Buscar

Hormônios Adrenocorticais e Fisiologia do Estresse - FISIOLOGIA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

FISIOLOGIA: HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS 
1 
 
lHormônios Adrenocorticais 
 As adrenais estão localizadas nos polos superiores dos 
rins; elas são divididas em duas partes: 
• Medula adrenal: funcionalmente relacionado ao 
sistema nervoso simpático e secreta epinefrina e 
norepinefrina 
• Córtex adrenal: secretam os corticosteroides, 
principalmente os mineralocorticoides e os 
glicocorticoides, bem como alguns hormônios sexuais 
semelhantes à testosterona 
 
CORTICOSTEROIDES 
 Os mineralocorticoides afetam principalmente os 
eletrólitos dos líquidos extracelulares (LEC), o seu principal 
representante com função hormonal importante é a 
aldosterona; já os glicocorticoides aumentam a 
concentração sanguínea de glicose, sendo o seu principal 
representante o cortisol. 
 A histologia do córtex adrenal é importante de ser 
revisada para essa parte → Rever “Histologia das Adrenais” 
 A secreção de aldosterona é estimulada pela 
angiotensina II, enquanto o cortisol e androgênios adrenais 
são estimulados pelo ACTH (hormônio 
adrenocorticotrófico). 
 Os hormônios adrenocorticais são derivados do 
colesterol, sendo que a maior parte dessa matéria-prima 
(80%) é oriunda de LDL do plasma circulante. O LDL 
difunde-se para o líquido intersticial das adrenais e liga-se 
a receptores específicos nas depressões revestidas das 
células corticais. Então, ocorre a internalização do LDL por 
endocitose, a qual as vesículas formadas se fundem aos 
lisossomos, liberando o colesterol que pode ser usado. O 
colesterol livre é clivado na mitocôndria pela enzima 
colesterol desmolase, formando a pregnenolona (etapa 
limitante), o qual, por meio de cascatas enzimáticas, 
formam os seus produtos finais. 
 Uma característica importante dos hormônios 
adrenocorticais é a ligação com proteínas plasmáticas. 
• Cortisol: cerca de 90% se liga a proteínas plasmáticas 
quando secretada (principalmente a transcortina, mas 
também a albumina) → isso aumenta a meia vida do 
cortisol (60 a 90 min) 
• Aldosterona: cerca de apenas 60% se liga a proteínas 
plasmáticas → meia vida menor (20 min) 
 A importância da ligação desses hormônios a 
proteínas plasmáticas é de que isso serve como 
reservatório para diminuir as rápidas flutuações nas 
concentrações de hormônios livres e para permitir a 
distribuição desses compostos pelo organismo. 
 Esses hormônios são metabolizados no fígado, 
formando ácido glicurônico e sulfatos, os quais são 
excretados pela bile, e o restante é excretado na urina. 
 
Mineralocorticoides → Aldosterona 
 Função 
 A aldosterona, o principal mineralocorticoide, ↑ 
(aumenta) a reabsorção de sódio e a secreção de potássio 
pelas células epiteliais tubulares renais, especialmente nas 
células principais dos túbulos renais, nos túbulos distais e 
nos ductos coletores. Portanto, esse hormônio faz um ↑ da 
quantidade total de sódio na LEC, bem como a ↓ 
(diminuição) da quantidade de potássio no LEC, por meio 
da excreção e transporte para o meio intracelular. 
 
OBS! Nesse resumo, serão utilizadas as setas para evitar 
repetições: ↑ (indica: aumento) e ↓ (indica: diminuição). 
 
 Todavia, apesar de ocorrer um ↑ da absorção de Na+ 
com a secreção de aldosterona, a concentração desse íon 
no LEC varia muito pouco, pois junto com ele, ocorre uma 
maior absorção de água. Logo, a aldosterona também 
causa uma maior quantidade de LEC. Além disso, o ↑ da 
[Na+] na LEC também estimula a sede e favorece a secreção 
do ADH (reabsorve mais água pelos túbulos distais e 
coletores dos rins), o que também contribui para a não 
alteração das concentrações de Na+ no LEC. 
 Sendo assim, com o ↑ do LEC, ocorre maior captação 
linfática e, assim, maior retorno venoso ao coração. Dessa 
forma, devido ao mecanismo de Frank Starling (o coração 
bombeia todo o sangue a que ele chega), ocorre o aumento 
da PA pelo maior volume sanguíneo. Por conseguinte, com 
o aumento da PA, ocorre o ↑ da excreção renal de sódio e 
água, o que ↓ o volume sanguíneo e, consequentemente, 
a PA; esse processo é chamado de escape de aldosterona. 
A partir de então, a incorporação de sódio e água pelo 
organismo é nula, e é mantido o equilíbrio entre a ingestão 
e a eliminação de sódio e água pelos rins, apesar do excesso 
contínuo de aldosterona. 
 O excesso de aldosterona provoca intensa redução da 
[K+] na LEC (a hipocalemia). Esse processo causa fraqueza 
muscular grave, pois ocorre alteração da excitabilidade das 
fibras nervosas e musculares. 
 Sem os mineralocorticoides, a concentração de íons 
potássio, no líquido extracelular, eleva-se 
acentuadamente, sódio e cloreto são rapidamente 
eliminados do organismo, e os volumes totais do líquido 
extracelular e do sangue são muito reduzidos. 
Rapidamente se desenvolve redução do débito cardíaco, 
que evolui para um estado semelhante ao choque, seguido 
de morte. 
FISIOLOGIA: HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS 
2 
 
 Outrossim, a aldosterona apresenta os mesmos 
efeitos nas glândulas sudoríparas e salivares como nos 
túbulos renais (↑[Na+] e ↓[K+] no LEC). Esse efeito nas 
glândulas sudoríparas é importante para conservar o sal 
corporal em ambientes quentes; já nas salivares, é 
importante para conservar o sal quando se perde muita 
saliva. 
 A aldosterona também estimula intensamente a 
absorção intestinal de sódio, especialmente no cólon, o 
que impede a perda de sódio nas fezes. Ao contrário, na 
ausência de aldosterona, a absorção de sódio pode ser 
insuficiente, levando à incapacidade de absorver cloreto e 
outros ânions além da água. O cloreto de sódio e a água 
não absorvidos geram, então, diarreia, resultando em 
perda ainda maior de sal pelo organismo. 
 Então, resumindo, a aldosterona tem ação nos 
seguintes órgãos: 
• Rins 
• Glândulas salivares e sudoríparas 
• Cólon 
 
 Mecanismo celular de ação 
1. Aldosterona se difunde facilmente para o interior das 
células epiteliais tubulares pela sua lipossolubilidade 
2. No citoplasma, a aldosterona se combina com 
receptores mineralocorticoides (MR) 
3. O complexo aldosterona-MR se difunde para o núcleo, 
onde passa por mais alterações e acaba induzindo a 
formação de um ou mais tipos de mRNA, relacionados 
ao processo de transporte sódio-potássio 
4. Formação de proteínas a partir dos mRNAs, como: 
a. adenosina trifosfatase de sódio-potássio: bomba de 
Na e K nas membranas basolaterais das células 
tubulares renais, que jogam o Na para o LEC e 
absorvem o K para o meio intracelular (o qual é 
difundido para o lúmen renal) 
b. proteínas dos canais epiteliais de sódio: inseridos na 
membrana luminal e permitem a rápida difusão dos 
íons sódio do lúmen tubular para o interior da célula 
 
 Então, devido a todo esse processo descrito, o efeito 
da aldosterona não é imediato, ocorrendo apenas cerca de 
várias horas após sua secreção. 
 
 Regulação da secreção 
 A secreção da aldosterona pela zona glomerulosa do 
córtex adrenal é independente da regulação do cortisol e 
dos androgênios. A sua regulação é feita por 4 fatores, 
sendo os 2 primeiros os principais: 
1. O ↑ da [K+] no LEC, ↑ a secreção de aldosterona 
2. O ↑ da [angiotensina II] no LEC, ↑ a secreção de 
aldosterona 
3. O ↑ da [Na+] no LEC, ↓ muito pouco a secreção de 
aldosterona 
4. O ACTH formado pela hipófise anterior é necessário 
para a secreção de aldosterona, mas tem pequeno 
efeito no controle da secreção. 
 
OBS! Para ver mais detalhadamente sobre o sistema 
Renina-angiotensina-aldosterona na secreção de 
aldosterona, revisar o resumo “Rins no Controle a Longo 
Prazo da Pressão Arterial” 
 
Glicocorticoides → Cortisol 
 O principal glicocorticoide liberado é o cortisol. Esse 
hormônio cria diversos efeitos nas rotas metabólicas do 
organismo. 
 Os principais efeitos do cortisol no metabolismo de 
carboidratos são: 
• Estímulo da gliconeogênese: é a produção de glicose 
feito a partir de substância aglicanas, ocorre no fígado. 
Para isso, o cortisol faz os seguintes processos: 
o  as enzimas necessárias para a conversão de aa. 
em glicose nos hepatócitos → ativaçãoda 
transcrição do DNA dos genes de tais enzimas 
o Mobilização de aa. para os hepatócitos a partir dos 
tecidos extra-hepáticos, principalmente dos 
músculos, fazendo o catabolismo de proteínas. 
o Antagonização dos efeitos insulínicos para inibir a 
glicogênese no fígado → a insulina estimula a síntese 
de glicogênio no fígado, inibindo as enzimas 
envolvidas na produção de glicose pelo fígado. 
• Redução da utilização celular de glicose pelas células do 
organismo: ocorre principalmente pelo fato de o 
cortisol diminuir a quantidade de GLUT4 
(transportadores de glicose) na membrana celular, 
criando uma resistência à insulina. 
•  dá [glicose] sanguínea: a gliconeogênese aumentada, 
junto com a diminuição do consumo de glicose causa 
essa ↑ concentração; consequentemente, isso estimula 
a secreção de insulina, que não é tão efetivo devido ao 
cortisol (reduz a sensibilidade insulínica); bem como os 
FISIOLOGIA: HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS 
3 
 
altos níveis de ácidos graxos, causado pelo efeito dos 
glicocorticoides, podem prejudicar as ações da insulina 
nos tecidos 
 
 Já os efeitos do cortisol no metabolismo de proteínas 
são: 
• Redução das proteínas celulares: causado pela ↓ da 
síntese de proteínas (reduz a formação de RNA) e pelo 
↑ do catabolismo das proteínas já existentes. Apenas o 
fígado não sofre com esse efeito. 
• ↑ [proteínas] plasmáticas e dos hepatócitos: esses 
aumentos são exceções à depleção citada 
anteriormente. 
• ↑ dos aa. sanguíneos: o cortisol faz uma ↓ do 
transporte de aa. para o meio intracelular das células 
extra-hepáticas, bem como também o catabolismo de 
proteínas libera mais aa. para o meio extracelular. 
Sendo assim, o cortisol ↓ as reservas teciduais de 
proteínas. A função disso é para levar os aa. dos tecidos 
periféricos para os hepatócitos, que também passam a 
captar mais dessas substâncias; assim, o fígado 
consegue ↑ a sua produção hepática de enzimas. 
 
 Efeitos do cortisol no metabolismo da gordura: 
• Mobilização de ácidos graxos: ocorre a mobilização de 
ácidos graxos do tecido adiposo, o que ↑ a [ácidos 
graxos] livres no plasma, sendo utilizados na geração de 
energia (cortisol parece exercer efeito no ↑ da oxidação 
de ác. graxos). Então o organismo passa a diminuir a sua 
utilização de glicose para a geração de energia e utiliza 
mais ácidos graxos. 
 
 Cortisol no estresse 
 Qualquer tipo de estresse provoca aumento imediato 
da secreção de ACTH pela hipófise anterior, que, 
consequentemente, estimula a secreção adrenocortical de 
cortisol. Os tipos de estresse que ↑ a liberação de cortisol 
são: trauma, infecção, calor ou frio intensos, injeção de 
norepinefrina e outros fármacos simpatomiméticos, 
cirurgia, injeção de substâncias necrosantes sob a pele, 
restrição dos movimentos, doenças debilitantes e estresse 
mental (cansaço, fadiga, ansiedade etc.). 
 A importância da liberação do cortisol nas situações de 
estresse está ligada à hipótese de que os glicocorticoides 
causam rápida mobilização de aminoácidos e gorduras a 
partir de suas reservas celulares, tornando-os disponíveis 
para a geração de energia e para a síntese de novos 
compostos, como glicose e proteínas essenciais, 
necessários aos diferentes tecidos do organismo 
 
 Cortisol na inflamação 
 O cortisol tem efeitos de prevenir a inflamação e 
reverter seus efeitos. Antes de explicar esses fatores é 
importante relembrar basicamente o processo 
inflamatório, o qual é seguido pelas determinadas etapas: 
1. liberação por células de tecidos lesados de substâncias 
químicas que ativam o processo inflamatório, 
histamina, bradicinina, enzimas proteolíticas, 
prostaglandinas e leucotrienos 
2. aumento do fluxo sanguíneo na área inflamada, 
causado por alguns dos produtos liberados pelos 
tecidos, que é chamado eritema 
3. extravasamento de grande quantidade de plasma quase 
puro dos capilares para as áreas lesadas, devido ao 
aumento da permeabilidade capilar, seguido pela 
coagulação do líquido tecidual, provocando, assim, 
edema não deprimível 
4. infiltração da área por leucócitos 
5. após dias ou semanas, o crescimento de tecido fibroso 
 
 Portanto, os efeitos do cortisol na prevenção da 
inflamação são: 
• Estabiliza as membranas dos lisossomos: torna a 
ruptura dos lisossomos mais difícil; logo, a maior parte 
das enzimas proteolíticas liberadas por células 
lesadas que provocam inflamação, principalmente 
armazenadas nos lisossomos, é liberada em 
quantidades muito reduzidas 
• Reduz a permeabilidade dos capilares: impede a perda 
de fluxo sanguíneo para os tecidos, o que  a 
quantidade de anticorpos que extravasa para o meio 
extracelular e de leucócitos que fariam a diapedese, os 
quais atuariam na promoção do processo inflamatório 
• Reduz a migração de leucócitos para a área inflamada e 
a fagocitose das células lesadas: o cortisol tem essa ação 
por meio da ↓ da formação de prostaglandinas e 
leucotrienos, os quais atuam na vasodilatação, a 
permeabilidade capilar e a mobilidade dos leucócitos. 
• Suprime o sistema imunológico: linfócitos T são 
suprimidos (isso pode levar a uma redução muito 
grande da imunidade, deixando o organismo suscetível 
a infecções) 
• Atenua a febre: faz isso pois reduz a liberação de 
interleucina 1 a partir dos leucócitos, que é um dos 
principais estimuladores do sistema de controle 
hipotalâmicos de temperatura. A diminuição da 
temperatura, por sua vez, reduz o grau de vasodilatação 
 Assim, o cortisol apresenta um efeito praticamente 
global na redução de todos os aspectos do processo 
inflamatório. 
 Além disso, como já citado, o cortisol ajuda na no 
bloqueio e resolução da inflamação já iniciada; os motivos 
FISIOLOGIA: HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS 
4 
 
disso ainda não são bem elucidados, mas as principais 
hipóteses são: 
• Grande mobilização de aminoácidos e do uso destes 
para reparar os tecidos lesados 
• O estímulo da gliconeogênese disponibiliza maior 
quantidade de glicose nos sistemas metabólicos 
essenciais 
• Maior disponibilidade de ácidos graxos para a produção 
de energia celular 
• Algum outro efeito do cortisol na inativação ou remoção 
de produtos inflamatórios 
 
OBS! O cortisol desempenha um papel importante no 
combate a certos tipos de doença, tais como artrite 
reumatoide, febre reumática e glomerulonefrite aguda. 
Todas essas doenças se caracterizam por intensa 
inflamação local, e os efeitos danosos no organismo são 
causados, principalmente, pela própria inflamação, e não 
por outros aspectos da doença. 
 
 Mecanismo de ação celular do cortisol 
 O cortisol se difunde facilmente através das 
membranas celulares; no citoplasma, ele se liga ao seu 
receptor proteico; esse complexo vai para o núcleo e 
interage com sequências regulatórias específicas do DNA, 
chamadas de elementos de resposta a glicocorticoides, 
alterando a transcrição de muitos genes → parecido com o 
mecanismo da aldosterona. 
 
 Regulação da secreção de cortisol e seu feedback 
 O ACTH (liberado pela hipófise anterior) estimula a 
secreção de cortisol e a produção de androgênios adrenais. 
 Já a secreção de ACTH é controlado pelo fator 
liberador de corticotrofina (FLC ou CRH), liberado pelo 
hipotálamo. Esse fator é secretado no plexo capilar 
primário do sistema portal hipofisário, na eminência 
mediana do hipotálamo e, então, transportado para a 
hipófise anterior. A regulação de FLC é feita a partir de 
conexões nervosas do sistema límbico e do tronco cerebral 
inferior, que estimulam a secreção de FLC com estímulos 
dolorosos ou estressantes. 
 O ACTH nas células adrenocorticais ativam a Adenil 
ciclase da membrana, induzindo a formação de AMPc no 
citoplasma; esse composto, por sua vez, ativa enzimas que 
causam a formação dos hormônios adrenocorticais. 
 O cortisol secretado, por sua vez, apresenta efeitos de 
feedback negativo no hipotálamo (reduz a formação de 
FLC) e na hipófise anterior (reduz a formação de ACTH), 
regulando a [cortisol] plasmática. 
 
 
 
FISIOLOGIA: HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS5 
 
Fisiologia Do Estresse 
 O estresse é um fator de risco para diversas doenças e 
alterações fisiológicas. 
 
Definição 
 O estresse, seja de natureza física, psicológica ou 
social, é composto de um conjunto de reações fisiológicas 
em resposta a estímulos aversivos que, se exageradas em 
intensidade ou duração, podem levar a um desequilíbrio do 
organismo. 
 A reação ao estresse é uma atitude biológica 
necessária para a adaptação às situações novas. Esse 
comportamento é marcado por evitação ou esquiva, ↑ 
vigilância e ativação simpática e suprarrenal. Então, uma 
situação de estresse é um estado de homeostase 
ameaçada. 
 Logo, esse estresse é uma forma de adaptação e 
proteção do corpo contra agentes externos ou internos, 
chamados de estressores, sendo divididos em: 
• Sensoriais ou físicos: contato direto com o organismo 
(ex: subir escadas, correr maratona, mudanças na 
temperatura e etc) 
• Psicológicos: ativação SNC através de mecanismos 
puramente cognitivos (brigas, falar em público, luto, 
provas, doenças degenerativas, etc.) 
• Infecciosos: citocinas e ativação do sistema imune 
 
Alostase 
 É o processo da manutenção da estabilidade nas 
modificações comportamentais, a partir de ajustes em 
relação aos estressores, ou seja, o reconhecimento dos 
estressores pelo organismo, fazendo um ajuste nos 
mecanismos metabólicos-energéticos para vencer esse 
estressor. 
 Todavia, esses ajustes causam um custo cumulativo de 
estresse ao organismo, chamado de carga alostática. 
Quando o estresse perdura, ocorre condições patológicas 
chamada de sobrecarga alostática. 
 
Tipos de estresse 
• Físico: mudanças drásticas de temperatura ambiente, 
lesões 
• Psíquico ou emocional: acontecimentos marcantes. A 
amígdala é o órgão que percebe essas variações e faz 
conexões com o hipotálamo, por meio de duas vias, 
direta (projeções diretas ao hipotálamo) e indireta 
(ligação com o núcleo rubro pela estria terminal); então, 
o hipotálamo ativa respostas autonômicas (ativação do 
simpático) e hormonais (liberação de serotonina, 
catecolaminas e etc.), bem como ele leva a informação 
até o córtex pré-frontal, que cria a consciência desse 
estresse. 
• Misto: conjugação dos outros tipos → é um sentimento 
de medo, pânico ou ansiedade pela ameaça 
 
Reação do organismo aos agentes estressores 
 O organismo tem respostas complexas e coordenadas 
aos agentes estressores (luta x fuga), sendo chamada de 
síndrome geral de adaptação, que parte de uma 
programação genética (produção de neurotransmissores e 
enzimas) e uma constitucional (aquilo que a gente vai 
agregando ao longo da vida, principalmente relacionado 
com os mecanismos de recompensa). As duas 
programações vão ser mediadas por circuitos centrais 
específicos (amígdala, hipocampo, hipotálamo), sendo 
moduladas por fatores ambientais, que criam uma resposta 
adaptativa do organismo frente aquele estresse. 
 Essa resposta adaptativa é criada em 3 estágios: 
1. Alarme: o indivíduo entra em contato com o agente 
estressor 
2. Adaptação ou resistência: o corpo tenta voltar ao seu 
equilíbrio; o organismo pode se adaptar ao problema ou 
eliminá-lo 
3. Exaustão ou descompensação: nessa fase podem surgir 
diversos comprometimentos físicos em forma de 
doença → sobrecarga alostática 
 
 
 Fase 1 
 Ocorre o reconhecimento do estressor, fazendo a 
ativação neuroendócrina (amígdala → hipotálamo → 
córtex pré-frontal), que leva à ativação do simpático e 
secreção de dopamina, norepinefrina, epinefrina 
(adrenalina) e CRH (hormônio estimulador da 
corticotrofina ou FLC → secreta cortisol, mais tarde). 
 Essa descarga em massa de ativação causa diversos 
efeitos no organismo, como: 
• ↑ PA 
FISIOLOGIA: HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS 
6 
 
• ↑ fluxo sanguíneo nos tecidos relacionados ao estresse 
(músculos) e ↓ do fluxo nos órgãos sem rápida resposta 
motora 
• ↑ metabolismo celular no corpo todo 
• ↑ [glicose] sangue 
• ↑ glicólise hepática e muscular 
• ↑ força muscular 
• ↑ atividade mental 
• ↑ da velocidade/intensidade coagulação sanguínea 
(devido ao ↑ da PA) 
• Dilatação pupilar (midríase) 
 A adrenalina atua em diversos tecidos e em diversos 
receptores, tendo várias reações fisiológicas diferentes; a 
seguir tem uma tabela com os principais subtipos de 
receptores (R) de adrenalina: 
 
 Então, a liberação de catecolaminas (80% adrenalina e 
20% noradrenalina) faz principalmente a primeira 
regulação (cortisol vai fazer essa atuação mais 
tardiamente) do metabolismo intermediário, permitindo a 
adaptação ao estresse, tendo as seguintes ações: 
• Fígado: ↑ glicose → ↑ gliconeogênese (produção de 
glicose) + ↑ glicogenólise hepáticas (quebra de 
glicogênio) 
• Músculo: ↑ glicogenólise → ↑ lactato (câimbras) 
• Pâncreas: ↓ insulina e ↑ glucagon → ↑ [glicose] no 
sangue 
• Tecido adiposo: ↑ lipólise → ↑ ácidos graxos livres 
• Coração: ↑ força de contração e frequência cardíaca 
• Outros: excitação do SNC, sudorese e piloereção 
 
OBS! Diferenças entre epinefrina e norepinefrina: 
• Epinefrina: 
o Atua em receptores beta → ↑ estímulo cardíaco 
o Pouca vasoconstrição 
o ↑ do débito cardíaco 
o ↑ da atividade metabólica (5 a 10x), pelo ↑ 
glicogenólise hepática e muscular → ↑ [glicose] 
sanguínea 
• Norepinefrina 
o ↑ vasoconstrição → ↑ PA 
 
Fase 2 
 É uma fase de resposta principalmente humoral, em 
que ocorre o reparo dos danos ocorridos com a reação de 
alarme, feito com a modificação dos níveis humorais. 
 Então, mantendo as mudanças que ocorreram na fase 
1, o CRH hipotalâmico estimula a secreção de ACTH pela 
adeno-hipófise, bem como ↑ a produção de outros 
hormônios, como a prolactina, GH, TSG e ADH (na neuro-
hipófise). O cortisol produzido faz uma regulação negativa 
no hipotálamo e na hipófise anterior, ↓ a produção de CRH 
e ACTH. 
 O cortisol tem ligação com áreas do hipocampo 
relacionados à busca de memorias para a identificação do 
agentes estressantes, tendo atuação na neuroplasticidade, 
alterando o comportamento, humor, percepção, 
aprendizado e memória. O cortisol tem essa ação por meio 
da alteração nos níveis enzimáticos de: tirosina hidroxilase, 
triptofano hidroxilase, monoamina oxidase, dopamina-
beta-hidroxilase e etc. 
 No SNC, o cortisol faz alterações na produção de 
mRNAs que traduzem: somatostatina (função de inibir o 
GH), CRF, ACTH, proteína G e beta-endorfina → isso causa 
alterações nos receptores de serotonina (↓ dos 
receptores) e catecolaminas (↑), permitindo uma maior 
excitação do cérebro. 
 Além disso, o cortisol também faz todas aquelas 
outras atuações no metabolismo já citadas. 
 Então, demonstra-se que o hipotálamo é 
extremamente importante às respostas ao estresse, 
principalmente o núcleo para-ventricular, pois tem ações: 
• Neuroendócrinas: produção de CRH 
• Comportamentais: sua relação com o sistema límbico 
• Autonômicas: através do controle do SNA 
 
FISIOLOGIA: HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS 
7 
 
OBS! A prolactina tem atuação na ativação cerebral na 
resposta ao agentes estressores 
 
 O cortisol tem ações: 
• Moduladoras permissivas: preparação ao estresse 
• Moduladoras supressivas: evita resposta excessiva 
(horas após o início do estresse → ↑ do feedback -) 
• Moduladoras estimulantes: intensificação das respostas 
hormonais da 1ºonda → estimula hipotálamo a 
continuar estimulando o simpático, que libera mais 
catecolaminas pelas adrenais 
• Ações preparativas: modulação da resposta estressora 
subsequente 
 As respostas ocorridas nesse estágio são parecidas às 
que ocorreram na 1ª fase, mas são mais fracas e moduladas 
principalmente pelo cortisol: 
• ↑ dos batimentos cardíacos 
• Dilatação das pupilas 
• ↑ sudorese 
• ↑ [glicose] no sangue 
• ↓ digestão, do crescimento e do interesse sexual 
• Contração do baço: expulsa as hemácias paro o sangue, 
↑ a oxigenação dos tecidos 
• Imunossupressão 
• ↑ cognição 
• ↑ metabolismo 
 
 Funções psíquicas no estado de estresse 
 Em uma situação estressante, ocorre ampliação da 
acuidade sensorial → ↑nº de informações → ↑ 
armazenamento de dados, que vai permitir uma mais 
adequada compreensão da nova situação, o qual leva à 
adaptação. Nesse processo, ocorre o envolvimento do 
córtex somatossensorial com arquivos corticais 
(informações pregressas) e de áreas subcorticais, como 
hipotálamo, amígdala, causando o ↑ receptividade de 
estímulos sensoriais desses órgãos. 
 Na situação estressante, o hipocampo associa 
características afetivas e sinais sensoriais ao estresse atual. 
 Todo esse processo permite a adaptação por meio da 
compreensão e aprendizagem, criada pela formação de 
novas sinapses e reorganização de antigas → isso tem uma 
carga alostática (síntese de proteínas e 
neurotransmissores). 
 
 
 Se esse 2º estágio não conseguir chegar a fase de 
adaptação e mantiver a continuidade do estímulo 
estressor, entra o 3º estágio 
 
Fase 3 
 É o estágio de exaustão ou descompensação do 
organismo, no qual, acontece surgimento de doenças 
aliadas à condição estressante. Essa fase ocorre pelas 
falhas nos mecanismos de adaptação e o déficit de reservas 
energéticas. 
 Nessa fase, devido às descompensações neurológicas 
(perda de controle, falta de previsibilidade, ausência de 
escape para a frustração, ameaça crônica e subordinação 
social), ocorre ↑ no CRF → secreção crônica e excessiva de 
cortisol, que leva à degeneração hipocampal (morte de 
neurônios hipocampais), oscilações na pressão e 
hiperglicemia. 
 A desregulação do eixo Hipotálamo-Hipófise-
Aldosterona causa: 
• ↑ recaptura e degradação da serotonina 
• ↑ degradação do triptofano 
FISIOLOGIA: HORMÔNIOS ADRENOCORTICAIS 
8 
 
• ↓ produção de fator neurotrófico derivado do cérebro 
(BDNF) → relacionado com a plasticidade e 
neurogênese do hipocampo 
 Então, o estresse crônico (exposição contínua ao 
cortisol) leva a problemas de sobrevivência neuronal, de 
excitabilidade e neurogênese, levando à morte dos 
neurônios, o qual pode levar à depressão. 
 Com relação ao sistema imune, o estresse crônico 
causa: 
• Imunossupressão 
• Alteração na produção de citoninas e anticorpos 
• Desequilíbrio no balanço de Th1/Th2 
• ↓ de IL-1beta, IL-6, TNF-alfa (pró-inflamatórias) 
• ↓ efetividade da resposta imune 
• ↑ tempo de cicatrização de feridas 
 Uma outra característica presente no estresse crônico 
é o aumento excessivo de serotonina e inibição dos 
receptores GABAa (que modularia a quantidade de 
serotonina); isso leva à maior estimulação de neurônios, o 
que causa a irritabilidade do sistema límbico. 
 
 
 Exercício físico moderado regular 
 O exercício físico tem efeitos anti-inflamatórios e 
imunoestimulatórios, que causa a: 
• ↓ sinais/sintomas do estresse 
• ↓ a liberação de cortisol 
• Estimula a neuroplasticidade 
• Estimula a produção de serotonina 
• Melhora a cognição

Outros materiais