. Para aqueles que dizem que o culto solar está morto, fica a 
questão: Se o culto foi a abandonado, a prática ainda continua – basta olhar nos cadernos 
imobiliários e encontramos os condomínios com faces cuja arquitetura permite a maior 
captação de luz solar possível. Será apenas praticidade? Se for esse o caso, então qual seria 
o caso da humanidade antigamente, ainda assolada pelas intempéries? Não seria também 
praticidade? Onde acaba essa e começa o culto? Difícil dizer. 
Basta apenas perceber que de uma forma ou de outra, o Sol ainda é uma das coisas 
mais importantes na vida humana. Para ter certeza disso, nada melhor que lembrar o temor 
causado nos últimos anos do séc. XX, onde o perigo de uma ameaça nuclear e a 
subseqüente nuvem de poeira que taparia o Sol seriam a causa da extinção da vida sobre a 
Terra. 
 
 
História – 
 
As adorações a seguir são baseadas em documentos egípcios que falavam sobre o 
culto solar no levante e no poente, realizados no Antigo Egito. Os documentos usados 
como fonte são: 
• Papiro de Ani (Museu Britânico nº10.470, folha 1) 
• Papiro de Nectu-Amen (Naville, Todtenbuch, Bd. II, p.23) 
• Papiro da XIXª Dinastia preservado em Dublin (veja Naville, Todtenbuch, 
Bd. I. Bl. 19) 
 
Os textos foram atualizados de modo a servirem ao propósito geral do ritual, 
deixando para trás coisas que eram importantes na época, mas hoje nem tanto, como as 
partes que envolvem tarefas rotineiras da sociedade naquela ocasião. A maior parte dos 
textos religiosos visavam permitir ao praticante se assemelhar a Osíris, tanto na vida como 
na morte, e após essa transição, superar as dificuldades na travessia do Duat (Mundo 
Inferior) e chegar à imortalidade. 
 
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Objetivos – 
 
Da mesma forma que os rituais solares originais, este tem como ponto principal a 
saudação ao Sol -símbolo máximo do Eu e também atribuído a Sefira de Tiphareth, que está 
acima do Eu. Vendo a partir de Malkut e Yesod (considerando a posição original do 
Neófito na Árvore da Vida), temos aqui uma questão deveras interessante, onde a estrela (o 
Sol) aparece não como a estrela em si mesma, mas como um reflexo dela, da forma como é 
mostrado no Arcano XVII do Tarot de Thoth, onde a estrela verdadeira está num 
determinado ponto e no entanto a figura de Nuit observa o reflexo desta no Cálice (símbolo 
sefirótico). Daí, podemos concluir uma associação direta com a experiência do SAG 
(Sagrado Anjo Guardião). 
Em outro lugar, comentamos a questão da perda do Eu e a experiência do SAG. Isso 
é demonstrado por esse ritual, onde o magista tem a ilusão de estar voltado para o Sol, a 
partir de Malkut/Yesod, embora o Sol esteja nele mesmo (o Eu). 
Podemos dizer que como objetivo principal esse ritual visa a percepção do Eu em 
todo o seu esplendor, como preparação ao SAG, para sua posterior absorção e, portanto, 
perda do Eu. Definimos aqui a perda do Eu como a absorção do Eu pela personalidade do 
Magista, já que a extinção do Eu (Unidade) seria a morte em si. E a absorção do Eu pelo 
magista pode ser descrita como a descaracterização deste, eliminando a fonte de todo 
conflito e toda a angústia. 
 
O Ritual – 
 
Parte do Sol no Levante 
 
1) Este ritual deve ser realizado diariamente, por um prazo indefinido, nunca 
inferior a 30 dias, pela manhã (levante do Sol) e pela tarde (poente). 
2) O Magista deve consagrar seu templo, banhando-se, eliminando as 
impurezas físicas que por ventura possam ter sido absorvidas. 
3) Pela manhã, se voltará para o leste, fará os sinais de AUS e do Grau que 
se encontra. 
4) Com os braços abertos, visualize a luz solar atravessando todo o seu 
corpo, e assuma a forma do deus Kepher-Rá1. 
5) Voltado para o Leste, saudará: “Homenagem a ti, que viestes como 
Kheper-Rá, sendo o criador dos deuses. Quando te levantas, brilhas, 
alumias tua mãe, Nuit, sendo coroado rei dos deuses. Tua mãe rende-
te homenagens com ambas as mãos. A terra te recebe com satisfação, 
e a deusa Maat te abraça pela manhã e pela tarde. Possas tu dar 
 
1 Forma do Sol Nascente, seu lugar é no Barco do deus sol. É o deus da matéria, em vias de passar da inércia 
para a vida, e também do corpo morto, do qual está prestes a emergir um corpo espiritual e glorificado. Seu 
emblema é um escaravelho. 
 
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glória, poder, triunfo, e saída como alma viva para teus filhos que te 
saúdam” . (Fazer os sinais do Grau) “Salvem, deuses do Templo do 
Espírito, que pesais o céu e a terra na balança, e forneceis refeições 
sepulcrais em abundância. Salve Tatunen2, Uno Criador da 
humanidade e Autor da substância dos deuses do sul do norte, do 
oeste e do leste. Vinde e aclamai Kepher-Rá, senhor do céu, Príncipe 
(vida, prosperidade, saúde) [Fazer os sinais AUS], Criador dos deuses, 
e adorai-o em sua bela forma quando se levanta no barco Atet. Os 
que habitam nas alturas e os que habitam nas profundezas te 
adoram. O deus Thoth e a deusa Maat traçaram teu curso para ti 
todos os dias. O Templo está em festa e a voz dos que se rejubilam 
ressoam na grandiosa habitação. Os deuses exultam quando vêem 
Kepher-Rá levantar-se, e quando seus raios inundam o mundo de luz. 
A Majestade do deus sagrado surge e avança até à terra de Manu3; 
dá brilho a terra ao nascer todos os dias. Está em paz comigo, e 
deixa-me contemplar suas belezas; que eu jornadeie sobre a terra. 
Que eu veja Hórus fazendo às vezes de timoneiro, com o deus Thoth e 
a deusa Maat, um de cada lado; que ele agarre a proa do Barco de 
Sectet4, e a popa do Barco Atet5. Que ele permita ao duplo de Osíris 
(completar com seu Moto) contemplar o disco Solar, todos os dias; e 
que meu Espírito saia e caminhe para cá e para lá e vá onde quiser. 
Que meu nome seja proclamado e encontrado no Altar de oferendas; 
que as oferendas me sejam feitas em minha presença, assim como são 
feitas para os seguidores de Hórus; que me seja preparado um lugar 
no barco do sol no dia em que o deus sair; e seja eu recebido na 
presença de Osíris na terra da vitória". 
6) Fará os sinais de AUS e do Grau que se encontra, e voltará às atividades 
normais, deixando o local. 
 
Parte do Sol Poente 
 
7) Pela tarde (no poente), se voltará para o oeste, fará os sinais de AUS e do 
Grau que se encontra. 
8) Com os braços abertos, visualize a luz solar atravessando todo o seu 
corpo, e assuma a forma do deus Kepher-Rá. 
9) Voltado para o Oeste, saudará: “Homenagem a ti, ó Khepher-Rá, que 
quando te pões és Tem-Heru-Kut6 divino deus, que a si mesmo se 
criou, matéria primeva da qual todas as coisas foram feitas. Quando 
 
2 O deus da Terra, uma das mais velhas divindades do Egito. 
3 Manu era o nome da montanha atrás da qual o sol se punha no ocidente. 
4 Nome do barco no sol poente. 
5 Nome do barcodo sol nascente. 
6 Uma das formas do sol ao entardecer e ao nascer. 
 
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apareces na proa do teu barco os homens gritam de alegria para ti, ó 
fazedor de deuses! Estiraste os céus em que teus dois olhos podem 
viajar, fizeste que a terra fosse uma vasta câmara para teus Espíritos 
Imortais, a fim de que todo homem possa conhecer seu semelhante. O 
barco Sectet está jubiloso, e o barco Atet se alegra; e eles te saúdam 
com exultação à proporção que viajas. És formoso, ó Rá, todos os 
dias, e tua mãe Nuit te abraça; belo quando te pões, teu coração está 
alegre no horizonte de Manu, e os seres sagrados de lá se regozijam. 
Brilhas ali com teus raios, ó grande deus, Osíris, Príncipe Eterno 
(vida, prosperidade, saúde) [Fazer os sinais AUS]. O Espírito que 
habita em Rá se torna perfeito. Poderoso em presença de Tem, 
grande em presença de Osíris, ele coloca seu terror diante da 
Companhia dos deuses que são os guias do Duat. Agora a cada 
Espírito Imortal para quem essas palavras tiverem sido ditas sairá à 
luz na forma que lhe apraza tomar; ganhará poder entre os deuses do 
Duat, será reconhecido como um dentre eles; e nele entrará pela 
porta oculta com poder. Os senhores das regiões do Duat, em suas 
cavernas, estendem as mãos em adoração diante do teu duplo, e 
gritam para ti, e todos acompanham tua forma, que esplandece. Os 
corações dos senhores do Duat ficam contentes quando emites tua 
gloriosa luz em Amentet7; seus olhos se dirigem para ti, e seus 
corações se rejubilam quando te vêem. Escutas as aclamações dos que 
estão no caixão fúnebre, acabas com a impotência deles e afugentas os 
males que os afligem. Dás sopro às suas narinas e eles agarram a proa 
do teu barco no horizonte de Manu. És belo todos os dias, ó Rá, e 
possa tua mãe Nuit abraçar Osíris (completar com seu Moto), 
vitorioso”. 
 
 
10) Fará os sinais de AUS e do Grau que se encontra, e voltará às atividades 
normais, deixando o local. 
 
 
 
 
Ank ♦ ♦ Usa ♦♦ Semb 
 
7 Lugar oculto, ou Mundo Inferior.