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vitaminas - capitulo 29

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Pinto, Wagner de Jesus 
Bioquímica clínica /1. ed. – Rio de Janeiro : Guanabara Koogan, 2017. 
 
VITAMINAS 
CAPÍTULO 29 
 
Introdução 
O termo vitamina foi cunhado pelo bioquímico polonês Casimir Funk (1884-1967), em 1912, que percebeu que algumas 
substâncias que continham o grupo amina eram vitais para o organismo humano. Hoje, sabe-se que nem todas as vitaminas 
apresentam grupos amina, mas o termo se manteve ao longo dos anos. As vitaminas apresentam estruturas químicas e 
funções variadas, são compostos orgânicos, essenciais para o metabolismo, cuja carência pode causar prejuízos graves em 
alguns casos. Durante sua evolução, o organismo humano não se desenvolveu de modo a sintetizar vitaminas, sendo assim 
quase todas as vitaminas devem ser obtidas por meio da dieta. Estima-se que o organismo necessite de 13 vitaminas 
diferentes, sendo os seres humanos capazes de sintetizar somente a vitamina D. As vitaminas podem ser classificadas em 
dois grupos de acordo com sua solubilidade: lipossolúveis e hidrossolúveis. 
As vitaminas lipossolúveis são A, D, E e K e sua absorção intestinal necessita de gordura e bile. Por sua natureza apolar, 
essas vitaminas, quando ingeridas em grandes quantidades, tendem a acumular-se no fígado e no tecido adiposo e, em 
determinadas circunstâncias, podem causar problemas. Já as hidrossolúveis consistem nas vitaminas presentes no complexo 
B e a vitamina C, e não se acumulam quando ingeridas em altas doses, mas são eliminadas pela urina. Apesar de serem 
necessárias em pequenas quantidades, a deficiência de algumas vitaminas pode acarretar doenças específicas, como 
beribéri, escorbuto, raquitismo e xeroftalmia. 
As vitaminas receberam designações por letras porque desde o início os pesquisadores, por ainda não saberem muito 
sobre elas, preferiram evitar posteriores erros de nomeação. Assim, optaram por atribuir a cada vitamina uma letra apenas. 
Algumas, contudo, sofreram alterações em suas designações, como é o caso da vitamina B, que se transformou em um 
complexo vitamínico, ou a vitamina M, que atualmente é chamada de vitamina B9. As vitaminas vêm sendo extensivamente 
utilizadas como fármacos no sentido de aliviar sintomas ou prevenir condições metabólicas desfavoráveis; nesse sentido, são 
administradas em doses superiores às necessidades nutricionais. Contudo, a niacina (B3) permanece sendo a única vitamina 
cujo efeito farmacológico foi cientificamente comprovado. De fato, ela atua no fígado reduzindo a síntese de colesterol. 
Vitaminas lipossolúveis 
Vitamina A (retinol) 
O termo carotenoide foi estabelecido em 1831 por Heinrich Wilhelm Wackenroder (1798-1854) para indicar pigmentos 
amarelo-alaranjados presentes em cenouras (carota em latim significa cenoura). Entre os cerca de 600 carotenoides 
presentes em fontes naturais, somente os betacarotenos, os α-carotenos e a β-criptoxantina são precursores diretos da 
vitamina A (retinol). O termo retinoide refere-se não só ao retinol, mas também a seus metabólitos endógenos e até mesmo 
análogos sintéticos. Desse modo, a vitamina A pode ser encontrada em três formas ativas – alcoólica (retinol), aldeídica 
(retinaldeído) e ácida (ácido retinoico) –, que existem somente em produtos de origem animal, enquanto os carotenoides são 
oriundos de vegetais e encontram-se sempre associados a outros pigmentos, como a clorofila. Algumas características 
estruturais são similares em todos os retinoides naturais e carotenoides precursores da vitamina A. Por exemplo, todos 
apresentam um anel β-ionona ligado a uma cadeia carbônica com ligações conjugadas duplas carbono-carbono e um grupo 
OH no carbono 15. No organismo, o retinol é oxidado e isomerizado em 11-cis-retinal e posteriormente em todo-trans-
retinol e 9-cis ácido retinoico (Figura 29.1). Entre as principais fontes dietéticas de carotenoides estão a manga e a cenoura, 
entre outros vegetais; já as principais fontes de vitamina A em sua forma ativa são os óleos de fígado de peixes, ovos e os 
derivados do leite, entre outros. 
Metabolismo 
Os retinoides oriundos da dieta devem inicialmente sofrer emulsificação por ácidos biliares com os lipídios da dieta, dando 
origem a micelas de gorduras. Desse modo, qualquer condição que interfira na liberação de ácidos biliares pode prejudicar a 
absorção intestinal de retinoides, assim como dietas hipolipídicas (< 5%). As moléculas de retinil ésteres devem sofrer 
hidrólise por parte das retinil ésteres hidrolases presentes na borda em escova e, subsequentemente, são emulsificadas. O 
retinol (forma alcoólica dos retinoides) é absorvido em maior parte por meio de difusão passiva por meio da borda em 
escova dos enterócitos. A maior parte dos carotenoides sofre metabolização no interior dos enterócitos, sendo convertida 
em retinol, que, por sua vez, pode ser convertido em retinal por meio da enzima retinol desidrogenase que, 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html?create=true#fig29-1
subsequentemente, transformado em ácido retinoico por parte da enzima retinal desidrogenase. Finalmente, o retinal segue 
pela veia porta até o fígado. O retinal pode ainda ser transformado em retinol pela ação da enzima retinal redutase. O 
enterócito apresenta uma grande concentração de uma proteína denominada proteína celular de ligação de retinoide tipo II 
(CRBP-II), cuja função é atuar na redução de retinol a retinal e também esterificar retinol até ésteres de retinil. 
O retinol presente no enterócito é então convertido em ésteres de retinila por parte das enzimas acil-CoA-retinol-
aciltransferase (ARAT) e lecitina-retinol-aciltransferase (LRAT). A ARAT promove esterificação do retinol por meio da 
transferência de um ácido graxo da acetil-coenzima, mas não é capaz de esterificar o retinol ligado à CRBP-II. O retinol ligado 
à CRBP-II só pode sofrer esterificação pela LRAT, que utiliza o ácido graxo da fosfatidilcolina presente na membrana 
microssomal para realizar a esterificação. A maior parte do betacaroteno da dieta sofre clivagem no interior dos enterócitos, 
sendo então convertida em retinol. No entanto, uma porção do betacaroteno é absorvida pela mucosa intestinal na forma 
intacta. O betacaroteno absorvido na forma intacta sofre duas vias possíveis de metabolização no interior do enterócito. A 
primeira chama-se via central e tem como propósito converter o betacaroteno em retinal, e a segunda chama-se via 
excêntrica e está envolvida com a conversão do betacaroteno em beta-apocarotenoides (produtos de clivagem do 
betacaroteno, o qual sofre clivagem e se transforma em beta-apocarotenoides, substâncias com 15 átomos de carbono), 
subsequentemente em ácido beta-apocarotenoide e, finalmente, em ácido retinoico. A maior parte dos retinoides deixa o 
enterócito na forma de ésteres de retinila acondicionados no interior de quilomícrons que são exportados na linfa. No 
sangue, os quilomícrons sofrem metabolização originando quilomícrons remanescentes, que são captados pelo fígado por 
endocitose mediada por receptor. No interior dos hepatócitos, os ésteres de retinila são convertidos em retinol por meio da 
enzima retinil éster hidrolase (Figura 29.2). 
 
Em contrapartida, quando se administra vitamina A em indivíduos carentes, ocorre aumento na secreção de RBP 
(proteína de ligação de retinol). Além disso, a lecitina retinol aciltransferase (LRAT) sofre aumento de sua concentração. Essa 
cadeia de eventos leva ao armazenamento do retinol. Quando o fígado libera retinol de seus estoques, este se liga à proteína 
de ligação de retinol (RBP), que é traduzida como uma pré-proteína de 24 kDa. No plasma, o complexo retinol-RBP liga-se à 
transtirretina (TTR). Essas proteínas são sintetizadas pelo fígado e apresentam meia-vida de 0,5 e 2 a 3 dias, respectivamente, 
por isso sua taxa de síntese deve ser elevada para manter os níveis plasmáticos adequados. As concentrações plasmáticas de 
RBP e TTR sofrem redução em diversas condições, como na desnutrição proteico-calórica, nas infecções,nas inflamações e 
no pós-trauma. Nas células-alvo, o retinol é convertido em ácido retinoico e liga-se à proteína celular de ligação de retinoides 
(CRBP). O ácido retinoico atua, então, no núcleo da célula semelhantemente aos hormônios esteroidais ou derivados da 
tirosina, ou seja, age no DNA celular como um fator de transcrição (Figura 29.2). 
Funções dos retinoides na bioquímica da visão 
A vitamina A em sua forma 11-cis-retinal tem papel central no processo de visão. É na retina que ocorrem os primeiros 
estágios do processamento visual. Quando os fótons de luz interagem com a retina, eles excitam dois tipos de células 
fotossensíveis (fotorreceptores), cones e bastonetes. Os bastonetes medeiam a visão em preto e branco e são estimulados 
com pouca luz, enquanto os cones estão relacionados com a visão em cores, sobretudo vermelho, verde e azul, e são 
estimulados pela presença de bastante luz. A membrana plasmática dos fotorreceptores apresenta estruturas chamadas de 
lamelas membranosas. 
A molécula de 11-cis-retinal está ligada à opsina, formando uma base de Schiff (também conhecida como azometina, é 
um grupo funcional que contém um carbono ligado por meio de uma ligação dupla a um nitrogênio e este, por sua vez, a um 
grupo arila ou alquila, o que torna a base de Schiff uma imina estável), dando origem à rodopsina, uma cromoproteína 
transmembranar de sete hélices. A absorção de apenas um fóton de luz desencadeia a fotoisomerização de 11-cis-retinal 
para todo-trans-retinal que, por sua vez, ativa a transducina acoplada ao mecanismo de sinais mediado pela proteína G, que 
leva à formação de GMPc. Os altos níveis de GMPc reduzem a condutância ao Na
+
 nas células fotoceptoras, causando assim 
uma despolarização e um potencial de ação. Dessa maneira, milhões de moléculas de rodopsina em milhares de células 
fotoceptoras produzem seus sinais, que são integrados em um sinal único conduzido ao córtex visual pelo nervo óptico. 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html?create=true#fig29-2
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html?create=true#fig29-2
Durante a fotoisomerização, o 11-cis-retinal se dissocia da opsina e, para que o processo visual não cesse, a molécula de 11-
cis-retinal deve ser regenerada (Figura 29.3). 
 
Figura 29.2 Metabolismo da vitamina A e carotenoides desde sua absorção intestinal até seus efeitos nas células-alvo. O 
ácido retinoico atua nas células-alvo em que as sequências de nucleotídeos do DNA às quais os heterodímeros RAR-RXR se 
ligam são denominadas elementos de resposta do receptor de ácido retinoico. Portanto, o ácido retinoico atua 
semelhantemente a um hormônio, agindo como um fator de transcrição gênica. HEC: hidrolase de ésteres de colesterol; LP: 
lipases pancreáticas; RTD: retinol desidrogenase; RED: retinal redutase; RALDH: retinal desidrogenase; LPL: lipoproteína 
lipase; REH: retinil éster hidrolase; LRAT: lecitina retinol aciltransferase; RBP: proteína de ligação de retinol; TTR: 
transtirretina; CRBP: proteína celular de ligação de retinoide; CRABP: proteína celular ligadora de ácido retinoico. 
A regeneração ocorre em uma sequência de reações denominadas “reações escuras”, que, por sua vez, ocorrem em uma 
camada de células epiteliais dissociadas das células fotossensíveis, chamada RPE. Inicialmente, o todo-trans-retinal é 
reduzido via enzimática a todo-trans-retinol e segue para as células RPE, onde sofre esterificação por parte da LRAT, dando 
origem, então, ao éster de retinil, que sofre hidrólise para produzir todo-trans-retinol e, subsequentemente, 11-cis-retinal 
(Figura 29.4). A carência de vitamina A conduz ao retardamento na regeneração da rodopsina, dando origem à cegueira 
noturna, definida como a deficiência de adaptação ao escuro após a exposição à luz. 
Fontes 
As formas ativas da vitamina A estão presentes somente em produtos de origem animal, como fígado, ovos e leite, estando 
presentes grandes concentrações no óleo de fígado de bacalhau. Contudo, os vegetais folhosos verde-escuros e as frutas e 
legumes amarelo-alaranjados são fontes de carotenoides, substâncias precursoras da vitamina A. Embora existam vários 
carotenoides, poucos têm atividade de vitamina A, sendo o mais relevante o betacaroteno. 
Carência 
A carência de vitamina A desencadeia xeroftalmia, condição caracterizada pela degeneração da conjuntiva e da córnea, que 
se apresentam secas, enrugadas e atrofiadas. O sinal inicial da carência da vitamina A é a cegueira noturna ou nictalopia, ou 
seja, a incapacidade de adaptação visual a ambientes com pouca luz, resultante da falha da retina em regenerar a rodopsina. 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html?create=true#fig29-3
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html?create=true#fig29-4
Além do dano visual, a carência de vitamina A causa alterações em epitélios, tanto na epiderme quanto nas mucosas. Na 
epiderme, ocorre hiperqueratose e a pele torna-se seca, escamosa e áspera, adquirindo o aspecto de “pele de ganso”, 
resultado da obstrução dos folículos pilosos com tampões de queratina. Além da epiderme, as mucosas perdem sua 
integridade aumentando, assim, a suscetibilidade a infecções de natureza bacteriana, virais ou parasitárias. 
Vitamina D (calciferol) 
A vitamina D é essencial para manter a integridade óssea, pois atua na manutenção dos níveis plasmáticos de cálcio e 
fósforo. A vitamina D oriunda da dieta é inativa e necessita de uma sequência de reações hepáticas para ser convertida em 
sua forma biologicamente ativa, o calcitriol ou 1,25(OH)2. A vitamina D interage com um receptor nuclear para desencadear 
suas respostas; similarmente aos hormônios esteroides ou derivados da tirosina, seus principais tecidos-alvo são o epitélio 
absortivo do intestino delgado e os osteócitos. A vitamina D pode ser sintetizada no organismo humano pela pele por meio 
do colesterol e da luz ultravioleta do sol. A dieta fornece dois esteroides precursores da vitamina D, o 7-di-hidroxicolesterol, 
de origem animal, e o ergosterol, presente nos vegetais. Quando submetidos à luz ultravioleta, o 7-di-hidroxicolesterol e 
o ergosterol abrem seus anéis, dando origem ao colecalciferol ou vitamina D3 e ao ergocalciferol ou vitamina D2. Essas formas 
de vitamina D devem ainda passar por processos de hidroxilação hepática para serem convertidas em sua forma 
biologicamente ativa, o calcitriol (Figura 29.5). 
 
 
Metabolismo 
Poucos alimentos são fontes de vitamina D; entre eles, destacam-se os óleos de fígado de peixes e gemas de ovos, razão pela 
qual muitos alimentos industrializados são fortificados com vitamina D, como é o caso do leite de vaca. A vitamina D oriunda 
da dieta sofre emulsificação com os demais lipídios da dieta, formando micelas de gorduras que são absorvidas pela borda 
em escova do intestino delgado. No interior dos enterócitos, a vitamina D é incorporada ao interior dos quilomícrons e estes 
são exportados para a linfa, chegando, posteriormente, ao plasma. A ingestão de 50.000 UI de vitamina D alcança sua maior 
concentração plasmática em cerca de 12 h, declinando para valores basais no decorrer de 72 h. Após os quilomícrons 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html?create=true#fig29-5
sofrerem metabolismo tissular, retornam ao fígado como quilomícrons remanescentes, e a vitamina D é liberada nos 
hepatócitos ou para as proteínas ligantes de vitamina D (DBP) ou transcalciferrina. A vitamina D sintetizada na pele, tendo o 
colesterol como precursor, é lançada nos capilares e captada pela DBP e, subsequentemente, liberada para os tecidos 
periféricos. Finalmente, uma pequena porção de vitamina D é armazenada no fígado. A ativação da vitamina D ocorre no 
fígado e nos rins e se dá por meio de duas hidroxilações: a primeira ocorre no fígado e dá origem à 25-hidroxicolecalciferol 
25(OH)D; e a segundase dá nos rins por meio da enzima α-1-hidroxilase e dá origem a 1,25(OH)2D3, a forma mais ativa da 
vitamina D. A síntese hepática de vitamina D é regulada por meio de um mecanismo de retroalimentação controlado pela 
própria vitamina D em suas formas 25-(OH)D e 1,25 (OH)2. Esse sistema de controle não é estrito, já que a exposição à luz 
solar e a dieta podem causar significativos aumentos plasmáticos de vitamina D e, uma vez que o fígado é o principal sítio de 
síntese da forma ativa da vitamina D, qualquer morbidade hepática, como doença parenquimatosa e colestática grave, pode 
alterar a sua homeostase. A atividade da enzima α-1-hidroxilase é estimulada por paratormônio (PTH). Assim, em condições 
de baixas concentrações plasmáticas de cálcio as glândulas paratireoides liberam PTH, que aumenta a reabsorção óssea 
estimulando a atividade osteoclástica, resultando também em produção aumentada de 1,25(OH)2D3. 
Mecanismo de ação 
A vitamina D3 atua do mesmo modo que os hormônios esteroides. De fato, alguns autores consideram o mecanismo de ação 
da vitamina D3, bem como de outras vitaminas, similar ao dos hormônios esteroidais. Nas células-alvo, a vitamina D3 interage 
com receptores nucleares pertencentes à superfamília dos receptores de dedos de zinco, chamados de VDR, e, nessa 
condição, o complexo calcitriol-VDR ganha afinidade por regiões promotoras específicas de alguns genes chamados 
elementos de resposta à vitamina D (VDRE). Quando o complexo calcitriol-VDR interage com as regiões promotoras VDRE, 
ocorre transcrição de moléculas de RNAm. Cerca de 50 genes são expressos pela vitamina D, incluindo aqueles envolvidos na 
síntese de RNAm para calbindina, entretanto, a maioria dos genes regulados pela vitamina D não está relacionada com o 
metabolismo osteomineral. Uma das funções mais relevantes da vitamina D é a manutenção da homeostase do cálcio e do 
fósforo; de fato, o calcitriol atua nos enterócitos aumentando a expressão de proteínas de membrana ligadoras de cálcio, 
como a calbindina, cuja função é captar cálcio oriundo da dieta. O calcitriol também aumenta a reabsorção renal de cálcio e 
fosfato. A vitamina D atua ainda no aumento da captação intestinal de fósforo da dieta no jejuno e no íleo por mecanismos 
ainda não elucidados. No tecido ósseo, a vitamina D também exerce efeitos importantes, ligando-se a receptores de 
membrana denominados RANK, presentes em células-tronco monocitárias, que iniciam uma cascata bioquímica interna na 
célula, levando-a a se diferenciar em osteoclastos maduros cuja função é digerir a matriz óssea, liberando cálcio e fósforo no 
plasma. Paralelamente à absorção de cálcio, a vitamina D aumenta a absorção de fosfato por estimular a atividade da enzima 
fosfatase ácida, que cinde os ésteres de fosfato favorecendo a absorção de fosfato. Embora a vitamina D esteja 
estreitamente relacionada com o metabolismo do cálcio, experimentos in vivo utilizando cobaias mostram que a 
mineralização óssea ocorre mesmo na ausência de vitamina D, sugerindo que esta e seus metabólitos biologicamente ativos 
não são estritamente necessários para o processo de mineralização óssea. Ao que parece, a função da vitamina D, nesse 
processo, é disponibilizar altas concentrações plasmáticas de cálcio e fósforo propiciando a mineralização óssea. O controle 
dos níveis plasmáticos de cálcio é importante, uma vez que diversos processos fisiológicos dependem do cálcio, como 
contração miocárdica, contração diafragmática e extrusão das vesículas contendo neurotransmissores e hormônios. Por fim, 
pesquisas mostram que o calcitriol exerce efeito sobre diversos tipos celulares, estimulando sua diferenciação, como é o caso 
dos enterócitos, da epiderme, dos miócitos, das células pancreáticas, das células imunológicas e dos sistemas imunes. 
Entretanto, testes têm mostrado que o calcitriol inibe o crescimento celular. 
Ativação da vitamina D na epiderme exposta à luz solar 
A faixa de radiação do espectro de luz solar que compreende 290 a 315 nm corresponde à radiação ultravioleta B (UVB) e é 
responsável pela conversão da provitamina D3 em sua forma ativa, o colecalciferol. A luz solar cinde o anel B entre os 
carbonos 9 e 10, formando o colecalciferol. A derme é o principal sítio de síntese de vitamina D3 em adultos, respondendo 
por cerca de 60% dos depósitos cutâneos. Um adulto jovem é capaz de sintetizar 0,8 μg/g na epiderme e cerca de 0,15 a 0,5 
μg/g na derme. No caso dos neonatos, pela epiderme mais delgada, os fótons conseguem alcançar a derme com maior 
intensidade do que nos adultos, de modo que a derme passa a ser um importante sítio de síntese de vitamina D tanto quanto 
a epiderme. De fato, nos neonatos aproximadamente 50% dos depósitos de vitamina D encontram-se na derme e na 
epiderme. A capacidade de síntese de vitamina D por parte da epiderme é inversamente proporcional à idade; os 
idosos sintetizam cerca de 30% da vitamina D quando comparados a adultos jovens expostos à mesma quantidade de luz 
solar e pelo mesmo tempo. Logo que é sintetizada na pele, a vitamina D3 liga-se à proteína ligante de vitamina D presente no 
sangue, que circula em leitos vasculares da derme. A exposição prolongada à luz solar causa fotodegradação da pré-vitamina 
D3 (precursor da forma ativa da vitamina D), originando formas químicas isoméricas inertes (Figura 29.6). Esse mecanismo 
previne a superprodução de vitamina D3. 
Fontes 
As fontes mais ricas de vitamina D são os óleos oriundos de fígado de peixes, mas ela pode ser encontrada também em 
quantidades pequenas na manteiga, na gema de ovo e no fígado bovino. O leite de vaca comercializado para consumo 
humano é enriquecido com vitamina D, assim como o leite em pó, visto que a vitamina D é bastante estável de modo que 
pode ser adicionada a alimentos que ficarão armazenados por períodos prolongados. 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html#fig29-6
Carência 
A deficiência de vitamina D na infância causa raquitismo, enquanto no adulto a carência dessa vitamina desencadeia a 
osteomalacia. O raquitismo é definido como a deficiência de vitamina D associada à carência de cálcio e fósforo na infância e 
implica prejuízo na densidade dos ossos em crescimento. A mineralização deficiente de ossos, como tíbia, fíbula e fêmur, 
rádio e ulna, causa deformidades estruturais. Os exames bioquímicos de sangue mostram concentrações aumentadas de 
fosfatase alcalina, liberada por osteoblastos, sofrendo dano celular. O raquitismo pode ainda se instalar em crianças, 
interferindo na absorção de lipídios ou naquelas que fazem uso de medicamentos anticonvulsivantes por longos períodos, 
uma vez que essa classe de medicamentos tende a promover reduções nas concentrações plasmáticas de vitamina D3. A 
suplementação de alimentos com vitamina D tende a eliminar os casos de raquitismo. 
A osteomalacia é a condição de carência de vitamina D presente em adultos e se reflete em perda da densidade óssea 
predispondo a pseudofraturas, sobretudo nos ossos da coluna vertebral, no fêmur e no úmero. A osteoporose é muitas vezes 
confundida com a osteomalacia, entretanto, embora ambas as condições apresentem perda de massa óssea na osteoporose, 
a arquitetura do tecido ósseo permanece com aspecto normal com perda da massa óssea. Os portadores de osteomalacia 
apresentam fraqueza muscular e grande risco de fraturas de ossos da pélvis e do punho. Assim como no raquitismo, 
condições de má absorção de lipídios também podem causar osteomalacia ou prejudicar seu tratamento por meio da 
administração de vitamina D. A osteomalacia decorrente da carência de vitamina D pode ser prevenida com exposição à luz 
do sol cerca de 10 a 15 min/dia de 2 a 3 vezes/semana. 
Vitamina E (α-tocoferol) 
A forma mais importante da vitamina E é o α-tocoferol, embora consista de oito isômeros, que ocorrem naturalmente, 
quatro tocoferóis (alfa, beta, gama e delta) e quatro tocotrienóis (alfa, beta, gama e delta) homólogos. Os tocotrienóis, que 
sãobiologicamente menos ativos, diferem dos tocoferóis por apresentarem uma cadeia lateral insaturada. Por mais de 80 
anos, buscou-se uma doença ou condição envolvida com a carência de vitamina E, como ocorre com as vitaminas A, D, K, 
entre outras, contudo não se obteve sucesso. Atualmente, sabe-se que a principal função da vitamina E é atuar como 
antioxidante, sendo assim seus sinais de carência ocorrem de forma distinta em cada tecido em razão de suas demandas 
metabólicas e, portanto, de seu grau de estresse oxidativo. Para exercer sua função antioxidante, a vitamina E deve 
permanecer em estado não oxidado, por isso ela depende de outras substâncias antioxidantes, como outras vitaminas e 
enzimas que fazem parte de um aparato bioquímico antioxidante. Cerca de 90% da vitamina E presente no organismo 
humano está presente no interior de inclusões lipídicas no tecido adiposo. 
 
 
Figura 29.5 Estrutura das vitaminas D2 e D3 e seus respectivos precursores, 7-desidrocolesterol e ergosterol. As vitaminas D2 e 
D3 apresentam diferenças entre si somente em suas cadeias laterais. A cadeia lateral da vitamina D2 apresenta uma dupla 
ligação entre C22 e C23 e um grupo metil em C14. A luz UVB converte a provitamina D3 em sua forma ativa, o colecalciferol. 
O α-tocoferol sintético não é estruturalmente similar ao de ocorrência natural (Figura 29.7). Por ser apolar, a vitamina E 
é transportada no plasma pelas lipoproteínas protegendo essas partículas de oxidações; de fato, a oxidação do LDL-colesterol 
é o passo inicial para a gênese da placa de ateroma, condição de estreitamento do lume de artérias de médio e grosso calibre 
que pode conduzir a importantes eventos cardiovasculares. Por seu caráter hidrofóbico, a vitamina E pode também difundir-
se entre membranas biológicas protegendo essas estruturas de peroxidação lipídica, tendo, portanto, participação 
importante na manutenção da integridade membranar. 
Metabolismo 
Por apresentar caráter apolar, a vitamina E necessita de emulsificação biliar e a presença de gorduras na dieta para sua 
absorção. As formas ésteres da vitamina E presentes em suplementos alimentares, como o acetato de tocoferol, devem 
sofrer digestão por parte de enzimas esterases pancreáticas, de modo a liberar a forma livre da vitamina E que, então, se 
incorpora ao interior das micelas e é absorvida passivamente pela borda em escova do intestino delgado. No interior dos 
enterócitos, a vitamina E é empacotada no interior dos quilomícrons, que, por sua vez, são lançados aos vasos linfáticos. A 
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fração de vitamina E que chega ao fígado é acondicionada no interior dos VLDL por meio da proteína de transporte específica 
para a vitamina E. 
No plasma, a vitamina E pode se distribuir entre as lipoproteínas por meio da proteína de transferência de fosfolipídios 
(PLTP), exercendo assim sua importante função de antioxidante de natureza lipídica. A vitamina E chega às células por 
intermédio da endocitose mediada por receptor, mecanismo pelo qual as lipoproteínas (sobretudo o LDL) se ligam por meio 
de suas apoproteínas a receptores situados na membrana celular. Nesse momento, a lipoproteína é completamente 
internalizada, sendo seus componentes aproveitados pela célula. Outra forma de as células captarem a vitamina E é por meio 
da enzima lipase lipoproteica, que transfere o conteúdo das lipoproteínas (VLDL e LDL principalmente) para o interior das 
células-alvo. No meio intracelular, a vitamina E liga-se à proteína intracelular ligadora de vitamina E (TBP). No tecido adiposo, 
a vitamina E encontra-se dispersa nas inclusões lipídicas intracelulares, enquanto, nos demais tecidos, situa-se na membrana 
plasmática. Ao contrário de outras vitaminas lipossolúveis, a vitamina E não se acumula no fígado em níveis tóxicos, pois este 
metaboliza as suas formas de maneira muito similar à metabolização dos xenobióticos, ou seja, por meio do sistema 
citocromo P450, realizando ω-oxidação. Subsequentemente, esses produtos da metabolização sofrem conjugação e são 
excretados na bile ou na urina. Além disso, o excesso de vitamina E no fígado é excretado na vesícula biliar por um 
transportador chamado ABC, P-glicoproteína (MDR2), também relacionado com a excreção de fosfolipídios na vesícula biliar. 
Finalmente, grande parte da vitamina E ingerida é eliminada nas fezes por sua baixa absorção intestinal. 
Funções 
Uma das funções mais relevantes da vitamina E é atuar como antioxidante, sendo o mais importante antioxidante de caráter 
apolar. Situa-se nas membranas celulares protegendo os fosfolipídios de membrana do ataque oxidativo mediado por 
radicais livres. O termo radical livre designa o átomo ou molécula altamente reativo que apresenta elétrons não pareados em 
sua última camada eletrônica. Os radicais livres existem na natureza em intervalos de milissegundos, isso porque, após sua 
produção, buscam imediatamente o equilíbrio químico, muitas vezes aceitando elétrons de substâncias químicas 
extremamente importantes para a homeostasia celular, convertendo-as em radicais livres ou mesmo interferindo em suas 
funções biológicas. A essa cadeia de eventos de acepção de elétrons por parte dos radicais livres no sentido de restaurar seu 
equilíbrio eletrônico dá-se o nome de cascata oxidativa. Em razão de sua apolaridade, a vitamina E protege, sobretudo, os 
fosfolipídios presentes na bicamada lipídica da membrana plasmática e na superfície de lipoproteínas, atuando como um 
importante scavenger (varredor) de radicais peroxil. Assim, quando hidroperóxidos lipídicos sofrem oxidação convertendo-se 
em radicais peroxil (ROO
•
), o grupo OH fenólico presente no α-tocoferol doa seu hidrogênio convertendo-se em α-tocoferila, 
que, por sua vez, se desliga da membrana celular seguindo para o citosol, onde é oxidado pela vitamina C ou outros 
redutores, sendo novamente regenerado a α-tocoferol. Portanto, a vitamina E é capaz de impedir a cascata oxidativa 
estabilizando os radicais livres por meio da doação de um hidrogênio (Figura 29.8). Por essa razão, estudos sugerem que a 
vitamina E associada aos demais antioxidantes oriundos da dieta é capaz de reduzir o estresse oxidativo, atuando, portanto, 
como agente de prevenção na gênese de morbidades em que a ação deletéria dos radicais livres está presente, como 
aterosclerose, catarata, diabetes melito, alguns casos de Alzheimer e o próprio processo de envelhecimento. 
 
Efeitos da carência 
O principal sintoma decorrente da deficiência de vitamina E em seres humanos é a neuropatia periférica, condição na qual os 
neurônios sensoriais de grosso calibre apresentam degeneração axonal e subsequente desmielinização. Entretanto, a 
deficiência de vitamina E em seres humanos é rara e, mesmo quando ocorre, não está envolvida com carências alimentares, 
já que a vitamina E está presente em diversos tipos de alimentos de origem lipídica. As deficiências, portanto, normalmente 
estão associadas a condições envolvendo a digestão, a emulsificação e a absorção de gorduras. Além disso, deficiências 
genéticas da proteína hepática de transferência de colesterol (α-TTP), que atua na transferência de vitamina E do fígado para 
o plasma, podem ser causa de carência de vitamina E. Não se conhece o mecanismo exato pelo qual a α-TTP transfere 
vitamina E do fígado para o plasma. 
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Fontes 
Uma vez que a vitamina E é sintetizada apenas por vegetais, estes são a sua principal fonte. Os óleos vegetais são os 
alimentos mais ricos em vitamina E. De fato, grande parte da vitamina E do ser humano advém do uso de óleos vegetais no 
preparo de alimentos. 
Carência 
A carência de vitamina E pode ocorrer em indivíduos que apresentam condições que levam à má absorção lipídica, como é o 
caso da insuficiência pancreática exócrina, da atresia biliar ou mesmo da abetalipoproteinemia. 
Vitamina KA vitamina K foi descoberta por Henrik Dam, em 1929, em um estudo com galinhas, no qual se observou a hemorragia como 
sinal característico de uma dieta livre de gorduras. Posteriormente, em 1935, foi relatado por Dam que o sintoma era aliviado 
pela ingestão de uma substância solúvel em gordura, a qual denominou vitamina K ou vitamina da coagulação (K deriva da 
primeira letra da palavra dinamarquesa koagulation). A vitamina K é sintetizada por vegetais verdes e bactérias, sendo que os 
primeiros fabricam a série de vitamina K1 (filoquinonas) e os segundos são responsáveis pela síntese de vitamina 
K2 (menaquinonas). Uma forma sintética da vitamina K é a menadiona (K3), 2 vezes mais potente que suas formas naturais; já 
a di-hidrofiloquinona (dK) é formada durante a hidrogenação comercial de óleos vegetais (Figura 29.9). As formas naturais da 
vitamina K apresentam um anel 2-metil-1,4-naftoquinona e cadeias laterais alquiladas, enquanto a forma sintética 
(menadiona) não apresenta cadeia lateral, mas pode sofrer alquilação hepática, sendo convertida, então, em vitamina K2. 
Além de atuar na cascata da coagulação, a vitamina K tem participação no processo de formação óssea. 
Metabolismo 
A vitamina K1 (filoquinona) é absorvida no intestino delgado por processos que envolvem gasto de energia, enquanto as 
vitaminas K2 (menaquinona) e K3 (menadiona) o são no intestino grosso por difusão passiva. Como as demais vitaminas 
lipossolúveis, a vitamina K necessita de uma quantidade mínima de lipídios e sais biliares para ser absorvida. A vitamina K 
oriunda da dieta é emulsificada, absorvida pela borda em escova do intestino delgado, incorporada a quilomícrons e, 
posteriormente, lançada na corrente linfática. De fato, os quilomícrons transportam em torno de 83% da vitamina K da dieta, 
enquanto as demais lipoproteínas, LDL e HDL, transportam 7,1 e 6,6%, respectivamente. A contribuição da vitamina 
K2 (menaquinona) por parte da microbiota intestinal é pouco relevante para suprir as necessidades de vitamina K pelo 
organismo. Além disso, a transformação metabólica da vitamina K no fígado e de sua excreção é bastante extensa. A fração 
de vitamina K excretada não depende da dose administrada, visto que cerca de 20% das doses ingeridas de vitamina K são 
excretadas na urina em um intervalo de 3 dias, enquanto 40 a 50% o são nas fezes pelos sais biliares. A vitamina K é um 
cofator da carboxilase gamaglutamil, enzima que catalisa a carboxilação dos resíduos de ácido glutâmico (Glu) em várias 
proteínas envolvidas na cascata da coagulação, incluindo os fatores II, VII, IX, X. Essa carboxilação converte o Glu em ácido 
gama-carboxiglutâmico (Gla) tornando possível que o cálcio ligue-se às proteínas da coagulação, possibilitando assim sua 
interação com os fosfolipídios das membranas de plaquetas e células endoteliais, culminando na formação do coágulo 
(Figura 29.10). A carboxilasegamaglutamil é uma enzima microssomal, e a reação de carboxilação converte a vitamina K em 
sua forma epoxidada (epóxi é um termo químico que descreve a ligação de um oxigênio a dois carbonos ligados entre si) 
durante a carboxilação, sendo então regenerada pela redutase de epoxidação da vitamina K (EPHX1) para que a carboxilação 
continue. 
Além disso, outras proteínas dependentes de vitamina K e que não têm relação com as reações de coagulação estão sendo 
sucessivamente identificadas, uma delas é a osteocalcina, ou proteína Gla do osso. Trata-se de uma proteína de baixo peso 
molecular sintetizada por osteoblastos contendo três resíduos de Gla. A osteocalcina é uma das proteínas não colagenosas 
mais abundantes na matriz óssea e seu doseamento plasmático constitui importante marcador da atividade osteoblástica. 
 
Ciclo 
O ciclo da vitamina K é essencialmente uma via de recuperação dessa substância. De fato, no processo de formação de Gla a 
vitamina K sofre oxidação formando o metabólito 2,3-epóxi; subsequentemente, ela é restaurada à forma de hidroquinona 
por meio da enzima microssomal epóxi-redutase (Figura 29.11). Essa enzima é inibida por varfarina, um potente 
anticoagulante. O processo de recuperação da vitamina K ocorre muitas vezes, o que leva o organismo a requerer 
diariamente uma quantidade quase insignificante de vitamina K (aproximadamente 0,2 μmol). A hidroquinona formada pela 
via de recuperação está disponível para novos processos de carboxilação. 
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Figura 29.11 Ciclo da vitamina K, uma via de recuperação da vitamina após sua oxidação na reação que envolve a 
carboxilação dos resíduos de Glu. 
Fontes 
Os vegetais folhosos verdes são as fontes de vitamina K, sobretudo brócolis, repolhos e alfaces escuras. Os óleos vegetais 
podem ser importantes fontes de filoquinona, enquanto as carnes e os laticínios podem conter menaquinona, uma fonte 
relevante de vitamina K. 
Carência 
As hemorragias são as consequências mais comuns da carência de vitamina K, já que essa substância está envolvida nos 
processos bioquímicos da coagulação. Embora a carência de vitamina K seja rara em seres humanos, pode ocorrer em 
condições de má absorção intestinal de lipídios ou mesmo em situações em que há destruição completa da microbiota 
intestinal, como uso crônico de antibióticos que apresentam cadeia lateral N-metiltiotetrazol e com capacidade de inibir a 
enzima epóxi-redutase de vitamina K. Recém-nascidos, sobretudo prematuros, podem apresentar deficiências de vitamina K 
em virtude da ineficiência placentária em transportá-la. Outra razão pela qual os recém-nascidos podem apresentar 
deficiência dessa vitamina é que seus intestinos não apresentam ainda plena capacidade de albergar uma microbiota capaz 
de produzir vitamina K. Assim, condições de hemorragia em recém-nascidos são tratadas por meio da administração 
intramuscular de menadiona. 
Vitaminas hidrossolúveis 
Compreendem as pertencentes ao complexo B (tiamina, riboflavina, cobalamina, biotina, piridoxina, niacina, ácido fólico, 
ácido pantotênico) e vitamina C. Em altas concentrações, são absorvidas pela borda em escova do trato gastrintestinal por 
meio de difusão simples; já em baixas concentrações, sofrem absorção intestinal por meio de processos mediados por 
carreadores. Ao contrário das vitaminas lipossolúveis, as hidrossolúveis não são armazenadas em quantidades significativas 
e, por essa razão, devem ser ingeridas por meio da dieta de forma contínua. 
Tiamina (vitamina B1) 
A tiamina foi uma das primeiras vitaminas cuja carência pôde ser relacionada diretamente com uma condição patológica 
específica, o beribéri. Essa vitamina apresenta importante função no metabolismo de carboidratos e na função neural. Sua 
forma biologicamente ativa é o pirofosfato de tiamina (TPP), que atua como coenzima em reações catabólicas e anabólicas, 
por exemplo, na descarboxilação oxidativa dos α-cetoácidos. 
Metabolismo 
A tiamina é absorvida pela borda em escova do duodeno de duas maneiras: em grandes concentrações, a absorção ocorre 
pela difusão simples; enquanto, em pequenas concentrações, pelo transporte ativo, sendo que esse último é inibido pelo 
consumo de álcool. No meio intracelular, a tiamina é convertida em tiamina pirofosfato por meio da doação de dois grupos 
fosfato oriundos do ATP, reação que é catalisada pela enzima tiamina fosfotransferase (Figura 29.12). O pirofosfato de 
tiamina participa em reações nas quais há transferência de uma unidade aldeído ativada; de fato, tanto na descarboxilação 
oxidativa dos α-cetoácidos quanto na transcetolação, os grupos aldeído são eliminados da molécula. Além disso, a tiamina 
pirofosfato atua como coenzima em uma série de reações relevantes para o metabolismo, como a descarboxilação oxidativa 
do piruvato para dar origem ao acetil-CoA, molécula que tem acesso ao ciclo do ácido cítrico (ciclo de Krebs), à conversão do 
α-cetoglutaratono ciclo de Krebs, formando succinil-CoA, e também ao ciclo das pentoses fosfato. 
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Cerca de 90% da tiamina presente no plasma encontra-se na forma de tiamina pirofosfato e é carreada pelos eritrócitos; 
o restante encontra-se na forma livre ou é transportado pela albumina plasmática na forma de tiamina monofosfato. 
A tiamina é captada pelos tecidos periféricos por meio da difusão passiva e também por transporte ativo e, 
posteriormente, sofre fosforilação por cinases específicas, sendo então armazenada como ésteres de difosfato ou trifosfato 
de tiamina ligados a proteínas. 
Fontes 
Embora a tiamina esteja presente em muitos alimentos, a quantidade não é apreciável, no geral, com exceção do levedo e do 
fígado – este em virtude de ser o local de armazenamento da tiamina. Contudo, suas fontes mais acessíveis na dieta dos 
seres humanos são os grãos integrais. A tiamina de origem vegetal encontra-se na forma de trifosfato de tiamina, enquanto, 
nos vegetais, está na forma livre. 
Carência 
A deficiência de tiamina desencadeia o beribéri, que significa “não posso, não posso” em cingalês, uma das três línguas do Sri 
Lanka, enfatizando a fraqueza típica provocada pela doença. O beribéri pode se apresentar na forma úmida, na qual está 
presente o edema, sobretudo dos membros inferiores, e na forma seca, ou seja, sem a presença do edema. Na forma úmida, 
apresenta como sintomas confusão mental, perda da massa muscular, neuropatia periférica, taquicardia, taquipneia, 
cardiomegalia e, evidentemente, edema, enquanto, na forma seca, seus sintomas incluem fraqueza muscular, perda da 
sensibilidade de pés e mãos, dificuldade para falar, êmese, confusão mental, movimento involuntários dos olhos e paralisia. 
Na atualidade, a causa mais comum de beribéri é o alcoolismo. O tratamento consiste na administração intravenosa de 
tiamina em uma dose 20 vezes superior à quantidade diária recomendada durante 2 a 3 dias. Posteriormente, a vitamina 
pode ser dada via oral. A ausência da tiamina tem impacto direto no metabolismo energético, já que essa vitamina atua 
como cofator na reação de catálise do piruvato em acetil-CoA. Se o piruvato não sofre conversão em acetil-CoA, o ciclo do 
ácido cítrico não pode produzir elétrons para a fosforilação oxidativa, o que resulta em grave déficit energético que, no 
coração, se reflete em hipertrofia cardíaca congestiva. Finalmente, a carência de tiamina pode estar presente em idosos em 
virtude de dietas inadequadas e utilização prolongada de medicamentos diuréticos. 
 
 
Riboflavina (B2) ou vitamina G 
A riboflavina está envolvida no metabolismo dos macronutrientes, dos carboidratos, das proteínas e dos lipídios, atuando 
como cofator redox em diversas reações bioquímicas. De fato, a riboflavina compõe a molécula de flavina adenina 
dinucleotídeo (FAD) e, também, a flavina adenina mononucleotídeo (FMN) e, por essa razão, pertencem a uma classe de 
enzimas denominadas flavoproteínas. A presença do grupo flavina (composto de anéis heterocíclicos) confere propriedades 
espectroscópicas características desse grupo de moléculas, como coloração que vai do tom amarelo ao laranja, além de 
fluorescência. Por isso, a riboflavina é utilizada como corante na indústria de alimentos. A riboflavina é fotossensível, 
degradando-se na presença de luz, e é sintetizada pela microbiota do intestino grosso, contudo não é absorvida. Sua carência 
reflete-se imediatamente na integridade e renovação dos epitélios. 
Metabolismo 
A maior parte da riboflavina oriunda da dieta (cerca de 60 a 90%) encontra-se em sua forma de coenzima, ou seja, FAD, que 
sofre hidrólise no lúmen intestinal por meio de fosfatases originando, assim, a riboflavina livre. Cerca de 7% da riboflavina 
presente na dieta encontra-se complexada a proteínas, sobretudo aos resíduos de cisteína e histidina. Contudo, mesmo após 
a proteólise, essa riboflavina não está na forma biodisponível e, ainda que seja absorvida pela borda em escova do trato 
digestório, será excretada na urina. A absorção intestinal da riboflavina biodisponível ocorre de duas maneiras: em baixas 
concentrações por meio de transporte ativo Na
+
 dependente, uma forma de absorção saturável; já em altas concentrações 
de riboflavina, a absorção se dá por meio de difusão passiva. Imediatamente após sua absorção, a riboflavina é fosforilada 
pela enzima flavocinase e chega ao plasma na forma de riboflavina fosfato. As coenzimas FAD e FMN, das quais a riboflavina 
faz parte, aceitam átomos de hidrogênio sendo convertidas em suas formas reduzidas FMNH2 e FADH2. As moléculas de FAD 
e FMN (Figura 29.13) atuam em reações de oxirredução em importantes vias metabólicas, como o ciclo do ácido cítrico (ciclo 
de Krebs), a oxidação de ácidos graxos e a cadeia respiratória. Além disso, a riboflavina está envolvida na ativação da 
vitamina B6. A riboflavina é sensível à luz e sofre fotólise, sendo convertida em luminoflavina (um lumicroma), substância que 
não apresenta nenhuma atividade biológica. Não está claro se a exposição à luz solar resulta em fotólise significativa da 
riboflavina. Contudo, aproximadamente 75% da riboflavina detectada na urina está na forma de lumicromas, e acredita-se 
que essa fração ou parte dela deva-se à exposição à luz solar. Uma condição importante envolvendo a fotólise da riboflavina 
é a fototerapia empregada na icterícia do neonato (condição em que os níveis plasmáticos de bilirrubina estão 
demasiadamente elevados). Crianças submetidas a esse tratamento apresentam deficiências de riboflavina, mas, ainda 
assim, não se recomenda a suplementação dessa vitamina nessas condições, pois esse recurso pode aumentar a fotólise da 
bilirrubina. 
 
Fontes 
A riboflavina está presente nos alimentos, sobretudo na forma de FMN e FAD, as leveduras são as substâncias naturais mais 
ricas em riboflavina (acima de 125 mcg). Os vegetais folhosos verdes são também importantes fontes de riboflavina, assim 
como leite e seus derivados e vísceras de animais (p. ex., rins, coração e fígado). 
Carência 
A avitaminose associada à deficiência em riboflavina denomina-se arriboflavinose, e, por ser continuamente excretada na 
urina, um baixo consumo dietético de riboflavina leva facilmente a essa deficiência. Entretanto, os sintomas manifestam-se 
somente após várias semanas de privação. Os sintomas iniciais são fotofobia, lacrimejamento, perda da acuidade visual e 
perda da sensibilidade, podendo evoluir para fissura dos lábios e cantos da boca, estomatite e inflamação do revestimento 
da boca e língua (Figura 29.14). Além disso, a deficiência de riboflavina foi associada ao desenvolvimento da catarata. A 
deficiência em riboflavina leva a atividade reduzida de importantes, enzimas desidrogenases, refletindo-se em vias 
metabólicas importantes, como a oxidação dos ácidos graxos. 
Outras enzimas cuja atividade é afetada incluem a glutationa redutase (com consequente diminuição de glutationo 
reduzido), glutationa peroxidase e catalase. A mensuração dos níveis plasmáticos de riboflavina pode ser feita pela medição 
do coeficiente de atividade da glutationa redutase em eritrócitos: valores de coeficiente de atividade elevados de glutationa 
eritrocitária indicam carência de riboflavina. 
Niacina ou ácido nicotínico ou nicotinamida 
Muito antes da elucidação de suas funções na nutrição humana, a niacina foi sintetizada em laboratório por meio da 
oxidação da nicotina. Em 1935, descobriu-se sua participação na composição da nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH) 
e nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH), estreitamente envolvidas com o metabolismo de energia. Trata-se de 
uma vitamina solúvel com propriedades hipolipemiantes, visto que é capaz de reduzir os níveis plasmáticos de lipídios: 
triacilgliceróis (20 a 50%) e LDL-colesterol (5 a 25%), aumentando ainda os níveis de colesterol-DL. 
Metabolismo 
O termo niacina refere-se a duas substânciasquímicas com efeitos biológicos para o organismo – a nicotinamida e o ácido 
nicotínico. A niacina indica especificamente o ácido nicotínico, ao passo que a nicotinamida refere-se à amida. O ácido 
nicotínico já foi designado anteriormente como vitamina PP (fator de prevenção da pelagra), e a niacina também já foi 
denominada vitamina B3, por ter sido a terceira vitamina do complexo B a ser identificada. 
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A niacina está presente sobretudo nos alimentos de origem animal em suas formas coenzimáticas NAD e NAPH (Figura 
29.15); a digestão por parte das NAD-glico-hidrolases do trato gastrintestinal libera as formas absorvíveis da niacina, ou seja, 
a nicotinamida e o ácido nicotínico. Já os grãos apresentam niacina em uma forma não absorvível, uma vez que esta se 
encontra esterificada com pequenos peptídeos, glicopeptídeos ou cadeias de carboidratos. Além de advir da dieta, a niacina 
é a única vitamina que pode ser sintetizada no organismo humano a partir de um aminoácido, o triptofano, contudo a síntese 
não supre as necessidades metabólicas (Figura 29.16). Essas formas de niacina presentes em grãos e outros vegetais, como o 
milho, tornam-se biodisponíveis quando tratadas com substâncias alcalinas. No México, os casos de pelagra (condição 
presente na carência de niacina) são raros por conta do consumo de tortillas. De fato, a niacina presente no milho não sofre 
absorção intestinal, exceto quando o milho é tratado por substâncias alcalinas, dando origem a uma farinha de milho 
especial chamada nixtamal, ou “milho nixtamalizado”, com o qual as tortillassão feitas. 
 
A nixtamalização consiste em pré-cozimento seguido de maceração em solução de hidróxido de cálcio, um poderoso 
agente álcali. Esse processamento químico libera a niacina em sua forma de ácido nicotínico. A nicotinamida e o ácido 
nicotínico estão entre os poucos nutrientes capazes de serem absorvidos no estômago e no intestino delgado por mecanismo 
de difusão facilitada; são transportados na forma livre no plasma e captados pelos tecidos por meio de difusão passiva, 
embora alguns tecidos, como eritrócitos, cérebro e rins, disponham de um sistema transportador para o ácido nicotínico. 
Ácido nicotínico como agente hipolipidêmico 
Embora seja uma vitamina, o ácido nicotínico pode ser usado em grandes quantidades com o propósito de reduzir a absorção 
de lipídios. O ácido nicotínico é convertido em nicotinamida no fígado que, por sua vez, inibe a exportação de VLDL hepático 
para o plasma. Seu mecanismo de ação não está plenamente elucidado, mas acredita-se que atue em um receptor órfão 
(HM74A) acoplado a uma proteína Gi (inibitória) iniciando lipólise. Esse receptor é fortemente expresso no tecido adiposo e 
especula-se que sua ativação possa levar à inibição da adenilatociclase, o que provocaria a inibição de lipases intracelulares, 
causando redução da hidrólise de triacilgliceróis no interior dos adipócitos. O resultado final seria a redução da quantidade 
de ácidos graxos não esterificados (ácidos graxos livres) no sangue com concomitante redução na síntese de VLDL, LDL e 
aumento na síntese de HDL no fígado. 
Fontes 
As melhores fontes de niacina são as carnes, os peixes, as aves amendoins e os levedos. O leite e os ovos não são ricos em 
niacina, mas são boas fontes de triptofano, que é seu precursor direto. 
Carência 
A pelagra (latim pelle, “pele” + grego ágra, “presa”) é uma doença associada à pobreza e ao etilismo, cujo sinal mais notável 
é a aparência rugosa da pele que se torna rachada, pigmentada e descamativa quando exposta ao sol, principalmente. No 
século 18, a pelagra tornou-se comum na Europa com a introdução do milho e atualmente restringe-se a algumas zonas de 
pobreza extrema da África e da Ásia. A pelagra caracteriza-se por ser a doença dos três “D”, dermatite, diarreia e demência. 
O quadro diarreico pode ser explicado pelo dano epitelial desencadeado em todo o revestimento do trato digestivo, e a 
demência é, nesse caso, um quadro de psicose depressiva similar à esquizofrenia. Especula-se que na pelagra esses sintomas 
mentais estejam relacionados com a deficiência de triptofano, que, consequentemente, leva à redução dos níveis de 
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serotonina. Os mecanismos bioquímicos que conduzem às lesões epiteliais (dermatites fotossensíveis) não estão plenamente 
esclarecidos, uma vez que não existe relação aparente entre a redução dos níveis de niacina e triptofano e sensibilidade a 
raios ultravioletas da luz solar. Contudo, na pelagra existe redução de um composto químico chamado ácido urocânico, uma 
substância com a propriedade de absorver raios UV na pele íntegra. O ácido urocânico é um metabólito da histidina e, na 
pelagra, a degradação da histidina encontra-se aumentada. Estudos têm mostrado que a deficiência subclínica de niacina 
pode também ter impacto em nível molecular. Baixos níveis de niacina têm sido associados ao aumento na cisão das fitas de 
DNA, cujo reparo não ocorre prontamente. Essa falha poderia culminar em erros de reparo em determinadas células 
suscetíveis, resultando em neoplasias malignas. 
 
Ácido pantotênico, pantotenato ou vitamina B5 
Quimicamente, o ácido pantotênico é uma amida composta pelo ácido D-pantoico e pelo aminoácido beta-alanina. O ácido 
pantotênico é um dos componentes da proteína carreadora de grupos acila e da molécula de acetil-CoA; por essa razão, 
participa de uma série de reações metabólicas, como a síntese de ácidos graxos, a oxidação de ácidos graxos, a acetilação e a 
palmitoilação de proteínas. 
Metabolismo 
O ácido pantotênico é absorvido no trato gastrintestinal por meio de difusão simples, enquanto, nos tecidos periféricos, sua 
captação se dá por meio de transporte ativo sódio dependente, com exceção do sistema nervoso central, que capta o ácido 
pantotênico por difusão facilitada. O ácido pantotênico é necessário para a síntese da coenzima A (Figura 29.17) e também 
de proteínas carreadoras de grupos acila envolvidas no metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. A molécula de 
coenzima A tem um papel extremamente relevante para o metabolismo, participando da formação do acetil-CoA, composto 
que se condensa com o oxalacetato no ciclo do ácido cítrico para produzir citrato e, assim, dar sequência às reações do ciclo. 
Além disso, a coenzima A é precursora da síntese de ácidos graxos e na acetilação aminas e aminoácidos, por exemplo. Todas 
as células apresentam capacidade de sintetizar a coenzima A – o primeiro passo envolve a fosforilação do ácido pantotênico, 
originando assim o ácido-4’-fosfopantotênico, subsequentemente, esse composto é condensado a uma molécula de cisteína 
dando origem ao fosfopantotenoilcisteína, que sofre descarboxilação para produzir 4’-fosfopantoteína e, finalmente, 
coenzima A. Em virtude de sua distribuição ubíqua nos alimentos, não há casos conhecidos de deficiência de ácido 
pantotênico. 
Os seres humanos podem obter ácido pantotênico dos nutrientes da dieta ou por meio da síntese realizada pela 
microbiota do intestino grosso. Ambas as fontes parecem contribuir para as necessidades do organismo, embora o nível 
exato dessa contribuição não esteja plenamente definido. O ácido pantotênico presente na dieta encontra-se sobretudo na 
forma de coenzima A, que é hidrolisada no trato digestório liberando o pantotenato em sua forma livre. A excreção dessa 
vitamina ocorre via urinária na forma de ácido pantotênico livre ou na forma de 4’-fosfopantotenato; outra via de excreção é 
pelos pulmões na forma de CO2. 
Fontes 
As fontes dietéticas de ácido pantotênicoestão presentes em alimentos de origem animal e vegetais, com destaque para 
fígado, coração, cogumelo, brócolis, batata-doce, milho, abacate, ovos, leite e cereais em grãos. No caso dos cereais, a 
moagem acarreta a perda de cerca de 50% do teor de ácido pantotênico, já que este se localiza na parte mais externa do 
grão. 
Carência 
As deficiências de ácido pantotênico são raras, uma vez que essa vitamina está amplamente distribuída nos alimentos. No 
entanto, em regiões onde a desnutrição grave persiste, a carência de ácido pantotênico acarreta prejuízo na síntese de 
lipídios e no metabolismo energético. Entre os sinais clínicos, destacam-se distúrbios neuromotores com parestesia dos 
dedos das mãos e pés, assim como fadiga muscular, uma vez que há reduzida quantidade de acetil-CoA necessária para a 
síntese do neurotransmissor acetilcolina. Ocorre ainda desmielinização em decorrência da redução na formação de treonina 
acil éster na bainha de mielina. A desmielinização pode ser responsável pela persistência e recorrência de problemas 
neurológicos mesmo depois de revertido o quadro de carência de ácido pantotênico. 
Vitamina B6 ou piridoxina 
A piridoxina é um termo genérico para os seguintes compostos com ação biológica: piridoxina, piridoxal e piridoxamina, 
todos derivados da piridina. Essas formas químicas diferem entre si apenas na natureza do grupo funcional ligado ao anel 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html#fig29-17
(Figura 29.18). As formas coenzimáticas ativas são o piridoxal-5-fosfato e a piridoxinamina-5-fosfato. A vitamina B6 atua como 
cofator em enzimas relacionadas com o metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas. 
 
Metabolismo 
O piridoxal fosfato é a forma metabolicamente ativa da vitamina B6 e atua como coenzima de importantes enzimas, como as 
aminotransferases, envolvidas no metabolismo de aminoácidos; glicogênio fosforilase, enzima-chave na cascata da hidrólise 
do glicogênio; e outras enzimas relacionadas com a síntese de esfingolipídios nas bainhas de mielina, esteroides e 
neurotransmissores. A vitamina B6 é também essencial na síntese do gastro-hormônio histamina, do neurotransmissor GABA 
e do grupo heme. A absorção intestinal da vitamina B6 ocorre de forma passiva, sobretudo no jejuno e no íleo. No sangue, a 
vitamina B6 circula na forma de piridoxal fosfato ligado à albumina, e, no momento em que alcança os tecidos-alvo, sofre 
desfosforilação para possibilitar sua captação por parte das células. Já no interior das células-alvo, a piridoxina é novamente 
fosforilada retornando à forma de piridoxal fosfato ou piridoxamina fosfato. Os tecidos que mais concentram vitamina B6 são 
fígado, rim, baço cérebro e músculos esqueléticos, este último concentrando a maior quantidade de piridoxal fosfato ligado à 
enzima glicogênio fosforilase, primeira enzima da cadeia de hidrólise de glicogênio. A metabolização da vitamina B6 ocorre no 
fígado, onde enzimas dependentes de NAD e FAD promovem a remoção dos grupos fosfatos das formas fosforiladas de 
piridoxina convertendo-as em ácido-4-piridóxido e outros metabólitos inertes excretados na urina. 
Fontes 
A piridoxina é sintetizada pela microbiota colônica e capaz de ser absorvida pelo intestino; além disso, ocorre em grande 
variedade de alimentos, contudo pode não estar biodisponível, já que a maioria da vitamina B6, sobretudo as oriundas de 
vegetais, está ligada covalentemente a proteínas ou, então, glicosilada. As formas glicosiladas são menos biodisponíveis por 
causa da hidrólise incompleta das cadeias osídicas. As melhores fontes de vitamina B6 são os alimentos de origem animal. 
Carência 
A carência de vitamina B6 é rara, mas, quando ocorre, manifesta-se por alterações neurológicas como convulsões, depressão 
e confusão. As convulsões são decorrentes de alterações nos níveis de dopamina, serotonina e ácido γ-aminobutírico e 
também do acúmulo no sistema nervoso central de metabólitos oriundos do triptofano. Além disso, estão presentes sinais 
clínicos na epiderme, como dermatite seborreica e eczema, sobretudo na boca, no nariz e nas orelhas. 
Ácido fólico, vitamina B9 ou vitamina M 
O ácido fólico ou folato é um termo que se refere a compostos químicos com atividade similar à do ácido pteroilglutâmico, 
que é a forma estável da vitamina, embora não seja aquela metabolicamente ativa, e inclui qualquer membro da família dos 
pteroilglutamatos, cuja fórmula estrutural apresenta uma conjugação do ácido pteroico a pelo menos um resíduo de ácido L-
glutâmico (Figura 29.19). O ácido fólico em sua forma reduzida, o tetraidrofolato (FH4), atua como coenzima em reações de 
transferência de carbonos na via de biossíntese de nucleotídeos. A interação do ácido fólico com a vitamina B12 é 
indispensável para a síntese e a maturação dos eritrócitos. A deficiência de folato causa anemia macrocítica idêntica à da 
falta de vitamina B12, mas não sem desencadear doença neurológica. A carência de folato pode ser originada por vários 
fatores, como carência dietética, ou ainda alguma condição que impeça a absorção intestinal eficaz de folato, como a 
síndrome do cólon irritável. 
Metabolismo 
O ácido fólico é absorvido em toda a extensão do lúmen do intestino delgado, sobretudo em seu terço proximal. A mucosa 
do duodeno e da parte superior do jejuno é rica em di-hidrofolato redutase, que catalisa a redução da di-hidrofolato (DHF) 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html#fig29-18
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html#fig29-19
para sua forma ativa tetraidrofolato (THF), e, além da muscosa intestinal, a enzima está presente no fígado e em outros 
tecidos. O ácido fólico atua sobretudo em tecidos com rápida divisão celular, como medula óssea e mucosa gastrintestinal. 
Em pequenas concentrações, o folato é absorvido por meio de um sistema de transporte ativo, enquanto, em grandes 
quantidades, a absorção ocorre pela difusão passiva. No interior do enterócito, o folato sofre metilação sendo lançado no 
plasma na forma de 5-metil-tetraidrofolato que, por sua vez, liga-se à albumina plasmática ou à sua proteína transportadora 
específica, a proteína ligadora de folato. A interação com proteínas plasmáticas é importante porque evita a perda urinária 
de folato. De fato, a quantidade de folato excretado via urinária é mínima, visto que a borda em escova das células renais é 
rica em proteína ligadora de folato que pode interagir com qualquer folato que poderia ser excretado. A perda fecal de folato 
também é mínima, uma vez que a absorção ileal é extremamente eficiente. O folato que porventura esteja presente nas 
fezes é oriundo da microbiota intestinal e não por espoliação da dieta. 
 
O fígado realiza a redução e a metilação do ácido pteroilglutâmico e secreta o tetraidrofolato pela bile. Após ser 
secretado na bile, o tetraidrofolato é reabsorvido pelo intestino. Essa via metabólica disponibiliza cerca de 200 mcg/dia de 
folato. A captação por parte dos tecidos periféricos implica desmetilação do metil-tetraidrofolato, processo este realizado 
pela enzima metionina sintetase; já em sua forma desmetilado, o folato é captado pelas células por processos mediados por 
carreadores. Os eritrócitos apresentam concentrações de folato maiores que o plasma; no interior dos eritrócitos, o folato 
encontra-se ligado à hemoglobina na forma de poliglutamatos. Não está plenamente esclarecida a função dessa ligação de 
folatos à molécula de hemoglobina, contudo acredita-se que se trata de um mecanismo de armazenamento de folato. 
Fontes 
As fontes vegetais relevantes de ácido fólico são brócolis, espinafre, ervilhas, lentilha e feijão, enquanto as de origem animal 
incluem fígado e gema de ovos e também a microbiota intestinal, já que esta é capaz de sintetizar o tetraidrofolato. Cerca de 
80% do folato oriundo da dieta encontra-se na forma de poliglutamatos, ou seja, resíduos de glutamato ligadosao ácido p-
aminobenzoico que constitui parte da molécula do ácido fólico. Esses complexos de folato devem sofrer hidrólise pela 
enzima hidrolase pteroil poliglutamato, uma peptidase dependente de zinco. 
O folato presente no leite encontra-se ligado a uma proteína ligadora específica e é mais biodisponível que o folato livre 
porque sua absorção independe dos processos pertinentes à absorção do folato livre. O folato presente no leite e seus 
derivados é absorvido no íleo com sua proteína ligadora. 
Carência 
Uma das condições que pode causar maior demanda de ácido fólico é a gestação, visto que a carência dessa vitamina é capaz 
de acarretar falhas do fechamento do tubo neural, culminando em graves defeitos neurológicos para o bebê. Por essa razão, 
a dieta da gestante deve ser suplementada com ácido fólico. Os medicamentos podem também interferir de diversas 
maneiras na absorção, metabolização e utilização do folato no organismo. O metotrexato, um citostático utilizado no 
tratamento de neoplasias e com propriedades imunossupressoras, atua como potente inibidor da di-hidrofolato redutase. A 
inibição dessa enzima leva a defeitos de metilação que comprometem a síntese de DNA, acarretando eritropoese ineficaz. 
Outros medicamentos, como os anticonvulsivantes fenitoína, fenobarbital e primidona, são agentes que competem com o 
folato por seus receptores intestinais, sendo associados ao desenvolvimento de macrocitose em até 40% dos pacientes que 
fazem uso desses fármacos. A deficiência de folato acarreta alterações hematopoiéticas da medula óssea com 
desenvolvimento de formas megaloblásticas, refletindo na síntese deficiente de DNA, daí a elevação do volume corpuscular 
médio das hemácias (> 100 fℓ), caracterizando o quadro clássico de anemia megaloblástica. A anemia megaloblástica por 
deficiência de folato é clinicamente indistinguível da causada pela deficiência de vitamina B12, no entanto a ocorrência de 
alterações neurológicas é rara na deficiência de folato isolada. A deficiência de folato está relacionada também com sintomas 
cardiovasculares. Ocorre elevação dos níveis séricos de homocisteína na deficiência de folato, já que essa vitamina é 
necessária para a conversão da homocisteína em metionina. O aumento dos níveis plasmáticos de homocisteína é um dos 
marcadores mais precisos da deficiência de folato. 
Vitamina B12 ou cobalamina 
A vitamina B12 não pode ser sintetizada pelo organismo humano. Sua designação indica uma família de compostos formados 
por anéis tetrapirrólicos envolvendo um átomo de cobalto unido a um nucleotídeo (Figura 29.20). O grupo químico das 
cobalaminas pode apresentar diferentes ligantes, o que lhes confere nomes distintos, por exemplo, metil (metilcobalamina), 
hidroxila (hidrocobalamina), água (aquacobalamina), cianeto (cianocobalamina) e S-deoxiadenosina 
(deoxiadenosilcobalamina). Bioquimicamente, o termo vitamina B12 refere-se à hidroxicobalamina ou cianocobalamina. A 
forma predominante no soro é a metilcobalamina e, no citosol, a adenosilcobalamina. 
 
Metabolismo 
A absorção intestinal da vitamina B12 ocorre de duas formas distintas: uma dependente de fator intrínseco, no íleo e que 
inclui um sistema de absorção ativa; e a outra, respondendo por 1% da absorção de vitamina B12, que se dá por meio de 
difusão passiva. A primeira forma é a mais relevante e, nesse caso, inicialmente a vitamina B12 forma no estômago um 
complexo com as proteínas R (cobalofilinas), as quais estão presentes na saliva e no suco gástrico. O complexo vitamina B12-
cobalofilinas desloca-se pelo intestino onde as cobalofilinas sofrem digestão por parte das enzimas entéricas e pancreáticas. 
Subsequentemente, o fator intrínseco (Figura 29.21), uma mucoproteína de 44 kDa produzida pelas células parietais do 
estômago, liga-se à vitamina B12. 
A vitamina B12 é transportada pelo enterócito por meio de um processo que envolve a interação com um receptor 
específico, enquanto o fator intrínseco não é absorvido pelo intestino, sendo expelido sem transformação. Após absorção, a 
vitamina B12 aparece no sangue portal ligada à proteína transcobalamina II. A captação de vitamina B12 por parte dos tecidos 
periféricos parece ser mediada por um receptor transcobalamina específico, que internaliza o complexo vitamina B12-
transcobalamina por endocitose mediada por receptor. 
No meio intracelular, ocorre degradação lisossômica da transcobalamina, sendo a vitamina B12 liberada em sua forma 
livre para ser utilizada pela célula. 
Fontes 
É uma vitamina sintetizada exclusivamente por tecidos animais, estando presente especialmente nas carnes, nos ovos e no 
leite. É armazenada sobretudo no fígado na forma de adenosilcobalamina; esse tecido acumula um estoque significativo de 
vitamina B12 capaz de suprir as necessidades metabólicas por cerca de até 7 anos. 
Carência 
Pela contínua reposição de eritrócitos, a vitamina B12 e o ácido fólico são necessários para a maturação dessas células, uma 
vez que ambas são essenciais à síntese de DNA. Assim, a carência de vitamina B12 resulta em prejuízo na síntese eritrocitária 
de DNA e, consequentemente, falha da maturação nuclear e da divisão celular com células anormalmente grandes e, por 
essa razão, é chamada também de anemia megaloblástica. 
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https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html#fig29-21
 
Figura 29.21 Estrutura do fator intrínseco, uma proteína secretada com o suco gástrico, que forma um complexo com a 
vitamina B12, possibilitando sua absorção no íleo distal. Código PDB: CKT. 
Essa condição, chamada de anemia perniciosa ou anemia megaloblástica, é mais comum pela produção inadequada ou 
ausência de produção de fator intrínseco. Além disso, a deficiência de cianocobalamina desencadeia alterações neurológicas 
com desmielinização que inicia na periferia do organismo e progride para o centro. Os sintomas incluem entorpecimento, 
formigamento, sensação de queimação dos pés seguidos de rigidez e fraqueza generalizada das pernas. 
Biotina ou vitamina H 
A biotina tem a fórmula química C10 H16O3N2S e atua como coenzima de enzimas envolvidas em reações de carboxilação, 
como a piruvato carboxilase. Na reação catalisada por essa enzima, a biotina capta uma molécula de CO2 e transfere-a para 
uma molécula de piruvato, formando oxalacetato. 
Metabolismo 
A biotina está presente como cofator em enzimas carboxilases relacionadas com importantes vias metabólicas, como a 
gliconeogênese, a síntese de ácidos graxos e o catabolismo de proteínas. A biotina (Figura 29.22) está presente nos alimentos 
ligada a proteínas; sendo assim, a digestão das proteínas é necessária para a liberação de três formas de biotina: biotina livre, 
biocitina e peptídeo biotina. A maior parte da biotina presente nos alimentos está na forma de biocitina. 
A enzima biotinidase intestinal atua sobre a biocitina e o peptídeo de biotina liberando a biotina livre, que é absorvida 
por transporte ativo sódio dependente no intestino delgado proximal. A biotina pode ainda ser sintetizada pela microbiota 
intestinal, contudo não está plenamente esclarecida a relevância dessa fonte de biotina tampouco sua biodisponibilidade 
para o hospedeiro. A maior parte da biotina é transportada no plasma em sua forma livre e cerca de 12% ligada a proteínas 
plasmáticas. Os tecidos reciclam a biotina, de modo que a biotina é reaproveitada durante o processo de renovação 
enzimática. A biotina é reabsorvida pelos rins por meio de um mecanismo saturável, a excreção urinária de biotina ocorre 
quando a capacidade de reabsorção é suplantada. 
ontes 
A biotina está amplamente distribuída nos alimentos, como amendoins, amêndoas, proteína de soja, ovos, iogurtes, batata-
doce. 
Carência 
A carência de biotina conduz a depressão, alucinações, dores musculares e dermatites. É bem sabido que a ingestão da clara 
do ovo crua causa inibição da absorção de biotina,uma vez que a avidina, uma glicoproteína termolábil, liga-se com alta 
afinidade à biotina, tornando-a indisponível para a absorção. A deficiência de biotina tem impacto direto na enzima piruvato 
carboxilase, que atua no primeiro passo da gliconeogênese, que, por sua vez, catalisa a formação de oxalacetato a partir do 
piruvato, requerendo, para isso, energia sob a forma de ATP. Além disso, a carência de biotina causa dermatite esfoliativa e 
alopecia em decorrência da atrofia dos folículos capilares. 
Ácido ascórbico ou vitamina C 
A vitamina C consolidou-se como a substância capaz de prevenir o escorbuto e, atualmente, motiva interesse por suas 
propriedades antioxidantes. A grande maioria das plantas e animais é capaz de sintetizar a vitamina C utilizando como 
precursores a D-glicose ou a D-galactose via ácido glicurônico. Os seres humanos não são capazes de sintetizar a vitamina C 
porque não dispõem da enzima 1-gulonolactona oxidase, assim a vitamina C deve ser obtida da dieta. A vitamina C pode se 
apresentar em duas formas: oxidada, o ácido deidroascórbico; ou reduzida, o ascorbato (Figura 29.23), sendo esta última a 
forma biologicamente ativa da vitamina C. 
Metabolismo 
A absorção intestinal de vitamina C ocorre por transporte ativo sódio dependente, e o ácido deidroascórbico apresenta 
absorção mais eficiente que o ascorbato. Contudo, tanto o ascorbato quanto o deidroascorbato podem ser absorvidos pela 
mucosa oral por processos passivos mediados por carreadores. A eficiência de absorção intestinal da vitamina C é dose-
dependente da concentração, de fato, a ingestão de 100 mg de vitamina C proporciona cerca de 90% de absorção, enquanto 
1,5 g de vitamina C tem 50% de sua quantidade absorvida e, finalmente, para uma dose de 6 g de vitamina C a eficiência de 
absorção cai para 25%. A vitamina C é transportada no plasma na forma livre ou ligada à albumina. Os tecidos captam 
ascorbato por um mecanismo ativo, enquanto o deidroascorbato é captado por difusão por seu caráter polar. Cerca de 10% 
de todo o ascorbato do sangue está presente em leucócitos mononucleares, células que têm capacidade de concentrar 
ascorbato de modo que não estão sujeitas às variações de vitamina C do plasma. 
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html#fig29-22
https://jigsaw.vitalsource.com/books/9788527731461/epub/OEBPS/Text/chapter29.html#fig29-23
 
O ácido ascórbico pode intercambiar entre as formas oxidada e reduzida com grande facilidade, atuando como um 
sistema bioquímico redox em diversas vias metabólicas em que existem ganho e perda de elétrons, como é o caso, por 
exemplo, da síntese de colágeno e da carnitina, em que essa vitamina atua como agente redutor no sentido de manter o 
ferro em seu estado ferroso, possibilitando que as enzimas de hidroxilação atuem sobre a prolina para formar hidroxiprolina, 
aminoácido presente em grande quantidade na molécula de colágeno. Além disso, a vitamina C é essencial nas seguintes 
reações: conversão do folato em ácido tetraidrofólico; oxidação da fenilalanina e tirosina; conversão do triptofano em 5-
hidroxitriptofano e serotonina para, posteriormente, formar noradrenalina a partir da dopamina. 
A vitamina C é bastante eficiente em debelar radicais livres, definidos como espécies químicas altamente reativas, que 
apresenta elétrons não pareados em sua última camada eletrônica. Essa condição de não pareamento eletrônico na última 
camada confere alta reatividade a esses átomos ou moléculas. A vitamina C é eficiente em debelar espécies radicalares 
originadas em ambientes hidrofílicos, evitando assim os danos celulares que poderiam ser provocados pela cascata oxidativa. 
A vitamina C é excretada via urinária na forma de deidroascorbato, cetogulonato, 2-sulfato ascorbato e ácido oxálico, e, uma 
vez que o catabolismo da vitamina C produz oxalato, pode-se aventar que altas doses de vitamina C conseguem predispor à 
formação de concreções renais de oxalato. No entanto, estudos mostram que essa relação direta não existe e, de fato, 
indivíduos que receberam altas doses de vitamina C desenvolveram apenas leve oxalúria. Ainda assim, recomenda-se que 
indivíduos com histórico de cálculos renais não ingiram grandes doses de vitamina C. 
Fontes 
A vitamina C é encontrada quase exclusivamente nos vegetais, com exceção dos grãos. Já os alimentos de origem animal são 
pobres em vitamina C. Diversos fatores alteram as concentrações de vitamina C nos alimentos, como estação do ano na qual 
foi realizada a coleta, condições de crescimento, estágio de maturação e formas de armazenamento e transporte. 
Carência 
A deficiência de vitamina C resulta em escorbuto, uma doença que apresenta como primeiros sintomas hemorragias nas 
gengivas, tumefação purulenta das gengivas (inchaço com pus), dores nas articulações, feridas que não cicatrizam, além de 
desestabilização dos dentes. O escorbuto era conhecido na época das navegações portuguesas (séculos 15 e 16) como “mal 
de Angola”, pois era nas proximidades deste país que os sintomas da doença começavam a se manifestar nas tripulações dos 
navios lusos que buscavam cruzar o Cabo da Boa Esperança em direção à Índia. Como naquela época não se conhecia por 
completo a doença, achava-se que os tripulantes eram infectados no país.

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