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Prova 1 - TTPI

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TTP I – Primeira prova
Texto I - Psicanálise Silvestre (Selvagem) (1910)
Freud relata a experiência de quando foi procurado por uma dama de meia idade que vinha sofrendo de estados de angústia desde que se divorciara de seu marido. Ao procurar um médico, o mesmo lhe disse que seu problema estava relacionado à falta de satisfação sexual. Ofereceu à dama três modos de se livrar do sintoma: Retornar para o marido, ter um novo amante ou se satisfazer sozinha (três hipóteses inaceitáveis para a paciente, que se sente incurável).
A dama então procura Freud, recomendado pelo médico como a pessoa que poderia confirmar o que lhe fora dito. Ele então nos fala sobre a necessidade de não aceitar imediatamente como verdade o que é dito pelo paciente, visto que a dama lhe forneceu um relato claramente tendencioso sobre sua consulta com o outro médico. Porém, Freud se baseia no que foi dito pela mulher para fazer recomendações acerca das técnicas psicanalíticas envolvidas. 
1º - Se um médico julgar necessário discutir a sexualidade de uma mulher com a mesma, deve fazer isso com tato e consideração (o que coincide com certas regras da psicanálise). Nunca da forma direta e explícita como fez. 
2º - Ao se referir à "vida sexual" da mulher, o médico levou em consideração apenas o popular do termo – de que necessidades sexuais são necessidades de coito ou atos análogos que levem á um orgasmo. Não se atentou ao significado de "sexual" para a psicanálise, que abrange também todas as atividades dos sentimentos ternos que tem os impulsos sexuais primitivos como fonte, mesmo quando esses impulsos se tornam inibidos em relação ao seu fim sexual original ou que tiverem que trocar esse fim por outro que não mais é sexual. Portanto, pode haver também uma ausência mental de satisfação em pessoas que praticam relações sexuais frequentemente, visto que satisfação não depende de relação sexual. 
A psicanálise apresenta sim, a falta e satisfação sexual como causa de distúrbios nervosos, mas ela também diz muito mais sobre isso e que também deve ser considerado. Afirma que os sintomas nervosos se originam de conflitos entre a libido (quando se torna excessiva) e a rejeição da sexualidade (ou repressão intensa). Portanto, satisfação sexual não se constitui como único meio eficaz para curar os sofrimentos neuróticos. A libido está em conflito com as resistências internas, senão ela mesma apontaria esse caminho para a paciente.
Quem não partilha desta visão sobre psicossexualidade, não pode se considerar um analista baseado na psicanálise. 
3º - Ainda que o argumento do médico pudesse ser justificado, os conselhos dados não podem ser seguidos pela paciente. Se ela não tivesse resistências contra a masturbação ou a liberdade sexual, já teria os feito há muito. "Será que o médico acha que uma mulher com mais de quarenta anos não se dá conta de que pode ter um amante ou será que superestima tanto sua influência a ponto de julgar que ela nunca chegaria a se decidir sobre tal passo sem aprovação médica?"
4º - Deve-se ter cuidado ao dar o diagnóstico do paciente, considerando todos os aspectos e sintomas que determinam certo estado patológico e, primeiramente, o diferenciando de outros. A dama, no caso e para Freud, sofria de uma histeria de angústia, onde não se deve negligencias os fatores mentais, como o médico fez. Neurose de angústia e Histeria de angústia apresentam etiologias e tratamentos distintos. 
5º - As três alternativas propostas pelo médico anulam a necessidade de um tratamento analítico (tratamento considerado, para a psicanálise, principal remédio para os estados de ansiedade).
6º - Não é esclarecendo diretamente ao paciente qual o motivo recalcado de sua angústia que o mesmo irá se curar. Esse informe é apenas uma parte do tratamento, que não deve ser dissociada de todo o resto. O problema do paciente não está em ignorar seu estado, mas sim qual o fundamento dessa sua ignorância em suas resistências internas. Informar o paciente sobre seu inconsciente acarreta uma intensificação do conflito e uma exarcebação de seus distúrbios. 
A psicanálise não pode deixar de dar este esclarecimento ao paciente, mas antes deve ter atendido duas condições: A primeira é que o paciente deve ter alcançado ele próprio uma proximidade com aquilo que reprimiu; a segunda é que deve ter uma ligação suficiente (transferência) com o médico para que seu relacionamento emocional com esse torne uma nova fuga possível. (papel da transferência).
A intervenção requer um longo período de contato com o paciente e não pode, de maneira alguma, ser feita em um primeiro encontro. Isso só gera uma má imagem do médico para o paciente, impossibilitando qualquer influência ulterior.
7º - Sobre a formação do analista, Freud ressalta que o médico não pode saber apenas a teoria, os achados da psicanálise. Deve se ater às regras para que consiga aplicar as teorias. Essas técnicas são aprendidas com o tempo e com aqueles que já tem uma certa experiência a mais. 
8º - Sobre a IPA (International Psycho-Analytical Association), Freud destaca a necessidade de repudiar aqueles que tem práticas equivocadas e as chamam de psicanálise. A associação então tinha como intuito proteger a índole da psicanálise e cuidar pra que suas regras fossem respeitadas. 
Neste caso, portanto, o médico sofreu mais danos que a paciente em si. 
Texto II – As perspectivas futuras na terapêutica psicanalítica (1910)
Esse texto se direciona aos médicos da época que exerciam a psicanálise. Freud supunha que todos já haviam passado pelas duas fases de início de exercício da prática: O entusiasmo, pela descoberta das técnicas e de que as mesmas produzem efeitos visíveis aos pacientes; e a depressão, por todas as dificuldades apresentadas, apesar do empenho do analista. 
Aponta então, três direções para o fortalecimento da psicanálise:
(1) Progresso Interno:
(a) Avanços em nossos conhecimentos: Cada avanço no conhecimento significa um acréscimo de poder terapêutico. Quanto mais se compreende, mais se realiza, se alcança. 
No começo, a técnica consistia em esperar que o paciente dissesse tudo, gerando assim uma vontade do terapeuta em pressiona-lo. No momento do artigo, o tratamento se compõe em duas partes: a que o terapeuta infere e diz ao doente, e a que o doente elabora o que conseguiu ouvir. 
Um dos mecanismo de auxílio do analista é: Dar ao paciente a ideia antecipatória consciente (que ele espera encontrar) e assim fazê-lo se aproximar de sua ideia inconsciente reprimida, por meio da similaridade com a ideia consciente. Outro mecanismo é a transferência, a qual Freud não se aprofunda no momento. 
Diz que uma das novas coisas que temos que aprender sobre na psicanálise, é o simbolismo onírico e do inconsciente, muito contestado pelos opositores da teoria. 
(b) Inovações no setor da técnica (onde ainda havia necessidade de esclarecimentos. Há dois objetivos na técnica psicanalítica: poupar o esforço do médico e dar ao paciente mais irrestrito acesso a seu inconsciente. 
Se antes, no método catártico, o objetivo era afastar os sintomas (que depois retornavam) e sem desvendar seus complexos, agora é necessário descobrir e superar as resistências do paciente para chegar aos seus complexos que originaram os sintomas. 
As outras inovações técnicas se relacionam com o analista: 
O conceito de Contratransferência, que surge como resultado da influência do paciente em suas próprias questões inconscientes. O analista deve reconhecer e dominar a contratransferência, senão pode afetar a análise do paciente e guiá-la a partir de suas questões. Portanto, o analista deve sempre se submeter a uma auto análise, pois nenhum psicanalista avança além do quanto permitem seus próprios complexos e resistências internas. 
Mudanças de algumas técnicas psicanalíticas de acordo com a natureza da doença e suas tendências instintivas:
Histeria de angústia (fobias): Não se pode esperar que esse paciente expresse material necessário para resolver suas fobias, uma vez que se sentem protegidos por obedecer a situação que seestabeleceu. Deve-se auxilia-los ao interpretar o inconsciente, até que possam tomar uma decisão sem a proteção de sua fobia e sem que se exponha sua ansiedade. Somente após isso o material se torna acessível e conduz à solução da fobia. 
Neurose obsessiva: até que ponto se deve permitir, durante o tratamento, certa satisfação dos instintos que o paciente está combatendo? E que diferença faz se esses instintos são ativos (sádicos) ou passivos (masoquistas) em sua natureza?
(2) Aumento da autoridade: Quanto maior a autoridade (credibilidade) que um analista apresenta, maior confiança seu analisando terá nele. O ser humano é seduzido pelo imaginário, portanto, quanto mais o analisando sentir que seu analista está tratando com propriedade suas questões de análise, mais lhe confiará seus materiais. A autoridade é adquirida e crescente com o tempo, pois quanto mais o analista pratica, mais se apropria das técnicas e desempenha um bom trabalho. 
A sociedade, no entanto, não será a maior colaboradora deste alcance. Nos oferecerá resistência pois oferecemos à ela uma atitude crítica, pois atribuímos a ela papel importante na causa das neuroses. A sociedade então não olhará a psicanálise com bons olhos pois a acusa de destruir sonhos e comprometer ideais (quando critica a sociedade). 
Sobre as revisões nas técnicas, Freud explica que as verdades dolorosas continuarão sendo ditas pela psicanálise (e estas continuarão incomodando), continuarão tendo o mesmo destino, apenas de uma forma mais lenta. 
(3) Eficiência geral de nosso trabalho: Freud aponta como o diferencial da psicanálise é encontrar um meio de trazer á tona o que causa sofrimento ao paciente, sendo essa a "cura". Uma sociedade que adoece juntamente com essas neuroses também deve ser objeto de preocupação do terapeuta ao tratar de um paciente. Conforme a sociedade afrouxa a repressão dos sujeitos em determinados aspectos, certos sintomas se dissipam. 
Ao paciente, o interessante não é apenas classifica-lo como algo a partir de seus sintomas, e muito menos tornar de conhecimento público quais sintomas se encontram em cada estrutura, mas sim chegar ao reconhecimento da causa pela qual eles acontecem, tornando assim a defesa exercida por esses sintomas, desnecessárias. Se fosse de conhecimento geral, a fuga exercida pelo sintoma não aliviaria em nada a doença dos pacientes, pois todo mundo saberia o porque de seu sofrimento e a sociedade não seria muito receptiva. Portanto, sucumbiriam e teriam um prejuízo maior ainda que o causado por sua neurose. 
Não devemos também ter uma posição extremamente higienista e terapeutica perante aqueles que dependem destes sintomas para seguir sua vida, já que não suportariam a realidade da doença. 
Texto III - Recomendações aos médicos que exercem a psicanálise (1912)
O artigo trata de técnicas psicanalíticas que Freud aprendeu em sua própria experiência. Diz que muitas dessas técnicas podem ser resumidas em um preceito único: A relação entre a associação livre do paciente, que é a premissa para o acontecimento da análise, e a atenção flutuante do analista. Freud explica que, como aprendeu de suas experiências, estas técnicas são únicas e apropriadas á sua individualidade, mas pode servir como recomendação aos outros médicos, se assim os servirem.
(a) Problema do analista que está atendendo mais de um paciente por dia: a atenção flutuante, ou seja, conseguir lembrar dos detalhes ditos por diversos pacientes e sem confundi-los entre si. Não se recomenda ao analista tomar notas durante a sessão. Ao se preocupar em anotar dados, o analista está priorizando dados da ordem do consciente. Deve então simplesmente escutar, sem se preocupar se está lembrando de alguma coisa. 
O que é da ordem do consciente ficará retido na memória do médico. O que for desconexo, caótico e ainda submerso virá facilmente á tona quando um paciente traz à tona algum assunto com o qual possa relacioná-lo. A confusão com o material trazido por outro paciente raramente acontece e, quando o paciente cobra o analista sobre algo dito ou não dito por ele, o analista quase sempre tem razão. Isso porque o analisando pode contar como dito algo que ficou apenas em seu pensamento durante a análise. 
(b) Apesar de não recomendar a tomada de notas durante a sessão, pelos motivos citados acima e também por uma impressão desagradável que pode ser tomada pelo paciente, não há objeções no caso de datas, texto de sonhos, ou eventos específicos que podem ser facilmente desligados de seu contexto e apropriados para uso independente. Mas isso deve ser feito ao término da sessão. 
(c) A tomada de notas durante uma sessão pode ser justificada pela intenção de publicação de um estudo científico de caso. Porém, não se faz necessário uma transcrição detalhada das sessões, pois pode ser fatigante ao leitor e não acrescentar muito sobre a finalidade da análise. Quem está disposto a acreditar em um analista, acreditará em um sucinto resumo dado por ele e, quem não estiver, não acreditará nem em uma transcrição literal. 
(d). Não é recomendado que um caso seja usado para fins científicos enquanto ainda estiver em processo de análise, pois o mesmo pode sofrer influências em seu resultado. Os melhores casos são aqueles que correm sem qualquer intuito em vista. O analista deve evitar a especulação ou meditação sobre os casos enquanto estão em processo de análise, e só os submeter á um processo sintético de pensamento após a análise ser concluída. 
(e). Recomenda-se que o terapeuta seja metódico como um cirurgião, que se concentra em peso e se dedica inteiramente apenas em fazer o que deve ser feito pelo paciente. A justificativa para exigir tal frieza emocional é a garantia de vantagens para ambos os lados: para o analista, a preservação de sua própria vida emocional e, para o analisando, o máximo de auxílio e dedicação que o médico pode lhe dar. 
(f). Todas essas recomendações feitas aos médicos visam criar uma contrapartida á regra fundamental da psicanálise para o paciente. O analista deve colocar-se em posição de fazer uso de todo o material que é fornecido pelo paciente para análise, com fins de interpretação; e identificar o material inconsciente oculto, sem substituir sua própria censura pela seleção de que o paciente abriu mão. 
O inconsciente do médico é capaz de atuar como como receptor do inconsciente do paciente e, assim, partir do que lhe é comunicado sobre o mesmo para reconstruir esse inconsciente, que determinou as associações livres do paciente. 
A contratransferência também é material para análise do sujeito, e para que seja utilizada, deve se livrar das resistências do analista que ocultem de sua consciência o que foi percebido pelo inconsciente neste caso, desta forma não introduz á análise uma seleção e deformação ao material do analisando. 
Todo analista deve passar por uma autoanálise afim de conhecer melhor suas resistências e não deixar que elas interfiram na relação com o paciente. Quem não pratica a autoanálise, além de perder um conhecimento a mais sobre seus pacientes e sua prática, corre o risco de projetar algumas peculiaridades de sua própria personalidade, prejudicando o andamento de seus pacientes e colocando em risco a credibilidade da psicanálise. 
(g). Algumas outras regras que servem como transição da atitude do médico para o tratamento do paciente: 
 Não é aconselhado tentar estabelecer uma relação de trabalho se expondo e criando uma intimidade sobre sua vida com o analisando, pois assim o analista pode estar usando desse meio para tentar debater sobre as barreiras do paciente e acabar o prendendo nas barreiras de sua personalidade limitada. Tal aproximação viola certas técnicas psicanalíticas importantes para o andamento de uma análise. Tal intimidade também dificulta a relação de transferência que se estabelece entre o analisando e o analista. 
O médico deve ser opaco aos seus pacientes e, como um espelho, não lhes mostrar nada, exceto o que lhe é mostrado. 
(h). Quando as inibições evolucionárias estão solucionadas, acontece do médicose encontrar na posição de indicar novos objetivos para as inclinações que foram liberadas. Ou seja, quer transformar em especialmente excelente uma pessoa que ele livrar da neurose, e que determine altos propósitos para seus desejos. Porém, o médico deve sempre se guiar pela capacidade do paciente, e nunca por seus próprios desejos. 
(i). Até que ponto deve-se buscar cooperação intelectual do analisando ou de sua família? A recomendação é que isso não seja feito, pois pode atrapalhar o material de análise fornecido pelo paciente e levar o encontro a um debate teórico, sem realmente se ater as questões do inconsciente do sujeito. 
Texto IV - Observações sobre o amor transferencial (1915)
_________________________________________________________ 
Texto V - A dinâmica da transferência (1912)
Neste artigo, Freud aponta como surge a transferência em uma terapia analítica e como ela chega a desempenhar seu papel no tratamento. 
Todo ser humano, pela sua disposição inata e suas experiências de infância, tem um modo característico de conduzir sua vida amorosa, chamado de "clichês amorosos" (condições que estabelece para o amor, instintos que satisfazem os objetivos que coloca). Esses clichês se repetem sempre que possível na vida do sujeito. 
Somente uma parte dos impulsos que determinam a vida amorosa se concluem no desenvolvimento psíquico. Essa parte está a disposição da realidade (personalidade consciente). A outra parte dos impulsos libidinais se encontra detida em seu desenvolvimento, e pode expandir-se apenas na fantasia ou permaneceu inteiramente no inconsciente, desconhecida então para a consciência. 
Aquela parte da libido cuja necessidade de amor não é completamente satisfeita pela realidade se voltará para toda pessoa nova com expectativas libidinais, e ambas as porções tem participação nisso. 
É compreensível então que toda essa libido guardada e de prontidão se volte também para a figura do analista. O paciente então colocará o analista como objeto de seus clichês amorosos, e novamente, ambas as porções da libido tem parte neste processo. 
Por que a transferência, nos indivíduos neuróticos em análise, ocorre muito mais intensamente do que em outros, que não estão em análise? Por que a própria transferência já faz parte da estrutura neurótica, a situação da análise apenas facilita ainda mais para que ela aconteça. Um alto grau de ambivalência nos sentimentos é uma peculiaridade dos neuróticos, devido a separação dos pares opostos precocemente. Quando a transferência, nesse caso, se torna essencialmente negativa, acaba a possibilidade de influência e de cura. 
Por que a transferência se mostra como resistência na análise, mas temos que a admitir como portadora da cura também? 
Pois bem...
Introversão da libido: Precondição regular e indispensável de todo adoecimento neurótico. É quando a porção consciente da libido é diminuída e, inversamente proporcional, é aumentada sua porção inconsciente. Sendo assim, toma uma via de regressão e reanima as imagos infantis. A análise segue tentando reencontrar essa porção no inconsciente e traze-la de volta a consciência á serviço da realidade. Portanto, todas as forças que causaram a regressão da libido se apresenta como resistência ao trabalho, para conservar o novo estado das coisas. 
A introversão da libido acontece para compensar uma frustração com a realidade, mas só é possível pois suas forças conscientes sempre estiveram em atração com os complexos inconscientes, e caiu na regressão pois a atração da realidade havia relaxado. Para liberta-la, a repressão dos instintos inconscientes e de suas produções, desde então constituída no indivíduo, tem que ser eliminada (e é daí que vem a resistência). 
A psicanálise tem que levar em consideração a resistência em cada pensamento e ato do analisando, pois representam um compromisso entre as forças que visam a cura e as que a ela se opõem. 
Surgimento da transferência: A transferência surge em um ponto onde a resistência vigora tão claramente que a associação seguinte tem que leva-la em conta e aparecer como um compromisso entre suas exigências e as do trabalho de investigação. Quando algo do material do complexo se presta para ser transferido para a figura do analista, ocorre a transferência. Essa ideia transferencial irrompeu até a consciência antes de todas as outras pois satisfaz também a resistência. Isso pode acontecer diversas vezes durante a análise, sempre que um conteúdo emergir de tal forma. 
Quanto mais tempo o sujeito passa em análise, mais percebe que a distorção por transferência é mais vantajosa que a simples distorção do material patogênico, e se protege nela. Deve-se então saber manejar a transferência para que todos os conflitos possam ser resolvidos em seu âmbito. 
Por que a transferência se presta a servir como meio de resistência? A confissão de um sentimento é muito mais difícil de ser feita a pessoa objeto dele. Os sentimentos deslocados ao médico são pertencentes á outras imagos, e terão de ser tratados em análise. 
É preciso diferenciar os conceitos de Transferência Positiva e Transferência Negativa. 
Transferência Positiva é quando sentimentos amigáveis ou ternos, capazes de consciência ou seus prolongamentos no inconsciente, são endereçados ao analista. 
A transferência positiva possibilita que haja uma influência sobre um indivíduo por meio dos fenômenos de transferência nele possíveis (sugestão vinculada á transferência) - Sucesso da análise. 
Transferência Negativa: Sentimentos hostis, impulsos eróticos reprimidos. 
Portanto, apenas a transferência negativa se mostra como fonte de resistência na análise, e está frequentemente presente juntamente com a positiva, endereçada a mesma pessoa (ambivalência dos sentimentos).
Por fim: Na busca da libido que se extraviou do consciente, penetramos no âmbito do inconsciente. Esses impulsos do inconsciente não querem ser lembrados da forma que a terapia deseja (transferência negativa), mas sim se reproduzir de acordo com a atemporalidade e capacidade de alucinação do sujeito (transferência positiva). Perante esta vontade de "dar corpo" ao sentimento, o analista irá inserir estes impulsos afetivos no âmbito do tratamento e fazer o paciente conhecê-los, segundo seu valor psíquico. 
Texto VI – Recordar, Repetir e Elaborar (1914) 
É neste artigo que os termos presentes no título aparecem pela primeira vez. 
Freud faz uma retomada dos métodos utilizados pela psicanálise até o momento. Desde o método catártico de Breuer, onde o objetivo era fazer-se reproduzir os processos psíquicos do momento da formação do sintoma e ab-reagir estes; Passando este momento, após o abandono da hipnose, impôs-se a tarefa de descobrir, a partir de pensamentos espontâneos do paciente, o que ele não conseguia se lembrar e a resistência seria contornada pela interpretação e comunicação de seus resultados ao cliente; Por fim, a técnica utilizada no momento, onde o médico se contenta em estudar a superfície psíquica apresentada pelo analisando, utilizando a interpretação para reconhecer as resistências e torna-las conscientes ao sujeito. 
O médico então descobre as resistências desconhecidas e, sendo estas dominadas, o doente relata sem dificuldades as situações e nexos esquecidos. O objetivo da técnica, em termos descritivos, é preencher as lacunas da recordação e, em termos dinâmicos, superação do recalque. 
Algumas observações:
O esquecimento de experiências, impressões ou cenas vividas geralmente se reduzem a um "bloqueio" das mesmas, nunca foram pensadas conscientemente depois que aconteceram. Fala sobre a amnésia infantil, onde os fatos importantes são encobertos por memórias aparentemente sem importância. Nestas lembranças "sem importância" se encontram conteúdos importantes que devem ser extraídos por meio da análise. 
Fantasias, referências, sentimentos e conexões devem ser considerados separadamente em sua relação com o esquecer e o recordar. Nestes casos, se faz necessário lembrar de algo que nunca foi esquecido, pois nunca veio á tona pela percepçãoda consciência. 
Na neurose obsessiva: o esquecimento se limita á dissolução de nexos, não reconhecimento de sequências lógicas e isolamento de recordações. 
A diferença do método de hipnose para a técnica atual é que, nesta, o analisando não recorda totalmente o que foi esquecido e reprimido, mas sim o atua. Ele não reproduz a lembrança, mas como ato, ele o repete sem saber que o faz. (Ex.: diz que não se lembra de ter agido de modo rebelde com os pais, mas se comporta de tal maneira diante do analista). 
No começo da terapia, ao explicarmos ao paciente a regra básica da psicanálise e esperarmos que ele nos fale abertamente, nos deparamos com o silêncio e a afirmação de que nada lhe ocorre. "Enquanto permanecer em tratamento, não se livrará desta compulsão de repetição; por fim compreendemos que este é seu modo de recordar".
Relação da compulsão de repetição com a transferência e a resistência: A transferência nada mais é que a repetição dos clichês amorosos na vida do paciente. A compulsão em repetir, nesse caso, toma o lugar do impulso á recordação. Na resistência, quanto maior ela é, mais o recordar será substituído pelo atuar (repetir). As resistências determinam a sequência do que será repetido a partir do ponto em que a transferência do analisando com o analista toma aspectos negativos. 
O que o analisando repete ou atua de fato? Tudo o que é proveniente do reprimido e que já se impôs em seu conteúdo manifesto: suas inibições e atitudes inviáveis, seus traços patológicos de caráter. Também repete todos os seus sintomas durante o tratamento. 
A doença do paciente não vai cessar imediatamente com o início do tratamento, e não deve ser tratada como assunto histórico, mas sim como poder atual. Essa doença vai ser afastada aos poucos, exercendo nosso papel de ajuda na recondução do passado a partir do que o paciente vivencia como algo real e atual. 
Repetição no tratamento analítico atual significa conjurar uma fração da vida real, e por isso não pode ser inócuo e irrepreensível em todos os casos. "Piorar durante a terapia" é frequentemente inevitável. 
Ao iniciar o tratamento, o paciente passa a deixar de lamentar e desprezar sua doença, reprimindo-a. Com o tempo e durante a análise, vai conquistando coragem para dirigir sua atenção aos fenômenos de sua doença e esta se torna um adversário digno de onde pode extrair algo para sua vida futura. 
O analista tenta manter no âmbito psíquico do paciente todos os impulsos que o mesmo gostaria de dirigir para o âmbito motor, e comemora quando consegue dar solução a algo que o paciente queria descarregar por meio da ação. O melhor modo de proteger o paciente dos danos que traria a realização de seus impulsos é proibi-lo de tomar decisões vitais durante o tratamento e esperar a cura de seus sofrimentos para esses propósitos. (O tratamento, na época, era mais intenso pois haviam encontros todos os dias durante a semana). Porém, é de se levar em conta que é também com os prejuízos que as pessoas aprendem. A resistência gerada pela transferência pode fazer com que um paciente abandone um tratamento antes mesmo que o mesmo faça algum efeito, e não há muito que o analista possa fazer sobre. 
O principal meio de domar a repetição do paciente e transformá-la em um motivo para recordação está no manejo da transferência. A compulsão se torna inofensiva quando há permissão para vigorar em determinado âmbito (transferência). Quando um paciente está solícito a ponto de respeitar as condições básicas do tratamento, conseguimos dar novo significado aos sintomas da doença, transformando sua neurose ordinária (histeria, obsessiva) em uma neurose de transferência (artificial), onde seu sofrimento pode ser curado pelo trabalho terapêutico. 
A superação das resistências tem início quando o médico descobre uma resistência jamais percebida pelo paciente e o comunica. Mas o médico deve ter em mente que nomear uma resistência não irá necessariamente conduzir à sua imediata cessação. É preciso dar tempo ao paciente para que ele se acostume com a resistência agora percebida, para que a ELABORE, e que consiga supera-la e prosseguir o tratamento na regra fundamental da análise. 
Texto VII – Construções em análise (1937)
Artigo em que Freud, quase no fim de sua vida, revisita sua teoria e faz alguns apontamentos sobre as mudanças ocorridas. 
(I)
Aponta a visão de “sim ou não” fornecida pelos pacientes. Após críticas á teoria psicanalítica, onde era dito que um não do paciente seria interpretado como resistência pelo analista, não aceitando um erro em sua análise, Freud aponta a necessidade de estar atento aos apontamentos que são feitos, deixando esclarecido que a psicanálise é um processo de construção, onde nenhum diagnóstico é feito a partir de uma única fala, mas sim de todo o conjunto da análise feita por todo o material fornecido pelo sujeito. 
O trabalho da análise visa induzir o paciente a abandonar repressões próprias de seu desenvolvimento primitivo e as substituir por reações que correspondam a uma condição psiquicamente madura. O paciente é levado a recordar certas experiências e os impulsos afetivos por elas invocados, os quais são esquecidos no presente. Que tipo de material o paciente nos fornece para que possamos o conduzir a recuperação das lembranças perdidas? 
1 – Fragmentos dessas lembranças em seus sonhos;
2 – Produzindo ideias em “associação livre” que são alusões às experiências reprimidas e derivados dos impulsos afetivos recalcados;
3 – Sugestões de repetições dos afetos pertencentes ao material reprimido encontradas nas ações do sujeito. 
4 – Repetições de reações que datam a tenra infância e tudo o que é indicado pela transferência em conexão com essas repetições. 
Há duas tarefas distintas no processo de análise, a do analista e a do analisando, ambas buscando um quadro dos anos esquecidos pelo paciente. A tarefa do analisando é ser induzido a recordar algo que foi por ela experimentado e reprimido. A tarefa do analista é completar aquilo que foi esquecido a partir de traços que deixou atrás de si, mais corretamente, construí-lo. A relação entre as duas partes na análise é que vai determinar quando e de qual modo tais construções são comunicadas ao analisando. Construção, então, seria completar o que foi esquecido a partir de traços deixados pelo analisando para combinar estes fragmentos. 
Lidar com a tarefa de reconstruir a partir do material fornecido pelo analisando é uma tarefa árdua, pois com frequência só atingirá um certo grau de probabilidade. Depende exclusivamente do trabalho analítico obtermos sucesso em trazer à tona o que está completamente oculto. 
(II)
A construção não é o objetivo final da análise, e sim um trabalho preliminar, no sentido de que alterna entre completar um fragmento e comunica-lo ao paciente para assim, agirem sobre ele. Constrói então, outro fragmento a partir do novo material que é oferecido pelo paciente, e assim por diante. 
Há de se saber que construção não tem o mesmo significado que interpretação. Interpretação é algo que se faz a algum elemento isolado do material, tal como uma associação ou uma parapraxia. Pode ser feita pelo analisando, independente da figura do analista. 
Como o analista sabe que não está cometendo equívocos em suas construções? O paciente permanecerá intocado pela construção apresentada, não demonstrando nem um “sim” e nem um “não”. Nada mais irá se desenvolver a partir da construção apresentada, e podemos admitir isso ao paciente em alguma ocasião apropriada (quando apresentarmos uma construção melhor), sem comprometimento de nossa autoridade. Nenhum dano é causado se, ocasionalmente, cometermos um equívoco e oferecermos uma construção errada, porém é necessário estar atento ás conclusões que se apresentam, pois, um analista que muito apresenta combinações falsas pode aparentar ao paciente não estar envolvido com o processo de análise, criando uma impressão não boa e levar o analisando ao abandono do tratamento. 
Sobre as críticas acerca da não aceitação do “não” vindo do paciente, Freudexplica que a teoria psicanalítica nos ensina a pensar como ambíguos os conceitos de “sim” ou “não” expressados pelo analisando. Um “sim” não tem valor, ao menos que seja acompanhado de confirmações indiretas ou que imediatamente após produza lembranças que completem e ampliem a construção. Assim como um “não” só é equivalente quando a construção realmente não produz um efeito no analisando. Tudo que o paciente apresenta ao analista é ouvido e analisado com muita atenção, mas quase sempre seus conteúdos são ambíguos e/ou derivam ainda mais informações e detalhes, o que torna o processo mais trabalhoso. 
Retroação: Só o curso posterior da análise nos mostrará se acertamos ou erramos na construção apresentada.
(III)
As construções no percurso de análise são decorrentes de delírios. Uma construção apropriada produz convicção nas memórias resgatadas pelo paciente, mesmo se as mesmas não sejam reais. Isso ocorre pois houve um êxito na quebra da resistência, levando o “impulso ascendente” do reprimido a conduzir importantes traços da memória à consciência, mesmo que a deslocando para objetos adjacentes de menor significação. 
É tarefa da análise (e material da mesma também) dar devida atenção aos delírios do paciente, pois é por meio deles que o material reprimido está, indiretamente, atingindo a consciência. Os objetos alocados erroneamente na impressão de realidade que o sujeito tem a partir do delírio pode nos ajudar ainda mais a entender a cena que aconteceu de fato, já que estes (objetos) tem uma ligação com a realidade e por este motivo estão presentes na alucinação.

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