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caso cirurgia

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
CAMPUS DE JATAÍ 
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS 
TCCG – GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA E CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Caroline Rocha de Oliveira Lima 
 
Orientador: Prof. MSc. Rogério Elias Rabelo 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
JATAÍ 
2007 
 
CAROLINE ROCHA DE OLIVEIRA LIMA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CLÍNICA E CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS 
 
 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação 
 apresentado para obtenção do título de Médica 
 Veterinária junto a Universidade Federal de Goiás. 
 
 
 
Orientador: 
Prof. MSc. Rogério Elias Rabelo 
 
Supervisor: 
Prof. MSc. Apóstolo Ferreira Martins 
 
 
 
 
 
 
 
JATAÍ 
2007 
 
 
CAROLINE ROCHA DE OLIVEIRA LIMA 
 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de Graduação em Medicina Veterinária 
defendido e aprovado em 26 de Janeiro de 2007 pela seguinte Banca 
Examinadora: 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. MSc. Rogério Elias Rabelo – CCAB/CAJ/UFG 
Presidente da Banca 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª. MSc. Alana Flávia Romani – CCAB/CAJ/UFG 
Membro da banca Examinadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prof. Filipe Augusto Sales Gomes – CCAB/CAJ/UFG 
Membro da banca Examinadora 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho à minha família, só eles 
 sabem o quão fundamental e indispensáveis 
se fizeram para realização deste trabalho. 
E de modo especial ao meu pai Leopoldo 
 Rocha de Oliveira Filho que tanto almejou 
e sonhou com este momento. É principalmente 
 por vocês e graças a vocês que estou aqui hoje! 
Perdão por tudo e muito obrigado! 
Amo vocês!!! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Gostaria de agradecer a Deus pelas infinitas bênçãos que Ele derrama 
em minha vida, me guiando sempre por caminhos de luz e trazendo tantas 
alegrias e vitórias. Sei que o Senhor me colocou diante dessa profissão 
maravilhosa com um propósito muito maior, o qual honrarei eternamente. 
Também agradeço minha família, meu pai, minha mãe, minha irmã, tia 
Augusta, avó Iraídes e a Letícia que são tudo para mim. São anjos de bondade 
que sempre me apóiam e nunca me abandonam, muitas vezes até mesmo se 
sacrificando e passando por cima de seus ideais para estarem ao meu lado 
sempre. Quero que saibam o quanto eu os amo e o quanto sou grata a vocês. 
 Agradeço imensamente ao meu professor Rogério Elias Rabelo que 
para mim foi muito mais que um professor. Não posso dizer pai porque ele é 
muito jovem, mas posso dizer que foi e é um irmão querido e um amigo 
verdadeiro, o qual tive a honra de conhecer no meu segundo ano de faculdade e 
que me transformou na pessoa que me tornei hoje. Abriu minha mente, expandiu 
meus horizontes e me mostrou o verdadeiro significado da palavra Profissional. 
Sei que muitas vezes me faço intolerante, imatura e é por isso que te peço 
perdão, porque sei que você já deu seu sangue por mim inúmeras vezes e só 
quer o meu sucesso. Você é uma pessoa que eu gostaria de ter eternamente ao 
meu lado, me guiando na minha caminhada sempre. Espero que um dia, eu 
consiga retribuir ao menos parte de tudo que você faz e representa para mim. 
Muito Obrigada! 
Quero agradecer também em especial aos meus mestres que muito 
contribuíram, tanto na minha formação profissional quanto pessoal, por todos 
esses anos. 
Agradeço a Alana Flávia Romani por sua amizade, pelas conversas 
francas que teve comigo, visando sempre o meu bem e o meu amadurecimento, 
além de ser uma excelente profissional que dá um verdadeiro show nas aulas de 
clínica de pequenos animais. 
Agradeço também a oportunidade de ter conhecido os diversos 
funcionários da universidade, cada um desempenhando impecavelmente seu 
papel, transformaram a realização desse sonho possível, muitas vezes se 
 
desdobrando para que nós tivéssemos as melhores condições para usufruir ao 
máximo desse ambiente. 
Agradeço a todos os meus colegas de sala, que deixaram na verdade 
de serem colegas de sala e passaram a ser verdadeiros amigos, irmãos e uma 
nova família para mim. E especialmente as minhas amigas, Mariana, Cinthya e 
Thaisinha que muito mais que amigas foram irmãs, parceiras, companheiras, 
cúmplices e anjos na minha vida. Pessoas iluminadas que tive o prazer de 
conviver, que me ensinaram muito e me fizeram tão feliz. Vocês estarão para 
sempre em meu coração e em minhas orações! 
Agradeço também a minha super amiga Denise Cristina que além de 
linda, divertida, companheira, é a irmã mais velha que eu ganhei de Deus! Te 
adoro muito amiga e obrigada por estar sempre comigo. 
E também minha amiguinha fofa Heglle, minha companheira Tati, meus 
cachorrinhos Doug e Bambi, que eu amo tanto e que a cada dia trazem um novo 
sentido a minha vida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Chegará o dia em que conheceremos 
o íntimo de um animal. Nesse dia 
um crime contra um animal 
será um crime contra a humanidade.” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
1 
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 
 
2 
3 PLANO DE ESTÁGIO – ATIVIDADES REALIZADAS 
 
4 
3.1 Clínica Médica 
 
5 
3.2 Clínica Cirúrgica 
 
7 
4 ACOMPANHAMENTO DE PESQUISAS 
 
8 
5 CASO CLÍNICO – OBSTRUÇÃO INTESTINAL 
 
9 
5.1 REVISÃO DE LITERATURA 
 
9 
5.1.1 Anatomia 
 
9 
5.1.2 Definição de Obstrução Intestinal 
 
10 
5.1.3 Fisiopatologia 
 
11 
5.1.4 Classificação 
 
11 
5.1.5 Sinais Clínicos 
 
13 
5.1.6 Diagnóstico 
 
14 
5.1.7 Diagnóstico Diferencial 
 
15 
5.1.8 Tratamento 
 
16 
5.1.9 Prognóstico 
 
24 
5.1.10 Profilaxia 
 
24 
5.2 RELATO DE CASO – RUPTURA INTESTINAL 
 
25 
5.2.1 Resenha 
 
25 
5.2.2 Anamnese 
 
25 
5.2.3 Exame Físico 
 
26 
5.2.4 Suspeita Clínica 
 
27 
 
5.2.5 Exames Complementares 
 
27 
5.2.6 Prognóstico 
 
27 
5.2.7 Terapêutica Sintomática 
 
27 
5.2.8 Interpretação dos Exames Complementares 
 
27 
5.2.9 Internação 
 
31 
5.2.10 Tratamento Cirúrgico 
 
32 
5.3 DISCUSSÃO 
 
38 
5.4 CONCLUSÃO 
 
47 
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
48 
 REFERÊNCIAS 
 
49 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE FIGURAS 
 
 
FIGURA 1 Júpiter, animal atendido no HV/EV/UFG com 
Obstrução Intestinal. 
 
 
 
25 
FIGURA 2 Resultado de Hemograma com pesquisa de 
Hematozoários do cão Júpiter, portador de 
obstrução intestinal (19/09/06). 
 
29 
FIGURA 3 Resultado da Bioquímica Sérica do cão Júpiter, 
portador de obstrução intestinal (19/09/06). 
 
30 
FIGURA 4 Sugador cirúrgico utilizado para retirada de 
líquido intestinal presente no interior da 
cavidade abdominal. 
 
33 
FIGURA 5 Quantidade e aspecto do líquido retirado com 
auxílio do sugador na cavidade abdominal. 
 
33 
FIGURA 6 Presença de fecaloma no interior do I.G., no 
local onde ocorreu a ruptura intestinal. 
 
34 
FIGURA 7 Compressas esterilizadas protegendo a 
cavidade abdominal e pinçamento de segmento 
intestinal rompido. 
 
35 
FIGURA 8 Segmento intestinal congesto, hemorrágico e 
isquêmico devido ao tempo de ruptura intestinal 
e contaminação fecal. 
 
 
36 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
 
TABELA 1 
 
Casos Clínicos e Cirúrgicos acompanhados no 
Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da UFG 
(HV/EV/UFG) durante o período de Estágio 
Curricular. 
 
 
 
 
5 
TABELA 2 Procedimentos Cirúrgicos acompanhados no 
HV/EV/UFG durante o período do Estágio Curricular. 
 
7 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE QUADROS 
 
 
 
QUADRO 1 
 
Plano de Estágio com a descrição das 
atividades desenvolvidas durante o período de 
estágio curricular obrigatório. 
 
 
 
4 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS 
 
 
a Anos 
 
ABS Absoluto 
 
ALT Alaninoaminotransferase 
 
AR Anti-Rábica 
 
AST AspartatoaminotransferaseB.I.D 
 
Duas vezes ao dia 
BPM Batimentos por Minuto 
 
ºC Graus Celsius 
 
CAN Canino 
 
CHCM Concentração de Hemoglobina Corpuscular Média 
 
CK Creatina quinase 
 
Cl- Cloreto 
 
cm Centímetro 
 
DNNRE Desvio Nuclear Neutrofílico Regenerativo à Esquerda 
 
F Fêmea 
 
FC Freqüência Cardíaca 
 
FEL Felino 
 
FR Freqüência Respiratória 
 
g/dL Grama por Decilitro 
 
GGT Gamaglutamiltransferase 
 
Giga/L* Giga por Litro = 10 
 
h Horas 
 
HCM Hemoglobina Corpuscular Média 
 
 
HCO3- Bicarbonato 
 
 
HV/EV/UFG 
 
Hospital Veterinário/Escola de Veterinária/Universidade 
Federal de Goiás 
 
H20 Água 
 
I.D. Intestino Delgado 
 
I.G. Intestino Grosso 
 
I.M. Intramuscular 
 
I.V. Intravenosa 
 
K+ Potássio 
 
kg Quilogramas 
 
Leucóc. Leucócito 
 
m Meses 
 
M Macho 
 
m2 Metro Quadrado 
 
mm3 Milímetro Cúbico 
 
mg Miligrama 
 
min Minuto 
 
mL Mililitro 
 
mmHg Milímetro de Mercúrio 
 
mpm Movimento por Minuto 
 
Nº. Número 
 
Na+ Sódio 
 
NaHCO3- Bicarbonato de Sódio 
 
Obs. Observação 
 
Ph Pressão Hidrostática 
 
 
Prot. Proteína 
 
Plasm. Plasmática 
 
Q.I.D. Quatro vezes ao dia 
 
REL. Relativo 
 
S.C. Subcutânea 
 
S.R.D. Sem Raça Definida 
 
T Temperatura 
 
tera/L* Tera por Litro = 1012 
 
T.I.D. Três vezes ao dia 
 
UI/dL Unidade Internacional por Decilitro 
 
UND. Unidade 
 
V8 Óctupla 
 
VCM Volume Corpuscular Médio 
 
V.O. Via Oral 
 
µg Micrograma 
 
 
 
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Atualmente a relação homem/animal está se tornando cada vez mais 
intensificada, sendo que os animais de companhia passaram a ser considerados 
membros da família em diversas culturas. 
Dia após dia torna-se mais necessário e vital para o Médico Veterinário 
o aprimoramento nas áreas da Clínica, Cirurgia, Patologia, Zootecnia, 
Melhoramento Genético e outras, sendo que o papel do profissional frente à 
sociedade deve ter como princípios básicos o desempenho ético, tendo o 
veterinário como detentor da teoria e vivenciador da prática. 
Não muito longe está a era das especializações que todos os dias se 
torna mais real e necessária em nosso meio. 
O estágio curricular obrigatório e trabalho de conclusão de curso de 
graduação têm por objetivos despertar os novos profissionais para essa realidade, 
seja qual for a área de atuação em que esteja inserido, dando oportunidade ao 
acadêmico de traçar metas para seu futuro, escolher seu caminho, conhecer 
novas áreas, enfrentar um pouco da realidade, retirar as dúvidas finais, errar e 
aprender para que cada vez mais se formem verdadeiros PROFISSIONAIS 
éticos, maduros, com conhecimento técnico-científico e experiência prática, para 
saber lidar com ética frente a cada situação que encontrará no futuro. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO 
 
O Hospital Veterinário da Escola de Veterinária da Universidade 
Federal de Goiás (HV/EV/UFG) está localizado no Campus Samambaia da UFG, 
apresentando uma estrutura sólida, em alvenaria, estendendo-se por uma área 
superior a 700 m2. 
O Hospital Veterinário presta serviços à comunidade, destinando-se ao 
atendimento de animais de pequeno e grande portes, nas áreas de clínica médica 
e cirúrgica de pequenos e grandes animais, ortopedia, odontologia, cardiologia, 
radiologia, oftalmologia, laboratório clínico, dentre outras. 
Todo atendimento é realizado em horário comercial pelos funcionários, 
estagiários, residentes e médicos veterinários responsáveis pelo Hospital 
Veterinário e aos fins de semana uma equipe de residentes e estagiários são 
escalonados para participar dos plantões, onde é feita a monitoração e tratamento 
dos animais. 
A estrutura física do Hospital Veterinário está descrita resumidamente a 
seguir: 
A parte frontal do estabelecimento é provida de área pavimentada, 
onde fica o estacionamento do hospital veterinário. A partir do estacionamento, 
tem-se a porta de acesso à recepção. 
A recepção possui balcão de atendimento e uma atendente que agiliza 
os encaminhamentos dos casos ali ingressados. Partindo-se da recepção, tem-se 
acesso aos quatro ambulatórios de atendimento clínico. Todas as unidades são 
devidamente providas por sistema de rede informatizada, de forma que cada 
procedimento é devidamente registrado em prontuário ou ficha de 
acompanhamento. 
O HV possui uma sala destinada a internação dos animais com oito 
canis e uma sala de isolamento com oito canis. Em frente à sala de internação 
encontra-se a farmácia. 
No HV encontra-se o centro cirúrgico constando de uma sala de 
preparação, três salas de cirurgia e sala pós-operatória. Na sala de cirurgia 
encontramos mesas e focos cirúrgicos, sondas endotraqueais e outros. 
 
Paralelamente encontra-se a farmácia do centro cirúrgico com materiais e 
medicamentos que atendem a este setor. 
Nos outros pavimentos do HV também estão dispostos o laboratório de 
análises clínicas e a sala de Raios-X. Ao lado da sala de Raios-X encontra-se a 
sala de esterilização de materiais. 
O HV ainda conta com salas para direção do hospital, sala para os 
residentes, cozinha e banheiros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 PLANO DE ESTÁGIO – ATIVIDADES REALIZADAS 
 
O estágio foi realizado no HV/EV/UFG no período de 15 de agosto a 20 
de outubro de 2006, perfazendo uma carga horária total de 360h. 
No início do estágio foi traçado um plano de estágio com descrição das 
atividades a serem realizadas no período compreendido pelo mesmo (Quadro 1). 
 
QUADRO 1 - Plano de Estágio com a descrição das atividades 
desenvolvidas durante o período de Estágio Curricular 
Obrigatório 
 
ATIVIDADES DESENVOLVIDAS DURANTE O PERÍODO DE ESTÁGIO 
Acompanhamento de Pesquisas 
Acompanhamento de Seminários 
Atendimento Clínico de Pequenos Animais 
Cirurgia – Auxiliar no Pré, Trans e Pós Operatório 
Coleta de Material para Exames laboratoriais 
Receitas ou Prescrições 
Enfermaria 
Internação 
Interpretação de Exames laboratoriais 
Raios – X 
Ultrassonografia 
 
 
O estagiário tem a oportunidade de participar das atividades da clínica 
médica e clínica cirúrgica semanalmente, seguindo a escala efetuada no 
HV/EV/UFG. 
 A rotina diária do Hospital Veterinário obedece rigorosamente a um 
procedimento cronológico. As atividades iniciam às 8h da manhã, com atualização 
dos prontuários, revisão e medicação dos animais internados no hospital. No 
ambulatório clínico o médico veterinário e os estagiários realizam a interpretação 
dos resultados da patologia clínica, ultrassonografia e radiologia. 
Por volta das 9h iniciam-se as atividades de atendimento ambulatorial, 
como retornos, consultas, coleta de materiais biológicos, raios-x, ultrassom, 
análises laboratoriais, internação, procedimentos cirúrgicos, dentre outros. 
 
 
3.1 Clínica Médica 
 
Os animais são atendidos por ordem de chegada, onde os secretários 
abrem a ficha clínica do paciente, preenchendo os dados referentes à resenha e 
efetuando a pesagem dos animais. Então, estes são encaminhados ao consultório 
veterinário, onde os estagiários têm o primeiro contato com o cliente, realizando a 
anamnese e o exame físico do paciente. 
Posteriormente, o médico veterinário responsável observa as 
anotações efetuadas pelo estagiário e dando seqüência, realizam os 
procedimentos de pedido de exames complementares, encaminhamentos para a 
internação ou cirurgia, receituários e outros. 
Os casos clínicos e cirúrgicos que ocorreram nesse período estão 
citados na Tabela 1. 
TABELA 1 - Casos clínicos e cirúrgicos acompanhados no Hospital 
Veterinário da Escola de Veterinária da UFG (HV/EV/UFG) 
durante o período de estágio curricular 
 
PROCEDIMENTOS TOTAL 
Distúrbios do sistema tegumentar 
Dermatite de contato 2 
Dermatofitose 1 
Escabiose 1 
Leishmaniose 1 
Miíase 3 
Pododermatite 1 
Queimadura de testículo 1 
Sarnas 4 
Distúrbios do trato urinário 
Hiperplasia de próstata 1 
Distúrbios dosistema reprodutivo 
Cesariana 2 
Piometra 3 
Tumor mamário 2 
Tumor perianal 1 
Tumor venéreo transmissível 3 
Distúrbios do sistema respiratório 
Pneumonia 1 
 
 
TABELA 1 - Casos clínicos e cirúrgicos acompanhados no HV/EV/UFG 
durante o período de estágio curricular 
 
(continuação) 
PROCEDIMENTOS TOTAL 
Distúrbios do sistema digestivo 
Doença periodontal 2 
Fratura de dente canino superior direito com 
exposição de polpa 
2 
Fístula perianal 1 
Hérnia perineal 1 
Intoxicação alimentar 1 
Intoxicação por chumbo 1 
Úlcera estomacal 1 
Distúrbios do sistema hemolinfático 
Hemoparasitose 16 
Distúrbios músculo-esqueléticos 
Fratura de fêmur esquerdo e exposição de osso 
peniano 
1 
Luxação do cotovelo 1 
Displasia coxo-femoral 1 
Hérnia de disco 1 
Lesão do ligamento cruzado cranial 1 
Miosite com causa a definir 1 
Osteíte 1 
Oncologia 
Neoplasia de pâncreas com causa a definir 1 
Tumor glandular 1 
Doenças infecciosas 
Cinomose 7 
Parvovirose 3 
Outros 
Agressão física com cão 2 
Atropelamento 1 
Cardiopatia 2 
Caquexia 1 
Clostridiose 1 
Eutanásia 8 
Obesidade 2 
Otohematoma 4 
Transfusão sangüínea 4 
Tenesmo 2 
Vacinação 15 
TOTAL 113 
 
 
 
 
3.2 Clínica Cirúrgica 
 
Exceto em casos de emergência, os proprietários de todos os animais 
que serão submetidos há algum tipo de intervenção são recomendados a 
submeter seus referidos animais a jejum hídrico e alimentar total por oito a 12 
horas previamente ao procedimento. 
Os animais são pesados momentos antes da cirurgia para que seja 
realizado um cálculo seguro do protocolo anestésico e os estagiários escalonados 
para a clínica cirúrgica têm a oportunidade de acompanhar os médicos 
veterinários nos procedimentos pré, trans e pós-cirúrgicos, bem como a 
oportunidade de acompanhar a evolução do quadro clínico do animal. 
 
Os procedimentos cirúrgicos acompanhados durante o período de 
estágio curricular estão citados na Tabela 2. 
 
TABELA 2 - Procedimentos cirúrgicos acompanhados no HV/EV/UFG 
durante o período do estágio curricular 
 
PROCEDIMENTOS TOTAL 
Sistema reprodutivo 
Cesariana 2 
Mastectomia 3 
Orquiectomia 5 
Ovário-histerectomia 7 
Sistema digestivo 
Obstrução intestinal 1 
Outros 
Caudectomia 12 
Otohematoma 2 
TOTAL 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 ACOMPANHAMENTO DE PESQUISAS 
 
Por ocasião do estágio curricular obrigatório, além de exercer 
atividades no HV/EV/UFG, tive a oportunidade de participar de um grupo de 
pesquisas coordenado pelo professor do departamento de Clínica Cirúrgica 
Animal, Doutor Luiz Antônio Franco da Silva. 
Além de efetuar atividades de acompanhamento de casos clínicos e 
cirúrgicos na área de grandes animais, pude acompanhar visitas à fazenda da 
Escola de Veterinária, onde efetuamos diversas atividades práticas com grandes 
animais, coordenadas pelo professor Luiz Franco. 
Paralelamente, participei de atividades de confecção de artigos 
científicos, tendo oportunidade de escrever trabalhos científicos juntamente com 
toda a equipe de pesquisa, os quais foram enviados a diversos congressos e 
eventos de nível nacional e internacional e revistas científicas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5 CASO CLÍNICO – OBSTRUÇÃO INTESTINAL 
 
 
5.1 REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
5.1.1 Anatomia 
 
O intestino é um dos maiores órgãos do corpo animal, fazendo parte do 
segmento final do sistema digestivo. Sua função primordial baseia-se na absorção 
dos nutrientes ingeridos durante a dieta (Getty, 1986). 
O intestino inicia na porção caudal do piloro e termina no ânus. 
Anatomicamente está dividido em duas porções: intestino delgado (I.D.) e 
intestino grosso (I.G.). O I.D. é subdividido em duodeno, jejuno e íleo e o I.G. em 
ceco e cólon. O cólon por sua vez ainda é subdividido em três menores porções: 
cólon ascendente, cólon transverso e cólon descendente. O reto é uma 
continuação do cólon descendente, distribuído na cavidade pélvica (Dyce et al., 
1997). A delimitação entre I.D. e I.G. é feita pela válvula íleocecal (Dyce et al., 
1997). 
O I.D. tem as funções de digestão e absorção. A digestão consiste no 
processo de redução enzimática dos nutrientes nos seus componentes 
absorvíveis. Adicionalmente esse processo recebe o auxílio da secreção 
enzimática do pâncreas e dos ácidos biliares da bile (Getty, 1986). 
 De acordo com Ferreira & Pachaly (2000) as principais funções do I.D. 
incluem mistura e propulsão do conteúdo luminal, absorção de água e íons, 
digestão e absorção de nutrientes, secreção de hormônios, dentre outras. A 
digestão e absorção de nutrientes ocorrem em três fases, incluindo a digestão 
intraluminal, digestão e absorção mucosais e liberação dos nutrientes obtidos 
para a circulação. 
A parede intestinal é constituída por diversos estratos, que da porção 
interna para a externa são denominados túnica mucosa, túnica submucosa, túnica 
muscular e túnica serosa. Cada um destes estratos possui particularidades que 
 
contribuem direta ou indiretamente na digestão e absorção de alimentos (Getty, 
1986). 
O canal anal e o ânus formam a porção final do tubo intestinal que 
auxiliados pelos músculos esfíncter anal interno e esfíncter anal externo atuam na 
oclusão do segmento terminal do intestino (König & Liebich, 2004). 
O canal anal no cão apresenta três zonas distintas, denominadas zona 
colunar, zona intermediária e zona cutânea. Na zona intermediária estão 
dispostas as glândulas anais. Outra particularidade que os cães apresentam são 
as bolsas perianais, que são evaginações do reto onde o ducto excretor 
desemboca na zona cutânea e secundariamente na pele. A secreção de odor 
característico, usada para delimitar territórios próprios, é composta por formações 
sebáceas, serosas e descamações epiteliais. Freqüentemente ocorre inflamação 
dessas glândulas, desencadeando um sinal clínico caracterizado pela 
permanência do animal em posição sentada ou muitas vezes se arrastando. Tal 
fato está relacionado ao intenso prurido e irritação da região afetada (König & 
Liebich, 2004). 
 
 
5.1.2 Definição de Obstrução Intestinal 
 
Vários fatores estão relacionados ao insucesso na digestão, absorção 
e eliminação de conteúdo do trato gastrintestinal pelo organismo (Ferreira, 1988). 
A Obstrução Intestinal é uma síndrome onde o conteúdo do I.D. e/ou 
do I.G. está prejudicado ou impossibilitado de chegar ao reto e ser eliminado pelo 
organismo (Faria, 2006). De acordo com Ferreira (1988) o termo obstrução pode 
ser definido como ato ou efeito de obstruir-se, determinando um impedimento 
parcial ou total do livre trânsito no interior de uma estrutura ou órgão. 
A obstrução intestinal é comumente relatada na clínica de pequenos 
animais, estando associada a enfermidades do sistema digestivo, alimentação, 
manejo inadequado dos animais, além das causas não relacionadas ao trato 
digestivo, porém, que atuam indiretamente na gênese dessa síndrome (Willard, 
1998; Burrows et al., 2004). 
 
 
5.1.3 Fisiopatologia 
 
Burrows et al. (2004) descreveram três causas principais da obstrução 
intestinal no cão, sendo elas a compressão extramural, obstrução funcional e 
obstrução intraluminal. A compressão extramural ocorre externamente ao 
intestino, prejudicando a passagem do alimento pelo trato intestinal. Pode ser 
resultado de aderências, hérnias, estrangulamento, intussuscepção, vólvulo, 
lesões murais, tumores (Linfoma, Adenocarcinoma, Leiomiossarcoma), 
granulomas inflamatórios, ficomicose, constrição/estenose, abscesso, hematoma 
e outros. A obstrução funcional ocorre quando há dano no sistema nervoso 
central, medular, doenças concomitantes e manejo inadequado, podendo ocorrer 
devido a uma inibição simpática, infiltração mural, moléstias neuromusculares, 
peritonites ou hipocalemia. 
A obstrução intraluminal ocorre no próprio intestino devido à presença 
de corpos estranhos lineares ou não lineares, pólipos e formações de massas 
tumorais. Corposestranhos tais como ossos, bolas, brinquedos, pedras, espigas, 
anzóis, panos, caroços, objetos lineares (como barbantes) e sacos plásticos, são 
exemplos comuns e acometem principalmente os animais jovens (Orsher & Rosin, 
1998; Fossum, 2002; Stainki, 2004). 
Raramente ocorre obstrução intestinal em função de más formações 
congênitas. Porém, casos de estenose ou atresia intestinal e ligamento 
pancreaticojejunal anômalo já foram descritos por Burrows et al. (2004) como 
causas de obstrução intestinal em animais jovens. 
 
 
5.1.4 Classificação 
 
As obstruções intestinais podem ainda ser classificadas quanto à 
localização, tempo, tipo e comprometimento vascular. Quanto à localização, 
podem ser caracterizadas em obstruções proximal, ocorrendo no I.D., mais 
comumente no duodeno e jejuno (até junção íleocecal) e distal, sendo esta 
observada no I.G., principalmente no cólon e reto. Quanto ao tempo de obstrução, 
classificam-se em aguda ou crônica, estando diretamente relacionada à duração 
 
dos eventos. Quanto ao tipo de obstrução e comprometimento vascular, cita-se a 
obstrução simples ou parcial, onde ocorre oclusão parcial do lúmen sem 
comprometimento da integridade vascular e obstrução completa ou estrangulada. 
Neste tipo de obstrução há comprometimento vascular do segmento obstruído, 
devido à oclusão total do lúmen intestinal (Birchard & Sherding, 2003). 
Fossum (2002) relatou que as obstruções parciais permitem a 
passagem limitada de fluido ou gás, enquanto as obstruções completas não 
permitem fluxo de nenhum conteúdo do trato alimentar. 
Na obstrução completa, a mucosa encontra-se sensível em virtude de 
uma perfusão insuficiente ou a uma anóxia, culminando em possível necrose do 
segmento intestinal afetado. Como conseqüência deste evento são comuns 
quadros de perfuração ou infarto e peritonite. Após a destruição da barreira 
mucosa, bactérias e endotoxinas passam transmuralmente para o interior dos 
vasos linfáticos e cavidade peritoneal, atingindo a circulação sistêmica, 
determinando um quadro de hipotensão com conseqüente choque séptico (Orsher 
& Rosin, 1998; Jergens & Willard, 2000 e Fossum 2002). 
A pressão intraluminal normal encontra-se em torno de 2 a 3 mmHg, 
sendo que esta pode aumentar gradualmente em casos de obstrução intestinal, 
principalmente próximo ao ponto de obstrução, em virtude do acúmulo de fluido e 
gás. Esta poderá atingir 30 mmHg causando estase linfática. Caso esta pressão 
se eleve a níveis iguais ou superiores a 50 mmHg, pode ocorrer estase na 
drenagem venosa levando à elevação da pressão hidrostática nos capilares, 
desviando o fluido líquido para o interstício causando edema da parede intestinal 
com posterior extravasamento para o peritônio. Este aumento de pressão também 
compromete a circulação na mucosa e submucosa com baixo aporte de oxigênio 
e isquemia seguida de necrose. A isquemia leva ao hipercrescimento de bactérias 
da flora intestinal produtora de toxinas como Escherichia coli, Clostridium spp., 
Enterococcus spp., Staphylococcus aureus coagulase positivo, prejudicando a 
barreira mucosa intestinal, aumentando a permeabilidade e possibilitando a 
migração de bactérias e absorção de toxinas na cavidade peritoneal e/ou 
circulação sistêmica (Fossum, 2002; Burrows et al., 2004). 
 
 
 
5.1.5 Sinais Clínicos 
 
Birchard & Sherding (2003) relataram que quanto mais próxima ao 
piloro e quanto mais completa for uma obstrução, mais agudos e intensos serão 
os sinais clínicos. Obstruções proximais geralmente causam oclusão da saída 
gástrica resultando em vômito intermitente com perda de secreções gástricas e 
alcalose metabólica. Porém, Orsher & Rosin (1998) afirmou que animais com 
vômito podem apresentar pH normal ou ainda uma acidose metabólica. No 
entanto, deve-se saber que além do desequilíbrio ácido-básico ocorre o 
desequilíbrio eletrolítico, já que há uma intensa secreção de Sódio (Na+), Potássio 
(K+), Água (H2O), Cloreto (Cl-), Bicarbonato de Sódio (NaHCO3-) no segmento 
obstruído, predispondo o paciente a hipocalemia e resultando em queda de 
pressão osmótica. Conseqüentemente ocorre diminuição da transmissão do 
impulso nervoso, contração das fibras musculares e déficit no funcionamento da 
musculatura cardíaca (Case et al., 1998). 
As obstruções distais causam graus variáveis de acidose metabólica, 
com sinais clínicos vagos e vômitos ocasionais, porém resultará na distensão 
abdominal por líquidos e gases, sendo este achado muito comum. Anorexia, 
desidratação, depressão, dor abdominal, postura anormal, perda de peso, febre, 
diarréia ou fezes escassas e secas, além do choque, são também citados como 
sinais clínicos observados (Burrows et al., 2004). 
Willard (1998) e Stainki (2004) descreveram que vômito, hematêmese, 
hematoquesia, tenesmo, constipação, obstipação, perda de peso, anorexia, 
abdômen agudo, dor abdominal e distensão ou aumento de volume intestinal são 
alguns dos principais sinais clínicos relacionados à enfermidade intestinal. 
Levit & Bauer (1992), Orsher & Rosin (1998) e Jergens & Willard (2000) 
descreveram além dos sinais clínicos anteriormente mencionados a ocorrência de 
fezes mucóides sangüinolentas e palpação da massa abdominal em forma de 
salsicha. 
 
 
 
5.1.6 Diagnóstico 
 
A anamnese, exame clínico geral e específico associados aos exames 
laboratoriais e os raios-X são os primeiros procedimentos que o médico 
veterinário utiliza em casos de suspeita da ocorrência de obstrução intestinal. 
Laboratorialmente, o hemograma e os perfis bioquímicos determinam o grau de 
hemoconcentração sangüínea, desidratação, desequilíbrio ácido-básico e 
hidroeletrolítico, entre outros. Na interpretação do hemograma, uma leucocitose 
com desvio nuclear neutrofílico regenerativo à esquerda (DNNRE) poderá ser 
indicativa de isquemia ou perfuração intestinal com peritonite (Fenner, 1982). 
O exame radiográfico simples pode ser utilizado na identificação, 
localização, consistência e tamanho da estrutura responsável pela obstrução, 
sendo esta um corpo estranho, massa tumoral ou fecalomas. A imagem 
radiográfica também poderá evidenciar alças intestinais dilatadas, auxiliando na 
identificação do local da obstrução (Fossum, 2002). 
Para Willard (1998) as radiografias simples são pouco proveitosas em 
animais com uma marcada efusão abdominal ou com diarréia crônica. A relação 
custo-benefício da radiografia é baixa, principalmente se o abdômen puder ser 
cuidadosamente palpado. 
Outro método comumente utilizado é a radiografia contrastada, 
podendo ser utilizado Sulfato de Bário como contraste. Nestes casos observa-se 
na área obstruída radiotransparescência com o contraste circunjacente 
delineando o corpo estranho (Elisson, 1996; Willard, 1998 e Fossum, 2002). 
Orsher & Rosin (1998) e Jergens & Willard (2000) mencionaram que a 
radiografia contrastada é normalmente necessária para estabelecer a 
diferenciação entre intussuscepção e outras causas de obstrução intestinal. 
Segundo Willard (1998) o vômito é a principal razão para realizar estudos 
contrastados da porção anterior do I.D. Obstruções proximais são mais fáceis de 
serem evidenciadas se o meio de contraste for administrado oralmente. Se houver 
suspeita de uma obstrução muito distal, utiliza-se o enema de bário como 
contraste radiográfico como método auxiliar de diagnóstico. 
A ultrassonografia também consiste em um método de diagnóstico de 
eleição, pois identifica claramente a presença de massas tumorais intra e 
 
extraluminais, corpos estranhos, fecalomas, aderências, estenoses e se há 
comprometimento de órgãos adjacentes (Fossum, 2002). Para Lamb & Mantis 
(1998) a ultrassonografia além de um excelente método diagnóstico das 
obstruções intestinais, possibilita a exploração do órgão em busca de fatores 
predisponentes concomitantes, além de determinar alterações nos tecidos moles 
e infiltrações. 
A endoscopia apresentarelação custo-benefício positiva quando os 
achados da radiografia e da ultrassonografia não permitem o diagnóstico em 
animais com vômito crônico, diarréia ou perda de peso. É considerado um 
excelente método para determinar alterações morfológicas, identificando massas, 
úlceras e obstruções com grande precisão (Willard, 1998). 
A tomografia computadorizada apesar de pouco utilizada em medicina 
veterinária como método de diagnóstico, recentemente, tem sido empregada para 
se diagnosticar enfermidades do trato gastrintestinal e obstruções intestinais. O 
exame do tubo digestivo permite a visualização da imagem tanto da luz, quanto 
de toda extensão serosa, embora a definição precisa das doenças 
freqüentemente dependa da correlação com os sinais clínicos apresentados pelo 
animal (Crespo et al., 2001). 
 
 
5.1.7 Diagnóstico Diferencial 
 
Os sinais clínicos observados na obstrução intestinal não são 
patognomônicos para a enfermidade, sendo que o diagnóstico diferencial deve 
basear-se, principalmente, no histórico do animal, exame físico geral e específico 
de todo o trato digestivo e exames complementares poderão auxiliar no 
diagnóstico exato da enfermidade em questão (Burrows et al., 2004). 
De acordo com Fossum (2002) o diagnóstico diferencial inclui todas as 
outras causas de obstrução intestinal, tais como a intussuscepção, vólvulo/torção 
intestinal, encarceramento intestinal, obstipação intestinal, aderências, estenoses, 
abscessos, granulomas, hematomas, neoplasias ou más formações congênitas. 
Outras causas podem incluir íleo paralítico fisiológico secundário a inflamação 
(parvovirose ou peritonite). 
 
5.1.8 Tratamento 
 
 
a) Tratamento Conservador 
 
É importante definir o tipo e localização da obstrução intestinal. Para 
corpos estranhos perfurantes como espinhas de peixe e agulhas de costura 
recomenda-se o tratamento conservador, monitorando-se atentamente o trajeto 
do objeto pelo trato gastrintestinal, por meio de avaliações radiográficas 
periódicas, observando sinais que poderão evidenciar um quadro de peritonite. A 
cirurgia não está inicialmente indicada para estes casos, pois, ainda que se 
localize o objeto por meio da imagem radiográfica, será difícil encontrá-lo por 
ocasião do ato cirúrgico (Fossum, 2002). 
 
 
b) Tratamento Medicamentoso 
 
Quando a obstrução intestinal ocorre devido a uma constipação 
intestinal, ocasionada pela presença de fecalomas no intestino, pode-se tentar 
realizar terapia medicamentosa no intuito de lubrificar o conteúdo do intestino e 
permitir que o mesmo possa ser deslocado até a porção final do reto e finalmente 
expelido do organismo (Birchard & Sherding, 2003). 
Vários fármacos podem ser utilizados na tentativa de se lubrificar os 
fecalomas, para que estes possam ser removidos do organismo sem a 
necessidade de uma intervenção cirúrgica. O Leite de Magnésio poderá ser 
utilizado para este fim, sendo recomendada a administração de uma colher de 
chá para cada cinco quilos de peso vivo. Os óleos de origem vegetal também 
caracterizam-se como opção, atuando como emolientes e muitas vezes 
solucionando o problema (Dammous et al., 2001). 
Willard (1998) recomendaram o uso de enemas, laxantes ou catárticos 
como terapia medicamentosa, na tentativa de desobstruir um segmento intestinal. 
Dentre os enemas citam-se, os de retenção, limpeza e hipertônicos. Os 
enemas de retenção são utilizados de modo que a substância administrada 
 
permaneça no cólon até exercer efeito desejado. Os animais obstipados podem 
necessitar de administrações freqüentes de moderados volumes de água (por 
exemplo, 20 a 200 mL, dependendo do tamanho do animal) para que esta 
permaneça no cólon e gradualmente amoleça as fezes. A distensão excessiva do 
cólon ou a administração de fármacos que possam ser absorvidos e causar 
efeitos indesejáveis devem ser evitadas. A suspeita ou a possibilidade de ruptura 
do cólon se constituem em contra-indicações para o uso de enemas (Willard, 
1998). 
Os enemas de limpeza são destinados à remoção de material fecal, 
consistindo na administração repetida de grandes volumes de água morna (com 
ou sem sabão). A água é administrada por gravidade, a partir de um balde ou 
bolsa de água, mantidos acima do nível do animal. A sonda é introduzida em 
direção ao cólon. Cerca de 50 a 100 mL são tolerados pela maioria dos cães 
pequenos, 200 a 500 mL pelos cães de porte médio e um a dois litros pelos cães 
de grande porte. Deve-se tomar cuidado para evitar a distensão excessiva ou a 
perfuração iatrogênica do cólon (Willard, 1998). 
Os enemas hipertônicos são perigosos e devem ser utilizados de forma 
cautelosa, pois podem determinar deslocamento maciço e fatal de fluidos e 
eletrólitos (hiperfosfatemia, hipocalcemia, hipocalemia, hipercalemia). Deve ser 
evitado em animais obstipados que não podem eliminar o enema rapidamente 
(Willard, 1998). 
Os catárticos ou laxantes devem apenas ser utilizados para aumentar a 
defecação em animais que não estejam obstruídos, destacando-se os laxantes 
irritativos e formadores de volume (Fenner, 1982). 
Os laxantes irritativos estimulam a defecação mais propriamente do 
que amolecem as fezes. Um supositório de glicerina ou um palito de fósforo 
lubrificado normalmente são substitutos eficientes para um laxante irritativo 
(Fenner, 1982). 
Os laxantes formadores de volume e osmóticos compreendem uma 
variedade de preparações, incluindo as fibras, sulfato de magnésio, lactulose, 
sorvete ou leite. Estes promovem a retenção fecal de água, sendo indicados em 
animais que apresentam fezes excessivamente ressecadas, cuja causa não seja 
a ingestão de corpos estranhos. A lactulose é um exemplo de laxante osmótico 
 
bastante eficaz, sendo útil nos animais que se recusam a ingerir dietas com alto 
teor de fibras. A dose necessária para amolecer as fezes deve ser estabelecida 
para cada animal; no entanto de 0,5 a 5 mL podem ser administrados duas vezes 
ao dia (B.I.D.) ou três vezes ao dia (T.I.D.) para cães de pequeno e grande portes, 
respectivamente (Fenner, 1982). 
 
 
c) Tratamento Cirúrgico 
 
As intervenções cirúrgicas, quando indicadas, objetivam retirar a 
estrutura responsável pela obstrução do lúmen intestinal, utilizando todos os 
critérios necessários para evitar a contaminação da cavidade abdominal. Os 
procedimentos cirúrgicos empregados nestes casos baseiam-se em três técnicas 
principais, ficando estas a critério do cirurgião em função da avaliação quanto ao 
tipo de obstrução e grau de comprometimento das estruturas. Assim sendo, pode-
se utilizar a enterotomia, enterectomia e entero-anastomose (Ellison, 1996; 
Orsher & Rosin, 1998; Fossum, 2002). 
 
 
- Pré-Operatório 
 
O momento cirúrgico depende do histórico, tipo de obstrução intestinal 
e estado geral do paciente. O ideal é que as intervenções sejam efetuadas 
rapidamente após elucidação do diagnóstico, com máximo de 12h, cabendo ao 
médico veterinário o bom senso (Burrows et al., 2004). 
O tratamento de obstrução baseia-se na remoção cirúrgica do 
conteúdo. Todavia, previamente a intervenção cirúrgica torna-se necessário 
realizar a correção dos distúrbios hidroeletrolíticos, com solução salina e 
suplementação com cloreto de potássio, além de antibioticoterapia de amplo 
espectro por via intravenosa (I.V.), principalmente em pacientes com suspeita de 
endotoxemia ou perfuração intestinal (Burrows et al., 2004). 
 
A fluidoterapia é geralmente utilizada para o tratamento do choque, da 
desidratação e dos desequilíbrios ácido-básicos. A perda de conteúdo gástrico 
por vômito causa um quadro típico de alcalose metabólica hipocalêmica e 
hipoclorêmica. A perda de conteúdo intestinal tipicamente causa hipocalemia, 
acompanhada ou não de acidose (Willard, 1998). Ellison (1996) descreveu para 
animais metabolicamente acidóticos, fluidoterapia com solução de Ringer-lactato, 
podendo ser suplementada com NaHCO3.Já para animais hipocalêmicos também 
se justifica suplementação com K+. 
Segundo Orsher & Rosin (1998), a antibioticoterapia deve ser iniciada 
juntamente com a anestesia, mantendo-a por 24h, sendo sugerido o protocolo a 
base de Cefazolina (20 mg/kg I.V., perfazendo três doses com intervalos de 4h) e 
Gentamicina (4 mg/kg I.V., perfazendo três doses com intervalos de 8h). Contudo, 
Fossum (2002) e Birchard & Sherding (2003) recomendaram que se inicie a 
antibioticoterapia no mínimo 20-40min previamente ao ato cirúrgico, podendo ser 
utilizadas cefalosporinas de primeira geração (cefazolina 20 mg/kg I.V.) para 
intervenções no I.D. e cefalosporina de segunda geração (cefoxitina 15-30 mg/kg) 
para o I.G. 
Ellison (1996) indicou antibioticoterapia com bactericidas de amplo 
espectro na forma de aminoglicosídeos endovenosos, tais como a Gentamicina (2 
mg/kg T.I.D.) e Cefalotina (10 mg/kg quatro vezes ao dia - Q.I.D.), além do uso de 
glicocorticóides, tais como o succinato de prednisolona (0,5-1,0 mg/kg I.V.) após a 
fluidoterapia. Os antagonistas prostaglandínicos não-esteróides, tais como a 
flunixina-meglumina (1,1 mg/kg I.V.) também podem ser benéficos para o 
tratamento do choque séptico e a peritonite bacteriana nos cães. 
Os animais poderão permanecer em jejum hídrico e alimentar por 12 a 
18h antes da intervenção cirúrgica em pacientes adultos e de quatro a oito horas 
em pacientes pediátricos. Tal conduta só é válida para pacientes portadores de 
obstrução parcial e que estejam submetidos à internação e fluidoterapia 
parenteral (Ellison, 1996; Orsher & Rosin, 1998; Fossum, 2002). 
Recomenda-se a realização de tricotomia ampla em toda extensão da 
região ventral do animal e antissepsia com iodopovidine (Ellison, 1996; Orsher & 
Rosin, 1998; Fossum, 2002). 
 
 
- Anestesia 
 
Pacientes com obstrução, isquemia ou perfuração intestinal necessitam 
de protocolos anestésicos especiais, em função do alto risco do procedimento 
nestes pacientes, tendo em vista a debilidade, desidratação ou mesmo a 
eminência de choque. Para tais animais, evita-se o uso do óxido nitroso em 
virtude da influência deste fármaco no aumento do volume de ar preso nas 
vísceras corporais, o que prejudicaria mais a gravidade do caso (Ellison, 1996; 
Fossum, 2002). 
Para Massone (2003) dentre os protocolos citados como opção para 
pacientes portadores de obstrução entérica, destaca-se: pré-medicação com 
Sulfato de Atropina (0,02-0,04 mg/kg S.C. ou I.M.), Glicopirrolato (0,005-0,011 
mg/kg S.C. ou I.M.) ou Butorfanol (5-15 µg/kg I.M.). A indução anestésica pode 
ser efetuada com o auxílio dos fármacos Tiopental (10-12 mg/kg I.V.), Propofol (4-
6 mg/kg I.V.) ou a associação do Diazepan com Cetamina (0,27 mg/kg + 5,5 
mg/kg I.V.). Para manutenção anestésica utiliza-se preferencialmente os fármacos 
Isoflurano (1,5-2,5% I.V.) ou Halotano (0,5-1,5% I.V.). 
 
 
- Trans-Operatório 
 
Dentre as cirurgias para a correção de moléstias intestinais citam-se 
três procedimentos principais: Enterotomia, Enterectomia e Entero-anastomose. 
Para tal escolha cabe ao cirurgião discernimento em escolher o melhor método 
cirúrgico para cada caso (Ellison, 1996; Orsher & Rosin, 1998; Fossum, 2002). 
Na enterotomia objetiva-se a remoção de um corpo estranho, massa 
tumoral ou fecalomas em determinada localização, além de realizar colheita para 
obter material para biópsia, sendo que o procedimento deve ser realizado com o 
máximo de cautela para se evitar contaminação da cavidade abdominal, o que 
determinaria severas intercorrências (Orsher & Rosin,1998). Neste tipo de 
intervenção, alguns passos deverão ser seguidos. Primeiramente, faz-se uma 
incisão na linha média ventral, estendendo-se da cartilagem xifóide ao púbis. 
Aplicam-se tampões de laparotomia ou gazes umedecidos com solução salina 
 
nas bordas do ferimento e um afastador abdominal, com o intuito de isolar o 
segmento intestinal afetado (Ellison, 1996). Por ocasião da inspeção da cavidade 
bem como dos segmentos intestinais, observa-se a viabilidade dos mesmos após 
criteriosa avaliação. Em casos em que se observa isquemia, congestão ou 
mesmo presença de necrose da parede intestinal, deve-se realizar uma 
ressecção com posterior anastomose término-terminal ou término-lateral (Ellison, 
1996). 
Para avaliar a viabilidade de um segmento de alça intestinal portadora 
de uma obstrução, diversas técnicas poderão ser utilizadas. Dentre estas se 
destacam o uso da eletromiografia, sondas de microtemperatura e outras. Porém, 
em muitas situações, estes procedimentos se mostram onerosos e 
conseqüentemente impraticáveis na rotina cirúrgica. Em contrapartida, técnicas 
como a da fluoresceína tem sido comumente citada pela literatura bem como 
aceita e praticada na rotina veterinária (Burrows et al., 2004). 
A fluoresceína é um corante biológico que emite cor verde dourada 
após dois a três minutos da injeção I.V., observado em luz ultravioleta em 
ambiente à penumbra. Na dose de 15 mg/kg permite visualizar sua perfusão no 
líquido extracelular, dando uma idéia mais precisa da viabilidade do segmento em 
questão (Burrows et al., 2004). 
Após avaliação da viabilidade das alças intestinais, retira-se o conteúdo 
intestinal remanescente de 10 cm de cada lado do corpo estranho, mantém-se o 
intestino entre os dedos do assistente ou com o auxílio de pinça intestinal de 
Doyen. Com uma lâmina de bisturi nº. 15, faz-se uma incisão longitudinal na 
borda antimesentérica do intestino, tendo o cuidado de praticá-la em tecido viável, 
imediatamente distal ao corpo estranho. Utiliza-se uma sucção contínua, por meio 
de um sugador cirúrgico, com o intuito de reduzir o extravasamento de conteúdo 
com conseqüente contaminação da cavidade. Paralelamente, o cirurgião empurra 
o corpo estranho suavemente até o ponto de abertura incisional, tendo-se o 
cuidado de não dilacerar as margens da incisão. Após esta manobra, efetua-se o 
exame criterioso da luz intestinal, investigando possíveis evidências de 
perfurações ou estenoses anteriores ao fechamento. Em diversos casos, como na 
ocorrência de corpos estanhos lineares devem ser realizadas diversas 
enterotomias (Ellison, 1996). 
 
O fechamento da incisão geralmente é feito com um padrão de sutura 
interrompida simples em uma forma longitudinal lado-a-lado. O importante em 
todos os casos é sempre abranger a submucosa por ocasião desta manobra. Tal 
fato está relacionado à rica presença de colágenos, o que determinaria melhor 
resistência na sutura. Também podem ser utilizadas técnicas de aproximação de 
camada única (aproximação interrompida simples ou de pressão). A sutura de 
Gambee modificada, que tem como característica a incorporação da serosa, 
muscular e submucosa, excluindo a mucosa é considerada útil na reversão da 
eversão da camada mucosa (Ellison, 1996). 
Também se pode fechar a enterotomia utilizando-se um padrão de 
aproximação contínuo simples. Porém, o extravasamento de conteúdo após 
efetuada uma sutura por ocasião de uma enterotomia, poderá ocorrer, 
principalmente em se tratando de pacientes hipoproteinêmicos e cronicamente 
debilitados. Tal fato estaria relacionado à dificuldade ou retardo de cicatrização 
dos ferimentos nestes animais. Nestes casos, a sutura em padrão Cushing 
inversor contínuo proporciona uma boa aproximação serosa com serosa com 
incremento de resistência (Ellison, 1996). 
A sutura nas enterotomias poderão ser feitas utilizando os fios de 
poliglactina 910, ácido poliglicólico ou polidioxanona sintéticos 3-0 ou 4-0, com 
uma agulha de corte reverso pequena e de extremidade afiada. Também podem 
ser utilizados materiais monofilamentares não-absorvíveis tais como o náilon ou 
polipropileno. Tem-se utilizado o categute cirúrgico cromado com sucesso clínico, 
mas este não é recomendado porque perde rapidamente sua força tênsil na 
presença da colagenase, sendo rapidamente fagocitado em ambiente infectado.Após se completar o fechamento da enterotomia, enxágua-se com uma solução 
salina aquecida a cavidade tendo o cuidado de recobrir com omento o segmento 
submetido à manipulação cirúrgica (Ellison, 1996; Staink, 2004). 
A enterectomia e a entero-anastomose objetivam remover o segmento 
intestinal inviável restaurando a continuidade intestinal com uma anastomose de 
extremidade com extremidade, preservando o diâmetro luminal e o suprimento 
sangüíneo tecidual (Orsher & Rosin, 1998). 
As anastomoses podem ser do tipo término-terminal, término-lateral ou 
látero-lateral cabendo ao cirurgião escolher a técnica mais adequada a ser 
 
empregada, analisando principalmente a incompatibilidade ou não entre os 
diâmetros (Stainki, 2004). 
 
 
- Pós-operatório e Complicações 
 
No pós-operatório deve-se manter o paciente em fluidoterapia I.V. até 
que retorne a ingestão de água espontaneamente. A suspensão de alimentos e 
água por 24h e o monitoramento quanto a uma possível peritonite, são condutas a 
serem seguidas nestes pacientes. Sinais de depressão, febre alta, sensibilidade 
abdominal excessiva, vômito e íleo paralítico podem ser consideradas 
intercorrências preocupantes (Fossum, 2002). 
Stainki (2004) recomendou como cuidados pós-operatórios, jejum total 
por 24h, jejum de sólidos por 72h, além de curativos locais e antibioticoterapia 
parenteral. Recomendou também, a remoção dos pontos de pele após decorridos 
dez dias do procedimento cirúrgico. 
Ellison (1996) recomendou a terapia de reposição I.V. hídrica e 
eletrolítica no período pós-operatório até que se estabilize a desidratação e as 
anormalidades ácido-básicas e eletrolíticas. Continuam-se por mais 24 a 48h os 
antibióticos parenterais que foram utilizados profilaticamente. Na ausência de 
vômito, oferece-se uma pequena quantidade de dieta inicial comercial suave 
T.I.D., 24h após a realização do procedimento cirúrgico. Para o autor, a 
introdução precoce do alimento teria a função de estimular a contração intestinal, 
reduzindo a probabilidade de formação de aderências ou de um íleo paralítico por 
ocasião do pós-operatório. 
O vômito, a febre e a leucocitose persistentes na presença de uma 
sensibilidade abdominal podem ser indicativos de peritonite. Nestes casos, 
recomenda-se, a realização de exames laboratoriais no intuito de se diagnosticar 
qualquer complicação pós-operatória. Caso se encontre exsudato, indica-se uma 
nova abordagem com exploração da cavidade. Outras complicações também 
podem ser observadas tais como, extravasamento de conteúdo para a cavidade, 
íleo paralítico, deiscência, perfuração, síndrome do intestino curto, recorrência, 
choque e óbito (Fossum, 2002). 
 
5.1.9 Prognóstico 
 
Quando a obstrução intestinal é simples o prognóstico geralmente é 
favorável, desde que não se evidencie presença de peritonite séptica além de não 
haver necessidade de se realizar uma ressecção intestinal maciça. Se houver 
uma obstrução intestinal completa o prognóstico já se torna reservado, sendo 
necessário o rápido reconhecimento, bem como a pronta intervenção cirúrgica na 
tentativa de se evitar que o paciente venha a óbito (Burrows et al., 2004). 
 
 
5.1.10 Profilaxia 
 
Devem-se adotar diversas medidas estratégicas na tentativa de se 
evitar que recidivas de obstrução intestinal venham a ocorrer. Os animais devem 
ser desverminados periodicamente para evitar parasitoses intestinais maciças que 
podem culminar em obstrução intestinal. O contato dos animais com lixos, 
caroços de frutas, objetos pequenos, pontiagudos, dentre outros, também devem 
ser evitados (Birchard & Sherding, 2003). 
O preparo criterioso da alimentação, evitando-se que os animais 
venham a ingerir grandes quantidades de gordura e alimentos de difícil 
digestibilidade também são condutas recomendadas, dando preferência para 
dietas balanceadas e ricas em fibras, contribuindo para o melhor trânsito intestinal 
(Birchard & Sherding, 2003). 
 
 
 
 
 
5.2 RELATO DE CASO – RUPTURA INTESTINAL 
 
 
5.2.1 Resenha 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
5.2.2 Anamnese 
 
O animal apresentado na Figura 1 foi atendido no Ambulatório Clínico 
do HV/EV/UFG apresentando tenesmo e hematoquesia há três dias, sendo que 
no dia anterior a consulta, passou a apresentar concomitantemente, anorexia, 
embora com normodipsia. O proprietário relatou que o animal iniciou o quadro 
apresentando episódios eméticos que foram contornados com a aplicação do 
antiemético Metoclopramida (T.I.D., V.O.), utilizado sem prescrição médico-
Data: 19/09/06 
 
Proprietário(a): Osvaldo Rodrigues 
 
Paciente: Júpiter 
 
Espécie: Canina 
 
Raça: Sem raça definida 
(S.R.D.) 
 
Sexo: Macho 
 
Idade: 11 anos e cinco 
meses 
 
Pelagem: Amarela 
 
Porte: Médio 
 
Peso: 12 kg 
 
 
FIGURA 1 - Júpiter, animal atendido no 
HV/EV/UFG com Obstrução 
Intestinal. 
 
 
veterinária. Também fez uso da antibioticoterapia com Ampicilina 500 mg (Q.I.D., 
V.O.) realizado aleatoriamente pelo proprietário. 
O proprietário também foi questionado quanto ao estado geral e 
comportamento do animal previamente a consulta, vacinações, vermifugações, 
ambiente, acesso à rua, alimentação, presença de ectoparasitas, alterações e 
doenças concomitantes. 
O proprietário mencionou que o animal foi submetido a um 
procedimento de orquiectomia há aproximadamente dois meses, em função de 
um tumor testicular. Relatou ainda aumento de peso corporal após a realização 
deste procedimento. 
O animal apresentava calendário vacinal regular, sendo vacinado 
anualmente com óctupla e anti-rábica (AR), além do mesmo ser desverminado 
semestralmente. 
O ambiente que o animal coabitava era constituído de cimento e terra e 
um canil de madeira com colchão de espuma. Não possuía acesso à rua e não 
havia presença de outros contactantes na residência. 
A alimentação do animal baseava-se em comida caseira e petiscos 
(queijo, leite, pão-de-queijo, bolacha, rosca, doces e outros). 
O animal apresentou quadro semelhante, há aproximadamente dois 
anos atrás, porém, o mesmo apresentou melhora clínica espontânea. 
 
 
5.2.3 Exame Físico 
 
Ao exame físico os sinais vitais do animal foram: T - 39ºC; F.C. – 
170bpm e F.R. 80mpm. 
As mucosas conjuntival, oral e peniana apresentavam-se ligeiramente 
hipocoradas. O cão apresentava grau de desidratação de 7%, taquipnéia, 
auscultação cardiopulmonar sem alterações e à palpação o abdômen 
apresentava-se tenso e abaulado. À avaliação do sistema tegumentar do animal 
não foram observadas alterações dignas de nota nem presença de ectoparasitas. 
 
5.2.4 Suspeita Clínica 
 
Babesiose, Erliquiose, Constipação Intestinal. 
 
 
5.2.5 Exames Complementares 
 
Foram solicitados exames laboratoriais, incluindo hemograma com 
pesquisa de hematozoários e bioquímica sérica para avaliação da função 
hepática e renal. 
 
 
5.2.6 Prognóstico 
 
Reservado. 
 
 
5.2.7 Terapêutica Sintomática 
 
Soro caseiro. 
O proprietário foi convidado a comparecer no HV/EV/UFG no dia 
seguinte para buscar o resultado dos exames laboratoriais e posterior reavaliação 
do animal. 
 
 
Data: 20/09/06 
 
 
5.2.8 Interpretação dos Exames Complementares 
 
No dia 20/09/06 após nova avaliação do estado geral do animal 
constatou-se aumento do grau de desidratação (8-9%) e prostração do animal. Os 
resultados dos exames laboratoriais estão descritos a seguir: 
 
a) Hemograma e Bioquímicas Sérica 
 
As figuras 2 e 3 contêm informações referentes aos resultados dos 
exames laboratoriais efetuados. Após interpretação dos mesmos, observou-se 
apenas leve aumento nas concentrações séricas de Uréia e 
Alaninoaminotransferase (ALT). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
RESULTADO DE HEMOGRAMA 
Nº. Ficha Clínica:____________ Nome:____ Júpiter ____ Data:_19_/_09_/_06_ 
Espécie: CAN FEL Raça:___ S.R.D. ___ Sexo:M F Idade:11a5m_ 
Proprietário(a): _Osvaldo Rodrigues________________________________________________ 
Médico Veterinário: __Ygor Carvalho_______________________________________________ 
 VALORES DE REFERÊNCIA 
ERITROGRAMA RESULTADO CAN FEL UND 
Hemácias 6,84 5,5-8,5 5,5-1,0 tera/L* 
Hematócrito 48,4 36-54 24-45 % 
Hemoglobina 15,4 12-18 8-15 g/dL 
VCM 71 60-77 39-55 fL 
HCM 22,6 19-23 13-17 g/dL 
CHCM 31,9 32-36 30-36 Pg 
Eritroblastos 0 0-1,5 0-1 /100 leucóc. 
Plaquetas 298 200-900 200-
500 
giga/L* 
Obs.: ------------------ 
 VALORES DE REFERÊNCIA 
LEUCOGRAMA RESULTADO CAN FEL UND 
 REL ABS REL ABS REL ABS REL ABS 
Leucócitos 100 11,10 100 6-17 100 5,5-19,5 % X 103/mm3 
Mielócitos 0 0 0 0 0 % /mm3 
Metamielócitos 0 0 0 0 0 % /mm3 
Bastonetes 07 0-3 0-510 0-3 0-580 % /mm3 
Segmentados 69 60-77 3600-13090 35-75 1925-14625 % /mm3 
Eosinófilos 02 2-10 120-1700 2-10 110-1950 % /mm3 
Basófilos 0 raro raro raro raro % /mm3 
Linfócitos 14 12-30 720-5100 20-55 1100-10725 % /mm3 
Linfócitos Atípicos 0 0 0 0 0 % /mm3 
Monócitos 08 3-10 180-1700 1-4 55-780 % /mm3 
Plasmócitos 0 0 0 0 0 % /mm3 
 PESQUISA RESULTADO 
 Hematozoários:___AUSENTES_______________________________ 
 Inclusão Viral: ____________________________________________ 
 Fibrinogênio: ___________________ mg/dL 
 Observações: ____________________________________________ 
Unidade “tera” corresponde à 1012; unidade “giga” corresponde à 10 
 
FIGURA 2- Resultado de Hemograma com pesquisa de Hematozoários do 
cão Júpiter, portador de obstrução intestinal (19/09/06) 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
ESCOLA DE VETERINÁRIA 
HOSPITAL VETERINÁRIO 
LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CLÍNICA 
 
 
 
 
 
 
RESULTADO DE BIOQUIMICA SANGÜÍNEA 
Nº. Ficha Clínica:____________ Nome:___Júpiter___ Data:__19__/_09__/_06__ 
Espécie: CAN FEL Raça:__S.R.D.___ Sexo: M F Idade: _11a5m__ 
Proprietário(a): _Osvaldo Rodrigues________________________________________________ 
Médico Veterinário: _Ygor Carvalho________________________________________________ 
Amostra (espécime clínico): _Soro Sangüíneo_____________________________________ 
 VALORES DE REFERÊNCIA 
TESTES RESULTADO CAN FEL UND 
Uréia 37,0 5-35 14-32 mg/dL 
Creatinina 0,8 0,5-1,5 0,8-1,8 mg/dL 
AST ----- 13-40 26-43 UI/L 
ALT 62,0 10-50 10-80 UI/L 
Fosfatase Alcalina 20-150 25-93 UI/L 
GGT 1,2-6,4 1,3-5,1 UI/L 
CK 1,2-256 7,2-28,2 UI/L 
Observações ---------------- 
 
FIGURA 3- Resultado da Bioquímica Sérica do cão Júpiter, portador de 
obstrução intestinal (19/09/06) 
 
 
 
b) Raios – X 
 
Solicitou-se exame de raios-X de abdômen da posição latero-lateral. 
A interpretação da imagem radiográfica sugeriu presença de fecalomas 
compactos no I.G. do animal, localizados mais especificamente no cólon e reto. 
 
 
 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS 
ESCOLA DE VETERINÁRIA 
HOSPITAL VETERINÁRIO 
LABORATÓRIO DE PATOLOGIA CLÍNICA 
 
 
5.2.9 Internação 
 
Diante da presença dos fecalomas e do quadro clínico do animal 
recomendou-se que o mesmo permanecesse internado no HV/EV/UFG para 
receber fluidoterapia com solução de Ringer com lactato (60 mL/kg), acrescido de 
12 mL de solução hipertônica de glicose a 50% por via I.V. e antibioticoterapia a 
base de Ampicilina (25 mg/kg, T.I.D.), durante o dia em que o animal permaneceu 
internado. 
Paralelamente, instituiu-se lavagem colorretal com 500 mL de solução 
de Ringer simples misturada a óleo mineral duas vezes durante o dia em que o 
cão permaneceu internado, sendo uma aplicação do enema na parte da manhã, 
logo após internação do animal e o segundo enema, efetuado, ao final do dia. 
Porém, não se observou melhora considerável do paciente, pois, embora o animal 
tivesse recebido hidratação e nutrientes por via I.V., não houve sucesso com o 
protocolo adotado para a constipação que o animal apresentava, não sendo 
observada, portanto, evacuação do conteúdo intestinal. 
Mesmo diante desse quadro, protelou-se a intervenção cirúrgica do 
animal e ao final do dia o cão recebeu alta, sendo prescrita a utilização de óleo 
mineral (1 mL/Kg, V.O., B.I.D.), supositório de glicerina, soro caseiro à vontade e 
dieta à base de ameixa com mamão, afim de obter êxito na lubrificação e extração 
dos fecalomas pelo próprio organismo do animal. 
 
 
Data: 22/09/06 
 
No dia 22/09/06, o proprietário compareceu com o paciente no 
HV/EV/UFG estando o mesmo debilitado, prostrado e com o abdômen 
apresentando-se abaulado e tenso. 
Após análise do quadro clínico, efetuou-se novamente lavagem 
colorretal com Ringer simples e óleo mineral. Foram utilizados cerca de 750 mL 
de solução de Ringer simples e óleo mineral, sendo esta difundida com grande 
facilidade pelo reto do cão. Porém, mesmo com a adoção do procedimento não se 
obteve resultado satisfatório. 
 
Diante do quadro da facilidade de difusão do enema e não resolução 
do caso clínico encaminhou-se o animal para cirurgia de emergência com 
suspeita de Ruptura Intestinal. 
 
 
5.2.10 Tratamento Cirúrgico 
 
 
 a) Pré- Operatório 
 
Como se tratava de um procedimento emergencial estando o paciente 
clinicamente instável, canulou-se a veia cefálica, por meio de cateter, instituindo-
se fluidoterapia com solução de Ringer com Lactato. Posteriormente efetuou-se a 
tricotomia da região ventral do animal e antissepsia com iodopovine. 
 
- Anestesia 
 
Efetuou-se pré-anestesia com Sulfato de Atropina (0,04 mg/kg/I.M.) e 
após dez minutos promoveu-se a indução anestésica com Propofol em infusão 
contínua na dosagem de 0,4 mg/kg/h/I.V. 
 
 
b) Trans – Operatório 
 
Com o animal devidamente contido em decúbito dorsal, efetuou-se 
incisão cutânea retro umbilical na linha mediana. Após acesso a cavidade 
observou-se extravasamento de líquido de coloração esverdeada, sendo 
necessário uma abertura ampla da cavidade para melhor visualização do campo 
cirúrgico. Também se pôde constatar que parte deste líquido oriundo da cavidade 
constituía-se de fezes misturado com óleo mineral. Este achado implicou na 
necessidade de se efetuar a retirada deste conteúdo, sendo utilizado um sugador 
cirúrgico, retirando-se aproximadamente 1000 mL de conteúdo, conforme 
demonstram as Figuras 4 e 5, respectivamente. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 4 - Sugador cirúrgico utilizado para retirada de líquido 
intestinal presente no interior da cavidade abdominal. 
FIGURA 5 - Quantidade e aspecto do líquido retirado com auxílio do sugador 
na cavidade abdominal. 
 
 
Após a retirada do conteúdo efetuou-se sucessivas lavagens da 
cavidade abdominal com solução fisiológica 0,9% adicionada de clorexidine. Após 
esta manobra, promoveu-se a inspeção das alças intestinais com auxílio de 
afastadores de Farabeuf, no intuito de se localizar o local exato da ruptura 
intestinal. Durante a inspeção do trato entérico, observou intensa hiperemia de 
todo segmento intestinal. À medida que as alças intestinais iam sendo 
exteriorizadas, constantemente eram realizadas lavagens das mesmas com 
solução de cloreto de sódio a 0,9% a fim de se evitar o ressecamento e 
desvitalização. 
Após cautelosa inspeção diagnosticou-se o ponto de rompimento 
sendo ainda verificado um fecaloma na luz intestinal de aspecto rígido, sendo este 
removido, conforme observado na Figura 6. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 6 - 
Presença de fecaloma no interior do I.G., no local 
onde ocorreu a ruptura intestinal. 
 
Após exteriorização do segmento rompido, isolou-se o mesmo 
utilizando compressas e campos esterilizados a fim de se evitar um novo 
extravasamento de conteúdo para a cavidade (Figura 7). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Seqüencialmente, removeu-se partes necrosadas das bordas 
intestinais rompidas, tendo em vista a coloração escurecidacompreendida neste 
foco, conforme observado na Figura 8. 
 
 
 
 
 
 
 
FIGURA 7 - Compressas esterilizadas protegendo a cavidade 
abdominal e pinçamento de segmento intestinal com 
pinça hemostática. 
 
 
FIGURA 8- Segmento intestinal congesto, hemorrágico e 
isquêmico devido ao tempo de ruptura intestinal e 
contaminação fecal. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Após a ressecção, promoveu-se a enteroanastomose tipo término-
terminal utilizando-se fio de sutura não absorvível a base de poliamida 4-0, por 
meio de sutura com pontos separados simples. Posteriormente, promoveu-se a 
omentalização. 
Realizou-se novamente lavagem da cavidade abdominal com solução 
fisiológica 0,9% adicionada de clorexidine (2,5%) e em seguida celiorrafia com fio 
de poliamida 2-0 em padrão separado tipo “X”, redução de espaço morto com 
poliamida 2-0 em padrão contínuo com pontos tipo Cushing e dermorrafia com fio 
de poliamida 4-0 e sutura em padrão contínuo, intradérmica. 
 
 
 
 
 
c) Pós-Operatório 
 
Após o procedimento cirúrgico o animal apresentava estado geral 
regular, com 37ºC de temperatura corporal. Porém, ainda na sala de recuperação 
o quadro clínico se tornou instável e o animal passou a apresentar queda de 
temperatura corporal e não retornava do plano anestésico. Realizou-se 
antissepsia da região da ferida cirúrgica com solução de iodopovidine 0,5% e 
curativos locais com bandagem de esparadrapo microfibra. 
Quando o animal apresentou estabilização da temperatura corporal em 
torno de 35,5ºC o mesmo foi colocado em uma baia na enfermaria, 
permanecendo internado e recebendo fluidoterapia a base de Ringer com Lactato, 
antibioticoterapia a base de Gentamicina (2 mg/kg/B.I.D./I.V.), Cefalotina (20 
mg/kg/B.I.D./I.V.) e Metronidazol (20 mg/kg/B.I.D./I.V.); antiinflamatório - Flunixina 
Meglumina (1 mg/kg/B.I.D./I.M.); antiemético - Metoclopramida (0,2 
mg/kg/B.I.D./I.V.); protetor de mucosa - Ranitidina (1 mg/kg/B.I.D./I.V.) e 
analgésico de ação central - Cloridrato de Tramadol (1 mg/kg/B.I.D./I.V.). 
 
 
Data: 23/09/2006 
 
 
 - Óbito 
 
No dia 23/09/06 o animal veio a óbito durante a noite em que fora 
realizado o procedimento (sexta para sábado). No plantão do fim de semana não 
foi possível realizar necropsia do animal para determinar de modo mais seguro a 
causa morte, devido já ter ultrapassado um período de 12h, estando o mesmo em 
autólise. 
O laudo apresentado para o óbito do animal foi de Choque 
Endotóxico. 
 
 
 
5.3 DISCUSSÃO 
 
As alterações evidenciadas pelo proprietário, relatadas durante a 
anamnese, associadas ao exame clínico, revelaram como sinais predominantes 
anorexia, mucosas hipocoradas, êmese, tenesmo e hematoquesia. De acordo 
com Colomé et al. (2006) estes achados podem ser evidenciados em pacientes 
portadores de moléstias gastrintestinais, como em casos de obstrução intestinal, 
hemoparasitoses e neoplasias. 
Para os mesmos autores, a anorexia pode ser caracterizada por perda 
de apetite, geralmente associada a uma enfermidade. Willard (1998) relataram 
que eventos patogênicos, como a ingestão ou a produção endógena de toxinas, 
desidratação, hiperdistensão gástrica e a produção de ocitocinas durante a 
inflamação podem inibir a ingestão de alimentos via neurônios produtores de 
ocitocina ou vasopressina no hipotálamo. Estas informações estão de acordo com 
o referido caso clínico e podem explicar a anorexia relatada pelo proprietário por 
ocasião do atendimento do referido cão, tendo em vista que o paciente em 
questão apresentava-se com intensa desidratação aliada a uma considerável 
sensibilidade e distensão abdominal. 
Fenner (1982) relatou que a êmese envolve três estágios, sendo a 
náusea, ânsia de vômito e vômito. Em cada um destes estágios, ocorrem 
alterações na motilidade gastrintestinal. As conseqüências podem ser pneumonia 
por aspiração, depleção de volume e eletrólitos e desequilíbrio ácido-básico. 
Apesar do paciente não apresentar, por ocasião do exame clínico, sinais 
característicos de pneumonia, o vômito foi considerado um sinal importante no 
direcionamento das suspeitas clínicas. Burrows et al. (2004) também associaram 
o vômito aos sinais de obstrução intestinal. 
Para Willard (1998) o tenesmo alimentar caracteriza-se por tentativas 
freqüentes e muitas vezes improdutivas de defecar, sendo a hematoquesia um 
achado comum em casos de tenesmo. Burrows et al. (2004) associaram o 
tenesmo alimentar a moléstia colorretal, podendo ser causada por obstruções, 
afecções inflamatórias no cólon, reto e ânus, ou constipação intestinal. Estas 
informações também se mostraram importantes na conjectura da suspeita clínica 
do referido caso. 
 
Por ocasião do atendimento foi relatado pelo proprietário, que o animal 
era submetido à dieta desbalanceada e inapropriada, consistindo de comida 
caseira e petiscos. Estas informações foram importantes, tendo em vista a 
etiologia dos distúrbios que acometem o segmento digestivo dos cães. 
Concordando com o raciocínio desenvolvido no atendimento deste paciente, 
Birchard & Sherding (2003) também citaram que a dieta pode ser considerada um 
fator predisponente nos casos de obstrução intestinal, principalmente quando há 
relatos de nutrição desbalanceada, altos níveis de gordura e carboidratos. Tal fato 
determinaria maior tempo de trânsito intestinal, maior nível de absorção de água 
do bolo fecal, com conseqüente ressecamento excessivo das fezes, podendo 
culminar em possível obstrução intestinal. 
Os sinais vitais do cão estavam alterados por ocasião do exame físico. 
Observou-se aumento da temperatura corporal, mucosas hipocoradas, taquipnéia 
e taquicardia. Burrows et al. (2004) comentaram ser estes achados comuns em 
animais submetidos a exercícios físicos, dor e ansiedade. O animal em questão 
além de apresentar comportamento irracivo, demonstrava considerável 
sensibilidade durante a palpação abdominal. Estes fatores provavelmente 
contribuíram para as alterações observadas na avaliação do paciente. 
Devido a não conclusão do caso clínico, mesmo após efetuada a 
anamnese e exame físico, recorreu-se ao auxílio dos exames complementares, 
tais como o hemograma com pesquisa de hematozoários, bioquímica sérica com 
dosagem de uréia, creatinina, ALT e aspartatoaminotransferase (AST) e 
radiografia. Colomé et al. (2006) preconizaram em casos de suspeita de distúrbios 
intestinais a realização de exames complementares, tais como hemograma, 
radiografias e ultrassonografia. Willard (1998), porém, relataram que o exame 
radiográfico possui custo benefício baixo se o abdômen puder ser palpado com 
precisão. 
As suspeitas clínicas de hemoparasitoses levantadas por ocasião do 
primeiro dia de atendimento, baseadas na análise das mucosas conjuntival, oral e 
peniana, foram desconsideradas após a realização dos exames laboratoriais e 
posterior acompanhamento do caso clínico. No hemograma não se evidenciou 
sinais de anemia e não se encontrou hemoparasitas na pesquisa de 
hematozoários. Para Burrows et al. (2004) a avaliação da coloração das mucosas 
 
pode ser considerado um bom indicativo para a presença de hemoparasitas, 
porém para a conclusão do diagnóstico o hemograma e a pesquisa de 
hematozoários são essenciais. 
A interpretação dos exames laboratoriais sugeriu leve aumento relativo 
nos bastonetes e nos níveis de uréia e ALT sérica, o que não contribuiu para o 
diagnóstico do referido caso. De acordo com Silveira (1988) e Burrows et al. 
(2004) o aumento da uréia e ALT sérica isoladamente trás poucas informações e, 
portanto não desperta maiores preocupações. 
No caso clínico em questão a radiografia simples tornou-se elucidativa 
demonstrando presença de fecalomas no interior do I.G., principalmente no cólon 
distal e reto. Estas informações associadas ao histórico clínico do animal, 
anamnese e aos achados do exame físico foram essenciaisna confirmação da 
obstrução intestinal, como diagnóstico definitivo. Colomé et al. (2006) também 
fizeram referência as radiografias como método de diagnóstico elucidativo nos 
casos de obstrução intestinal. 
Os procedimentos adotados após confirmação do diagnóstico, 
incluíram fluidoterapia com Ringer com Lactato (60 mL/kg), solução hipertônica de 
glicose a 50% por via I.V. (12 mL) e antibioticoterapia a base de Ampicilina (25 
mg/kg/T.I.D.). Para Willard (1998) a fluidoterapia se faz necessária nos casos em 
que o animal encontra-se desidratado e anoréxico. Viana (2003) mencionou as 
mesmas dosagens e vias de aplicação para cada medicamento adotado na 
internação do animal do caso clínico em questão. O uso da Ampicilina pôde ser 
justificado por este antibiótico corresponder a uma penicilina de 2ª geração e 
estender seu espectro de ação às bactérias gram-negativas, além das gram-
positivas (Spinosa, 1996). Gomes (2007) relatou, porém que ao se instituir 
antibioticoterapia esta deve ser introduzida por certo período de tempo, porque ao 
uso abusivo de antimicrobianos contribui para a pressão seletiva dessas drogas, 
criando ambiente favorável às bactérias resistentes, além da indicação 
indiscriminada também estar incluída como fator que propicia a resistência 
bacteriana. Portanto no caso clínico em questão a antibioticoterapia deveria ter 
sido prescrita no momento da alta do animal e não ter sido utilizada no momento 
em que o animal permaneceu internado. 
 
Diniz et al. (2003) utilizaram no tratamento sintomático e de suporte em 
cão com suspeita de intussuscepção intestinal, apenas fluidoterapia a base de 
solução de Ringer com Lactato (60 mL/kg), acrescido de solução hipertônica de 
glicose a 50%, além de Omeprazol (0,7 mg/kg, uma vez ao dia), não fazendo 
referência a adoção de antibioticoterapia como terapêutica sintomática. 
Paralelamente realizou-se lavagem colorretal com 500 mL solução de 
Ringer simples e óleo mineral a fim de lubrificar a fezes e desfazer os fecalomas. 
Willard (1998) descreveram para animais de médio porte que sejam efetuadas 
entre 200 e 500 mL de enema em casos de obstrução intestinal. Ferreira & 
Pachaly (2000) citaram que os laxantes emolientes podem ser utilizados em 
casos de fecalomas, objetivando facilitar o trânsito e a eliminação das fezes. 
Estas informações dão respaldo a este último protocolo adotado durante o 
atendimento. 
Por ocasião do segundo dia de atendimento, após a adoção dos 
procedimentos clínicos e terapêuticos, o paciente recebeu alta, sendo indicado ao 
proprietário a administração de um supositório de glicerina por via retal com o 
intuito de auxiliar na eliminação do fecaloma, tendo em vista o insucesso da 
lavagem colorretal. Willard (1998) também citaram a introdução de supositório de 
glicerina ou palito de fósforo lubrificado no reto do animal com o intuito de 
estimular a defecação do mesmo. 
A dieta de ameixa com mamão prescrita para o animal está de acordo 
com os dados descritos por Izac (2006) mencionando a ação benéfica desses 
alimentos para o trato gastrintestinal, contendo boa quantidade de fibras, 
estimulando assim, o trânsito intestinal. 
Já no terceiro dia, após retorno do animal ao HV/EV/UFG estando o 
mesmo apático e prostrado, efetuou-se novamente a lavagem colorretal, 
utilizando o mesmo protocolo acima descrito. Porém, após administração de cerca 
de 750 mL de solução de Ringer simples e óleo mineral por via retal, não notou-se 
refluxo do mesmo. Por ocasião de nova introdução do enema a quantidade 
indicada para animais de médio porte foi estrapolada conforme já anteriormente 
mencionado por Willard (1998), podendo ocorrer, nesses casos, ruptura intestinal 
devido a grande compressão efetuada na parede intestinal fragilizada. De acordo 
com os mesmos autores, o enema passa a ser difundido com facilidade pelo 
 
organismo do animal, além de não ser observado refluxo do mesmo. Portanto 
baseado nos relatos dos autores e na evolução do quadro clínico do animal 
encaminhou o mesmo para a cirurgia com suspeita de ruptura intestinal. Quadro 
semelhante foi descrito por Carvalho (2005) trabalhando com um cão de três 
meses da raça boxer portador de obstrução seguida de ruptura intestinal. 
Após esta avaliação, o paciente foi encaminhado, em caráter de 
urgência, para procedimento cirúrgico. Willard (1998) citaram que nos casos de 
obstrução intestinal simples, a estabilização do paciente e a reidratação são 
condutas a serem adotadas previamente ao ato cirúrgico, desde que não se trate 
de casos emergenciais, como nos casos de rupturas intestinais. 
Efetuou-se pré-anestesia com Sulfato de Atropina (0,04 mg/kg/I.M.) e 
indução anestésica com Propofol em infusão contínua (0,4 mg/kg/h/I.V.), seguindo 
as recomendações de Massone (2003) e Viana (2003) para as dosagens 
anestésicas e as vias de aplicação. Ellison (1996) e Fossum (2002) também 
descreveram os mesmo protocolos anestésicos para cirurgias intestinais, porém 
citaram o Propofol na indução anestésica, efetuando-se manutenção com 
Isoflurano (1,5-2,5%) ou Halotano (0,5-1,5%). 
Ao efetuar a incisão mediana retro-umbilical na linha alba observou-se 
extravasamento de líquido de coloração esverdeada oriundo da cavidade 
abdominal, concluindo a suspeita de ruptura intestinal. A fim de permitir a 
visualização do segmento danificado, utilizou-se um sugador cirúrgico na remoção 
deste líquido. Com a adoção deste método removeu-se, aproximadamente, 1000 
mL de líquido intrabdominal misturado a fezes e óleo mineral. Burrows et al. 
(2004) relataram que o encontro de líquido na cavidade abdominal advinda de 
perfuração do trato alimentar, lesões causadas por neoplasias, intussuscepção, 
corpos estranhos e deiscência do fio de sutura podem resultar em uma peritonite 
séptica. 
Concordando com Orsher & Rosin (1998) que descreveram à 
importância de incisão ampla em casos de ruptura intestinal, hemorragias, 
deiscência de suturas, facilitando a visualização do campo cirúrgico para 
solucionar com maior eficácia e ter menores riscos de complicações, no caso 
clínico em questão a incisão precisou ser ampliada para que fosse possível 
visualizar exatamente o local onde ocorreu a ruptura intestinal. Esta manobra 
 
permitiu não só a melhor visualização do campo cirúrgico como a correção 
cirúrgica. 
Após promovida a retirada do líquido da cavidade abdominal efetuou-
se o isolamento do segmento lesionado. Seqüencialmente, sucessivas lavagens 
intrabdominais foram realizadas utilizando-se solução fisiológica a 0,9% e 
clorexidine (2,5%). Silva et al. (2001) relataram que a lavagem da cavidade 
abdominal com solução salina 0,9% é uma prática comum em cirurgia geral do 
trato gastrintestinal, porém chamaram a atenção para o aquecimento da solução 
utilizada, fato este não efetuado no presente atendimento. Carvalho (2005) 
deparando-se com quadro semelhante de ruptura intestinal, também realizou 
lavagem da cavidade abdominal com solução fisiológica a 0,9% adicionada a 
solução de clorexidine. 
Após as manobras descritas, protegeu-se a cavidade utilizando 
compressas e campos cirúrgicos esterilizados. Posteriormente, efetuou-se a 
ressecção das bordas intestinais desvitalizadas e anfractuosas. Ellison (1996), 
Orsher & Rosin (1998) e Fossum (2002) descreveram a importância do 
isolamento do intestino por meio de compressas esterilizadas e tampões de 
laparotomia, evitando contaminação adicional e o surgimento de intercorrências 
pós-operatórias. Levit & Bauer (1992) e Orsher & Rosin (1998) mencionaram a 
enterectomia seguida da entero-anastomose quando não houver viabilidade do 
segmento intestinal acometido. 
A anastomose foi do tipo término-terminal utilizando-se a poliamida 4-0 
como fio de sutura em padrão separado simples. Após a síntese do segmento 
danificado, promoveu-se a fixação do omento sobre a linha de sutura. Porém, 
Goffi (1997) analisando anastomoses

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