Buscar

Psicologia do Desenvolvimento da Criança (UniFatecie)

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 92 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Psicologia do 
Desenvolvimento da 
Criança
Professora Ms. Carolina dos Santos 
Jesuino da Natividade
Reitor 
Prof. Ms. Gilmar de Oliveira
Diretor de Ensino
Prof. Ms. Daniel de Lima
Diretor Financeiro
Prof. Eduardo Luiz
Campano Santini
Diretor Administrativo
Prof. Ms. Renato Valença Correia
Secretário Acadêmico
Tiago Pereira da Silva
Coord. de Ensino, Pesquisa e
Extensão - CONPEX
Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza
Coordenação Adjunta de Ensino
Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman 
de Araújo
Coordenação Adjunta de Pesquisa
Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme
Coordenação Adjunta de Extensão
Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves
Coordenador NEAD - Núcleo de 
Educação à Distância
Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal
Web Designer
Thiago Azenha
Revisão Textual
Beatriz Longen Rohling
Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante
Kauê Berto
Projeto Gráfico, Design e
Diagramação
André Dudatt
2021 by Editora Edufatecie
Copyright do Texto C 2021 Os autores
Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade 
exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi-
tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem 
a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais.
 
 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP 
 
N278p Natividade, Carolina dos Santos Jesuino da 
 Psicologia do desenvolvimento da criança / Carolina dos 
 Santos Jesuino da Natividade. Paranavaí: EduFatecie, 2021. 
 87 p. : il. Color. 
 
 
 
1. Psicologia. 2. Psicologia do desenvolvimento. 3. Psicologia 
 da aprendizagem. 4. Psicologia infantil I. Centro Universitário 
 UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III. Título. 
 
 CDD : 23 ed. 155 
 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 
 
UNIFATECIE Unidade 1 
Rua Getúlio Vargas, 333
Centro, Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 2 
Rua Cândido Bertier 
Fortes, 2178, Centro, 
Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
UNIFATECIE Unidade 3 
Rodovia BR - 376, KM 
102, nº 1000 - Chácara 
Jaraguá , Paranavaí, PR
(44) 3045-9898
www.unifatecie.edu.br/site
As imagens utilizadas neste
livro foram obtidas a partir 
do site Shutterstock, Freepik 
e Pixabay.
AUTORA
Carolina dos Santos Jesuino da Natividade
● Formação Acadêmica. Psicóloga pela Universidade Federal de Mato Grosso do 
Sul - UFMS
● Níveis de Titulação. Mestre em psicologia pela UFMS
● Instituições Frequentadas. Especialização em Terapia Cognitivo-Comportamen-
tal pelo ITCC/MS; Especialista em Educação especial e inclusiva pela Fael.
● Link do Currículo na Plataforma Lattes. http://lattes.cnpq.br/9809627792228786
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
● Na unidade I vamos conhecer o que é a psicologia do desenvolvimento, enten-
der seus objetivos como descrição, previsão e intervenção no desenvolvimento. 
Discutiremos como aspectos culturais interferem no crescimento e desenvol-
vimento da criança juntamente com os aspectos biológicos trazidos em seus 
genes. Também abordaremos as fases do desenvolvimento físico e da perso-
nalidade, como descrito por Freud. Como cada interação única entre elementos 
tão complexos não pode ser reduzida para a sua compreensão, devemos estar 
atentos às riquezas e sutilezas presentes nesse tema. 
● Já na unidade II você irá saber mais sobre a multiplicidade de pensamentos dentro 
da psicologia, que se constitui como ciência abrangendo grande variedade de mo-
dos de encarar os fenômenos humanos. Essa ciência abarca muitas abordagens 
cujo entendimento sinalizam a grandiosidade do tema. A psicologia é chamada a 
ajudar na educação tanto com reflexões como em ações locais e pontuais dentro 
da sala de aula, mostrando sua imensa aplicabilidade. Nessa unidade tratare-
mos também da diferenciação entre os aspectos biológicos do temperamento 
e a formação da personalidade a partir da interação social. Ainda no mérito da 
questão biológico e/ou cultural, os fatores que interferem na aprendizagem são 
discutidos, tais como a presença de um transtorno de aprendizagem interagindo 
com o ambiente escolar para a manifestação e modulação do problema.
● Na sequência, na unidade III discutiremos como aspectos emocionais interferem 
na aprendizagem e na obtenção de objetivos como maestria em instrumentos 
musicais e sucesso profissional. Falaremos sobre noções sobre a aprendizagem 
de comportamentos essenciais a uma espécie. Se se encaixam no conceito de pe-
ríodo crítico para sua aquisição (momento indispensável e específico para adquirir 
um comportamento) ou se na espécie humana predominam os períodos sensíveis 
(havendo a possibilidade de obter habilidades e comportamentos em mais de um 
momento durante o desenvolvimento) para aprender a linguagem. 
● Em nossa unidade IV, vamos finalizar o conteúdo dessa disciplina com uma 
explanação sobre quatro abordagens da psicologia e suas contribuições para 
a educação. Com a psicanálise há o enfoque para o autoconhecimento dos 
profissionais da educação, para que seus conteúdos inconscientes não inter-
firam de modo negativo nas relações estabelecidas no ambiente educacional. 
Do behaviorismo compreenderemos as vantagens de observar como está o 
ambiente físico e social imediato antes do surgimento de um comportamento 
e quais as consequências a que este leva. Com o humanismo de Carl Rogers 
tomaremos consciência do quanto as relações podem promover autenticidade 
e saúde mental quando pautadas na empatia e aceitação. A gestalt também 
orienta a tecer relações que estimulem a iniciativa e originalidade. 
SUMÁRIO
UNIDADE I ...................................................................................................... 4
Psicologia do Desenvolvimento
UNIDADE II ................................................................................................... 21
Psicologia da Aprendizagem
UNIDADE III .................................................................................................. 40
Psicologia da Educação e Psicologia do Desenvolvimento
UNIDADE IV .................................................................................................. 61
As Teorias Psicológicas na Educação
4
Plano de Estudo:
● Conceitualização
● Aspectos Culturais do Desenvolvimento;
● Fases do Desenvolvimento Humano.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a ciência do desenvolvimento humano;
● Compreender os fatores que influenciam no ciclo vital;
● Estabelecer a importância dos aspectos culturais no desenvolvimento.
UNIDADE I
Psicologia do Desenvolvimento
Professora Me. Carolina dos Santos Jesuino da Natividade
5UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
INTRODUÇÃO
Por que certas características de personalidade se acentuam ao longo dos anos 
enquanto outras se amenizam? Ao entrar em contato com uma criança podemos imaginar 
como ela ficará quando se tornar um adolescente ou adulto. Podemos observar como sua 
família interage com ela, quais instituições frequenta e como agem as pessoas mais valo-
rizadas pelo seu grupo social, como celebridades, políticos e autoridades. 
A instituição família existe dentro de uma cultura. É possível avaliar o impacto da 
cultura no desenvolvimento? Fala-se que sociedades orientais como a japonesa valorizam 
mais ações coletivas do que a sociedade estadunidense. Crianças brasileiras se compor-
tam mais parecido umas com as outras do que se ao compará-las com uma criança indiana. 
Então, é coerente nos perguntarmos de que modo a cultura influencia no desenvolvimento 
infantil e como interage com fatores biológicos como características hereditárias. A pre-
sença da cultura interfere na alimentação,ou seja, não há uma natureza determinada 
geneticamente como nos animais que nos restringe a um grupo de alimentos. A depender 
do grupo humano o qual fazemos parte podemos ter alimentação vegetariana, vegana ou 
comer carne. A cultura define quais alimentos são considerados mais adequados, pois 
pessoas carnívoras em diferentes países podem considerar viável ou não comer grilos e 
escorpiões. O que sabemos é que a cultura e a história de vida individual interagem com 
os aspectos biológicos, como o desenvolvimento físico (que tende a ser muito parecido em 
várias partes do mundo). 
O desenvolvimento humano costuma ser dividido em fases, seja ao considerar a 
evolução cognitiva e intelectual, física e psicológica. Nesta unidade iniciaremos o estudo 
da construção da personalidade com uma das primeiras teorias sistematizadas sobre o ser 
humano delineadas fora da alçada da filosofia, recorrendo à psicanálise de Sigmund Freud. 
Estudar o desenvolvimento humano é uma longa aventura cuja jornada fica mais agradável 
contando com grandes autores e pesquisadores. 
6UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
1. CONCEITUALIZAÇÃO
O entendimento de que a criança é um ser em desenvolvimento e que apresenta 
peculiaridades em relação ao adulto é recente. Ao investigar a história da criança e da 
família no ocidente, Ariès (1981) nos mostra a enorme mudança social sobre a criança, em 
que a infância era reduzida a apenas no seu período mais frágil, enquanto bebe. Durante os 
primeiros meses de vida, o bebe era paparicado e tinha sua fragilidade reconhecida. Logo 
que conseguia alguma habilidade motora ele já era inserido no mundo adulto, partilhando 
seus momentos de trabalho e jogos. A socialização da criança não era planejada nem con-
trolada, dava-se ao acaso dos acontecimentos que presenciava, bons ou ruins. A infância 
não desfrutava de nenhuma valorização social no ocidente até a Idade Média, em que 
Ariès (1981) demonstrou que dentro da família ela recebia poucos cuidados, sendo muitas 
vezes negligenciada e em caso de morte era algo rapidamente superado. A infância não era 
percebida como uma fase que requer cuidados especiais, pois se acreditava que a criança 
era como um adulto em miniatura, uma espécie de adulto mais baixo e mais fraco. Somente 
no século XX, com as observações sistemáticas de Piaget que a ciência obteve dados de 
que a criança é um ser que pensa e organiza as informações diferentemente do adulto. 
Obteve-se assim a certeza de que crianças e adolescentes não são adultos em miniatura, 
que tem peculiaridades e necessidades próprias que devem ser respeitadas.Veja a pintura 
de Flemish Renaissance Painting (1567) depicting The Fight Between Carnival and Lent 
abaixo, do mundo medieval, em que não havia um espaço e tratamento diferenciado para 
as crianças aprenderem e viverem.
7UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
FIGURA 1 - IDADE MÉDIA NO OCIDENTE, MUNDO SEM CONCEITO 
DE INFÂNCIA COMO NA ATUALIDADE 
Sabe-se que as pessoas são diferentes em características como gênero, altura, 
peso, saúde física, energia, temperamento, personalidade, inteligência e outras mais. O 
que leva a essas diferenças? O ambiente físico e social são mais importantes do que a 
genética? A psicologia do desenvolvimento, como subcampo da psicologia, investiga essas 
e outras questões e tem muito a contribuir no entendimento do ser humano, esse ser em 
constante desenvolvimento.
O estudo do desenvolvimento humano é descrito por Papalia; Feldman (2014) 
como a investigação científica dos processos de mudança e estabilidade ao longo do ciclo 
vital.Os ciclos de vida são recortes feitos arbitrariamente, ou seja, não há um momento 
objetivamente definível em que acaba a infância. Na noção de ciclo de vida há o conceito 
de que o desenvolvimento humano se dá durante toda a vida e pode ser estudado cien-
tificamente. Como disciplina científica, o campo do desenvolvimento humano visa fazer 
descrições, explicações, previsões e intervenções. Estudar o desenvolvimento humano 
envolve investigar o desenvolvimento físico (como crescimento do corpo e mudanças nas 
capacidades sensoriais, motoras e saúde), desenvolvimento cognitivo (habilidades mentais 
como atenção, memória, linguagem, pensamento), desenvolvimento psicossocial (mudan-
ças na personalidade e relações sociais).
A psicologia do desenvolvimento visa à compreensão da criança e adolescente a 
partir da descrição e exploração das mudanças psicológicas que apresentam no decorrer 
do tempo e como podem ser descritas e analisadas (RAPPAPORT, 1981). Sobre os objetos 
de estudo da psicologia do desenvolvimento, lemos na autora citada, os dois principais:
8UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
a. do processo normal de desenvolvimento numa determinada cultura. Isto é, 
conhecimento das capacidades, potencialidades, limitações, ansiedades, an-
gústias mais ou menos típicas de cada faixa etária. b. dos possíveis desvios, 
desajustes e distúrbios que ocorrem durante o processo e podem resultar 
em problemas emocionais (neuroses, psicoses), sociais (delinquência, vícios, 
etc.), escolares (retenção, evasão, distúrbios de aprendizagem) ou profissio-
nais.(RAPPAPORT, 1981a, p.4).
O desenvolvimento humano investiga variáveis afetivas, cognitivas, sociais e 
biológicas em todo ciclo da vida, fazendo interface com diversas áreas como: a biologia, 
antropologia, sociologia, educação e medicina. (MOTA, 2005, p.106). Essa ciência vai mui-
to além de descrever as mudanças que costumam ocorrer ao longo do tempo, pois como 
explica Mota (2005 p.106).
Dizer que ao longo do tempo mudanças ocorrem na vida dos indivíduos não 
nos esclarece estas questões. O tempo é apenas uma escala, não é uma va-
riável psicológica. Portanto, é preciso entender como as condições internas 
e externas ao indivíduo afetam e promovem essas mudanças. (MOTA, 2005, 
p. 106).
O que sabemos sobre o ser humano é que está em constante mudança. De que 
modo se dão as principais mudanças ao longo do ciclo vital é alvo dos cientistas do desen-
volvimento humano. De que modo a cultura influencia no desenvolvimento? A cultura inte-
rage com outros fatores na construção do ser humano? Veremos agora como os aspectos 
sociais interagem com fatores biológicos e da história de vida de cada indivíduo.
9UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
2. ASPECTOS CULTURAIS DO DESENVOLVIMENTO
Falamos de cultura de modo específico, como ao afirmar que um colega possui cul-
tura por ter muito conhecimento e falamos de cultura de modo amplo, como de influências 
do grupo social passadas por meio da linguagem que descrevem porque viver e de que 
modo. Papalia; Feldman (2014) conceituam cultura como o modo de vida global de uma 
sociedade ou de um grupo, que inclui costumes, tradições, crenças e produções materiais. 
Myers (2014) define cultura como comportamentos, ideias, atitudes e tradições duradouras 
compartilhados por um grande grupo de pessoas e transmitido por gerações, sendo a cul-
tura marcada por suas normas. Book; Furtado; Teixeira (2018) caracterizam a cultura como 
um conjunto da produção de conhecimento humano que se desenvolve enquanto constrói 
suas próprias condições de vida. A perspectiva sociológica de Hofstede (1991) indica que 
cada grupo cultural possui seus símbolos (gestos que carregam significado específico 
para o grupo), heróis (aqueles que servem de modelo para os comportamentos) e rituais 
(atividades coletivas que reafirmam os valores) que são as características mais superficiais 
de uma cultura. Os valores a serem seguidos são os aspectos mais profundos. Discutir o 
impacto da cultura na infância é muito relevante, pois para Hofstede (1991) muitos padrões 
de pensar, agir e sentir são adquiridos na infância devido a ser um momento de fácil 
assimilação e aprendizagem.
10UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
Ao enfocar os aspectos culturais do desenvolvimento é comum surgir a pergunta 
se é o ambiente ou a genéticaque mais influencia no desenvolvimento humano. Historica-
mente, houve intenso debate sobre os fatores hereditariedade versus ambiente sobre o ser 
humano. Hoje, contudo, não há mais uma visão dicotômica, do tipo ou um ou outro, mas o 
entendimento de que há combinação entre esses dois fatores. Os cientistas encontraram 
meios de medir de modo preciso em determinadas populações o papel desempenhado 
pelo ambiente e pela hereditariedade. Lembrando que hereditariedade são os traços ou 
características inatas herdadas dos pais. (PAPALIA ;FELDMAN, 2014).
Após nos determos nos aspectos culturais do desenvolvimento é importante ter 
clara a influência recíproca da biologia com a história única de cada indivíduo e sua cultura. 
Coll; Marchesi; Palácios (2004).esclarecem a relação entre fatores hereditários e culturais 
ao falarem de influências normativas relacionadas com a história, influências não normativas 
e influências normativas relacionadas com a idade. Os autores explicam que as influências 
normativas relacionadas com a idade:
[...] estão ligadas a fatores que afetam o desenvolvimento psicológico com 
um vínculo muito forte com a idade, permitindo que, ao conhecer a idade de 
uma pessoa, tenhamos condições de fazer previsões razoavelmente certas 
sobre alguns de seus processos evolutivos. Por exemplo, pelo fato de saber-
mos que um bebe tem entre seis e nove meses podemos prever que ele está 
em plena formação dos sistemas de apego e de cautela diante de estranhos 
[...] (COLL; MARCHESI; PALÁCIOS, 2004, p 373).
Coll; Marchesi; Palácios (2004) discutem que:
Quando a lógica biológica da maturação ou do envelhecimento impõe sua lei, 
as diferenças vinculadas com o ambiente em que se vive podem ser muito 
menos notadas, como acontece com a maturação do cérebro que permite a 
criança aprender a caminhar sozinha em idades semelhantes entre crianças 
criadas em sociedades com práticas criação muito diferentes. (COLL; MAR-
CHESI; PALÁCIOS, 2004, p. 374).
As influências normativas relacionadas com a idade, como a maturação (conceito 
que será aprofundado na unidade 3), e sua relação com as influências não normativas 
é mais nítida em alguns momentos da vida (como no final do ciclo vital, quando alguns 
transtornos funcionais do cérebro terão um melhor ou pior desdobramento em decorrência 
do modo como o sujeito viveu, isto é, se fez uso de cigarro, atividades físicas e etc). É 
chamado de experiência idiossincrática aquela que só o indivíduo passou, como cair do 
berço aos dois anos ou ter medo de altura. No entendimento de desenvolvimento de Coll; 
Marchesi; Palácios (2004, p. 375) esse tipo de influência não normativa é: “[...] o que faz 
com que um fato seja não-normativo é, por um lado, a condição de afetar um ou mais indi-
víduos, mas não a todos e, por outro lado, e que esse fato seja impossível de ser previsto 
em um momento determinado.”.. A figura 2 ajuda a compreender como os diferentes tipos 
de influências são predominantes ao longo da vida. 
11UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
FIGURA 2 - INFLUÊNCIAS NORMATIVAS, ASSOCIADAS COM A IDADE 
E A HISTÓRIA E INFLUÊNCIAS NÃO NORMATIVAS
Fonte. Coll; Marchesi; Palácios (2004, p. 373).
Um outro fator são as influências normativas relacionadas com a história, que afe-
tam todas as pessoas que vivem em uma certa época em um determinado grupo social. O 
conceito de geração está muito relacionado com esse tipo de influência. Como, por exemplo, 
a chamada geração X, que testemunhou a popularização da internet. Você conhece como 
são chamadas e caracterizadas as gerações mais recentes? 
O que gera a diversidade vista entre pessoas costuma ser a idade, que mantém 
comportamentos peculiares a cada faixa etária. Há diferenças de atitudes perante a vida 
e o trabalho que são explicadas pelas características por haver nascido em determinado 
período histórico. Na literatura há a classificação entre as gerações Y (nascidos de 1978 
em diante), X (nascidos entre 1965 e 1977) e baby boomers (nascidos entre 1946 e 1964). 
Veja na figura 3 as características de cada geração ativa profissionalmente e analise se 
você se identifica!
12UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
FIGURA 3 - DESIGNAÇÃO E CARACTERÍSTICAS DAS GERAÇÕES
GERAÇÃO NASCIMENTO CARACTERÍSTICA
Baby boomers entre 1946 a 1964 Ideal de fidelidade a empresa 
em que trabalha. Desejo de 
servir a uma única empresa por 
toda a vida profissional. Extre-
ma valorização de hierarquia.
X Entre 1965 a 1977 Mediana valorização de hierar-
quia. Maior abertura para mu-
danças na carreira.
Y Entre 1978 em diante Valorização de relações mais 
horizontais, nenhum apego a 
hierarquia e a se manter toda 
vida profissional em uma em-
presa.
Fonte: a autora
Por estarmos imersos em uma cultura, nem sempre reconhecemos o quanto do que 
fazemos é afetado por ela. O sociólogo Norbert Elias vem nos socorrer no entendimento 
quanto ao indivíduo ser passivo ou ativo na sua relação com a cultura. Elias (2011) faz uma 
metáfora sobre a cultura e o agir individual em que afirma que a cultura é como as regras 
de um jogo de cartas, mas que cada jogador sabe exatamente quais cartas têm, que são 
formações diferentes das mãos dos outros jogadores e que fará um lance único. Ou seja, 
apesar da cultura ser uma forte influência sobre o ser humano, sempre há alguma liberdade 
do homem escolher o que fará com as situações que recebeu, tal qual um jogador escolhe 
o que fazer com as cartas que têm.
Os fatores culturais costumam estar relacionados com o nível socioeconômico da 
família na qual a criança está. Isso porque o nível socioeconômico em geral delimita quais 
aspectos de uma cultura teremos acesso. Um relato que ressalta essa determinação das 
experiências pelo nível econômico é a história de Sidarta Gautama, que se tornou Buda. 
O jovem príncipe vivia em seu palácio sem conhecer a pobreza, doença e velhice. Então, 
seu grande poder aquisitivo e de nobreza restringia sua experiência de vida a uma pequena 
parcela da cultura. Essa história pode ser assistida no filme “O pequeno buda” com o ator 
Keanu Reeves. Ao se estudar grupos minoritários, observa-se também que a cultura de um 
país, por exemplo, não é vivida de modo universal, havendo componentes que impactam 
mais alguns grupos do que outros. Como no caso do machismo afetar negativamente o 
gênero feminino e o racismo a pessoas negras.
13UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
De acordo com Papalia; Feldman (2014), o nível socioeconômico se baseia na 
renda familiar e nos níveis educacional e ocupacional. Os autores sustentam que tais níveis 
interferem no tipo de lar, vizinhança, nutrição, assistência médica e escolaridade, afetando, 
portanto, a saúde e desempenho cognitivo da criança. Ao falar em nível socioeconômico 
pensamos nas crianças economicamente desprivilegiadas. As pesquisas longitudinais 
trazem dados interessantes sobre como a pobreza pode afetar o desenvolvimento infan-
til. Dados reunidos por Papalia; Feldman (2014) indicam que crianças pobres são mais 
propensas a problemas emocionais e/ou comportamentais e ter seu potencial cognitivo 
e desempenho escolar prejudicado. Contudo, ressaltam que apesar dos fatores de risco 
pode haver desenvolvimento positivo, como no caso do ex-presidente dos EUA Abraham 
Lincoln que cresceu na pobreza. Em famílias pobres, os aspectos positivos que protegem 
são a proximidade dos pais em atividades importantes e rotineiras como ir à igreja e fazer 
refeições juntos. Quem considera a riqueza como um fator de proteção por si mesma, 
precisa rever esse conceito. Em pesquisas de Luthar; Latendresse (2005) a riqueza nem 
sempre protegeu as crianças contra riscos. Isso ocorre devido a frequente pressão para 
alcançar sucesso e serem deixadas em casa sozinhas por pais muito ocupados.
O desenvolvimento humano costuma ser dividido em fases. No tópico abaixo ve-
remos brevemente algumas mudanças físicas ocorridas durante os diferentesperíodos da 
infância e as fases psicossexuais descritas por Freud para explicar a personalidade humana.
14UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
3. FASES DO DESENVOLVIMENTO HUMANO
A observação sistemática das mudanças e permanências desde o nascimento até o 
início da adolescência tem sido muito investigada pelos desenvolvimentistas. As mudanças 
geralmente são categorizadas e separadas em fases. Há fases de desenvolvimento emo-
cional, como as de Erick Erikson (unidade 4) fases do desenvolvimento cognitivo descritas 
por Piaget (será visto na unidade 3) e o desenvolvimento físico, dividido e sistematizado por 
Papalia; Feldman (2014) como na figura 4.
Figura 4 - Desenvolvimento físico da infância à adolescência.
Faixa etária Desenvolvimento físico
Período pré-natal Desde início da vida, dotação genética interage 
com influências ambientais, com grande vulne-
rabilidade a elas. O crescimento é o mais acele-
rado de todo o ciclo vital.
Primeira infância (nascimento aos 3 anos) Ao nascer, o funcionamento dos sentidos e sis-
temas corporais ocorre em graus variados. As 
habilidades motoras se desenvolvem rápido.
Segunda infância (dos 3 aos 6 anos) Crescimento constante. Proporções corporais 
semelhantes as de adultos. Surge preferência 
pelo uso de uma das mãos. Aumento da força 
física e melhora de habilidades motoras físicas.
Terceira infância (dos 6 aos 11 anos) Torna-se mais lento o ritmo do desenvolvimen-
to. Aumento da força física e saúde.
Fonte adaptado de Papalia; Feldman (2014).
15UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
Muitas mudanças típicas da primeira e segunda infância estão vinculadas à matu-
ração do cérebro. Já na adolescência e vida adulta as diferenças individuais e experiência 
de vida passam a influenciar de modo mais predominante que a biologia.
O entendimento do desenvolvimento da personalidade também foi dividido em fases 
pelo pai da psicanálise. A descoberta da sexualidade infantil ocorreu enquanto atuava na 
prática clínica investigando a causa e funcionamento das neuroses. Freud inova ao sugerir 
que a maioria dos pensamentos e desejos eram reprimidos, sendo retirados da consciência 
por conterem conflitos inconscientes de ordem sexual dos primeiros anos de vida. Embora 
o início dos conflitos psicossexuais tenham origem precoce, o desenvolvimento da sexua-
lidade é longo e complexo, só se completando na idade adulta. No início da vida, o sujeito 
encontra o prazer distribuído pelo seu corpo, as excitações sexuais (de modo metafórico) 
estão localizadas em partes do corpo, localização que vai se alterando ao longo do tempo. 
As fases psicossexuais de Freud são elaboradas com base na sua teorização do local de 
erotização. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2018).
Devido a extensa obra psicanalítica de Sigmund Freud, que escreveu por muitas 
décadas, é conveniente começarmos a apresentação de sua visão de desenvolvimento 
infantil por autores que resumiram e condensaram suas explicações. Book; Furtado; Tei-
xeira (2018) sistematizam as fases psicossexuais de Freud, afirmando que na fase oral, 
que se estende do nascimento até aproximadamente os dois anos, a zona de erotização 
é a boca. Em um primeiro momento a boca está ligada à sucção, ou seja, à alimentação, 
depois deixa de sua função nutritiva para se tornar autoerótica. É importante ressaltar que 
se trata de um simbolismo psíquico e fixação de energia libidinal. Na fase anal nessa fase 
a área do corpo erotizada passa a ser o ânus, ligada à função de defecação, Um prazer 
nessa fase, entre 2 anos e 4, é tanto a expulsão das fezes quanto sua retenção e da 
apropriação do controle esfincteriano. Na fase fálica o órgão sexual é a zona de erotização 
e surge o comportamento exploratório de masturbação. Há um declínio no complexo de 
Édipo, fundamental para a estruturação da personalidade. Posteriormente vem o período 
de latência, entre 5 a 6 anos, caracterizada pela diminuição das atividades sexuais, em 
nível de fantasia. A energia libidinal pode ser canalizada para a curiosidade sobre o mundo 
e formação de valores morais. Finalmente, a fase genital, que é atingida na puberdade. O 
objeto de desejo passa a ser o outro. Nessa etapa o menino deixa de querer ser o pai para 
querer ser um homem como o pai. O mesmo ocorre com a menina e a mãe. Por meio da 
identificação com a mãe ou o pai, a criança internaliza as normas sociais.
16UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
A passagem pelas fases psicossexuais descritas por Freud seriam um aspecto idios-
sincrático na vida do sujeito e ao mesmo tempo interage com aspectos culturais e sociais 
como assinala a obra do sociólogo Norbert Elias. A relação entre constituição das instâncias 
psíquicas e as mudanças sociais é explicitada em Natividade; Costa (2020, p. 104)
O pensamento eliasiano é invocado para esclarecer uma nova conforma-
ção social, desde o século XX, em que novas regras proibitivas avançam 
para conter comportamentos de cunho sexual nos ambientes públicos. [...] 
Os custos para as organizações e seus membros obrigam que cada indivíduo 
precise desenvolver um superego mais opressor para aspectos de manifes-
tações de sexualidade em ambientes públicos, [...] (NATIVIDADE; COSTA, 
2020, p.104).
Como defendido, os elementos psíquicos do desenvolvimento também sofrem 
influências sociais, históricas e culturais, mesmo que haja fases em que todos passam 
no correr do seu ciclo vital, elas não são rígidas nem ocorrem da mesma forma. O modo 
como cada criança vivencia cada momento do desenvolvimento psicossexual marcará a 
formação de sua personalidade, o que ocorre em um momento histórico específico. As 
regras da família e da sociedade são internalizadas e compõem parte da personalidade, 
demonstrando que a formação de cada indivíduo depende de aspectos facilmente identifi-
cados, como os padrões comportamentais de seus pais e de valores culturais que são mais 
sutis na percepção de sua influência. O desenvolvimento humano é um fenômeno bastante 
complexo, no qual diferentes áreas do conhecimento como a sociologia, psicanálise e 
psicologia comentadas nesta unidade são requisitadas. A divisão de aspectos emocionais, 
físicos, cognitivos e psicológicos é arbitrária e usada para fins didáticos. 
17UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
SAIBA MAIS
Leontiev afirma em seu texto O homem e a cultura que as aptidões humanas não são 
transmitidas por hereditariedade biológica, mas são adquiridas na vida coletiva em que 
se inserem e as aprendem por um processo de apropriação da cultura. “[...] cada indi-
víduo aprende a ser um homem. O que a natureza lhe dá quando nasce não lhe basta 
para viver em sociedade. É-lhe ainda preciso adquirir o que foi alcançado no decurso do 
desenvolvimento histórico da sociedade humana”.e além de adquirir a herança social da 
humanidade, os humanos continuam a produzir o mundo cultural e social onde estão. 
As crianças que nascem encontram sempre um mundo novo e deixarão sempre um 
mundo transformado. A sociedade estará sempre, como os humanos, em permanente 
modificação, e essas transformações se dão e se darão pela relação que existe entre 
indivíduo e coletividade/sociedade. Somos sócios no empreendimento de transformar o 
mundo e a nós mesmos.
Fonte Bock, Teixeira; Furtado 2011, p. 69
REFLITA 
Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, 
seja apenas outra alma humana. 
Carl Gustav Jung.
18UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Estudar o desenvolvimento infantil nos faz pensar sobre a nossa própria história, 
em quais fatores tiveram maior importância na construção do ser que estamos hoje. Sim, 
o ser que estamos sendo, pois a psicologia do desenvolvimento tem entendido que o ser 
humano está sempre evoluindo e mudando. Não existe uma versão final de nós mesmo ao 
chegar em determinada idade. As teorias que defendiam o fim das mudanças de desen-
volvimento ao final da adolescência vemsendo reformuladas, pois as pesquisas realizadas 
ajudaram a ampliar a noção de desenvolvimento trazendo o conceito de ciclo vital, em 
que as mudanças físicas, cognitivas, emocionais e de personalidade são investigadas ao 
longo de toda a vida. Sem dúvidas a infância é um momento bastante intenso de evoluções 
físicas e comportamentais que exigem um olhar atento para vários aspectos da vida. 
Nesta unidade entendemos que investigar as características da infância é algo mui-
to recente na história ocidental, pois havia pouca valorização na criança na nossa cultura, 
tratando-a como a um mini adulto. A partir da observação sistemática obteve-se a certeza 
de que a criança é um ser diferente do adulto, com um modo de pensar próprio e limitações 
físicas no que se refere à força física. Vimos também que a psicologia do desenvolvimento 
não visa mais priorizar cultura ou biologia como fator principal no desenvolvimento de per-
sonalidade e padrões comportamentais, pois se reconhece a influência recíproca de ambas 
no ser humano. Há aspectos biológicos importantes que permitem sistematizar em fases 
as mudanças físicas e em habilidades pelas quais as crianças de qualquer nacionalidade 
passam. Há também aspectos culturais que afetam o crescimento, como em sociedades 
que priorizam a alimentação do adulto em momentos de restrição, interferindo no ritmo de 
crescimento infantil. Esta unidade visou aproximar você estudante desse rico conteúdo, no 
entanto, a jornada pelo conhecimento continua!
19UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
LEITURA COMPLEMENTAR
Neurociência e educação: como o cérebro aprende
O recém-nascido humano é extremamente imaturo quando comparado com o de 
outras espécies animais. Um potrinho neonato, por exemplo, já pode ficar em pé, o que 
só acontecerá com o bebê humano depois de vários meses de vida. Em compensação, 
nosso cérebro será capaz, ao final de sua maturação, de realizar uma série de funções 
que outras espécies não possuem. Se o bebe humano tivesse, ao nascer, as mesmas 
capacidades que têm, por exemplo, os bebês chimpanzés, o cérebro teria que ser tão 
grande que não caberia no canal do parto. Fizemos uma espécie de troca com a natureza; 
nossos cérebros são imaturos no nascimento e precisamos de muitos cuidados por um 
tempo prolongado, mas desenvolvemos um equipamento neural sem paralelo no mundo 
animal.A interação com o ambiente é importante porque é ela que confirmará ou induzirá a 
formação de conexões nervosas e, portanto, a aprendizagem ou o aparecimento de novos 
comportamentos que dela decorrem. Em sua imensa maioria, nossos comportamentos são 
aprendidos, e não programados pela natureza. Um patinho recém-eclodido não precisa 
que lhe ensinem a nadar. Ele apenas segue a pata mãe, e ao entrar no lago, já executa os 
movimentos necessários. Essas capacidades já vem “embutidas” no seu sistema nervoso. 
Não é o caso de nossa espécie, cujo cérebro, embora planejado para desenvolver certas 
capacidades, necessitará de um aprendizado mesmo para capacidades bem simples. Con-
tudo, exatamente por isso a gama de comportamentos e a forma de sua expressão serão 
muito mais amplas.
Muitas pesquisas têm mostrado que a estimulação ambiental é extremamente 
importante para o desenvolvimento do sistema nervoso. Animais criados em ambientes 
empobrecidos apresentam, mais tarde, um cérebro menos sofisticado, com menor quan-
tidade de conexões sinápticas. Ele pode ser, por exemplo, menos pesado, com um córtex 
mais delgado. Certamente, haverá alterações comportamentais. 
20UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
Isso tem levado a uma discussão sobre a vantagem da estimulação precoce das 
crianças, para que elas desenvolvam um sistema nervoso mais complexo. Embora a priva-
ção sensorial e o ambiente empobrecido sejam prejudiciais, não está claro se é recomendá-
vel ou vantajoso o “bombardeio” precoce com muitas informações ambientais. Ao longo de 
milhares de anos de evolução, nosso cérebro foi programado para desenvolver-se de uma 
forma que ocorre harmoniosamente em um ambiente que não fuja dos parâmetros usuais, 
e é pouco provável que uma estimulação artificialmente induzida venha a trazer alterações 
significativas. [...]
Contudo, há capacidades que parecem depender de uma interação mais especí-
fica com o ambiente, como a linguagem falada, por exemplo. Na verdade, essa já é uma 
capacidade já programada em nosso sistema nervoso. As crianças com um cérebro dentro 
dos padrões de normalidade irão aprender a falar e a compreender a linguagem de uma 
forma natural, sem necessidade de serem ensinadas. Contudo, que idioma vão dominar 
depende da sua interação social. Existem indicações de que, ao nascer, as crianças já 
são seletivas aos sons da língua materna. Portanto, alguma aprendizagem parece ocorrer 
ainda no período intrauterino.
Fonte: COSENZA.; GUERRA (2011, p. 24-25)
21UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Genética do comportamento
Autor: Robert Plomin , John C. DeFries , Gerald E. McClearn , 
Peter McGuffin
Editora: Artmed
Sinopse: .Enfatiza o que se sabe sobre genética em psicologia 
e psiquiatria hoje e apresenta aos estudantes das ciências com-
portamentais, biológicas e sociais a melhor introdução disponível 
sobre o tema. Trata de temas como natureza humana, criação e 
comportamento e a interação entre genes e comportamento em 
vários transtornos.
FILME/VÍDEO 
Título: O garoto selvagem
Ano: 1969
Sinopse: Cantão de São Sernin, França, 1798. Três caçadores 
acham uma criança selvagem, que possui 11 ou 12 anos. Ele é 
apelidado de Selvagem de Aveyron (Jean-Pierre Cargol), sendo 
que se alimenta de grãos e raízes, não anda como um bípede nem 
fala, lê ou escreve. O professor Jean Itard (François Truffaut) se 
interessa pelo menino, que é levado a Paris para determinar seu 
grau de inteligência e ver como se comporta a mentalidade de um 
menino que desde cedo foi privado da educação, por não conviver 
com ninguém da espécie. Itard começa a educá-lo. Todos pensam 
que ele vai fracassar, mas com amor e paciência aos poucos ob-
tém resultados.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=OSg4S4F5bio
https://www.youtube.com/watch?v=MhhMYhXgALQ
https://www.youtube.com/watch?v=OSg4S4F5bio
https://www.youtube.com/watch?v=MhhMYhXgALQ
22
Plano de Estudo:
● A Ciência da Psicologia;
● A Psicologia e a Educação;
● A Psicologia e o Desenvolvimento Humano;
● Fatores que interferem no Processo de Aprendizagem.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar a ciência psicológica;
● Compreender os fatores que interferem na aprendizagem;
● Estabelecer a importância da psicologia do desenvolvimento e aprendizagem.
UNIDADE II
Psicologia da Aprendizagem
Professora Me. Carolina dos Santos Jesuino da Natividade
23UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 23UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
INTRODUÇÃO
É possível fazer previsões sobre o comportamento de uma pessoa? E de um gru-
po de pessoas? Essas perguntas são importantes porque a ciência tem como objetivo 
fazer previsões e intervenções sobre seu objeto de estudo. O comportamento humano 
sempre foi alvo de questionamentos e a filosofia era a principal forma de entendê-lo. Com 
o fortalecimento e difusão das ciências, o modo de agir do homem passou a ser sistema-
ticamente observado. A história do desenvolvimento das ciências mostra que os cientistas 
já produziam técnicas e ferramentas para observar os astros desde o séc. XV com Nicolau 
Copérnico. Porém, o interesse em observar de modo sistemático a criança só ocorreu 
no século passado, com início com Jean Piaget. Conhecimentos que foram agregados a 
psicologia. Esta é considerada uma ciência nova. Se a aparência dos fenômenos celestes, 
pela observação simples, já conduziram à noção de que o planeta Terra era o centro do 
universo, será que falhas assim ocorrem ao considerar o comportamento humano? Será 
que nossos costumes e preferências afetamnosso modo de entender as pessoas ao nosso 
redor e nosso conceito de infância? O conhecimento científico pode oferecer ideias novas 
para velhos problemas. No nosso cotidiano, a convivência próxima com certas pessoas nos 
levam a fazer muitas previsões corretas sobre as reações de alguém, como ao já imaginar 
qual frase será dita ou que expressão verbal e tom de voz usará ao ficar irritada. Mesmo 
não sendo cientistas, a observação aleatória nos permite fazer previsões.
A psicologia se aprimorou e tem sido chamada a auxiliar em vários contextos, 
como na educação. Surgiu a necessidade de entender melhor os processos de ensino e 
aprendizagem, o que propiciou o nascimento da psicologia da aprendizagem, cujos conhe-
cimentos são muito solicitados na área da educação.Os conhecimentos da psicologia do 
desenvolvimento também são importantes para compreendermos a aprendizagem, o que 
explicita a necessária interdisciplinaridade na educação. 
24UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 24UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
1. A CIENCIA DA PSICOLOGIA
A ciência é uma das formas de conhecimento sobre o mundo e sobre o ser humano 
construída e passada entre gerações. Na atualidade, há grande expectativa de que vários 
problemas sejam superados com sua ajuda, seja no campo das questões ligadas à natureza 
e meio ambiente seja no campo social. É típico da atuação científica o uso de linguagem 
rigorosa, métodos e técnicas específicas. A ciência se caracteriza por um processo cumula-
tivo do conhecimento. Bock, furtado teixeira (2001, p. 19) definem a ciência como:
A ciência compõe-se de um conjunto de conhecimentos sobre fatos ou as-
pectos da realidade (objeto de estudo), expresso por meio de uma linguagem 
precisa e rigorosa. Esses conhecimentos devem ser obtidos de maneira pro-
gramada, sistemática e controlada, para que se permita a verificação de sua 
validade. Assim, podemos apontar o objeto dos diversos ramos da ciência e 
saber exatamente como determinado conteúdo foi construído, possibilitan-
do a reprodução da experiência. Dessa forma, o saber pode ser transmiti-
do, verificado, utilizado e desenvolvido. [...] Essa característica da produção 
científica possibilita sua continuidade: um novo conhecimento é produzido 
sempre a partir de algo anteriormente desenvolvido. Negam-se, reafirmam-
-se, descobrem-se novos aspectos, e assim a ciência avança. Nesse sentido, 
a ciência caracteriza-se como um processo. (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 
2001, p.19).
Para fazer ciência se parte da ideia de que os fenômenos são determinados. No 
caso do estudo científico do comportamento humano, há visões filosóficas de que o com-
portamento é determinado unicamente pela hereditariedade e ambiente, chama-se isso de 
determinismo (BAUM, 2006). Há posicionamentos contrários a esse entendimento filosófico, 
pois vai contra a noção de livre arbítrio muito familiar em sociedades cristãs. Skinner (2003) 
25UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 25UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
relata que a filosofia preponderante da natureza humana considera impossível a previsão 
e o controle do comportamento humano. A noção de ciência que estuda o comportamento 
defendida por esse famoso pesquisador parte do pressuposto de que ele é ordenado (ou 
seja, certos acontecimentos estão relacionados com outros, como sentir a chuva e abrir uma 
sombrinha) e determinado (isto é, há condições específicas que influenciam fortemente em 
determinadas direções). 
Só pode haver estudo científico do comportamento humano porque ele não ocorre 
ao acaso. “Não se pode aplicar os métodos da ciência em assuntos ditados pelo capricho.”. 
(SKINNER, 2003, p. 7). O mesmo autor explica que a ciência é uma tentativa de encon-
trar a ordem entre eventos, de mostrar que certos acontecimentos estão ordenadamente 
relacionados a outros. Para construir uma ciência que investiga de modo objetivo o agir do 
ser humano é preciso admitir que influências externas incidam sobre nossa vontade, o que 
gera estranheza e desagrado, como bem indica o controverso cientista:
O ponto de vista alternativo insiste em reconhecer forças coercitivas na con-
duta humana, que podemos preferir ignorar. Ameaça nossas aspirações, 
quer materiais, quer espirituais. Apesar do quanto possamos ganhar ao ad-
mitir que o comportamento humano é objeto próprio de uma ciência, nenhu-
ma pessoa que seja um produto da civilização ocidental pode assim pensar 
sem uma certa luta interior. Nós,simplesmente, não queremos essa ciência. 
(SKINNER, 2003, p.7).
Lhe parece estranho cogitar que elementos externos influenciam suas escolhas 
sem que você tenha consciência deles? Embora Freud não tenha sido psicólogo, sua obra, 
a fundação da psicanálise, é muito fortemente relacionada com o conhecimento psicológico 
(como será melhor diferenciado na unidade 4). O próprio pai da psicanálise considerava 
o impacto de sua obra como a terceira grande ferida da humanidade, pois ela pressupõe 
que o ser humano não é tão racional e tão esclarecido sobre as causas que lhe movem. A 
explicação psicanalítica sobre nossas escolhas é que são predominantemente inconscien-
tes, ou seja, haveria um determinismo inconsciente para nossos comportamentos. Se há 
um forte determinismo oriundo de conteúdos que não acessamos, inconscientes, há de fato 
livre arbítrio? Estudar o ser humano é lidar com perguntas profundas e questionar o que é 
aparentemente simples e óbvio. 
Você já pode ter assistido entrevistas com psicólogos sobre diversos assuntos, 
desde como resolver um problema específico ou questões bem gerais como o que fazer 
para viver bem. Mas, você sabe exatamente o que estuda a psicologia ? (BOCK; FURTADO; 
TEIXEIRA, 2001) defendem que o objeto de estudo é a subjetividade.
26UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 26UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
Descrevem que a subjetividade é: “[...] a síntese singular e individual que cada um 
de nós vai constituindo conforme vamos desenvolvendo e vivenciando as experiências da 
vida social e cultural[...]” (BOCK; FURTADO; TEIXEIRA, 2011, p. 22). Conforme a exposi-
ção de Bock; Teixeira; Furtado (2011, p. 7): 
O humano passa a ser pensado cada vez mais como indivíduo, como único. 
As experiências vividas são subjetivadas de forma individualizada. A noção 
de EU se fortalece. E a ciência que se propõe a cuidar, compreender e expli-
car esse EU é a psicologia.
A investigação sobre o que torna cada pessoa única se dá respeitando a individua-
lidade, mas considerando os achados gerais que se aplicam a todos. É a característica da 
ciência observar cada fenômeno único a partir das leis gerais formuladas. A psicologia foi se 
configurando como uma ciência habilitada para pesquisar e dar respostas sobre o ser hu-
mano em vários contextos, como nas indústrias, nas escolas, nos hospitais, nos sindicatos, 
na assistência social e na educação. Mas, afinal, o que estuda a psicologia? São vários os 
objetos de estudo da psicologia, algumas escolas psicológicas investigam o comportamen-
to, outras a consciência, outras o inconsciente e ainda a subjetividade. Como tudo que se 
refere ao ser humano é complexo, não existe uma única forma de entender o ser humano, 
havendo muitos métodos e explicações usados na construção de conhecimentos sobre o 
humano. Feldman (2015) define de modo sucinto a psicologia como o estudo científico do 
comportamento e dos processos mentais. Já o trabalho dos psicólogos o autor afirma que 
visam descrever, prever e explicar o comportamento e os processos mentais humanos para 
melhorar a vida das pessoas e o mundo em que vivemos. Embora haja muita diversidade 
de definições sobre a psicologia, todos concordam que existe enorme necessidade dessa 
ciência e dessa profissão em muitas atividades humanas.
A aplicação da psicologia, em vários campos de atuação, dá-se inicialmente de 
modo tímido e bem pontual e aos poucos passa a agir e refletir em um escopo mais amplo, 
como aoampliar seu foco da instituição escolar para a educação como um todo. 
A educação é tema de investigações e debates intensos e contínuos dentro da psi-
cologia. Portanto, passaremos agora a enfocar a relação entre a psicologia e a educação. 
27UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 27UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
2. A PSICOLOGIA E A EDUCAÇÃO
A psicologia emprega conhecimentos dos seus vários ramos para propiciar o de-
senvolvimento intelectual, social e emocional do indivíduo. A psicologia tem como dever 
auxiliar na reflexão sobre o que é educação. Khouri (2014) descreve a educação como 
atividade que participa da totalidade da organização social, integrada no processo de rela-
ções de produção. Ainda segundo esse autor, a psicologia aplicada à educação visa facilitar 
a autorrealização e promover a saúde mental. 
A educação é objeto de estudo da psicologia, sendo assim, criou-se um ramo dessa 
chamada de psicologia da educação/educacional. A psicóloga Souza (2021, p. 27) detalha 
que “No âmbito da Psicologia Educacional, a (o) aluna (o), seus aprendizados e outras 
questões que a (o) permeiam são analisados de maneira global, tecendo uma rede que leva 
em consideração suas relações dentro e fora da instituição”. A educação, nas palavras de 
Sacristan (2001, p.21):
A educação contribuiu consideravelmente para fundamentar e para manter 
a ideia de progresso como processo de marcha ascendente na História; as-
sim, ajudou a sustentar a esperança em alguns indivíduos, em uma socieda-
de, em um mundo e em um porvir melhores. A fé na educação nutre-se da 
crença de que esta possa melhorar a qualidade de vida, a racionalidade, o 
desenvolvimento da sensibilidade, a compreensão entre os seres humanos, 
o decréscimo da agressividade, o desenvolvimento econômico, ou o domínio 
da fatalidade e da natureza hostil pelo progresso das ciências e da tecno-
logia propagadas e incrementadas pela educação. Graças a ela, tornou-se 
possível acreditar na possibilidade de que o projeto ilustrado pudesse triunfar 
devido ao desenvolvimento da inteligência, ao exercício da racionalidade, à 
utilização do conhecimento científico e à geração de uma nova ordem social 
mais racional.
28UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 28UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
A psicologia e a educação se congregam em dois campos de produção de conheci-
mento e atuação que se imbricam de modo indissociável; psicologia educacional/escolar. 
Andrada et al. (2019) diferencia a psicologia educacional como a área de conhecimento 
da psicologia que se dedica à construção de saberes fundamentado em concepções 
ontológicas, epistemológicas, metodológicas e éticas determinadas. Enquanto isso, a 
psicologia escolar se preocupa com conhecimentos e práticas que devem subsidiar a 
atuação dos profissionais, tendo como objeto a escola e as relações que nela se desen-
volvem, com foco em práticas educativas. Ou seja, há mais de um ramo da psicologia a 
se dedicar à educação.
FIGURA 1 - A APRENDIZAGEM SE FAZ COM A UNIÃO DE MUITOS SABERES
A educação é a mola propulsora da sociedade. Pensá-la requer apoio de várias 
disciplinas, entre elas a psicologia educacional e escolar. Uma discussão muito atual que 
impacta na sociedade, e por tanto na educação, é a convivência entre os diferentes. Apren-
de-se a reconhecer a pluralidade de culturas e a valorizar as diferenças. Na escola sempre 
se valorizou a homogeneização e a padronização, mas com o advento do enaltecimento 
de inovação e criatividade no mundo do trabalho, com o grande desemprego estrutural 
ameaçando e o empreendedorismo em alta, o modelo de educação tradicional precisou 
ser revisto. Enquanto homogeneidade leva ao mesmo, a diferença leva ao questionamento 
e criação. O desafio está em possibilitar a presença da diversidade, o que requer práticas 
educativas em que a diferença seja valorizada. Neste enorme desafio pelo qual passa a 
educação brasileira os conhecimentos e reflexões da psicologia como um todo, e da psico-
logia da educação e escolar principalmente, podem auxiliar. Cabe lembrar que o protago-
nismo de pensar a educação abarca todos os trabalhadores envolvidos com a educação. 
Passaremos a discussão sobre a psicologia e o desenvolvimento humano.
29UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 29UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
3. A PSICOLOGIA E O DESENVOLVIMENTO HUMANO
A psicologia é uma ciência que se relaciona com várias áreas do conhecimento 
e visa dar apoio a muitas intervenções em diversos campos e faixas etárias. Desde sua 
incorporação ao ramo das ciências, a infância foi seu foco, principalmente na compreensão 
e mensuração da inteligência. Stratton e Hayes (2009, p. 187) explicam que:
A psicologia tem sido definida de várias maneiras, dependendo das tendências 
dos pesquisadores no momento em que a definição foi formulada. Ela tem 
sido diferentemente definida como o ‘estudo da mente’, ‘o estudo do comporta-
mento’, ‘o estudo da experiência humana’ e ‘o estudo da vida mental’. É difícil 
elaborar uma definição que satisfaça a todos, embora possamos afirmar que 
ela compreende o estudo do comportamento e da explicação teórica. 
Sabemos que a psicologia não é algo simples de se conceituar pela sua multipli-
cidade de métodos e objetos de estudo, contudo, a psicologia do desenvolvimento pode 
ser mais facilmente especificada, como explica Griggs (2009, p. 236): “A psicologia do 
desenvolvimento é o estudo científico do desenvolvimento biológico, cognitivo, social e 
da personalidade ao longo de todo o período da vida”. Bee e Boyd (2011, p. 38) ensinam 
que: “A psicologia do desenvolvimento usa o método científico para alcançar suas metas: 
descrever, explicar, prever e influenciar o desenvolvimento humano da concepção à morte.” 
O objetivo é dar explicações coerentes que possam ajudar a compreender e intervir no de-
senvolvimento humano para que seja o mais saudável possível dentro de condições reais. 
Ao falar sobre desenvolvimento humano nos referimos às mudanças e desenvolvimento 
mental e orgânico que ocorrem de modo geralmente previsível em nossa espécie.A psicologia lança 
luz sobre a infância, partindo de metodologias que diminuam o impacto de concepções prévias (e 
30UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 30UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
até preconceituosas) sobre o desenvolvimento quando o cientista investiga a evolução de aspectos 
físicos e mentais. Há muitos dados que comprovam que a criança não pensa como um adulto, pois 
suas estruturas neurológicas ainda são imaturas. Portanto, a criança não é um adulto em miniatura. 
O que demonstra a relevância de uma ciência que se dedique à infância. 
Um aspecto que ainda suscita muitas dúvidas sobre o desenvolvimento é quanto ao tempera-
mento e personalidade. Papalia e Feldman (2014) explicam que o temperamento é de base biológica 
e determina como as pessoas reagem a situações como novidades e mudanças. Já a personalidade 
é a combinação coerente entre temperamento, emoções, pensamentos e comportamentos.
Com a interação entre temperamento do bebê e dos cuidadores vai se constituindo a 
personalidade da criança. Veja abaixo uma categorização de temperamento.
QUADRO 1 - PADRÕES INATOS DE TEMPERAMENTO
CRIANÇA FÁCIL CRIANÇA DIFICIL
CRIANÇA DE 
AQUECIMENTO LENTO
Humor oscila entre brando 
e moderado, geralmente 
positivo.
Expressa humores 
intensos e geralmente 
negativos, chora com 
frequência com muita 
intensidade.
Apresenta reações 
razoavelmente intensas, 
tanto positivas quanto 
negativas.
Responde bem a 
novidades e mudanças.
Não responde bem a 
novidades e mudanças.
Responde lentamente a 
novidades e mudanças.
Desenvove rapidamente 
horários regulares para o 
sono e a alimentação.
Dorme e se alimenta de 
maneira irregular.
Dorme e se alimenta com 
mais regularidade que a 
criança difícil, mas com 
menos regularidade que a 
criança fácil.
Passa a ingerir novos 
alimentos com facilidade.
Demora a aceitar novos 
alimentos.A resposta inicial a 
novos estímulos é 
moderadamente negativa 
(primeiros contatos com 
pessoas, lugares ou 
situações desconhecidas).
Sorri para estranhos. Desconfia de estranhos.
Adapta-se facilmente a 
novas situações.
Adapta-se lentamente a 
novas situações.
Aceita a maior parte das 
frustrações sem muito 
estardalhaço.
Reage furiosamente a 
frustrações.
Adapta-se rapidamente a 
novas rotinas e regras de 
novas brincadeiras.
Ajusta-se lentamente a 
novas rotinas.
Aceita gradualmente 
novos estímulos, depois 
de repetidas exposições e 
sem pressão.
Fonte: Papalia; Feldman (2014, p. 216).
31UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 31UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
Estudar o desenvolvimento humano é buscar conhecer e compreender as carac-
terísticas comuns de cada faixa etária, como o modo de fazer julgamentos morais e capa-
cidade maior ou menor de se colocar na perspectiva do outro. Com o estudo sistemático 
é possível reconhecer as individualidades e possibilidades de cada faixa etária (BOCK; 
FURTADO; TEIXEIRA, 2001). 
Sobre o desenvolvimento mental, podemos citar a teoria de Vygotsky, pesquisa-
dor russo cuja obra foca nas relações históricas e sociais do ser humano. Vygotsky (1984) 
conceitua o desenvolvimento da mente como caracterizado pelo gradual surgimento de 
estruturas mentais superiores, em decorrência do contato com o ambiente social. Ao 
nascer o ser humano já teria as mesmas estruturas básicas também presentes em outras 
espécies de mamíferos, como atenção involuntária, certo grau de memória e motivação. 
Ao longo da interação do bebê com seu meio social as formas de organização da ativi-
dade mental vão se aperfeiçoando até atingir um estado de equilíbrio superior quanto a 
inteligência, afetividade e relações sociais. 
Conhecer o desenvolvimento humano é fundamental para que se possa planejar 
o que ensinar e como fazer isso, porque para preparar as condições de ensino é preciso 
saber quem é o educando. Tanto o desenvolvimento quanto a educação são afetados pela 
interação de vários fatores. Abaixo nos deteremos no que influencia na aprendizagem.
32UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 32UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
4. FATORES QUE INTERFEREM NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Passamos muito tempo aprendendo coisas novas e somos conscientes do que 
sabemos fazer e o que não sabemos, como ao ter habilidade para dirigir um carro, mas 
não para pilotar um avião. Como já discutido na unidade 1, grande parte do que os seres 
humanos sabem fazer e de suas reações emocionais foi adquirido por meio da aprendi-
zagem. Mas, afinal, o que é mesmo aprendizagem?Muitas são as definições de apren-
dizagem, para discutir sobre os fatores que influenciam no processo de aprendizagem, 
vamos ver alguns conceitos.
A aprendizagem corresponde às mudanças de comportamento relacionadas com 
as experiências. A aprendizagem para Souza e Teixeira Jr (2006) é qualquer mudança 
relativamente estável no repertório de um organismo que lhe permita emitir novos com-
portamentos. Em Abbagnano (2007, p. 75) temos uma definição bem completa, pois é a: 
“Aquisição de uma técnica qualquer, simbólica, emotiva ou de comportamento, ou seja, 
mudança nas respostas de um organismo ao ambiente, que melhore tais respostas com 
vistas à conservação e ao desenvolvimento do próprio organismo”. Para Stratton; Hayes 
(2009, p. 15) aprendizagem é: “Uma mudança relativamente duradoura no conhecimento, 
no comportamento ou na compreensão que resulta da experiência. Comportamentos ina-
tos, maturação e fadiga são excluídos”. 
33UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 33UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
Aprender é fundamental para que cada indivíduo da nossa espécie sobreviva e a 
espécie se mantenha. Pode-se dividir basicamente em dois grandes fatores as influências 
sobre a aprendizagem: fatores intrapessoais e situacionais. Fatores intrapessoais são os 
fatores individuais resultado da interação entre genética, história individual e acesso a edu-
cação formal (como escolas) e informal (como, por exemplo, museus) de qualidade. Ainda 
entre esses fatores podemos citar o nível de inteligência, nível de sociabilidade, padrões 
familiares sobre valorização da leitura e motivação para a área acadêmica, personalidade, 
crença de autoeficácia e presença ou ausência de distúrbios da aprendizagem.
Quanto aos fatores situacionais há o aspecto social, como as condições físicas 
da escola, maior ou menor proximidade dos alunos com os funcionários. De modo amplo, 
esses fatores são os que não dependem da hereditariedade, mas sim das experiências 
sobre o desenvolvimento.
FIGURA 2 - ACESSO A INTERNET DE QUALIDADE PERTENCE AOS FATORES SITUACIONAIS
Para termos maior clareza da interação entre fatores intrapessoais e situacionais 
cabe lembrar do conceito de distúrbio de aprendizagem, de acordo com Smith e Strick 
(2012, p. 14): “[...] problemas neurológicos que afetam a capacidade do cérebro para en-
tender, recordar ou comunicar informações”. Os distúrbios de aprendizagem podem ser 
classificados como pertencendo aos fatores intrapessoais, porque estão relacionados a 
falha na aquisição, processamento e/ou armazenamento da informação em áreas e cir-
cuitos neuronais do Sistema Nervoso Central. Embora se trate de um aspecto biológico, a 
presença desse distúrbio não é um limitador de aprendizagem por si mesmo, pois interagem 
34UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 34UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
com os aspectos ambientais, os chamados fatores situacionais, intensificando ou ameni-
zando a manifestação do distúrbio. Se o ambiente escolar é apropriado para identificar 
e auxiliar pedagogicamente um aluno com distúrbio de aprendizagem, o aluno consegue 
obter bom rendimento. Já um ambiente escolar que oferece pouca assistência ao aluno e 
a sua família pode acentuar as dificuldades, diminuindo a motivação do aluno e afetando 
negativamente seu desempenho. O aspecto situacional desfavorável se manifesta com 
a Dificuldade Escolar, que é quando a criança não aprende, ou fica muito abaixo do seu 
potencial, em decorrência de um problema pedagógico relacionado à falta de adaptação ao 
método de ensino, à escola em si e a outros problemas de cunho acadêmico. Mesmo nos 
distúrbios graves, como a dislexia (que interfere na capacidade de leitura), com forte base 
biológica, é o ambiente no qual o aluno está inserido que modula a gravidade da manifes-
tação do distúrbio, segundo Smith e Strick (2012). De acordo com as autoras, mesmo que 
as dificuldades de aprendizagem tenham como origem problemas fisiológicos, a extensão 
da gravidade com que o aluno é afetado depende do ambiente em que vive. A manifestação 
de um déficit leve ou incapacitante depende das condições em casa e da escola. Sendo 
possível entender plenamente as dificuldades de aprendizagem somente ao entendermos 
os ambientes doméstico e escolar. 
Tanto o ambiente doméstico como escolar podem ajudar na construção de crença 
de autoeficácia, pois, conforme acentuam Smith e Strick (2012), crianças que recebem 
incentivos de modo carinhoso tendem a apresentar atitudes positivas sobre si e sobre 
aprender. Observa-se nos alunos com dificuldades de aprendizagem, mas que recebem 
estímulo e apoio adequado em casa, que usam áreas em que são fortes para compensar 
as áreas em que são fracos. 
Em compensação, crianças que cresceram em ambiente pouco estimulante nos 
primeiros anos de vida podem se tornar jovens mais lentos na aquisição das habilidades 
cognitivas básicas, parecendo ter dislexia, por exemplo, quando não tem. Muitos desses 
parecem antecipar o fracasso e desistir antes de tentar.
É sabido que crianças pobres estão mais expostas a riscos ambientais, como vizi-
nhança perigosa, escola que não oferece segurança, maior risco de lesões e pais que não 
valorizam o estudo. Smith e Strick (2012) denunciam que se o sistema escolar não propicia 
oportunidadesapropriadas de aprendizagem, talvez os alunos nunca desenvolvam todas 
as suas habilidades.
35UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 35UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
SAIBA MAIS
Profecia auto-realizada. Uma afirmação que se torna verdadeira em função de ter sido 
feita. O exemplo clássico da profecia auto-realizada em ação vem do trabalho elabora-
do por Rosenthal, no qual foram dados a estudantes de graduação um grupo de ratos 
experimentais para treinamento em labirinto de corrida. Apesar de não haver diferença 
observável no comportamento entre os ratos no início do experimento, dizia-se aos 
estudantes que eles podiam esperar que alguns ratos iriam aprender muito rápido, en-
quanto os outros seriam mais lentos. Os ratos tiveram um desempenho de acordo com 
aquelas afirmações, pois as mesmas haviam induzido as expectativas dos estudantes, 
o que afetou o modo como eles manipularam os animais durante o treinamento. Estudos 
realizados posteriormente por Rosenthal e seus colegas demonstraram o poder das ex-
pectativas mantidas pelos professores em relação a seus alunos, bem como a profecia 
auto-realizada passou a ser considerada hoje como uma principal influência social que 
precisa controle na investigação psicológica. 
Fonte: Stratton e Hayes (2009, p. 184). 
REFLITA 
As cores da vida,são as que pintamos.
José de Anchieta
https://www.pensador.com/autor/jose_de_anchieta/
36UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 36UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Compreender que toda ciência que estuda o ser humano é rica em complexidade é 
um pré-requisito para se iniciar na longa jornada de busca de conhecimento. Falar sobre o 
ser humano requer aceitar que não há verdades absolutas e universais, não ao utilizar-se 
do fazer científico. Em algumas descrições da psicologia se dá ênfase no comportamento, 
no consciente ou inconsciente. Tal aspecto reflete a complexidade humana. A psicologia é 
um vasto campo do saber com diversas interfaces e possibilidades de intervenção. Dentro 
da psicologia, dois principais ramos se dedicam à educação. A educação como um todo é 
debatida de modo mais teórico na psicologia da educação e a vida escolar de modo prático 
na psicologia escolar, contudo, ambas levam reflexões, sensibilizações e novas ideias no 
entendimento do belo processo de ensino-aprendizagem. Um dos elementos em pauta na 
educação é a diversidade. Se no início a psicologia entrou na educação para diagnosticar 
e favorecer a homogenização entre alunos, hoje ela ajuda a refletir e a lidar com a diversi-
dade, algo tão presente na vida escolar e que quanto mais respeitada e valorizada, mais se 
promove a saúde mental e uma sociedade mais justa. Já os conhecimentos da psicologia 
do desenvolvimento ajudam a explicar, prever e influenciar, aspectos que auxiliam o educa-
dor a compreender e a executar seu trabalho de modo mais consciente em seus impactos. 
Compreender o desenvolvimento requer ter noção clara do que é aprendizagem, visto que 
a aprendizagem interfere no desenvolvimento. Os educadores necessitam ter noção do 
quanto fatores biológicos e sociais interagem intensificando ou amenizando transtornos 
ou questões emocionais que interferem no processo de aprendizado. Quanto mais cons-
ciência houver de que o ser humano está em constante transformação em decorrência das 
interações sociais que vive, mais a educação pode ser respeitosa e agregar valor individual 
e coletivamente.
37UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 37UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
LEITURA COMPLEMENTAR
Fatores determinantes no tempo de tela de crianças na primeira infância
Este estudo investigou os fatores determinantes para o tempo de tela de crianças 
de 24 a 42 meses, considerando ser este um período importante para o desenvolvimento 
infantil. Na pesquisa, 63,3% das crianças têm tempo de tela superior a 2 horas/dia, concor-
dando com os relatórios da Commom Sense Media, Read Aloud Survey Report desenvolvi-
dos nos Estado Unidos, que também encontraram valor superior a duas horas/dia de tempo 
de exposição de crianças. Estudos desenvolvidos em Cingapura também encontraram uma 
prevalência de mais de 2 horas/dia de exposição em crianças na primeira infância.
Os resultados das pesquisas supracitadas e também os evidenciados do presente 
estudo contrariam a recomendação da AAP, que preconiza a exposição diária em até duas 
horas para crianças de 2 a 5 anos de idade, incluindo o uso de todas as mídias. No entanto, 
em um novo documento de orientações para pais e pediatra a recomendação da AAP se 
tornou mais conservadora, ou seja, o tempo de tela passou a ser de até 1 hora/dia para 
crianças de 2 a 5 anos de idade. Esta última recomendação também é preconizada pela 
Associação Brasileira de Pediatria, entretanto, a literatura aponta estudos que afirmam que 
os pais têm dificuldade de incorporar a recomendação de limitação de tempo de tela na 
rotina de seus filhos, uma vez que o tempo de tela dos adultos também é alto.
No presente estudo, 94,5% das crianças estavam expostas às telas, principalmen-
te à televisão (61%), seguida das mídias interativas portáteis, smartphone (41%) e tablet 
(22%). Constatou-se que poucas crianças nesta faixa de idade fazem uso de videogames 
(4% da amostra), mídia popular entre crianças maiores. Quanto à TV, a literatura associa a 
sua exposição intensa ao atraso da linguagem, à dificuldade de interação social, à forma-
ção do estilo de vida sedentário e pouco estímulo à criatividade. Embora a televisão ainda 
continue a ser a mídia mais comum entre crianças, é relevante considerar a tendência e 
o papel cada vez mais marcante de mídias interativas móveis. Por ser considerada uma 
tecnologia recente, os estudos sobre as mídias interativas e seu impacto na saúde e o 
desenvolvimento infantil começam a emergir na literatura. Embora ainda controverso, os 
estudos indicam que o uso parcimonioso destas mídias, diferente da televisão por permitir o 
toque de tela e interação da criança com seu conteúdo, pode contribuir positivamente para 
o desenvolvimento cognitivo, linguístico e motor fino infantil. [...].
38UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 38UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
A escolaridade paterna está associada a melhores oportunidades de estimulação 
no lar. Esta estimulação pode ser entendida, como por exemplo, por oferecer um ambiente 
que contenha recursos para aprendizagem, no qual as mídias interativas também estejam 
presentes. Sugere-se ainda que os pais que tenham maior escolaridade façam mais o uso 
de mídia em sua rotina, o que pode influenciar diretamente no tempo de tela da criança.
A escolaridade materna tem sido apontada como uma importante preditora para 
o crescimento, a saúde e o desenvolvimento infantil. É possível que as mães com maior 
escolaridade materna disponibilizem maiores recursos para o desenvolvimento infantil, utili-
zando a mídia interativa como recurso para promoção do aprendizado. Vectore et al. fazem 
uma reflexão sobre a criança na contemporaneidade e afirmam que a vida em sociedades 
altamente competitivas intensificou a preocupação e o desejo da mãe moderna na busca de 
super qualificação dos filhos, com atividades diversificadas e exposição precoce ao mundo 
do adulto altamente tecnológico, visando um futuro distante de sucesso na fase adulta, mas 
construído desde os primeiros anos de vida.
Os recursos que promovem processos proximais apresentaram associação positi-
va com o maior tempo de tela. Quanto mais disponibilidade de brinquedos e materiais que 
aprendizagem em casa, maior a possibilidade de haver recursos tecnológicos como mídias 
interativas, computadores e televisão e, portanto, maior tempo de exposição às telas.
[...]
Quanto à linguagem, há associação entre o uso da TV a atrasos na linguagem em 
crianças. Entretanto, o presente estudo investigou o tempo de tela, incluindo as mídias 
interativas. Reichet al., em uma revisão de pesquisas em aprendizagem de crianças a 
partir de telas afirmam que, ebooks bem projetados propiciam às crianças aprendizagem 
igualmente bem, e às vezes mais do que dos livros impressos. Porém, os autores ressaltam 
que ebooks aprimorados com sons, animações e jogos podem distrair as crianças e reduzir 
a aprendizagem.
Há evidências na literatura de que aplicativos educacionais contribuem para o au-
mento lexical em crianças e pode ensinar habilidades de leitura e alfabetização. Consoante 
com este entendimento, em seu estudo sobre interatividade, toque de tela e aprendizagem 
da criança, Russo-Johnson et al. associaram positivamente o uso de tablet na aprendiza-
gem de palavras com provável transferência de aprendizagem ao objeto real, corroborando 
com Huber et al., que identificaram em sua pesquisa com crianças de 4 a 6 anos de idade, 
a capacidade de aprender e transferir aprendizagem de um dispositivo de toque de tela, 
aplicando esse conhecimento em suas interações.
39UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 39UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
No entanto, a literatura enfatiza a importância de se levar em consideração alguns 
fatores para o uso das mídias interativas por crianças na primeira infância: a restrição do 
tempo e seu conteúdo; atividades interativas versus atividades passivas; uso para diversão 
ou aprendizado em contraposição ao uso para “deixar a criança quieta” e principalmente, a 
importância da presença do adulto como mediador. A presença de um adulto compartilhan-
do com a criança a experiência de leitura para interpretar, dialogar e discutir propicia uma 
melhor interpretação e estimula o desenvolvimento da linguagem, o que diferencia do fato 
da criança interagir por ela mesma com a mídia interativa.
Fonte: NOBRE et al. (2021, p. 1130-1134).
40UNIDADE I Psicologia do Desenvolvimento 40UNIDADE II Psicologia da Aprendizagem
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO 
Título: Lutando contra as trevas: minha professora Anne Sullivan Macy
Autor: Hellen Keller
Editora: Fundo de cultura S. A. 
Sinopse: Hellen conta a sua história de lutas para estudar com a 
companhia e incentivo constante de sua professora Anne Sullivan, 
pessoa que sempre se esforçou para que Hellen atingisse seu 
potencial. A história de aluna e professora se confundem em uma 
trama em busca de inclusão.
FILME/VÍDEO 
Título: Helen Keller - O milagre de Anne Sullivan
Ano: 2000
Sinopse: Baseado em uma história real que conta o desafio viven-
ciado pela professora Anne Sullivan ao se dedicar a ensinar Helen 
Keller, uma menina cega e surda, muito superprotegida pelos pais.
Link do vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=OR7stkBVeJE
41
Plano de Estudo:
● Aspectos Psicológicos da Educação;
● Relações entre Desenvolvimento Humano e Aprendizagem;
● Aprendizagem e Maturidade.
Objetivos da Aprendizagem:
● Conceituar e contextualizar aspectos emocionais na aprendizagem;
● Compreender os estágios do desenvolvimento;
● Estabelecer a importância da relação entre desenvolvimento e aprendizagem.
UNIDADE III
Psicologia da Educação e
Psicologia do Desenvolvimento
Professora Me. Carolina dos Santos Jesuino da Natividade
42UNIDADE III Psicologia da Educação e Psicologia do Desenvolvimento
INTRODUÇÃO
A educação formal demanda muitos conhecimentos de áreas diversas para poder 
ter um olhar amplo sobre o processo ensino-aprendizagem. A psicologia da educação e a do 
desenvolvimento se complementam e influenciam-se reciprocamente, gerando novos co-
nhecimentos e possibilidades de intervenção baseada no que se sabe sobre como crianças 
se desenvolvem e que aprendizagens são mais fáceis e mais difíceis em cada momento. 
Quando os educadores reconhecem singularidades do desenvolvimento das crianças que 
acompanham fica mais simples compreender se os comportamentos e aprendizagens são 
os que se espera em dada fase ou se estão aquém ou além. É necessário reconhecer o 
impacto das emoções no processo de aprendizagem para que ela não limite o potencial 
do aluno nem interfira negativamente na relação entre alunos e entre aluno e professor. 
Visa-se discutir se há momentos muito favoráveis para certos tipos de aprendizagem e se 
a pessoa não aprender nesse período é possível desenvolver habilidades bem específicas 
como a linguagem. A plasticidade na aprendizagem tem sido observada em situações extre-
mas de baixa interação humana durante o desenvolvimento, levando a casos excepcionais 
de desenvolvimento com baixíssima aprendizagem no período em que frequentemente a 
criança tem uma explosão de assimilação de palavras novas. Mas a plasticidade é uma 
grande inspiração e motivação para que se ensine mesmo aqueles cuja história parece não 
ter favorecido. Pois pode-se aprender sempre! A relação entre desenvolvimento e apren-
dizagem na infância é muito próxima e foi muito bem investigada por Piaget (1978), que 
formulou uma teoria sobre o desenvolvimento do conhecimento baseado em observações 
sistemáticas com crianças de várias idades. Amparado nesse conhecimento o educador 
pode compreender o modo de pensar em cada momento da infância e se preparar para 
suas especificidades.
43UNIDADE III Psicologia da Educação e Psicologia do Desenvolvimento
1. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DA EDUCAÇÃO
Durante muito tempo na história, a própria família tinha como responsabilidade 
educar suas crianças para o trabalho. Com o processo de educação para a vida laboral 
cada vez mais distante da família, com sua formalização cabendo à instituição escola, 
observou-se a necessidade de vários saberes para se atingir os objetivos da educação. 
Quando as interações entre pessoas de valores e background (condições que antece-
dem uma situação, base de conhecimentos anteriores) diferentes se tornam intensas e 
frequentes é natural surgirem questionamentos sobre como interagir de modo harmônico. 
Se inicialmente a escola apenas observava o lado acadêmico de seus integrantes, com as 
experiências dentro de seus muros se observou que o lado emocional é fundamental na 
aprendizagem e obtenção de objetivos a longo prazo. Atualmente, é muito mais comum 
reconhecer o impacto positivo e negativo do lado psicológico na educação.
Félix (2007) ressalta o lado emocional como um aspecto que pode prejudicar a 
aprendizagem quando desvalorizado no ambiente escolar. O impacto dos problemas emo-
cionais pode não ser claro pois: “A primeira dessas razões é que um número significativo de 
alunos com dificuldades de aprendizagem tem, ao mesmo tempo, dificuldades emocionais, 
sociais e de conduta” (p.113). O mesmo autor destaca que o National Joint Committee 
of Learning Disabilities (Comitê Nacional Conjunto sobre Dificuldades de Aprendizagem) 
incluiu as deficiências de habilidades sociais na definição de problemas específicos de 
aprendizagem. Algo que faz muito sentido pois há elementos sociais na inteligência, como-
persistir em uma atividade que exige muito treino, como afirma Goleman (2001) ao descre-
ver que os melhores músicos e atletas são aqueles que se dedicaram várias horas a mais 
44UNIDADE III Psicologia da Educação e Psicologia do Desenvolvimento
de treino por semana do que os demais em sua área, atingindo a excelência devido ao fator 
emocional que leva a persistência. A interação entre inteligência emocional e desempenho 
acadêmico é reafirmada em Félix (2007, p.113):
De fato, não se pode entender o lugar que as pessoas ocupam na socieda-
de sem levar em conta a ‘inteligência emocional’, entendida não como mera 
capacidade acadêmica, mas também como a capacidade de saber usar os 
recursos emocionais e sociais na vida real.
Por muitos anos a educação formal apenas atentou para as capacidades acadê-
micas e a inteligência lógico-matemática e linguística. O que é pouco eficiente. Os dados 
obtidos com a observação sistemática de pessoas que utilizaram bem suas capacidades 
acadêmicas demonstra o quanto o emocional é um fator diferenciador que pode modular 
o quanto se expressará os

Outros materiais