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Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • Dentro desse grupo de bactérias há vários gêneros, dos quais o Pseudomonas e Acinetobacter possuem grande importância médica. • Nos Pseudomonas, a espécie Pseudomonas aeroginosa é a mais importante. E, nos Acinetobacter, a espécie Acinetobacter balmani. http://www.infectosos.com/2014/06/infeccion-por-pseudomonas-aeruginosa.html https://www1.ibb.unesp.br/Home/Departamentos/MicrobiologiaeImunologia/aula- pseudomonas-biomed2014-modo-de-compatibilidade.pdf Pseudomona: bastonete flagelado. Na coloração de gram se apresenta rosa – por ser gram-negativo. http://outbreaknewstoday.com/antibiotic-resistant-acinetobacter-baumannii-infections-in- children-across-the-us-after-2008-a-downward-trend-reported-48080/ https://www.luciacangussu.bio.br/atlas/acinetobacter-spp/ O Acinetobacter possui uma morfologia de cocobacilo e na coloração de gram também é rosa. Características gerais • Estão presentes no ambiente. • São aeróbios – necessitam de oxigênio para realizar a respiração, não esporulados – não formam esporos. • Podem ser bacilos ou cocobacilos gram- negativos. • Alguns são móveis. • Apresentam reação positiva de citocromo oxidase – enzima envolvida na cadeia transportadora de elétrons da respiração celular. • São patógenos oportunistas de plantas, animais e humanos – nos quais são oportunistas hospitalares importantes, desencadeando infecções de difícil tratamento. • As espécies podem ter cepas resistentes a vários antimicrobianos. • Os gêneros com importância clínica são os: Pseudomonas, Acinetobacter, Burkholdeira, Stenotrophomonas e Elizabethkingia. Pseudomonas • São os bacilos gram-negativo não fermentadores mais frequentes isolados nos laboratórios de microbiologia clínica. • Um dos microrganismos mais ubiquitários - presentes em vários locais, tais como o solo, água, vegetais, animais, alimentos e diversos ambientes hospitalares. • São patógenos oportunistas, ou seja, raramente vão causar doença em indivíduos imunocompetentes. • É um dos agentes mais importantes de infecções hospitalares. • Possuem difícil erradicação, levando a muitos fracassos terapêuticos, já que possuem uma ampla expressão de fatores de virulência e pela resistência natural e adquirida a antibióticos e desinfetantes. • É possível observar a frequência da ocorrência de alguns microrganismos em pacientes hospitalizados por pneumonia nos EUA, na http://www.infectosos.com/2014/06/infeccion-por-pseudomonas-aeruginosa.html http://outbreaknewstoday.com/antibiotic-resistant-acinetobacter-baumannii-infections-in-children-across-the-us-after-2008-a-downward-trend-reported-48080/ http://outbreaknewstoday.com/antibiotic-resistant-acinetobacter-baumannii-infections-in-children-across-the-us-after-2008-a-downward-trend-reported-48080/ Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez Europa e na região mediterrânea. Em segundo lugar e primeiro lugar encontram-se Pseudomonas. • Essas bactérias são aeróbias, mas podem crescer anaerobicamente na presença de nitrato, utilizando-o como aceptor final de elétron em lugar de O2. • Tem uma versatilidade metabólica e nutricional muito grande, ou seja, elas precisam de pouco para crescer, crescendo em meios simples sem quase nenhuma exigência nutricional. • A faixa de temperatura na qual pode crescer, de 4 a 42 graus celsius é muito ampla, o que lhe dá maior possibilidade de se manter nos ambientes. • Possuem a capacidade de formar uma camada com aspecto mucóide – sua cápsula, podendo formar biofilmes. • São capazes de produzir pigmentos hidrossolúveis. https://www.novachem.com.ec/producto/agar-pseudomonas/ https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/35935/2/Workshop_Modelagem_Ana_Assef_ 13_08_2019.pdf https://artmicrobes.wordpress.com/2013/11/02/psuedomonas-aeruginosa-on-macconkey- agar/ • Formam colônias azuis – piocianina, verdes – pioverdina e pretas – piomelanina. Também podem produzir piorrubina, avermelhado. • Suas culturas e infecções exalam odor de frutas, mais parecido com o odor da uva. • Nas infecções no corpo, é possível analisar a coloração e o odor para facilitar o diagnóstico. Pseudomonas aeruginosa • Causam infecções em diferentes tecidos e órgãos. • Possuem vários fatores de virulência: LPS – toxina, fímbrias, adesinas afimbriais, fatores extracelulares, o alginato – cápsula da bactéria composta por alginato, açúcar principal da cápsula e o flagelo. Fatores de virulência • Fímbria: tipo 4. Projeções proteicas que saem da célula e fazem a adesão às células epiteliais. Elas representam 90% da capacidade de adesão da bactéria. • Possuem outras adesinas não fimbriais, as quais mediam a fixação da bactéria ao muco. São importantes em indivíduos com fibrose cística – alteração no muco, os quase ficam mais suscetíveis a essas infecções. Levam à colonização dos pulmões. • Flagelo: da maior disseminação e motilidade, permitindo que sejam mais invasivas. • LPS: é uma endotoxina que pode causar choque séptico. Além disso, promove adesão aos tecidos pulmonares e a células da córnea, via receptor CETR, levando à invasão. • Alginato (slime): é o polissacarídeo que compõe a cápsula – rede de açúcares, a qual possui importância na virulência, principalmente na fibrose cística. A produção dessa rede dificulta o tratamento e combate às bactérias, já que é um fator antifagocitário, fator de adesão, possui alta tolerância a anticorpos e impede a difusão do antibiótico. Há a formação de um biofilme e colônias mucóides que impedem a penetração de anticorpos. • Exoenzimas U e S: Realizam a defesa contra a fagocitose. São injetadas por meio dos canais que a bactéria forma conectando seu citoplasma ao da célula. Essas enzimas podem levar à lesão tissular, aumenta a invasão de tecidos, possui importância na disseminação e na infecção sistêmica. • Exotoxina A (toxina do tipo AB): é uma toxina extremamente tóxica para a célula hospedeira, o https://www.novachem.com.ec/producto/agar-pseudomonas/ https://www.novachem.com.ec/producto/agar-pseudomonas/ https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/35935/2/Workshop_Modelagem_Ana_Assef_13_08_2019.pdf https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/35935/2/Workshop_Modelagem_Ana_Assef_13_08_2019.pdf Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez que a torna um importante fator de virulência. É produzida pela maioria das amostras clínicas e atua ao inativar o fator de elongação EF-2, o que gera uma inibição da síntese proteica da célula hospedeira, gerando morte celular. Sainz-Mejías M, Jurado-Martín I, McClean S. Understanding Pseudomonas aeruginosa– Host Interactions: The Ongoing Quest for an Efficacious Vaccine. Cells. 2020; 9(12):2617. https://doi.org/10.3390/cells9122617 A Pseudomona produz a exotoxina A. A porção b se liga ao receptor da célula hospedeira e a porção A é a toxina em si. Nesse caso, quando a toxina se liga ao receptor da célula, induz a endocitose da toxina + receptor. Esses ficam dentro de um endossomo, o qual vai acidificar e provocar a dissociação dessa toxina em A e B. A porção A é extremamente permeável e sai do endossomo, vai inativar o fator de elongação EF-2, inibe a síntese proteica e leva à morte celular. • Elastase A e elastase B, as quais degradam a elastina presente nos vasos sanguíneos. • Protease alcalina: quebra e ataca as proteínas. Esses fatores de virulência podem acarretar lesão de pele e tecidos, hemorragia, necrose e na interferência da resposta imune do hospedeiro. • Fosfolipase C e Ramnolipídeos: degradam e solubilizam o surfactante pulmonar – mistura de proteínas e lipídeos que reduzem a tensão superficialna interface entre o líquido presente na cavidade alveolar e o ar. Com a degradação desse composto dificulta a respiração e facilita a destruição desses tecidos. • Pigmentos: - Piocianina (azul): Catalisa a produção de superóxido e peróxido de hidrogênio – radicais livres que podem causar dano à célula hospedeira; estimula IL-8, aumentando a quimiotaxia de neutrófilos. - Pioverdina (verde): É sideróforo, ou seja, faz a captação de ferro – para o crescimento e desenvolvimento da bactéria e pode regular outros fatores de virulência. • Biofilme: produzido a partir da cápsula da bactéria. Bactérias começam a produzir a rede polissacarídea que vai aumentando, até se tornar em um envoltório ao redor da colônia que a protege de antimicrobianos. Ele possui uma atividade metabólica coordenada, uma produção de fatores de virulência, protege contra o sistema de defesa imune e contra antibióticos e desinfetantes. https://www.unesp.br/prope/projtecn/Saude/Saude02a.htm Resistência aos antimicrobianos • O grande problema dessa espécie, além de ter capacidade de causar infecções de leves a graves, é a resistência aos microbianos, já que isso gera dificuldade de tratamento. • As diferentes resistências podem levar ao comprometimento do uso de múltiplas classes de antimicrobianos e ao fato de que uma única amostra pode conter diferentes mecanismos de resistência. • Tabela com os mecanismos de resistência aos antibióticos: 4 tipos de betalactamases; diminuição na expressão de porinas; bombas de efluxo; alteração na permeabilidade; alteração do alvo do antibiótico (com mutações) ... Patogênese • São bactérias oportunistas, ou seja, não podem causar doenças em pessoas saudáveis. Requerem uma alteração substancial das defesas de primeira linha do organismo, como: Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez - Interrupção das barreiras cutâneas ou mucosas: por causa de traumas, cirurgia, queimaduras, transplantes, uso prolongado de cateter. - Imunodepressão fisiológica: bebês prematuros, neonatos e idoso. - Imunodepressão terapêutica: corticoides, radiação, anticancerígenos. - Imunodepressão clínica: diabetes, neoplasias, imunodeficiências, fibrose cística. • A infecção pode ocorrer em 3 etapas: - Adesão bacteriana e colonização - Invasão local - Infecção sistêmica disseminada Pode evoluir dependendo da situação imune do indivíduo e o órgão acometido. • Doenças clínicas que pode desenvolver: - Infecções pulmonares: podem ser desde assintomáticas a broncopneumonia necrotizante, dependendo do estado clínico do indivíduo. - Infecções primárias de pele e tecidos moles: queimaduras e foliculite. - Infecções do trato urinário. - Infecções auriculares: otite externa, otite média crônica. - Infecções oculares. - Bacteremia. - Endocardite (incomum). • Exemplos de doenças clínicas: otite, sinusite, conjuntivite, ceratite, pneumonia, bacteremia, infecção de pele e tecidos moles, infecções ósseas e das articulações. Diagnóstico • Isolamento da bactéria, dependendo da sua localização (retira-se uma amostra). • Fazer a identificação: semear em meios de cultivo simples. - Pode ser feito o teste da oxidase, já que ela é oxidase positiva; - Crescimento a 42 graus celsius, temperatura alta para as outras bactérias de infecção hospitalar. - Presença de pigmentos e odor característicos. • Teste de Sensibilidade a antimicrobianos: antibiograma. https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/boas_praticas/modulo5/ interpretacao2.htm - Colocam-se vários discos embebidos em antibióticos na placa onde se semeou a bactéria. Observa-se se ela cresce – onde é resistente e se ela forma um halo de inibição – nos discos onde estão antibióticos aos quais não resiste. - Escolhe-se o antimicrobiano que possuir maior halo de inibição entre o disco e a bactéria. Tratamento, Prevenção e controle • De maneira geral, as ceftazidimas e amicacinas são indicadas (cefalosporinas de terceira geração). • Pode ser necessária uma combinação de antimicrobianos em infecções graves. • Por serem bactérias de difícil eliminação no ambiente hospitalar, é importante ter cuidados: - Evitar contaminação de equipamentos estéreis. - Evitar contaminação cruzada por profissionais de saúde. Acinetobacter • São coco-bacilos gram-negativos. • Não fermentam glicose • São aeróbios estritos • São catalase positivos. • Imóveis, sem flagelo. • Crescem entre 20 a 37 graus (33-37 ideal). • Baixa exigência nutricional. • Difícil diferenciação de espécies dentro do gênero. Universidade Federal do Rio de Janeiro Campus Macaé Enfermagem Angie Martinez • A principal espécie de importância clínica é a Acinetobacter baumannii, a qual é difícil de distinguir com a Acinetobacter calcoaceticus, Acinetobacter pittii e Acinetobacter nosocomialis. • Outras espécies: Acinetobacter Iwoffii, Acinetobacter haemolyticus, Acinetobacter johnsonii. • Raramente encontrados na microbiota. • São patógenos oportunistas que causam infecções nosocomiais. • Resiste a dessecação, o que lhes dá maior tempo de vida no ambiente. • Pertencem ao grupo de risco pacientes hospitalizados por longos períodos, com doença de base, com entrada de cateteres, sondas nasogástricas, tubos respiratórios. Especialmente em UTIs. • Os principais sítios de colonização dessas bactérias são: o trato respiratório, principalmente ligado a pneumonia, o sistema nervoso central, trato urinário e a pele. • Há diversos artigos que estudam a incidência da espécie Acinetobacter baumanii em pacientes militares lesionados em serviço no Iraque, Afeganistão, em feridas de trabalho pesado... • O Acinetobacter é o segundo não fermentador isolado com maior frequência na clínica. • 3ro causador de pneumonia na América Latina. Fatores de virulência em Acinetobacter • Proteínas OmpA que causam a indução de apoptose nas células hospedeiras, aderência e invasão das células epiteliais, formação do biofilme, resistência sérica. • LPS: evasão do sistema imune, ativação da resposta inflamatória no hospedeiro. • Cápsula: Evasão do sistema imune, crescimento em presença do soro. • Fosfolipases: disseminação bacteriana, sobrevivência bacteriana in vivo e resistência sérica. • Entre outros fatores... Capacidade de resistir a microbianos • Possuem uma extraordinária capacidade de resistir a antimicrobianos. • É mais resistente que a Pseudomonas. • O tratamento é complicado, pois possuem vários genes de resistência. • A Imipenem era utilizada para o combate, mas a resistência é cada vez mais comum. • Outras opções de tratamento incluem as polimixinas ou aminoglicosídeos. Existem outros bacilos gram-negativos não fermentadores, como: • Gênero Burkholderia: - Burkholderia cepacia - Burkholderia mallei - Burkholderia pseudomallei • Gênero Stenotrophomonas: - Stenotrophomonas maltophilia
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