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FISIOLOGIA: O SISTEMA INTEGRADO DE REGULAÇÃO DA PA. 1 Rins no Controle a Longo Prazo da Pressão Arterial Os rins alteram a pressão arterial (PA) por meio da maior ou menor excreção de líquidos na urina. Diurese de pressão A diurese de pressão é o fenômeno do aumento do débito urinário com o aumento da pressão arterial, sendo demonstrado no gráfico, que retrata a chamada curva do débito urinário renal ou curva da função renal: Outrossim, o aumento da pressão arterial provoca também uma maior eliminação de sódio, o fenômeno da natriurese de pressão. Feedback renal A regulação da excreção renal pelo seu feedback leva em conta dois principais fatores: (1) o débito (excreção) renal de água e sal e (2) a ingestão total de água e sal. Em condições fisiológicas prolongadas, a ingestão total de água e sal deve ser excretada pelos rins; variações nessas quantidades, causam os mecanismos de feedback renal. Esses dois fatores criam um gráfico do feedback renal, que apresenta a curva vermelha (1) e a preta (2): O ponto de equilíbrio é a condição destacada anteriormente (a quantidade de ingestão água-sal = a quantidade excretada pelos rins) e é ele o princípio da resposta do feedback renal, em que o débito renal vai ser sempre regulado até a PA atingir o ponto de equilíbrio. Tratando-se do processo de regulação renal, dois processos podem ocorrer: • se, por exemplo, ocorrer um aumento da pressão arterial (para 150 mmHg), o débito renal fica 3x maior que a ingestão de água-sal. Então, o corpo começa a perder líquido (volume sanguíneo), diminuindo sua PA até os níveis normais do ponto de equilíbrio. • na situação contrária, quando acontecer uma diminuição da PA, o débito renal se torna menor que a ingestão água-sal; logo, o organismo passa a ganhar volume sanguíneo, regulando a sua PA até o ponto de equilíbrio. Analisando o gráfico anterior, percebe-se que o ponto de equilíbrio fisiológico da PA está em cerca de 100 mmHg. Existem dois modos que podem alterar esse ponto, sendo eles: • Grau de desvio da pressão na curva do débito renal: causado por alguma anormalidade renal, em que o débito renal é desviado para valores de altas pressões. • Nível de ingestão de água-sal: uma maior ingestão de água-sal desloca o ponto de equilíbrio para maiores pressões; já o contrário ocorre também (menor ingestão diminui o ponto de equilíbrio) FISIOLOGIA: O SISTEMA INTEGRADO DE REGULAÇÃO DA PA. 2 Portanto, é impossível aumentar ou diminuir a pressão arterial média a longo prazo sem alterar um dos dois determinantes apresentados. Esse feedback renal, que é regulado pelo aumento ou diminuição do débito renal, é causado por alterações na atividade do SN simpático e da atuação de vários hormônios nos rins, que aumentam ou diminuem a eficácia da natriurese e da diurese de pressão, de acordo com respostas as variações de pressão detectadas no organismo (receptores de volumes atriais e barorreceptores carotídeos e aórticos). Além disso, vale lembrar também que a regulação da pressão sanguínea, principalmente a curto prazo, também é regulada pelo sistema circulatório em conjunto com os reflexos nervosos do centro vasomotor encontrado no bulbo. Alterações sequenciais da função circulatória durante o desenvolvimento de hipertensão por sobrecarga de volume Então, em uma situação em que há diminuição da massa sanguínea (menos 30%) e aumento do consumo de água e sal, o efeito agudo é o de ↑ do volume extracelular, que leva ao ↑ do volume sanguíneo e, por conseguinte, da PA. Dessa forma, ocorrem as seguintes etapas de regulação: 1. Aumento do débito cardíaco por maior retorno venoso → Mecanismo de Frank Starling; o qual eleva a PA lentamente; a razão desse aumento mais lento é causado pelo mecanismo barorreceptor, que atenuou a elevação da pressão 2. Vasoconstrição dos pequenos vasos (arteríolas, metarteríolas e esfíncteres pré-capilares) causado pelo aumento da PA que leva ao excesso do fluxo sanguíneo → autorregulação vascular; isso aumenta a resistência periférica, que também eleva a PA 3. Após 2 a 4 dias, os barorreceptores se adaptam aos novos níveis de pressão e não são capazes de manter o aumento da PA 4. Após as alterações agudas iniciais, alterações secundárias ocorrem nas semanas seguintes, como: aumento progressivo da resistência periférica total pelo grande fluxo sanguíneo, além do débito cardíaco se FISIOLOGIA: O SISTEMA INTEGRADO DE REGULAÇÃO DA PA. 3 reduzir ao normal devido à autorregulação do fluxo sanguíneo a longo prazo 5. Os volumes do LEC e do sangue retornaram ao normal com a redução do débito cardíaco e do aumento na resistência arteriolar, isso porque: o Esses fatores reduziram a pressão capilar, diminuindo a quantidade de fluxo sanguíneo que extravasa dos capilares e, portanto, o fluxo sanguíneo normal pelos vasos linfáticos. o O aumento excessivo da PA a longo prazo, faz com os fatores hormonais e simpáticos do organismo atuem nos rins aumentando o débito renal de água- sal, diminuindo o volume sanguíneo e, consequentemente, freando o aumento da PA Portanto, pode-se dividir a hipertensão por sobrecarga de volume em dois estágios sequenciais. O primeiro estágio resulta do aumento do volume de líquido, causando elevação do débito cardíaco. Essa elevação medeia a hipertensão. O segundo é caracterizado pela alta pressão arterial e alta resistência periférica total, com retorno do débito cardíaco para níveis tão próximos do normal que as técnicas habituais de medida com frequência não conseguem detectar qualquer elevação de seu valor. Importância do Sal no controle da pressão Apesar da água também estar ligada com o débito renal, ela é consegue ser excretada na mesma velocidade que ingerida, diminuindo a sua atuação no ↑ da PA. Todavia, o excesso de NaCl no meio extracelular causa o aumento da osmolalidade do líquido extracelular, levando à: • Estimulação do centro de sede no encéfalo → estimula a pessoa a beber mais água • Estimula o mecanismo secretor do hipotálamo-hipófise posterior → libera mais quantidades do hormônio antidiurético (diminui a quantidade de água excretado pela urina) Hipertensão crônica Hipertensão crônica é quando o indivíduo apresenta a pressão arterial média maior que 110 mmHg. Os efeitos da hipertensão crônica são letais, pois causam: • Trabalho cardíaco excessivo leva à insuficiência cardíaca e à doença coronariana precoce • Lesa mais rapidamente vasos sanguíneos cerebrais importantes, causando o AVC • Lesa os rins, produzindo áreas de destruição renal SISTEMA RENINA-ANGIOTENSINA A renina é uma enzima proteica liberada pelos rins quando PA cai para níveis muito baixos. Essa substância é sintetizada e armazenada em forma inativada chamada pró-renina nas células justaglomerulares (células JG) dos rins (essas células estão presentes nas paredes das arteríolas aferentes imediatamente proximais aos glomérulos). Essa proteína, ao ser secretada, circula pelo corpo inteiro e atua também nos rins. No sangue, a renina age enzimaticamente na globulina chamada de substrato de renina (ou angiotensinogênio), liberando angiotensina I. Essa substância liberada apresenta pequenas capacidades vasoconstritoras, mas elas são convertidas em angiotensina II. Esse processo acontece, em grande parte, nos pequenos vasos que circulam pelos pulmões, os quais apresentam a enzima conversora de angiotensina; outros tecidos como rins e alguns vasos também podem converter a angiotensina II, mas em menor quantidade que nos pulmões. A angiotensina II exerce dois efeitos principais que causam o aumento da PA: • Vasoconstrição das arteríolas e veias: a vasoconstrição das arteríolas causa o ↑ da resistência periférica, já das veias causa um ↑ do retorno sanguíneo ao coração. • Atuação direta sobre os rins: faz uma vasoconstrição das arteríolas renais, que ↓ o fluxo sanguíneopelos rins, ↓ a pressão nos capilares peritubulares, provocando a rápida reabsorção de líquido pelos túbulos FISIOLOGIA: O SISTEMA INTEGRADO DE REGULAÇÃO DA PA. 4 • Promove a secreção de aldosterona pelas adrenais: causa o ↑ lentamente do volume do LEC → mais informações sobre a aldosterona, revisar no resumo “Hormônios adrenocorticais e Fisiologia do estresse”. Papel do sistema renina-angiotensina A importância desse sistema é que ele permite que a pessoa ingira quantidades muito pequenas ou muito grandes de sal, sem apresentar variações bruscas do volume sanguíneo do LEC ou da PA, pois sabe-se que o sal é um fator muito importante para a reabsorção de água nos rins. Ou seja, esse sistema forma um mecanismo de feedback negativo, em que duas situações podem ocorrer: • O aumento do consumo de Na (e em parte de água) tende a aumentar a PA, então ocorre diminuição drástica da secreção de renina, que causa um ↑ no débito renal de água e sal, ↓ a PA • A ↓ do consumo de Na e água é seguido de diminuição da PA, o que leva à secreção de renina e, então, ↑ da PA. Esse sistema é o mais potente do organismo para acomodar amplas variações na ingestão de sal, com mínimas variações na PA.
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