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Ancylostomatidae – Ancilostomose Ancilostomose, ancilostomíase, ou amarelão, é uma parasitose/geo-helmintose do intestino grosso humano, típica de áreas de pobreza e desigualdades sociais. É causada por duas espécies da família Ancylostomatidae: Ancylostoma duodenale e Necator americanus. · Ancylostoma duodenale – principalmente em regiões de clima temperado. · Necator americanus – principalmente em regiões de clima tropical. *A ancilostomose também pode ser causada pela espécie Ancylostoma ceylanicum, sendo mais prevalente no continente asiático (zoonose – cães e gatos). Morfologia – Adulta A forma adulta da família Ancylostomatidae possui tubo digestivo completo, capsula bucal e formato cilíndrico. · Ancylostoma duodenale (subfamília – Ancylostominae) Apresenta capsula bucal contendo dois pares de dentes ventrais na margem interna da boca e duas lancetas subventrais no fundo da boca. · Macho · 8,0 a 11,0 mm de comprimento por 400,0 µm de largura · Bolsa copuladora · Dois espículos longos com gubemáculo evidente · Fêmea · 10,0 a 18,0 mm de comprimento por 600,0 µm largura · Cauda afilada (espiniforme na porção terminal) · Vulva · Necator americanus (subfamília – Bunostominae) Apresenta capsula bucal contendo duas placas cortantes semilunares subventrais e duas lâminas cortantes subdorsais. · Macho · 5,0 a 9,0 mm de comprimento por 300,0 µm de largura · Bolsa copuladora · Dois espículos longos sem gubemáculo evidente · Fêmea · 9,0 a 11,0 mm de comprimento por 350,0 µm de largura · Cauda afilada (não espiniforme na porção terminal) · Vulva Morfologia – Ovo · 56,0 a 76,0 µm de comprimento · Elipsóide de casca fina e transparente · Formato ovoide · Armazenam as células germinativas, que darão origem as larvas *A morfologia do ovo é idêntica nas duas espécies. Habitat Usualmente, a forma adulta, conclui o seu ciclo biológico e se localiza no intestino delgado humano. Ciclo biológico O casal de parasitas realiza a cópula no intestino delgado, liberando os ovos que saem junto às fezes. Em solo adequado, o ovo embriona e eclode, dando origem à primeira larva – rabditoide. A larva sofre “muda” e se diferencia em larva filarióide (L3) – forma infectante. A larva L3 adentra a pele humana (com o auxílio de proteínas que digerem o tegumento) e cai na corrente sanguínea alcançando o pulmão, onde se diferencia em larva L4. Nesse estagio, a larva, sobe pela árvore brônquica (bronquíolos – brônquio), traqueia, laringe e faringe, e pode ser deglutida ou expectorada. Se for deglutida, alcança o intestino delgado, sofre “muda” e se transforma em larva L5, desenvolve-se, atinge o estagio adulto, sexualmente fértil, e realiza a cópula logo em seguida. *Parasitos da subfamília Ancylostomatinae podem infectar o homem por via oral, pela ingestão de L3 em alimentos ou água contaminada. Nesta via de infecção, as L3 deglutidas migram para o intestino delgado, penetram na mucosa intestinal e mudam para L4. As L4, após emergirem na luz intestinal e iniciarem a hematofagia, diferenciam-se para adultos sexualmente maduros. Transmissão A transmissão acontece com penetração do tegumento humano pela larva filarióide (L3) ou com a ingestão da mesma. · Penetração da pele ou mucosas · Caminhar descalço · Pisotear fezes contaminadas · Manipulação de solo contendo a larva · Água ou alimentos contaminados Patogenia A patogenia está associada, principalmente a carga parasitária. · Período de invasão larvária (ao tegumento) · Erupções papulovesiculares pruriginosas eritematosas. · Adenopatias (comprometimento dos gânglios linfáticos próximos) · Ulcerações e, possíveis, infecções secundárias (ex.: bactérias carregadas pelo parasita) · Lesões · Fenômenos vasculares · Sensação de picada · Hiperemia e Edema · Prurido · Dermatite urticariforme · Durante o período migratório larval pelos pulmões · Síndrome de Löeffler (semelhante a processos asmáticos: febre, tosse, alergia e eosinofilia sanguínea) · Faringite · Laringite · Sensação de obstrução da garganta · Dor ao falar e deglutir · Durante o parasitismo intestinal por adultos · Lesão mecânica da mucosa · Ulceração com sangramento · Inflamação · Possibilidade de infecções secundárias · Espoliação sanguínea (parasita hematófago) · Hemorragias residuais (devido à sucção, secreção de enzimas hidrolíticas e substancias anticoagulante) · Deficiência nutricional que pode resultar em anemias (principalmente ferropriva) Sintomatologia · Dor epigástrica · Perca de apetite ou alotriofagia (também conhecido como síndrome de pica, é aumento do apetite por produtos não comestíveis) · Náuseas e vômitos · Diarreia mucosanguinolentas · Constipação · Desnutrição calórico-proteica resultando em perca de peso, anemia grave (palidez, cansaço, fraqueza, tonturas, dores musculares, apatia) · Ulcera duodenal · Colecistite · Hipoprotreinemia – hipoalbuminemia (edemas no rosto/membros) · Dilatação cardíaca (tentativa de compensar) · Insuficiência respiratória. Diagnóstico · Clinico – sintomas cutâneos, pulmonares e intestinais, acompanhados ou não de anemia e eosinofilia (pouco específico, facilmente confundido com outras parasitoses) · Laboratorial · Exame parasitológico de fezes · Coprocultura (permite diferenciar N. americanus e Ancylostoma sp.) · Métodos imunológicos (não possibilita diferenciar infecções recentes ou antigas) · ELISA · Hemaglutinação · Reação de fixação de complemento · Métodos moleculares · PCR (critério epidemiológico) Profilaxia · Proteção dos alimentos · Consumo de água filtrada · Tratamento de fezes que serão utilizadas como adubo · Tratar os doentes · Melhoria das condições socioeconômicas da população afetada, saneamento básico · Educação sanitária Tratamento · Uso de anti-helmínticos – albendazol, mebendazol, pamoato de pirantel · Alimentação suplementar – fígado, carnes, gema de ovo, frutas, hortaliças verde-escuro, leguminosas · Em casos de anemia ferropriva – administração de sais de ferro (sulfato ferroso) Referências: Neves, D.P., Melo, A.L., Linardi, P.M., Vitor, R.W.A. Parasitologia Humana. 13ᵃ Edição, Ed. Atheneu, Rio de Janeiro, 2016. ATLAS VIRTUAL DE PARASITOLOGIA. Ancilostomídeo. Disponível em: http://atlasparasitologia.sites.uff.br/?cat=11#:~:text=Caracter%C3%ADsticas%3A%20ovo%20elips%C3%B3ide%20de%20casca,que%20a%20larva%20se%20desenvolve . Acesso em: 29 abr. 2021.
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