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Da Posse 1 (1)

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DIRETO DA COISAS
(ART. 1.196 A 1.510)
PROF. RICARDO CALADO
DIREITO CIVIL IV
DA POSSE
1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1 Da origem da posse: (divergência)
a) Teoria de Niebuhr (adotada por Savigny): o
instituto surge com a distribuição, a titulo precário,
das terras conquistadas pelos romanos (possessiones),
passando a ser um estado de fato protegido pelo
interdito possessório.
b) Teoria de Ihering: a posse teria surgido em
consequência do processo reivindicatório,
inicialmente a partir de decisões arbitrária do pretor,
depois a quem lhe apresentasse melhores provas na
fase inicial do processo.
DA POSSE
2 – TEORIAS SOBRE A POSSE
2.1 Teoria SUBJETIVA de SAVIGNY:
(corpus + animus)
 A posse caracteriza-se pela conjugação do
elemento objetivo corpus (detenção física)
e o elemento subjetivo animus (vontade de
ser proprietário)
OBS: Para esta teoria são meros detentores: o
locatário, o comodatário, o depositário, o
mandatário, etc
DA POSSE
2.2 Teoria OBJETIVA de IHERING:
(corpus)
 Esta teoria dá ênfase ao elemento objetivo
corpus, considerando o elemento
anímico/subjetivo incluído no corpus
formando uma coisa só.
 Segundo esta teoria a posse é representada pela
CONDUTA DE DONO, exteriorizando-se como
o exercício dos poderes de fato da propriedade.
OBS: exceção é a usucapião
DA POSSE
2.3 Teoria da Função Social da Posse :
 Posse é função social (posse-social/posse-
trabalho). Trata-se de uma tendência
contemporânea (constitucionalização do direito
civil), inclusive como direito autônomo da
propriedade.
 A função social da posse advém da função
social da propriedade (art. 5º, XXIII, CF) c/c o
principio da isonomia (art. 5º, caput, CF)
 É adotada implicitamente pelo CC/2002, nos
§§ únicos dos art. 1.238 e 1.242; e nos §§ 4º e
5º, do art. 1.228.
DA POSSE
Enunciado nº 492 V Jornada de
Direito Civil/2012
“A posse constitui direito autônomo em
relação da propriedade e deve expressar
o aproveitamento dos bens para o
alcance de interesses existenciais,
econômicos e sociais merecedores de
tutela.”
DA POSSE
 “O princípio da função social da posse
encontra-se implícito no Código Civil,
principalmente pela valorização da posse-
trabalho, conforme estipulam os seus art. 1.238,
parágrafo único; 1.242, parágrafo único , e 1.228, §§
4º e 5º.” (TJDF, Recurso 2006.05.1.001936-7,
Acórdão 350.544, 4ª Turma Cível, Rel. Des. Alfeu
Machado, DJDFTE 22.04.2009, p. 149)
 “A posse constitui direito autônomo em relação à
propriedade e deve expressar o aproveitamento
dos bens para o alcance de interesses
existências, econômicos e sociais
merecedores de tutela.” (Enunciado nº 494 do
CJF – V Jornada de Direito Civil – 2011)
DA POSSE
3 – CONCEITO
 Posse é o domínio fático da coisa. O
exercício de um dos atributos da
propriedade. (TARTUCE, Flávio, 2015),
 É a conduta de dono. (Ihering)
Ex.: comodatário e locatário
DA POSSE
CC/2002
Art. 1.196. Considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou
não, de algum dos poderes inerentes à
propriedade.
DA POSSE
4. DISTINÇÃO ENTRE POSSE E
DETENÇÃO
4.1. Detenção
 é aquela situação em que alguém conserva a
coisa em nome de outro e em cumprimento
às suas ordens e instruções. (há dependência
econômica ou vínculo de subordinação)
 A detenção não é posse, portanto não
confere ao detentor direitos decorrentes
desta.
DA POSSE
OBS: O detentor (fâmulo/servo da posse)
pode defender posse alheia por meio da
autotutela (desforço imediato), tratada pelo
art. 1.210, §1º, CC, conforme Enunciado nº
493 do CJF: “O detentor (art. 1.198 do Código
Civil) pode, no interesse do possuidor, exercer
a auto defesa do bem sob o seu poder.”
Ex.: caseiro em relação ao imóvel, empregada
doméstica em relação aos utensílios, do
soldado em relação às armas, etc.
DA POSSE
CC/2002
 Art. 1.198, CC. Considera-se detentor aquele
que, achando-se em relação de
dependência para com outro, conserva
a posse em nome deste e em cumprimento
de ordens ou instruções suas.
DA POSSE
 Art. 1.208, CC: “Não induzem posse os atos
de mera permissão ou tolerância assim
como não autorizam a sua aquisição os atos
violentos ou clandestinos, senão depois de
cessar a violência ou a clandestinidade.”
OBS: trata-se de situações efêmeras que não
geram relação entre o possuidor e o detentor.
 Mera permissã0 = anuência expressa ou
concessão do dono.
 Tolerância = indulgência
DA POSSE
5. NATUREZA JURÍDICA DA POSSE
Existem 3 correntes:
 a posse é um fato (Clóvis Beviláqua)
 a posse é um direito (Ihering)
 a posse é um direito e um fato
(Savigny)
DA POSSE
a) a posse é um “fato” (BEVILÁQUA)
 A posse é não é um direito, mas um simples
fato que é protegido e atenção à propriedade
da qual ela é manifestação exterior. Não tem
autonomia, não tem valor jurídico próprio.
b) a posse é um “direito” (IHERING):
 Apoia-se o jurista em sua própria definição
do que viria a ser direito: “interesses
legalmente protegidos”.
DA POSSE
c) a posse é um “fato e um
direito”(SAVIGNY)
 Admite que a posse seja tanto um fato como
um direito, pois se considerada em si
mesma, a posse é um “fato”; considerada,
por outro lado, pelos efeitos que produz – a
usucapião e os interditos possessórios – a
posse é um “direito”.
DA POSSE
OBS: Para a maioria dos nossos civilistas a
posse é um direito.
Indaga-se: se é um direito, qual direito
se trata? Pessoal ou Real? Responda.
DA POSSE
6 – OBJETO DA POSSE E POSSE DE
DIREITOS (controvérsia)
 Em regra, tudo que puder ser objeto de
propriedade pode ser objeto de posse.
 Assim, somente coisas podem ser objeto de
posse.
 É inadmissível a posse de direitos pessoais
 Conferir a Súmula 228 do STJ sobre a posse
de direitos autorais.
DA POSSE
7 – MODALIDADES/CLASSIFICAÇÃO
 A posse é um instituto jurídico unitário, mas o
ordenamento jurídico estabelece várias
modalidades pela qual a relação jurídica
possessória se apresenta. (caráter da posse)
 A classificação da posse tem importância
prática no que concerne aos seus efeitos
jurídicos.
 Princípio da continuidade do caráter da posse.
(art. 1.203)
DA POSSE
7.1 Quanto à relação pessoa-
coisa/desdobramentos (art. 1.197)
a) Direta ou imediata:
 Exercida por quem tem a coisa materialmente,
havendo um poder físico imediato. Ex.: a posse do
locatário, exercida por concessão do locador.
b) Indireta ou imediata:
 exercida por meio de outra pessoa, havendo mero
exercício de direito, geralmente decorrente da
propriedade. Ex.: nu-proprietário.
DA POSSE
7.2 Quanto à simultaneidade do exercício da
posse (art. 1.199): Da Composse
a) Pro indiviso:
 O possuidor tem fração ideal da posse. Ex.: dois
irmão tem a posse de uma fazenda e ambos
exercem-na sobre todo imóvel.
b) Pro diviso:
 O possuidor tem a fração real da posse. Ex.: dois
irmão tem a posse de uma fazenda que é divida ao
meio por uma cerca.
DA POSSE
7.3 Quanto à presença de vícios (art.
1.200)
a) Posse Justa (limpa):
 É a que não apresenta os vícios da violência,
da clandestinidade ou da precariedade.
b) Posse Injusta:
 É a que apresenta os vícios da violência, da
clandestinidade ou da precariedade. (art.
1.200)
DA POSSE
 Posse Violenta: obtida por meio de esbulho, por força
física ou violência moral. (É assemelhada ao crime de
roubo)Ex.: invasão de uma fazenda, como destruição de
obstáculos.
 Posse Clandestina: é a obtida de forma oculta, à surdina,
com a intenção de escondê-la de quem tem o interesse de
conhecê-la. (É assemelhada ao crime de furto): Ex.:
invasão de uma fazenda, sem destruição de obstáculos.
 Posse Precária: é obtida com abuso de direito ou
confiança (É assemelhada ao crime de estelionato ou
apropriação indébita ). Ex.: locatário de um veículo que
não o devolve ao final do contrato.
DA POSSE
OBS1: A posse ainda que injusta pode ser
defendida através dos interditos proibitórios
contra terceiro.
OBS2: As posses injustas por violência e
clandestinidade podem ser convalidadas (art.
1.208)
OBS3: Posse injusta não configura posse
usucapível (ad usucapionem)DA POSSE
AÇÃO DE REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
SITUAÇÃO JURIDICA MANTIDA EM
DECORRÊNCIA DE CONTRATO DE
TRABALHO POSTERIORMENTE
RESCINDIDO. POSSE QUE PASSA A SER
PRECÁRIA E PORTANTO INSUSCETÍVEL
DE CONVALIDAÇÃO. PRECEDENTES DA
JURISPRUDÊNCIA. RECURSO DE
APELAÇÃO CONHECIDO E IMPROVIDO.
(TJSP. AC 7134177-0)
DA POSSE
7.4 Quanto à Subjetividade (boa-fé)
a) Posse de boa-fé (art. 1.201, § único):
 Quando o possuidor ignora os vícios ou obstáculos que
impediam a aquisição ou quando possui um justo título que
fundamente a sua posse. Ex.: um contrato que fundamente
a posse do locatário ou comodatário; compromisso de
compra e venda, registrado ou não na matrícula do imóvel
b) Posse de má-fé (art. 1.202)
 Situação em que alguém sabe do vício que acomete a coisa,
mas mesmo assim pretende exercer o domínio fático sobre
ela. Nunca haverá justo título. Ex.: uso da força para
desapossar o dono do imóvel.
DA POSSE
OBS1: O possuidor de boa-fé terá direito à
indenização pelas benfeitoria úteis e necessárias,
inclusive com direito de retenção, enquanto o
possuidor de má-fé terá apenas direito de
indenização pela benfeitorias necessárias sem direito
de retenção (art. 1.219)
OBS2: O possuidor de má-fé não perde o direito de
ajuizar ação possessória contra terceiros.
OBS3: A posse pode ser injusta mas de boa-fé. Ex.:
compra de um bem roubado
DA POSSE
7.5 Quanto à presença de título
a) Posse com Título
 Situação em que há uma causa representativa da
transmissão da posse. Ex.: um contrato de locação
ou comodato.
b) Posse sem Titulo:
 Situação em que não há uma causa
representativa da transmissão da posse. Ex.:
alguém que acha um tesouro, depósito de coisas
preciosas sem intenção de fazê-lo.
DA POSSE
7.6 Quanto ao tempo/idade
a) Posse nova:
 É aquela que conta com menos de um ano e um
dia, ou seja, é aquela até um ano.
b) Posse velha:
 É aquela que conta com pelo menos um ano e
um dia, ou seja, é aquela com um ano e um dia
ou mais.
OBS: Cfr. o art. 558 do CPC
DA POSSE
7.7 Quanto aos efeitos
a) Posse ad interdicta (regra):
 É aquela que pode ser defendida pelas ações
possessórias/interditos, caso seja ameaçada, turbada
ou esbulhada, mas não conduz ao usucapião. Ex.: a
do locador ou locatário.
b) Posse ad usucapionem (exceção):
 É aquela que se prolonga por determinado lapso de
tempo previsto na lei, admitindo-se a aquisição da
propriedade por usucapião, desde que obedecidos os
requisitos legais.
DA POSSE
8. MODOS DE AQUISIÇÃO DA POSSE
 Pode ser: ORIGINÁRIA E DERIVADA.
Efeito Prático: Se originária, a posse sendo
nova, apresenta-se sem os vícios que a
maculavam em mão do antecessor; por outro
lado, se derivada, o adquirente a receberá
com todos os vícios (art. 1.203 e 1.206)
DA POSSE
8.1. Originária. (art. 1.204)
a) Conceito e características
É aquela que se realiza a) sem
translatividade, em regra de b)
forma unilateral, ou seja, efetiva-se
sem c) anuência do antigo
possuidor.
DA POSSE
b) Modos
b.1) a apropriação do bem: é a apropriação do
bem pela qual o possuidor passa a ter condições
de dispor dele livremente, excluindo a ação de
terceiros e exteriorizando, assim, seu domínio.
Ex.: Coisas abandonadas ou sem dono, ou ainda
sobre bens de outrem, sem consentimento deste,
por meio de violência ou clandestinidade, desde
que cessados a mais de ano e dia.
OBS: Ocupação (móveis)/Uso (imóveis)
DA POSSE
b) Modos
b.2) o exercício do direito (art. 1.196 e 1.204) :
objetiva a sua utilização econômica, consistindo
na manifestação externa do direito que pode ser
objeto da relação possessória
Ex.: servidão de um aqueduto em terreno alheio;
uma pessoa que dá em comodato coisa
pertencente a outrem.
DA POSSE
8.2 Derivada
a) Conceito e características:
 É aquela que requer a a) existência de uma
posse anterior, que é b) transmitida ao
adquirente, em virtude de um c) título
jurídico, com a anuência do possuidor
primitivo, sendo, portando, d) bilateral;
 Pode-se adquirir a posse por atos jurídicos
gratuitos ou onerosos, inter vivos ou causa
mortis.
DA POSSE
b) Modos:
b.1) Tradição: é a entrega ou transferência da
coisa, sendo que, para tanto, não há necessidade
de uma expressa declaração de vontade; basta
que haja a intenção do tradens (o que opera a
tradição) e do accipiens (o que recebe a coisa) e
efetivar tal transmissão.
 Pode ser: efetiva ou material, simbólica ou ficta
e consensual (traditio longa manu e traditio
brevi manu).
DA POSSE
1 - Efetiva ou Material: Há a tradição real da coisa. Ex.: a
entrega (real) do bem pelo vendedor ao comprador;
2 - Simbólica ou Ficta: ocorre mediante atos indicativos de
transmissão da posse: Ex.: a entrega das chaves de um
apartamento.
3 – Consensual:
 Traditio longa manu: quando a coisa é posta à
disposição do adquirente, por ser impossível a entrega
manual . Ex.: Uma máquina de grande porte
 Traditio brevi manu: quando a pessoa possuía em nome
alheio e passa a possuir em nome próprio. Ex.: Locatário
que adquire o domínio.
b.2) Constituto Possessório/ Cláusula Constituti (art. 1.267,
§ único): Ocorre quando o possuidor de um bem (móvel,
imóvel ou semovente) que o possui em nome próprio,
passa a possuí-lo em nome alheio.
Ex.: A vende a casa para B, mas fica convencionado que A
permanecerá na posse, não mais como proprietário, mas
como locador.
Nota: traditio brevi manu x constituto possessório
 Traditio brevi manu: o possuidor possui a coisa em
nome alheio, e passa a possuí-la em nome próprio.
 Constituto possessório: o possuidor possui a coisa em
nome próprio, e passa a possuí-la em nome alheio.
DA POSSE
b.3) Acessão: pela acessão, a posse pode ser continuada
pela soma do tempo do atual possuidor com o de seus
antecessores; essa conjunção de posse abrange a
sucessão e a união.
1 – Sucessão (art. 1.206 e 1.207, 1ª parte, 1.784):
ocorre quando o objeto da transferência é uma
universalidade, como um patrimônio. Ex.: Herança
2 – União: (art. 1.207, 2ª parte): se dá na hipótese da
sucessão singular, ou melhor, quando o objeto adquirido
constitui coisa certa ou determinada. Ex.: Compra e
venda; doação; dação, legado.
DA POSSE
9 – SUJEITOS DA AQUISIÇÃO (art. 1.205, I e II)
 A própria pessoa que a pretende desde que se
encontre no pleno gozo de sua capacidade de exercício ou
de fato e que pratique o ato gerador da relação possessória,
instituindo a exteriorização do domínio.
 Por representante legal (pais, tutor ou curador) ou
procurador (representante convencional munido de
mandato com poderes especiais) daquele que quer ser
possuidor, caso em que se requer a concorrência de duas
vontades: a do representante e a do representado.
 Por terceiro sem procuração, caso em que a aquisição
da posse fica na dependência da ratificação da pessoa em
cujo interesse foi praticado o ato.
DA POSSE
10 – PERDA DA POSSE (Arts. 1.223 e 1.224)
10.1. Da coisa
a) Pelo Abandono
 Quando o possuidor abandona intencionalmente a
coisa, com o intuito de se privar de sua
disponibilidade física e não exercer mais atos
possessórios. Ex.: Alguém que põe no lixo um bem
que não quer mais.
OBS.: nem sempre o abandono da posse acarreta
abandono de propriedade.
DA POSSE
b) Pela Tradição
 É a perda por transferência, pois a tradição é ao
mesmo tempo meio aquisitivo e de perda da posse.
Ex.: Registro no cartório de imóveis.
c) Pela perda da própria coisa (derrelição)
 Se dá quando for impossível encontrar a coisa
perdida, de modo que não se possa mais utilizá-la
economicamente. A privação da posse ocorre “sem
querer”. Ex.: Um pássaro que escapa da gaiola; a
perda de uma jóia na rua, etc.
DA POSSE
d) Pela destruição da coisa (deterioração)
 A destruição pode ser por evento natural ou fortuito, por
ato do próprio possuidor ou de terceiro, mas a
inutilização deve ser definitiva de modo a impossibilitar
o exercício do poder de utilização econômica do bem.
Ex.: a morte e um animal, o incêndio de um carro, imóvel
ocupado pelo mar ainda que temporariamente, etc.
e) Pela inalienabilidade
 Quando o bem é colocadofora do comércio por motivo
de ordem pública, de moralidade, higiene ou segurança
coletiva. Ex.: um imóvel interditado por risco de
desabamento.
DA POSSE
f) Pela posse de outrem
 Quando houver apossamento da coisa por parte de
outrem, ainda que contra a vontade do possuidor e desde
que não for manutenido ou reintegrado a tempo. (ano e
dia)
g) Pelo constituto possessório (§ único, art. 1.267)
 É meio aquisitivo e de perda da posse. Ocorre em razão
da cláusula constituti, onde o possuidor perde a posse,
passando a possuir em nome alheio aquilo que possuía
em nome próprio.
DA POSSE
10.2 Do Direito
a) Da impossibilidade de seu exercício (art. 1.196)
 A impossibilidade física ou jurídica de um bem leva à
impossibilidade de exercer sobre ele os poderes inerentes
ao domínio. (art. 1.223). Ex.: quando se perde o direito
da posse sobre servidão de passagem em razão de
destruição do prédio dominante ou serviente, renúncia
da servidão.
b) Pelo Desuso
Não se exercer a posse dentro de um determinado prazo.
Ex.: Desuso da servidão predial por 10 anos (art. 1.389,
III).
DA POSSE
10.3 Para o Possuidor que não presenciou o
esbulho (art. 1.224)
a) Quando tendo a notícia do esbulho, se abstém
de retomar a coisa.
 O possuidor abandona o seu direito, pois não se mostra
visível como proprietário em razão de seu desinteresse.
b) Quando tentando recuperar a sua posse é
violentamente repelido
 Apesar de frustrada a tentativa de recuperação, que
acarretará a sua perda, o esbulhado poderá valer-se da
reintegração de posse para recupera-lá.
DA POSSE
11. EFEITOS DA POSSE (DIVERGÊNCIA)
 Adotar-se-á o critério de Clóvis Beviláqua:
I – O direito ao uso dos interditos;
II – A Percepção dos frutos;
III – O direito de retenção por benfeitorias;
IV – A responsabilidade pelas deteriorações;
V – A posse conduz ao usucapião (ad usucapionem);
VI – Se o direito do possuidor é contestado, o ônus da
prova é do adversário;
VII – O possuidor goza de posição mais favorável em
atenção à propriedade, cuja defesa se completa pela posse.
DA POSSE
11.1. O direito de invocar os interditos
possessórios
a) Interdito Proibitório (art. 1.210, 2ª parte, CC
c/o art. 567 do CPC):
 É cabível para a proteção preventiva da posse,
no caso de ameaça/perigo iminente de
turbação ou esbulho (risco de atentado à
posse). Ex.: acampamento de integrantes de
movimento popular às margens de uma
fazenda, sem que ela esteja invadida.
DA POSSE
b) Ação de Manutenção de Posse (art. 1.210, CC
c/c o art. 560 e ss. do CPC):
 É cabível no caso de turbação (atentados
fracionados à posse /todo ato que embaraça o
livre exercício da posse, mas sem perdê-la), Ex.:
integrantes do mesmo movimento popular que
levam o cavalos para pastar na fazenda que será
invadida, sem ainda adentrá-la
definitivamente; Rompimento de cercas, corte
de árvores ou implantação de marcos, etc..
DA POSSE
c) Ação de Reintegração de Posse (art. 1.210, §§
1º e 2º e 1.212 CC c/c o art. 560 e ss. do CPC):
 É cabível no caso de esbulho (atentado
consolidado à posse /todo ato que despoja
injustamente o possuidor, por violência,
clandestinidade ou precariedade) Ex.: Os
integrantes do mesmo movimento popular que
adentram a fazenda e lá se estabelece;
comodatário que deixa de restituir a coisa dada
em comodato, etc.
DA POSSE
d) Ação de Nunciação de Obra Nova (Atualmente
é processada pelo rito comum – art. art. 319 e ss.
do CPC):
 Impedira a continuação de obras no terreno
vizinho que prejudicassem o possuidor ou
proprietário, ou que estivessem em desacordo
com regulamentos civis ou administrativos.
Ex.: abrir na construção vizinha janela a menos
de um metro e meio (art. 1.301, CC), etc.
DA POSSE
e) Ação de Dano Infecto (art. art. 1.280, CC c/c
319 e ss. do CPC – rito comum):
 Trata-se de medida preventiva utilizada pelo
possuidor, baseada no receio de que o vizinho,
em demolição, ruína ou vício de construção, lhe
cause prejuízo, visando, obter por sentença,
caução que garanta a indenização de danos
futuros.
DA POSSE
f) Ação de Imissão de Posse (art. art. 1.228, CC
c/c 319 e ss. do CPC – rito comum):
 Trata-se de ação petitória fundada em título de
propriedade, sem que o interessado tenha tido
a posse. Tem o escopo de aquisição da posse
por via judicial. Ex.: Imóvel adquirido em
leilão, cujo proprietário quer adentrar no
imóvel.
DA POSSE
g) Embargos de Terceiro (art. 674 a 681 do CPC –
rito especial):
 Trata-se de remédio processual para a defesa
da posse (e da propriedade), por aquele que for
turbado ou esbulhado por atos de apreensão
judicial. Ex.: Penhora de bens particulares ou
de meação do cônjuge.
DA POSSE
11.2 Da percepção dos frutos
RELEMBRANDO!!!
 São bens acessórios/utilidades que se destacam do
principal sem detrimento de sua substância.
 Naturais, industriais e civis
Pendentes (unidos à coisa principal); percebidos
(quando colhidos); estantes (quando armazenados);
percipiendos (quando deveriam ter sido colhidos e
não o foram) e consumidos (quando colhidos e
utilizados pelo possuidor)
DA POSSE
a)Possuidor de Boa-fé (art. 1.214 e
1.215)
 Direito aos frutos percebidos, mas não tem
direito sobre os pendentes e aos colhidos
antecipadamente (art. 1.214)
 Direitos às despesas de produção e custeio
do frutos pendentes e dos colhidos
antecipadamente que deverão ser restituídos
(§ único, art. 1.214)
DA POSSE
b) Possuidor de má-fé (art. 1.216)
 Não tem direito aos frutos
 Responde por todos os prejuízos que
causou em razão dos frutos colhidos e
percebidos e que por culpa sua deixou
de perceber
Tem direito às despesas de produção e
custeio dos frutos.
DA POSSE
11.3 Direito à indenização e retenção das
benfeitorias
RELEMBRANDO!!!!
 São bens acessórios introduzidos em um bem
móvel ou imóvel visando a sua conservação ou
melhoria de sua utilidade.
 Necessárias (conservação e evitar
deterioração); úteis (aumentam ou facilitam o
uso da coisa) e voluptuárias (ornam, enfeitam ,
tornam mais agradável o uso da coisa)
DA POSSE
a) Possuidor de boa-fé (1.219 e 1.222)
 Indenização pelas benfeitorias necessárias e
úteis
 Levantamento das voluptuárias
 Direito de retenção pelas necessárias e úteis
b) Possuidor de má-fé (art. 1.220 e 1.222)
 Indenização pelas benfeitorias necessárias
 Não pode levantar as voluptuárias
 Não tem direito à retenção
DA POSSE
11.4 Responsabilidades pela perda ou
deterioração da coisa
a) Possuidor de boa-fé (art. 1.217)
 Não responde pela perda ou deterioração da coisa
a que não der causa (responsabilidade subjetiva)
b) Possuidor de má-fé (art. 1.218)
 Responde pela perda ou deterioração da coisa
ainda que acidentais, salvo se provar que ocorreriam
estando na posse do reivindicante. (responsabilidade
objetiva)
DA POSSE
11.5 Direito à usucapião
a) Propriedade imóvel
 usucapião ordinária (art. 1.242)
 usucapião extraordinário (art. 1.238)
 usucapião especial rural (art. 1.239)
 usucapião especial urbana (art. 1.240)
 usucapião familiar (art. 1.240-A)
b) Propriedade Móvel
 usucapião ordinária (art. 1.260)
 usucapião extraordinária (art. 1.261)
DA POSSE

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