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Resenha - FREUD Recomendações aos médicos que exercem a Psicanálise (1912)

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Resenha – RECOMENDAÇÕES AOS MÉDICOS QUE EXERCEM A PSICANÁLISE 
(1912). 
 
FREUD, Sigmund. RECOMENDAÇÕES AOS MÉDICOS QUE EXERCEM A 
PSICANÁLISE (1912). In: Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de 
Sigmund Freud [ESB]. Rio de Janeiro: Imago, [s/d.], v. XII, 1996. p.66-73 (pdf). 
 
Resenha 
 Freud inicia o texto dizendo as regras técnicas foram alcançadas por sua própria 
experiência. Sua finalidade nesse texto é poupar os médicos que exercem a psicanálise de um 
esforço desnecessário ao mesmo tempo em que os resguarda de algumas inadvertências. No 
início do texto Freud deixa claro que os métodos são individuais, devem ser como um 
pensamento pessoal. Um médico pode ser levado a adotar atitudes diferentes em relação aos 
seus pacientes. 
 Em seguida, o autor aborda alguns pontos que acha importante considerar como 
recomendações aos médicos nessa tarefa: 
 
a) A tarefa de lembrar-se de todos os casos e não confundi-los com os demais produzidos 
por outros pacientes. A técnica é simples, ela rejeita o emprego de qualquer expediente 
especial (mesmo anotações). Consiste em não dirigir o reparo para algo específico e 
em manter a mesma ‘atenção uniformemente suspensa’ diante de tudo o que se escuta. 
O analista, ao seguir suas expectativas ao efetuar a seleção, estará arriscado a não 
descobrir nada além do que já sabe. Seguindo suas inclinações, falsificará o que possa 
ser percebido; ou seja, estará jogando fora a maior parte da vantagem que resulta de o 
paciente obedecer à ‘regra fundamental da psicanálise’. Para o médico a regra é: ‘Ele 
deve conter todas as influências conscientes da sua capacidade de prestar atenção e 
abandonar-se inteiramente à ‘memória inconsciente” (deve simplesmente escutar e não 
se preocupar se está se lembrando de alguma coisa). É raro ocorre confusão com 
material trazido por outros pacientes. 
b) Não é aconselhável tomar notas integrais das sessões, pois poderá causar impressão 
desfavorável a certos pacientes, as mesmas considerações que foram apresentadas com 
referência à atenção aplicam-se também aqui. Há perdas numa seleção do material 
enquanto se escrevem, além disso, parte da atividade mental permanece presa nesse 
ato, ao passo que seria mais bem empregada na interpretação do que se ouviu. Não há 
objeção a esta regra no caso de datas, texto de sonhos, ou eventos específicos dignos 
de nota. Esses devem ser anotados após o trabalho se encerrar. Diante de textos de 
sonhos importantes, o paciente deverá repeti-los, a fim de que sejam fixados na mente 
do analista. 
c) Tomar notas durante a sessão com o paciente poderia ser justificado pela intenção de 
publicar um estudo científico do caso. Porém, Freud adverte que relatórios exatos de 
histórias clínicas analíticas são de pequeno valor. Sua experiência demonstrou que, se 
os leitores estão dispostos a acreditar num analista, terão confiança em qualquer 
revisão ligeira a que ele tenha submetido o material; caso contrário, tampouco darão 
atenção a registros literais do tratamento. 
d) Uma das reivindicações da psicanálise é o fato de que, em sua execução, pesquisa e 
tratamento coincidem, a técnica exigida por uma opõe-se à requerida pelo outro. A 
conduta correta para um analista reside em oscilar, de acordo com a necessidade, de 
uma atitude mental para outra, em evitar especulação ou meditação sobre os casos, 
enquanto eles estão em análise, e em somente submeter o material obtido a um 
processo sintético de pensamento após a análise ter sido concluída. 
e) O tratamento psicanalítico não deve ser comparado como a atuação de um cirurgião, 
que põe de lado todos os sentimentos, até mesmo a solidariedade humana. O 
sentimento mais perigoso para um psicanalista é a ambição terapêutica de alcançar, 
mediante este método novo e muito discutido, algo que produza efeito convincente 
sobre outras pessoas. A justificativa para exigir essa frieza emocional no analista é que 
ela cria condições mais vantajosas para ambas as partes: para o médico, uma proteção 
desejável para sua própria vida emocional, e, para o paciente, o maior auxílio que lhe 
podemos hoje dar. 
f) As diferentes regras convergem para criar, para o médico, uma contrapartida à ‘regra 
fundamental da psicanálise’ estabelecida para o paciente. Assim como o paciente deve 
relatar tudo o que ele percebeu em sua auto-observação e impedir todas as objeções 
lógicas e afetivas que intentam induzi-lo a fazer uma seleção dentre elas, também o 
médico deve colocar-se em posição de fazer uso de tudo o que lhe é dito para fins de 
interpretação e identificar o material inconsciente oculto, sem substituir sua própria 
censura pela seleção de que o paciente abriu mão. Nesse contexto, um dos muitos 
méritos da escola de análise de Zurique é o fato de terem eles dado ênfase aumentada 
a este requisito, e terem-no corporificado na exigência de que todos que desejem 
efetuar análise em outras pessoas terão primeiramente de ser analisados por alguém 
com conhecimento técnico. Aqueles que apreciam o alto valor do autoconhecimento e 
aumento de autocontrole assim adquiridos continuarão, no término da análise, o exame 
analítico de sua personalidade sob a forma de auto-análise, e ficarão contente em 
compreender que, tanto dentro de si quanto no mundo externo, deverão sempre esperar 
descobrir algo de novo. Mas quem não se tiver dignado tomar a precaução de ser 
analisado não só será punido por ser incapaz de aprender um pouco mais em relação a 
seus pacientes, mas correrá também perigo mais sério, podendo ser também para 
outros. Cairão facilmente na tentação de projetar para fora algumas das peculiaridades 
de sua própria personalidade, que indistintamente percebeu, no campo da ciência, 
como uma teoria de validade universal; levarão o método psicanalítico ao descrédito e 
desencaminhará os inexperientes. 
g) Outras regras, que servirão como uma transição da atitude do médico para o 
tratamento do paciente. Os psicanalistas inexperientes ficarão tentados a colocar sua 
própria individualidade no debate, a fim de levar o paciente com eles e de erguê-lo 
sobre as barreiras de sua própria personalidade limitada. Poder-se-ia esperar que seria 
inteiramente permissível e, na verdade, útil, com vistas a superar as resistências do 
paciente, conceder-lhe o médico um vislumbre de seus próprios defeitos e conflitos 
mentais e, fornecendo-lhe informações íntimas sobre sua própria vida, capacitá-lo a 
pôr-se ele próprio, paciente, em pé de igualdade. Uma confidência merece outra e todo 
aquele que exige intimidade de outra pessoa deve estar preparado para retribuí-la. Mas 
nas relações psicanalíticas as coisas amiúde acontecem de modo diferente do que a 
psicologia da consciência poderia levar-nos a esperar. A experiência não fala em favor 
de uma técnica afetiva deste tipo. Torna-o ainda mais incapaz de superar suas 
resistências mais profundas e, em casos mais graves, invariavelmente fracassa, por 
incentivar o paciente a ser insaciável: ele gostaria de inverter a situação, e acha a 
análise do médico mais interessante que a sua. A solução da transferência, também –
uma das tarefas principais do tratamento, é dificultada por uma atitude íntima por 
parte do médico, de maneira que qualquer proveito que possa haver no princípio é 
mais que superado ao final. Freud condena este tipo de técnica como incorreto. O 
médico deve ser opaco aos seus pacientes e, como um espelho, não mostrar-lhes nada, 
exceto o que lhe é mostrado. 
h) Outra tentação ao médico é a atividade educativa. Ele não deve guiar-se por seus 
próprios desejos e sim pelas capacidades do paciente porque nem todos possui 
condições de sublimação; podendo enfermar por não possuírem a arte de sublimar 
seus instintos. Lembrando que muitas pessoas caem enfermas devido à tentativa de 
sublimar os seus instintos além do grau permitido por sua organização e que, naqueles 
que possuem capacidadede sublimação, o que ocorre espontaneamente, logo que suas 
inibições são superadas pela análise. 
i) Até que ponto deve-se buscar a cooperação intelectual do paciente no tratamento? Em 
todos os casos, porém, cautela e autodomínio devem ser observados a este respeito. É 
errado determinar tarefas ao paciente, tais como coligir suas lembranças ou pensar 
sobre um período específico de sua vida. Pelo contrário, ele tem de aprender que 
atividades mentais, não solucionam nenhum dos enigmas de uma neurose; isto só pode 
ser efetuado ao se obedecer pacientemente à regra psicanalítica, que impõe a exclusão 
de toda crítica do inconsciente ou de seus derivado. Deve-se ser inflexível a respeito 
da obediência a essa regra com pacientes que praticam a arte de desviar-se para o 
debate intelectual durante o tratamento, que teorizam muito sabiamente sobre o seu 
estado e, dessa maneira, evitam fazer algo para superá-lo. E ainda a mais séria 
advertência contra qualquer tentativa de conquistar a confiança ou apoio de pais ou 
parentes dando-lhes livros psicanalíticos para ler. Esta medida bem intencionada tem o 
efeito de fazer surgir a oposição natural dos parentes ao tratamento – oposição fadada 
a aparecer – de maneira que o tratamento nunca é sequer iniciado. Com referência ao 
tratamento de seus parentes, deposito pouca fé no seu tratamento individual.

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