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LEIS ESPECIAIS 1 | P á g i n a Sumário Introdução ....................................................................... Erro! Indicador não definido. Aula 1 – Noções Gerais das Legislações Penais Especiais. ............................................. 2 1. A fundamentação..........................................................................................................2 2. A evolução e a regulamentação necessárias ......................... Erro! Indicador não definido. 3. Considerações exemplificativas. ............................................ Erro! Indicador não definido. 3.1Consideraçõesconclusivas...................................................................................................8 Aula 2 - Abuso de Autoridade. ...................................................................................... 8 1. Direito a RepresentaçãoPenal ............................................................................................ 8 3. Contradições morais no exercício da Profissão PM ....... Erro! Indicador não definido. 4. Exercícios ............................................................................. Erro! Indicador não definido. Aula 4 – Base Ético-Legal e Mecanismos de Controle e Prevenção dos Desvios de Conduta Praticados por Policiais Militares. .................... Erro! Indicador não definido. 1. A profissão PM e seus indicadores ético-legais. ............. Erro! Indicador não definido. 2. Diplomas Ético-legais utilizados pela PMERJ ................ Erro! Indicador não definido. 3. Mecanismos de Controle, Prevenção e Responsabilização.Erro! Indicador não definido. 4. Exercícios ............................................................................. Erro! Indicador não definido. Bibliografia .................................................................................................................. 113 LEIS ESPECIAIS 2 | P á g i n a LEIS ESPECIAIS AULA Nº 01 – Noções Gerais das Legislações Penais Especiais 1. A fundamentação. O Código Penal brasileiro é dividido, como se sabe, em uma parte geral e outra especial. A primeira contendo definições, regras e princípios gerais sobre o crime e a pena conforme a perspectiva adotada; e a segunda composta pelos tipos penais organizados como elenco normativo de condutas tipificadas mediante descrições de ações humanas cometidas na forma comissiva ou omissiva. É apenas na parte especial que se poderá pôr à prova a compatibilidade dos critérios utilizados para a criminalização de dado comportamento com os direitos fundamentais para os quais se considera a tutela penal uma forma de proteção legítima. Assim, é na parte especial que se protege bens jurídicos e criminalizam-se condutas. Trata-se, portanto, de um controle de comportamentos visando à proteção de valores que tornam possíveis a vida do homem na sociedade. Por outro lado, na parte geral, como dito acima, encontram-se normas jurídicas que se referem à teoria do crime e da pena, estudo que deve ser realizado buscando o conceito analítico de crime, tal como, uma conduta típica, antijurídica e culpável, se adotarmos a teoria tripartida do crime. Na conduta estuda-se a ação e a omissão, o dolo e a culpa. Na tipicidade, estuda-se a adequação da conduta a um tipo e os elementos do tipo penal: o sujeito ativo, o sujeito passivo, o núcleo da conduta proibida, e outros pontos importantes. Já na antijuridicidade estudam-se as excludentes, como a legitima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento do dever legal e o exercício regular de um direito. Refletir sobre a importância da legislação penal especial e a conscientização de uma utilização eficiente pelas instituições policiais, também operadoras do direito, visando à solução dos conflitos sociais. AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: LEIS ESPECIAIS 3 | P á g i n a Por fim, na culpabilidade, estudam-se as causas de inimputabilidade, que isentam o agente de pena, assim a doença mental, a menoridade, a embriaguez involuntária, etc. Pois bem, essa é a estrutura do estudo do direito penal e, assim foi o Codigo Penal elaborado: uma parte geral e uma parte especial definidora de crimes em espécie, ilícitos que afrontam bens e valores, como o homicídio, a lesão corporal, o roubo e tantos outros. Portando é possível dizer que a parte especial do Codigo Penal, criminaliza condutas que atacam bens jurídicos, por isso a proteção da vida, da integridade física, da honra, liberdade, intimidade, privacidade, patrimônio, administração publica, etc. Na verdade esse catálogo protetor de bens e definidores de condutas é padrão, existindo em quase todas as legislações do planeta. Ocorre, no entanto, que com o desenvolvimento e o progresso da humanidade, novas exigências surgiram, novas relações sociais, novas condutas nocivas, novos conflitos, que mereceram e ainda merecem uma regulamentação através de leis penais especiais que se encontram fora do Código Penal, mas com o mesmo objetivo de pacificação social. 2. A evolução e a regulamentação necessárias. Da evolução surgem situações conflitantes que danificam ou expõem a perigo determinados bens jurídicos. Tais conflitos não podem ser resolvidos por outros ramos do direito, daí o direito penal especial. Por conseguinte, aquilo que antes era desconhecido passa a ter existência e surgindo a situação de conflito que não pode ser resolvida por outros ramos do direito apela-se para o direito penal. Vejamos como exemplo, condutas que passaram a ter importância, pois perigosas ao meio ambiente, tais como a poluição hídrica, visual, atmosférica, sonora, etc.; o desmatamento, a extração de minérios e areia; a pesca predatória, a caça e a crueldade contra animais, enfim condutas que prejudicam o meio ambiente. Registre-se que todas essas condutas passaram a ter importância, quando o homem começou a se conscientizar do perigo que a terra estava exposta. Por isso, o direito penal. Analisemos as relações de consumo, em que o consumidor encontrava-se desprotegido. Os abusos eram frequentes por parte do fornecedor, sendo que tais abusos não podiam mais ser sancionados por outros ramos do direito, senão pelo Direito Penal. Assim, aconteceu com os idosos, com a mulher e com a criança e o adolescente, que LEIS ESPECIAIS 4 | P á g i n a tiveram os seus direitos reconhecidos e ganharam proteção do direito penal, cujas leis se encontram nos respectivos estatutos, que serão estudados em nosso curso preparatório. Analisemos, ainda, as leis que tendem a limitar a atuação dos agentes policiais, proteger o cidadão contra os abusos do Estado, tais como o abuso de autoridade e a tortura. O Estatuto do Desarmamento que protege a segurança de todos, ou a incolumidade publica, contra o uso indevido de arma de fogo. Também é de se registrar a lei que pune o tráfico de drogas, protetora da saúde publica, sendo sujeito passivo principal a coletividade. E por que não falar das normas penais contidas no Codigo de Transito, protetora da vida e da integridade física, como o homicídio, a lesão corporal culposa e a embriaguez ao volante, cujas condutas dos motoristas infratores são exaustivamente noticiadas pela mídia. Discute-se, inclusive, se a morte produzida por motorista embriagado seria homicídio culposo previsto no Codigo de Transito, ou doloso previsto no Codigo Penal, com deslocamento da competência para o Tribunal do Júri. E poderíamos falar de tantas outras leis especiais criadas nos últimos anos para atender situações pontuais e emergenciais, como o feminicidio e a criminalização com caráter de hediondez para os homicídios e lesões corporais cometidos contra agentes policiais e seus familiares. LEI Nº 13.142, DE 6 DE JULHO DE 2015. Altera os artigos 121 e 129 do Decreto-Leino 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), e o art. 1º da Lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 (Lei de Crimes Hediondos). A PRESIDENTA DA REPÚBLICA, Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu-sanciono a seguinte Lei: Art. 1o O § 2o do art. 121 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte inciso VII: “Art. 121”. (...) § 2o.(...) VII- contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição: LEIS ESPECIAIS 5 | P á g i n a Art. 2o O art. 129 do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar acrescido do seguinte § 12: “Art. 129”. (...) § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição, a pena é aumentada de um a dois terços.” (NR) Art. 3o O art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990 (Lei de Crimes Hediondos), passa a vigorar com a seguinte redação: “Art. 1o (...) I – homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, incisos I, II, III, IV, V, VI e VII); I-A – lesão corporal dolosa de natureza gravíssima (art. 129, § 2o) e lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3o), quando praticadas contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no exercício da função ou em decorrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa condição; Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação. Brasília, 6 de julho de 2015; 194o da Independência e 127o da República. DILMA ROUSSEFF. 3- Considerações exemplificativas. Consideremos as seguintes situações hipotéticas. A- Um Policial Militar, de serviço se depara com um individuo, maltratando qualquer animal, domésticos, domesticados, silvestres ou exóticos – como abandono, envenenamento, presos constantemente em correntes ou cordas muito curtas, manutenção em lugar anti-higiênico, mutilação, presos em espaço incompatível ao porte do animal ou em local sem iluminação e ventilação, utilização em shows que possam LEIS ESPECIAIS 6 | P á g i n a lhes causar lesão, pânico ou estresse, agressão física, exposição a esforço excessivo e animais debilitados (tração), rinhas. Nesses casos cabe a intervenção policial para reprimir o crime de crueldade contra animais, previsto no artigo 32 da Lei Ambiental. B- Um Policial Militar, de serviço, recebe uma denuncia de um consumidor de que em um determinado supermercado existe mercadoria imprópria para consumo, ou porque tem data de validade vencida ou porque mal acondicionada. Não há duvida de que se comprovado for a causa que torna a mercadoria imprópria, o fornecedor poderá responder civil, penal e administrativamente. Lembre-se de que embora a vigilância sanitária deva ser acionada para as medidas administrativas, o policial será o responsável pela ocorrência sob o aspecto penal encaminhando as partes para a Delegacia Distrital ou Especializada por tratar-se de crime contra a relação de consumo previsto no artigo 7º, inciso IX, da Lei 8137/90. C- Um Policial Militar, de serviço, resolveu torturar um preso sob sua guarda, com objetivo de obter uma declaração sobre o paradeiro de uma arma de fogo utilizada na prática do crime, e, antes que isso ocorresse, o seu superior tomou conhecimento do fato. O superior não concordava com a tortura e não a praticou, mas nada fez para evitá- la. Nessa situação, tanto o policial, quanto o superior poderiam ser responsabilizados penalmente, com base na lei que define os crimes de tortura: o subordinado pela tortura prova e o seu superior pela omissão em face a tortura. É de se ver que nos três exemplos, tivemos a figura de um policial que se encontra envolvido em ocorrência relativa à Lei Especial que o mesmo não pode desconhecer, por ser o seu cotidiano. 3.1 Considerações conclusivas. Feitas tais considerações, podemos concluir com um sentimento de esperança e de fé. Esperança de que tal quadro não nos leve a um estado penal máximo, onde tudo passa a ser considerado ilícito. Não podemos nos esquecer de que existem direitos e garantias humanas fundamentais a serem respeitadas. A pressa para se elaborar leis penais pode nos levar a um caos normativo, quer pela inobservância das leis existentes, quer pela colidencia de leis existentes que regulamentam o mesmo assunto. E sentimento de fé, de que nós operadores do direito, saberemos acessar o sistema buscando a pacificação social. É realmente um desafio, já que a elaboração dessas leis LEIS ESPECIAIS 7 | P á g i n a não terá fim, pois a sociedade é dinâmica e evolui. Nada a mais a declarar senão estudar e aplicar. LEIS ESPECIAIS 8 | P á g i n a LEIS ESPECIAIS AULA nº 02 – ABUSO DE AUTORIDADE LEI Nº 4.898, DE 9 DE DEZEMBRO DE 1965. 1. O direito de representação e a ação penal. Dispõe o artigo 1° da Lei que o direito de representação e o processo de responsabilidade Administrativa, Civil e Penal, contra as Autoridades que, no exercício de suas funções cometeram abuso, são regulados pela presente Lei. Assim, tal direito de representação previsto na Lei, encontra-se também na Constituição Federal, no artigo 5º, referente aos direitos e garantias fundamentais do homem. Artigo 5º, inciso XXXIV: São a todos assegurados independentemente do pagamento de taxas: a) O Direito de Petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. Por isso, qualquer pessoa, que se sentir vítima de abuso de poder poderá direta, pessoalmente e sem necessidade de advogado encaminhar sua delação a Autoridade competente para apuração e responsabilização dos agentes infratores. É importante registrar que os crimes aqui tratados são de ação penal publica incondicionada, o que quer dizer que a Autoridade ao receber a noticia do crime praticado deve agir por dever de oficio sem qualquer condição. Assim se o órgão do MP tiver elementos de autoria e materialidade oferecerá a denuncia, se não tiver requisitará a instauração do Inquérito. Por outro lado se a Tornar o conhecimento aplicável à atividade policial militar AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: LEIS ESPECIAIS 9 | P á g i n a Autoridade Policial tomar conhecimento da prática do abuso de autoridade deverá, sob pena de prevaricação, instaurar o competente inquérito. I- Sujeito Ativo Somente as autoridades podem praticar os crimes previstos na lei, sendo assim, estamos diante de crime próprio e não crime comum que pode ser praticado por qualquer pessoa. De acordo com o artigo 5º da mencionada Lei, considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente e sem remuneração. Comoexemplo podemos citar os policiais, fiscais, guardas municipais, etc. Observação importante: Pode-se afirmar que só haverá o crime de abuso de autoridade, se houver uma relação do agente com a função exercida isto é, estando no exercício da função, ou praticá-lo mesmo fora da função, mas invocando a sua condição funcional. Assim o policial de folga que realiza uma prisão ilegal invocando a sua condição de policial ou o policial que atenta contra a incolumidade física de alguém fora das funções invocando a sua condição funcional responderá pelo crime em tela. II- Sujeito Passivo e Bem Jurídico. O crime de abuso de autoridade se encontra disposto na Lei nº 4.898, de 09 de dezembro de 1965 e o crime de tortura é tratado na Lei nº 9.455, de 07 de abril de 1997. A ação de policiais que muitas vezes extrapolam suas funções com emprego de violência acaba incorrendo em um dos crimes. O policial está garantido por Lei a usar da força física no exercício de suas funções, como também utilizar arma de fogo. O grande problema é que alguns policiais se reforçam nesta ideia de força legitima para excederem os seus atos de violência. Há de se distinguir o uso da força legítima e o uso da violência arbitrária. Nos abusos de autoridade, o dolo do agente deve ser analisado com muito cuidado, merecendo punição somente as condutas daqueles que, não visando à defesa social, agem por capricho, vingança ou maldade, com o consequente propósito de praticarem perseguições e injustiças. O que se condena, enfim, é o despotismo, a tirania como indica o nomem júris do crime. Portanto, se o policial, supondo estar agindo corretamente, isto é, sem dolo, executa prisão em flagrante, não há o delito de abuso de autoridade. LEIS ESPECIAIS 10 | P á g i n a O sujeito passivo imediato e direto será a pessoa física ou jurídica, nacional ou estrangeira, vitima do abuso. E o sujeito passivo mediato ou indireto será o Estado, titular da Administração Publica. Quanto ao bem jurídico, podemos dizer que são vários, dependendo da conduta praticada, tais como a liberdade, a privacidade, a intimidade, a incolumidade física e outros. III- Elemento subjetivo. O crime será praticado a titulo de dolo, não se admitindo a forma culposa. Assim o agente deverá ter consciência e vontade de praticar o crime, ou assumir o risco de produzir o resultado. Dolo direto ou dolo eventual. Observação importante quanto à realização do crime. Não se admite a tentativa nas hipóteses do artigo 3º, uma vez que, qualquer atentado será punido como crime consumado. Por conseguinte, se um policial tentar invadir uma casa sem as formalidades legais previstas na Constituição ou nas leis processuais penais, tal conduta será criminalizada como abuso de autoridade consumado. Igual providencia para os casos de atentado a liberdade de locomoção, incolumidade física, correspondência, etc. IV- Ações configuradoras do abuso de autoridade previstas no artigo 3º. De acordo com o dispositivo citado constitui abuso de autoridade qualquer atentado: a) à liberdade de locomoção; b) à inviolabilidade do domicílio; c) ao sigilo da correspondência; d) à liberdade de consciência e de crença; e) ao livre exercício do culto religioso; f) à liberdade de associação; LEIS ESPECIAIS 11 | P á g i n a g) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto; h) ao direito de reunião; i) à incolumidade física do indivíduo; j) aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. Observação importante. Todos esses direitos estão previstos na Constituição, mas não são absolutos podendo ser restringidos ou limitados em algumas situações. Registre-se que ninguém pode se esconder atrás de direitos para a prática de ilícitos. Vejamos cada um desses direitos e a possibilidade de intervenção do Estado. a) A liberdade de locomoção. De acordo com o artigo 5º da CF: “Ninguém será preso senão em flagrante delito ou por ordem escrita e fundamentada pela Autoridade Judiciária competente, salvo os casos de transgressão militar ou crime propriamente militar, definidos em lei”. A regra é a liberdade e a exceção à prisão. De acordo com a Lei, é crime não só o atentado a liberdade de locomoção como também ordenar o executar sem as formalidades legais qualquer medida privativa de liberdade. (Artigos 3º, alínea a e 4º alínea a da lei). Ora, como é por demais sabido, cada prisão tem a sua regulamentação própria e que deve ser observada rigorosamente: a prisão em flagrante, a preventiva, a temporária, etc. A rigor a única prisão sem mandado é a prisão em flagrante, sendo todas as outras prisões, realizadas com ordem judicial, e com estrita observância aos preceitos constitucionais e processuais penais. b) Atentado a inviolabilidade de domicílio. Segundo a Constituição, a casa é o asilo inviolável, ninguém nela pode penetrar, a não ser pelo consentimento do morador, desastre, socorro, ordem judicial durante o LEIS ESPECIAIS 12 | P á g i n a dia e flagrante delito. Também o nosso Código Penal em seu artigo 150, após definir a casa como qualquer compartimento habitado não aberto ao publico, estabeleceu as hipóteses de entrada em uma casa, que são as mesmas previstas no texto constitucional acima mencionado. Por isso, se a Autoridade violar o domicílio responderá pelo artigo 3°, b, da lei do abuso de autoridade. Observação importante: Na hipótese de cumprimento de mandado de prisão em casa alheia ou de busca domiciliar, em que faltar o consentimento do morador, tais diligencias só poderão ser realizadas durante o dia nos exatos termos dos artigos 293 e 294 do CPP, isto é com ordem judicial. c) Atentado ao sigilo de correspondência. A Constituição protege a correspondência e a lei 4898/65, criminaliza qualquer lesão à inviolabilidade da correspondência, resguardando-se a privacidade e a intimidade tanto do remetente quanto do destinatário do segredo. É importante assinalar que tal direito não é absoluto, podendo ser restringido se houver uma fundada suspeita da pratica de ilícitos penais através da correspondência. Sobre o assunto é importante registrar que o STF, decidiu que: “A administração penitenciaria, com fundamento em razões de segurança publica, pode, excepcionalmente, proceder à interceptação da correspondência remetida pelos sentenciados, eis que a clausula da inviolabilidade do sigilo epistolar não pode constituir instrumento de salvaguarda de práticas ilícitas”. d) Atentado a liberdade de consciência e de crença e ao livre exercício do culto religioso. Previsão legal artigo 5°, inciso VI da CF, dizendo que: “É inviolável, a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício do culto religioso e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e as suas liturgias”. LEIS ESPECIAIS 13 | P á g i n a Ao argumento de que todas as religiões são permitidas, acabando-se com qualquer tipo de discriminação, a Magna Carta estabeleceu que ninguém e, muito menos, o poder público, pode atentar contra tais condutas, enquanto exercida de forma regular, sendo, por conseguinte, a interferência indevida do agente publico, crime de abuso de autoridade. No entanto, em havendo excesso no exercício de tais direitos, como as práticas de crimes de curandeirismo, charlatanismo, exercício ilegal de medicina, crimes ambientais como a crueldade contra os animais,então estará a autoridade legitimada a agir sob pena de prevaricação: e) Atentado à liberdade de associação e ao direito de reunião. Também aqui teremos a previsão constitucional, como as hipóteses do artigo 5°, incisos VI e VII, que dispõem e garantem o direito de reunião para fins pacíficos e o direito de associação para fins lícitos. Assim, se realizados com as finalidades permitidas em lei, será abuso de autoridade qualquer interferência em tais direitos. No entanto, se houver desvio de finalidade, como práticas ilícitas, fins não pacíficos ou associações criminosas, então estará a autoridade publica legitimada a agir, sob pena de prevaricação. f) Atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício do voto. Não podemos confundir tal hipótese de atentado ao exercício do voto, com as hipóteses de crimes eleitorais previstos no Código Eleitoral como a conduta de prender ou deter eleitor, cinco dias antes ou quarenta e oito horas depois das eleições, sem que esteja em caso de flagrante por crime inafiançável. Assim, ficou para o abuso o simples atentado. g) Atentado a incolumidade física do indivíduo. Pune-se pela Lei 4898/65, apenas o atentado, porque se ocorrer além do atentado lesões corporais ou a morte do indivíduo, então, deverá o agente responder por ambos os crimes. No abuso de autoridade existe o interesse do Estado na correta proteção do LEIS ESPECIAIS 14 | P á g i n a serviço púbico, e na lesão corporal ou homicídio, protege-se a integridade física ou a saúde e a vida. h) Atentado aos direitos e garantias legais assegurados ao exercício profissional. Trata-se de crime praticado pela autoridade contra o trabalhador. No entanto, não haverá o crime se a autoridade combater o comércio irregular não autorizado. V- Ações configuradoras do abuso de autoridade previstas no artigo 4º. Art. 4º Constitui também abuso de autoridade: a) ordenar ou executar medida privativa da liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder; b) submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei; c) deixar de comunicar, imediatamente, ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa; d) deixar o Juiz de ordenar o relaxamento de prisão ou detenção ilegal que lhe seja comunicada; e) levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, permitida em lei; f) cobrar o carcereiro ou agente de autoridade policial carceragem, custas, emolumentos ou qualquer outra despesa, desde que a cobrança não tenha apoio em lei, quer quanto à espécie quer quanto ao seu valor; g) recusar o carcereiro ou agente de autoridade policial recibo de importância recebida a título de carceragem, custas, emolumentos ou de qualquer outra despesa; h) o ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal; i) prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. (Incluído pela Lei nº 7.960, de 21/12/89). LEIS ESPECIAIS 15 | P á g i n a Do citado artigo 4º, é importante registrar as seguintes hipóteses: A- Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder. Tal conduta já foi estudada em parte, quando analisamos o artigo 3º. Também aqui, deve-se levar em consideração o principio da legalidade da prisão e os seus modelos legais. Ressalte-se que responde pelo crime em tela, não só quem ordena a medida restritiva de liberdade, como também quem cumpre a ordem ilegal, como a ordem de prisão para averiguações ou qualquer outra sem o mandado expedido pelo juiz competente, tudo em atenção ao principio constitucional do juiz natural. Se a prisão for à noite e no interior de residência, deve-se cumprir o disposto nos artigos 293 e 294 do CPP. Por último, devemos registrar que independem de mandado, as prisões de recaptura, em estado de sitio e no estado de defesa. Aconteceu... Saiu na Folha de São Paulo de hoje (02/06/10): “A Polícia Militar do Pará instaurou um procedimento administrativo para identificar os supostos policiais que aparecem em um vídeo obrigando três jovens a dançarem uma versão do hit "Rebolation", do grupo de axé Parangolé. A Defensora Pública do Estado também investiga o caso. As imagens foram postas no YouTube no sábado. No vídeo, os três jovens estão encostados em uma parede, quando um suposto policial manda os três dançarem, enquanto ele canta ‘baculation’. ‘Baculejo’ é um termo usado para designar a abordagem de suspeitos por policiais. Segundo o major Jorge Vasconcelos, da assessoria de comunicação da PM, a Corregedoria já sabe quem colocou o vídeo no site, mas ainda não identificou os policiais. ‘As mães dos adolescentes foram até a Defensoria Pública. Elas vão dizer onde foi a gravação e assim vamos identificar qual equipe estava lá.’ Em nota, a PM disse que os adolescentes foram submetidos a uma situação ‘vexatória’ e que as imagens constrangeram a corporação. ‘Os atos mostrados na imagem são totalmente contrários aos preceitos de ética e disciplina previstos em código de conduta dos PMs’, diz a nota" LEIS ESPECIAIS 16 | P á g i n a B- Submeter pessoa a sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei. Trata-se da conduta do servidor que, aproveitando-se da condição de inferioridade daquele que se encontra sob seu jugo, abusa do poder e atenta contra a integridade da vítima, expondo-a a infâmia, à desonra e penalidades não previstas em lei e nem na Constituição Federal. Por isso em hipóteses de prisão em flagrante, o agente deverá agir com cautela e de acordo com o disposto na Sumula Vinculante nº 11, que dispõe que: “Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado.” C- O ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal. Temos aqui os crimes de calunia, difamação e injuria praticados pela autoridade, com o objetivo de ofender a honra da pessoa física ou jurídica. Quanto ao ato lesivo do patrimônio é correto exemplificar com a aplicação ilegal de multas, o despejo violento e humilhante, a apreensão ilegal de veículos. Para complementar pensemos no seguinte exemplo: se um policial resolver dolosamente danificar um veículo de um particular, por certo o mesmo responderá pelo crime de abuso de autoridade e não dano doloso. D - Prolongar a execução de prisão temporária, de pena ou de medida de segurança, deixando de expedir em tempo oportuno ou de cumprir imediatamente ordem de liberdade. Trata-se de crime doloso e praticado por omissão da autoridade, que decorrido o prazo, concedido da prisão temporária ou diante do cumprimento de pena ou medida de segurança, deixa de expedir em tempo oportuno ordem de liberdade,ou, também, daquele que deixar de cumprir imediatamente a ordem. Não existe a modalidade culposa. A prisão temporária encontra-se LEIS ESPECIAIS 17 | P á g i n a regulamentada na lei 7960/89 e apresenta os prazos de 05 dias para os crimes comuns, ou 30 dias para os crimes hediondos, podendo tais prazos ser renovados por igual período pela autoridade judiciária competente. VI- Das sanções administrativas, civil e penal previstas no artigo 6º. O abuso de autoridade sujeitará o seu autor à sanção administrativa civil e penal. • A sanção administrativa será aplicada de acordo com a gravidade do abuso cometido e consistirá em: a) advertência; b) repreensão; c) suspensão do cargo, função ou posto por prazo de cinco a cento e oitenta dias, com perda de vencimentos e vantagens; d) destituição de função; e) demissão; f) demissão, a bem do serviço público. • A sanção civil, caso não seja possível fixar o valor do dano, consistirá no pagamento de uma indenização a ser arbitrada pelo juiz. • A sanção penal será aplicada de acordo com as regras dos artigos 42 a 56 do Código Penal e consistirá em: a) multa de cem a cinco mil cruzeiros; b) detenção por dez dias a seis meses; c) perda do cargo e a inabilitação para o exercício de qualquer outra função pública por prazo até três anos. • As penas previstas no parágrafo anterior poderão ser aplicadas autônoma ou cumulativamente. LEIS ESPECIAIS 18 | P á g i n a • Quando o abuso for cometido por agente de autoridade policial, civil ou militar, de qualquer categoria, poderá ser cominada a pena autônoma ou acessória, de não poder o acusado exercer funções de natureza policial ou militar no município da culpa, por prazo de um a cinco anos. VII- Considerações finais. Quanto ao procedimento a ser adotado, e de acordo com o entendimento predominante os delitos estarão sujeitos ao rito sumaríssimo, ou seja, adota-se o rito previsto na lei 9099/95, Juizado Especial Criminal. Anotemos que no caso do crime ser cometido por funcionário público federal, a competência será da justiça federal de acordo com o artigo 109, inciso IV, da Constituição Federal. Por outro lado, se o crime de abuso de autoridade for cometido por policial militar, a competência será da justiça comum, de acordo com a súmula 172 do STJ, abaixo transcrito: Súmula 172 do STJ “Compete à Justiça Comum processar e julgar militar por crime de abuso de autoridade, ainda que praticado em serviço”. Se houver o concurso do crime de abuso de autoridade com o de lesão corporal praticado por policial militar deve-se separar os processos, respondendo o agente na justiça comum pelo abuso de autoridade e na justiça militar pela lesão corporal, tudo de acordo com a Sumula 90 do STJ, assim redigida: ”Compete à Justiça Comum Estadual processar e julgar o policial militar pela pratica do crime militar, e à Comum pela pratica do crime comum simultâneo àquele”. LEIS ESPECIAIS 19 | P á g i n a Exercícios de Fixação. 1ª Questão. ( Funcab. 2013. PC. ES. Com adaptações.) Assinale a alternativa que não contenha uma das hipóteses legais de abuso de autoridade. A- Levar à prisão e nela deter quem quer que se proponha a prestar fiança, inclusive quando se tratar de crime hediondo. B- Deixar de comunicar, imediatamente ao juiz competente a prisão ou detenção de qualquer pessoa. Saiba mais... Analisemos um caso julgado pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que ratifica o entendimento de que o excesso por parte do policial militar no momento da busca pessoal caracteriza crime de abuso de autoridade, sendo assim, passivo de responsabilização, conforme preceitua a Lei nº. 4.898/65. No caso da busca pessoal, o abuso será caracterizado pelo excesso e, consequentemente, pelo constrangimento causado. Na hipótese em que mesmo se tratando de um ato legítimo e revestido com o parâmetro da fundada suspeita, o policial militar a executa de modo excessivo e abusivo. Agredindo fisicamente e moralmente o cidadão abordado, ou mesmo quando adota procedimentos desnecessários e desproporcionais à conduta do cidadão que está sendo alvo da abordagem. Demonstrado de forma suficiente pela prova colhida que o policial militar, em abordagem, desferiu um tapa no rosto da vítima sem motivo aparente, está caracterizado o abuso de poder. ( TJRGS. Apelação Criminal n.º 71002250496/RS, Rel. Volcir Antônio Casal, 14.09.2009). Por outro lado, o desvio, pode ser vislumbrado quando o policial age, simplesmente, por vontade e interesses próprios, sem atender a finalidade pública, extrapolando critérios jurídicos, como, por exemplo, realizar uma busca pessoal desnecessária sem atendimento ao critério da fundada suspeita, baseando-a somente na sua subjetividade. Do exposto podemos deduzir que a autoridade policial deverá proceder à revista pessoal, revista em automóveis, caminhões, ônibus, a qualquer hora do dia ou da noite, desde que haja uma fundada suspeita, de que o agente esteja de posse de objetos ilícitos. Deve, inclusive, adentrar em casa alheia a qualquer hora do dia ou da noite para efetuar prisão em flagrante, em caso de socorro ou desastre. Em caso de duvida da existência dessas hipóteses, só com o consentimento do morador ou mandado judicial durante o dia. LEIS ESPECIAIS 20 | P á g i n a C- Ordenar ou executar medida privativa de liberdade individual, sem as formalidades legais ou com abuso de poder. D- Submeter pessoa sob sua guarda ou custódia a vexame ou a constrangimento não autorizado em lei. E- O ato lesivo da honra ou do patrimônio de pessoa natural ou jurídica, quando praticado com abuso ou desvio de poder ou sem competência legal. 2ª Questão. A respeito da Lei de Abuso de Autoridade, julgue os itens abaixo, marcando a opção correta. A- De acordo com o que dispõe a lei 4898/95 (Abuso de Autoridade), considera-se autoridade, para os efeitos desta lei, quem exerce cargo, emprego ou função pública, de natureza civil, ou militar, ainda que transitoriamente, salvo quando exercida sem remuneração. B- O abuso de autoridade sujeitará o seu autor, exclusivamente, às sanções administrativas e penais. C- Admite-se a prática do crime de abuso de autoridade na forma culposa. D- Pratica o crime de abuso de autoridade o agente que, mesmo não tendo a intenção ou o ânimo específico de exorbitar do poder que lhe for conferido legalmente, excede-se nas medidas para cumpri-lo, com o objetivo de proteger o interesse público. E- São crimes de ação penal pública incondicionada, uma vez que o Art. 1º da Lei trata do direito de representação, sendo esta nada mais do que o direito de petição estampado no Art. 5º, inciso XXXIV da Constituição Federal. 3ª Questão. Levando-se em consideração o disposto no artigo 5º da Constituição Federal quanto aos direitos individuais e demais dispositivos legais previstos na Lei 4898/65, não constitui crime de abuso de autoridade. A- O ato lesivo do patrimônio de pessoa jurídica quando praticado com abuso de poder. B- Qualquer atentado à inviolabilidade do domicilio. C- Qualquer atentado a liberdade de consciência e de crença. LEIS ESPECIAIS 21 | P á g i n a D- Execução de medida privativa de liberdade individual sem as formalidades legais. E- O atentado a qualquer direito de reunião. 4ª Questão. Analiseas opções abaixo. A- A conduta do agente público que conduz preso algemado, justificando o uso da algema pela existência de perigo à sua própria integridade física, não caracteriza abuso de autoridade, uma vez que está executando medida privativa de liberdade em estrita observância das formalidades legais e jurisprudenciais. B- No dia 17/2/2008, no período vespertino, sargentos da Polícia Militar, no exercício da função, ingressaram, sem autorização dos moradores, na residência de João Paulo e, mediante atos de violência física, provocaram-lhe lesões na cabeça e tórax. Nessa hipótese os Policiais não praticaram qualquer crime, estando as suas condutas justificadas pelo poder discricionário, sendo-lhes deferida a possibilidade de agirem dentro da margem de liberdade de escolha entre as possíveis soluções a serem adotadas. C- Caracteriza crime de abuso de autoridade, a conduta do policial, que invade, à noite, sem ordem judicial e sem consentimento do morador, casa alheia em busca de crime permanente de trafico de drogas, na modalidade de ter em deposito cinco quilos de cloridrato de cocaína. Estão corretas. I- As opções A, B e C. II- As opções A e B. III- As opções B e C. IV- Apenas a opção A. V- As opções A e C. 5ª Questão. Um policial militar, no exercício de suas funções, sem ordem judicial, sem o consentimento do morador e, sem qualquer situação de flagrante delito, consciente e voluntariamente, tenta entrar na casa de uma pessoa para realizar busca de objetos que teriam sido utilizados na prática de um crime. No entanto, o policial não conseguiu o LEIS ESPECIAIS 22 | P á g i n a seu intento, porque o proprietário da casa trancou imediatamente a porta de entrada. Diante de tal situação hipotética marque a opção correta. A- O agente praticou crime de abuso de autoridade na sua forma tentada. B- O agente não praticou crime de abuso por ter sido a conduta interrompida. C- O agente praticou crime de abuso em sua forma consumada. D- O agente praticou crime de abuso de autoridade, mas a vitima do abuso deverá representar para que o processo seja iniciado. E- O agente praticou crime de abuso de autoridade e deverá responder perante a justiça militar. Gabarito. 1ª- A; 2ª-E; 3ª- E; 4ª- V; 5ª-C. Questão Discursiva. (Agente de Polícia Civil/ES – 2009. Cespe. Com adaptações.) Se um delegado de polícia, mediante fundadas suspeitas de que um motorista esteja transportando em seu caminhão certa quantidade de substância entorpecente para fins de comercialização, determinar a execução de busca no veículo, sem autorização judicial, resultando infrutíferas as diligências, uma vez que nada tenha sido encontrado. Diante do exposto responda as questões abaixo. A- A conduta da autoridade policial caracteriza o crime de abuso de autoridade? B- O veículo automotor onde se exerce profissão ou atividade lícita é considerado domicílio? Por quê? C- Sob o aspecto constitucional- penal o que entende por casa? LEIS ESPECIAIS 23 | P á g i n a Tema para reflexão. Quando um policial prende alguém em flagrante delito, ele se encontra no estrito cumprimento do dever legal e no exercício de uma parcela do poder de policia. Assim a autoridade policial deve prender quem quer que se encontre cometendo ilícitos penais. A lei e somente a lei, deve servir de parâmetro para a sua decisão. Não agir quando podia, pode ser uma omissão criminosa, - a prevaricação- e agir com excesso, pode ser também uma conduta criminosa, - o abuso de autoridade-. Diante do exposto, você policial e somente você, deve fazer, naquele momento, um juízo de valoração para um comportamento adequado a lei. É a observância ao principio da legalidade. Exercícios de Fixação. 1ª Questão. Quanto aos crimes de tortura previstos na Lei 9455/97, julgue os itens abaixo, marcando a opção incorreta. a) Caracteriza crime de tortura o constrangimento, através do emprego físico de alguém para obter informações, declarações ou confissões. b) O crime de tortura é inafiançável, mas admite-se a graça e o indulto. c) Se o crime de tortura for praticado por agente publico, sua condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego publico e a interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. d) Aquele que se omite em face à tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos. e) Aumenta-se a pena de 1/6 (um sexto) até 1/3 (um terço) se a tortura for cometida por agente publico. 2ª Questão. Analise as afirmações abaixo e escolha a resposta correta: I- Aplicar-se-á a Lei de Tortura, 9455/97, ainda que o crime não tenha sido cometido em território brasileiro, desde que a vitima seja brasileira e o agente se encontre em local sujeito a jurisdição brasileira. LEIS ESPECIAIS 24 | P á g i n a II- Se o crime de tortura for praticado por agente público a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego publico e a interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. III- O crime de tortura é inafiançável e imprescritível. A- Apenas I está correta. B- I e II estão corretas. C- II e III estão corretas. D- I e III estão corretas. E- Todas estão corretas. 3ª Questão. A respeito do crime de tortura previsto na Lei 9455/97, julgue os itens abaixo, marcando a opção correta. I- O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura. II- Nos termos da Lei n.° 9.455/97, a pena é aumentada se o crime de tortura for cometido com emprego de veneno. III- A lei de tortura não pune aquele que tinha o dever legal de evitá-la ou apurá- la. A- Todas estão incorretas. B- I e II estão corretas. C- II e III estão corretas. D- I e III estão corretas. E- Todas estão corretas. 4ª Questão. Quanto ao crime de Tortura previsto na Lei 9455/97, julgue os itens abaixo, marcando a opção correta. LEIS ESPECIAIS 25 | P á g i n a A- A lei que pune a conduta criminosa da tortura encontra o seu fundamento, entre outros, na Constituição Federal, na proteção da dignidade da pessoa humana, que está prevista no capítulo que trata dos princípios constitucionais. B- O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige qualidade ou condição especial do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada sujeito ativo desse crime. C- Incorre na pena prevista para o crime de tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. A- Todas estão incorretas. B- I e II estão corretas. C- II e III estão corretas. D- I e III estão corretas. E- Todas estão corretas. 5ª Questão. Quanto aos crimes de tortura previstos na Lei 9455/97, julgue os itens abaixo, marcando a opção correta. A- O sujeito ativo do crime de tortura será sempre a autoridade pública. B- Os dispositivos da Lei só são aplicáveis aos crimes de tortura praticados no território nacional. C- Agrupamentos de pessoas que seguem a mesma religião pode ser alvo do crime de tortura. D- O condenado por qualquer crime de tortura sempre iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. E- O crime de tortura é inafiançável, mas suscetível de indulto, graça e anistia. Gabarito. 1ª- B; 2ª- B; 3ª-A; 4ª-E; 5ª-C. Discursiva. LEISESPECIAIS 26 | P á g i n a (Cespe-Unb. 2009. PC. PB. Com adaptações.). César, oficial da Polícia Militar, está sendo processado pela prática do crime de tortura, na condição de mandante, contra a vítima Ronaldo, policial militar. César visava obter informações a respeito de uma arma que havia sido furtada pela vítima. Diante de tal situação hipotética, responda objetivamente: I- A conduta de Cesar tem enquadramento na Lei 9455/97? II- Qual a justiça competente para processo e julgamento da conduta de César? III- Se Cesar for condenado haverá aumento de pena ou perda automática do cargo? LEIS ESPECIAIS 27 | P á g i n a LEIS ESPECIAIS AULA nº 03 – LEI DOS CRIMES HEDIONDOS LEI Nº 8.072, DE 25 DE JULHO DE 1990. Tornar o conhecimento aplicável à atividade policial militar AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: Entrou em vigor nesta terça-feira (07/07/2015), com a publicação no Diário Oficial da União, a Lei 13.142, que torna crime hediondo e qualificado o assassinato de policiais no exercício da função ou em decorrência dela. A norma abarca as carreiras de policiais civis, rodoviários, federais, militares, assim como bombeiros, integrantes das Forças Armadas, da Força Nacional de Segurança Pública e do Sistema Prisional. A nova lei foi sancionada na íntegra pela presidente Dilma Rousseff e também se estende aos cônjuges, companheiros e parentes consanguíneos de até terceiro grau assassinados em decorrência da atividade do agente policial. Em caso de lesão corporal dolosa de natureza gravíssima e lesão corporal seguida de morte contra os policiais e seus familiares, a pena deverá ser aumentada em dois terços. Entretanto, a medida é criticada por especialistas, que não concordam com o endurecimento das leis sem outras políticas que efetivamente reduzam a criminalidade. (Conjur. Gisele Souza. 07/07/2015). Comentários Não há duvida de que o legislador acertou ao elaborar a presente Lei. Afinal de contas o Policial representando a Lei, o Estado e a Sociedade deve ser respeitado, sob pena de completa negação da ordem publica. Não podemos nos esquecer de que o Direito Penal tem um caráter subsidiário e fragmentário, isto é só terá aplicação quando não houver mais possibilidade de solução do conflito mais possibilidades de se resolver o conflito através de outras instancias jurídicas. LEIS ESPECIAIS 28 | P á g i n a Observações importantes sobre a Lei 8072/90. I) São considerados hediondos os crimes previstos no artigo 1º e 2º, todos consumados e tentados. a) Homicídio (art. 121), quando praticado em atividade típica de grupo de extermínio, ainda que cometido por um só agente, e homicídio qualificado (art. 121, § 2o, I, II, III, IV e V). b) Latrocínio (art. 157, § 3o, in fine). c) Extorsão qualificada pela morte (art. 158, § 2o). d) Extorsão mediante sequestro e na forma qualificada (art. 159, caput, e §§ lo, 2o e 3o). e) Estupro (art. 213 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único). f) Estupro (art. 213, caput e §§ 1o e 2o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009). g) Estupro de vulnerável (art. 217-A, caput e §§ 1o, 2o, 3o e 4o); (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009). h) Epidemia com resultado morte (art. 267, § 1o). i) Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, caput e § 1o, § 1o-A e § 1o-B, com a redação dada pela Lei no 9.677, de 2 de julho de 1998). j) Considera-se também hediondo o crime de SOBREVIVENTE DE CHACINA SEQUESTRA ÔNIBUS Em 12 de junho de 2000, Sandro do Nascimento, sobrevivente da chacina da Candelária, sequestrou um ônibus da Linha 174, no Rio de Janeiro. Ele manteve os passageiros reféns por mais de quatro horas, enquanto toda a negociação era transmitida ao vivo pela televisão. Após a libertação de alguns reféns, Nascimento desceu do coletivo usando a professora Geisa Gonçalves como escudo. Ao tentar atingir o sequestrador, um policial baleou a refém de raspão. Nascimento disparou mais três tiros contra a professora, que morreu no hospital. Preso, ele foi retirado do local com vida dentro de um camburão, mas chegou morto por asfixia ao hospital. Os policiais apontados como assassinos de Sandro foram absolvidos. O episódio virou o documentário Ônibus 174, de José Padilha e Felipe Lacerda, que ganhou prêmios internacionais. Aconteceu... “anos 80 a criminalidade avançava a olhos vistos, com os grandes centros urbanos como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, dentre outros, sendo obrigados a conviver com altos índices de homicídios qualificados, latrocínios, estupros e roubos a banco. A sociedade brasileira esperava providências importantes no sentido de coibir o crime. O grande foro de debates à época foi, sem dúvida, a Assembleia Nacional Constituinte que teve a grande oportunidade de dar a resposta que a sociedade brasileira merecia no sentido de endurecer a lei penal e estabelecer políticas criminais adequadas para punir com mais severidade criminosos truculentos. O tempo passou, a Constituição Federal foi promulgada em 05 de outubro de 1988 e a criminalidade avançou a níveis assustadores. Nossa Carta Fundamental já está para completar 20 anos e o crime tornou-se uma duríssima realidade. Aumentaram os homicídios qualificados, estupros, extorsões mediante sequestro, e ainda surgiram “novidades” do final do século, como ações do crime organizado e o domínio dos traficantes de drogas. E nestes quase 20 anos, a sociedade não está tendo a resposta que merece ter por parte do Estado para combater o crime. Muito pelo contrário: o legislador pátrio admitiu as chamadas penas alternativas, o sursis processual, o livramento condicional, enquanto a sociedade agoniza nas mãos de marginais truculentos, clamando por uma política criminal de “tolerância zero”. Ricardo Farabuli, Âmbito Jurídico. Acesso em 15/01/2016. LEIS ESPECIAIS 29 | P á g i n a genocídio previsto nos artigos 1o, 2o e 3o da Lei no 2.889, de 1o de outubro de 1956 tentado ou consumado. k) São também considerados assemelhados a crime hediondo a prática da tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins e o terrorismo. l) Feminicídio. Crime previsto no artigo 121, parágrafo 2º, inciso VI do CP, que significa praticar homicídio contra mulher por razoes da condição de sexo feminino. m) Homicídio cometido contra integrantes dos órgãos de segurança publica (ou contra os seus familiares), se o delito tiver relação com a função exercida, tal o disposto no artigo 121, parágrafo 2º, inciso VII do CP. II) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça, indulto e fiança. III) Será possível, no entanto, o cumprimento de pena em regime semiaberto ou aberto, mas o inicio deverá ocorrer em regime fechado. Assim, se cumprir parte da pena poderá progredir de regime. (Dois quintos se primário, ou três quintos se reincidente). IV) Será admissível o livramento condicional desde que preencha os requisitos previstos na lei: não ser reincidente em crimes dessa natureza e desde que cumpra dois terços da pena. V) O prazo da prisão temporária para os crimes hediondos será de 30 (trinta dias), podendo ser prorrogado por igual período. LEIS ESPECIAIS 30 | P á g i n a Exercícios de Fixação. 1ª Questão. São crimes hediondos, exceto: a) Estupro de vulnerável. b) HomicídioQualificado pelo motivo torpe, tentado. c) Latrocínio tentado. Saiba mais Crimes hediondos são os crimes entendidos pelo Poder Legislativo como os que merecem maior reprovação por parte do Estado. No Brasil encontram-se expressamente previstos na Lei Nº 8.072 de 1990. Os crimes hediondos, do ponto de vista da Criminologia sociológica, são os crimes que estão no topo da pirâmide de desvaloração axiológica criminal, devendo, portanto, ser entendidos como crimes mais graves, mais revoltantes, que causam maior aversão à sociedade. São considerados hediondos os crimes cuja lesividade é acentuadamente expressiva, ou seja, crime de extremo potencial ofensivo, ao qual denominamos crime “de gravidade acentuada”. Os crimes hediondos são os crimes cometidos contra os bens que são protegidos pela Constituição Federal (CF). Um dos bens que a CF deve proteger, guardar é a vida, por isso o homicídio doloso qualificado é considerado hediondo. A nova discussão sobre os crimes hediondos inclui na relação da Lei 8072/90, a corrupção ativa e passiva, tendo tal inclusão, no entanto, que ser aprovada, ainda sem data certa para ocorrer. A propósito qual a sua opinião sobre o tema? Não se esqueça de que o conceito de crime hediondo repousa na ideia da existência de condutas que se revelam como a antítese extrema dos padrões éticos de comportamento social. Portanto, os seus autores são portadores de extremo grau de perversidade, de perniciosa ou de periculosidade e que, por isso, merecem sempre o grau máximo de reprovação ética por parte do grupo social e, em consequência, do próprio sistema de controle. Wikipédia, a enciclopédia livre. Visitada em 26/01/2016. LEIS ESPECIAIS 31 | P á g i n a d) Epidemia de água potável. e) Envenenamento de água potável. 2ª Questão. Quanto aos crimes hediondos, assinale a alternativa correta. a) São equiparados a crimes hediondos: o trafico ilícito de drogas, o estupro e o porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. b) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e livramento condicional. c) O condenado ao crime hediondo deve cumprir a pena em regime fechado. d) Os crimes hediondos são inafiançáveis. e) Os crimes hediondos são imprescritíveis. 3ª Questão. Não é considerado crime hediondo. a) Feminicídio. b) Homicídio cometido contra os integrantes dos órgãos de segurança e os seus familiares. c) Genocídio. d) Epidemia com resultado morte. e) Corrupção passiva. 4ª Questão. A respeito dos crimes hediondos, assinale a alternativa correta com base na legislação em vigor. a) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, graça e indulto, embora lhes seja admitida fiança. b) A pena do condenado por crime hediondo deverá ser cumprida em regime integralmente fechado. c) Se o crime hediondo de extorsão mediante sequestro for cometido por quadrilha ou bando, o coautor que denunciá-lo à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado, será beneficiado com a redução da pena de um a dois terços. d) São considerados hediondos, falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais e a tortura. e) Os crimes hediondos são insuscetíveis de anistia, e indulto, admitindo-se, no entanto, a graça. LEIS ESPECIAIS 32 | P á g i n a 5ª Questão. São crimes hediondos próprios, assim definidos pela Lei no 8.072/1990, dentre outros: a) Estupro de vulnerável, epidemia com resultado morte e adulteração de produto destinado a fim terapêutico. b) Extorsão mediante sequestro, desastre ferroviário e incêndio, desde que seguido de morte. c) Terrorismo, estupro de vulnerável e racismo. d) Homicídio, latrocínio e extorsão mediante sequestro. e) Atentado contra meio de transporte aéreo, concussão e homicídio qualificado. Gabarito. 1ª- E; 2ª-D; 3ª-E; 4ª-D; 5ª-A. Questão Discursiva. Em uma área rural, Lucas, reincidente em crime de lesão corporal de natureza grave, apontou uma arma de fogo de uso restrito, municiada, na direção de Flávia, determinou que ambos caminhassem para o interior de um matagal existente na localidade, e ali ele praticou o crime de estupro na forma consumada. Antes de fugir do local, Lucas ainda revistou a roupa de Flávia e levou seu aparelho de telefone celular, que custava quinhentos reais. Flávia conseguiu abrigo em uma residência próxima ao local do fato, onde relatou o ocorrido a Roberta, que ligou para policiais militares do posto mais próximo, os quais conseguiram localizar Lucas e prendê-lo na posse da arma de fogo, logrando apreender também o aparelho de telefone celular. Na delegacia de polícia, constatou-se que a arma de fogo era produto de furto registrado na semana anterior por Rodrigo, oficial do Exercito Brasileiro, detentor do respectivo registro da arma. Diante de tal situação hipotética responda as perguntas a seguir: a) Quais os crimes praticados por Lucas? b) Os crimes praticados são hediondos? c) Em caso afirmativo, consultando a Lei 8072/90, quais as consequências previstas? d) Cabe a prisão em flagrante? LEIS ESPECIAIS 33 | P á g i n a LEIS ESPECIAIS AULA nº 04 – LEI DE TORTURA LEI Nº 9.455, DE 7 DE ABRIL DE 1997 O crime de tortura encontra-se regulamentado pela lei 9455/97. Tal prática é expressamente proibida em nosso ordenamento jurídico com previsão na CF, sendo considerado crime contra a humanidade. O artigo 5º, inciso III da Constituição Federal, afirma que: “ninguém será submetido à tortura ou a tratamento degradante” Também o artigo 5º, inciso XLIX, garante ao preso o respeito a sua integridade física e moral. E, por ultimo, o inciso XLIII, do mesmo artigo 5º, considerou o crime de tortura insuscetível de graça ou anistia. O legislador infraconstitucional, por sua vez, equiparou o crime de tortura a crime hediondo. Vejamos alguns pontos importantes relacionados com o crime ora estudado. A tortura se caracteriza como um intenso sofrimento físico ou mental. A nossa lei de tortura assim a classifica, estando prevista na mencionada Lei com a seguinte classificação: I. Tortura prova. Tornar o conhecimento aplicável à atividade policial militar AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: Analisemos um pensamento de 1764, de Beccaria, insurgindo-se contra a tortura e colocando em duvida a eficiência do método utilizado para se chegar à verdade. (Dos Delitos e das Penas, pag. 65 e 66) “Estranha consequência que, necessariamente, decorre do uso da tortura, é que o inocente é posto em pior condição que o culpado. Realmente, se ambos são submetidos ao suplicio, o primeiro tem tudo contra si, uma vez que ou confessa o delito e é condenado, ou é declarado inocente, mas sofreu pena indevida; ao passo que um caso é favorável ao culpado quando, resistindo à tortura com firmeza, deverá ser absolvido como inocente, trocando a pena maior pela menor. O inocente, portando, só tem a perder e o culpado só a ganhar. (,,,). Eu juiz deveria julgar- vos culpados de tal delito; tu, que és forte, soubeste resistir à dor, e, por isso, te condeno. Sinto que a confissão arrancada entre suplícios não teria força nenhuma, mas novamente sereis torturado se não confirmardes a vossa confissão. (...) Tu és culpado deste delito; é pois possível que o sejas de cem outros delitos; esta dúvida me oprime e quero certificar-me com meu próprio critério da verdade; as lei torturam-te porque és culpado, porque podes ser culpado, porque quero que sejas culpado.” https://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&uact=8&ved=0ahUKEwicgOWVwrbKAhUFh5AKHSQ1DHUQFggdMAA&url=http%3A%2F%2Fwww.planalto.gov.br%2Fccivil_03%2Fleis%2FL9455.htm&usg=AFQjCNGr9p655aukTzf4BiTKL6Q4JQkncw&sig2=sqvBILdQvEithVadK_CarALEIS ESPECIAIS 34 | P á g i n a II. Tortura crime meio. III. Tortura discriminatória. IV. Tortura castigo. V. Tortura do encarcerado. VI. Tortura preterdolosa. VII. Omissão em face de tortura. I. Tortura prova. Quanto à primeira espécie de tortura denominada de tortura prova, podemos afirmar que se trata de crime comum, porque praticado por qualquer pessoa e não somente pelo agente policial. O objetivo dessa modalidade de tortura é obter declaração ou confissão de qualquer pessoa como meio de prova. Na verdade, a criminalização dessa espécie de tortura tem raízes históricas, pois na idade média, a confissão era considerada a rainha das provas, e assim sendo era conseguida através da tortura. II. Tortura crime meio. Na tortura crime meio, a finalidade da tortura é conseguir do torturado um comportamento criminoso. Na verdade, teremos três pessoas que participam dessa espécie de crime: o agente que tortura; a pessoa que é torturada para cometer o crime; e uma terceira pessoa, contra a qual o crime é praticado. Nessa hipótese, o agente deverá responder por dois crimes: o crime de tortura e o crime praticado pelo torturado contra o terceiro. O torturado estará isento de pena, por estar praticando o crime coagido pelo torturador. Quanto ao terceiro, sujeito passivo final, Já em 1376, Nicolau Eymerich, escreveu o Manual dos Inquisidores, com o objetivo a coibir comportamentos contrários ao Poder dominante. Nessa obra, apresentou algumas regras permissivas da tortura: “Tortura-se o acusado que vacilar nas respostas, afirmando ora uma coisa, ora outra, sempre negando os argumentos mais fortes da acusação. Nestes casos, presume-se que esconde a verdade e que, pressionado pelo interrogatório, entra em contradição. Se negar uma vez, depois confessar e se arrepender, não será visto como ‘vacilante’ e sim como herege penitente, sendo condenado.” No que diz respeito ainda à tortura, Eymerich é bastante claro quanto a sua utilização, apenas para os “delitos ocultos”, pois se é possível provar o fato de outra maneira, sem torturar, não se tortura. Esse era o entendimento a ser adotado. No entanto, como todo individuo tinha uma culpa que calava, e que só poderia ser obtida através da confissão, torturava- se. É de ver, por conseguinte, que todo o sistema punitivo, ficava fora de controle, sendo o ser humano reduzido a nada. Assim, a presunção era de culpabilidade; a confissão deveria ser obtida pelo tormento e a pena de morte na fogueira, aplicada sem vacilação. É sempre assim. Em todos os casos de desrespeito aos direitos humanos, perde-se a referencia, não se sabendo como tais práticas vão terminar. Na dúvida qualquer um pode ser culpado. LEIS ESPECIAIS 35 | P á g i n a este poderá ser uma pessoa determinada, como no crime de extorsão, ou uma pessoa indeterminada como no crime de incêndio, em que a vitima é a coletividade, denominados de crimes vagos. III. Tortura discriminatória. A tortura discriminatória ocorre quando o sofrimento físico ou mental é produzido em razão de preconceito ou discriminação de raça ou religião. Na verdade a lei de tortura, não seguiu os outros textos legais, em que o preconceito ou discriminação são realizados em decorrência de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional, como nos crimes de racismo previsto na lei 7716/89. Também aqui teremos um crime comum, porque praticado por qualquer pessoa. IV. Tortura castigo. Na tortura castigo, haverá uma relação especial de poder, autoridade ou vigilância, entre o sujeito ativo e passivo, como os pais, tutor, professor, curador, etc. Pode-se afirmar que o crime de tortura não revogou o crime de maus tratos previsto no artigo 136 do CP. Assim se a intenção do agente for castigar e causar um dano a vitima teremos o crime de tortura. Mas, se a intenção do agente for apenas de educar colocando a vitima em uma situação de perigo teremos o crime de maus tratos. Deixar a vitima privada de alimentação por um tempo relevante como forma de educar caracteriza maus tratos; aplicar ferro em brasa na vitima ou arrancar os dentes, como forma de castigar caracteriza o crime de tortura. V. Tortura do encarcerado. Este é um crime próprio e somente poderá ser cometido pelo agente público, porque a vítima tem que estar presa provisòriamente ou definitivamente. Impõe a Constituição Federal em seu artigo 5º, incisos, III e XLIX, a proibição absoluta da tortura ou de tratamento desumano ou cruel a pessoas presas ou submetidas à medida de segurança, LEIS ESPECIAIS 36 | P á g i n a conservando o preso todos os seus direitos não atingidos pela sentença. Também, a Lei de Execução Penal, em seu artigo 40, é clara ao impor ”a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios”. VI. Omissão em face à tortura. Dispõe o artigo 1º, parágrafo 2º, da lei de tortura que: “aquele que se omite em face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de um a quatro anos.” Duas hipóteses que devem ser registradas: A primeira, relacionada com a omissão praticada por quem tinha o dever de evitar a tortura; A segunda, que se relaciona com a omissão praticada por quem tinha o dever de apurar a tortura. Por outro lado, não se pode confundir tal omissão, com a participação por omissão, em que o agente poderá ser responsabilizado pelo crime de tortura, em concurso de pessoas, como no caso do policial que assistindo a uma cena de tortura, nada faz porque quer a tortura, devendo responder como participe. Em suma, ou teremos a omissão em face à tortura, como o fato dos policiais que se omitem, quando tinham o dever de evitá-la, embora não concordem com o crime praticado pelos seus colegas; ou teremos o segundo caso, em que os policiais também se omitem, embora concordando com a tortura, e respondendo como participe, por força do artigo 29 do CP. É importante registrar que na omissão em face à tortura, a pena é de detenção de um a quatro anos, o que permitirá a suspensão condicional do processo nos termos da lei 9099/95. 2. Tortura qualificada pelo resultado. Na tortura qualificada pelos resultados lesão grave ou morte, crime preterdoloso, o agente não quer a morte da vitima e nem a lesão corporal grave, mas o resultado ocorre como consequência da tortura, sendo atribuído ao agente a titulo de culpa, isto é, dolo LEIS ESPECIAIS 37 | P á g i n a na conduta e culpa no resultado. A tortura qualificada pela morte não se confunde com o homicídio qualificado pela tortura. Naquela, o dolo do agente se esgota na tortura e no homicídio o dolo do agente se esgota na morte. Causas de Aumento de Pena. O parágrafo 4º do artigo 1º prevê quatro causas de aumento de pena de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço), assim resumidas: a) Se o crime é cometido por agente público; b) Se o crime é cometido contra criança, gestante, portadores de deficiência, adolescente ou maior de 60 anos; c) Se o crime é cometido mediante sequestro; Observações finais. A ação penal será publica incondicionada. De acordo com o artigo 1º, parágrafo 5º, é efeito automático da condenação, a perda do cargo, função ou emprego público e a interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. Por se tratar de crime assemelhado a hediondo o inicio de cumprimento de pena será em regime fechado, exceto para o crime de omissão em face à tortura punido com pena de detenção, não sendo considerado hediondo. Por ultimo é importante registrar que ocrime de tortura é insuscetível de anistia, graça, indulto, não sendo admitida a fiança em caso de prisão em flagrante. Exercícios de Fixação. 1ª Questão. Quanto aos crimes de tortura previstos na Lei 9455/97, julgue os itens abaixo, marcando a opção incorreta. a) Caracteriza crime de tortura o constrangimento, através do emprego físico de alguém para obter informações, declarações ou confissões. b) O crime de tortura é inafiançável, mas admite-se a graça e o indulto. LEIS ESPECIAIS 38 | P á g i n a c) Se o crime de tortura for praticado por agente publico, sua condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego publico e a interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. d) Aquele que se omite em face à tortura, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de detenção de 1 (um) a 4 (quatro) anos. e) Aumenta-se a pena de 1/6 (um sexto) até 1/3 (um terço) se a tortura for cometida por agente publico. 2ª Questão. Analise as afirmações abaixo e escolha a resposta correta: IV- Aplicar-se-á a Lei de Tortura, 9455/97, ainda que o crime não tenha sido cometido em território brasileiro, desde que a vitima seja brasileira e o agente se encontre em local sujeito a jurisdição brasileira. V- Se o crime de tortura for praticado por agente público a condenação acarretará a perda do cargo, função ou emprego publico e a interdição para o seu exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. VI- O crime de tortura é inafiançável e imprescritível. a) Apenas I está correta. b) I e II estão corretas. c) II e III estão corretas. d) I e III estão corretas. e) Todas estão corretas. 3ª Questão. A respeito do crime de tortura previsto na Lei 9455/97, julgue os itens abaixo, marcando a opção correta. I- O agente público que submeter pessoa presa a sofrimento físico ou mental, ainda que por intermédio da prática de ato previsto em lei ou resultante de medida legal, praticará o crime de tortura. II- Nos termos da Lei n.° 9.455/97, a pena é aumentada se o crime de tortura for cometido com emprego de veneno. III- A lei de tortura não pune aquele que tinha o dever legal de evitá-la ou apurá- la. LEIS ESPECIAIS 39 | P á g i n a a) Todas estão incorretas. b) I e II estão corretas. c) II e III estão corretas. d) I e III estão corretas. e) Todas estão corretas. 4ª Questão. Quanto ao crime de Tortura previsto na Lei 9455/97, julgue os itens abaixo, marcando a opção correta. I. A lei que pune a conduta criminosa da tortura encontra o seu fundamento, entre outros, na Constituição Federal, na proteção da dignidade da pessoa humana, que está prevista no capítulo que trata dos princípios constitucionais. II. O crime de tortura é considerado crime comum, uma vez que não se exige qualidade ou condição especial do agente que o pratica, ou seja, qualquer pessoa pode ser considerada sujeito ativo desse crime. III. Incorre na pena prevista para o crime de tortura quem submete pessoa presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou mental, por intermédio da prática de ato não previsto em lei ou não resultante de medida legal. a) Todas estão incorretas. b) I e II estão corretas. c) II e III estão corretas. d) I e III estão corretas. e) Todas estão corretas. 5ª Questão. Quanto aos crimes de tortura previstos na Lei 9455/97, julgue os itens abaixo, marcando a opção correta. A- O sujeito ativo do crime de tortura será sempre a autoridade pública. B- Os dispositivos da Lei só são aplicáveis aos crimes de tortura praticados no território nacional. LEIS ESPECIAIS 40 | P á g i n a C- Agrupamentos de pessoas que seguem a mesma religião pode ser alvo do crime de tortura. D- O condenado por qualquer crime de tortura sempre iniciará o cumprimento da pena em regime fechado. E- O crime de tortura é inafiançável, mas suscetível de indulto, graça e anistia. Gabarito. 1ª- B; 2ª- B; 3ª-A; 4ª-E; 5ª-D. Discursiva. (Cespe-Unb. 2009. PC. PB. Com adaptações.). César, oficial da Polícia Militar, está sendo processado pela prática do crime de tortura, na condição de mandante, contra a vítima Ronaldo, policial militar. César visava obter informações a respeito de uma arma que havia sido furtada pela vítima. Diante de tal situação hipotética, responda objetivamente: I- A conduta de Cesar tem enquadramento na Lei 9455/97? II- Qual a justiça competente para processo e julgamento da conduta de César? III- Se Cesar for condenado haverá aumento de pena ou perda automática do cargo? LEIS ESPECIAIS 41 | P á g i n a LEIS ESPECIAIS AULA nº 05 – TRÁFICO ILICITO DE DROGAS LEI Nº 11.343, DE 23 DE AGOSTO DE 2006 A lei 11.343/06 entrou em vigor no dia 08 de outubro do ano de 2006, revogando expressamente as Leis 6368/76 e 10.409/02. Esta lei se baseia na relação entre o porte de drogas e condutas assemelhadas para consumo pessoal e tráfico ilícito de drogas. São crimes de perigo que ofendem primeiramente a saúde publica. É importante registrar que a resolução 344/98 da ANVISA, complementa a Lei estabelecendo quais as substancias proibidas, alucinógenas, etc. I- A figura do usuário prevista no artigo 28 da lei. Tornar o conhecimento aplicável à atividade policial militar AO FINAL DESTA AULA, VOCÊ DEVERÁ: Aconteceu... Fonte: O Dia. 29/01/2016 Traficante é preso após oferecer R$ 300 mil para ser liberado por PMs em blitz Apontado como um dos líderes do tráfico de drogas da favela de Acari, na Zona Norte, homem foi encontrado na Av. Brasil. Rio - Parado em uma blitz, um traficante foi preso após oferecer R$ 300 mil a policiais para ser liberado. Apontado como um dos líderes do tráfico da favela de Acari, na Zona Norte, Jeferson da Silva Aleluia, de 33 anos, mais conhecido como "Portugal", estava em um Hyundai HB 20 acompanhado de outras três pessoas, quando foi abordado, na Avenida Brasil, altura do Ceasa, em Irajá, Zona Norte do Rio, na manhã desta sexta-feira. Os policiais do 41º BPM (Irajá) recusaram a oferta e deram voz de prisão a Jeferson, que foi levado para a 27ª DP (Vicente de Carvalho). Trata-se de fato isolado ou comum? Você decide. http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%2011.343-2006?OpenDocument LEIS ESPECIAIS 42 | P á g i n a Artigo 28. Quem adquirir, guardar, tiver em depósito, transportar ou trouxer consigo, para consumo pessoal, drogas sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar será submetido às seguintes penas: I - advertência sobre os efeitos das drogas; II - prestação de serviços à comunidade; III - medida educativa de comparecimento a programa ou curso educativo. E prossegue o texto legal: §1o Às mesmas medidas submete-se quem, para seu consumo pessoal, semeia, cultiva ou colhe plantas destinadas à preparação de pequena quantidade de substância ou produto capaz de causar dependência física ou psíquica. Em suma, o artigo 28, trata da figura do usuário que possui a droga ou plantas em pequena quantidade para uso próprio. No entanto, se a sua conduta tiver por objetivo, não só o consumo como também o comercio ilegal, então o mesmo responderá pelo trafico previsto no artigo 33 da mencionada Lei. É importante registrar que o artigo 28, prevendo uma infração de menor potencial ofensivo, de competência do Juizado Especial Criminal, apresenta penas de caráter educativo e não retributivo ou intimidatório, afastando
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