Buscar

210909180919_DIR_CIVIL_AULA_05

Prévia do material em texto

www.cers.com.br 
 
1 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
2 
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS DO DIREITO DE FAMÍLIA 
 
Prof. Cristiano Chaves de Farias 
Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado da Bahia 
Professor de Direito Civil do CERS 
 
1. A família e a sua evolução natural: a família como fenômeno cultural (e não biológico apenas). 
 
2. A família e os seus paradigmas no Código Civil de 1916 e no Código Civil de 2002 (à luz da CF/88): família 
múltipla, aberta, multifacetária; democrática; isonômica; biológica ou socioafetiva (superação da classificação da 
filiação) e hetero ou homoparental. 
Novos elementos da família: afeto, ética, dignidade humana e solidariedade. 
 
A família no CC/16 A família na CF, 226-227 e no CC/02 
Matrimonializada apenas Plural (multiplicidade de entidades familia-
res) 
Patriarcal (homem chefiando a família) Democrática (homem e mulher são iguais 
em direitos e deveres) 
Hierarquizada (filhos deviam, apenas, obe-
diência aos pais) 
Igualitária (igualdade substancial, impondo 
tratamento distinto para quem estiver em 
posição distinta) 
Necessariamente heteroparental (só havia 
família pelo casamento) 
Hetero ou homoparental (a família pode ser 
formada por pessoas do mesmo sexo – ex: 
família monoparental) 
Exclusivamente biológica (adoção não pro-
duzia efeitos jurídicos) 
Biológica ou socioafetiva (a afetividade 
também é fonte da relação familiar) 
 
Aplicação concreta: 
(MP/MG) A travessia do Direito de Família: do clássico ao contemporâneo. 
 
3. Caráter instrumental da família. 
Família como meio e não como uma finalidade em si mesma. Finalidade não é formalização, nem procriação (a 
esterilidade não é motivo suficiente para a anulação de casamento). Finalidade: realização pessoal dos seus 
componentes. 
Família eudemonista (busca da felicidade e realização pessoal do ser humano). STJ, REsp. 1.281.236/SP: direito 
à felicidade. 
Família como proteção da pessoa humana. STJ 364: bem de família da pessoa sozinha. 
 
 
 
 
 
 
 
4. O Direito de Família mínimo (intervenção mínima do Estado nas relações de família). 
 
Valorização da autonomia privada (alcance infanto-juvenil – consentimento da criança ou adolescente para colo-
cação em família substituta, ECA 28). 
 
Racionalização da intervenção do Poder Público nas relações privadas familiares. Importância da atuação 
estatal quando houver necessidade de garantir direitos fundamentais (ex: alimentos, reconhecimento de filhos e 
violência doméstica). 
 
Ex: mudança do regime de bens; facilitação do divórcio, impossibilidade de discussão de culpa. Crítica à Lei 
n.12.344/10 (imposição do regime de bens ao maior de 70 anos de idade). 
STJ 364: 
“O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pes-
soas solteiras, separadas e viúvas.” 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
3 
 
 
5. Incidência dos direitos e garantias fundamentais nas relações de família (STF, RE 201.819/RJ – eficácia 
horizontal dos direitos fundamentais). 
A constitucionalização das relações familiares. O reconhecimento da possibilidade de união estável homoafetiva 
– STF, ADin 4277/DF. 
 
6. Incidência dos princípios gerais do CC/02 (socialidade, eticidade e operabilidade) nas relações de família. 
Exemplos: boa fé objetiva e função social. 
Movimento de repersonalização da família: proteção da pessoa humana e não do núcleo familiar (caráter instru-
mental). 
A Lei n. 13.146/15 – Estatuto da Pessoa com Deficiência e o caráter inclusivo e não preconceituoso. 
Boa-fé objetiva nas relações familiares (confiança e afeto – STJ, REsp.555.771/SP). 
Função social da família (CC 1.513) e inexistência de responsabilidade civil do terceiro. Posição do STJ afirmando 
a inexistência de responsabilidade civil do terceiro-cúmplice pelo relacionamento extraconjugal – STJ, 
REsp. 922.462/SP. 
 
 
 
7. Princípios constitucionais do Direito das Famílias (CF 226): a família na visão civil-constitucional. Importância 
do estudo dos princípios. 
Relevância e transcendentalidade dos princípios. A possibilidade de ponderação de interesses em Direito 
de Família (ponderação de princípios constitucionais) Ex: admissibilidade excepcional da prova ilícita nas rela-
ções de família (MARINONI, DIDIER JR., NELSON NERY JR). 
Ponderação de interesses como técnica para solução de conflitos principiológicos. Ex: Exame DNA (STJ 301 
e Lei n.12.004/09). 
 
 
 
7.1. Pluralidade das entidades familiares (CF 226, caput). Caráter inclusivo do rol constitucional. 
 
 
 
Rol não taxativo (exemplificativo). 
Admissibilidade de outros núcleos familiares ou famílias sociológicas (ex: família anaparental, família avuncular, 
família avoenga...). 
ECA 28: concepção plural de família (família natural, família ampliada e família substituta). 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
4 
I-phamily (influência dos meios cibernéticos sobre a constituição da família – CONRADO PAULINO DA ROSA). 
 
a) A questão das uniões homoafetivas e os seus múltiplos efeitos jurídicos reconhecidos doutrinária e jurispruden-
cialmente: bem de família, meação, habitação, pensão previdenciária, inelegibilidade eleitoral etc (TSE, Rec.Espe-
cial Eleitoral 24564/PA; STJ, Ac. 4ªT., REsp.820.475/RJ). 
 
Posição do STF de que tem natureza familiar (STF, ADIn 4277/DF, rel. Min. Ayres Britto). 
Posição do STJ pela possibilidade de casamento homoafetivo (STJ, REsp. 1.183.378/RS, rel. Min. Luís Felipe 
Salomão). 
Posição do STJ pela aplicação da Lei Maria da Penha nas relações homoafetivas – STJ, REsp.827.962/RS. 
 
b) O concubinato e a união estável putativa (boa-fé objetiva e subjetiva) (CC 1.727). 
O poliamorismo. Posição do STF e do STJ de que não é família (STF, RE 397.762/BA e STJ, REsp. 684.407/RS). 
Posição do STJ de que não é família e, por isso, não merece indenização por serviços prestados (STJ, 
REsp.988.090/MS). 
 
Competência da Vara Cível. 
Discussão doutrinária a respeito da boa-fé (união estável putativa – analogia do CC 1.561). A questão da “triação” 
(entendimento do TJ/RS, ApCív.70025094707 – comarca de Gravataí. 
 
Repercussão geral no STF: STF, ARE 656.298/SE. 
 
Possibilidade de proteção de mais de um imóvel a título de bem de família – STJ, REsp 1.126.173/MG. Admissibi-
lidade de concomitância entre uma família monoparental e uma família casamentária/união estável. 
 
 
 
 
 
 
c) As famílias reconstituídas (ensambladas). 
 
Efeitos jurídicos admitidos por lei e pela jurisprudência: i) a possibilidade de acréscimo de sobrenome (Lei 
n.11.924/09); 
 
ii) o efeito previdenciário (Lei n.8.112/90, art. 217); 
iii) parentesco por afinidade (CC 1.595); 
iv) impedimento matrimonial (CC 1.521); 
v) o direito de retomada de imóvel alugado para moradia de pessoa da família (STJ, REsp.36.365/MG). 
Não há a possibilidade de alimentos e direito hereditário. 
 
7.2. Igualdade entre homem e mulher (CPC 100, I; CC 1.736). 
 
A ideia de discrimen. 
Posição do STJ pelo reconhecimento da compatibilidade do foro privilegiado com a CF (STJ, REsp. 193.104/RS). 
Crítica doutrinária (ALEXANDRE FREITAS CÂMARA). A posição do novo CPC, eliminando o foro privilegiado 
da mulher. 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
5 
A constitucionalidade da escusa para a tutela? 
A regra da guarda compartilhada como generalidade na dissolução do casamento. 
A incidência restrita da Lei Maria da Penha. 
 
 
 
 
 
 
 
7.3. Igualdade entre os filhos (a questão sucessória e a possibilidade de filiação socioafetiva). 
Multiplicidade de critérios determinantes da filiação. 
 
7.3. Igualdade entre os filhos (a questão sucessória e a possibilidade de filiação socioafetiva). 
Multiplicidade de critérios determinantes da filiação. 
 
 
 
7.3. Igualdade entre os filhos (a questão sucessória e a possibilidade de filiação socioafetiva). 
Multiplicidade de critérios determinantes da filiação. 
 
7.4. Facilitação da dissolução do casamento e as suas conseqüências: a superação da culpa (EC 66/10). 
Efeitos da EC 66: a) superação dos prazos para o divórcio; b) impossibilidadede discussão da causa de pedir do 
divórcio (hipóteses de reminescência da culpa); c) eliminação da separação do direito brasileiro. 
O novo CPC e a repristinação da separação (nCPC 693 e 731). 
Resquícios de discussão sobre a culpa (alteração da natureza dos alimentos e responsabilização civil). 
 
Efeitos jurídicos decorrentes da EC 66/10: princípio 
constitucional da facilitação da dissolução do casa-
mento 
Eliminação dos prazos para o divórcio 
Abolição da necessidade de indicação da causa do di-
vórcio 
Afastamento da discussão sobre a culpa 
Eliminação do instituto da separação 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
6 
7.5. Filiação responsável e planejamento familiar. 
 
Planejamento familiar. A Lei nº9.263/96 e a esterilização humana com alguns limites: pessoa maior de 25 anos de 
idade, com dois ou mais filhos vivos e com intervalo mínimo de 60 dias entre a manifestação de vontade e a inter-
venção cirúrgica. 
O parto anônimo e a posição tímida do ECA (arts. 8º e 13). 
A questão da responsabilidade civil no Direito de Família. Possibilidade dos instrumentos comuns da Respon-
sabilidade Civil (STJ, REsp. 37.051/SP). 
A questão da responsabilidade civil por abandono afetivo. Posições do STJ: violação de afeto e violação do dever 
de cuidado. (STJ, REsp.757.411/MG - 4ª Turma e STJ, REsp. 1.159.242/SP – 3ª Turma). 
 
3ª Turma STJ (REsp. 1.159.242/SP) Admissibilidade do dano moral afetivo (funda-
mento: violação do dever de cuidado) 
4ª Turma STJ (REsp. 757.411/MG) Inadmissibilidade do dano moral afetivo (fun-
damento: inexigibilidade jurídica do afeto) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cers.com.br 
 
7

Continue navegando