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FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA FRANCISCO AVELAR RODRIGUES JÚNIOR MICRORREVESTIMENTO ASFÁLTICO A FRIO: VANTAGENS E CONTROLE TECNOLÓGICO SOBRAL - CE 2020 FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA FRANCISCO AVELAR RODRIGUES JÚNIOR MICRORREVESTIMENTO ASFÁLTICO A FRIO: VANTAGENS E CONTROLE TECNOLÓGICO Artigo Científico apresentado à Faculdade Única de Ipatinga, como parte das exigências para a conclusão da pós-graduação em Engenharia de Pavimentação Asfáltica. SOBRAL - CE 2020 MICRORREVESTIMENTO ASFÁLTICO A FRIO: VANTAGENS E CONTROLE TECNOLÓGICO Francisco Avelar Rodrigues Júnior Engenheiro Civil, Pós-Graduado em Eng. de Segurança do Trabalho RESUMO O microrrevestimento asfáltico a frio (MRAF) é um processo que, por se tratar de uma solução economicamente viável e de fácil aplicação, vem sendo utilizado constantemente em obras de manutenção e conservação de rodovias. Os agregados minerais representam cerca de 90% do peso final da mistura e, de acordo com a especificação padrão de serviço, o ligante adequado para sua utilização é a emulsão asfáltica do tipo ruptura controlada modificada por polímeros (RC1C-E). Entretanto, como nem sempre os locais e condições de aplicação são ideais, os métodos de controle e execução do microrrevestimento não são suficientes para se obter o desempenho ideal da mistura. Cabe destacar que, a qualidade do MRAF depende principalmente de fatores como a seleção e caracterização adequadas dos materiais da mistura, presença de usina móvel apropriada para execução e equipamentos auxiliares em bom estado de conservação e, além disso, equipes operacionais capacitadas para a execução e controle da qualidade dos serviços. O objetivo geral deste trabalho é descrever resumidamente os processos e exigências da execução do MRAF, relatando os vantagens e propósitos de sua utilização. Dessa forma, por meio desta pesquisa, busca-se ressaltar a importância do seguimento dos parâmetros de norma e, além disso, relata sobre os ensaios decorrentes do controle tecnológico da execução, garantindo a qualidade total do serviço. Palavras chave: Microrrevestimento. Conservação. Execução. Qualidade. 1. Introdução Os projetos de pavimentos asfálticos são realizados considerando uma vida útil pré- determinada. Para garantir que o pavimento consiga atingir a sua vida útil com aceitável nível de serviço, é necessário realizar atividades de manutenção preventiva em sua superfície. Geralmente, dentre as mais comuns, são empregadas as seguintes técnicas para manutenção de rodovias: Tratamentos Superficiais (TS), a Lama Asfáltica (LA), o Microrrevestimento Asfáltico a Frio (MRAF) e o Cape Seal (CS). Dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT), comprovam que, na Rodovia Presidente Dutra BR-116/SP, em 1997, foi executado o primeiro microrrevestimento asfáltico a frio no Brasil. A partir daí houve grande interesse das empresas responsáveis pelas concessões rodoviárias, devido a qualidade dos resultados obtidos e sua efetiva economia no aumento da vida útil do pavimento. Atualmente, a nível mundial, o MRAF tem sido uma das técnicas mais utilizadas em serviços de conservação preventiva de rodovias (ROBATI et al., 2015; POURSOLTANI et al., 2017; SIMÕES et al., 2017). Consiste em uma mistura asfáltica aplicada a frio, constituída de agregado miúdo, pedrisco, filler, emulsão asfáltica modificada por polímero elastomérico, água e aditivos, projetada para ser aplicada em consistência fluida com o uso de usina móvel. Sistema derivado da lama asfáltica, o MRAF surgiu na Europa, em meados de 1970, e foi introduzido nos Estados Unidos na década de 1980 (BROUGHTON et al., 2012). Desde então, a técnica difundiu-se rapidamente por diversos países ao redor do mundo (KUMAR; RYNTATHIANG, 2016). Segundo Reis (2005), o MRAF é uma das alternativas mais viáveis para solucionar patologias funcionais do pavimento. Silva et al. (2009) adotaram o MRAF para corrigir problemas na rodovia estadual ES-440 e também obtiveram bons resultados. Vale (2003) estudou o MRAF monitorando alguns segmentos em rodovias do estado de São Paulo e concluiu que esse tipo de serviço melhora as condições de aderência e corrige problemas de afundamento de trilhas de roda. O autor ainda destaca que a qualidade dos materiais utilizados, especialmente a emulsão asfáltica, é fator decisivo para o sucesso da técnica. O MRAF apresenta algumas vantagens, tais como: exige pouca energia e é ecoeficiente (GUJAR et al., 2013); permite rápida abertura ao tráfego (LABI et al., 2007) e, além disso, funciona bem em rodovias de baixo, médio e alto volume de tráfego. A escolha de agregados de qualidade é decisiva no sucesso da aplicação da técnica, ou seja, os materiais que não se enquadram nos padrões mínimos exigidos pelas normas tendem a não obter uma boa compatibilidade com a emulsão asfáltica utilizada, ocasionando em tempos de ruptura prematuros, dificultando o espalhamento da massa, além de causar um desgaste prematuro da superfície. Além disso, o emprego de ligantes inadequados ou de baixa qualidade também é um fator que prejudica diretamente sua durabilidade. O microrrevestimento asfáltico a frio é um procedimento que, devido atingir resultados satisfatórios, vem se tornando muito comum. O processo busca prover ao pavimento uma camada de selagem inibidora de trincas, impermeabilização, rejuvenescimento e aumentar a adesão dos veículos em contato com a pista, garantindo, assim, o desempenho funcional da rodovia. O presente trabalho visa relatar sobre a importância da conservação e manutenção das rodovias, trazendo como alternativa o serviço de MRAF. Além disso, buscou-se relatar sobre o processo executivo e a aplicabilidade do controle tecnológico da qualidade, destacando alguns ensaios presentes no processo, mostrando a finalidade do serviço e apresentando as principais vantagens de sua aplicação, principalmente relacionadas ao prazo e ao custo. 2. Manutenção e revitalização de pavimentos rodoviários De acordo com DNIT IPR - 710 (2005), a conservação de um pavimento é um trabalho de rotina, periódicas ou emergenciais, realizadas afim de preservar as características da rodovia no início de sua operação, sob condições normais, da natureza e do trafego. De acordo com BERNUCCI et al. (2008), as causas de patologias nas rodovias são muitas, podendo ser ocasionadas tanto por um erro no dimensionamento do projeto quanto por problemas oriundos da má execução. No dimensionamento deve-se ter bastante atenção no fluxo de tráfego real e futuro, pois, em sua maioria, pode-se observar erros relacionados à previsão do fluxo futuro, devido a sua dificuldade de dimensionamento perante a vida útil de projeto. Além disso, em alguns casos, podem surgir patologias devido ao mau dimensionamento da superfície de terraplenagem, problemas de drenagem e incompatibilidade estrutural entre as camadas. É bastante notório que o processo de evolução das degradações de um pavimento toma como base um princípio de cadeia das consequências, ou seja, cada degradação não evolui isoladamente no tempo, ocasionando no surgimento de novas degradações, iniciando, assim, uma atividade em ciclo, onde as diferentes degradações passam a interferir mutuamente. Portanto, deve-se sempre adotar a medida mais adequada para cada caso. Inicialmente, deve-se buscar o desenvolvimento de um diagnóstico prévio das causas das patologias atuais ou previsíveis e buscar conhecer melhor sobre a estrutura do pavimento existente e as características dos seus materiais, tráfego, clima predominante e outros parâmetros da estrada, além dos diferentes procedimentos de reabilitação disponíveis. Segundo o manual de restauração de pavimentos asfálticosdo DNIT (2006), a condição de um pavimento representa o nível de degradação resultante dos processos associados ao meio ambiente e ao seu uso continuado pelo tráfego. A avaliação desta condição é possível por meio do conhecimento de diversos parâmetros de referência, já normalizados, que permitem a determinação das: • Condições de superfície; • Condições estruturais; • Condições de rugosidade longitudinais; • Avaliação das solicitações do tráfego; • Condições de aderência pneu/pavimento. Segundo Rocha (2010), quando o pavimento se aproxima do fim de sua vida útil, há a necessidade de manutenção e reparos com maior frequência. É, sobretudo, preciso fazer o diagnóstico das patologias do pavimento, determinando os defeitos e suas prováveis causas, buscando a partir deste levantamento determinar as possíveis soluções e qual dessas medidas é a mais viável. Ainda de acordo com Rocha (2010), as atividades de manutenção de pavimentos asfálticos consistem geralmente na execução de remendos, selagem de trincas e aplicação de capas selantes. Quando há a identificação e o reparo das patologias nas fases iniciais haverá uma maior eficiência dos serviços de manutenção, já que dessa forma será evitado a evolução dos defeitos e os custos de manutenção ou reabilitação do pavimento. De acordo com Haas e Hudson (1978), a forma de como o pavimento atende as condições de conforto e segurança para os usuários de determinada via é denominada serventia do pavimento. A manutenção deste compreende todas as intervenções que afetem, direta ou indiretamente, o nível de serventia atual e o desempenho futuro do pavimento, e pode ser de dois tipos fundamentais: • Conservação: Consiste no resultado de intervenções no pavimento que visam corrigir parcial ou totalmente suas deficiências funcionais. Ou seja, medidas corretivas aplicadas para evitar a degradação mais acelerada deste pavimento. • Restauração: É o processo pelo qual se deve trazer as condições funcionais e estruturais do pavimento a níveis aceitáveis (aumento da serventia), por meio de intervenções que sejam técnica e economicamente adequadas, o que implica que a durabilidade e o desempenho da solução implementada deva atender aos requisitos mínimos, além de levar a um retorno máximo do investimento realizado. Bernucci et al. (2008) relata que quando não existem problemas estruturais e a restauração é necessária para a correção de defeitos funcionais superficiais, são empregados geralmente os tipos de revestimentos a seguir, isolados ou combinados e antecedidos ou não por uma remoção de parte do revestimento antigo por fresagem: a) Lama asfáltica; b) Tratamento superficial simples ou duplo; c) Microrrevestimento asfáltico a frio e a quente; d) Concreto asfalto; e) Mistura tipo camada porosa de atrito, SMA ou misturas descontínuas. 3. Microrrevestimento Asfáltico a Frio (MRAF) De acordo com a norma DNIT 035/2018-ES, o microrrevestimento é uma mistura a frio processada em usina móvel especial, de agregados minerais, material de enchimento (filler), água, emulsão asfáltica com ruptura controlada modificada por polímeros elastoméricos e aditivos, com consistência fluida, uniformemente espalhada sobre uma superfície previamente preparada. Pode ser empregado como camada de selagem inibidora de trincas, impermeabilização, rejuvenescimento ou como camada antiderrapante de pavimentos, e é considerado como uma evolução das lamas asfálticas, pois usa o mesmo princípio e concepção, porém as emulsões modificadas com polímero aumentam a sua vida útil. A Figura 01 abaixo caracteriza uma situação de execução de microrrevestimento. Figura 01 – Execução de microrrevestimento. Fonte: Autor (2020). O MRAF apresenta em sua composição a presença de emulsão asfáltica modificada por polímero, afim de aumentar a sua vida útil, técnica derivada da evolução das lamas asfálticas (BERNUCCI, 2008). Segundo Cerratti (2011), o MRAF foi introduzido no Brasil por volta dos anos 1990 e desde lá vem tendo grande destaque, podendo ser utilizado para preenchimento de panelas superficiais de pequenas dimensões, reparos em trilhas de roda conforme o grau de acometimento do revestimento e não da consolidação da base, utilizado em deformações plásticas desde que não sejam superiores a 40mm. Em pavimentos com trincas interligadas tipo “couro de jacaré” e em blocos, há necessidade de fazer o reparo local e originário, antes da aplicação do MRAF, selando as manifestações para evitar a reflexão das trincas na camada de recapeamento. Ainda segundo Cerratti (2011), esta técnica é utilizada na manutenção e conservação de rodovias e vias públicas com pavimentação asfáltica apresentando bons resultados de desempenho. O principal campo da aplicação do MRAF é em pavimentos que sua estrutura não esteja comprometida, ou seja, na manutenção preventiva, rejuvenescendo a superfície do pavimento e melhorando as condições de conforto e aderência da pista. Para o DNIT, o microrrevestimento é uma excelente alternativa de restauração superficial de pavimentos deteriorados, sem comprometimento estrutural, com sub-base e base em bom estado. Para apresentação dos resultados e a garantia do desempenho desejado, esse tipo de serviço deve ser executado de acordo com uma metodologia de dosagem adequada, apresentando equipamentos apropriados e possuindo controles rigorosos. A especificação brasileira de serviço disponível é a DNIT 035/2018-ES. Na aplicação do microrrevestimento a espessura pode variar de 4 a, aproximadamente, 40mm, podendo ser utilizado em aeroportos, rodovias e vias urbanas. A execução do MRAF deve ser realizada com equipamentos especiais chamados usinas móveis, acopladas em chassis de caminhões, que garantam a continuidade no espalhamento. Devem conter silos para agregados, filler, fibras (quando houver), e ter tanques separados para água, aditivos e emulsão asfáltica, contando também com um dispositivo de mistura e caixa de espalhamento e nivelamento. Cabe destacar que, é bastante importante para a aplicação que a superfície esteja bem preparada. É necessário que algumas condições sejam verificadas, tais como: a avaliação das condições estruturais e funcionais do pavimento, a superfície deverá estar limpa, os serviços como tapa-buraco, selagem de trincas e remendos profundos devem ser executados antes da aplicação. Cerratti (2011) destaca que, um cuidado que deve ser tomado antes do início dos serviços é com a temperatura, não podendo ser inferior a 10ºC, e as chuvas, as quais podem ocasionar trincas e desgastes prematuros no MRAF. Os agregados devem ser estocados em locais que possa ser mantida umidade entre 3 e 4% para não ocasionar a segregação de finos e serem livres de contaminação por argilas. Os fillers necessitam ser estocados em local arejado e livre de umidade para que não formem grumos, prejudicando a mistura e a qualidade final de acabamento. A emulsão asfáltica deve ser reservada em tanques a temperatura ambiente e que possuam dispositivos de controle e manejo ambiental. Todos estes devem ser testados de acordo com a normativa vigente e a dosagem inicial de projeto, devendo ser imediatamente substituídos, caso não atenderem os parâmetros, para não prejudicar a qualidade final do produto. Segundo Brasquímica (2012), empresa no ramo de produtos asfálticos, dentre as finalidades de sua aplicação, destacam-se as seguintes: • Impermeabilizar revestimentos antigos com desgaste superficial; • Proteção de revestimentos recentes de graduação aberta; • Selar fissuras (<3mm) e melhoria estética de pavimentos antigos; • Elevar o coeficiente de atrito (pneu/pavimento/rugosidade); • Revestimento delgado sobre pavimento/preservação do greide da pista; • Camada autoaderente ao pavimento subjacente, salvo necessidade de pintura de ligação quando recomendada;• Enchimento (nivelamento de trilhas de rodas / < 2cm); • Prolongar período de vida útil dos pavimentos asfálticos. 4. Materiais utilizados e controle técnico na execução do MRAF De acordo Cerratti (2011), o controle tecnológico é um aspecto importante para que a qualidade do produto atinja o mínimo aceitável, sendo fundamental para certificar o desempenho, longevidade e atestando o padrão de qualidade estabelecido pelo projeto e normas técnicas pertinentes. Com o objetivo de garantir a devida execução do MRAF, existe todo um processo de controle tecnológico exigido por norma que, por meio de ensaios, busca-se atestar a qualidade dos materiais utilizados nesse tipo de procedimento. Por meio dos resultados desses ensaios específicos, pode-se constatar se o serviço executado atende as normas pertinentes e se os métodos de controle tecnológico foram aplicados de forma adequada, pois o não cumprimento das normas faz com que os serviços tenham que ser refeitos ou até mesmo perdidos. A qualidade dos materiais empregados no MRAF e a compatibilização entre eles são essenciais para a composição de uma mistura final com consistência adequada para aplicação, com tempo suficiente para evitar a ruptura da mistura durante a distribuição, tempo de cura eficiente para a rápida liberação ao tráfego e com coesão e resistência suficientes para evitar o desprendimento excessivo de partículas quando a camada pronta for submetida ao fluxo de veículos. Segundo Castro (2014), a utilização de materiais de boa qualidade é fator preponderante no sucesso de obras rodoviárias. O emprego de agregados de baixa qualidade no MRAF pode exigir a utilização de aditivos para melhorar os tempos de cura e ruptura. Devido aos altos custos desses aditivos, a aplicação do MRAF pode ser inviabilizada. Os principais materiais utilizados na composição do MRAF, como relatados anteriormente, são agregados minerais, emulsão asfáltica modificada por polímero, material de enchimento ou filler (cal hidratada ou cimento), água e, eventualmente, aditivos para retardamento de ruptura. Em casos específicos também pode haver a incorporação de fibras em sua composição. 4.1 Ensaios aplicados nos agregados De acordo com a FHWA (1994), os agregados constituem entre 82% e 90% do peso total do MRAF, dependendo da graduação e da aplicação, e, por isso, têm grande influência na sua qualidade final. Portanto, para que sejam obtidos melhores resultados, os agregados têm que ser 100% britados, limpos, resistentes, devem apresentar durabilidade e ser livre de partículas químicas absorvidas. O DNIT (2018) define a sistemática a ser empregada na execução de camada de MRAF com a utilização de emulsão asfáltica de ruptura controlada modificada por polímero elastomérico e estabelece que os agregados devem ser limpos, resistentes, livres de torrões de argila e substâncias nocivas e que atendam as seguintes características: • Desgaste Los Angeles igual ou inferior a 30% (DNER-ME 035/98). Entretanto, podem ser admitidos valores de desgaste maiores, no caso de desempenho satisfatório, comprovado em utilização anterior. Consiste no dimensionamento do desgaste sofrido por um agregado que, posto em uma máquina denominada “Los Angeles” juntamente com uma carga abrasiva, é submetido a um determinado número de rotações daquela máquina. O resultado é expresso pelo percentual, em peso, do material que passa pela peneira de abertura pré-determinada, após o término das rotações. Inicialmente, checa- se qual a graduação da norma que está mais próxima a ser empregada. Feito isto, retira-se da norma a massa de agregado a ser ensaiado bem como o número de esferas (carga abrasiva) a serem utilizadas no ensaio. • Durabilidade, perda inferior a 12% (DNER, 1994). Consiste em uma análise da durabilidade dos agregados por meio da desintegração química. • Equivalente de areia igual ou superior a 65% (DNER, 1997). Consiste na determinação da razão existente entre o nível superior de areia e a altura do nível superior da suspensão argilosa de uma determinada quantidade de agregado miúdo imerso em uma solução presente em uma proveta. O ensaio tem por objetivo verificar a quantidade de impurezas presentes no agregado, conferindo assim a qualidade do mesmo. • Adsorção no azul de metileno, máximo 10 ml (ABNT, 2017c). Consiste na determinação da reatividade da fração fina do agregado, que influencia em parâmetros como o tempo de ruptura e cura da emulsão asfáltica. • Índice de forma superior a 0,5 (DNER 1994). Consiste na determinação da variação das dimensões das partículas nos eixos multidirecionais dela. A forma do agregado influencia diretamente na trabalhabilidade e resistências das misturas asfálticas. Essa norma do DNIT (2018) tornou-se mais exigente quanto à qualidade dos agregados do que sua anterior, a DNIT (2005), adotando valores mínimos aceitáveis similares aos adotados pela ISSA (2010). Já a ABNT (2003) é mais flexível quanto às exigências nos ensaios de qualidade, admitindo Desgaste por abrasão Los Angeles de até 40% e equivalente areia mínimo de 60%. Quanto à graduação dos agregados, a DNIT (2018) define três possíveis faixas granulométricas para o enquadramento da mistura de agregados para compor o MRAF de acordo com a finalidade e local onde será aplicado. Essas faixas estão expressas na Tabela 01 localizada abaixo. Tabela 01 – Composição granulométrica da mistura de agregados. Fonte: Adaptado pelo autor (2020). Segundo DNIT (2018), a faixa I deve ser utilizada em rodovias de média intensidade de tráfego e aeroportos. Também pode ser utilizada em pavimentos mais envelhecidos para proporcionar o selamento de trincas existentes. Já as faixas II e III devem ser utilizadas em rodovias de tráfego pesado, correção de trilhas de roda, camada de texturização ou nivelamento. 4.2 Ensaios aplicados na Emulsão Asfáltica Segundo a ISSA (2010), DNIT (2018) e ABNT (2003), a emulsão asfáltica catiônica modificada por polímero elastomérico (RC1C-E) deve ser o ligante asfáltico a ser utilizado no MRAF. A Resolução nº 32 de 2009 da Agência Nacional de Petróleo (ANP), diz que as emulsões asfálticas catiônica são um sistema constituído pela dispersão de uma fase asfáltica em uma fase aquosa por meio de um agente emulsificante ácido, com carga positiva de partícula, utilizada em serviços de pavimentação. Dessa forma, o RC1C-E é constituída por uma dispersão de cimento asfáltico modificado por polímeros em fase aquosa ou por emulsões asfálticas convencionais com adição de elastômeros, com ruptura controlada. A incorporação desses elastômeros proporciona melhorias nas propriedades físico-químicas do asfalto residual, sendo, por isso, considerada uma evolução das emulsões convencionais. A quantidade de polímero que a emulsão deve conter é de cerca de 3% do peso de asfalto residual. A emulsão e o agregado juntos representam mais de 95% do peso final do MRAF, por isso, uma interação adequada entre os dois é essencial para que se atinja desempenho satisfatório na mistura. De acordo com a norma ABNT (2003), a quantidade mínima e o tipo de polímero modificador a serem utilizados na emulsão devem ser determinados pelo desempenho da mistura nos ensaios de laboratório e estão baseados no teor, em peso, do asfalto residual. A Tabela 02 traz as especificações da emulsão RC1C-E a ser utilizada no MRAF, de acordo com a ABNT (2003). Tabela 02 – Especificações de emulsões asfálticas para MRAF. Fonte: Adaptado pelo autor (2020). Com o objetivo de obter as características da emulsão asfáltica a ser utilizada na mistura e garantir a excelente qualidade da execução, os ensaios de sedimentação, peneiramento, resistência à água, resíduo seco por evaporação e viscosidade Saybolt furol são considerados os mais comuns e, geralmente, são realizados em laboratório, com a utilização de aparelhose equipamentos adequados e aferidos. 4.3 Ensaios aplicados na Mistura Após a seleção dos materiais que atendam às condições estabelecidas pela normativa reguladora de execução do MRAF em determinada região, como visto anteriormente, deve-se dosar as proporções dos materiais que farão parte da mistura final a fim de verificar a compatibilidade entre eles e de atender às exigências mínimas quanto ao desempenho do MRAF também estabelecidas por norma. A Figura 02 caracteriza uma coleta in loco do material aplicado em pista. Figura 02 – Realização de coleta para verificação de controle tecnológico. Fonte: Autor (2020). A norma da ISSA (2010), afirma que o projeto de mistura deve ser realizado com os materiais que serão aplicados em campo e deve avaliar a compatibilidade entre eles. Para Vale (2003), o projeto de dosagem do MRAF deve selecionar e determinar as quantidades de materiais a serem empregados e não necessita de dimensionamento, uma vez que o objetivo principal do MRAF é a recuperação funcional. Os teores de aditivos e água devem ser selecionados de acordo com a qualidade dos materiais e condições climáticas do local onde será executada a obra. Os ensaios em questão, assim como os citados anteriormente, também buscam atestar a qualidade do serviço executado, porém estes agem sobre a mistura dos materiais, constatando o devido seguimento dos padrões normativos. • Determinação do teor ótimo de água: Uma das mais importantes determinações a se considerar, define a quantidade ótima de água, para que não se permita um teor exagerado de água. Considera-se aceitável uma emulsão que apresenta até 5% de diferença entre os valores de resíduos asfálticos do topo e da base da proveta. Nos casos em que se encontra resultados contrários, haverá a separação da emulsão em duas fases, uma líquida, que corresponde a fase aquosa no topo, e uma pastosa, que corresponde ao ligante asfáltico na base. • Determinação dos tempos de ruptura e cura da mistura por meio de ensaio mecânico: Para realização desses ensaios é necessário a utilização de uma prensa e de moldes apropriados para os corpos-de-prova. A cura de uma mistura a frio atinge sua totalidade quando se alcança a completa coesão entre as partículas dos agregados e do asfalto. Significa que a água foi totalmente deslocada da superfície pelo ligante. O tempo deste processo depende de uma série de fatores, porém, o principal é o tipo de emulsão utilizada. 5. Benefícios da utilização do MRAF Segundo DNIT (2018), um dos erros mais decorrentes no processo de aplicação do microrrevestimento é o controle inadequado na dosagem dos materiais. A escassez ou excesso de alguns insumos podem ocasionar irregularidades na massa, provocando alterações no tempo de rompimento da mistura. Para Da Silveira (2018), os métodos consideráveis mais cabíveis para serem utilizadas em reparos superficiais de pavimentos é o microrrevestimento e a lama asfáltica. Segundo ele, essas técnicas diminuem os vazios da superfície, impedindo a percolação de água ou outros líquidos que possam agredir o pavimento ou causar carreamento das partículas. A aplicação dos métodos conhecidos como MRAF e a lama asfáltica proporcionam uma melhora significativa funcional no pavimento existente, atuando também como um método de impermeabilização. Essas técnicas são comumente utilizadas e recomendadas para o tratamento de patologias interligadas ao trincamento do revestimento asfáltico, apresentando eficiência e ótimo custo benefício. A definição do traço, a escolha da espessura e do tipo de microrrevestimento que será utilizado dependerá de uma avaliação do pavimento e do tráfego em questão. Geralmente, segundo a norma, a espessura varia entre 4,0 e 37,0 mm, e são aplicadas sobre a estrutura existente para melhorar a funcionalidade de forma temporária. As principais vantagens quanto a utilização do microrrevestimento asfáltico são: • Durabilidade superior quando comparado a outros processos de utilização, como a lama asfáltica, tanto na ação de intempéries como no incremento de tráfego; • Bom sistema de drenagem superficial, diminuição de efeitos de névoa “spray” melhorando a visibilidade, proporcionando aos usuários conforto e segurança, com a diminuição de possíveis problemas referentes a aderência entre o pneu-pavimento; • Preserva a estrutura do pavimento em função da diminuição da entrada de água (infiltração) e ar no pavimento; • Alta produtividade e rapidez na execução e liberação dos serviços; • A sua execução dispensa uso da pintura de ligação, devido a boa aderência entre a utilização do micro e o antigo revestimento; • Com a utilização do MRAF, devido a sua pequena espessura, não há necessidade de alteração dos elementos de drenagem na rodovia; • Evita problemas ambientais, de saúde e de segurança (SMS), já que o mesmo é aplicado em temperatura ambiente, sem a necessidade do uso de solventes derivados de petróleo. 6. Considerações Finais O principal objetivo da recuperação funcional é fornecer ao usuário segurança e conforto, com isso medidas de revitalização são tomadas para sanar os problemas do pavimento. No Brasil, grande parte das rodovias apresentam más condições de segurança e trafegabilidade e, como é bastante notório, quando o pavimento se encontra com grau de deterioração elevado, sua manutenção deve ser realizada no menor prazo e da melhor forma possível. Por esse motivo, o método executivo do microrrevestimento vem se tornando cada vez mais comum, sendo considerada uma das alternativas mais viáveis, tanto pela agilidade como pelo custo. As obras de restauração de uma rodovia são bastante amplas e possui elevado grau de complexidade, pois tais métodos de restauração necessitam de conhecimentos técnicos e construtivos para atender exigências das suas respectivas normativas, o processo sendo realizado dentro de seus parâmetros resultam na reabilitação da vida útil de projeto, proporcionando condições de conforto e segurança aos usuários. Com a realização deste estudo, pode-se citar os cuidados e benefícios da execução do MRAF, relatando os principais parâmetros e ensaios a serem seguidos, relacionando-se diretamente à norma executiva. Este trabalho poderá servir como auxilio para futuros profissionais de engenharia que desejam atuar no ramo rodoviário. Entende-se que o uso desta tecnologia contribui diretamente nos gastos excessivos aplicados em restaurações rodoviárias, surgindo como uma das alternativas mais viáveis ultimamente. Por fim, como foi relatado anteriormente, apesar de apresentar um controle diferenciado, o processo executivo do MRAF é bastante ágil, impermeabilizando e revitalizando o revestimento asfáltico, garantindo, segundo o DNIT, um aumento da vida útil do pavimento em até dois anos. É bastante notório que esse prazo pode variar baseado nas particularidades do pavimento e das condições anteriores à aplicação do processo. REFERÊNCIAS ABNT NBR 14948 – Microrrevestimentos asfálticos a frio modificados por polímero – Materiais, execução e desempenho. Associação Brasileira de Normas Técnicas, Rio de Janeiro, 2003. AZEVEDO, M. Gestão da Conservação de Pavimentos – As Técnicas de Reabilitação Estrutural dos Pavimentos. Centro Rodoviário Português, Portugal, 1999. BERNUCCI, Liedi Bariani et al. Pavimentação asfáltica: formação básica para engenheiros. Rio de Janeiro: Petrobrás; Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras de Asfalto, 2008. BRASQUÍMICA. Informações Técnicas. 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