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Manual do Praticante 2019 Página 2 de 57 Página 3 de 57 Sumário Aviso ao leitor ..................................................................................... 5 Sobre os autores desta obra ............................................................... 6 Copyright © 2017 – Todos os direitos reservados ............................. 7 Técnicas Verticais ............................................................................... 8 Rapel ................................................................................................... 8 Equipamentos ................................................................................... 13 Certificações dos equipamentos ...................................................... 13 Materiais Básicos para a prática de Rapel ........................................ 16 Descrição dos materiais básicos ....................................................... 16 Cadeirinha ......................................................................................... 16 Capacete ........................................................................................... 20 Luvas ................................................................................................. 21 Mosquetões ...................................................................................... 22 Freio .................................................................................................. 23 Cordeletes......................................................................................... 28 Corda ................................................................................................ 29 Diferença entre cordas semi-estáticas e cordas dinâmicas ............. 29 Conservação e cuidados com a corda .............................................. 30 Lavando sua corda (válido para materiais têxteis de rapel) ............. 31 Materiais de Abandono .................................................................... 33 Cuidados com seu equipamento ...................................................... 34 Informações extras ........................................................................... 34 Página 4 de 57 Procedimentos de segurança a serem adotados pelo praticante antes da atividade ............................................................................ 35 Procedimentos de segurança a serem adotados em ordem pelo praticante durante a prática de rapel .............................................. 36 Procedimentos de segurança a serem adotados pelo praticante após a prática do rapel .............................................................................. 37 Armazenamento de equipamento ................................................... 38 Procedimento de passagem da corda no Freio Oito. ....................... 38 Nós básicos utilizados no rapel ........................................................ 39 Nó Machard ...................................................................................... 41 Ancoragens Debreáveis .................................................................... 42 Processo de Ancoragem Comum ...................................................... 44 Gerenciamento de Atrito .................................................................. 48 Sistema de Auto-Molinete ................................................................ 49 Sistema debreável com Freio 8 Comum ........................................... 50 Outras ancoragens debreáveis ......................................................... 52 Águas Vivas ....................................................................................... 53 Referências ....................................................................................... 55 Anotações do leitor .......................................................................... 56 Página 5 de 57 Aviso ao leitor Este manual tem como objetivo servir de referência para praticantes de técnicas de rapel. Serve como meio de pesquisa e consulta sobre técnicas verticais de descenso através de equipamentos específicos para a prática de rapel. Este manual não torna o leitor praticante de técnicas verticais. Os autores desta obra e o canal Liga Rapel – Esportes e Atividades ao Ar Livre do Youtube não se responsabilizam pela prática de rapel dos praticantes que possuem este manual. Este manual é uma referência. Existem diversas culturas de práticas verticais em diversos locais diferenciados. Não significa que o que está escrito aqui é uma verdade única. Podem existir diversas maneiras de se praticar de maneira segura. Recomendamos a aprovação de um instrutor qualificado para qualquer procedimento adotado por você durante suas atividades. Atividades verticais requerem atenção extrema do praticante. Esteja atento ao praticar! Página 6 de 57 Sobre os autores desta obra Gabriel Finelli Instrutor de técnicas verticais desde 2013. Formação em NR-35 (Trabalho em altura) pela M.A. Consultoria 2014. Formação em prática de Canionismo Autônomo por Fábio Miguel, “Fábio do Canyon”, em ‘Curso Básico de Autonomia do Praticante 2015.” Formação EPE-02 GBCAN – Autonomia em Cânions de cotação V4.A3.III. Formação em Curso de Manejo de Serpentes e Animais Peçonhentos ministrado por Faculdade Uni-BH. Formação em Auto-Resgate GBCAN. Presidente do Centro de Apoio ao Profissional do Rapel (2017/2020). Conselho Consultivo da União Brasileira de Resgate e Acesso por corda. Elizabeth Vieira de Oliveira Instrutora de técnicas verticais desde 2015. Formação em prática de Canionismo Autônomo por Fábio Miguel, “Fábio do Canyon”, em ‘Curso Básico de Autonomia do Praticante 2015.” Formação em Curso de Manejo de Serpentes e Animais Peçonhentos ministrado por Faculdade Uni-BH. Página 7 de 57 Copyright © 2018 – Todos os direitos reservados Copyright © 2018 – Todos os direitos reservados. Todos os textos, imagens, gráficos, animações, vídeos, músicas, sons e outros materiais são protegidos por direitos autorais e outros direitos de propriedade intelectual pertencentes ao Liga Rapel – Esportes e Atividades ao Ar Livre. É expressamente vedada a cópia ou reprodução destes materiais para uso ou distribuição, seja comercial ou não; a modificação destes materiais, sua inclusão em outros websites e o seu envio e publicação em outros meios digitais e físicos, ou de qualquer outra forma dispor de tais materiais sem a devida autorização, estando sujeito às responsabilidades e sanções legais. https://www.ford.com.br/copyright/ https://www.ford.com.br/copyright/ Página 8 de 57 MANUAL D0 PRATICANTE – LIGA RAPEL Técnicas Verticais São técnicas utilizadas para transpor obstáculos, comuns a várias atividades como montanhismo, escalada, alpinismo, resgate ou salvamento, operações táticas, espeleologia, canionismo, ações de logística e transporte, construção civil, entre outras. Rapel Em francês: rappel. É uma atividade vertical que tem como objetivo permitir o acesso a locais acima do solo ou área de trabalho através de ferramentas específicas, tais como cordas, freios, mosquetões, capacetes, ascensores etc. Existem diferentes versões para o surgimento do rapel. Uma delas, data do final do século XIX quando escaladores franceses exploravam os cânions e cavernas dos Pirineus (montanhas que separam o norte da Espanha do sul da França), criando então uma técnica para descida mais segura. https://pt.wikipedia.org/wiki/Montanhismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Escalada https://pt.wikipedia.org/wiki/Alpinismo https://pt.wikipedia.org/wiki/Salvamento https://pt.wikipedia.org/wiki/T%C3%A1tica https://pt.wikipedia.org/wiki/Espeleologiahttps://pt.wikipedia.org/wiki/Canyoning https://pt.wikipedia.org/wiki/Log%C3%ADstica https://pt.wikipedia.org/wiki/Constru%C3%A7%C3%A3o_civil https://pt.wikipedia.org/wiki/L%C3%ADngua_francesa Página 9 de 57 A invenção da técnica de rapel é atribuída a Jean-Charlet Straton, um guia da cidade de Chamonix (França) que usou esta técnica para sair do Petit Dru (3.730m), em 1879. Até o final do século 18 as cordas só podiam ser utilizadas, em atividades de montanha, de forma limitada. Futuramente o desenvolvimento de novos tipos de cordas, mais resistentes e seguras, possibilitou a prática do rapel com muito mais segurança. Historicamente, as primeiras técnicas de rapel foram realizadas sem um sistema de freio. A travagem era realizada pelo atrito da corda nas mãos ou em torno do corpo do escalador, o que poderia causar dor intensa (queimaduras) e danos às roupas. Estas técnicas antigas não são mais usadas hoje em dia. https://fr.wikipedia.org/wiki/Jean_Charlet-Straton https://fr.wikipedia.org/wiki/Jean_Charlet-Straton https://fr.wikipedia.org/wiki/Chamonix-Mont-Blanc https://fr.wikipedia.org/wiki/Petit_Dru Página 10 de 57 Corda passando em torno do corpo No início, não havia maneira de executar um auto-seguro (técnica na qual o praticante cria um sistema de segurança, (backup), onde caso venha a soltar as mãos da corda, o sistema o freia automaticamente) para a descida, e muitos alpinistas perderam a vida através de erros de manipulação. Geralmente uma má implementação da corda na condução nos ombros causava queimaduras ou paralisia no praticante. O conforto foi um pouco melhorado quando, ao invés de passar a corda entre as pernas, foi instalada uma corda anel ou cinta em torno na bacia. Página 11 de 57 Procedimentos para a prática de rapel: Ao efetuar rapel, o praticante deve se aproximar do local da ancoragem com total segurança utilizando a ferramenta extensora “longe” também conhecido como “rabo de vaca” (equipamento que funciona como um extensor do seu corpo, feito com corda dinâmica de escalada, possuindo um mosquetão em uma das extremidades preso ao seu assento e outros dois mosquetões nas duas outras extremidades que servem como extensão de sua segurança) em corrimão previamente montado pelo ancorador (responsável por montar a ancoragem com segurança). Todo o equipamento deve ser conferido antes de se ancorar o praticante à via de rapel. Após estar devidamente ancorado na via de rapel, ao se aproximar do ponto de início da descida, deve procurar o melhor posicionamento mantendo os pés afastados para que haja maior equilíbrio. Antes de iniciar a descida deve-se verificar a folga entre a ancoragem e o freio, ajustá-la, e só então liberar-se do equipamento de segurança (longe). E também deve-se comunicar à pessoa que está efetuando a segurança que a descida começará. Ao iniciar a descida o praticante deve escolher a melhor forma de se posicionar conforme o local, lembrando que em nenhuma hipótese poderá soltar, da corda, a mão que controla a descida. Página 12 de 57 Longe ou Rabo de Vaca Observações: - Cabelo, comprido ou não, deve estar totalmente preso e dentro do capacete para evitar que seja “puxado” pelo freio caso encoste no mesmo durante a descida. - Não se deve utilizar roupas folgadas que podem ser “engolidas” pelo freio durante a descida. - Não se deve, nunca, encostar a mão no freio durante a descida, evitando assim acidentes. O Freio é um dispositivo de atrito, qualquer objeto pode ser sugado para dentro dele, ao contato com a parte em que a corda atrita no freio. Página 13 de 57 Equipamentos Todo equipamento deve conter uma certificação aceita para o uso. No caso do rapel deve conter CA, CE ou UIAA. Certificações dos equipamentos CA – Certificado de Aprovação (Brasileiro) – O CA é a garantia fornecida pelo Ministério do Trabalho para que o equipamento possa ser utilizado com segurança no território brasileiro. Materiais com CA podem ser utilizados para trabalho em altura, alpinismo industrial ou para fins profissionais no Brasil. CA – Certificação de Aprovação CE – Conformidade com as normas Européias - Esta marca indica que um produto atende à legislação da União Européia em requesitos como segurança, higiene e proteção Página 14 de 57 ambiental estando, desta forma, credenciado a circular por todo espaço econômico europeu. Materiais com CE não podem ser utilizados para trabalho em altura, alpinismo industrial ou para fins profissionais no Brasil. CE – Certificação Européia UIAA – União Internacional das Associações de Alpinismo – Organização representativa de interesses de alpinistas ao redor do mundo. Atua em 76 países e é considerada entidade máxima, a nível global, do alpinismo pelo Comitê Olímpico Internacional. Materiais com UIAA podem ser utilizados para trabalho em altura, alpinismo industrial ou para fins profissionais no Brasl. Página 15 de 57 UIAA - União Internacional das Associações de Alpinismo Laudo Técnico – Alguns equipamentos de rapel não possuem nenhum tipo de certificação, porém possuem um Laudo Técnico. Um Laudo Técnico é um processo de perícia do equipamento, comprovando que o mesmo é funcional e seguro. Existem equipamentos que não possuem certificações homologadas pelo Ministério do Trabalho e tem a qualidade superior a alguns tipos de materiais parecidos que possuam homologação, porém não podem ser utilizados para Alpinismo Industrial e outras profissões que exijam Certificações e Homologações. Página 16 de 57 Materiais Básicos para a prática de Rapel Cadeirinha (Baudrier). Capacete. Par de Luvas. Mosquetões HMS ou Formato D. Freio oito comum. Rabo de vaca (Cow Tail). Cordeletes entre 5mm a 7mm. Corda Semi-Estática entre 8mm a 11,5mm. Proteções para a corda. Mosquetões de malha rápida para abandono. Descrição dos materiais básicos Cadeirinha Também chamada de baudrier ou assento, é fabricada para escaladores, praticantes de rapel, espeleologistas, alpinistas e canionistas. As cadeirinhas são feitas para suportarem o peso do praticante e trazer o maior conforto possível para a prática de rapel. Elas são compostas por loops, que são fitas que passam pela cintura, perna e para pendurar seu equipamento. Cadeirinhas projetadas para trabalho em altura e alpinismo industrial não devem ser utilizadas por praticantes de rapel em locais aquáticos, pois por possuírem acessórios em excesso cruzando o seu corpo o praticante Página 17 de 57 pode acabar se envolvendo em um acidente em locais que contenham água. Exemplo: Ficar preso em galhos ou rochas após um salto e não conseguir se soltar. Cadeirinha (Baudrier) Os loops (voltas) da cadeirinha são: Belay Loop: Localizado na cintura, é utilizado para colocação do mosquetão e freio quando o escalador deseja fazer a segurança de seu companheiro. O praticante de rapel raramente utiliza do Loop Belay para a prática de rapel, porém ainda é comum ver algumas pessoas utilizando-o. Belay Loop Página 18 de 57 Loop da Cintura: Localizado na cintura do praticante, onde a maioria dos praticantes de rapel passam seu mosquetão junto ao loop da perna para a prática de rapel. Pode conter o Loop Principal Loop da perna (leg loop): Localizado nas pernas, é o loop que proporciona a sustentação e conforto para o praticante manter-se equilibrado na cadeirinha. Loop dos Equipamentos (gear loop): Localizado na cintura, é projetado para que o praticante de rapel possa colocar seus equipamentos. Página 19 de 57 Gear Loop Importante: Cadeirinhas de rapel devem ser colocadas e verificadas pelo praticante de rapel e por um instrutor. Ela também pode ser feita à base de improviso, em casosemergenciais, utilizando uma fita tubular ou uma corda. O LIGA RAPEL não recomenda este tipo de improviso. Página 20 de 57 Capacete Fabricados na sua maioria em polietileno para que os praticantes de rapel, escalada e alpinismo industrial não machuquem o crânio em caso de um incidente ou acidente. Os capacetes podem evitar fraturas caso um objeto que esteja acima do praticante de rapel venha a cair em sua cabeça ou caso o próprio praticante de rapel venha a cair ou bater a cabeça em um objeto. (Neste último caso, capacetes suspensos não protegem contra a queda do próprio praticante, deve-se procurar um capacete de isopor injetado). Capacete Página 21 de 57 Luvas Equipamento opcional, que deve ser utilizado com prudência pelo praticante de rapel. Em ambiente aquático o uso de luvas é condenado, pois retira o tato do praticante e coloca- o exposto ao perigo de ter a luva presa pelo sistema de frenagem. No rapel em locais secos o uso de luvas é muito comum. A maioria dos praticantes não tem conhecimento das formas de passada de corda no freio (lenta, comum e rápida) e acabam por preferir utilizar as luvas para não queimar as mãos. Luvas Página 22 de 57 Mosquetões Os mosquetões são divididos em diversos modelos, cada um tem uma função específica. O canal Liga Rapel recomenda a utilização de Mosquetões HMS e Mosquetões de Malha Rápida. Mosquetão HMS Malha rápida Modelos de mosquetões que hoje em dia são ultrapassados, porém utilizados, são os mosquetões em formato D e mosquetões de aço em formato oval. O único material de aço utilizado no rapel pela equipe LIGA RAPEL são as chapeletas de ancoragem, parabolts e mosquetões de malha rápida. Página 23 de 57 Mosquetão em formato “D” Mosquetão oval Freio O freio é uma ferramenta que possibilita a descida do praticante de rapel com segurança criando um atrito com a Página 24 de 57 corda e diminuindo a força que o praticante de rapel deverá aplicar para segurar a corda ao efetuar a descida. O modelo de freio mais comum e recomendado pelo Liga Rapel é o freio oito comum. Existem diversos modelos de freio mais avançados, segue a lista com o nome de alguns mais comuns utilizados no rapel. Oito Comum: Projetado para qualquer praticante de rapel, serve para criar sistemas de ancoragem debreável e serve para descenso (descida de rapel). É o freio mais comum utilizado pelo mundo e tem o custo abaixo dos outros freios do mercado. Freio oito comum Página 25 de 57 Kong OKA: Projetado para o praticante descer utilizando-o como freio e para criar sistemas de ancoragem avançado e sistemas debreáveis de ancoragem. Recomendado para usuários que já tem vasta experiência em rapel. Freio Oka da marca Kong Petzl Pirana: Projetado para ambientes aquáticos, não foi projetado para sistemas de ancoragem e sim somente para descidas. Recomendado para usuários que já tem vasta experiência em rapel. Página 26 de 57 Freio Pirana da marca Petzl Petzl Huit: Freio oito fabricado pela Petzl. É um freio oito em formato diferente dos freios comuns, ele tem um formato quadrangular fazendo com que evite o chamado BOCA DE LOBO (é um tipo de nó que pode ser causado com o afrouxamento da corda enquanto o praticante está efetuando um rapel. Exemplo: o praticante de rapel descendo uma cachoeira ao achar uma rocha decide ficar em pé na mesma. Ao causar o afrouxamento da via a boca de lobo pode acontecer e travar o freio, sendo necessário efetuar um auto resgate). Este freio pode ser utilizado também para sistemas de ancoragem debreável simples. Página 27 de 57 Freio Huit da marca Petzl Existem ainda muitos modelos de freio, porém não serão citados com a descrição total pois não são muito utilizados na prática de rapel: GriGri, Stop, ID, RIG, Hydrobot etc. Página 28 de 57 Cordeletes Os cordeletes são “cordas” de milimetragem (bitola) menor. Também são chamados de “cordim”. Os cordeletes têm diversas funções: Ascensão em corda: subida pela via (corda). Segurança pessoal: utilizando-o como sistema de backup pessoal. Auto-seguro: sistema no qual você pode soltar a via de forma que você fique travado e não despenque. Não recomendamos sua utilização em ambientes aquáticos. Equalização de vias – Equalizar o peso na ancoragem dividindo-o em vários pontos para que não force apenas um ponto de ancoragem. Cordeletes Página 29 de 57 Corda A corda para rapel deve ser SEMI-ESTÁTICA com homologação para suportar peso (entre em contato com a fábrica e solicite dados quando houver dúvidas), com bitola entre 8mm e 11,5mm. Os praticantes de técnicas verticais em geral optam por utilizar vias de 8mm até 12mm, já os praticantes de rapel normalmente optam por utilizar vias de 10mm até 11,5mm. As cordas devem ser protegidas, a todo custo, de quinas vivas (locais onde a corda pode ser danificada ao atritar, ex.: Rochas em uma cachoeira). Marcas de Cordas Nacionais: Polaris, BRC, K2, Bera, Plasmódia. Diferença entre cordas semi-estáticas e cordas dinâmicas Não existem cordas totalmente estáticas para rapel, nenhum material deste tipo é totalmente estático, nem cabos de aço que são utilizados para fazer tirolesas. Cordas semi-estáticas têm um perfil de alongamento entre 2% e 5% aproximadamente, ou seja, não cederão mais que o permitido para não causar um acidente. Página 30 de 57 Cordas dinâmicas não são feitas para a prática do rapel, são para absorção de impacto, ou seja, para o escalador que quando está realizando uma escalada, cair, a corda irá absorver o impacto da queda, pois as cordas dinâmicas esticam muito mais, têm um alongamento maior do que cordas semi-estáticas. JAMAIS UTILIZE UMA CORDA DE ESCALADA EM SUA PRÁTICA DE RAPEL! EXISTE UM RISCO ALTO DE ACIDENTE! Conservação e cuidados com a corda Normalmente a corda utilizada para rapel contém uma capa externa, fibras trançadas internamente e uma certificação, que pode conter o nome da empresa, CNPJ, o número da certificação ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) ou o número da NR (Norma Regulamentadora). A composição básica das cordas é poliamida que é um tipo de nylon. Após cada rapel você deve verificar a sua corda. No caso de verificação de qualquer dano na corda, seja visual ou sentindo manualmente externamente e internamente ao fazer a checagem da corda, você deve cortar no mínimo 30 centímetros de cada lado do local danificado, de forma que você não corra riscos ao praticar rapel com esta corda Página 31 de 57 novamente. Jamais pode se efetuar um nó para emenda de corda pois isto diminui a carga de ruptura em que a corda pode ceder, ou seja, a parte danificada deve ser descartada e a corda ficará dividida em duas vias. As cordas para rapel devem sempre ser mantidas limpas pois a sujeira impregnada dentro das fibras de poliamida podem, através do atrito, danificar a corda. Lavando sua corda (válido para materiais têxteis de rapel) Não podem ser utilizados produtos químicos ou água que contenha micro partículas (água de cachoeira, por exemplo). O ideal para lavar a sua corda é utilizar água pura, sem cloro ou produtos químicos, colocar a corda mergulhada nesta água, trocar a água e mergulhar a corda novamente repetindo o processo várias vezes. Você também pode utilizar produtos próprios para a limpeza de corda como o “Beal Rope Cleaner” (detergente) e uma escova chamada “Rope Brush” fabricados propriamente para lavagem de cordas, porém, devido à dificuldade em encontrar esses materiais no Brasil, recomendamos o processo de lavagem padrão, apenas com a água pura. Página 32 de 57 Atenção: Não se deveutilizar máquinas de pressão pois isto pode fazer com que a sujeira seja injetada para dentro da corda! Para secar a corda você deverá deixá-la em lugar sem sol e bem arejado, secando naturalmente. Desta forma ela não irá mofar e também não ressecará. Página 33 de 57 Materiais de Abandono Durante a prática de rapel, o praticante pode se deparar com uma situação onde não é possível efetuar a descida e depois voltar para recolher a corda, então ele deverá deixar um material de abandono como meio de ancorar sua via. Após a descida utilizando um sistema de recolhimento de vias, este material irá ficar lá em cima, no ponto de ancoragem. Este material que fica lá em cima é chamado material de abandono. Na maioria das vezes são os canionistas quem abandonam o material. Caso você encontre algum material de abandono, ao praticar rapel ou canionismo, NÃO RETIRE O MATERIAL DO LUGAR, pois aquele material pode ser necessário para um esportista que irá passar por ali futuramente. Caso o material esteja danificado, substitua por um material novo, se você tiver disponível, o mesmo material para substituição. Principais materiais que são abandonados: chapeletas, fitas tubulares, mosquetões de malha rápida (também conhecidos como mailon), pedaços de corda passados em volta de uma árvore ou pedra. Página 34 de 57 Cuidados com seu equipamento Todo equipamento tem uma validade a qual deve ser verificada ao comprar seu equipamento pessoal. Após passar a validade do seu equipamento você deverá descartá- lo. Todo equipamento deve ser verificado antes do uso e após o uso, caso ele apresente danos você deverá descartá-lo. Equipamentos de rapel não são recicláveis nem devem ser reformados. Informações extras 1. Mosquetões em formato D podem ser utilizados para rapel. O Formato D faz com que a resistência dele aumente e a carga seja transferida para o eixo oposto de sua abertura, que é seu ponto mais fraco. 2. Mosquetões de malha rápida (mailons) também podem ser utilizados para fechar algumas cadeirinhas de Espeleologia e Alpinismo Industrial. 3. Freios podem ser de alumínio ou aço. Caso seu freio seja de aço recomendamos utilizar um mosquetão também feito em aço. Não recomendamos a utilização de nenhum material de aço exceto os mailons. Página 35 de 57 Procedimentos de segurança a serem adotados pelo praticante antes da atividade Andar tranquilamente pelas trilhas. Jamais correr ou saltar sem necessidade. Manter-se hidratado e bem alimentado. Estar bem fisicamente e mentalmente. Utilizar calçados e roupas adequadas para o local onde você está indo. Em caso de cachoeira com poço de alta profundidade, levar coletes salva vidas ou objeto flutuador para sair do poço com segurança. Levar óculos de mergulho, caso haja água, para que possa achar um objeto que tenha caído dentro da água. O instrutor deve passar a todos informações suficientes do tipo de atividade que será feita, para que os participantes possam se programar da melhor forma. Página 36 de 57 Procedimentos de segurança a serem adotados em ordem pelo praticante durante a prática de rapel 1. Verificar equipamentos. 2. Adentrar na trilha ou local onde será realizada a atividade. 3. Criar um corrimão de segurança para que todos possam se aproximar com segurança. 4. Criar o sistema de ancoragem utilizando nós seguros para rapel ou sistemas debreáveis para canionismo. 5. Escolher uma pessoa para que faça a segurança dos praticantes que estarão na via descendo. 1. O membro do grupo que irá prestar segurança a executa da seguinte forma: segura a ponta da via com uma volta na mão de forma que se o praticante que está descendo soltar as mãos da via, desmaiar, ou ficar impossibilitado de segurar a via, a pessoa que está fazendo a segurança apenas puxe a via de forma que ela estique e o praticante seja freado automaticamente. 2. Caso não tenha ninguém para fazer a segurança, o primeiro a descer deve ser Página 37 de 57 debreado: descido de cima via sistema de ancoragem debreável. 6. Colocar o praticante que irá descer na via. 7. Após colocá-lo na via, desacoplá-lo do corrimão. 8. Iniciar a descida. 9. Após finalizar todas as descidas, desmontar todo o sistema de ancoragem. 10. Se afastar da exposição ao risco. 11. Recolher a corda. 12. Recolher o corrimão de segurança. Procedimentos de segurança a serem adotados pelo praticante após a prática do rapel Verificar todo o equipamento. Em caso de cachoeira colocar todo equipamento para secagem na sombra em local super arejado. Após a secagem, verificar novamente todo o equipamento. Na verificação do equipamento após o uso verifique a corda por completo, se a alma da via (parte interna) está boa, verifique as cadeirinhas, os mosquetões se estão fechando corretamente e se não sofreram danos. Página 38 de 57 Armazenamento de equipamento Guarde seus equipamentos sempre em local seco e arejado, evitando assim locais úmidos que podem contribuir para o mofo. Evite locais altos em que alguém pode se machucar ao tentar alcançá-los ou mesmo para evitar a queda dos equipamentos. Procedimento de passagem da corda no Freio Oito. A corda deverá ser passada no freio oito de maneira que o praticante possa efetuar um rapel com segurança. Existem 2 passadas na prática de rapel seguras: Página 39 de 57 Nós básicos utilizados no rapel Nó Aselha A Aselha serve como base para que o Praticante de Rapel aprenda a criar um oito. É um nó básico e que não tem utilizade primária durante a prática. Por ser o nó mais simples de ser efetuado, é bom deixá-lo na lista pra que fique como referência ao oito. Nó aselha simples Nó Aselha em figura Oito, conhecido também como Oito Simples A Figura Oito no rapel é de extrema importância levando em consideração que a maioria dos praticantes de rapel utilizam o nó Oito Duplo para efetuar suas ancoragens. Na figura abaixo temos o Oito simples, feito apenas com uma via. Página 40 de 57 Nó oito simples Nó Oito Duplo O nó mais utilizando entre os Praticantes de Rapel é o Oito Duplo, ele é feito da mesma maneira que o Oito Simples, porém a via está permeada (Dobrada). A volta é usada dentro do mosquetão da ancoragem. Para o nó não ficar muito tensionado ao final do dia, é recomendado utilizar um nó blocante junto ao oito. Página 41 de 57 Machard Entre os nós blocantes, o Machard é um nó que quando tensionado, ele tende a travar na via, quando frouxo, ele corre pela via. Por se tratar de um nó blocante ele é amplamente utilizado para retirar a tensão de nós de ancoragem e sistemas de ascensão por métodos de fortuna (improviso). O laço final do nó Machard deverá ficar no mosquetão da ancoragem de forma que o nó fique sem tensão, deixando a tensão inteiramente no nó blocante. Nó Machard Página 42 de 57 Ancoragens Debreáveis As ancoragens debreáveis são ancoragens dinâmicas muito utilizadas no Canionismo e por alguns praticantes de rapel nos dias atuais. Elas funcionam de forma que você possa a qualquer momento desmontá-la e descer o praticante que está na via, debreando-o, diretamente do ponto de ancoragem. Existem diversas ancoragens debreáveis, algumas feitas com nó de mula e arremate, outras feita com nós dinâmicos e arremate e algumas utilizando freios como OKA, HUIT ou OITO COMUM. Na seqüência segue uma ancoragem debreável realizada com o freio 8 comum. Lembrando que ao soltá-la você deverá segurar com firmeza a corda e iniciar o descenso de seu parceiro. Página 43 de 57 ATENÇÃO: AS CHAPELETAS UTILIZADAS NAS FOTOS SÃO DA MARCA BONIER, MODELO: PINGO.ESTAS CHAPELETAS PERMITEM PASSAR A CORDA DIRETAMENTE NELAS. NA UTILIZAÇÃO DE CHAPELETAS COMUNS DEVE-SE SEMPRE COLOCAR UM MOSQUETÃO DE MALHA RÁPIDA ONDE A CORDA IRÁ PASSAR. Página 44 de 57 Processo de Ancoragem Comum 1. Descer a via até o chão, a medida aproximada pode ser feita contando braçadas, no caso de um local com aproximadamente 17m você pode contar 17 braçadas de via. 2. Colocar um mosquetão no ponto de ancoragem de forma que a rosca do mesmo fique virada para cima para que não entre em contato com a rocha. 3. Efetuar um nó de ancoragem, debreável ou não e colocá-lo no seu mosquetão. 4. Efetuar um backup da sua ancoragem. a. O Backup é uma ligação entre seu ponto de ancoragem e um ponto secundário para se caso o ponto primário estourar, você ainda tem um segundo ponto que irá segurar a via. i. Exemplo de Backups: 1. Chapeleta em outra Chapeleta ligada por uma tubular e mosquetões de malha rápida. 2. Oito duplo como nó da ancoragem principal e oito duplo no ponto de ancoragem secundário. Chamado também de ancoragem em série. Página 45 de 57 5. Colocar as proteções nos locais onde a via está tendo muito atrito. Passagem de corda no freio oito: Passagem clássica no freio oito para destro: Caso o praticante seja canhoto, deverá efetuar a passagem de corda para o lado esquerdo (Lado da mão que irá segurar a corda). Página 46 de 57 Página 47 de 57 Passagem Lenta (Vertaco): Na passada lenta, o praticante deverá ANTES DE INICIAR O RAPEL passar a corda da mão por dentro do mosquetão de maneira que o atrito gerado será maior e o praticante não necessitará fazer muita força para segurar a corda. Página 48 de 57 Gerenciamento de Atrito O gerenciamento de atrito consiste em você gerenciar um local onde a via está pegando em um ponto de desgaste alto. Ele é feito da seguinte maneira: 1. Após uma ou duas descidas, irá depender do quanto sua via está desgastando no local onde tem atrito, você irá desmontar sua ancoragem. 2. Descer a via aproximadamente 10cm se o ponto for pequeno, se o ponto de atrito for grande desça a via até ela sair do ponto de atrito. 3. Remontar o sistema de ancoragem. Página 49 de 57 Sistema de Auto-Molinete O sistema de auto-molinete permite ao praticante de rapel progredir por uma zona de exposição ao risco, sem se soltar do ponto de ancoragem. Desta maneira sua progressão se torna segura. Para criar o sistema de auto-molinete o praticante deverá ter a ponta da corda ancorada por um nó em um mosquetão preso ao loop-belay, com esta mesma corda passando pelo ponto de ancoragem e descendo até o sistema de freio do praticante. Atenção: Sempre saiba o tamanho da corda utilizada e sempre tenha corda suficiente para criar seu sistema de auto-molinete. Página 50 de 57 Sistema debreável com Freio 8 Comum O sistema debreável com Freio 8 comum permite o praticante realizar uma ancoragem dinâmica, onde o próprio praticante pode destravar e travar a ancoragem quando quiser, fornecendo uma segurança maior para quem está na corda efetuando descenso. Para montar o sistema debreável com Freio 8 comum, o praticante passará a corda por dentro da malha rápida, descendo a mesma até o chão. Após passar a corda de rapel, assim como passamos em nosso freio da cadeirinha, você deverá pegar a sobra de corda da ancoragem e passar por dentro do freio no sentido oposto à passada anterior. Desta maneira a ancoragem ficará travada. Para destravar, basta retirar a corda de dentro do freio, iniciando a debreagem do praticante. Página 51 de 57 ATENÇÃO: AS CHAPELETAS UTILIZADAS NAS FOTOS SÃO DA MARCA BONIER. MODELO: PINGO. ESTAS CHAPELETAS PERMITEM PASSAR A CORDA DIRETAMENTE NELAS. NA UTILIZAÇÃO DE CHAPELETAS COMUNS DEVE-SE SEMPRE COLOCAR UM MOSQUETÃO DE MALHA RÁPIDA ONDE A CORDA IRÁ PASSAR. Página 52 de 57 Outras ancoragens debreáveis Nó UIAA: O nó dinâmico HMS (UIAA) permite que o praticante monte uma ancoragem sem a necessidade de utilização de um freio. A seqüência a seguir mostra como uma ancoragem debreável com nó UIAA deve ser montada. Nó UIAA -> Nó de Mula -> Arremate Página 53 de 57 Águas Vivas A água viva é de longe o meio mais difícil de lidar no rapel ou canionismo, são difíceis de ter controle e difíceis de serem mensuradas. A água viva é o local onde os limites do esporte começam a aparecer. Não é necessário colocar água viva como uma prioridade, por isso está em um capitulo mais afastado deste guia, porém é algo de suma importância para o Canionista ou Praticante de Rapel estudar sobre. Comece estudando sobre o comportamento de um rio no qual você pode se expor na situação em que se encontra ao praticar rapel em cachoeiras ou canionismo, em um canyon. A parte central de um rio é chamada de VEIA, ela é a parte mais rápida que existe neste ambiente, já os lados (laterais) podem ser superficiais ou cheios de obstáculos (Que podem ser utilizados para entrada e saída do rio ou fluxo quando há um remanso ou água mais calma devido ao obstáculo). Como nadar em um rio: De costas, com os pés na frente, tornozelos mirados na direção do fluxo d’água, braços Página 54 de 57 abertos para o movimento lateral e cabeça erguida sempre, para prever perigos à frente. Pode-se utilizar uma mochila, própria para a prática de canionismo, que flutue, através do bidon, e que tenha uma barrigueira que possa ser rapidamente desacoplada, caso seja necessário. Desta maneira você irá flutuar o tempo inteiro com facilidade. Quando desejar atingir um objetivo, deverá se virar e nadar com energia até o local, prevendo e calculando antes a força da água. Natação em grupo: Deverá ser feito um a um, aguardar o primeiro chegar e comunicar sua chegada. Só depois o próximo poderá atravessar. Página 55 de 57 Referências LIGA RAPEL – ESPORTES E ATIVIDADES AO AR LIVRE. www.ligarapel.com.br youtube.com/ligarapel.com.br canyonmag.net barranquisme.com guiavertical.com.br http://www.ligarapel.com.br/ Página 56 de 57 Anotações do leitor Página 57 de 57