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1 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .......................................................................................... 2 Introdução ........................................................................................................ 3 Aspectos históricos da Psicologia do desenvolvimento ................................... 4 Teorias do desenvolvimento humano .......................................................... 4 Estruturalismo ........................................................................................... 4 Funcionalismo .......................................................................................... 6 Gestalt ...................................................................................................... 7 Conexionistas ........................................................................................... 7 Psicanálise ............................................................................................... 8 Reflexologia .............................................................................................. 9 Condutivismo ............................................................................................ 9 Psicologia Sócio-Histórica ...................................................................... 10 Psicologia humanista .............................................................................. 11 Cognitivismo ........................................................................................... 11 Princípios Gerais da Psicologia do Desenvolvimento .................................... 12 Concepção Inatista .................................................................................... 14 Concepção ambientalista ........................................................................... 15 Concepção interacionista ........................................................................... 15 Psicologia do Desenvolvimento Humano ...................................................... 16 Objetivos da Psicologia do Desenvolvimento............................................. 18 Fases do desenvolvimento humano ........................................................... 19 Desenvolvimento Infantil ........................................................................ 19 Desenvolvimento do Adolescente .......................................................... 21 Desenvolvimento do adulto .................................................................... 25 Desenvolvimento do Idoso ..................................................................... 25 REFERÊNCIAS ............................................................................................. 31 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós- Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 Psicologia do desenvolvimento Introdução A psicologia do desenvolvimento é um campo da Psicologia que estuda e analisa o desenvolvimento humano em seus aspectos físico-motor, afetivo- emocional, intelectual e social, da infância até a chegada à vida adulta. É uma área importante que possibilita a compreensão dos comportamentos e o próprio modo como cada indivíduo lida com o processo de mudanças, crescimento e amadurecimento. Estuda as mudanças ocorridas ao longo dos anos, considerando os aspectos inerentes ao desenvolvimento humano, os fatores que o influenciam e o desenvolvimento das funções psicológicas, que distinguem o homem dos outros animais e estuda as manifestações das atividades psíquicas, a capacidade perceptiva, motora, intelectual, social e afetiva. Cada fase do desenvolvimento tem sua característica e, a partir do seu estudo é possível perceber as mudanças ocorridas e se posicionar em cada um delas de forma coerente. 4 Aspectos históricos da Psicologia do desenvolvimento O desenvolvimento humano envolve o estudo de variáveis afetivas, cognitivas, sociais e biológicas em todo ciclo da vida. Desta forma faz interface com diversas áreas do conhecimento como: a biologia, antropologia, sociologia, educação, medicina entre outras. Como decorrência desse desenvolvimento, muitas correntes foram se estabelecendo na Psicologia, tentando entender como o ser humano poderia ser concebido. Teorias do desenvolvimento humano Estruturalismo Tem como seus principais representantes o psicólogo e fisiologista alemão Wilhelm Wundt (1832-1920) e o psicólogo americano Edward Bradford Titchener (1867-1927). No começo do século XX, Wundt e Titchener discutiram com pensadores da época o conceito de mente e certas condições do método da introspecção científica. O objeto de estudo desta escola é a consciência mediante a introspecção e a auto-observação controlada. A mente, ou consciência imediata, não é algo substancial, mas somente processos elementares da atividade mental: sensação, sentimento e imagem. Para Davidoff (1983), a Psicologia experimental de Wundt estuda as operações mentais centrais, como atenção, intenções e metas. Os sujeitos desses estudos são treinados para descrever, da forma mais objetiva possível, suas experiências com determinados estímulos de cores, sabores e odores. Wundt interessava-se por anatomia e sua vida acadêmica era voltada para a pesquisa fisiológica sobre as percepções sensoriais. O sistema da introspecção, proposto e praticado nos laboratórios de Wundt, refletia o método que os psicólogos utilizavam para que os sujeitos das pesquisas relatassem suas experiências internas em relação aos estímulos ambientais. Esses relatos eram os julgamentos e as observações conscientes dos sujeitos sobre o tamanho, a intensidade e a duração dos estímulos. A partir desses experimentos e relatos, Wundt descrevia a maneira como a 5 consciência humana era estruturada. O método da introspecção era realizado através da indagação nos sentimentos e emoções, entre outros dados que fornecem a informação interior de alguma pessoa. Estruturalismo é o nome que designa o sistema científico e o método que estuda os dados do contexto a qual pertence, como os grupos. Contempla também e analisa as relações estabelecidas entre si para depois tirar suas conclusões; trata-se de um método de estudo e com foco eminentemente descritivo. A importância do estruturalismo é tanta que resulta ser uma das opções mais utilizadas para analisar a cultura, a linguagem e até mesmo a sociedade de determinada comunidade. O objetivo desta abordagem psicológica é poder analisar a experiência desde o nascimento da pessoa até a vida adulta, ou seja, a soma total de experiências vividas neste período de tempo, através de elementos interligados entre si para formar experiências mais complexas, sem esquecer-se do meio ambiente e estudando seu vínculo. 6 Funcionalismo A teoria funcionalista tem por base a teoria de sistemas e defende que a sociedade se organiza como um sistema social onde é necessário resolver quatro imperativos fundamentais para a subsistência: a adaptação ao meio envolvente, a conservação do modelo e o controlo de tensões, a persecução da finalidade e a integração pelas diferentes classes sociais. Seus representantes mais destacados são o pedagogo e filósofo americano John Dewey (1859-1952) e o filósofo americano William James (1842-1910). Eles incorporam a concepção do naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) afirmando que a mente humana e a conduta humana são adaptativas e que o ponto central da Psicologia está na ação ou na conduta. Para Dewey e James, o que a consciência possui é menos importante do que aquilo que ela faz. Segundo esses autores, não existe produção mental que não seja acompanhada de uma modificação corporal. Além disso, eles apresentam a relação estímulo-resposta como a proposta metodológica de seu trabalho. A Psicologia Funcionalista interessa-se em compreender como ocorre o funcionamento e a adaptação da mente dos indivíduos no meio em que esses indivíduos se inserem. De acordo com Schultz (1992), o funcionalismo estuda as influências das crenças no comportamento emocional e corporal das pessoas, bem como investiga a formação dos conceitos de acordo com as necessidades humanas. Para esta corrente, as pessoas apresentam comportamentos diferenciados em relação aos estímulos que recebem. Não existe uma única resposta aos estímulos: as respostas variam conforme os comportamentos adaptativos das pessoas. Portanto, a consciência e as sensações são mutáveis. O funcionalismo investigou a estrutura psicológica de diferentes populações – como animais, crianças, povos primitivos e deficientes – para descobrir as variações nas organizações mentais desses grupos. 7 Gestalt Questionando o reducionismo proposto pelo estruturalismo e pelo funcionalismo, a Gestalt prega que o todo é maior que a soma de suas partes, assim buscando ser uma Psicologia integrativa de caráter globalista. Propõe que para entender o todo é preciso analisá-lo em sua configuração, analisando e integrando as suas partes constituintes. Segundo Davidoff (1983), a Gestalt surgiu como protesto contra o estruturalismo, principalmente contra a prática de reduzir experiências complexas a elementos simples. A invenção do cinema foi a demonstração de como uma série de fotografias e imagens imóveis, quando eram rapidamente apresentadas, transformavam-se em imagens contínuas. Dessa maneira, verificava-se que o filme projetado na tela esboçava o todo das partes que o compunham. O movimento aparente não podia ser compreendido, portanto, sem as análises de todos os seus componentes. A Gestalt é uma corrente muito significativa no estudo das percepções e também contribui para a compreensão dos indivíduos como parte de um campo mais amplo que inclui o organismo e o meio. Conexionistas Para o psicólogo americano Edward Lee Thorndike (1874-1949), o comportamento do sujeito é modelado pelo ambiente e segue leis que o direcionam. E esse comportamento só será efetivo se for condicionado por três princípios: a lei do efeito, a lei do exercício e a lei da disposição. lei do efeito – a aprendizagem se manterá ou não segundo as conseqüências que produz (reforçamento); lei do exercício – a importância da prática para que se mantenham as conexões nervosas e se fortaleça o aprendido; lei da disposição – se não existe disposição, não se produz comportamento aprendido, pois é a disposição que permite o comportamento. 8 Thorndike propunha conexões entre estímulos e respostas e seus experimentos envolviam o uso de animais. Um dos seus estudos clássicos foi a experiência que realizou com um gato privado de alimentos que ficou em uma caixa fechada com vários trincos. Para sair da caixa, o animal tinha que encontrar a alavanca correta para acessar o alimento, que estava do lado de fora. Por meio da lei do exercício, com diversas tentativas de ensaio e erro (empurrar, farejar e dar patadas), o gato conseguiu abrir a alavanca. Em outras situações – quando o animal era recolocado na caixa, acionava a alavanca e conseguia o alimento –, manifestava-se a lei do efeito. A comida era sua recompensa e funcionava como um reforço positivo. Porém, quando o gato acionava a alavanca e não encontrava o alimento, sua resposta era enfraquecida. O uso prolongado da resposta incorreta fazia com que a resposta fosse sendo extinta, pois funcionava como um reforço negativo. Portanto, para os conexionistas, um comportamento poderia tanto ser reforçado como esquecido se não fossem realizadas as conexões necessárias: se o animal não encontrasse uma maneira de alcançar o alimento desejado, não havia disposição para realizar a ação. Psicanálise Para o médico austríaco Sigmund Freud (1859-1939), pai da Psicanálise, os processos psíquicos são de natureza inconsciente e os processos conscientes não são senão atos isolados ou fracionados da vida total. Segundo Freud, determinados impulsos instintivos, que podem ser unicamente de natureza sexual, desempenham um papel entre as causas das enfermidades nervosas, psíquicas, e colaboram na gênese das mais altas criações culturais, artísticas e sociais. A Psicanálise considera que os processos mentais não ocorrem ao acaso: existem razões para os acontecimentos humanos, os sentimentos ou as ações. De acordo com Bock (2000), a Psicanálise busca o significado oculto das nossas ações, o qual é expresso por meio de gestos, palavras ou sonhos. Na educação, a Psicanálise assume um papel significativo no estudo da afetividade, dos recalques, das repressões, das projeções, das transferências e dos mecanismos de defesa vivenciados nas relações entre professores e alunos. 9 Reflexologia O fisiologista russo Ivan Sechenov (1829-1905) e o fisiologista e psicólogo soviético Ivan Petrovich Pavlov (1849-1936) descobriram os mecanismos reguladores da conduta, os quais podem ser inibidos ou intensificados pelos mecanismos de estímulo e resposta. Pavlov propõe que as atividades nervosas superiores podem ser estudadas pelo procedimento do reflexo condicionado. Assim, o condicionamento é assumido como técnica fundamental, o que permite descobrir as condições para que, frente ao estímulo, haja uma resposta que não lhe pertence. Por meio de pesquisas realizadas com cães, Pavlov demonstrou como um comportamento pode ser condicionado. Em seus estudos, ele observou que, se a comida era ofertada aos cães associada ao som de uma campainha, essa ação fazia com que esses animais, com o passar do tempo, já começassem a salivar quando ouviam o sinal da campainha. Esse aspecto representava um reflexo condicionado e essa resposta só ocorria em função de uma conexão existente entre o estímulo (o som) e a resposta (a comida). O processo de condicionamento não ocorre somente com os animais, mas também no cotidiano das pessoas. Alguns exemplos(acordaraosomdodespertador, atender ao som do celular, dormir em horários determinados) representam que o organismo está condicionado a oferecer determinadas respostas em função dos estímulos gerados. Condutivismo Esta é a base de uma Psicologia eminentemente prática, sem nada de introspecção, tendo como objetivos a predição e o controle da conduta. São seus representantes os psicólogos americanos John Broadus Watson (1878- 1958), Clarck Leonard Hull (1884-1952), Edward Chace Tolman (1886-1959) e Burrhus Frederic Skinner (1904-1990). Este último propõe o condutivismo radical ou behaviorismo, segundo o qual toda conduta humana é completamente determinada, nunca havendo liberdade de escolha. 10 O termo behaviorismo deriva da palavra inglesa behavior, que significa “comportamento”. Skinner, um dos principais representantes desta corrente, observava que o comportamento humano podia ser modelado. De acordo com Fadiman (1986), em um dos seus experimentos Skinner observou que se, após realizar uma ação positiva, uma criança recebia uma bala, esse ato reforçava os comportamentos positivos dessa criança. Entretanto, se essa mesma criança realizava comportamentos de birra com a mãe todas as vezes que frequentava uma loja, com o intuito de que sua mãe comprasse brinquedos, e se essa criança fosse atendida nos seus apelos, a mãe estava reforçando comportamentos negativos de sua filha. Portanto, ao estudar os reflexos, Skinner investigava a ocorrência desses reflexos e as respostas desejadas e indesejadas. A teoria condutivista é criticada na educação por estudar formas de recompensas no processo educacional, formas de controle do comportamento e por enfatizar o ensino programado, que centraliza o processo educacional no professor. Psicologia Sócio-Histórica O psicólogo russo Lev Semionóvitch Vygotsky (1896-1934) estudou as capacidades humanas (como cada um é capaz, com as ajudas adequadas, de desenvolver uma habilidade) e define consciência como o autêntico objeto de estudo da Psicologia: a consciência é a função mais especializada do cérebro e se desenvolve no contexto das relações sociais. Em suas investigações sobre os processos neuropsicológicos da mente humana, Vygotsky teve a colaboração do neurologista russo Aleksandr Romanovitch Luria (1902-1977). A origem russa de Vygotsky contribuiu para que seus estudos recebessem influência do socialismo e estivessem voltados para as interações sociais e a construção coletiva do conhecimento. Para ele, o ensino não estava somente centrado no professor, mas em todos os integrantes da sala de aula. A Psicologia sócio histórica discutia a não-universalidade de padrões de desenvolvimento. Nesta corrente, a estrutura e o funcionamento do psiquismo humano são construídos de acordo com a cultura dos indivíduos. 11 Psicologia humanista Propõe a clara distinção entre homens e animais: os homens têm uma natureza específica comum a outros homens e possuem uma natureza individual, que é única e sem repetição. Portanto, cada sujeito deve ser estudado como é, sem preestabelecimento de juízos ou conceitos. A Psicologia humanista se baseia em alguns princípios, como os de o homem: ser mais que uma soma de partes, ser a essência em um contexto humano, viver de forma consciente, ter condições de escolha; ser orientado para metas. Os maiores representantes desta corrente são o psicopedagogo americano Carl Rogers (1902-1987) e o psicólogo americano Abraham Maslow (1908-1970). O humanismo na educação prioriza a pessoa que aprende e a escola deve ensinar valores democráticos ao aluno, levando-o à auto direção. Assim, a aprendizagem transcende os limites cognitivos, afetivos e motores. A educação deve ter qualidade de um envolvimento pessoal e a pessoa precisa ser tratada como um todo. A avaliação reside no educando, o aluno auxilia a realizar o planejamento, a formular questões, a discutir problemas referentes ao grupo e a avaliar as consequências de suas escolhas e o professor precisa ser um facilitador da aprendizagem e estabelecer um clima de receptividade entre os alunos. Cognitivismo O objetivo principal desta corrente é a atividade humana de um sujeito que busca, escolhe, elabora, interpreta, transforma, armazena e reproduz a informação proveniente do meio ambiente ou do seu interior. Direcionado por um objetivo, esse sujeito planeja, programa, executa e corrige a ação em processo até o término dessa ação. O biólogo e filósofo suíço Jean Piaget (1896-1980) concebe o conhecimento como um conjunto de estruturas cognitivas que permitem à criança adaptar-se ao ambiente. E ele chama de epistemologia genética ao seu campo de estudo, sobre as origens e os estágios da inteligência e do conhecimento na criança. Os teóricos do processamento da informação estabelecem correlação entre os comportamentos 12 humanos e os ordenadores de modelos virtuais, que processam informações mediante mecanismos de entrada, processamento e saída de informações, assim como acontece com o sistema cerebral humano. A partir disso, esses teóricos propõem um sistema de modelos de funcionamento da mente humana. Piaget buscou nas crianças a origem do conhecimento. No início de suas pesquisas, ele realizava observação direta do comportamento de seus três filhos. Com o tempo, foi sistematizando seu método de investigação para entender a lógica infantil. Para ele, o desenvolvimento cognitivo ocorria por meio de processos constantes de desequilíbrio e equilíbrio. Ou seja, a cada interação do indivíduo com um objeto desconhecido, o indivíduo assimilava as estruturas desse objeto e, posteriormente, acomodava as características desse objeto ao seu pensamento. Dessa maneira, novos elementos eram incorporados à estrutura mental dos indivíduos e, em sucessivos processos de desequilíbrio e equilíbrio, os sujeitos construíam conhecimentos. Princípios Gerais da Psicologia do Desenvolvimento O desenvolvimento se processa por etapas o desenvolvimento humano Se dá por fases que apresentam características próprias. Contudo, a definição dos critérios de periodização da vida humana não é única. Há teóricos que abordam o desenvolvimento sob o aspecto físico como Gesell, aspecto cognitivo segundo estudos de Piaget, ou ainda pelo aspecto psicossexual segundo as investigações de Freud. Mesmo havendo grande diversidade de critérios para o estabelecimento de fases no desenvolvimento do ser humano há uma convergência para o entendimento de que o desenvolvimento implica em novos padrões de comportamentos constituídos por processos de reintegração sucessiva de estruturas comportamentais e/ou orgânicas. O desenvolvimento, embora contínuo e sequencial, é marcado por profundas transformações A evolução implica em transformações estruturais possibilitadores de novos desempenhos. Tanto o crescimento como o desenvolvimento produzem mudanças nos componentes físico, mental, emocional e social que ocorrem em 13 ordem invariante. Uma constatação desse princípio é que a criança antes de correr, anda e engatinha. O desenvolvimento é direcional e se dá numa direção céfalo-caudal e próximo distal. A embriologia corrobora esse princípio com a constatação que o organismo desenvolve primeiro a cabeça, em seguida o tronco e os membros. Por direção próximo-distal diz-se de um desenvolvimento que acontece do centro (cérebro/medula espinhal — eixo central) para a periferia do corpo (membros superiores e inferiores). Inicialmente há crescimento e desenvolvimento das partes próximas ao cérebro e depois se estende descendentemente até as partes mais distantes. O desenvolvimento caminha de atividades gerais para as específicas o comportamento motor se desenvolve de respostas difusas e não diferenciadas para as mais específicas e elaboradas. Quando tocamos o corpo de um recém-nascido, ele responde com movimentos gerais (todo o corpo se move), com o desenvolvimento do organismo, apenas a parte do corpo diretamente estimulada responde ao estímulo. O desenvolvimento se dá em velocidade diferente para diversas partes do corpo. A cabeça cresce intensamente do nascimento até os dois anos de idade quando desacelera esse crescimento. O tronco cresce significativamente até o um ano e os membros superiores e inferiores em torno dos dois anos começam um crescimento acelerado. Em cada aspecto o ser apresenta ritmos diferentes nas diversas fases. No aspecto cognitivo a capacidade de raciocínio lógico indutivo-dedutivo aparece na adolescência Quando se fala de desenvolvimento humano e no modo como ele acontece, é impossível apontar apenas um fator como decisivo para as mudanças que ocorrem nos comportamentos durantes as fases da vida. É um processo que ocorre mediante a interação de vários fatores, como a hereditariedade, os fatores biológicos e ambientais (o meio em que se vive) e os fatores relacionados com o desenvolvimento e maturação neurofisiológica. 14 Existem algumas correntes de pensamentos teóricas sobre o desenvolvimento, sendo elas o inatista, o ambientalista e a interacionista. Concepção Inatista Segundo Porto (2013) na concepção inatista os eventos que ocorrem após o nascimento não são essenciais para o desenvolvimento. As capacidades, a personalidade, os valores, os hábitos, as crenças, a conduta de cada ser humano já se encontram prontos no nascimento. O papel do ambiente, da educação e do ensino é tentar interferir o mínimo possível no processo de desenvolvimento espontâneo da pessoa. Esta perspectiva enfatiza os fatores maturacionais e hereditários, ou seja, entende que o ser humano nasce com potencialidades, dons e aptidões que serão desenvolvidos de acordo com o amadurecimento biológico. Por isso, o nome inatismo – características que nascem conosco. Essa tendência parte do princípio que o homem já nasce pronto, o que inclui a personalidade, os valores, os hábitos, as crenças, o pensamento, a emoção e a conduta social. Nesse sentido, o ser humano não tem possibilidade de mudança, não age efetivamente e nem recebe interferências significativas do social. Os primeiros conhecimentos produzidos na embriologia forneceram subsídios para as teorias inatistas. Supunha-se que o desenvolvimento intrauterino ocorria em um ambiente 15 fisiológico relativamente constante e isolado de estimulações externas. Na visão inatista, o homem já nasce pronto, pode-se apenas aprimorar um pouco aquilo que ele é ou, inevitavelmente, virá a ser. Não há bases empíricas ou teóricas que sirvam de apoio para a visão inatista no âmbito da Psicologia. Concepção ambientalista Na concepção ambientalista, Porto (2013) é atribuído um imenso poder ao ambiente no desenvolvimento humano. O homem é concebido como um ser extremamente plástico, que desenvolve suas características em função das condições presentes no meio em que se encontra. Essa concepção deriva do empirismo. Na Psicologia, o grande defensor da posição ambientalista é o norte americano B. F. Skinner. Este propõe uma ciência do comportamento. O papel do ambiente é muito mais importante do que a maturação biológica. São os estímulos presentes em uma dada situação que levam ao aparecimento de um determinado comportamento. Segundo os ambientalistas ou comportamentalistas ou behavioristas, os indivíduos buscam maximizar o prazer e minimizar a dor, através da manipulação dos elementos presentes no ambiente. Essa perspectiva enfatiza que o ser humano é produto do meio em que vive, ou seja, é moldado pelos estímulos ambientais e pelos condicionamentos. A criança nasce como uma folha em branco e, gradualmente, passa a ser modelada, estimulada e corrigida pelo meio em que vive. Os estímulos e as condições presentes no meio são entendidos como fontes de aprendizagem. Nessa concepção, a aprendizagem e o desenvolvimento ocorrem simultaneamente e podem ser tratados como sinônimos. Isso significa que o desenvolvimento é encarado como um acúmulo de respostas aprendidas. Em suma, o ambientalismo propõe que o nosso comportamento pode ser influenciado pelo ambiente em que estamos inseridos. Concepção interacionista A concepção interacionista Porto (2013) leva em consideração a interação entre o organismo e o meio. O sujeito passa a ser visto não apenas do ponto de vista orgânico ou apenas como o resultado de influências do meio, mas sim como aquele 16 responsável pela construção e reconstrução de suas estruturas cognitivas, dentro de uma perspectiva de interação. Nessa interação, fatores internos e externos se inter- relacionam continuamente. Tal teoria entende a aquisição do conhecimento como um processo de construção contínua do ser humano em sua relação com o meio. Organismo e meio exercem ação recíproca. As novas construções dependem das relações que estabelecem com o ambiente em uma dada situação. Não existem dúvidas que nossos aspectos biológicos, genéticos e hereditários ajudam a explicar nosso comportamento, mas não o determinam. Da mesma forma, nossas experiências derivadas do meio, da cultura e de outros ambientes externos, nos quais estamos inseridos, são significativos no nosso comportamento, mas não únicos. Psicologia do Desenvolvimento Humano A Psicologia do Desenvolvimento é o estudo sistemático do desenvolvimento do ser em todos os aspectos desde a formação, no momento da fecundação ou anterior a ela, até o envelhecimento ou estágio final da vida. Ela se ocupa da compreensão do comportamento humano em que se considera a contínua interação entre fatores passados e presentes, entre configurações hereditárias integradoras das estruturas e funções neurofisiológicas, experiências de aprendizagem e contexto sócio-histórico-cultural em que se desenvolve. 17 Assim, essa área de conhecimento da Psicologia se constitui numa dimensão charneira entre a genética, a neurologia, a sociologia e outros campos do saber, o que a torna com alta complexidade e conduz o estudo do desenvolvimento do humano da concepção até a morte numa perspectiva interdisciplinar. Dessa forma, reconhecemos que mesmo se tratando da mesma espécie, os seres humanos diferem em seu patrimônio hereditário e contexto sociocultural e assim se constituem pessoas com evidentes diferenças individuais e complexidade do comportamento humano. Compreendemos que o desenvolvimento humano é um processo longo e gradual de mudanças em que cada pessoa, ao seu tempo e no seu jeito de ser no mundo, dá sentido ao que vive. Assim, o passado, presente e futuro constituem demarcações individuais do existir. A vida e valores e características de uma pessoa se configuram em um determinado contexto histórico. Afinal, além da dimensão individual o tempo tem também uma dimensão social. 18 Objetivos da Psicologia do Desenvolvimento A Psicologia do Desenvolvimento persegue três objetivos em que o primeiro deles volta-se para a identificação da gênese dos comportamentos psicomotores, afetivos, cognitivos e sociais e seus impactos ao longo da vida. O segundo refere-se ao reconhecimento dos fatores, mecanismos e processos responsáveis pelo surgimento dos comportamentos e suas mudanças. O terceiro corresponde ao estabelecimento de fases ou estágios no desenvolvimento, em que se considera como um período de tempo no qual o ciclo vital apresenta uma configuração particular de características físicas, emocionais sociais e intelectuais. Ao longo dos séculos tem havido mudanças no interesse pelo estudo do desenvolvimento. Na antiguidade grega, Platão, em sua perspectiva filosófica idealista, postulou que os seres humanos não poderiam conhecer a realidade como ela é, visto que duas pessoas têm diferentes percepções do mundo real, pois este é modificado pelas percepções individuais. Enquanto Aristóteles acreditava que as pessoas compreendiam a realidade a partir de suas impressões sensoriais. Na Idade Média (séculos XI ao XIV) as questões relacionadas aos processos relativos ao desenvolvimento humanos foram conduzidas com desinteresse. Somente no período da Renascença, a partir de um movimento humanitarista os estudos acerca do desenvolvimento do ser humano na sociedade começam a ser focalizados. Os estudos de Pestalozzi, Rousseau e Tiedemann abrem caminho para o período pré-científico no estudo do desenvolvimento infantil. A fase pré-científica caracteriza- se pelo uso do método da descrição dos comportamentos das crianças sem buscar a origem dos mesmos. Assim esses estudos limitaram-se à observação de comportamentos específicos, sem a atenção ao controle das técnicas de investigação e da interpretação dos resultados dos estudos. Somente no século XIX as bases para a fase experimental na psicologia do desenvolvimento são lançadas por Darwin, Hall e outros, com o uso da observação controlada e o método de questionário, análise e interpretação estatística. Entre os séculos XIX e XX despertou-se para o estudo da infância enquanto fase da vida humana que apresenta especificidade. Do século XX para este século o interesse 19 pelo estudo da adolescência vem acontecendo, bem como se verifica a tendência em analisar a evolução para atingir a fase adulta e velhice. Fases do desenvolvimento humano Desenvolvimento Infantil O conceito de Infância, bem como sua caracterização, em que o ser deve ser protegido e cuidado, é considerado recente uma vez considerando a historia da ciência, isto porque até o século XVII predominava a visão de criança como adulto em miniatura, nessa perspectiva podemos dizer que a infância não era valorizada, visto que a sociedade fazia pouca distinção entre a infância e a idade adulta. De acordo com Ariés, o ingresso precoce da criança para o mundo adulto, acontecia da seguinte forma: De criancinha pequena, ela se transformava imediatamente em homem jovem, sem passar pelas etapas da juventude, que talvez fossem praticadas antes da Idade Média e que se tornaram aspectos essenciais das sociedades evoluídas de hoje. (ARIÈS, 2006, p.9). Esta percepção era o reflexo do tratamento que a sociedade dispensava as crianças, até os sete anos de idade elas recebiam cuidados especiais, após esta idade passavam a desenvolver as mesmas atividades que os adultos, inclusive a participação em festas coletivas e orgias, que até então não era considerada como maléfica a formação do caráter e da moral da criança. A concepção da criança como adulto em miniatura segue até os séculos XV, XVI e XVII, onde gradativamente a criança começou a ser notada como um ser que possui particularidades e http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#ARIES06 20 características que as diferenciam dos adultos, um ser dotado de capacidade e desenvolvimento. Estudos sobre o Desenvolvimento Infantil Os primeiros estudos acerca do desenvolvimento infantil, limitaram-se a observação dos bebes nos primeiros anos de vida e tinha como objetivo a descrição da regularidade das mudanças do comportamento de acordo com a idade e as variações existentes entre crianças que possuíam a mesma faixa etária. Watson foi um dos representantes do Behaviorismo e analisou as variáveis ambientais como estímulos progressivamente associados a respostas empregando o modelo do condicionamento clássico como resultantes de um processo de aprendizagem, neste caso as respostas passam a ser dadas através de determinados estímulos. O caso do bebê Albert Watson realizou uma experiência durante dois meses com o bebê Albert de 9 meses, ele condicionou a criança a ter medo de animais e objetos brancos peludos, como coelhos, cães e ratos. Durante dois meses ele expôs este bebê a várias coisas de cor branca e felpudas, e o deixava interagir com estes sem intervir. Após algumas repetições Watson fez com que a presença do animal fosse seguida pelo som do gongo, fazendo com que a criança chorasse assim que o animal era colocado a sua frente. Após um mês a criança foi novamente testada, e a reação do medo foi novamente provocada. Watson concluiu que as emoções humanas são resultantes de um processo de aprendizagem. A teoria Psicanalítica de Freud surgiu nas décadas de 1920 e 1930, e enfatizava as relações afetivas que eram desenvolvidas na infância, especialmente nos primeiros cinco anos de idade. Conforme Freud três sistemas formam a personalidade: Id, ego e superego, o id caracteriza a satisfação imediata dos instintos que dispõe de uma quantidade de energia limitada. Nesta perspectiva se esta energia for descarregada em um objeto, haverá menos energia para outros propósitos. O ego representa a parte racional e serve de mediador entre as exigências do id e a 21 realidade, o superego reflete a consciência moral. Freud também percebeu que alguns comportamentos são moldados pela sexualidade, e que este fator inicia-se na infância através de relação que a criança tem com seu próprio corpo, sendo a busca de prazer o fator que motiva o comportamento do ser humano. Após os estudos de Watson e Freud, os estudos na área do desenvolvimento infantil começaram a diminuir, contudo a partir da década de 1950 a Psicologia do Desenvolvimento começou a expandir-se, e junto com essa expansão veio a preocupação com as bases biológicas da conduta humana. As pesquisas explicativas ganharam vez na teoria de Jean Piaget, e sua teoria do desenvolvimento cognitivo ou intelectual, passou a dominar a área do desenvolvimento. Para Piaget a inteligência possui a função de adaptar o organismo as exigências do ambiente, tratando-se pois de uma estrutura biológica, esta adaptação se faz por meio de dois processos: assimilação e acomodação. A assimilação se dá através da incorporação dos desafios e informações do meio aos esquemas mentais já existentes. A acomodação caracteriza-se por ser o processo de criação ou mudança de esquemas mentais resultantes da necessidade de assimilar os desafios ou informações do meio. A interação entre assimilação e acomodação torna-se comum ao longo da vida e está presente nos níveis de funcionamento intelectual e comportamental. Piaget desenvolveu sua teoria em estágios, e isto faz com que indique a natureza biológica da inteligência. Desenvolvimento do Adolescente A concepção de infância, tal como temos na atualidade, teve sua vigência muito recentemente e apenas, no século XIX, as sociedades passaram a perceber a infância e os anos juvenis como estágios especiais de desenvolvimento. Em anos de história, a psicologia da adolescência tem se deparado com estereótipos e estigmas. O reconhecimento social da adolescência começa a acontecer a partir da última metade do século XX. Com Stanley Hall é que se tem a identificação da adolescência como uma etapa marcada por tormentos e conturbações vinculadas à emergência da sexualidade. 22 Ao se falar de Stanley Hall, vinculamos suas “descobertas” ao processo da industrialização que traz um contexto favorável a essa descoberta diante do crescimento industrial e do crescimento dos movimentos de trabalhadores, que passaram a exigir leis de proteções trabalhistas e reivindicar a proibição do trabalho infantil, exigindo que crianças e jovens passem das atividades laboral para frequentar a escola pública, essas questões estavam muito ligadas a remuneração barata que era destinada aos trabalhadores mais jovens. Além disso, a educação do público juvenil seria uma forma de se ter mão-de-obra futura mais qualificada e que se adequasse ao processo de aceleração da produção industrial e do desenvolvimento tecnológico. Em meio a esse processo surge Stanley Hall que, baseando-se nas descobertas da Teoria da Evolução das Espécies de Charles Darwin, segundo Sprinthall (2008), considerava que a adolescência necessitava de estudos especiais, por ser um estágio de desenvolvimento evolutivo humano dotado de necessidades específicas, afirmando que, nessa fase, o ser humano passa a experimentar, novamente, todos as sensações já vivenciadas no desenvolvimento durante a infância. Para Hall adolescência seria uma experiência comparada a um segundo nascimento, em que o ser humano teria a oportunidade de repassar por todos os estágios anteriores e, obter, com isso, o ápice de seu desenvolvimento, além disso, essa seria uma fase caótica e difícil devido a velocidade com que se dão as transformações. Essa concepção foi reforçada na teoria psicanalista que a caracterizaram como uma etapa de confusões, estresse e luto também causados pelos impulsos sexuais que emergem nessa fase do desenvolvimento. Há diversas leituras da adolescência dentro da psicanálise. Autores da escola inglesa, por exemplo, concebem-na numa perspectiva mais desenvolvimentista, cumprindo a última etapa da sexualidade, tal como Freud descreve nos “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”. Para alguns deles, a crise da adolescência é vista http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#SPRINTHALL08 23 como um desvio do curso normal do desenvolvimento. As diferentes formas de perceber a questão refletem diretamente no diagnóstico do caso, o que pode levar a resultados desastrosos no processo terapêutico. Para esses autores Freud e Lacan a genitalidade é a grande questão da adolescência, o que significa dizer que o adolescente vai finalmente ao encontro da sua sexualidade, ou seja, que a anatomia é o destino da pulsão. Articulando-a com o mecanismo do a posteriori, modelo, por princípio, do funcionamento psíquico, constituído de um primeiro tempo, em que ocorre a estruturação psíquica do sujeito através do Édipo, intercalado pelo período de latência e seguido pela adolescência, que tem função tempo de revivescência e de re-significação edípica. Podendo constituir-se de pura repetição ou elaboração e abertura, permitindo que o sujeito possa historiar seu passado. A história, portanto, não é somente passado; trata-se de um trabalho de construção, como aponta Lacan (1986, p. 21) quando diz que “a história não é o passado. A história é o passado na medida em que é historiado no presente — historiado no presente porque vivido no passado” A adolescência é o momento de deixar para trás a criança idealizada pelos pais. É tempo de desinvestimentos e reinvestimentos, de busca de uma identidade sexual. Não é à-toa que a “crise da adolescência” costuma ser motivo de preocupação. Muitas crises acompanharão o sujeito ao longo da vida. Para a psicanálise, diferentemente da psicologia, não faz sentido falar-se de fases da vida, que começam na infância e terminam na idade adulta. O infantil está presente no adulto. Daí perguntarmos se, no adulto, além do que é dado pelo infantil e que o estrutura, também não comportaria um funcionamento adolescente como função de reinscrição do sujeito, integrando o que não foi simbolizado da sua história. Não que a adolescência, em si, vá cumprir o papel da análise. Esta última cria as condições necessárias para que o sujeito se depare com uma angústia mobilizadora do trabalho psíquico e isso só é possível pela suspensão da fala do analista. A adolescência, na medida em que tem que se haver com uma nova realidade, a do corpo transformado pela puberdade, poderá dar um novo encaminhamento ao ressurgimento do Édipo, através da simbolização. Pode ser, portanto, um momento 24 muito criativo ou de pura repetição. Questionamos se não é a partir da adolescência que se vai instalar pela vida afora esse mal-estar ao qual Freud se referiu em O mal- estar na civilização (1929), à proporção em que haverá uma tensão entre um corpo transformado,“pulsante”, e as exigências do mundo externo, que caminham em direção oposta. Além dessas perspectivas históricas há uma variação do conceito e visão do adolescente de acordo com a cultura em que vive, como destaca Sprinthall (2008 p.20), ao descrever a pesquisa da antropóloga Margaret Mead sobre o desenvolvimento do adolescente entre as culturas nativas da sociedade de Samoa na Polinésia (Pacífico Sul) e Quênia na África Oriental (Oceano Índico). Na sociedade de Samoa a adolescência é uma experiência de crescimento tranquilo e livre de conflitos e tensões. Visto que, na cultura samoana, os principais acontecimentos da vida, incluindo o nascimento, a morte e o sexo são tratados de forma aberta. Sendo assim, os acontecimentos terrenos da vida eram tratados de modo que essa transição, como a passagem da infância para adolescência, se desse de forma calma e gradual. As tarefas designadas aos adolescentes e as crianças eram adequadas a suas capacidades. Já no Quênia a transição da adolescência para a vida adulta acontece de forma abruta e traumática, a passagem para vida adulta consiste em cerimônias e rituais através de traumas físicos como circuncisão e extração de cílios, além disso, as tarefas são rigidamente diferencias e de estatuto muito baixo para jovens e crianças. http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#SPRINTHALL08 http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#SPRINTHALL08 25 Desenvolvimento do adulto Após a adolescência então tem início a fase adulta, conhecida também como jovem adulto que é dos vinte aos quarenta e depois é chamando de meia idade que é dos quarenta até os sessenta, todas as fases do desenvolvimento têm sua complexidade, mas esta em especial tem muitos altos e baixos que interferem em todo seu ciclo de vida, principalmente nas saúdes mental física (LIDZ, 1983). O início da vida adulta é um momento na vida em que os adultos jovens podem descobrir quem são e podem ter uma oportunidade de tentar formas de vida novas e diferentes. Basicamente, é um período de tempo durante o qual os jovens não são mais adolescentes, mas ainda não se firmaram nos papéis adultos. O jovem adulto passa por diversas preocupações com o futuro, sendo a profissão que escolheu, a pessoa que iniciou o relacionamento para constituir uma família, se os amigos são os certos para levar para a vida toda entre outras questões que aparecem. Quando consegue entender qual seu lugar na sociedade e no âmbito familiar e profissional começam outros questionamentos, estou criando meu filho bem, meu cônjuge está feliz, estou feliz com essa vida, vou conseguir me aposentar, quantas dividas ainda tem, esses problemas sempre estão presentes conforme o desenvolvimento da pessoa (PAPALIA; OLDS, 2000). Desenvolvimento do Idoso O envelhecimento é definido como um conjunto de transformações que ocorrem com o avançar da idade. É um processo inverso no desenvolvimento humano. Enquanto que na infância é evolução, na senescência é involução. O declínio das capacidades funcionais e das aptidões inicia-se na fase adulta e se 26 precipita no envelhecer. De acordo com Souza (1998) o envelhecimento se caracteriza por algumas perdas das capacidades fisiológicas dos órgãos, dos sistemas e de adaptação a certas situações de estresse. Tal fenômeno é universal, progressivo, na maioria das vezes irreversível e resultará num aumento exponencial da mortalidade com a idade, bem como mais probabilidade de doenças. No entanto, a ocorrência de uma alimentação balanceada, a prática regular de exercícios físicos, o viver em um ambiente saudável, além dos progressos da medicina, têm levado a subverter este conceito e aumentar a longevidade. Muitos dos problemas que eram considerados elementos inevitáveis da idade avançada, agora são vistos como parte do processo de envelhecer, resultantes do estilo de vida ou de patologias. De acordo com Papalia (2010) o envelhecimento primário é um processo gradual e inevitável de deterioração física que começa cedo na vida e continua ao longo dos anos, não importa o que as pessoas façam para evitá-lo. Ocorre de forma semelhante nos indivíduos da mesma espécie, de forma gradual e previsível. O sujeito está dependente da influência de vários fatores determinantes para o envelhecimento, como estilo de vida, alimentação educação e posição social, embora as suas causas sejam distintas. O envelhecimento secundário é o envelhecimento resultante das interações das influências externas, e é variável entre indivíduos em meios diferentes. É resultante de doenças, abusos e maus hábitos de uma pessoa, fatores que em geral podem ser controlados. Saúde e longevidade estão intimamente relacionadas à educação e outros aspectos do status socioeconômicos. Alguns estudiosos classificam os indivíduos idosos, situando-os em categorias funcionais, que são: meia-idade; velhice; velhice avançada; e velhice muito avançada. Porém, segundo Papalia (2010), a classificação mais significativa é por idade funcional, que é a capacidade de uma pessoa interagir em um ambiente físico e social em comparação com outros da mesma idade cronológica. A diferença individual http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#SOUZA98 http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#PAPALIA10 http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#PAPALIA10 27 determina como cada ser humano irá envelhecer. Entretanto variáveis como sexo, herança genética e estilo de vida contribuirão determinando entre homens e mulheres as diferenças nos ritmos de envelhecimento que cada um apresentará. Segundo, ainda, Shephard (2003), a categorização funcional do idoso não depende apenas da idade, mas também de sexo, estilo de vida, saúde, fatores sócio- econômicos e influências constitucionais, estando provado, assim, que não há homogeneidade na população idosa. A idade funcional está estreitamente ligada à idade subjetiva do indivíduo. Várias áreas de pesquisa tem se debruçado sobre o estudo do envelhecimento, como a Gerontologia e a Geriatria. A expectativa de vida aumentou pragmaticamente desde 1900. Pessoas brancas tendem a ter mais longevidade de que pessoas negras, e as mulheres mais que os homens; por isso, o número de mulheres mais velhas ultrapassa o de homens mais velhos em uma proporção de três para dois. As taxas de mortalidade têm diminuído, doenças cardíacas, câncer e derrame são as três principais causas de morte para pessoas com mais de 65 anos. A senescência período do ciclo de vida marcado por mudanças físicas associadas ao envelhecimento começa em idades variadas para as diferentes pessoas. As teorias de envelhecimento biológico enquadram-se em duas categorias: teorias de programação genética, sugeridas pelo limite hayflick, e teorias de taxas variáveis, (ou teorias de erro), como aquelas que apontam para os efeitos dos radicais livres e da autoimunidade. As curvas de sobrevivência apoiam a ideia de um limite definido para o ciclo de prolongamento de vida através de manipulação genética ou de restrição calórica, alguns teóricos contestam essa ideia. As mudanças no sistema e nos órgãos corporais com a idade são altamente variáveis e podem ser resultado de doenças, o que, por sua vez, é influenciado pelo estilo de vida. As mudanças físicas comuns incluem perda de coloração, de textura e de elasticidade da pele, o branqueamento dos cabelos diminuição da estatura, comprometimento ósseo, tendência a dormir menos. A maioria dos sistemas corporais costuma continuar funcionando bem, mas o coração torna-se mais suscetível a doença a capacidade de reserva do coração e de outros órgãos diminui. Embora o cérebro mude com a idade, as mudanças variam consideravelmente, elas incluem perda ou redução das células nervosas e um retardo geral das respostas. O cérebro também parece ser capaz de produzir novos neurônios e formar http://producao.virtual.ufpb.br/books/edusantana/fundamentos-psicologicos-da-educacao-livro/livro/livro.chunked/ch09.html#SHEPHARD03 28 novas redes neurais no decorrer da vida. Problemas visuais e auditivos pode prejudicar a vida cotidiana, mas, muitas vezes podem ser corrigidos. Transtornos visuais comuns são: catarata, e degeneração relacionada a idade, perdas no paladar e no olfato podem causar má nutrição. Com atividades físicas é possível melhorar a força muscular, o equelibrio e o tempo de reação. Muitos idosos são sexualmente ativos, embora a frequência e a intensidade da experiência sexual geralmente sejam menores do que para adultos jovens. Grande parte das pessoas mais velhas principalmente aquelas que vivem uma rotina e um estilo de vida saudável tem uma saúde estável, é fato também que a grande maioria das pessoas mais velhas tem doenças crônicas, principalmente artrite, essa geralmente não limitam outras atividades que usam a cognição ou o funcionamento de outros órgãos vitais, não interferindo de forma tão decisiva na vida cotidiana, para isso se faz necessário exercícios e uma dieta balanceada para influenciar positivamente sobre a saúde, a periodente que é a perda de dentes, pode afetar seriamente a alimentação e consequentemente a nutrição dos idosos. Existem transtornos mentais reversíveis e irreversíveis que acometem os idosos, lembrando que a maioria das pessoas mais velhas possui boa saúde mental. As doenças ou transtornos reversíveis são: depressão, alcoolismo entre outras doenças incluindo algumas formas de demência, e são reversíveis porque podem ser curadas através de um tratamento adequado. As doenças irreversíveis como: o mal de Alzheimer, mal de Parkinson ou demência de infarto múltiplo podem apenas serem amenizadas através de medicação adequada mas não há cura. Por isso são irreversíveis. O mal de Alzheimer é mais prevalecente com a idade, é caracterizado pela presença de Emaranhados Neurofibrilares e de Placa Amiloide no cérebro, pesquisas apontam fatores genéticos para este mal, mas suas causas ainda não foram definitivamente estabelecidas. Para que esse processo de deterioração possa ser retardado terapias comportamentais e medicamentosas se fazem necessárias. No envelhecimento bem sucedido encontramos três componentes principais: anulação da doença ou de incapacidade relacionada a doença; manutenção elevada das funções psicológicas e cognitivas; engajamento sustentado e ativo em atividades sociais e produtivas. 29 O envelhecimento bem sucedido ou ideal tem uma carga de valor, inevitável podem sobrecarregar mais do que libertar as pessoas idosas, pressionando-as a alcançar padrões que elas não podem ou não querem atingir. Desta forma não é considerado os fatores de coação que podem limitar as escolhas de um estilo de vida. Vamos apresentar algumas teorias sobre envelhecer bem: Teoria do Desengajamento A teoria do envelhecimento proposta por Cumming e Henry, sustenta que o envelhecimento bem sucedido é caracterizado pelo mútuo afastamento entre idosos e a sociedade. Ex. sentar numa cadeira de balanço e ficar olhando o tempo passar. Teoria da Atividade A Teoria do envelhecimento proposta por Neugarten e outros, sustenta que para envelhecer bem a pessoa deve permanecer tão ativa quanto possível. Associa a atividade com a satisfação de viver. Teoria continuidade A teoria do envelhecimento, descrita por Atctchley, sustenta que para envelhecer bem, as pessoas devem manter um equilíbrio entre a continuidade e a mudança nas estruturas internas e externas de suas vidas. Ex. ajudar a viver o mais independente possível. O papel da produtividade é um ponto essencial para viver bem, as pessoas podem continuar a serem produtivas e até mesmo ser mais produtivas ainda. As atividades como ler um livro ou trabalhos manuais, não trazem benefícios físicos porem proporciona um senso de desenvolvimento com a vida. Baltes e colaboradores descrevem que o desenvolvimento ocorre por meio de um processo de alocação de recursos pessoais — sensório motores, cognitivos, da personalidade e sociais — que permitem atingir os objetivos. Ou seja, o desenvolvimento ao longo da vida trás ganhos e perdas, mas na idade avançada a balança tende a pender para o lado negativo. Portanto é necessário o desvio de recursos do crescimento e da manutenção para lidar com a perda. Em síntese, o estudo científico do desenvolvimento humano está em constante evolução. As questões que os cientistas tentam responder, os métodos que utilizam 30 e as explicações que propõem são mais sofisticados e mais diversificados do que eram há dez anos. Essas mudanças refletem progresso no entendimento à medida que novas investigações questionam ou se apoiam naquelas que as antecederam. Também refletem avanços na tecnologia. Instrumentos sensíveis que medem os movimentos dos olhos, ritmo cardíaco, tensão muscular e coisas do gênero estão revelando interessantes conexões entre funções biológicas e inteligência infantil. A tecnologia digital e os computadores permitem aos pesquisadores escanear as expressões faciais em busca dos primeiros sinais de emoções e analisar como mães e bebês se comunicam. Avanços nas técnicas de imageamento possibilitam sondar os mistérios do temperamento ou comparar o cérebro de um idoso com o cérebro de uma pessoa com demência. Quase desde o começo, o estudo do desenvolvimento humano tem sido interdisciplinar. Alimenta-se de um amplo espectro de disciplinas que incluem psicologia, psiquiatria, sociologia, antropologia, biologia, genética, ciência da família (estudo interdisciplinar sobre as relações familiares), educação, história e medicina. Este livro traz descobertas de pesquisas em todas essas áreas. 31 REFERÊNCIAS ARAÚJO, M. J. A. OLIVEIRA, P. R. de. Psicologia do desenvolvimento. In. Psicologia da Educação. Aracaju: Gráfica Gutemberg, 2009. Pp. 49-81. BRITES, Isabel; CASSIA, Roberta de. Pensamento e linguagem. Rev. 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