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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA 
SETOR DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS 
 
 
 
 
 
MICHEL EDENILSON GASPARELO 
 
 
 
 
 
 
REFLEXÕES EM TORNO DO SOCIAL DESENVOLVIMENTISMO PERANTE 
O GOVERNO LULA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
 2019 
 
 
MICHEL EDENILSON GASPARELO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
REFLEXÕES EM TORNO DO SOCIAL DESENVOLVIMENTISMO PERANTE 
O GOVERNO LULA 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
para obtenção de Título Bacharel em Ciências 
Econômicas na Universidade Estadual de Ponta 
Grossa, Setor de Ciências Sociais Aplicadas. 
 
Orientador: Prof. Dr. Luiz Philippe dos Santos 
Ramos 
 
 
 
 
 
 
 
 
PONTA GROSSA 
 2019
 
1 
 
REFLEXÕES EM TORNO DO SOCIAL DESENVOLVIMENTISMO PERANTE 
O GOVERNO LULA 
 
 
Michel Edenilson Gasparelo1 
Luiz Philippe dos Santos Ramos 
 
 
Resumo: Essa pesquisa foi desenvolvida com a finalidade de averiguar as abordagens econômicas sociais 
desenvolvimentistas adotadas durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010) analisando as políticas 
macroeconômicas praticadas neste, seguindo uma metodologia histórica e dedutiva através de um diagnóstico das 
políticas tomadas pelo governo e análise das teorias econômicas. Aceitando a hipótese de que o governo em seu 
primeiro mantado foi Novo Desenvolvimentista, paralelamente às políticas econômicas neoliberais implantada 
anteriormente pelo governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2003), para, só então, no segundo mandato 
aproximasse ao Social Desenvolvimentismo. Ambos resgatam o papel do Estado na orientação do modelo de 
desenvolvimento, mas com modos diferentes de relação com o mercado. Depois de uma breve introdução sobre 
as origens do desenvolvimentismo aqui denominado de “desenvolvimentismo clássico”, as duas visões são 
apresentadas, e as políticas econômicas do governo Lula são apresentadas concluindo se o governo foi ou não a 
retomada do pensamento desenvolvimentista. 
 
Palavras-chave: Desenvolvimentismo, Governo Lula, Social Desenvolvimentismo. 
 
1. INTRODUÇÃO. 
Após Luiz Inácio Lula Da Silva assumir a presidência da república, em 1° de janeiro de 2003, 
imaginou-se que estivesse formando um novo pacto político popular e nacional que, no entanto, em seus 
primeiros dois anos de mandato não se confirmou. Lula inicialmente foi estratégico comprometendo-se 
com as classes dominantes capitalistas e tecno burocráticas, acalmando o mercado interno e externo, 
uma atitude essencial, associando-se aos setores mais progressistas da burguesia especialmente aos 
empresários industriais que haviam sido marginalizados no governo anterior. No início a submissão à 
política macroeconômica ortodoxa liberal de seu governo pareceu desacreditar as intenções 
desenvolvimentistas, mas esse foi um recuo estratégico de Lula. 
Especificamente, em diante de 2005/2006, pode-se considerar que o governo Lula foi marcado 
por muitos resultados positivos no âmbito econômico sendo que, o setor exportador estava em alta, as 
maiores taxas de crescimento do PIB, o acúmulo recorde das reservas internacionais, o aumento dos 
investimentos públicos, nem a crise mundial de 2008 abalou quanto se temia. Dentre as principais e 
mais marcantes políticas econômicas de distribuição de renda podemos apontar o Bolsa Família, 
programa que inicialmente teve como base o antecessor Fome Zero, que se encerrou em 2003 e deu 
 
1 Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG), Ponta Grossa, PR 
E-mail: michel.gasparelo@hotmail.com 
 
2 
 
início ao Bolsa Família, englobando vários outros programas que mais tarde diminuiriam as taxas de 
fome no Brasil. 
Durante o governo Lula, o Brasil apresentou estabilidade de variáveis macroeconômicas, 
superávit primário, apreciação da moeda interna e elevação do grau de investimento, colocou no 
orçamento do governo as classes mais baixas incentivando o acesso ao crédito. Esse quadro alimentou 
o retorno de um pensamento Desenvolvimentista, o papel ativo do estado, um processo nacionalista de 
desenvolvimento econômico que teria sido interrompido na década de 80. Contudo essa retomada do 
pensamento desenvolvimentista apresenta-se reformulado agora em duas vertentes principais: O Novo 
desenvolvimentismo e o Social Desenvolvimentismo, ambos com pensamentos desenvolvimentistas, 
mas com enfoques diferentes. 
O desenvolvimentismo clássico, surgido após a grande depressão e segunda guerra mundial 
em resposta ao fracasso do liberalismo econômico com os pensamentos do keynesianismo, propunha 
uma forte intervenção do estado. Não é possível ter uma definição precisa do termo 
desenvolvimentismo, contudo é possível identificar um “núcleo duro” que facilitaria sua identificação: 
a defesa da industrialização; intervencionismo pró-crescimento; e o nacionalismo. No entanto, não estão 
associados um ao outro, mas devem estar entrelaçados, necessariamente, em um mesmo contexto 
histórico. 
2. ASCENÇÃO POLÍTICA DE LULA E O PARTIDO DOS TRABALHADORES 
Luiz Inácio Lula da Silva, metalúrgico, membro fundador e presidente de honra do 
Partido dos Trabalhadores, fundado em 1980 durante o processo de abertura política, tentou por 
três vezes a presidência da República, a primeira em 1989, perdendo em segundo turno para 
Fernando Collor de Melo (FCM). Já pela segunda vez perdeu em 1994 e em 1998 para Fernando 
Henrique Cardoso (FHC), quando por fim venceu em 2002 ao candidato José Serra, e foi 
empossado presidente em janeiro de 2003. 
A partir da vitória de Lula a esquerda retornava ao governo depois de um longo período 
de políticas neoclássicas de direita, reascendeu a esperança de uma refundação da sociedade 
dada a trajetória de resistência do PT e a história singular de sua formação, cevada na luta dos 
trabalhadores nos austeros e espinhosos anos da ditadura militar, assim, imaginou-se então que 
estivesse formando-se um novo pacto político, popular e nacional. Sabemos hoje que não foi 
exatamente deste modo, o governo Lula não só continuou como aprofundou a política 
econômica ortodoxa, que prevaleceu no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002). 
No entanto, o que não se sabia é que havia sido aplicado um recuo estratégico de Lula 
e sua equipe econômica depois da conturbada campanha eleitoral de 2002 a medida em que as 
pesquisas de intenção de votos deixava claro a vitória de Lula, o Brasil se via envolvido em um 
ataque especulativo, com fugas de capitais e um brusco aumento de sua taxa de câmbio, 
 
3 
 
trazendo consigo a ascendência da inflação, por conseguinte, Lula divulga a “Carta ao Povo 
Brasileiro”, esta carta sinalizava para os mercados financeiros que, se eleito, não iria realizar 
transformações “mirabolantes”, inclusive, comprometendo-se dar sequência às mesmas 
políticas econômicas adotadas até então, bem como respeitar os contratos firmados pelo 
governo antecessor. 
Em seu pronunciamento na sessão solene de posse no Congresso Nacional Lula, então 
como Presidente da República, afirmou que era absolutamente necessário que o país voltasse a 
crescer gerando emprego e distribuindo renda, e trabalharia para superar as vulnerabilidades 
atuais enfrentadas pelo país criando condições macroeconômicas favoráveis a retomada do 
crescimento sustentável, para qual a estabilidade e a gestão responsável das finanças públicas 
se fariam necessário. 
Reafirmou que mudanças eram necessárias, que trabalharia para gerar empregos e criar 
incentivos as empresas nacionais, combater a fome, promover a distribuição de renda, em seu 
discurso enunciou que se, ao final do seu mandato, todos os brasileiros tiverem a possibilidade 
de tomar café da manhã, almoçar e jantar, teria cumprido sua missão. Demostrando uma clara 
intenção de ruptura do modelo econômico adotadopor governos anteriores que, em vez de gerar 
crescimento, produziu estagnação, desemprego e fome. 
3. AS TEORIAS DESENVOLVIMENTISTAS 
Este capítulo tem a finalidade de apresentar o contexto histórico do 
Desenvolvimentismo clássico, suas origens, seus autores percursores e de quais governos 
fizeram parte, a crise do desenvolvimentismo e enfim a retomada do pensamento agora com 
duas vertentes o Novo desenvolvimentismo e Social Desenvolvimentismo. 
3.1. DESENVOLVIMENTISMO CLASSICO 
O desenvolvimentismo clássico2 surgiu em decorrência de um olhar econômico 
voltado a macroeconomia por consequência do final da Primeira Guerra Mundial e da grande 
depressão de 1929. John Maynard Keynes (1936) trouxe novos rumos para a economia 
mundial, propondo uma forte intervenção do Estado com um objetivo de garantia de pleno 
emprego e mantimento do controle da inflação. Em sua obra The end of laissez-faire - A Teoria 
Geral do Emprego, do Juro e da Moeda (1936), concluiu, que diferente do que afirmaram os 
adeptos da mão invisível de Adan Smi, que a racionalidade individual não produz 
necessariamente o melhor resultado para a sociedade, “(...)o mundo é governado do alto de 
forma que o interesse particular e social coincida [...]. Não constitui uma dedução correta dos 
 
2 Denominação dada por Bresser Pereira (2010) 
 
4 
 
princípios da Economia que o auto interesse esclarecido sempre atua a favor do interesse 
público” (KEYNES,1978 apud FONSECA, 2010) 
Partindo da premissa que as estruturas econômicas e sociais do desenvolvimento se 
formaram na Europa seguindo a Revolução Industrial, e que estão ligadas ao capitalismo 
podendo ser transplantadas nos países latinos americanos, baseado na industrialização e na 
infraestrutura, com forte intervenção do estado. Consideramos que Desenvolvimentismo 
pertence ao conjunto de termos tal como “ortodoxia”, “neoliberalismo” e “keynesianismo” 
advinda de uma reação ao fracasso dos mercados e do liberalismo econômico. 
 Bresser (2016) diz que o desenvolvimentismo clássico foi uma escola de pensamento 
que combinava a macroeconomia keynesiana com a economia política clássica, definida por 
economistas renomados como Arthur Lewis(1954), Rosenstein-Rodan(1943), Ragnar 
Nurkse(1957), Raul Prebisch(1959), Hans Singer (1950), Celso Furtado(1936) e Albert 
Hirschman(1981). Assumiu-se, então, um sistema histórico-dedutivo em vez de hipotético-
dedutivo, o qual rejeitava a teoria econômica neoclássica e a lei das vantagens comparativa, 
fundamentando críticas a teoria econômica neoclássica com a tese da deterioração dos termos 
de intercâmbio; definiu-se a industrialização como mudança estrutural e o principal meio para 
se atingir o desenvolvimento econômico. 
No Brasil, o termo “desenvolvimentismo” remete às teorias cepalinas vindas da 
Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) criada em 1948 com o 
objetivo de monitorar as políticas direcionadas a promoção do desenvolvimento econômico da 
região da América Latina, assessorando ações encaminhadas para a sua promoção, e assim, 
contribuindo para o reforço das relações econômicas dos países da área, tanto entre si como em 
relação as demais nações. As pesquisas de campo intelectual acadêmico brasileiro sobre o 
processo de solidificação do desenvolvimentismo podem ser representadas por um grande 
arcabouço de economistas e pesquisadores, sendo seus principais nomes: Mantega (1997), 
Bielschowsky (1988), Fonseca (2000, 2013), Bresser Pereira (2012, 2016) e Maria de Lurdes 
Rollemberg Mollo (2016) 
 Embora as características gerais do desenvolvimentismo sejam amplamente 
conhecidas, é preciso realizar alguns esclarecimentos sobre o termo no Brasil, podemos então 
considerar que o desenvolvimentismo: 
É a ideologia de transformação da sociedade brasileira definhada pelo 
projeto econômico que se compõe dos seguintes pontos fundamentais: a) a 
industrialização integral é a via de superação da pobreza e do subdesenvolvimento; b) 
Não há meios de alcançar a industrialização eficiente e racional no Brasil através das 
forças espontânea de mercado; por isso, é necessário que o estado planeje; c) O 
planejamento deve definir a expansão desejada dos setores econômicos e os 
 
5 
 
instrumentos de promoção dessa expansão; e d) O deve ordenar também a execução 
da expansão, captando e orientando recursos financeiros, e promovendo investimentos 
diretos naqueles setores em que a iniciativa privada seja ineficiente.( 
BIELSHOWSKY,1988, p. 7 apud FONSECA, 2015,p 16) 
A formação do desenvolvimentismo clássico no Brasil pode ser encontrada nas 
primeiras décadas do século XX, com início na revolução de 1930, se efetivando de forma mais 
estruturada na década de 1950, encontrando seu ápice com o Programa de Metas, atravessando 
momentos de oscilações ao longo das décadas de 1960 e 1970, para enfrentar sua crise mais 
profunda na década de 1980 (BIELSCHOWSKY, 2011; CARNEIRO, 2012; FONSECA, 
2014). 
Entre 1930 e 1970, o Brasil e outros países latino-americanos cresceram e ritmo 
extraordinários. Eles formularam estratégias nacionais em ritmos extraordinários. 
Eles formularam estrangeiras nacionais de desenvolvimento que, implicavam a 
proteção da industrial nascente nacional (ou industrialização por substituição de 
importações) e a promoção de poupança forçada pelo estado. Julgava-se que o estado 
devia deveria fazer investimentos em infraestrutura e em certas indústrias de base 
cujos riscos e necessidades de capital eram grandes. Essas estratégias foram chamadas 
de “nacional desenvolvimentismo.” (BRESSER-PEREIRA 2016, p 38) 
A Grande Depressão e a crise de 1929 trouxeram ao Brasil problemas consideráveis, 
os preços dos produtos primários ficaram depreciados, como o café, que era responsável por 
70% das exportações brasileiras, culminando em uma queda brusca na renda vinda das 
exportações. A saída das reservas internacionais em metais e desvalorização da moeda 
encareceram os bens importados. A crise agiu para que desenvolvimento da industrial nacional 
ganhasse força, tese da substituição de importações defendida por Raul Prebshi (1964) que 
afirmava ser necessária para manter o ritmo anterior de crescimento das exportações 
tradicionais, ou acelerar, impõe-se então a substituição de importações, principalmente das 
indústrias. 
O processo de substituição de importações ficou conhecido como aceleração no 
processo de produção interna industrial, que só foi possível, segundo Fonseca (2011), graças 
ao grande capital acumulado nas décadas anteriores vindos das exportações de café, que em 
1935 o governo brasileiro assinou o tratado de comercio com os Estados Unidos, qual 
estabelecia vantagens a alguns produtos de exportações brasileiras como o café, borracha e 
cacau em troca de redução de 20% a 60% na compra de artigos industriais norte-americanos, 
como maquinas e aparelhos e aços, contudo, ainda seria necessário a importação de máquinas 
e insumos para a ampliação da indústria interna. 
3.2.GOVERNO GETULIO E O DESENVOLVIMENTISMO CLASSICO 
Encerrando a Republica velha, Vargas constitui o então chamado Estado Novo 
configurando a estrutura governamental qual está em vigência até os dias atuais, definindo uma 
criação de diversos órgãos públicos e privados relacionados a setores da indústria entre eles 
 
6 
 
podemos destacar a Fabrica Nacional de Motores, Conselho Nacional de Petróleo, Conselho de 
Agua e Energia, Comissão de Defesa da Economia Nacional, SENAI, SESI e o IBG. Após isso, 
segundo Fonseca (2010) a economia brasileira, entre 1939 e 1942, desacelerou, podendo ser 
explicado em decorrência da segunda guerra Mundial 
Getúlio Vargas volta ao poder em 1951, após a segunda guerra mundial, continuando 
o projeto de industrialização que foi marca do seu governo anterior, contando com o apoio de 
diversos setores sociais desde parte dos proprietários de terra a empresariado industrial até os 
trabalhadoresurbanos, com os sindicatos, além dos políticos tradicionais que haviam apoiado 
a ditadura do Estado Novo. Essa base de sustentação política foi então chamada de projeto 
nacional desenvolvimentista. 
Segundo o governo de Getúlio Vargas o projeto para o país foi pautado pelo ideal do 
nacional-desenvolvimentismo, como principal a defesa da intervenção do estado em áreas 
consideradas de interesse nacional. As indústrias e aquelas atividades vinculadas a 
diversificação do mercado interno receberam atenção especial do governo. Em 1953, é criada 
a Petrobras e a Eletrobrás estimulando a indústria nacional, entretanto, como afirma Fonseca 
(2011) a partir de 1954 o projeto desenvolvimentista enfrentava sua primeira crise advinda do 
Processo de Substituição de importações encerrando assim a primeira fase do projeto 
desenvolvimentismo clássico. 
3.3. GOVERNO JUSCELINO E O DESENVOLVIMENTISMO CLASSICO 
 A segunda fase do desenvolvimentismo é iniciada no governo de Juscelino 
Kubitschek em 1956 com a implementação do Plano de Metas, mais conhecido como 50 anos 
de crescimento econômico em 5, um conjunto de metas e objetivos a serem alcançados em 
diversos setores de economia formulado por sua equipe econômica, uma comissão mista, tendo 
como base diversos estudos de barreiras que impediam que o crescimento econômico brasileiro 
viesse acontecer. Consistia em 30 metas que depois se tornou 31ª, sendo a última incluída a 
Construção de Brasília transferindo-a como capital federativa do Brasil. No mesmo sentido da 
teoria do Crescimento equilibrado de Rosestein-Rodan e Nurkse a equipe econômica de JK 
defendia que as metas seriam definidas e implementadas em harmonia, ou seja, em cadeia para 
que o crescimento viesse de fato a acontecer. 
No livro de Maria Victoria de Mesquita Benevides (1976), o Governo Kubitschek 
Desenvolvimento econômico e estabilidade Política 1956 - 1961 é detalhado cronologicamente 
o governo desenvolvimentista de JK. Segundo a autora o período possui como característica 
principal a consolidação da indústria brasileira, quando aloja a indústria pesada, especialmente 
 
7 
 
a automobilística a criação do GEIA (Grupo Executivo da Industria Automobilística), ao 
mesmo tempo que a indústria de base ganha impulso com a instalação de novas indústrias 
siderúrgicas e a aceleração do desenvolvimento da indústria de construção naval. 
Segundo Benevides (2010) o governo enfreou três problemas principais; a) déficit na 
balança de pagamentos e a deterioração dos termos de troca; b) os pontos de estrangulamento 
(internos e externos) e, por fim; c) inflação. Sendo assim, as políticas do governo dirigem-se 
para resolvê-los através de; a) aumentar a exportações; b) investimentos proprietários em 
infraestruturas e recursos ao capital externo contra os pontos de entrave (implementação do 
plano de metas); c) contra a inflação: políticas de austeridade nos gastos e redução das despesas 
supérflua. 
3.4.CRISES DO DESENVOLVIMENTISMO CLASSICO 
Bresser (2010) afirma que o plano de desenvolvimentismo clássico enfrentou em 1980 
uma grande crise a qual foi substituída pela tática de ortodoxia convencional, vários fatores 
contribuíram para que isso ocorresse, elencando alguns fatores principais que explicam tal fato. 
Em primeiro Bresser (2010) cita que, em 1960 a aliança que serviu como base para o 
desenvolvimentismo clássico foi desfeita como consequência do golpe militar apoiado pelas 
indústrias brasileiras e pelo governo dos EUA. A abordagem desenvolvimentista considerava 
um acordo nacional envolvendo burocracia do Estado, trabalhadores e indústria, ou seja, 
propunha que os novos empresários industriais fossem se tornando uma “burguesia nacional”, 
como aconteceu nos países desenvolvidos, para que então fosse realizado uma revolução 
industrial. Contudo, a revolução Cubana de 1959 organizada pela esquerda, e a crise econômica 
de 1960 dissolveram essa aliança, fornecendo os alicerces para implementação dos regimes 
militares nos países latino-americanos, (Brasil, Argentina, Uruguai e Chile) apoiado por 
empresários de cada um desses países. Como consequência a aliança nacional que era essencial 
se rompeu e a tese de “burguesia nacional” passou a ser rejeitada. 
Em segundo lugar, é citado que o desenvolvimentismo clássico se baseava na 
substituição das importações, qual segundo Bresser (2010) foi a semente do seu próprio 
fracasso. A proteção da indústria nacional, o foco no mercado e a redução do coeficiente de 
abertura da economia, mesmo em uma economia relativamente grande como Brasil, são 
enormemente limitados pela economia de escala. A substituição das importações mantidas em 
1970, levaram as economias latinas-americanas a distorções. 
Em terceiro lugar, Bresser (2010) refere-se a grande crise da dívida de 1980, onde a 
crise enfraqueceu ainda mais a aliança e o pensamento por traz do desenvolvimentismo. A crise 
 
8 
 
da dívida, segundo Bresser (2010), preparou o terreno para o aparecimento de uma elevada 
inflação inercial que perduraria durante 14 anos na economia brasileira passando por diversos 
planos econômicos e apenas se estabilizando no bem-sucedido e inovador Plano Real de 1994. 
3.5. NOVO DESENVOLVIMENTISMO 
Uma nova teoria relacionada a teoria desenvolvimentista clássica é o novo 
desenvolvimentismo que é originário do seio do Partido da Social Democracia Brasileira 
(PSDB) com seu principal representante o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira que passou 
a ser opositor das políticas adotadas por FHC a partir do consenso de Washington, que 
denominado por Bresser (2010) de Ortodoxia convencional, foi um conjunto de grandes 
medidas formuladas em 1989 por um grupo de economistas e de instituições financeiras em 
Washington, entre essas instituições estão o Departamento do Tesouro Monetário dos EUA, 
FMI e o Banco Mundial. 
O consenso tinha a finalidade de diagnosticar ajustes macroeconômicos nos países em 
desenvolvimento que passavam por dificuldades de estabilidade os aliando às políticas 
neoliberais. É Inegável que as políticas econômicas neoliberais trouxeram estabilidade 
econômica, todavia, foram incapazes de promover o crescimento e desenvolvimento duradouro, 
trazendo consigo críticas e novos pensamentos do Desenvolvimentismo agora em duas 
vertentes o Novo-Desenvolvimentismo com seu percursor principal Bresser Pereira e o Social-
Desenvolvimentismo defendido por Bielschowsky(2001,2013) e apoiado por outros autores 
como (FERRARI; FONSECA; 2013; MOLLO,2016) 
Castelo (2007) diz que o novo desenvolvimentismo surgiu no século XXI após o 
neoliberalismo experimentar sinais de esgotamento e logo se apresentou como uma terceira via 
tanto ao projeto liberal quanto ao socialismo. Visto como um esboço repaginado do 
Desenvolvimentismo clássico o Novo Desenvolvimentismo retoma as discussões baseadas na 
crítica cepaliana, e dos problemas do desenvolvimento econômico latino americano. Assim, 
como o Desenvolvimentismo Clássico, as estratégias políticas macroeconômicas do Novo 
Desenvolvimentismo são baseadas na teoria Keynesiana e fazem parte de um esboço que vem 
de encontro a um projeto do institucionalizado no início dos anos 2000. 
Apesar de ter sido membro do governo Fernando Henrique Cardoso (FHC) durante 
quatro anos e meio, Bresser (2010) deixa claro sua oposição ao consenso de Washington, 
denominada por ele de ortodoxia convencional, que voltou a ser dominante na macroeconomia 
da América Latina. Segundo Bresser (2010) após o Plano Real de 1994 a economia brasileira 
passou a ser totalmente ortodoxa, e entre 1999 e 2001 passou a elaborar uma crítica cinética da 
 
9 
 
ortodoxia convencional tendo como base as visões estruturalistas e Keynesiana. Bresser (2010) 
argumenta que mesmo a proposta convencional incluindo reformas políticas econômicas 
necessárias não promovera realmente o desenvolvimento do país, pelo contrário, a economia 
mentia-sesemi-estagnada. 
D[..] reconhecia uma série de fatos históricos novos que implicavam uma 
necessidade de rever a estratégia nacional de desenvolvimento. Como denominar essa 
alternativa? Decidimos que “novo desenvolvimentismo” seria um bom nome. O que 
envolve o novo desenvolvimentismo? Eu o defino como um “terceiro discurso” – 
como uma estratégia alternativa tanto ao antigo desenvolvimentismo quanto à 
ortodoxia convencional, e como uma crítica aos diagnósticos, políticas e reformas 
concebidas principalmente em Washington para uso nos países em desenvolvimento. 
(BRESSER-PERREIRA,2010 p.6) 
Segundo Bresser (2010), o desenvolvimentismo Clássico de 1950 difere do Novo 
Desenvolvimentismo em duas variáveis chaves, um é o fator histórico que modificou o 
Capitalismo Mundial, passando da sua idade do ouro para a fase da globalização, e em segundo 
lugar, a renda média dos países como o Brasil que alteraram seus estágios de desenvolvimento 
não caracterizando-se mais pelas indústria nascentes, que naquele período estava em sua fase 
de “infância”. 
O protecionismo segundo Bresser(2010) foi uma barreira que deveria ter sido 
superada, o modelo de substituição de importação nos anos de 1930 à 1960 foi eficaz para 
estabelecer as bases industriais dos países Latinos Americanos, todavia, os países deveriam ter 
começado a reduzir as barreiras a partir de 1960 e se orientar para um modelo voltado para a 
exportação, revelando-os como países exportadores competitivos de produtos manufaturados. 
O novo desenvolvimentismo não é protecionista enfatiza a necessidade de uma taxa de câmbio 
competitiva e assume que os países de renda média já superaram a fase da indústria nascente, 
mas ainda se defrontam com a doença holandesa3. 
Bresser (2010) ainda salienta que a diferença final é o papel do Estado, o qual é 
completamento distintos no Desenvolvimentismo Clássico. O Estado para os Novos 
Desenvolvimentistas deve promover a poupança forçada e investir em certos setores 
estratégicos, um papel secundário na economia dando suporte para o setor privado nacional que 
agora tem recursos e capacidade gerencial para fornecer uma parcela significativa do 
investimento necessário. Bresser (2010) organiza um quadro comparativo das diferenças do 
Desenvolvimentismo clássico para o Novo-Desenvolvimentismo (Tabela 1): 
 
 
 
3 Ver Bresser Pereira (2010) 
 
10 
 
TABELA 1- Desenvolvimentismo clássico / Novo desenvolvimentismo 
DESENVOLVIMENTISMO CLASSICO NOVO DESENVOLVIMENTISMO 
1.Uma certa complacência com os déficits 
públicos e a inflação. 
1. Nenhuma complacência com o desequilíbrio fiscal e a 
inflação. 
2. O Estado desempenha um papel central em 
termos de poupança forçada e investimento em 
empresas. 
2. O Estado tem um papel subsidiário, mas importante na 
poupança forçada e no investimento em empresas. 
3. A industrialização se baseia na substituição das 
importações e o comércio é pessimista em relação 
às exportações. 
3. O crescimento é voltado para a exportação e o comércio 
é realista em relação às exportações. 
Fonte: Bresser Pereira (2010) 
No Quadro comparativo de Bresser percebemos as principais diferenças entre o 
desenvolvimentismo clássico e o novo desenvolvimentismo, sendo o eixo central o controle da 
inflação e o cuidado com as contas públicas ou seja a teoria novo desenvolvimentista não era 
complacente com a inflação nem com irresponsabilidade, o estado tem um papel que não é 
central, mas sim um papel secundário uma administração a distância da demanda agregada com 
um papel mais de incentivo a poupança a poupança forçada e o investimento em empresas, por 
fim o crescimento é voltado para exportações. 
3.6. SOCIAL DESENVOLVIMENTISMO 
O social desenvolvimentismo surge junto ao novo desenvolvimento, sendo os seus 
principais percursores Bielschowsky (2012,2013); Fonseca (2013) Mercadante (2010) e Mollo 
(2015), trazendo como sua ideia chave a definição do social como eixo principal do 
desenvolvimento e a noção de que o estímulo seja dado na demanda interna, sendo priorizado 
o consumo em massa e investimento doméstico. Esse modelo traz uma inversão de prioridades 
do desenvolvimentismo clássico que tinha como prioridade o desenvolvimento das forças 
produtivas como objetivo a ser alcançado 
A ampliação do consumo em massa baseada na redistribuição de renda seria o fator 
primordial sob o ponto de vista dos determinantes do crescimento e o reconhecimento do 
mercado interno é o ponto de partida muito forte enquanto base do crescimento em economias 
como a brasileira, sendo assim, Bielschowsky (2001) argumenta que o determinante do círculo 
virtuoso do crescimento será alcançado por meio de aumento de salários e ampliação de 
consumo, aumentando o investimento e produtividade, o autor ainda ressalta que para que a 
estratégia social desenvolvimentista somente obteria sucesso se a criação de emprego fosse 
suficiente, a disponibilidade de recursos fiscais e atenuação da restrição externa. 
 
11 
 
O social desenvolvimentismo segundo Mollo (2016) justifica o fato de que o novo 
desenvolvimentismo defendido por Bresser sustenta uma desvalorização cambial que resultaria 
em uma redução salarial, essa redução resultaria de forma negativa agravando a inclusão do 
trabalhador na relação capital trabalho, além de constituir uma redução do consumo em massa, 
um requisito primordial para o estimulo ao investimento e a produção brasileira, além de ser 
fundamental para o processo de redução das desigualdades no Brasil. A autora ainda questiona 
que a priorização da demanda interna como alavanca do desenvolvimento facilitaria o apoio 
político de grupos empresariais ao processo de distribuição de renda, fornecendo a base para 
um pacto social a favor do aumento dos salários necessários para sustentar a demanda de 
consumo. 
Assim como Bresser (2010), Mollo (2016) organiza uma tabela comparativo das 
diferenças do Novo-Desenvolvimentismo; 
TABELA 2- Os vários desenvolvimentismos 
DESENVOLVIMENTISTAS 
NO BRASIL 
TIPO DE DEMANDA 
FOCADO 
VARIAVEIS CHAVE 
DE POLÍTICA 
Proposta Percursora 
(Bresser-Pereira) 
Externa Taxa de Cambio 
Proposta Pós-Keynesiana 
(Scsú, de Paula, Michel) 
Externa e Interna Taxa de Juros 
Social-Desenvolvimentistas 
(Bielschowsky, Fonseca, 
Mercadantes e Mollo.) 
Interna Consumo de Massa e/ou 
investimento 
Fonte: Mollo (2016) 
No Quadro comparativo, assim como de Bresser (2010), Mollo (2016) observa as 
principais diferenças entre a proposta do novo desenvolvimentismo apresentada por Bresser 
focando na demanda externa ou seja nas exportações, e a variável chave a taxa de câmbio sendo 
o eixo central, a proposta dos pós-keynesianos de Scsu (2005) sendo uma mescla de demanda 
interna e externa e sua variável chave a taxa de juros, já para o social desenvolvimentismo a 
proposta central é a demanda interna e a variável central é o consumo de massa e investimento. 
A Proposta Pós-Keynesiana de Scsú de Paula e Michel (2005) veem a situação externa 
como relevante, contudo, focam principalmente nos problemas das vulnerabilidades que nos 
sujeitamos com a abertura econômica e uma taxa elevada de juros que atrai capitais 
especulativos. Os Novos Desenvolvimentistas Pós-Keynesianos buscam políticas industriais e 
de comercio exterior para estimular a competitividade da indústria e assim melhorar a admissão 
 
12 
 
do país no comercio internacional, priorizando a produção e evitando a especulação. O projeto 
busca mecanismo nacionais de financiamento do investimento e políticas econômicas que 
tendem a reduzir incertezas inerentes ao mundo financeiramente globalizado. (SICSÚ et al., 
2005 e 2007) apud (MOLLO, 2015) 
Segundo Carneiro (2012) O projeto social desenvolvimentismo é composto por quatro 
eixos que vem sendo implementado com diferentes graus de prioridade e maturação: 
i) a melhoria da distribuição da renda; 
ii) a ampliação da infraestruturaeconômica e social; 
iii) a reindustrialização via adensamento de cadeias; 
iv) a expansão do setor baseado em recursos naturais. A melhoria da distribuição da renda, por 
meio de variadas medidas, acompanhada de acesso ampliado ao crédito, possibilitou a rápida 
ampliação do consumo de massas. 
Ainda, segundo Carneiro (2010) o Projeto Social-Desenvolvimentismo tem 
necessariamente que se definir estratégias consistentes para resolução ou equacionamento de 
alguns obstáculos característicos do subdesenvolvimento, tais como: 
 a) a superação da inconversibilidade monetária por meio da regulação da inserção externa da 
economia brasileira, como forma de ampliar a autonomia da política macroeconômica 
doméstica e viabilizar a constituição de um sistema de financiamento de longo prazo; 
b) a superação do atraso tecnológico por meio da implantação dos setores de alta tecnologia em 
simultâneo com a constituição de uma rede de empresas nacionais operando em escala global 
e a construção de uma infraestrutura econômica compatível com esse nível de desenvolvimento; 
c) a melhora progressiva da distribuição da renda e a redução da heterogeneidade social por 
meio de políticas de regulação do mercado de trabalho, políticas sociais distributivas e 
ampliação da infraestrutura social. 
4. POLÍTICAS ECONÔMICAS DO GOVERNO LULA 
Este capítulo refere-se à apresentação das políticas macroeconômicas do governo Lula 
ao longo dos seus dois mandatos. Ao assumir a presidência, o presidente Lula deu continuidade 
ao tripé macroeconômico: superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação posto em 
prática por FHC. Como podemos observar na tabela 3 o governo Lula seguiu as metas de 
inflação. 
 
 
 
 
13 
 
TABELA 3- Metas de inflação e IPCA 1999-2010 
DATA META (%) 
 LIMITES INFERIOR 
E SUPERIOR (%) 
IPCA (%a.a.) 
2001 4 2-6 7,67 
2002 3,5 1,5-5,5 12,53 
2003 
3,25 1,25-5,25 
9,3 
4 1,5-6,5 
2004 
3,75 1,25-6,25 
7,6 
5,5 6-8 
2005 4,5 2-7 5,69 
2006 4,5 2,5-6,5 3,14 
2007 4,5 2,5-6,5 4,46 
2008 4,5 2,5-6,5 5,9 
2009 4,5 2,5-6,5 4,31 
2010 4,5 2,5-6,5 5,91 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central 
A respeito das contas públicas o governo Lula manteve superávit primário em todos os 
anos, e ainda foi mais ousado que seu antecessor FHC, elevou a meta de superávit de 3,75% 
para 4,75% do PIB, como mostra a tabela 4. 
TABELA 4- Superávit primário governo central 
Ano R$ Milhões % PIB 
2000 20.982,20 1,7% 
2001 21.737,10 1,7% 
2002 31.577,20 2,1% 
2003 39.080,05 2,3% 
2004 49.341,43 2,5% 
2005 52.673,17 2,4% 
2006 48.748,23 2,0% 
2007 57.650,39 2,1% 
2008 71.438,39 2,3% 
2009 39.436,42 1,2% 
2010 77.891,17 2,0% 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central 
Manteve também a política herdada de FHC de câmbio flutuante, seu primeiro ano de 
mandato teve uma desaceleração do crescimento econômico se comparado a 2002, que em 2004 
já volta em ritmo acelerado. Também no seu primeiro ano de mandato Lula começa 
implementar uma série de medidas na área fiscal e tributária priorizando o ajuste fiscal, medidas 
as quais eram estruturadas para ampliar o aumento da arrecadação e sustentar a meta fiscal. 
 
 
 
14 
 
TABELA 5- Indicadores Macroeconômicos 2002-2010 
Ano 
Crescimento 
 do PIB (%) 
Taxa de câmbio 
média (US$) 
Carga tributária 
(% do PIB) 
2002 2,7 2,9121 32,3 
2003 1,1 3,078 31,9 
2004 5,7 2,926 32,8 
2005 3,2 2,435 33,8 
2006 4,0 2,176 34,1 
2007 6,1 1,948 34,7 
2008 5,2 1,835 34,9 
2009 -0,6 1,998 33,7 
2010 7,5 1,760 34,4 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central, IBGE e IPEA 
Em 2003 o governo lula promoveu uma minirreforma tributária4 foi a elevação da 
arrecadação do governo federal nos anos seguintes. Em 2002 a carga tributária estava na faixa 
de 32,3% do PIB, em 2010 chegou a 34,4 do PIB, como mostra a tabela 5. 
TABELA 6- Histórico taxa Selic 
Data Taxa SELIC (% a.a.) * 
dez/02 24,90 
dez/03 16,32 
dez/04 17,74 
dez/05 18,00 
nov/06 13,19 
dez/07 11,18 
dez/08 16,66 
dez/09 8,650 
dez/10 10,66 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central 
* Taxa média diária de juros, anualizada com base em 252 dias úteis. 
 Em 2004, como aponta a tabela 6, o crescimento do PIB vai a 5,7%, em 
comparação como o ano anterior. Esse crescimento foi puxado pelo aumento da balança 
comercial que, apesar do aumento considerável das importações e da apreciação cambial, 
continuou com um saldo em alta por conta do aquecimento da economia mundial e pelo ciclo 
de queda na taxa de juros iniciado pelo Banco Central a partir de 2002. 
 
 
4 Prorrogação da CPMF até 2007 e mudanças na arrecadação do PIS e da Cofins 
 
15 
 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central 
A tabela 7 mostra que em 2002 as importações aumentaram saindo de US$ 47 bilhões 
para US$ 182 bilhões em 2010. No campo externo as exportações de US$ 60 bilhões saltaram 
para US$ 202 bilhões para o mesmo período. Assim o saldo da balança comercial quase 
quadriplica entre 2002-2010. 
TABELA 8 - Crescimento do salário mínimo 2002-2010 
 Ano Valor Bruto (em R$) 
 Variação em 
 termos reais (&) 
2002 200 - 
2003 240 4 
2004 260 3,3 
2005 300 7,6 
2006 350 12,1 
2007 380 5,6 
2008 415 4,8 
2009 465 6,8 
2010 510 5,1 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do IBGE 
O ano de 2004 marca o início da recuperação do salário mínimo, como aponta a tabela 
8, com redução da taxa de juros e a inflação mantida em nível menor que o de 2003, observa-
TABELA 7 - Balanço de pagamentos: contas selecionadas 2002-2010 (em US$ milhões) 
Contas do BP 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 
Transações 
Correntes (TC) -7.637 4.177 11.679 13.985 13.643 1.551 -28.192 -24.302 -47.518 
Balança comercial 
(fob) 13.121 24.794 33.641 44.703 46.457 40.032 24.836 25.290 20.267 
Exportação de bens 60.362 73.084 96.475 118.308 137.807 160.649 197.942 152.995 201.915 
Importação de bens 47.240 48.290 62.835 73.606 91.351 120.617 173.107 127.705 181.649 
Serviços e rendas 
(líquido) -23.148 -23.483 -25.198 -34.276 -37.120 -42.510 -57.252 -52.930 -70.630 
Serviços (fretes, 
viagens etc.) -4.957 -4.931 -4.678 -8.309 -9.640 -13.219 -16.690 -19.245 -31.071 
Juros -13.130 -13.020 13.364 -13.496 -11.289 -7.305 -7.232 -9.069 -9.682 
Lucros e dividendos -5.162 -5.640 -7.338 -12.686 -16.369 -22.435 -33.875 -25.218 -30.375 
Outras rendas 102 109 181 214 177 448 545 603 498 
Transferências 
unilaterais 2.390 2.867 3.236 3.558 4.306 4.029 4.224 3.338 2.845 
Conta Capital e 
Financeira (CCF) 8.004 5.111 -7.523 -9.464 16.299 89.086 29.352 71.301 100.102 
Conta Capital 433 498 372 663 869 756 1.055 1.129 1.119 
Investimento Direto 14.108 9.894 8.339 12.550 -9.380 27.518 24.601 36.033 36.962 
Investimento em 
carteira, 
 derivativos e outros -6.537 -5.281 -16.234 -22.676 24.810 60.811 3.695 34.139 62.022 
Erros e Omissões -66 -793 -1.912 -201 628 -3.152 1.809 -347 -3.484 
Resultado do Balanço 302 8.496 2.244 4.319 30.569 87.484 2.969 46.651 49.101 
 
16 
 
se que a partir de 2004 inicia-se uma expansão dos créditos totais na economia, demostrado na 
tabela 9. 
Tabela 9- Evolução do crédito total 
Discriminação 2002 2004 2006 2008 2010 
Total (em R$ bilhões) 384,3 498,7 732,6 1227,3 1705,8 
Livre 240,2 317,9 498,3 871,2 1116,0 
PF 90,5 138,6 238,0 394,3 560,0 
PJ 149,7 179,4 260,4 476,9 556,0 
Direcionado 144,2 180,8 234,3 356,1 589,8 
BNDES 93,4 110,0 139,0 209,3 357,8 
Habitação 22,6 24,7 34,5 59,7 131,4 
Rural 24,9 40,7 54,4 78,3 86,8 
Demais 3,3 5,4 6,4 8,8 13,8 
Participação (em % do PIB) 
Total 22,0 24,5 30,2 39,7 46,4 
Livre 13,8 15,6 20,6 28,2 30,4 
PF 5,2 6,8 9,8 12,8 15,0 
PJ 8,6 8,8 10,7 15,4 15,4 
Direcionado 8,3 8,9 9,7 11,5 16,0 
BNDES 5,4 5,4 5,7 6,8 10,0 
Habitação 1,3 1,2 1,4 1,9 3,0 
Rural 1,4 2,0 2,2 2,5 2,7 
Demais0,2 0,3 0,3 0,3 0,3 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Banco Central 
A partir de 2005 a política fiscal permitiu um aumento do superávit primário 
possibilitado pelos ganhos de receitas advindos da minirreforma tributária e da aceleração da 
economia. O aumento do superávit possibilitou que o governo iniciasse o processo de redução 
da dívida/PIB do setor público, possibilitou também o aumento real do salário mínimo, a 
expansão da renda disponível o qual influenciou positivamente no desempenho do PIB. 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
TABELA 10- Indicadores do nível de atividade, emprego e renda 2002-2010 
Ano 
Indicador de utilização da 
capacidade instaladaª (%) 
Taxa de 
desemprego aberto (%) 
FGV CNI 
2002 79,2 81 11,7 
2003 80,3 78,8 12,3 
2004 82,4 81,5 11,5 
2005 83,5 80,8 9,8 
2006 83,3 80,7 10 
2007 85,1 82,5 9,3 
2008 85,2 82,6 7,9 
2009 80,2 79,9 8,1 
2010 84,8 82,3 6,7 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados: FGV/Ibre, CNI, IBGE e IPEA data 
ª média anual 
Esse aumento de formalização de emprego, como demostra a tabela 10, aliado a uma 
valorização do salário mínimo que aumentou em termos reais todos os anos, é que iria marcar 
a dinâmica do crescimento do segundo governo Lula. Um aumento da renda na base da pirâmide 
social fez com que o mercado de consumo interno passasse a ter uma dinâmica muito maior 
que vinha apresentando em anos anteriores. 
As políticas públicas focalizada nos mais pobres também contribuíram para a ampliação 
do mercado de consumo interno, como podemos no gráfico abaixo o nível de pobreza se reduziu 
significativamente a partir da década de 1990 
GRÁFICO 1 – Taxa de pobreza no Brasil em (%) – 1976-2011 
 Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) 
No ano de 1983 a porcentagem de mais pobres alcançava sua marca histórica cerca de 
48,73% da população brasileira viva em situação de pobreza, como demonstra o gráfico 1, no 
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18 
 
seu último ano de mandato Lula deixou o governo com cerca de 18,42%, ou seja, dos 48,73% 
que viviam em situação de pobreza em 1983 62,20% deixaram essa situação em 2011. 
Assim como o crescimento de vagas de trabalho do mercado formal o Programa Bolsa 
Família (PBF) e a ampliação do programa Benefício de Prestação Continuada (BPC)5 foram os 
principais programas de transferência de renda do governo federal. O bolsa família criado pelo 
governo Lula, acabou sendo o principal instrumento responsável por uma ampla transferência 
de renda e retirando grande parte da população da situação de miséria o programa foi instituído 
pela Lei no 10.836, de 9 de janeiro de 2004, tendo como objetivo unificar os programas de 
transferência de renda, Bolsa Escola, Cartão Alimentação, Bolsa Alimentação e o Programa 
Auxilio Gás criados no governo FHC. Com os objetivos de promover uma ampliação ao acesso 
a serviços públicos, combate à fome, combate à pobreza etc. O programa se expandiu em todo 
o período dos dois mandatos do governo Lula, se observando um número de beneficiários que 
passou de 6.571.839 milhões de pessoas, em 2004, seu ano inicial, para 12.778.220 milhões em 
2010, fim do governo Lula. Com um valor total dos benefícios no ano de 2010 chegando a R$ 
1.239.042.080,00, como mostra a tabela 11. 
TABELA 11 – Número de beneficiários e Valor dos Benefícios do Programa Bolsa Família (PBF) – (2004-2010) 
Anos 
Número de 
Beneficiários 
Valor Total dos Benefícios 
2004 6.571.839 R$ 439.870.605,00 
2005 8.700.445 R$ 549.385.527,00 
2006 10.965.810 R$ 686.701.812,00 
2007 11.043.076 R$ 831.106.698,00 
2008 10.557.996 R$ 905.899.897,00 
2009 12.370.915 R$ 1.174.266.196,00 
2010 12.778.220 R$ 1.239.042.080,00 
Fonte: IPEADATA - Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) 
O programa bolsa família abrange todo o território brasileiro, porém acaba não se 
dissipando de forma uniforme pelo Brasil. Sendo a região Nordeste com a maior porcentagem 
da população mais pobre do Brasil, acaba que uma parte aproximadamente de 50% dos 
benefícios do programa nessa região sendo seguido pela Sudeste com pouco mais que 25%, 
região Norte, Sul respectivamente, e a região Centro-Oeste com pouco mais que 5%., 
conseguindo auferir resultados em relação a diminuição da pobreza, da miséria, e 
principalmente no combate a fome. 
 
5 Implementado pela Constituição de 1988, é a garantia de uma renda de um salário mínimo a pessoas com 65 anos 
ou mais, e a pessoas incapacitadas por algum tipo de deficiência. 
 
19 
 
Além do PBF o governo Lula se destaca pela introdução de vários outros programas 
sociais, e obtiveram bons resultados em relação a inclusão social e combate à pobreza, como o 
Programa Luz Para Todos criado em 2003, com o objetivo de levar energia elétrica para a 
população em áreas rurais ou que ainda não possuíam energia em suas casas, tendo os 
integrantes do PBF prioridade no auxílio. Em relação a educação, além do Bolsa Família já 
apresentar resultados em relação ao aumento da escolaridade média entre os jovens, o governo 
criou em 2004 o Programa Universidade Para Todos (Prouni), com o objetivo de auxiliar os 
brasileiros sem condições de arcar com os custos de um ensino superior pago, entre vários 
outros programas, como uma ampliação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Programa Minha, 
Casa Minha Vida (PMCMV) criado em 2009 com o objetivo de facilitar a compra de uma casa 
própria para as famílias brasileiras, entre outros programas. 
GRÁFICO 2 – Desigualdade de Renda no Brasil – Coeficiente de Gini (1976-2011) 
Fonte: Elaboração própria a partir de dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). 
Em relação a alta desigualdade de renda, em 1976 se constata um Coeficiente de Gini 
de 0,623 e em 1986 um Coeficiente de Gini de 0,588 apresentando uma leve queda na 
concentração de renda, como é possível observar no gráfico 2. Porém, ao longo da década de 
1980 essa desigualdade volta a subir significativamente, alcançando um nível de 0,636 em 
1989. Deixando explicito uma alta e sistemática concentração de renda nessas décadas, sendo 
oriunda de uma política econômico altamente concentradora que se observou nos períodos 
anteriores no Brasil6 o qual no governo Lula observamos quedas históricas finalizando seu 
mandato com um índice de 0,531. 
 
6 Valores retirados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). 
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TABELA 12 – Tendência do IDH do Brasil (1990-2010) 
Indicadores 
Anos 
1990 1995 2000 2005 2010 
Expectativa de vida ao nascer 65.3 67.6 70.1 71.9 73.3 
Expectativa de anos de estudo 12.2 13.3 14.313.8 14.0 
Média de anos de estudo 3.8 4.6 5.6 6.1 6.9 
RNB per capita (2011 PPP$) 10.746 11.238 11.339 12.117 14.173 
IDH 0,611 0,649 0,685 0,698 0,724 
Fonte: Relatório de desenvolvimento humano 2016 – PNUD 
É possível verificar um profundo progresso social alcançado pelo estado no governo 
Lula, uma melhoria da qualidade de vida da população em geral, uma redução na concentração 
de renda como podemos observar no Coeficiente de Gini que em 2001 era de 0,596 se reduziu 
para 0,531 em 2011. Também podemos observar o IDH que era de 0,685 em 2000 e aumentou 
para 0,724 em 2010 representando uma melhora da qualidade de vida da população em geral. 
4.1.NOVO DESENVOLVIMENTISMO E O GOVERNO LULA 
Segundo Bastos (2012) o primeiro grupo novo desenvolvimentista, ao qual este 
denomina de “desenvolvimentismo exportador setor privado”, se originou do seio do Partido 
Social Democracia Brasileira(PSDB) e mantem relação com bandeiras histórica do partido 
como a valorização do setor privado, a reforma do estado, o apoio as privatizações e a contenção 
do crescimento do gasto social. Ao longo do tempo, permaneceu focado em reformas na política 
macroeconômicas como condição necessária e quase suficiente para assegurar o 
desenvolvimento. 
O estado para os novos desenvolvimentistas tinha um papel secundário o qual seria de 
apoiar o mercado nas tarefas de alocação de recursos, por meio de preços macroeconômicos 
corretos (Juros e câmbio, sobretudo), ou seja, a administração a distância da demanda agregada 
seria preferível a intervenção estatal direta sobre setores produtivos. Pode-se afirmar que a 
corrente do novo desenvolvimentismo partilha segundo Bastos (2010) com o neoliberalismo, 
todavia em tom menor, a valorização do setor privado e das exportações como motores do 
crescimento e a desvalorização do papel do Estado como banqueiro e investidor. 
Especialistas dividem o governo Lula em duas fases, a primeira do ano de 2003 foi a 
de “ajustes necessários”, onde o governo se curvou a ortodoxia convencional, manteve o tripé 
macroeconômico, superávit primário e controle da inflação, câmbio flutuante e as exportações 
aumentaram. O Governo herda uma economia com inflação em alta, taxa de câmbio elevada e 
 
21 
 
um forte ataque especulativo. Portanto nesse período, foram necessárias adotar políticas fiscais 
restritivas e o ajuste macroeconômico seria necessário para que o governo não perdesse 
credibilidade 
Toda via como Bresser (2010) ressalta “foi um recuo estratégico” governamental para 
que chegasse ao proposito almejado por Lula e sua equipe econômica. O tamanho do Estado 
não diminuiu nem tão pouco teve um papel secundário, não houve desmonte do estado via 
privatização durante o governo Lula, pelo menos não de estatais, mas houve sim parcerias entre 
público privado via Plano de Aceleração do Crescimento como por exemplo concessões de 
estradas federais e construções de aeroportos. 
4.2. SOCIAL DESENVOLVIMENTISMO E O GOVERNO LULA 
Para Bastos (2012) e Mantega (2007) o termo social desenvolvimentismo aponta para 
a relevância da distribuição de renda, das políticas sociais e redução da pobreza para a 
ampliação do mercado de consumo interno de massas, diferente do desenvolvimentismo 
exportador, qual não parece ter encontrado suporte político nem no governo FHC nem depois 
no de Lula. Em contra partida o social desenvolvimentismo não se limita a um campo de ideias 
sistematizado academicamente, mas apresenta o eficaz e não o desenvolve, o que pode ser 
observado claramente na segunda fase do governo Lula, apesar dos seus temas serem 
apresentados no programa de governo de Lula nas campanhas presidenciais de 2002. 
Houve ainda, segundo Bastos (2012), uma certa resistência a implementação do 
modelo o qual demoraram a ser contornadas o que se explica sua implementação somente na 
segunda fase do governo Lula, mas com apoio das suas bases sociais e políticas o empurrou 
adiante. A elevação do salário mínimo, do credito ao consumidor e das políticas sociais a partir 
de 2005 expressam as fortes pressões e enraizamento das lutas pela redistribuição de renda na 
base social e política do governo Lula, seja a base sindical pela elevação do salário mínimo e 
do credito, seja pelos setores religiosos progressistas pelos programas de combate à fome e a 
pobreza. Revelam que também a preferência do eleitorado de Lula por políticas redistributivas 
que, se executadas, induzem o crescimento do mercado interno e reforçam o apelo político de 
corrente distributiva. 
 Então a partir de 2005 o Governo Lula deixa de lado definitivamente o fantasma do 
neoliberalismo e suas amarras políticas, passando a investir pesado na questão social, a 
desigualdade de renda que já estava em queda nos primeiros anos de seu manto continuava a 
despencar chegando ao final do mandato com um coeficiente de Gini de 0,531. Uma taxa de 
desemprego histórica de 6,7% em 2011, menor de todos os anos de seu governo, qual teria uma 
 
22 
 
diminuição ainda mais expressiva no governo de sua sucessora Dilma Rousseff chegando a 
5,4% em 2013. Além da valorização do salário mínimo o governo de Lula ao longo dos seus 
oitos anos foi criado 15 milhões de vagas com carteira assinada 43,6 milhões, foi o número de 
trabalhadores no mercado formal. O bolsa família chegava a quase 13 milhões de brasileiros 
beneficiados. 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este artigo buscou em sua primeira parte abordar a proposta de desenvolvimentismo 
clássico ao longo das décadas. Sua origem que se deu após a grande depressão de 1929 e ao 
final da Primeira Guerra mundial a partir dos estudos de Keynes, onde propôs uma forte 
intervenção do Estado com um objetivo de garantia de pleno emprego e mantimento do controle 
da inflação. Uma escola de pensamento que combinava a macroeconomia keynesiana e com a 
economia política clássica, o qual rejeitava a teoria econômica neoclássica e a lei das vantagens 
comparativa, definindo a industrialização como mudança estrutural e o principal meio para se 
atingir o desenvolvimento econômico. 
No Brasil, o termo desenvolvimentismo remete às teorias vindas da (CEPAL) e pode 
ser encontrada nas primeiras décadas do século XX, com início na revolução de 1930, se 
efetivando na década de 1950, encontrando seu ápice com o Programa de Metas, atravessando 
momentos de oscilações ao longo das décadas de 1960 e 1970, para enfrentar sua crise mais 
profunda na década de 1980, crise principalmente advinda da inflação, gastos públicos e a 
substituição das importações, a partir disso as políticas neoclássicas retornavam ao centro dos 
debates e do governo através do consenso de Washington. 
Quando o presidente Luís Inácio Lula da Silva, através de um discurso de esquerda, 
vence as eleições em 2002, retoma-se o pensamento desenvolvimentista, agora em duas 
correntes principais, o novo desenvolvimentismo e o social desenvolvimento. O novo 
desenvolvimento é onde o crescimento é voltado para a as exportações e o estado possui um 
papel não central, mas sim um papel secundário uma administração a distância, ou seja, de 
assegurar preços macroeconômicos corretos, basicamente juros e o câmbio podendo se afirmar 
que essa corrente desenvolvimentista partilha com o neoliberalismo, todavia em tom menor, a 
valorização do setor privado, as exportações e a desvalorização do estado. Em contra partida o 
social desenvolvimento que é voltado para a demanda interna, a distribuição de renda, políticas 
sociais para a redução da pobreza e ampliação do mercado de consumo de massas. 
É então apresentando os dados macroeconômicos dos dois mandatos do governo Lula, 
onde se é divido em dois perido, o do primeiro mandato o qual mais se aproxima do 
 
23 
 
desenvolvimentismo exportador setor privado onde o governo Lula se curvou a ortodoxia 
convencional, manteve o tripé macroeconômico, superávit primário e controle da inflação, 
câmbio flutuante e as exportaçõesaumentar. O Governo herda uma econômica com inflação 
em alta, e taxa de câmbio elevada e um forte ataque especulativo. Portanto nesse período, foi 
necessário adotar políticas fiscais restritivas. O ajuste macroeconômico seria necessário para 
que o governo não perdesse credibilidade. 
Então com credibilidade da mercado financeiro e principalmente da população 
brasileira o governo Lula a partir de 2005/2006 promove investimentos maciço em distribuição 
de renda via programa bolsa família, criação de emprego, incentivo a micro e pequenas 
empresas fomentando a indústria nacional. Verificou-se que, pelos dados socioeconômicos 
coletados e apresentados, o seu segundo governo apresentou, de fato, desempenho melhor que 
o primeiro: a taxa de desemprego caiu, as taxas de juros diminuíram, o crescimento do PIB foi 
maior e a vulnerabilidade externa conjuntural diminuiu. Ao mesmo tempo, a taxa de inflação 
foi mantida em patamares baixos em relação ao histórico desta taxa no Brasil. 
 
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