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RadioGod Raul Bicalho Medicina Ufes - Turma 103 Apostila redigida a partir das aulas da disciplina de Radiologia da Universidade Federal do Espírito Santo, ministradas pelos professores Marcos Rosa e Ricardo Mello no período de 2021/1 Sumário INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA – Prof. Marcos Rosa 5 Tomografia computadorizada 5 Ressonância magnética 12 Papel do radiologista 16 INTRODUÇÃO À RADIOLOGIA II – Prof. Ricardo Mello 17 Introdução 17 Radiologia convencional 17 Radiologia contrastada / Fluoroscopia 22 Ultrassonografia 29 RADIOLOGIA TORÁCICA – Prof. Ricardo Mello 34 Introdução 34 Técnica do exame 34 Parâmetros de qualidade 38 Anatomia 41 Avaliação da lesão 44 Padrões de doença 46 RADIOLOGIA CARDIOVASCULAR – Prof. Ricardo Mello 58 Coração e artéria pulmonar 58 Aorta 67 Novas aplicações 74 NEURORRADIOLOGIA – AVC – Prof. Marcos Rosa 77 Anatomia 77 AVC 79 Acidente vascular cerebral isquêmico hiperagudo 79 Exemplos de casos 91 Resumo da conduta de acordo com novos trials 94 NEURORRADIOLOGIA – TCE – Prof. Marcos Rosa 96 Introdução 96 Lesões primárias 97 Lesões secundárias 112 Considerações finais 114 RADIOLOGIA ABDOMINAL – Prof. Marcos Rosa 115 Métodos de imagem 115 Abdome agudo 118 Conclusão 133 RADIOLOGIA OSTEOARTICULAR – Prof. Ricardo Mello 134 Radiologia osteoarticular/musculoesquelética (MSK) 134 Anatomia / nomenclatura 134 Fraturas 137 Doença articular 143 Tumores ósseos 150 ORIENTAÇÃO PARA SOLICITAÇÃO DE EXAMES – Prof. Ricardo Mello 154 Como solicitar o melhor exame? 154 Incidência 159 Contraste 159 Radioproteção 159 Pedidos do dia-a-dia 160 5 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Introdução à Radiologia TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA • Histórico: o Início dos estudos em 1972 o Godfrey Hounsfield (Engenheiro elétrico / 1919 - 2004) o Prêmio Nobel de medicina em 1979 • Avanços: o Conceito de aquisição digital ▪ A TC avançou em relação ao RX principalmente na aquisição digital ▪ Antigamente quando se batia uma chapa de RX, tinha que ir a uma câmara escura, pegar o filme e revelar no nitrato de prata ▪ Hoje, em dia, até os aparelhos de RX já têm aquisição digital (faz o exame e as imagens vão para o computador), mas a TC conseguiu isso primeiro o Análise quantitativa ▪ É possível medir a densidade das regiões pela TC o Cortes selecionados ▪ Acaba com o problema de sobreposição de imagens do RX ▪ Na TC se faz cortes (o aparelho roda em volta do paciente), eliminando a sobreposição o Anatomia seccional ▪ Com os cortes, é possível ver melhor as estruturas por uma anatomia seccional o Manipulação posterior ▪ É possível manipular o exame depois que ele foi feito ▪ Antigamente, no RX, se, por exemplo, injetasse muita dose de radiação ele ficava todo preto e se injetasse pouca ficava branco. Então, tinha que repetir o exame ▪ Hoje na TC é possível fazer o exame e ajustar depois ("janelar") Fig.1 | Protótipo da primeira tomografia - Usa o mesmo princípio do RX, tem o tubo de um Raio X de um lado (preto), a peça que será examinada (nesse caso, o cérebro cortado na caixa) e do outro lado o receptor/placa que irá receber o raio X depois de passar na estrutura PARTE 1 – PROF. MARCOS ROSA 6 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Os primeiros aparelhos demoravam aproximadamente 7 a 10 minutos por corte. Uma TC de crânio, então, que era feita mais ou menos com 10 imagens, demorava em torno de 1 hora para completar o exame. Hoje, uma TC de crânio, leva de 200 a 300 imagens e demora 10 segundos para ser feita. Antigamente era 1 tubo de raio X para 1 detector. Hoje, o aparelho tem vários detectores (o do Hucam tem 64 por exemplo), por isso ele vai mais rápido. Antes a maca tinha que esperar o aparelho dar 1 volta no paciente para entrar Fig. 2 | Primeiros aparelhos de TC Fig. 3 | Primeira imagem de TC de crânio - Já era melhor que RX, que não tinha acesso ao parênquima cerebral. Mas, a imagem era ainda bem pixelada e difícil de visualizar Fig. 4 | Máquina de TC - Tem uma antessala, onde fica o técnico com o computador dando os comandos. E lá dentro tem a maca, que vai passar por dentro do tubo de Raio X e, enquanto o paciente vai passando, o aparelho de RX que tem lá dentro roda em volta do paciente para adquirir as imagens Fig. 5 | Máquina de TC - T é o tubo de raio X, que emite o raio X no buraco onde o paciente vai passar. D é o detector 7 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 mais. Hoje, enquanto o aparelho dá a volta, a mesa já pode ir entrando. Há aparelhos mais modernos ainda, por exemplo com 2 tubos de raio X e 320 detectores. Quanto mais detectores, melhor é o exame, mais rápido ele é feito e mais resolução é capaz de adquirir. Fig. 6 | Máquina antiga de tomografia Fig. 7 | Comparação da 1ª TC (80x80) com o que temos hoje (512x512) Fig. 8 | Tomógrafos atuais - É possível fazer vários estudos avançados, como estudo dos vasos, volumes do crânio, estudos tridimensionais, mostrar irrigação de tumores etc. Para fazer isso, são necessários cortes milimétricos em mais detectores (pelo menos 4) Fig. 9 | Sobreposição de imagens - Mostrando o problema do RX na sobreposição de imagens, que foi solucionado com a TC 8 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 VANTAGENS E DESVANTAGENS • Vantagens: o Altíssima resolução o Rapidez o Disponibilidade (bem disponível) • Desvantagens: o Radiação (dose elevada) o Contraste iodado (pode dar reação alérgica, por exemplo) o Maior custo Fig. 10 | TC - O tubo que emite o Raio X (branco), a lâmina/placa que detecta (cinza) e a máquina virando em volta do paciente enquanto ele se movimenta pela maca Fig. 11 | Imagem da TC no computador - No scout da tomografia (1ª imagem), o técnico escolhe o FOV (o campo de visão), que é o que o tomógrafo vai cortar Fig. 12 | FOV - É possível diminuir o campo que o tomógrafo vai cortar, para estudar só uma região e expor o paciente a menos radiação 9 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 DOCUMENTAÇÃO Janelas são atenuações diferentes que colocamos na imagem para ver melhor uma ou outra estrutura. • Exemplos de janelas: o Janela de partes moles o Janela óssea o Janela intermediária Fig. 13 | As gerações dos tomógrafos computadorizados - Antigamente era 1 tubo de Raio X para 1 detector / Hoje em dia, 1 tubo de Raio X para vários detectores (TC mais rápida e de mais qualidade) Fig. 14 | Janelas - Janela de partes moles / Janela óssea / Janela intermediária - Nesse caso, temos um hematoma, que na janela de partes moles não é possível visualizar bem pois os brancos do hematoma e do osso se confundem. Já na janela intermediária (da direita), é possível diferenciar esses brancos. Na janela óssea, vemos bem a fratura do osso Fig. 15 | TC de pulmão em diferentes janelas - Janela de mediastino (vê o mediastino e as estruturas vasculares bem, mas o pulmão mal) / Janela de pulmão (vê muito bem o parênquima pulmonar) Fig. 16 | TC de abdome em diferentes janelas - Janela de partes moles (vê bem as estruturas intestinais, os vasos ilíacos etc.) / Janela óssea (vejo bem a cortical do osso) 10 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES Na tomografia, vamos nomear as lesões de acordo com a cor que aparece, em comparação com as estruturas adjacentes. • Tipos de classificação: o Hiperdenso/Hiperatenuante (mais branco) o Hipodenso/Hipoatenuante (mais preto) o Isodenso/Isoatenuante (igual ao queestá adjacente) Usando a tabela de UH (Unidades Hounsfield) podemos analisar a densidade de uma região de interesse (ROI), sendo possível classificar em algum tipo de tecido (ar, gordura, líquido, osso etc.). Isso pode ajudar a estreitar alguns diagnósticos (ajuda muito na identificação de lipomas, por exemplo), mas muitas vezes não será tão útil (várias lesões de partes moles ficam em torno da mesma densidade). Fig. 17 | Classificação das lesões pela TC - Lesão hiperatenuante / Lesão hipoatenuante / Lesão isoatenuante Fig. 18 | Lesão hiperatenuante - Dentro do ventrículo Fig. 19 | Lesão hipoatenuante - Vária lesões hipoatenuantes no fígado (metástases) Fig. 20 | Lesão isoatenuante - Lesão isoatenuante (esquerda) na cabeça do pâncreas (direita) 11 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 OUTRAS APLICAÇÕES É possível fazer reconstruções tridimensionais com a tomografia computadorizada. Essas reformatações tridimensionais não servem para fazer o diagnóstico, que é feito pelo radiologista com as imagens normais de TC. Mas, essa é uma forma de apresentação mais bonita, talvez para enviar ao clínico, mostrar ao paciente etc. Fig. 21 | Tabela de UH Fig. 22 | Diferentes UH em TC de crânio - No osso, a densidade deu 915 UH, bem perto do 1000. Já dentro do ventrículo, dá perto de 0 (4,7 UH), porque é líquido (LCR) Fig. 23 | Reconstruções com a TC - Costelas e corpos vertebrais 12 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 A TC também pode ser usada para estudar história a partir de artefatos de uma forma mais segura, principalmente objetos frágeis. Podendo ser usada para confirmar ou afastar teorias e conhecimentos históricos. RESSONÂNCIA MAGNÉTICA A RM é mais demorada que a TC. Uma RM de crânio, por exemplo, que é um espaço pequeno do corpo, vai demorar de 20 a 40 minutos, dependendo da indicação e do protocolo. Fig. 24 | Reconstruções com a TC - Punho e pé Fig. 25 | Reconstruções com a TC - Imagem fonte / Reconstrução Fig. 26 | Reconstruções com a TC - Rim e ureteres Fig. 27 | Estudo histórico com TC 13 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 HISTÓRICO • Felix Bloch e Edward Purcell: o Físicos que começaram a estudar a física da RM (1945) o Eles descobriram que: ▪ Os núcleos dos átomos de hidrogênio (que estão em abundância no nosso corpo por meio da água), quando submetidos a um forte campo magnético, mantêm-se alinhados em uma determinada direção e podem absorvem energia de radiofrequência ▪ Quando o impulso de radiofrequência é cessado, os átomos voltam à sua posição original, emitindo sinais ressonantes que são capturados e medidos por uma antena receptora o Esse fenômeno foi chamado de Ressonância Nuclear Magnética (RNM) ▪ Ressonância → Interação entre o campo magnético e ondas de radiofrequência ▪ Nucelar → Propriedade dos núcleos dos átomos ▪ Magnética → Requer um campo magnético o Descobriram que os núcleos dos átomos absorvem e reemitem energia de radiofrequência (1946) o Ganharam o Prêmio Nobel em física (1952) Hoje em dia, o termo mais usado é simplesmente Ressonância Magnética, o "Nuclear" não é mais tanto falado, por dar a impressão que a medicina nuclear e radiação estão envolvidos, que não é o caso. A ressonância magnética não usa radiação ionizante, então não tem a mesma contraindicação da tomografia pra quem não pode se expor à radiação, por exemplo. • Paul Laterbur e Peter Mansfield: o Começaram a utilizar os estudos da RNM em seres humanos (anos 70) ▪ Aplicabilidade mais importante da RM → Sua capacidade de gerar imagens nunca antes vistas por outros métodos de diagnóstico ▪ Sinais de rádio podem ser matematicamente analisados e interpretados gerando uma imagem ▪ Imagens baseadas na concentração e ligações físico-químicas do hidrogênio (1973) o Aceito pelo ACR - Colégio Americano de Radiologia (1983) o Prêmio Nobel de Medicina (2003) Observar que a ressonância magnética é um método relativamente novo. O procedimento é bem barulhento, devido ao pulso de radiofrequência, e feito em diferentes sequências (T1, T2, FLAIR, difusão etc.), de barulhos diferentes, para estudar estruturas específicas. Fig. 28 | Aparelho de RM - É um grande ímã, que faz o campo magnético. O alto barulho durante o procedimento é devido ao pulso de radiofrequência 14 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 VANTAGENS E DESVANTAGENS • Vantagens: o Não utiliza radiação ionizante o Multiplanar o Alta resolução / Alto contraste o Não-invasiva • Desvantagens: o Artefatos o Baixa sensibilidade para osso/cálcio o Alto custo o Baixa disponibilidade A RM tem vantagem em relação à TC por não usar radiação ionizante e pela alta resolução para estudar estruturas de partes moles, como fígado, pâncreas, cérebro etc. • Contraindicações: o Marca-passo o Próteses metálicas o Clipes cirúrgicos o Válvulas cardíacas metálicas o Claustrofobia o Corpos estranhos e metálicos o Equipamentos de suporte (respirador) Fig. 29 | Máquina moderna de RM - Mais aberta para evitar claustrofobia, filmes para acalmar o paciente etc. Fig. 30 | Imagens de RM - Sequência T1 (muito mais detalhe diferenciando substância branca de substância cinzenta) // Sequência T2 (líquor mais branco) / Sequência T2 do punho (cartilagem mais bem visualizada) 15 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 CLASSIFICAÇÃO DAS LESÕES Quando formos nomear as lesões na ressonância magnética iremos utilizar a intensidade do sinal. • Intensidade do sinal o Hipointenso/Hiposinal (lesões pretas) o Hiperintenso/Hipersinal (lesões brancas) • Hiposinal/Hipointenso: o Ar o Osso cortical o Sangue nos vasos (está em movimento) o Tecido fibroso Fig. 31 | Imagens de RM - Estudos de angiografia venosa / Boa visualização de estruturas de partes moles Fig. 32 | Imagens de RM - Estudo de microvasculatura cerebral Fig. 33 | Imagens de RM - Imagens avançadas chegando a lembrar corte histológico 16 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Água/Edema (T1) • Hipersinal/Hiperintenso: o Gordura o Hemorragia (sangue está parado) o Alto conteúdo proteico o Melanina o Água/Edema (T2) CUIDADOS PAPEL DO RADIOLOGISTA • Qual o papel do radiologista nos métodos de imagem? o Orientar a execução do exame o Identificar a anormalidade (normal x anormal) o Caracterizar a anormalidade o Definir a extensão da doença (estadiamento) o Diagnóstico diferencial o Sugerir próximos exames • Descritores radiológicos básicos (da lesão): o Tamanho o Número o Densidade / Ecogenicidade / Intensidade o Formato o Localização o Arquitetura / Textura o Função É importante sempre enxergar o exame todo. Às vezes estamos muito focados em detectar alguma coisa (que pode ser a hipótese diagnóstica) e esquecemos de olhar as outras estruturas ("síndrome da satisfação diagnóstica"). O papel do radiologista é ter uma visão mais abrangente do que está acometendo o paciente. Fig. 34 | Cuidados na RM - Lembrar que a ressonância é um ímã gigante, então não se deve levar materiais metálicos para o procedimento 17 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Introdução à Radiologia INTRODUÇÃO • Diagnóstico por imagem: o Radiologia convencional (simples e contrastada) o Mamografia o Densitometria óssea o Ultrassonografia o Tomografia Computadorizada o Ressonância Magnética o Radiologia Intervencionista (radiologista faz algum tipo de intervenção no paciente, como biópsia, drenagem de alguma coleção etc. com o auxílio da imagem) Alguns desses métodos são estudados por outros especialistasque não o radiologista, como a densitometria óssea, por exemplo, que é utilizado por médicos que estudam o metabolismo ósseo, como ginecologistas e outros. A ultrassonografia também é outro método que outros especialistas acabam se subespecializando (Ex.: Urologistas, Ginecologistas etc.). Já a radiologia intervencionista é um campo de atuação pouco explorado na radiologia do Brasil, mas algumas vezes é usado em outras áreas, como neurocirurgia e cirurgia vascular. Há ainda a angiografia, que é campo de atuação do radiologista, mas também é utilizada por essas outras especialidades A medicina nuclear (cintigrafia) e o PET (tomografia por emissão de pósitrons) são campo de atuação do médico nucelar, mas esses métodos podem estar associados ou não à radiologia, dependendo do país (no Brasil é separado). O PET recentemente se fundiu à tomografia, com o PET-CT, que é o acoplamento da imagem pelo PET com a tomografia. Nesse exame, então, trabalham juntos o radiologista e o médico nuclear. • Energia e matéria: Se pudéssemos resumir a radiologia em um esquema geral seria basicamente uma fonte de energia de um lado (diferentes fontes de energia disponíveis) que vai interagir com o objeto de estudo (no caso, o paciente) e vai ser transformada por essa interação chegando num receptor (pode ser uma película, um monitor) e aparecerá como imagem para interpretarmos. A fonte de energia pode ser raio X, raios gamma, radiofrequência, ondas sonoras etc. RADIOLOGIA CONVENCIONAL • Histórico: o Os raios X foram descobertos em 1895, na Alemanha (Universidade de Wurzburg) Fig. 35 | Esquema da radiologia PARTE 2 – PROF. RICARDO MELLO 18 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Descoberta feita por Wilhelm Röntgen (engenheiro mecânico e físico) o "... Uma forma de energia radiante até então desconhecida, que era invisível, podia passar através de objetos opacos à luz e causar fluorescência" o Ele descreveu 3 características fundamentais dos Raios X ▪ Invisíveis aos olhos humanos ▪ Atravessam corpos opacos à luz ▪ Causam fluorescência o Qual o problema que o RX ajudou a resolver? ▪ Permitiu pela primeira vez que a anatomia humana fosse visualizada de maneira não-invasiva (que não fosse cirurgia ou necropsia) Fig. 36 | Wilhelm Röntgen e seu laboratório - Descobriu os Raios X em 8 de novembro de 1895 Fig. 37 | Esquema de ampola/tubo de RX - Tubo de vidro que cria um vácuo dentro. Uma grande corrente elétrica (na ordem de kilovolts) percorre um filamento e gera uma nuvem de elétrons em torno desse filamento. Esses elétrons vão migrar do polo positivo para o negativo e se chocar contra um anteparo metálico e nesse choque geram muito calor e um pouco de raio X, que é direcionado para uma saída no tubo e o feixe formado é direcionado para a parte do paciente que queremos estudar Fig. 38 | Tubo de Raio X Fig. 39 | Esquema de tubo de raio X - Energia elétrica chega no tubo de raio X, gera muito calor (que vai ser dissipado por um óleo em volta do tubo), gera o raio X, que é direcionado para uma parte do paciente, interage com o paciente e chega num receptor, antigamente era uma película fotográfica, atualmente normalmente é um estojo digital, que armazena o resultado dessa interação elétrica. Depois isso vai ser lido por uma máquina e transformado numa imagem 19 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 40 | Estojo antigo - Placa fotográfica, que gera luz quando excitada pelo raio X Fig. 41 | Esquema do raio X - O tubo fica dentro de invólucro de chumbo para não deixar sair raio X para todos os lados, apenas direcionado para onde queremos no paciente. Podemos ver no 1º esquema a caixa de espelhos, que mostra, antes da emissão dos raios, o tamanho do campo que será obtido, para pegar só a área de interesse Fig. 42 | Primeiras imagens de Raio X Fig. 43 | Evolução do Raio X - Melhora da resolução com os avanços da tecnologia Fig. 44 | Exemplos de Raio X - RX de crânio / Tórax / Coluna lombar / Bacia / Joelho 20 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 45 | Primeiros procedimentos de Raio X - Não se sabia ainda os efeitos deletérios da radiação ionizante, então não tinha ainda aquele invólucro de chumbo para proteger o ambiente ao redor Fig. 46 | Primeiro aparelho de Raio X comercialmente disponível Fig. 47 | Aparelho moderno de Raio X Fig. 48 | Diferentes incidências no Raio X - Depende do que for estudar Fig. 49 | Tipos de Raio X - Temos o Raio X móvel, que vai até o paciente, quando está, por exemplo, internado na UTI 21 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 50 | Raio X na 1ª Guerra - Foi usado principalmente para pesquisar fraturas, estilhaços de granada, projéteis de arma de fogo etc. Fig. 51 | Aquisição das imagens com a película fotográfica - Processo demorado, não é tão utilizado hoje em dia Fig. 52 | Processadoras automáticas - Acelerou um pouco o processo com as películas fotográficas Fig. 53 | Radiologia digital - Máquinas atuais com imagem direto no monitor. Acelerou e facilitou o processo de aquisição e distribuição das imagens Fig. 54 | Aparelhos modernos - Hoje em dia, alguns aparelhos nem precisam do estojo mais e já têm uma placa embutida, mandando as imagens para o sistema de forma eletrônica 22 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 RADIOLOGIA CONTRASTADA / FLUOROSCOPIA Nesse método a imagem será em tempo real, com o auxílio de um intensificador de imagem, que leva a imagem ao mesmo tempo para um monitor. A vantagem é a possibilidade de ver movimentos, por ser possível fazer vídeos, imagens dinâmicas e não só estáticas como no raio x convencional. Fig. 55 | Fluoroscopia - Tubo de raio X aqui é por baixo e além disso tem um intensificador de imagem mostrando ela em tempo real em um monitor Fig. 56 | Aparelho de fluoroscopia - Fluoroscópio Fig. 57 | Exemplo de fluoroscopia Fig. 58 | Exemplo 1 | Imagem dinâmica em perfil da coluna cervical - Com o vídeo é possível avaliar melhor a região, por exemplo ver se tem algum deslizamento de vértebra quando faz a flexão/extensão 23 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 EXAMES CONTRASTADOS • Esofagografia: o Estudo do esôfago • SEED (Seriografia Esôfago-Estômago-Duodeno): o Estudo do esôfago, estômago e duodeno o Era muito utilizado para ver úlcera gástrica, refluxo, tumor gástrico, alterações esofágicas etc. o Esse exame perdeu muito espaço para a endoscopia digestiva alta, que estuda muito melhor essas estruturas e de forma direta (e não tem a desvantagem da radiação) Fig. 59 | Exemplo 2 | Imagem dinâmica me perfil do pescoço - Paciente ingere uma substância a base de bário, que fica escura na imagem. Então, é possível ver o trajeto do esôfago proximal, para avaliar se tem fístula, algum corpo estranho etc. Fig. 60 | Esofagografia - Exemplo de um divertículo que se formou no 1/3 médio do esôfago Fig. 61 | SEED - Estômago cheio de contraste e duodeno começando a se opacificar / Possível ver o arco duodenal 24 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Trânsito de delgado: o Estudo de jejuno e íleo o Avalia acometimentos dessa região, como tumores, doenças de absorção, linfomas etc. o Não perdeu espaço para o exame endoscópico, que não chega até essas porções do delgado o Perdeu espaço para a TC e para RM, mas ainda é usado em alguns casos, como em fístulas e bridas complexas • Clister opaco (Enema opaco): o Estudo do intestino grosso o Contraste via retrógada/anal o Exame excelente para visualizar tumor de cólon, doença diverticular,fístulas, Doença de Cronh etc. o Também perdeu espaço para o exame endoscópico, no caso a colonoscopia • Urografia excretora: o Estudo dos rins, cálices renais e vias urinárias (ureteres, bexiga) o Espera o contraste chegar na via excretora (contraste de iodo, nefrotóxico) o Era muito usado para pesquisa de litíase, hidronefrose, malformação urinária o Perdeu espaço para a USG e para a TC Fig. 62 | Trânsito de delgado Fig. 63 | Clister opaco 25 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Uretrocistografia o Estudo da uretra o Contraste por via retrógada (pela uretra) o Indicado principalmente para casos de traumas, para pesquisa de ruptura ou laceração da uretra • Histerossalpingografia: o Estudo da cavidade endometrial e tubas uterinas o Contraste via retrógada (pelo colo uterino) o Ainda não perdeu espaço pois não existe exame endoscópico que consiga ver as tubas uterinas o Indicado principalmente em casos que a mulher não consegue engravidar, para ver a permeabilidade tubária (para checar obstrução das tubas uterinas) Fig. 64 | Urografia excretora Fig. 65 | Uretrocistografia Fig. 66 | Histerossalpingografia 26 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Fistulografia: o Pesquisa de fístulas o Avalia de onde está vindo e para onde está indo a fístula OUTRAS APLICAÇÕES Fig. 67 | Fistulografia - Exemplo de fístulas perianais por abscesso Fig. 68 | Evolução da fluoroscopia - Hoje / Antes (Antigamente sem proteção nenhuma contra a radiação) Fig. 69 | Arcos cirúrgicos - Outras aplicações de raio X, para se avaliar em tempo real durante a cirurgia se está tudo certo com o procedimento Fig. 70 | Aparelho de angiografia 27 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 71 | Exemplo de angiografia - Aneurisma (na seta da primeira imagem) que foi tratado e desaparece (segunda imagem) Fig. 72 | Exemplo de angiografia - Angiografia de aorta e coronárias Fig. 73 | Mamografia - Também é feita por Raio X Fig. 74 | Aparelho de Raio X de mamografia Fig. 75 | Procedimento de mamografia 28 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 TERMINOLOGIA NO RAIO X No RX temos 5 tons, chamados de densidade radiográfica. Eles vão do mais preto (que é a imagem do ar) até o mais branco (que é a imagem de estruturas metálicas) e entre os dois extremos há diferentes tons de cinza (que representam diferentes densidades e estruturas). • Densidades fundamentais: o Ar o Gordura o Partes moles (músculo) / Líquido o Cálcio (ossos, cálculos) o Metal (próteses, corpos estranhos) O aspecto da imagem, então, vai depender da densidade da estrutura que estamos analisando e também da espessura dessa estrutura. É diferente, por exemplo, o aspecto de uma falange distal para o fêmur, os dois têm cálcio, mas têm espessuras diferentes, então terão representação radiográfica diferente. Fig. 76 | Imagem da mamografia Fig. 77 | Esquema de densidades fundamentais no RX Fig. 78 | Transparência/Opacidade - A (Chave); B (Mão); C (Ar); Azeite/Gordura (D); Água (E). Nessa imagem o que fica mais branco é a chave (A), que é metal, mais denso, então passa menos raio X para o receptor. Já o que vai ficar mais preto é o ar (C). Entre a gordura (D) e a água (E), o que fica mais escuro é a gordura, pois é menos densa 29 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 No RX vamos classificar as lesões/áreas de acordo com a transparência e opacidade. • Nomenclatura das lesões/áreas no RX: o Feito de acordo com a transparência e opacidade ▪ Radiopacas/Hipotransparente (mais brancas) ▪ Hipertransparente (mais preto) o O termo "radiolúcido" é utilizado por algumas pessoas para se referir às áreas transparentes, mas é incorreto ULTRASSONOGRAFIA • Avanços em relação ao RX: o Mais seguro (não usa radiação) o Minimiza sobreposição de imagens o Exame em tempo real • Esquema da USG: o Ondas sonoras emitidas pelo aparelho o Ondas refletidas pelos tecidos Fig. 79 | Técnicas diferentes | Muito penetrado X Pouco penetrado - Depende da kilovoltagem, por exemplo. Usando pouco raio X a imagem fica pouco penetrada (mais claro), o que pode ser um problema e esconder alguma lesão ou não mostrar do jeito adequado. Pode também ocorrer o inverso, um exame muito penetrado (mais escuro), muito raio X em pacientes muito magros por exemplo, podendo esconder estruturas lesão Fig. 80 | Exemplo de densidades | Raio X do abdome - Densidade de ar (A) na base dos pulmões e no estômago (que não é tão preto quanto o do pulmão pela sobreposição das estruturas do RX, então a densidade que aparece sofre interferência de todas as estruturas naquele nível apontado). Densidade de gordura (G) conseguimos ver pela gordura peritoneal nas laterais do abdome, gordura pélvica, faixas de gordura na musculatura glútea etc. Densidade de partes moles (PM - musculatura e órgãos sólidos) na parede do abdome, fígado, rins etc. De osso (O) conseguimos ver os arcos costais, a coluna dorsal e lombar, a bacia, o sacro, todos com densidade mais branca (do cálcio). Nessa imagem conseguimos ver também uma densidade cálcica que é patológica (P) e não do arcabouço ósseo do paciente, projetada no hipocôndrio direito, podendo indicar um cálculo renal ou biliar, uma calcificação hepática ou cutânea etc. Fig. 81 | Exemplo de densidades | Raio X da bacia - Densidade metálica (prótese de quadril direito) 30 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Processamento das informações o Imagem em tons de cinza o Mapas de cores (efeito Dopler) TERMINOLOGIA NA USG • Nomenclatura das lesões/áreas na USG: o Anecoico (mais preto) ▪ Devolvem muito pouco o eco ▪ Líquidos (Ex.: Urina, bile, alguns cistos) o Hipoecoico (tons de cinza intermediários) ▪ Rebate parte dos ecos para o transdutor e outros para longe ▪ Sólidos ou líquidos de conteúdo espesso (Ex.: pus de abscesso) o Hiperecoico (mais branco) ▪ Muito densos, devolvem boa parte do eco para o transdutor ▪ Sólido denso ou calcificação o Isoecoico (mesmo tom) ▪ Mesma ecogenicidade da estrutura vizinha ▪ Percebemos essas estruturas pelo efeito de massa que elas causam (Ex.: mioma no útero) Fig. 82 | Esquema da USG - Um pulso elétrico atravessa os cristais do transdutor, interage com o paciente, parte desse som é refletido para longe, parte é absorvido e parte volta. O que volta é interpretado de novo, convertido em sinal elétrico e transformado numa imagem Fig. 83 | Aparelho de USG - Computador para processar as informações, console de operação para interagir com o aparelho, monitor onde são mostradas as imagens e as peças principais do aparelho, que são os transdutores, onde na ponta ficam os cristais que fazem a conversão da energia / São diferentes modelos, formatos e tamanhos de transdutores, que dependem do exame, mas os mais usados são os 3 em destaque, por exemplo o convexo (principalmente exame de abdome) e o linear (estruturas pequenas e superficiais, como tireoide, mama, testículo etc.) 31 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Outros termos em USG: o Reforço acústico posterior ▪ Lesões totalmente líquidas formam uma mancha branca profundamente a elas ▪ Nos ajuda a ter mais certeza de que a lesão é líquida o Sombra acústica ▪ Inverso do reforço acústico ▪ Lesões muito calcificadas formam uma sombra escura profundamente a elas Fig. 84 | Lesão anecoica - Cisto, bem líquido. Lesão ovalada anecoica Fig. 85 | Lesão hipoecoica - Fibroadenoma (nódulo sólido na mama) Fig. 86 | Lesão hiperecoica - Lesão expansiva hepática na periferia. Área brancaque pode ser de uma lesão sólida muito densa ou já calcificada Fig. 87 | Reforço acústico posterior 32 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 APLICAÇÕES DA USG • Vantagens: o Sem radiação ionizante (ideal para GO e pediatria) o Informações dinâmicas o Técnicas Dopler (mostram fluxo, ótimo para estudar vasos) o Imagem em tempo real ▪ Biópsia (A USG guia o trajeto da agulha) ▪ Movimentos fetais ▪ Coração (ecocardiograma) Fig. 88 | Sombra acústica - Lesão muito calcificada (cálculo na pelve renal) Fig. 89 | Máquinas antigas de USG - Monitores pequenos, transdutores enormes Fig. 90 | Máquinas atuais de USG - Aparelho mais móvel, chega facilmente até o paciente Fig. 91 | Máquinas atuais de USG - Aparelho mais portátil 33 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 92 | Aplicações de USG - Conseguimos fazer imagens de estruturas variadas / Imagem mostrando bem a sombra acústica, pela vesícula cheia de cálculos (seta vermelha) / Podemos fazer o Dopler, como no exemplo mostrando o fluxo dentro do vaso (ponta do mouse) / Vascularização do rim direito Fig. 93 | Dopler - Transdutor na região epigástrica do paciente mostrando coluna, Veia Cava Inferior e Aorta. Com o Dopler podemos ver um mapa de cores onde são vasos Fig. 94 | Exame fetal/obstétrico - Temos até o ultrassom 3D (não é tão corriqueiro, usado mais para malformações uterinas/fetais) 34 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Radiologia Torácica INTRODUÇÃO • Indicações para se fazer radiologia de tórax: o Avaliação inicial de praticamente qualquer doença torácica o Acompanhamento Não quer dizer que o RX vai resolver tudo, mas ele tem utilidade para uma triagem inicial. Mesmo assim, inúmeras vezes ele vai ser suficiente (Ex.: pneumonia, derrame pleural, pneumotórax). Porém, algumas doenças continuam não sendo visíveis inicialmente por esse tipo de exame. O acompanhamento pode ser feito pelo raio X depois de avaliações/diagnósticos feitos com exames mais complexos (Ex.: nódulo pulmonar), principalmente pelo RX ser um exame mais barato, mais fácil e menos danoso (menor quantidade de radiação que a TC). • Vantagens: o Altíssima disponibilidade o Fácil execução o Não requer sedação e preparo o Pode prescindir do radiologista • Desvantagens: o Uso de radiação ionizante o Não avalia detalhes finos da estrutura pulmonar Então, doenças do colágeno, doenças intersticiais em fase inicial acabam passando batido pelo Raio X. TÉCNICA DO EXAME Sempre que forem solicitar o RX de tórax peçam 2 incidências. • Incidências de rotina: o PA (Póstero-anterior) o Perfil • PA: Fig. 95 | Incidência em PA PROF. RICARDO MELLO 35 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 É feito PA e não AP para a parte anterior do corpo (do tórax) estar mais próxima do "filme" (placa que receberá o Raio X) e, assim, ter menores distorções. Dessa forma, as estruturas importantes do mediastino estarão mais nítidas. Em alguns casos não é utilizado a PA, como por exemplo pacientes acamados, em coma etc. Nesses casos, normalmente é feito em AP. • Perfil: O perfil preferencial é o do lado esquerdo. O perfil é importante para visualizarmos coisas que ficam escondidas por algumas estruturas na visão PA. Fig. 96 | Incidência AP x PA – Na incidência AP (esquerda), a distância do mediastino ao filme é maior, a sombra cardíaca fica amplificada / Na incidência PA (direita), o mediastino está mais perto do filme e o problema de distorção é diminuído Fig. 97 | Incidência PA x AP Fig. 98 | Incidência em perfil Fig. 99 | Exemplo 1 - Uma massa no lobo inferior do pulmão esquerdo, que foi escondida pelo coração na visão PA, possível de visualizar em perfil 36 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Incidências adicionais: o Paciente em UTI / RX leito o Decúbito lateral com raios horizontais (Laurell) o Decúbito dorsal com raios horizontais o Oblíquas o Ápico-lordótica o Em expiração • Paciente em UTI/Leito: o Exame com aparelho móvel, em AP o Um pouco limitado para visualização de mediastino. • Decúbito lateral com raios horizontais: o Útil para visualizar derrame pleural o O lado que está a suspeita de acometimento fica sempre para baixo o Essa incidência é também chamada de Laurell (horizontal) Fig. 100 | Exemplo 2 - Uma massa em cima do coração, que foi escondida pelo esterno e pela aorta na incidência PA Fig. 101 | RX com paciente em UTI/Leiro Fig. 102 | RX em incidência horizontal (Laurell) – Suspeita de derrame pleural 37 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Oblíquas: o Útil para visualizar fraturas dos arcos costais o Já foi utilizada antigamente para ver área cardíaca • Ápico-lordótica (Fleischner): o O paciente se inclina para trás e a incidência é AP o A ideia é tirar a sobreposição das clavículas nos ápices pulmonares o Incidência utilizada muito em caso de tuberculose, visto que há normalmente lesão em ápice pulmonar Fig. 103 | Derrame pleural - Se em PA a base pulmonar aparece branca, faz-se o decúbito lateral e, caso, a região branca se movimente para a periferia pulmonar por ação da gravidade, confirma-se o derrame pleural Fig. 104 | RX em Incidência oblíqua Fig. 105 | RX em Incidência oblíqua Fig. 106 | RX em Incidência oblíqua – Já foi usado para ver área cardíaca 38 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 PARÂMETROS DE QUALIDADE Assim que recebemos a imagem devemos ver se ela foi feita corretamente e é de qualidade, para avaliar se posso confiar naquele exame. • Parâmetros de qualidade: o Enquadramento o Posicionamento / Rotação o Penetração o Grau de inspiração • Enquadramento: o É necessário pegar na imagem tudo que eu preciso para visualizar Fig. 107 | RX em Incidência ápico-lordótica – Posição inclinada do paciente Fig. 108 | Incidência PA Normal x Ápico- lordótica Fig. 109 | Bom enquadramento 39 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Posicionamento: o Do paciente em relação ao filme, que deve estar sempre alinhado o Isso pode ser avaliado pela distância das clavículas para coluna cervical, que deve ser próxima dos 2 lados o Se o paciente estiver rodado, há a possibilidade de esconder lesão atrás da área cardíaca ou a área cardíaca pode parecer maior, por estar numa visualização mais de lado. Fig. 110 | Enquadramento ruim - Sem as pontas dos seios costofrênicos, pode atrapalhar em caso de derrame pleural Fig. 111 | RX alinhado - Correto Fig. 112 | Erro de enquadramento e posicionamento - Imagem rodada, área cardíaca está grande. Observar também erro de enquadramento, sem visualização de parte dos ápices e bases pulmonares Fig. 113 | Imagem rodada - Clavícula esquerda aparecendo mais próxima da coluna cervical que a clavícula direita 40 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Penetração: o Critério mais subjetivo o As técnicas de penetração variam de paciente para paciente, o que é regulado na hora do exame o Quando o erro é para mais fica mais escuro (mais penetrado) e quando é para menos fica mais claro (menos penetrado) o Na penetração ideal eu consigo ver costelas através do coração • Grau de inspiração: o O paciente deve obedecer a um comando de fazer uma apneia inspiratória (encher o pulmão de ar e prender para a realização da imagem) o Para visualizar se isso foi feito corretamente é feita a contagem dos arcos costais que estão acima das cúpulas frênicas (diafragma),dos anteriores deve ser do 6º ao 8º e dos posteriores do 9º ao 11º Fig. 114 | Penetração ideal no RX de tórax Fig. 115 | Pouco penetrado x Muito penetrado Fig. 116 | Grau de inspiração correto - Arco costal X na visão posterior e VIII na anterior 41 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 AVALIAÇÃO DO EXAME • O que avaliar? o Partes moles o Estrutura óssea o Pulmões o Pleura o Mediastino o Cateteres, tubos, ... • Erros de avaliação o Técnica: ▪ RX pouco penetrado → Simula pneumonia ▪ RX muito penetrado → Simula enfisema e pneumotórax o Posicionamento ▪ Paciente rodado → Simula cardiomegalia ANATOMIA • Lobos pulmonares: O pulmão esquerdo tem 2 lobos, superior e inferior. O pulmão direito tem 3 lobos, superior, médio e inferior. A parte do pulmão esquerdo que seria o lobo médio, que é fundido ao superior, forma a língula. Os lobos são separados por fissuras, oblíqua e horizontal no direito e apenas oblíqua no esquerdo. No raio X, as fissuras oblíquas não aparecem direito, sendo mais visíveis quando tangenciamos ela (no perfil). Já a fissura horizontal aparece com mais facilidade normalmente. Fig. 117 | Paciente entubado, incidência em AP e sem apneia inspiratória - Área cardíaca aumentada. Nesse caso não teria valor algum dizer no laudo que o paciente tem uma cardiomegalia Fig. 118 | Inspiração x Expiração - Observar diferença da área cardíaca 42 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Traqueia: Estrutura radiotransparente (mais escura) passando sobre a coluna, deve estar centralizada. É bifurcada numa região chamada carina, virando os brônquios fontes direito e esquerdo. • Lobos pulmonares no Raio X: Fig. 119 | Fissuras dos pulmões Fig. 120 | Traqueia no RX Fig. 121 | LSD (Lobo Superior Direito) - Delimitado pelas fissura horizontal e oblíqua Fig. 122 | LM (Lobo Médio) - É um segmento mais anterior (é possível ver de perfil), o que facilita diferenciar lesões de lobos médio e inferior Fig. 123 | LID (Lobo Inferior Direito) - Ele chega até uma região bem superior na parte posterior do pulmão direito. Por isso é importante visualizar as duas incidências Fig. 124 | LID e LM - Observe que no PA, os LM e LID coincidem, sendo possível diferenciar apenas no perfil 43 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 125 | LID e LM – Possível diferenciar em perfil Fig. 126 | LSE - Como não há lobo médio, ele aparece em praticamente toda extensão do PA Fig. 127 | Pulmão direito X Pulmão esquerdo Fig. 128 | Nome das estruturas – Traqueia (T), Carina (C), Hilo Direito (HD), Hilo Esquerdo (HE), Cúpula Frênica Direita (CFD) e Cúpula Frênica Esquerda (CFE) Fig. 129 | Nome das estruturas – Seio Costofrênico Lateral Direito (SCLD), Seio Costofrênico Lateral Esquerdo (SCLE), Seio Cardiofrênico Direito (SCD), Seio Cardiofrênico Esquerdo (SCE), Área Cardíaca (AC) e Botão Aórtico (BA) 44 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 AVALIAÇÃO DA LESÃO • Como avaliar? o Identificar a lesão o Descrever a lesão o Localizar a lesão o Elaborar diagnóstico diferencial (nem sempre é possível) • Áreas subavaliadas: o Ápices pulmonares (resolve com a incidência ápico-lordótica) o Região retrocardíaca (resolve com a incidência em perfil) o Abaixo dos diafragmas (resolve com a incidência em perfil) • Do começo: o Tomar cuidado com a identificação do exame! o Identificação ▪ Nome/Código do paciente ▪ Data do exame o Exames anteriores (pegar o exame mais atual) • Sinal da silhueta: o "Uma determinada estrutura será visível numa radiografia se estiver justaposta a uma outra estrutura de opacidade diferente." No coração, por exemplo, não é possível ver a diferença dos ventrículos e tal porque as opacidades são semelhantes (sangue e miocárdio). Porém, é possível ver onde termina coração e começa pulmão, porque elas possuem opacidades diferentes (uma é ar e outra é sangue e músculo). Isso vale tanto para coisas normais quanto para doença. Então, a visualização de uma lesão só é possível se ela tiver opacidade diferente do que está em volta. O sinal da silhueta está relacionado à perda de interface esperada entre duas estruturas de densidades diferentes. Fig. 130 | Nome das estruturas – 1º Arco Costal Esquerdo (1º ACE), Clavícula Direita (CD) e Escápula Esquerda (EE) 45 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Interpretações da interface ▪ A ausência da interface normal pode indicar doença ▪ A presença de uma interface inesperada também pode indicar doença ▪ A análise dessas interfaces pode ser utilizada para localizar as anormalidades Fig. 131 | Opacidades diferentes X Opacidades iguais – Na imagem de opacidades diferentes (esquerda), conseguimos ver perfeitamente o contorno do círculo do meio. Já na imagem de opacidades iguais (direita), não é possível ver esse contorno Fig. 132 | Opacidades diferentes – Consigo ver onde termina coração e onde começa pulmão / Nítida transição entre base pulmonar e cúpula frênica Fig. 133 | Dois pacientes com pneumonia - A diferença é que o paciente B conseguimos ver o contorno cardíaco perfeitamente, já no paciente A não. Isso indica que a A atinge o lobo médio e a B não, porque é o lobo que está em contato íntimo com o coração. A imagem B então provavelmente é no lobo inferior Fig. 134 | Interface do diafragma para o pulmão - Bem visível do lado esquerdo, mas no direito não, há então uma condensação alveolar no LID Fig. 135 | Condensação do lado esquerdo - Condensação do lado esquerdo com o contorno cardíaco preservado, logo é no lobo inferior esquerdo. Se fosse no superior o contorno não estaria tão nítido 46 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 PADRÕES DE DOENÇA • Tipos de padrões de doença no tórax: o Opacidades do espaço aéreo o Opacidades intersticiais o Linfonodomegalias o Nódulos e massas o Atelectasias o Enfisema pulmonar o Derrame pleural o Pneumotórax OPACIDADES DO ESPAÇO AÉREO • Características: o Opacidades confluentes/mal definidas o Distribuição segmentar/lobar o Extensão para as superfícies pleurais Em alguns casos, os alvéolos estão se enchendo de pus, mas parte dos brônquios permanece aerada, formando uma área branca (radiopaca) com áreas escuras aeradas passando no meio, isso é chamado de broncograma aéreo (brônquios com ar circundados por alvéolos não aerados). • Substâncias que podem ocupar o alvéolo: o Pus (pneumonia) o Sangue (hemorragia) o Água (edema) o Células (tumor) o Proteínas (proteinose alveolar) o Gordura (pneumonia lipoide) Fig. 136 | Opacidade do espaço aéreo - Área mais radiopaca, mal definido, condensação parenquimatosa 47 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 OPACIDADES INTERSTICIAIS Saindo dos alvéolos, agora no arcabouço intersticial pulmonar. • Nódulos: o Pequenos e bem definidos • Linhas: o Espessamento de septos o Pode ser por espessamento linfático ou vascular • Formas de aparecimento: o Reticulações: Combinação das linhas fazendo redes o Retículo-Nodular: Linhas + nódulos o Nodular Muitas doenças podem aparecer com opacidade intersticial (é inespecífica), então depende do compartimento que afeta, se é mais linfática, vascular ou brônquica. • Exemplos: o Pneumonias virais / TB o Edema o Hemorragia o Lesões inflamatórias não-infecciosas o Sarcoidose o Fibrose pulmonar o Tumor Fig. 137 | Broncograma aerado - Brônquios com ar circundados por alvéolos não aerados (mais radiopacos) 48 RADIOLOGIA RAUL BICALHO– MEDUFES 103 LINFONODOMEGALIA • Observar: o Alargamento mediastinal o Proeminência hilar: Quando o alargamento é nos hilos o Localizações específicas • Exemplos de localizações em que pode ocorrer: Fig. 138 | Edema pulmonar - Paciente com cardiomegalia e com opacidades intersticiais lineares na periferia do pulmão, indicando edema pulmonar Fig. 139 | Fibrose pulmonar - Infiltrado reticular, "Pulmão sujo", periferia cheia de coisa, típico de fibrose pulmonar Fig. 140 | Tuberculose miliar - Infiltrado micronodular, vários nódulos em ambos os pulmões, típico em tuberculose miliar. Observar que a periferia está normal em relação aos exemplos anteriores Fig. 141 | Região paratraqueal direita 49 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 142 | Região dos hilos Fig. 143 | Região do botão aórtico Fig. 144 | Região infracarinal Fig. 145 | Região para-aórtica Fig. 146 | Hilo direito normal X Hilo direito proeminente - Possível linfonodomegalia 50 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 147 | Linfonodomegalia na região do hilo esquerdo Fig. 148 | Linfonodomegalia de Região infracarinal Fig. 149 | Linfonodomegalia na região paratraqueal direita Fig. 150 | Linfoma de Hodgkin – Bilateral Fig. 151 | Sarcoidose 51 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 NÓDULOS E MASSAS • Nódulo: o Até 3 cm o Qualquer lesão pulmonar representada por uma opacidade arredondada/ovalada o Bem demarcada, com até 3 cm de diâmetro • Massa: o Maior que 3 cm • Qualificadores: o Único ou múltiplo o Tamanho o Contorno/Limites o Calcificação o Localização Fig. 152 | Massa no Seio cardiofrênico direito x Nódulo no ápice pulmonar esquerdo Fig. 153 | Calcificações – Pontinhos mais brancos Fig. 154 | Nódulo sutil - Pode acabar sendo perdido num raio x muito penetrado 52 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Nódulo pulmonar (parâmetros benigno x maligno): o Tamanho ▪ > 3 cm = maligno ▪ < 3 cm = benigno ou maligno o Padrão de calcificação ▪ Calcificação normalmente é um sinal de benignidade, à exceção de metástases produtoras de osso (nódulos totalmente calcificados) o Crescimento ▪ Comparação com estudos prévios ▪ Estabilidade em 2 anos o Contorno ▪ Irregular: alta associação com malignidade ▪ Lobulado: probabilidade intermediária ▪ Liso: benigno/metástase ATELECTASIA PULMONAR É um colapso do pulmão. Então, há uma estrutura com menos ar, logo mais radiopaca. • Conceito: o Colapso pulmonar, que pode afetar apenas um subsegmento ou todo o pulmão o Ausência de ar nos alvéolos (imagem mais radiopaca) • Causas: o Obstrução intrínseca da via aérea ▪ Asma ▪ Aspiração ▪ Corpos estranhos ▪ Fibrose cística ▪ Tb endobrônquica ▪ Tumor endobrônquico o Compressão extrínseca ▪ Linfonodomegalia Fig. 155 | Exemplo | Contorno irregular - Provavelmente maligno 53 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ▪ Tumores o Diminuição da distensão alveolar ▪ Anestesia ou sedação ▪ Doença neuromuscular ▪ Dor torácica ou abdominal • Investigação: o RX de tórax o TC de tórax o Broncoscopia (tenta remover) • Pesquisar: o Opacidade/hipotransparência (pulmão não aerado) o Sinais de redução de volume (sinais indiretos) ▪ Desvio mediastinal ▪ Elevação das cúpulas frênicas ▪ Aproximação dos arcos costais Fig. 156 | Atelectasia - Triângulo branco no ápice pulmonar direito Fig. 157 | Atelectasia - Abaulamento para cima da fissura horizontal Fig. 158 | Atelectasia - Área radiopaca com fissura horizontal elevada. Opacidade + redução de volume Fig. 159 | Atelectasia do lobo inferior direito - Mais sutil, há a linha do contorno cardíaco (esquerda) e surge uma linha que não existe normalmente (direita). A redução de volume leva o LID em direção ao hilo e a fissura horizontal cai 54 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ENFISEMA PULMONAR Alargamento dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais com dilatação e destruição de suas paredes. O pulmão fica hipertransparente, mais preto que ele já é. • Tipos de enfisema: o Panlobular o Centrolobular o Paraseptal o Paracicatricial o Bolhoso o Obstrutivo o Compensatório • Aspecto radiológico: o Campos pulmonares hipertransparentes Fig. 160 | Atelectasia do lobo inferior direito – Mesmo caso da Fig. 159, agora em perfil Fig. 161 | Atelectasia do lobo médio – Fissura horizontal desceu, fissura oblíqua foi para a frente Fig. 162 | Atelectasia - Hemitórax esquerdo opaco, observar a redução de espaço = sinal de redução de volume, logo atelectasia Fig. 163 | Aspiração de corpo estranho - Ponta de lapiseira metálica 55 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Aumento do diâmetro AP do tórax (cifose) o Aumento do espaço retroesternal o Aumento dos espaços intercostais o Rebaixamento/Retificação do diafragma o Coração alongado e verticalizado ("em gota") DERRAME PLEURAL Enchimento de líquido na pleura, ficará mais branco (radiopaco) na imagem. Fig. 164 | Exemplo 1 | Enfisema - Pulmão bem escuro, indício de enfisema. Ver aspectos radiográficos na Fig. 165 Fig. 165 | Exemplo 1 | Aspectos radiográficos do enfisema - Pulmões hiperinsuflados (1), aumento do diâmetro AP do tórax = tórax em tonel (2), espaço retroesternal mais alargado (3), aumento do espaço intercostal (4), cúpula frênica retificada (5) e coração em gota (6) Fig. 166 | Exemplo 2 | Enfisema – Não é Raio X muito penetrado (não vemos coluna), e o pulmão está todo preto (hipertransparente). Tórax em tonel, região retroesternal muito proeminente e cúpula frênica retificada Fig. 167 | Enfisema na TC – A destruição dos espaços aéreos cria essas áreas com menos arcabouço/interstício. Espaços aéreos alargados Fig. 168 | Esquema de derrame pleural 56 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 PNEUMOTÓRAX Ar na cavidade pleural, ficando mais preto (hipertransparente). O preto do pneumotórax é um preto em que não vemos a trama vascular, é um preto mais liso. Fig. 169 | Derrame pleural esquerdo Fig. 170 | Incidência PA | Suspeita de derrame pleural – Hipotransparência em toda a base pulmonar direita, não se sabe se é pneumonia, derrame pleural, tumor etc. Fig. 171 | Incidência em Laurell | Derrame pleural – Paciente deitado para o lado suspeito, o branco corre ao longo da parede e confirma derrame pleural (não ocorre espalhamento do líquido no caso de derrame pleural loculado) Fig. 172 | Parábola de Damoiseau - Aspecto superior em arco, ajuda a diferenciar esse derrame pleural de pneumonia etc. Fig. 173 | Derrame pleural loculado – Faz retrações por conta de aderências e o líquido não corre livremente (não pega no Laurell) 57 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Causas do pneumotórax: o Espontânea o Traumático o Iatrogênico Fig. 174 | Pneumotórax direito Fig. 175 | Pneumotórax esquerdo - Paciente politraumatizado, pneumotórax se formando na periferia esquerda Fig. 176 | TC do caso da Fig. 175 – Na TC vemos o ar puro sem arcabouço pulmonar fora do pulmão formando o derrame pleural (parte mais escura) Fig. 177 | Progressão de pneumotórax no mesmo paciente – Pulmão vai diminuindo e o pneumotórax ganhando espaço em volta 58 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Radiologia Cardiovascular CORAÇÃO E ARTÉRIA PULMONAR ANATOMIA • Coração direito: Na PA, quem dáo contorno do coração direito em condições normais é o átrio direito. A VCI normalmente não vemos muito no RX, só quando o contorno do ventrículo direito é um pouquinho mais alto. Na incidência em perfil, a coisa muda, agora o ventrículo direito faz parte de 2/3 do contorno da sombra cardíaca anteriormente, o resto fica com o tronco da pulmonar. • Coração esquerdo: O átrio esquerdo contribui nada ou só um pouco para o contorno cardíaco em PA, que fica mais a cargo do ventrículo esquerdo. No perfil, o contorno cardíaco é feito grande parte pelo ventrículo, mas também pelo átrio. Fig. 178 | Coração direito na incidência PA - SVC (Veia Cava Superior), RA (Átrio direito), RV (Ventrículo direito), IVC (Veia Cava Inferior), PA (Aa. Pulmonares) Fig. 179 | Angiografia com contraste - Deixa a imagem mais opaca/branca Fig. 180 | Angiografia com mais contraste Fig. 181 | Coração direito na incidência em perfil PROF. RICARDO MELLO 59 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Tronco da artéria pulmonar: o Normalmente é retificado o Pode ser convexo (levemente em mulheres jovens) → Surgimento do "arco médio" Fig. 182 | PA x Angiografia, Coração esquerdo - Ao (Aorta), LV (Ventrículo esquerdo), LA (Átrio esquerdo), PV (Veia pulmonar) e MV (Valva mitral) Fig. 183 | Coração esquerdo em perfil / Angiografia Fig. 184 | Coração direito X Coração esquerdo - Observe que a câmara cardíaca mais anterior em perfil é o ventrículo direito e a mais posterior é o átrio esquerdo Fig. 185 | Raio X de tórax em perfil com contraste ingerido - Íntima relação do esôfago com a câmara cardíaca mais posterior (AE). Acometimentos no AE, como estenose de mitral, podem levar à disfagia Fig. 186 | Repercussões que uma dilatação do átrio esquerdo pode causar na incidência em PA - O exemplo é um paciente já operado de uma estenose de valva mitral, que tinha uma grande dilatação do AE. Surge um novo contorno cardíaco direito (Sinal do duplo contorno) e a carina fica com um ângulo aumentado, os brônquios vão se horizontalizando; aparece também uma convexidade do lado esquerdo 60 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 O tronco da Artéria Pulmonar é visto entre o botão aórtico e o ventrículo esquerdo, que tende a ser retificado, podendo ser levemente convexo (principalmente em mulheres jovens). Quando ele está realmente abaulado, vamos dizer que há o surgimento do arco médio. • Artéria pulmonar esquerda: o Trajeto póstero-lateral, em direção à escápula o Cursa sobre o brônquio fonte esquerdo o Mais alta que a artéria pulmonar direita o No PA → Bifurcação a partir do tronco da artéria pulmonar o No perfil → Posterior à coluna aérea da traqueia • Artéria pulmonar direita: o Cursa inferior ao brônquio fonte esquerdo o Sombra hilar direita inferior à esquerda ▪ 70% / 30% o No PA → Parcialmente escondida pelo mediastino o No perfil → Anterior à coluna aérea da traqueia Fig. 187 | Tronco da artéria pulmonar normal (retificado) - O arco superior é o botão aórtico (laranja), o inferior é o ventrículo esquerdo (roxo). Normalmente não há médio, se aparece é algo errado, uma das causas existentes (não é a única) é a dilatação da artéria pulmonar Fig. 188 | Estruturas do mediastino – Carina (1), Brônquio fonte esquerdo (2), Aorta descendente (3), Tronco da Artéria Pulmonar (4), Janela aorto-pulmonar (5) e Botão aórtico (6) 61 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Numa suspeita de dilatação de artéria pulmonar, é traçada uma linha tangenciando botão aórtico e ventrículo esquerdo, o certo é o tronco da pulmonar estar medial a essa linha. Prestar atenção que para isso ser confiável, o exame não pode estar rodado, deve estar bem centralizado. Fig. 189 | Artérias pulmonares - Artéria pulmonar esquerda mais curta e Artéria pulmonar direita mais inferior Fig. 190 | Análise de dilatação da artéria pulmonar - Ambos normais nesse caso, o tronco pulmonar está medial à linha Fig. 191 | Análise de dilatação da artéria pulmonar – A da direita está alterada, o tronco da pulmonar está lateral à linha (possível dilatação) Fig. 192| Surgimento do arco médio – Lembrando que pode ser tanto dilatação da pulmonar, linfonodomegalia, tumor hilar, depende também da clínica, outros exames etc. Fig. 193| Tomografia com renderização volumétrica tecidual - Estenose aórtica com dilatação da pulmonar pós estenose 62 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 A dilatação da pulmonar responde a regra de ela estar no mínimo a 32-33mm ou dela estar maior que a aorta ascendente, o que não devia acontecer normalmente. ÍNDICE CÁRDIO-TORÁCICO Índice cárdio-torácico é uma proporção no PA entre o "diâmetro transverso" da sombra cardíaca com o "diâmetro transverso" do tórax. A qualidade técnica do exame é importante para traçar o índice corretamente. Lembrar de observar se o paciente não está rodado, porque isso altera a sombra cardíaca (fica mais oblíqua) e, logo, altera o índice. Além disso, observar o grau de inspiração, porque em exames pouco inspirados o diafragma sobe e o coração fica mais deitado/de lado. O índice é o diâmetro transverso da área cardíaca sobre o diâmetro transverso do tórax. Sendo assim é a soma da linha amarela com a linha vermelha sobre a linha verde (A+B/C). Um ICT normal é abaixo de 0,5, ou seja, o diâmetro transverso da sombra cardíaca deve ser no máximo 50% do diâmetro do tórax. Em crianças não é muito confiável usar esse índice, visto que o coração delas pode representar até 65% do diâmetro do tórax em condições normais. Essa medida normalmente não é inserida no laudo, ela é usada simplesmente para interpretar as imagens, majoritariamente daquelas que o ICT provavelmente está no limite e temos uma suspeita de cardiomegalia que precisamos confirmar ou descartar. Naqueles casos em que a cardiomegalia é bem evidente ou que o coração está perceptivelmente em tamanho normal, geralmente nem é feito esse cálculo. Uma coisa que pode ajudar na visualização da cardiomegalia é a utilização do perfil, porque em alguns casos o contorno cardíaco posterior sobrepõe os corpos vertebrais nessa incidência. Fig. 194| Tronco e pulmonares bem dilatadas Fig. 195| Cálculo do Índice cárdio-torácico - Raio X em PA, paciente bem-posicionado/centrado, bom grau de inspiração. Traça-se uma linha nos processos espinhosos + 2 outras linhas a partir dessa, uma pra esquerda e outra pra direita da sombra cardíaca (a soma delas representa o "diâmetro transverso" da área cardíaca) + 1 linha na maior distância que posso pegar dentro dos arcos costais, antes de encostar nas costelas, para servir como o diâmetro do tórax 63 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ÁREA CARDÍACA • Aumento da área cardíaca: o Cardiomegalias ▪ Cardiopatias ▪ Doenças valvares • Redução da área cardíaca: o DPOC o Desnutrição o Anorexia • “Cardiomegalia" aparente (só ocorre na imagem): o Incidência AP Fig. 196 | Exemplo de Índice cardiotorácico - Normal (0,5) Fig. 197 | Criança, incidência AP - Lembrando que o AP amplia a sombra cardíaca e, nas crianças, o ICT é considerado normal até 0,65. Aqui o índice não é confiável para determinar cardiomegalia Fig. 198 | Normal x Alterado – Na imagem da esquerda temos a condição normal, o contorno cardíaco posterior está distante da coluna / Já na imagem da direita temos a condição alterada, o contorno posterior já aparece sobre o corpo vertebral na imagem de perfil, indicando uma cardiomegalia 64 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 o Inspiração insuficiente (obesidade, gravidez, ascite, criança, idosoetc.) o Hipocifose e pectus excavatum o Derrame pericárdico EXEMPLOS DE EXAMES ALTERADOS Fig. 199 | Mesmo paciente com graus de inspiração diferentes (Inspiração x Expiração) - Observar como isso pode impactar a sombra cardíaca Fig. 200 | Pectus excavatum - Esterno orientado posteriormente empurrando o coração para trás, que gira em relação ao seu eixo normal, aparentando uma cardiomegalia em PA / Imagem em perfil retirando a suspeita de cardiomegalia e confirmando o pectus excavatum Fig. 201 | Exemplo 1 - Paciente rodado para o lado que favorece diminuir a área cardíaca, e mesmo assim está limítrofe, então deve estar aumentado. Presença do arco médio, ou seja, provavelmente uma dilatação da pulmonar. Seios costofrênicos obliterados/rasos, indicando derrame pleural bilateral Fig. 202 | Exemplo 1 - Mesma imagem da Fig. 201, em laranja os arcos e em vermelho a posição das clavículas com a coluna vertebral mostrando que o paciente está rodado ou que essa fratura da clavícula direita a retirou do plano habitual, difícil interpretar. Setas verdes indicando o derrame pleural 65 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 203 | Exemplo 2 - Cardiomegalia bem aparente e linhas de Kerley na periferia do pulmão, indicando paciente com insuficiência cardíaca congestiva mostrando sinais de edema pulmonar Fig. 204 | Sinal do boneco de neve - Retorno venoso pulmonar anômalo Fig. 205 | Retorno venoso pulmonar anômalo - Anomalia vascular em que o sangue volta ao coração pelas veias pulmonares, mas também desvia para a veia cava, além de existir uma comunicação interatrial Fig. 206 | Sinal da caixa, coração em caixa - Anomalia de Ebstein Fig. 207 | Anomalia de Ebstein Fig. 208 | Sinal do tamanco holandês - Tetralogia de Fallot 66 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 209 | Tetralogia de Fallot - Cardiopatia congênita com grande hipertrofia de VD, transposição da Aorta, defeito de septo ventricular e estenose de valva pulmonar. Então, A. Pulmonar aparece fina e pouco se manifesta na imagem, enquanto o coração aparece aumentado Fig. 210 | Cardiomegalias com diferença na direção dos ápices do coração - Acontece por predomínio de qual câmara cardíaca está hipertrofiada. Do lado esquerdo (A) é a tetralogia de Fallot, que é a hipertrofia de VD, câmara mais anterior, que é bem retroesternal então não tem espaço para crescer para a frente, já que bate no esterno, e acaba lateralizando para poder crescer / Do lado direito (B) há o predomínio da hipertrofia de VE, que contorna o lado esquerdo. Nesse caso, o coração alarga e desce, porque o VE aumentado dá um aspecto mergulhado, se escondendo no diafragma, fica apoiado na cúpula frênica esquerda Fig. 211 | Cardiomegalia aparente - Não há cardiomegalia, é uma "cardiomegalia aparente" por derrame pericárdico Fig. 212 | Derrame pericárdico - Área cardíaca em vermelho e o derrame enchendo o saco pericárdico dos 2 lados Fig. 213 | Sinal da Moringa – O derrame pericárdico tende a ter um contorno liso e simétrico / Sinal da Moringa 67 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 AORTA Fig. 214 | Cardiomegalia - Área cardíaca super aumentada, ICT de quase 1 Fig. 215 | Aorta - Aorta ascendente, Botão aórtico e Aorta descendente Fig. 216 | Aorta - RX pouco penetrado (descendente não visível) Fig. 217 | Angiografia - Aorta ascendente, Arco da aorta, vasos da base (tronco braquiocefálico, carótida comum esquerda e subclávia esquerda) e Aorta descendente Fig. 218 | Retorno venoso - Veias braquiocefálicas direita e esquerda se unindo para formar a Veia Cava Superior, que dá o contorno mediastinal superior do lado direito 68 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 ANATOMIA • Aorta ascendente: o Contorno direito do mediastino (nunca deve ultrapassar o bordo cardíaco) o Calibre diminuído → Defeito do septo atrial o Calibre aumentado (por aumento do fluxo ou da pressão na aorta): ▪ Estenose aórtica ▪ Regurgitação aórtica ▪ Doença aterosclerótica • Botão aórtico: O botão aórtico é uma estrutura radiográfica, e não anatômica. Ele pode ser analisado como sinal indireto de aneurisma. Medindo-o da borda mais externa até sua divisa com a traqueia, espera-se que tenha até 4 cm, a partir disso considera-se aumentado. Fig. 219 | Aorta ascendente normal - Traça-se duas linhas verticais, uma tangenciando a Aorta ascendente (roxa) e outra o contorno cardíaco (laranja), que é o átrio direito. Espera-se que a linha da Aorta seja medial à do contorno Fig. 220 | Dilatação da Aorta Ascendente - Linha roxa mais lateral que a laranja Fig. 221 | Botão aórtico Normal x Dilatado - Observe como a Aorta Descendente se afasta da coluna no exame alterado 69 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Aorta descendente: o Paralela à coluna vertebral o Visualizada através da sombra cardíaca (RX pouco penetrado pode perder o parâmetro) o Pode tornar-se dilatada e tortuosa ANEURISMA AÓRTICO • Aorta torácica: o Acima de 3,5cm → Dilatada o Acima de 4,5cm → Aneurisma • Formas de aneurisma: o Fusiforme (mais comum) ▪ Aorta vai alargando como um todo, atinge seu máximo depois volta ao calibre normal ▪ É causado principalmente por doença aterosclerótica o Sacular ▪ Focal, há uma projeção focal na parede da Aorta Fig. 222 | Normal X Alterado – A imagem da esquerda está normal / Na imagem da direita temos uma indicação de Aneurisma da Aorta (Aorta ascendente dilatada, bem mais lateral que a sombra cardíaca, botão aórtico enorme e a Aorta descendente bem afastada da coluna, dilatada e tortuosa) Fig. 223 | Progressão - Imagem esquerda normal (Ascendente, botão aórtico e descendente normais) / Imagem do meio já alterando (dilatação da ascendente) / Imagem da direita já bem alterada (Ascendente já ultrapassando o bordo cardíaco, descendente afastada da coluna e mais tortuosa) Fig. 224 | Aneurisma fusiforme x Aneurisma sacular 70 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Indicação de correção cirúrgica: o Ruptura (risco proporcional ao diâmetro do aneurisma) ▪ Diâmetros com alto risco de ruptura: ❖ > 5,5 cm (Aorta ascendente) ❖ > 6,5 cm (Aorta descendente) ▪ Velocidade de crescimento de alto risco de ruptura: ❖ > 1 cm por ano o Dissecção o Pacientes muito sintomáticos ▪ Dor ▪ Compressão de órgãos mediastinais ▪ Insuficiência aórtica Fig. 225 | Botão aórtico muito alargado - Paciente com arterite de takayasu Fig. 226 | Descendente tortuosa e dilatada Fig. 227 | Ascendente dilatada - D (Lado direito), E (Lado esquerdo) e P (Posição posterior) 71 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 DISSECÇÃO AÓRTICA • Mecanismo: o Separação das camadas arteriais (íntima, média e adventícia) o Formação de uma nova luz (falsa luz) Por algum motivo, o sangue penetra entre as camadas da parede arterial, formando uma nova "luz" na parede do vaso. No raio X não dá para ver especificamente a dissecção, apenas o aneurisma. Já na tomografia há sensibilidade para detectar a dissecção. Fig. 228 | Descendente dilatada - Descendente parcialmente trombosada, a linha maior indica que há sim aneurisma/dilatação / AA (Aorta Ascendente), AP (Artéria Pulmonar), VCS (Veia Cava Superior) e AD (Aorta Descendente) Fig. 229 | Aorta dilatada - Outra dilatação trombosada, mas com tudo dilatado Fig. 230 | Reconstrução 3D de uma dilatação importante - Aneurisma fusiforme na Aorta torácica e aneurismas saculares em aorta abdominal 72 RADIOLOGIARAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 231 | Dissecção aórtica Fig. 232 | TC com dissecção aórtica - Bem na transição entre ascendente, arco e descendente. Presença de um Flap intimal, uma camada de íntima boiando entre a luz falsa e a verdadeira Fig. 233 | Dissecção de Aorta Ascendente - F (Luz falsa) e T (Luz verdadeira) Fig. 234 | Dissecção de Aorta Ascendente - Flap no plano coronal separando luz falsa e luz verdadeira da Aorta ascendente Fig. 235 | Dissecção de Aorta Ascendente - Ascendente dilatada e com flap separando luz falsa de verdadeira 73 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 • Classificação de dissecção: o De Bakey ▪ Divide em I, II, IIIA e IIIB ▪ Categoriza se a dissecção envolve só a ascendente (II), só a descendente (III) ou a combinação das duas (I) o Stanford ▪ Mais simples e mais usada ▪ Categoriza se pega arco e ascendente (Stanford A) e se não pega arco e ascendente (Stanford B) Fig. 236 | Classificação de Bakey - I, II, IIIA, IIIB Fig. 237 | Classificação de Stanford - A e B Fig. 238 | Resumo das classificações - 70 a 75% dos casos é Stanford A, ou seja, envolve Aorta Ascendente e Arco Fig. 239 | Flap – Flap de fora a fora na imagem, pegando toda Aorta Torácica, atravessa Aorta Abdominal e chega até na Ilíaca Direita Fig. 240 | Flap na RM – Flap na ressonância dividindo as luzes 74 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 NOVAS APLICAÇÕES • "Triple Rule Out": o Paciente com dor torácica indeterminada → Angiotomografia torácica e cardíaca ▪ Doença coronariana ▪ Embolia pulmonar ▪ Aneurisma / Dissertação aórtica Para cada uma dessas suspeitas normalmente são feitos um exame, um cateterismo cardíaco invasivo para buscar doença coronariana, uma angiografia de pulmonar ou cintilografia para buscar embolia pulmonar, uma angiografia de aorta para buscar aneurisma ou dissecção. Hoje, num exame só, numa tomografia de segundos é possível excluir ou confirmar essas hipóteses de uma maneira não invasiva e muito rápida. É importante o uso de um aparelho muito bom, não pode ser um tomógrafo antigo. Fig. 241 | Flap na USG - A linha branca dividindo as duas vermelhas é o flap Fig. 242 | Flap na USG - Dopler mostrando mais fluxo na luz verdadeira Fig. 243 | Não é aneurisma - Caso de ruptura aórtica por facada, extravasou sangue em volta, não é aneurisma Fig. 244 | Imagens 3D do coração 75 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 245 | Coronárias e placas de calcificação nas coronárias Fig. 246 | Tromboembolia pulmonar - Falhas de enchimento intraluminais nas pulmonares esquerda e direita / As imagens em laranja usam um filtro especial mostrando áreas de hipoperfusão que essa TEP está gerando no parênquima (as áreas mais roxas e não azuis como o resto) Fig. 247 | Tromboembolia pulmonar - Podemos ver a TEP em plano coronal, o trombo na A. Pulmonar Esquerda / No coronal também a área hipoperfundida do parênquima que fica sob risco de necrose Fig. 248 | Dissecção aórtica Fig. 249 | Estenose de coronária 76 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 250 | Reconstrução volumétrica em outros planos / Filtros específicos para análise vascular Fig. 251 | Ressonância em movimento / Modo CINE - Além das alterações morfológicas, é possível ver miocárdio muito bem e consigo estudar o movimento, para ver a cinética das paredes cardíacas, sendo que áreas infartadas não batem de maneira síncrona com o restante da câmara 77 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Neurorradiologia AVC ANATOMIA Fig. 252 | Peça anatômica corada de azul - Tálamo (T); Cápsula Interna (CI) - com braço anterior, joelho e braço posterior; Globo pálido (GP) e Putâmen (P) - os dois formando o núcleo lentiforme; a Região Subcortical da Ínsula (S) - contendo cápsula externa, claustro e cápsula extrema, difíceis de diferenciar nas imagens; e o Córtex da Ínsula (C)] Fig. 253 | Tomografia - Ver e individualizar as estruturas, perceba que elas têm atenuações diferentes (aham sei), do centro para a periferia: o tálamo (T) é mais branquinho, depois a cápsula interna (CI) é mais escura, depois o núcleo lentiforme (NL) é mais branquinho, depois a região subcortical da ínsula (S) é mais escura e por último o córtex da ínsula (C) é branquinho de novo Fig. Extra 1 | Anatomia do cérebro - Em evidência as estruturas de interesse para a aula PROF. MARCOS ROSA 78 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Fig. 254 | Vasos do Polígono de Willis - Topo da carótida (TC), Artéria Cerebral Anterior (CeA), Artéria Comunicante Anterior (CoA), Artéria Comunicante Posterior (CoP) e Artéria Cerebral Posterior (CeP) / A Artéria Cerebral Média (CeM) não faz parte do Polígono, mas é a principal artéria cerebral, pois irriga a maior quantidade de tecido Fig. 255 | Área de irrigação das artérias – Na imagem da esquerda, em vermelho é território de irrigação da A. Cerebral Anterior, em amarelo da A. Cerebral Média e em verde da A. Cerebral Posterior Fig. 256 | Traços para determinar os limites das irrigações das artérias - Imagem 2 → Traça-se linhas diagonais para a frente e pra trás saindo do ventrículo, tudo que está anterior é cerebral anterior, tudo que está entre as linhas é cerebral média e tudo que está posterior é cerebral posterior / Imagem 3 → Mais para baixo no encéfalo, mesma coisa da Imagem 2 / Imagem 1 → Mais pra cima no encéfalo, só lembrar que a área da cerebral anterior vai até lá atrás, ficando menos pra cerebral posterior 79 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 AVC • Conceito: o Perda súbita da função encefálica secundária a um distúrbio do fluxo sanguíneo o Dica → Qualquer lesão de natureza vascular terá a palavra súbita • Classificação: o Isquêmico o Hemorrágico • Causas: o Aterosclerótico (15-40%) o Cardioembólico (15-30%) o Infartos de pequenos vasos ou lacunares (15-30%) o Outras causas (Ex.: Meningite, Vasculite, Hemorragia Subaracnóidea etc.) o Causas indeterminadas OBS.: O termo mais correto seria AVE (Acidente Vascular Encefálico), mas o termo consagrado é o AVC, principalmente por ser mais popularmente conhecido e mais entendido pelos pacientes de forma geral. ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL ISQUÊMICO HIPERAGUDO O AVC clássico (1-2 dias de evolução) se apresenta com uma área hipoatenuante na tomografia, mas devemos tentar observar o AVC antes de chegar nesse estágio. Fig. 257 | Paciente 1 | Déficit em hemicorpo esquerdo | TC de entrada - 40 minutos do início do sintoma. Já é possível visualizar o AVC, temos que treinar isso Fig. 258 | Paciente 1 | Déficit em hemicorpo esquerdo | TC após 2 dias - O AVC se apresenta com uma área hipoatenuante na tomografia. Observe que ele respeita a área de irrigação da A. Cerebral Média 80 RADIOLOGIA RAUL BICALHO – MEDUFES 103 Se o déficit é no hemicorpo esquerdo, você vai buscar as alterações sutis no hemisfério cerebral direito. Se o déficit é no hemicorpo direito, você vai buscar as alterações sutis no hemisfério cerebral esquerdo. EXAMES DE IMAGEM O exame de imagem revolucionou o tratamento de pacientes com AVC isquêmico (AVCi), porque pela clínica é impossível de diferenciar o AVCi do AVCh (AVC hemorrágico), mas o tratamento é completamente diferente. Além do diagnóstico, o avanço das técnicas de imagem permite os médicos analisarem o prognóstico do paciente e, ainda, selecionarem qual tratamento será melhor para cada paciente, a trombólise venosa (injetado numa veia periférica) ou arterial/mecânica (com cateter).
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