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TCC JÃ_SSICA ....

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GUARDA COMPARTILHADA: UMA VIA DE COMBATE ÀS CONSEQUÊNCIAS PSÍQUICAS NO DESELVOLVIMENTO DA CRIANCA VÍTIMA DA ALIENACAO PARENTAL. 
SHARED GUARD: A WAY TO FIGHT THE PSYCHIC CONSEQUENCES IN THE DEVELOPMENT OF THE CHILD VICTIM OF PARENTAL ALIENATION
Jéssica Caroline de Ávila Pereira[footnoteRef:1] [1: Graduanda; e-mail:jessicacarolina.avila@gmail.com. Estudante de graduação em Direito no Centro Universitário Newton Paiva.] 
Juliana Oliveira Braga[footnoteRef:2] [2: Professora orientadora da Faculdade de Direito do Centro Universitário Newton Paiva. E-mail:juliana.braga@newtonpaiva.br] 
	
RESUMO: O presente artigo tem como objetivo analisar a guarda compartilhada, como uma forma de prevenir o surgimento do processo de alienação parental, contribuindo para o combate das consequências psíquicas que surgem no desenvolvimento da criança vítima deste contexto. Essa prática tem se tornado cada vez mais frequente no Brasil, devido ao crescente número de disputa de guarda dos filhos, decorrente do processo de divórcio. O método utilizado foi a qualitativa, sendo a técnica bibliográfica. O marco teórico foi sobre os estudos de alienação parental, bem como das consequências psicológicas da síndrome de alienação parental. Através desse trabalho concluímos que a alienação parental é assunto que merece atenção, pois a sua pratica causa vários prejuízos à criança . 
PALAVRAS-CHAVE: Alienacao parental, consequencias psicologicas, crianca, guarda, divorcio 
ABSTRACT: This article aims to analyze Parental Alienation Syndrome; whose content discusses the psychological consequences in children. This syndrome has become increasingly common in Brazil, due to the increasing number of child custody disputes resulting from the divorce process. The method used was inductive, being the bibliographic technique. The theoretical framework will be parental alienation.
KEYWORDS: Parental alienation; psychological consequences; child; custody; divorce
SUMÁRIO: 1 Introdução. 2 Família 2.1 Conceito 3 Poder Familiar 3.1 A importância do vínculo dos pais no desenvolvimento infantil da criança 4 Conceito de Alienação Parental 4.1 Diferenciação da Alienação Parental e a Síndrome da Alienação Parental 5 Consequências psicológicas nos desenvolvimento da criança 6 Guarda 6.1 Tipos de Guarda no direito brasileiro 7 Guarda Compartilhada 8 Responsabilidade civil dos pais 8.1 Jurisprudências 9 Conclusão. Referências.
54
1 INTRODUÇÃO
Com o crescente número de divórcios na sociedade e o consequente aumento das disputas pela guarda dos filhos, a ocorrência da Alienação Parental tem acontecido com mais frequência. Normalmente, o fim do relacionamento é marcado por brigas entre o casal, isso faz com que surja um sentimento de ódio entre eles, e para descontar sua raiva, surge o desejo de vingança, e quem sofre nessa situação são os filhos, porque os pais começam a colocá-lo um contra o outro. 
O psiquiatra norte-americano Richard A. Gardner chamou as consequências psicológicas das crianças e adolescentes vítimas dessa prática de Síndrome da Alienação Parental (SAP). Essa prática vai contra uns dos principais direitos que é o da Dignidade da Pessoa Humana, não só fere esse direito, mas também viola o Princípio do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente.
 Devido a recorrente prática da alienação parental foi criada a Lei 12.318 de 26 de agosto de 2010, que teve como parâmetro os princípios constitucionais e o Estatuto da Criança e do Adolescente. Essa lei teve como objetivo proteger as vítimas dessa alienação e coibir essa prática. 
 Nesse contexto, a guarda compartilhada pode ser uma via para inibir essa prática, tendo em vista que ambos os genitores serão responsáveis pela decisão da vida da criança, abrindo espaço para maior diálogo entre os pais. Sendo assim, pode ser aplicada como um instrumento apto para combater a alienação parental.
 Diante disto, o presente trabalho buscará analisar a guarda compartilhada, como uma forma de prevenir o surgimento do processo de alienação parental, contribuindo para o combate das consequências psíquicas que surgem no desenvolvimento da criança vítima deste contexto. 
O estudo e discussões sociais e jurídicas acerca da alienação parental, se faz necessário e é importante o seu conhecimento, sobretudo, para minimizar essa prática que é tão recorrente na sociedade brasileira do século XXI. Destaca-se, que o assunto merece atenção, porque este processo pode trazer transtorno para a criança. Pois, a priva do seu convívio familiar, possibilitando comportamentos e sentimentos de ódio, tristeza e raiva que faz com que perca o vínculo com o seu genitor, em decorrência de manipulações que foram geradas em sua mente. 
No primeiro capítulo será relatado a evolução histórica e o conceito de família. Será abordado sobre o modelo de família que era vigente e as mudanças que ocorreram até chegar nos dias atuais. 
No segundo capítulo será abordado sobre o Poder Familiar e a importância do vínculo dos pais no desenvolvimento infantil. No terceiro capítulo será abordado sobre a Alienação Parental em si, abordando o conceito e a diferença entre a Alienação Parental e a Síndrome da Alienação Parental.
A partir da conceituação da alienação parental, no quarto capítulo será abordado sobre as consequências psíquicas da alienação parental no desenvolvimento da criança. No quinto capítulo será abordado sobre a Guarda, onde explicaremos o conceito e os tipos de guardas. No sexto capítulo será sobre a Guarda Compartilhada em si.
No sétimo capítulo será abordado sobre a responsabilidade civil dos pais que praticam a alienação parental e as jurisprudências acerca do assunto, e por último a conclusão. 
Os dados coletados para instituir a presente pesquisa serão extraídos da doutrina do direito de família e constitucional, do próprio texto constitucional e infraconstitucional, além dos entendimentos jurisprudenciais. 
A metodologia utilizada neste artigo será a qualitativa, teórica, descritiva e dialética, a técnica utilizada foi a bibliográfica. De acordo com Richardson (1999) essa metodologia é usada em situações em que se evidencia a importância de compreender aspectos psicológicos cujos dados não podem ser coletados de modo completo.
2- Família 
O direito de Família é uma das áreas que mais vem sofrendo alterações no mundo jurídico. Isso decorre da constante evolução familiar, provocada pelas transformações da humanidade a cada dia. As mudanças sociais impactam diretamente o contexto familiar, que envolve pessoas, laços, afinidade e sentimentos. 
O instituto família sempre existiu na sociedade, e sem dúvidas é o mais antigo, tendo em vista que todo ser humano nasce em razão da família. Sendo assim, a família é o primeiro agente socializador do ser humano. O ser humano sempre viveu aglomerado, tendo em vista sua necessidade de precisar social e economicamente um do outro. 
Segundo Marx (1988), o homem é por natureza um animal social pois ele não pode ser privado de estar em sociedade. Ele precisa do outro para sobreviver. Para o autor, ser social não se resume apenas está em uma determinada sociedade, ser social é ter uma única coisa e dividir para todos, ter tudo e querer apenas um pouco, ser bom mais querer ser ótimo, Pois, social é estar em sociedade, mas além de tudo é participar ativamente do grupo ao qual está inserido.
A palavra família pode ser definida por vários autores. Segundo Minuchin (1985), a família é um complexo sistema de organização, com crenças, valores e práticas desenvolvidas ligadas diretamente às transformações da sociedade, em busca da melhor adaptação possível para a sobrevivência de seus membros e da instituição como um todo.
Já Venosa (2011) conceitua família num sentido mais amplo, para ele, família é o conjunto de pessoas reunidas pelo vínculo familiar, compreendendo os ascendentes, descendentes e colaterais de uma linhagem, incluindo-se os ascendentes, descendentes e colaterais do cônjuge. 
A família tutelada pelo Código Civil de 1916, viviaem uma sociedade patriarcal, onde era extremamente proibido a dissolução do casamento. Sendo assim, o único meio de constituição familiar era o casamento. Não havia outros meios como temos hoje, como por exemplo, a união estável. 
No poder patriarcal o homem tinha o poder do lar e a mulher era tida como um objeto de reprodução apenas, tratada como escrava. Nessa época, o código de 1916 concebia a mulher como relativamente incapaz, sendo inferior ao homem. 
Em 1962, foi criado o Estatuto da mulher casada (Lei n. 4.121). A partir deste, a mulher foi considerada capaz apenas para ajudar no exercício do poder do lar, que antes somente o homem possuía. Em 1977, foi criada a Lei 6.515, conhecida como Lei do Divórcio, que permitiu a dissolução do casamento. 
Observa-se que a sociedade passou por várias mudanças. O modelo patriarcal foi abandonado, e o modelo familiar foi influenciado pela ideia da democracia, de um modelo familiar igualitário, onde o poder familiar cabe a ambos. Isso foi uma grande conquista para o direito. Pois, passa a não haver mais diferenciação entre pessoas de sexo diferente e nem tratamento jurídico diferenciado, garantindo um dos princípios fundamentais: o Princípio da Igualdade entre todos perante a Lei, previsto nos artigos 3º, IV e o art. 5º, I da Constituição Federal. 
No Código Civil de 2016, família era definida com o casamento. Com o advento do Novo Código Civil, a família começou abranger além do casamento, a união estável de acordo com § 3 do artigo 226 da CF ou comunidade de qualquer genitor e descendentes de acordo com o § 4 do mesmo artigo. O casamento, que antes era a única e a legítima forma de concepção de família, hoje é apenas uma alternativa.
Em função, da constante evolução da sociedade, tem surgindo outras formas de família, como a família plurilateral (a que decorre de vários casamentos) , família informal (é formada por união estável); família matrimonial (é formada pelo casamento); família homoafetiva (duas pessoas do mesmo sexo); família monoparental (é formada por pais separados); família poliafetiva (três ou mais pessoas vivendo de forma conjugal uma com a outra), família paralelas (homem ou a mulher que sendo casado constituem outra família), entre outras.
Dessa forma, não há um conceito exato do que vem a ser família. Contudo, vários abordam o mesmo ponto:  A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. (BRASIL; 1988).Este artigo não é um rol taxativo, e como esse instituto merece proteção do Estado, cabe ao direito proteger os tipos que não foram tratados em legislação. Outros institutos decorrem em razão da família, como por exemplo, o poder familiar.
3 Poder Familiar:
 O poder familiar é exercido pelos pais em relação aos filhos, a própria legislação atribui-lhe esse poder. 
Para Dias (2010), o poder familiar é conceituado como:
conjunto de direitos e obrigações, quanto à pessoa e bens do filho menor não emancipado, exercido em igualdade de condições por ambos os pais, para que possam desempenhar os encargos que a norma jurídica lhes impõe, tendo em vista o interesse e a proteção dos filhos. (DIAS, 2010; p.417)
Esse direito é assegurado pela Constituição Federal de 1988, no artigo 227: 
Art. 227 É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
Sendo assim, o poder familiar é uma obrigação que os pais possuem com os filhos, devendo garantir os direitos como a saúde, alimentação, educação, sustento, guarda e o direito à vida. Essa obrigação é atribuída pelo pai e pela mãe em conjunto, desde o nascimento do filho. Enquanto ele for menor, esse poder é atribuído. 
Dias (2013, p. 436) afirma que esse poder é: intransferível, inalienável, imprescritível, e decorre tanto da paternidade natural como da filiação legal e da socioafetiva. As obrigações que dele fluem são personalíssimas. Como os pais não podem renunciar aos filhos, os encargos que derivam da paternidade também não podem ser transferidos ou alienados. 
Através desses entendimentos, compreende-se que o poder familiar é uma relação de direitos e deveres entre o pai e a mãe para com o filho, sendo assim, não decorre apenas do casamento. 
3.1 A importância do vínculo dos pais no desenvolvimento infantil da criança 
Os pais têm um papel importante no desenvolvimento do filho. É dever dos pais dirigir-lhe a criação e a educação. Eles têm a difícil tarefa de preparar seus filhos para a vida, além da função de ensinar-lhe os valores que deverão norteá-la. (AKEL, 2012, p.32).
A criança como ser frágil e independente, precisa de alguém que lhe dê amor e carinho. Elizena (2003) em seu livro de Paternidade Responsável, afirma que a pessoa humana, por nascer em condições de profunda dependência física e emocional, vai necessitar de ajuda e participação dos dois componentes que foram essenciais à geração dela.
Segundo Aberastury e Salas (1984, p.76) em bebês menores de um ano a ausência familiar pode deixar lacunas na sua personalidade, em vez dele adquirir segurança, autonomia e confiança, serão geradas falhas como angustia, falta de apoio e insegurança. A presença efetiva de ambos os genitores equilibra a relação com a prole.
 Lebovici (1987) destaca que se a criança consegue contar com pais afetivos que lhe proporcionem apoio, conforto e proteção, ela é capaz de desenvolver estruturas psíquicas suficientemente seguras para enfrentar as dificuldades da vida.
As autoras Cruz e Abreu-Lima (2012, p. 2 45) corroboram: 
 
De acordo com as perspectivas teóricas atuais sobre o desenvolvimento, o ser humano e o seu meio ambiente são partes integrantes de uma mesma unidade, estabelecendo-se entre eles um processo contínuo e recíproco de interações. As famílias são, para a grande maioria das crianças em qualquer sociedade, o contexto básico e primordial de socialização, essencial para a atualização do seu potencial biológico, apesar das transformações verificadas nas suas formas e configurações, que refletem a dinâmica da sua interligação e dependência face a outros sistemas sociais mais vastos. 
São os pais que devem moldar o caráter do filho para a sociedade. Os filhos eles irão refletir a imagem dos seus pais. Para o desenvolvimento harmonioso da sua personalidade, deve crescer num ambiente familiar em clima de felicidade, amor e compreensão. (AKEL,2012)
O filho que não possui afeto de um dos pais, ou até mesmo quando uns dos genitores não se faz presente na criação, são propensos a ter problemas no seu desenvolvimento, o que pode comprometer o seu comportamento. 
Para Buosi (2012):
 A infância ou juventude é um momento delicado na formação da psique do ser humano, determinados fatores podem comprometer o sadio desenvolvimento dessas pessoas, o amor, por seu turno, assume papel indispensável à saudável estruturação da personalidade.
Segundo especialistas, como Muza (1998), as crianças que crescem sem um pai podem ter problema na adolescência, o que pode acarretar dependências nas drogas ou até mesmo tornar-se um infrator. Isso acontece porque ela não tem alguém para espelhar, então muitas vezes se sentem inseguras, sozinhas, com medo e abandonadas. 
4- Conceito de Alienação Parental
A alienação parental é um assunto que compreende os campos da Psicologia e do Direito, e ocorre geralmente por quem detém a guarda da criança O artigo 2º da Lei nº 12.318/2010 define a alienação parental: 
Art 2º : Considera-se ato de alienação parental a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós, ou pelos que tenham a criança ou o adolescente sob sua autoridade, guarda ou vigilância para que repudie genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou a manutenção devínculos com este (BRASIL, 2010).
As formas da Alienação Parental estão exemplificadas nos incisos do artigo 2º da Lei que são:
I – realizar campanha de desqualificação da conduta do genitor no exercício da parentalidade ou maternidade; II – dificultar o exercício da autoridade parental; III – dificultar contato de criança ou adolescente com genitor; IV – dificultar o exercício do direito regulamentado de convivência familiar; V – omitir deliberadamente a genitor informações pessoais relevantes sobre a criança ou adolescente, inclusive escolares, médicas e alterações de endereço; VI – apresentar falsa denúncia contra genitor, contra familiares deste ou contra avós, para obstar ou dificultar a convivência deles com a criança ou adolescente; VII – mudar o domicílio para local distante, sem justificativa, visando a dificultar a convivência da criança ou adolescente com o outro genitor, com familiares deste ou com avós.
De acordo com o artigo 3º da Lei: 
Art 3º A prática de ato de alienação parental fere direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou o adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.(BRASIL; 2010)
A lei 13.431/17, criada para fazer alterações no Estatuto da Criança e do Adolescente buscou reforçar os direitos fundamentais desse público e tipificou quais as condutas são consideradas formas de violência psicológicas contra crianças e adolescentes:
Art. 4o Para os efeitos desta Lei, sem prejuízo da tipificação das condutas criminosas, são formas de violência:
b) o ato de alienação parental, assim entendido como a interferência na formação psicológica da criança ou do adolescente, promovida ou induzida por um dos genitores, pelos avós ou por quem os tenha sob sua autoridade, guarda ou vigilância, que leve ao repúdio de genitor ou que cause prejuízo ao estabelecimento ou à manutenção de vínculo com este;
A disputa pela posse da criança faz com que um dos genitores produzam na mente da criança ideias falsas sobre o outro genitor, fazendo com que essa criança não queira mais ter contato com esse genitor, tornando-o em um estranho para a criança. Esta, com isso, tem seu direito privado (GUARDNER, 2010). 
Dias afirma: 
Muitas vezes a ruptura da vida conjugal gera na mãe sentimento de abandono, de rejeição, de traição, surgindo uma tendência vingativa muito grande. Quando não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, de desmoralização, de descrédito do ex-cônjuge. Ao ver o interesse do pai em preservar a convivência com o filho, quer vingar-se, afastando este do genitor. Para isso cria uma série de situações visando a dificultar ao máximo ou impedir a visitação. Leva o filho a rejeitar o pai, a odiá-lo [...] (DIAS, 2009, p. 46) 
Nesse sentido, pode-se conceituar a alienação parental como uma programação para a criança odiar o outro genitor sem motivo algum. O filho é usado pelo alienador como uma forma de vingança, e isso faz com que o vínculo parental seja destruído.
O termo dá nome a uma prática que consiste em programar uma criança para que depois da separação odeie um dos pais. Geralmente, é praticada por quem possui a guarda do filho. Para isso a pessoa lança mão de artifícios condenáveis, como falar mal e contar mentiras. Os danos, psicológicos na criança vão de depressão a transtornos de conduta. (SILVA, 2012, p. 147).
De acordo com Silva (2011), cerca de 91 % dos casos de alienação parental são praticados por mulheres. Geralmente, a mãe detém a guarda da criança. Assim, segundo pesquisas, essas são as maiores responsável por essa prática. De acordo com pesquisa feita pelo IBGE 83,7% dos filhos que possuem guarda com a mãe, 1/3 perdem o contato com o pai., (IBGE,2010)
De acordo com Dias (2010):
Esta é uma prática que pode ocorrer ainda quando o casal vive sob o mesmo teto. O alienador não é somente a mãe ou quem está com a guarda do filho. O pai pode assim agir, em relação à mãe ou ao seu companheiro. Tal pode ocorrer também frente a avós, tios ou padrinhos e até entre irmãos.
Para Souza (2008), o maior sofrimento da criança não advém da separação em si, mas do conflito, e do fato de se ver abruptamente privada do convívio com um dos seus genitores, apenas porque o casamento deles fracassou.
 4.1- Diferenciação da Alienação Parental e a Síndrome da Alienação Parental (SAP)
A expressão ‘Síndrome’ não é adotada na lei brasileira, tendo em vista que não consta na classificação internacional das doenças (CID- 10). 
A Alienação parental é considerada por Darnall (2013, p.42) como uma fase que procede a síndrome. Para Priscila Corrêa da Fonseca: 
‘’ A síndrome da alienação parental não se confunde, portanto, com a mera alienação parental. Aquela geralmente é decorrente desta, ou seja, a alienação parental é o afastamento do filho de um dos genitores, provocado pelo outro, mais comumente o titular da custódia. A síndrome, por seu turno, diz respeito às sequelas emocionais e comportamentais de que vem a padecer a criança vítima daquele alijamento. Assim, enquanto a síndrome refere à conduta do filho que se recusa terminante e obstinadamente a ter contato com um dos progenitores e que já sofre as mazelas oriundas daquele rompimento, a alienação parental relaciona-se com o processo desencadeado pelo progenitor que intenta arredar o outro genitor da vida do filho. 
De forma clara, a alienação parental são as condutas praticadas pelo alienador para o afastamento do filho, é o processo de desconstituição da imagem do genitor e a síndrome é o resultado, ou seja, as sequelas que decorrem da alienação parental.
Segundo Gardner: 
 a SAP é um transtorno infantil que emerge quase que exclusivamente no contexto de disputa de guarda. Sua manifestação primária é a campanha da criança direcionada contra o genitor para denegri-lo, campanha está sem justificativa. Isso resulta da combinação da “programação” (lavagem cerebral) realizada pelo outro genitor e da própria contribuição da criança na desqualificação do pai alienado. Quando o abuso e/ou negligência parental são presentes, a animosidade da criança pode ser justificada e então a explicação de síndrome de alienação parental para essa hostilidade não pode ser aplicada. (GARDNER, 2002, p.95)
Para o autor supracitado, a SAP é uma forma de abuso emocional que pode originar outros transtornos psiquiátricos
5 - Consequências psicológicas no desenvolvimento da criança:
A alienação parental pode causar vários prejuízos na criança, e isso varia de acordo com a idade, grau de maturidade psicológica e o temperamento da criança. A maneira como os pais enfrentam o processo de divórcio, irá resultar no comportamento do filho.
Umas das consequências mais rápidas da alienação parental é a rejeição da criança para com o genitor alienado. O alienador cria no filho falsas histórias sobre o outro genitor, e a criança absorve isso como verdade. Para Buosi (2012), nessa situação a criança torna-se um defensor do alienador, levando um afastamento da criança com o genitor alienado, podendo estender também aos familiares. 
Garner (1999) escreve que as crianças vítimas de Síndrome de Alienação Parental são mais propensas a.
Apresentar distúrbios psicológicos como depressão, ansiedade pânico, depressão crônica, utilizar drogas e álcool como forma de aliviar a dor e culpa da alienação, cometer suicídio, apresentar baixa autoestima, não conseguir uma relação estável, quando adultas, possuir problemas de gênero, em função da desqualificação do genitor atacado, incapacidade de adaptação em ambiente psicossocial normal, transtornos de identidade e de imagem, desespero, sentimento incontrolável de culpa, sentimento de isolamento, comportamento hostil, falta de organização, dupla personalidade (GARDNER, 1999 , p.04)
Trindade (2010) em sua obra “Manual de Psicologia Jurídica para Operadores do Direito” tambémabordou as consequências da alienação no desenvolvimento da criança:
 A instalação da SAP pode gerar na criança sentimentos de abandono, por não compreender porque um dos pais o deixou e “não o ama mais”; tal sensação pode ser associada a sentimentos de culpa, impotência, desamparo e insegurança. Ademais, a incapacidade em lidar com a situação pode desencadear comportamento disruptivo e antissocial como agressividade, irritabilidade, hostilidade e oposição. Em outros casos, a criança pode desenvolver comportamentos depressivos como medo, somatizações, isolamento e perda de apetite (TRINDADE, 2010).
Os problemas causados pela alienação parental também podem afetar no ambiente escolar da criança. De acordo com Silva (2011), a criança tem queda no rendimento escolar, falta de concentração, queda na autoestima e diminuição da motivação. 
Fiorelli (2015, p.82) em seu livro de Psicologia Jurídica aborda: 
As consequências para a criança, em geral, indicam sintomas como depressão, incapacidade de adaptar-se aos ambientes sociais, transtornos de identidade e de imagem, desespero, tendência ao isolamento, comportamento hostil, falta de organização e, em algumas vezes, abuso de drogas, álcool e suicídio. Quando adulta, incluirão sentimentos incontroláveis de culpa, por se achar culpada de uma grande injustiça para com o genitor alienado.
Outra consequência que ocorre nas crianças vítimas da alienação parental é o efeito bumerangue citado por Buosi (2012). Para ele, esse feito é quando a criança alienada chega na fase adulta e percebe as injustiças que comentou com o genitor alienado. 
Esse efeito é conceituado por Cabral (2010) como: “o efeito bumerangue se dá quando a criança vítima de alienação parental fica mais velha e começa a perceber que foi injusta com o genitor alienado e já com sérios comprometimentos nesse relacionamento, se volta contra o genitor alienante”.
A criança quando adulta percebe que foi manipulada pelo genitor a quem amava e respeitava, passa a nutrir um sentimento de ódio por esse genitor, pois excluiu o outro de forma injusta, através de mentiras e manipulações pelo genitor guardião. (Silva, 2011). Para o autor, quando isso acontece, muitas vezes o filho chega a manifestar judicialmente para resgatar o convívio do que foi perdido.
Para Buosi (2012), as piores consequências ocorrem quando esse vínculo não é possível de ser reconstruído, seja porque o genitor não quer, pelo fato de ter construído outra família, ou até mesmo porque esse genitor já faleceu. Essa tentativa frustrada consome o indivíduo de culpa e ódio, causando consequências que podem levar ao consumo de bebidas alcóolicas, drogas, ou até mesmo suicídio. 
Desse modo, fica claro como a alienação parental causa diversos prejuízos no desenvolvimento da criança. Sendo assim, o assunto é de extrema importância tendo em vista que as crianças são o futuro da sociedade.
6 Guarda
A guarda é uma atribuição do poder familiar, e pode ser considerada um dos assuntos mais importantes após da dissolução do casamento de um casal, tendo em vista que atinge diretamente às pessoas mais vulneráveis da relação. Significa ter o poder do filho, obrigando a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente.
De acordo com o artigo 33 do Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 33. A guarda obriga a prestação de assistência material, moral e educacional à criança ou adolescente, conferindo a seu detentor o direito de opor-se a terceiros, inclusive aos pais. (Vide Lei nº 12.010, de 2009) Vigência
§ 1º A guarda destina-se a regularizar a posse de fato, podendo ser deferida, liminar ou incidentalmente, nos procedimentos de tutela e adoção, exceto no de adoção por estrangeiros.
Ambos os genitores detêm o poder familiar em relação ao filho. Quando há a dissolução do relacionamento, muitas vezes, acontece divergência entre o casal sobre o exercício do poder família, tendo disputa quanto a guarda que determinará qual genitor será o responsável pela criança. 
 6.1 Tipos de Guarda no Direito Brasileiro
 
Ao disciplinar sobre os tipos de guarda, o artigo 1583 do Código Civil determina: 
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. (Redação dada pela Lei nº 11.698, de 2008).
§ 1º Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua ( art. 1.584, § 5 o ) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns. (Incluído pela Lei nº 11.698, de 2008).
Sendo assim, de acordo com Fiorelli (2015) , a guarda Unilateral é aquela que somente a mãe ou o pai mantem a criança em seu lar, e aquele que não detém a guarda das crianças são deferidas visitas. O que possui a guarda assume as responsabilidades, os direitos e deveres unipessoalmente, sem prejudicar o outro genitor. Embora o genitor que detém a guarda tome decisões na vida do filho, o outro genitor deve ser comunicado.
De acordo com o art. 1583 §5 do CC:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada
§ 5º A guarda unilateral obriga o pai ou a mãe que não a detenha a supervisionar os interesses dos filhos, e, para possibilitar tal supervisão, qualquer dos genitores sempre será parte legítima para solicitar informações e/ou prestação de contas, objetivas ou subjetivas, em assuntos ou situações que direta ou indiretamente afetem a saúde física e psicológica e a educação de seus filhos.
A guarda alternada de acordo com Grisard (2015, p. 58) ocorre quando os filhos ficam sob a guarda material de um dos pais por períodos alternados. Nesse tipo de guarda acorre urna divisão entre pai e mãe em relação as responsabilidades com os fi1hos. O tempo que durar a guarda, o detentor tem exclusividade nos direitos e deveres da criança. 
A guarda alternada não tem respaldo jurídico no Brasil pois fere o Princípio do Menor Interesse da Criança, tendo em vista que o filho é tido como mero objeto de posse, o que pode desenvolver na criança uma percepção objetal, onde ela é transferida de um lado para o outro.
“A guarda alternada caracteriza-se pela possibilidade de cada um dos pais de ter a guarda do filho alternadamente, segundo um ritmo de tempo que pode ser um ano escolher, um mês, uma semana, uma parte da semana, ou uma repartição organizada dia a dia e, consequentemente, durante esse período de tempo de deter, de forma exclusiva, a totalidade dos poderes-deveres que integram o poder paternal. No termo do período os papéis invertem-se.” (GRISARD FILHO, 2000, p. 106.)
O Código Civil de 1916 a guarda era conferida apenas a mãe, em relação ao pai, este possuía apenas o direito de visita. Com o advento do Código de 2002, permitiu que a guarda fosse conferida ao pai também, tendo em vista que se tornou participativo na vida do filho, então essa situação foi modificada.
A guarda compartilhada será estudada no próximo capítulo. 
7 Guarda Compartilhada
 
A guarda compartilhada tem apresentado ser a mais viável para inibir a alienação parental, tendo em vista que há participação tanto do pai, quanto da mãe na criação da criança. É prevista na legislação brasileira desde 2008 e surgiu com o objetivo de igualizar os direitos e obrigações dos pais com os filhos.
Grisard (2002) conceitua a guarda compartilhada como:
Significa que ambos os pais possuem exatamente os mesmos direitos e as mesmas obrigações em relação aos filhos menores. Por outro lado, é um tipo de guarda no qual os filhos do divórcio recebem dos tribunais o direito de terem ambos os pais, dividindo, de forma mais equitativa possível, as responsabilidades de criar e cuidar dos filhos.
Para Milano Silva (2006, p.65) a Guarda Compartilhada:
(...) permite aos filhos viverem em estreita relação com o pai e a mãe, havendo uma coparticipação deles, em igualdade de direitos e deveres. É também uma aproximação da relação materna e paterna, visando ao bem-estar dos filhos. São benefícios grandiosos que esta nova proposta oferece às relações familiares,não sobrecarregando nenhum dos genitores e evitando ansiedade e desgastes.
Nesse modelo de guarda, tanto o pai, quanto a mãe são responsáveis pelas decisões relativas aos filhos. Isso contribui muito, para que ambos tenham um bom relacionamento com a criança, evitando o distanciamento entre os pais e filhos.
Leite (1997, p. 282) afirma que: 
A guarda conjunta conduz os pais a tomarem decisões conjuntas, levando-os a dividir inquietudes e alegrias, dificuldades e soluções relativas ao destino dos filhos. Esta participação de ambos na condução da vida do filho é extremamente salutar à criança e aos pais, já que ela tende a minorar as diferenças e possíveis rancores oriundos da ruptura. A guarda comum, por outro lado, facilita a responsabilidade cotidiana dos genitores, que passa a ser dividida entre pai e mãe, dando condições iguais de expansão sentimental e social a ambos os genitores.
Para Comel (2003) a guarda compartilhada “seria o modelo ideal, a manifestação mais autêntica do poder familiar, exercido por ambos os pais, em igualdade de condições. Os dois (pai e mãe) juntos, sempre presentes e atuantes na vida do filho”.
A guarda compartilhada permite uma convivência igualitária dos filhos com pai e mãe evitando conflitos entre eles. Traz vários benefícios para a criança como proteção e segurança. Esse modelo de guarda prioriza o melhor interesse da criança, pois ambos os genitores serão participativos na vida da criança. 
O artigo 1583 do Código Civil prevê:
Art. 1.583. A guarda será unilateral ou compartilhada. 
§ 1o Compreende-se por guarda unilateral a atribuída a um só dos genitores ou a alguém que o substitua (art. 1.584, § 5o) e, por guarda compartilhada a responsabilização conjunta e o exercício de direitos e deveres do pai e da mãe que não vivam sob o mesmo teto, concernentes ao poder familiar dos filhos comuns
 Sendo assim, o artigo 1583 § 1 do Código Civil define a guarda compartilhada como “responsabilização conjunta”, ou seja, ambos os genitores são responsáveis pelos direitos e deveres relativos ao filho. Devem decidir em conjunto todas as questões da vida da criança. 
Para Valéria Edith Carvalho de Oliveira:
A ruptura de qualquer casal, por mais conscientes que estejam os envolvidos e mesmo que a situação se desenvolva em um ambiente tranquilo, é dolorosa principalmente para os filhos que presenciam a destruição do relacionamento afetivo dos seus pais. É nesse momento que os genitores devem ter esclarecimento e bom senso para distinguir a ruptura da vida amorosa da não ruptura da comunidade de pais. (OLIVEIRA, 2012.p.12)
A guarda unilateral não é recomendada tendo em vista que não atende as necessidades da criança. A presença do pai e da mãe é fundamental na formação da vida dos filhos. O menor precisa conviver com ambos os genitores. Dessa forma, a guarda compartilhada é o melhor caminho para inibir a prática da alienação parental, pois permite a aproximação dos filhos sem a posse que advém da guarda unilateral, assim ambos os genitores serão responsáveis pela criança e poderão também desenvolver uma relação mais saudável.
De acordo com Fiorelli (2015) a guarda compartilhada busca evitar prejuízos à criança, pois há equilíbrio na conivência entre o pai e a mãe. De acordo com o autor, o papel de ambos é importante na formação do filho. É, por meio da convivência familiar, que irá formar a personalidade do filho. Destaca-se, que a guarda compartilhada abre caminhos, para o estabelecimento de uma relação mais saudável entre os pais. Isto é o importante para a vida da criança, pois contribui para impedir, que a criança conviva com discórdias e a própria alienação parental.
Gottieb (apud CEVERNY, 2006, p. 88) aponta que “não existe divórcio que seja bom para os filhos. Ele pode somente ser ruim ou menos ruim”. Dessa forma, o melhor para o interesse da criança é a igualdade nas relações familiares, pois assim, ambos os pais serão ativos na vida da criança, minimizando as perturbações psicoemocionais provenientes do divórcio. 
Grisard Filho (2002) afirma que prefere a guarda compartilhada, nas separações, e considera que o compartilhamento da guarda aumenta a disponibilidade dos pais e permite maior acesso dos filhos a ambos.
Wagner e Sarriera (1999) afirma que uma relação saudável, entre os pais, permite ao filho, quando adulto, se sentir mais seguro no relacionamento com os novos parceiros. A guarda compartilhada permite um diálogo entre os pais, tendo em vista que ambos irão decidir sobre os assuntos inerente a criança. 
Diante do exposto, fica claro que a guarda compartilhada é o melhor caminho para inibir a prática da alienação parental. Nesse modelo de guarda pais e filhos se beneficiam, tendo em vista que ambos os pais conseguem ter uma participação ativa na vida da criança, evitando assim, conflitos conjugais e a pratica da alienação parental, além dos genitores terem uma relação saudável , o que influencia no bom desenvolvimento da criança . 
 8- Responsabilidade Civil para a prática da Alienação Parental:
De acordo com o artigo 3º da lei n º12.318/2010:
 A prática de ato de alienação parental fere o direito fundamental da criança ou do adolescente de convivência familiar saudável, prejudica a realização de afeto nas relações com genitor e com o grupo familiar, constitui abuso moral contra a criança ou adolescente e descumprimento dos deveres inerentes à autoridade parental ou decorrentes de tutela ou guarda.
Sendo assim, a responsabilidade civil do alienante se dá por ser uma ofensa aos princípios constitucionais. As medidas aplicadas ao alienador estão previstas no artigo 6o da Lei onde dispõe:
Art. 6o Caracterizados atos típicos de alienação parental ou qualquer conduta que dificulte a convivência de criança ou adolescente com genitor, em ação autônoma ou incidental, o juiz poderá, cumulativamente ou não, sem prejuízo da decorrente responsabilidade civil ou criminal e da ampla utilização de instrumentos processuais aptos a inibir ou atenuar seus efeitos, segundo a gravidade do caso: 
I - declarar a ocorrência de alienação parental e advertir o alienador; 
II - ampliar o regime de convivência familiar em favor do genitor alienado; 
III - estipular multa ao alienador; 
IV - determinar acompanhamento psicológico e/ou biopsicossocial; 
V - determinar a alteração da guarda para guarda compartilhada ou sua inversão; 
VI - determinar a fixação cautelar do domicílio da criança ou adolescente; 
VII - declarar a suspensão da autoridade parental. 
Uma vez identificada a prática da alienação parental o correto é procurar imediatamente o judiciário, tendo em vista que essa prática traz consequências grave para a criança.
Para Hironaka (2009):
Não restam dúvidas de que a prática da alienação parental gera dano moral, não só ao menor quanto ao genitor alienado. Essencialmente justo, de buscar-se indenização compensatória em face de danos que os pais possam causar a seus filhos por força de uma conduta imprópria, especialmente quando a eles são negados a convivência, o amparo afetivo, moral e psíquico, bem como a referência materna ou paterna concretas, o que acarretaria a violação de direitos próprios da personalidade humana. (Hironaka , 2009, p.231)
 
De acordo com o artigo 927 do Código Civil brasileiro aquele que, por ato ilícito, causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. Sendo assim, a prática da alienação parental ensejaria indenização por danos morais. Para Cahali ,(2005) “não se trata de ressarcir o prejuízo material representado, mas de reparar a dor com bens de natureza distinta, de caráter compensatório e que, de alguma forma, servem como lenitivo”.
 8.1 Análise de Jurisprudências 
GUARDA. ALIENAÇÃO PARENTAL. Guarda compartilhada estabelecida informalmente após a separação dos genitores. Ação ajuizada pela genitora, para alteração da guarda, de compartilhada para unilateral. Alegação de prática de atos de alienação parental pelo genitor, que não prestaria os adequados cuidados aos filhos menores. Sentença que não reconheceua prática de alienação parental, mantendo o regime de guarda compartilhada, e fixando regime de visitas. Insurgência da genitora, insistindo na prática de alienação parental pelo genitor e na necessidade de fixação da guarda unilateral dos menores. Alienação parental não configurada. Conduta do genitor que, conquanto reprovável, não foi capaz de incutir nos menores sentimento de aversão pela genitora, por quem as duas crianças demonstram carinho e afeto. Admissibilidade da guarda compartilhada, com manutenção da custódia física a cargo da mãe. Consenso entre os pais não mais é pressuposto para a adoção da guarda compartilhada, regime preferencial adotado em lei. Regime mais adequado ao interesse dos menores, diante da aptidão de ambos os pais para exercer a guarda. Recurso improvido.
CIVIL. FAMÍLIA. AÇÃO DE MODIFICAÇÃO DE GUARDA. ACORDOS ANTERIORES. GUARDA EXCLUSIVA. MUDANÇA DE DOMICÍLIO. ALIENAÇÃO PARENTAL. PROVA INEXISTENTE. PREVALÊNCIA DO INTERESSE DA CRIANÇA. SENTENÇA MANTIDA. 1 - A pretensão de modificação da guarda dos filhos, fixada em acordos firmados anteriormente entre os genitores, deve se fundar em causa que a justifique. 2 - Conquanto seja recomendável a fixação da guarda compartilhada dos filhos, deve preponderar em decisões judiciais desta natureza, o melhor interesse da criança e do adolescente. 3 - Inexistente prova da alegada alienação parental, ou de razões que indiquem a necessidade de alteração da guarda exclusiva da mãe em relação à filha, o pedido para sua modificação improcede. Ademais, no caso concreto a criança se mostra adaptada à rotina da genitora desde o rompimento do relacionamento do ex-casal, e não há oposição para que o pai visite a filha regularmente. 4 - Negado provimento ao recurso.
APELAÇÃO CÍVEL. DIREITO CIVIL E DE FAMÍLIA. AÇÃO DE GUARDA. CERCEAMENTO DE DEFESA. INOCORRÊNCIA. GUARDA ATRIBUÍDA À GENITORA. MANUTENÇÃO DA SITUAÇÃO FÁTICA. ATENDIMENTO AO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. ALIENAÇÃO PARENTAL. ATO ATENTATÓRIO À DIGNIDADE DA JUSTIÇA. LITIGÂNCIA DE MÁ-FÉ. NÃO CONFIGURAÇÃO. SENTENÇA MANTIDA. 1. Não caracteriza cerceamento de defesa o indeferimento de pedido de realização de determinada prova quando o que se pretende provar está comprovado nos autos. 2. Ao adotar a doutrina da proteção integral, a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) asseguram à criança e ao adolescente a convivência familiar, devendo a ação de guarda ser direcionada para assegurar os interesses do menor. 3. Se o menor já se encontra sob os cuidados da genitora há tempo considerável e vem recebendo desta a assistência necessária para o seu desenvolvimento saudável, não é recomendável a alteração do ambiente familiar sem qualquer motivo determinante. O menor deve ser protegido de mudanças sucessivas e temporárias de lar a fim de se evitar prejuízo à sua rotina e estabilidade emocional. 4. Os atos atentatórios à dignidade da justiça são configurados quando a parte, por meio de comportamento comissivo ou omissivo, atrapalha, retarda, frauda, tenta fraudar ou reduz a respeitabilidade e importância social do sistema judiciário, situação não configurada nos autos. 5. Para caracterização da litigância de má-fé, faz-se necessário que a parte litigante aja de forma temerária, causando dano processual à parte contrária, bem como se utilize de procedimentos escusos, com o objetivo de vencer a demanda ou prolongar o andamento do processo, o que não se evidencia nos autos. 6. Apelação conhecida, mas não provida. Preliminar rejeitada. Unânime.
 Através dessas decisões, observa-se que todas respeitaram o disposto pela Lei da Alienação Parental tendo como parâmetro o melhor interesse da criança. A Constituição Federal de 1988 garante os direitos das crianças e dos adolescentes, aplicando sempre o que é melhor para o menor.
Sendo assim, os tribunais vêm demonstrando como fundamentação em suas decisões o princípio do melhor interesse dos filhos. É de suma importância a garantia desse princípio, tendo em vista, que assegura o pleno desenvolvimento da criança e impede abusos por parte dos genitores. 
Por se tratar de um assunto tão sério e envolver crianças e adolescentes, há necessidade de uma atenção maior por parte do judiciário, pois a decisão irá refletir por toda a vida da criança. 
Duarte (2011, p.71) aborda que: 
Também na esfera familiar deve ser observada a aplicação do princípio do melhor interesse na tomada de qualquer decisão que interfira na vida da criança ou do adolescente. Os pais, antes de qualquer decisão, devem priorizar o bem-estar dos filhos, levando em consideração suas opiniões e condições subjetivas. .
Dessa forma, os pais precisam tomar decisão sempre pensando no interesse da criança, e quando os genitores desrespeitam esse direito, caberá ao Poder Judiciário aplicar a melhor solução, tendo em vista o melhor interesse do menor.
 9.0 Conclusão. 
Como foi exposto no decorrer do trabalho, a alienação parental traz vários prejuízos psicológicos na criança, o que afeta o seu comportamento e o seu desenvolvimento saudável. O principal desencadeador da Alienação é a disputa pela guarda da criança decorrente do processo de divórcio, que muitas vezes é marcado por brigas entre o casal, e com o desejo de vingança, os genitores descontam no filho. 
A criança vítima da alienação Parental pode sofrer várias sequelas psicológicas e comportamental como depressão, transtorno de identidade, sentimento de culpa, ansiedade, apresentar baixa autoestima, não conseguir uma relação estável, quando adultas e em casos mais sérios o envolvimento com drogas. 
Dessa forma, é de suma importância que os pais estejam atentos ao comportamento do filho, e os operadores do direito como principal missão de perpetuar a justiça precisa conhecer esse instituto para buscar uma solução junto ao Judiciário, garantindo o melhor interesse da criança. 
A lei da Alienação Parental criada no dia 26 de agosto de 2010 teve como objetivo proteger as crianças e adolescentes vítima dessa pratica. A lei teve parâmetro nos princípios constitucionais e no Estatuto da Criança e do Adolescente. 
Através das jurisprudências observa-se que os tribunais tem respeitado o disposto na Lei da Alienação Parental. Ao analisar o caso, todos tem decidido pelo interferisse do menor, respeitando o direito da criança e do adolescente.
Concluímos que a Guarda Compartilhada é uma via para inibir a pratica da alienação parental, além de abrir caminhos para uma boa relação entre os pais, o que influencia no desenvolvimento saudável da criança. 
Conforme exposto no trabalho, tanto o pai quanto a mãe são essenciais na formação da personalidade do filho. A criança precisa do afeto de ambos os genitores, sendo assim a guarda compartilhada permite isso, evitando que haja uma disputa pela posse da criança, pois os ambos os pais irão exercer os direitos sob a criança.
Através desse trabalho espera-se que a sociedade compreenda que a alienação parental traz consequências graves para as crianças, afetando-os quando adulto. Sendo assim, o presente trabalho teve como objetivo conscientizar a sociedade sobre essas consequências, para inibir essa pratica tão recorrente. 
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