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1 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas Complicações cirúrgicas Aspectos gerais • Custo para o hospital; • Restrições de trabalho, sequelas: afastamento. O paciente é internado para uma coisa, mas acaba ficando mais tempo, o que gera um estresse para o médico, família e para o próprio paciente. • Ruptura do equilíbrio familiar; • Estresse (o que aconteceu, por que aconteceu?): pacientes, empregadores, cirurgiões. Existem coisas que podem ser feitas para tentar prevenir ou detectar precocemente pensando no tratamento: ❖ Avaliação pré-operatória: Risco cirúrgico; estado nutricional; comorbidades; tipo de cirurgia; momento ideal. ❖ Intra-operatória: Suavidade; dissecção meticulosa; respeito aos tempos cirúrgicos; anestesia. ❖ Pós-operatório: Monitorização; detecção precoce; resposta imediata. • *Se possível fazer suplemento, principalmente se o paciente estiver caquético, com grande perda de peso, que tem um câncer colorretal ou de estômago. Pois, isso pode dar problema depois na operação. • * Tentar compensar o paciente diabético e ficar atento as demais comorbidades para saber a quem encaminhar antes da cirurgia. • *Saber o tipo e os passos da cirurgia. • *Ex.: Um idoso de 90 anos com uma bola no pescoço não é indicado fazer cirurgia logo (em tempos de covid, p. ex.), a não ser que seja câncer. • *Monitorização para detecção e resposta imediata a qualquer situação que surgir. Complicações da ferida cirúrgica SEROMA • É o mais comum de se encontrar. Não acumula em todas as cirurgias, mas pode acumular. • Coleção de gordura liquefeita, soro e líquido linfático. • Retalhos subcutâneos grandes. Quando precisa ressecar o subcutâneo demais. No subcutâneo tem muita gordura que acaba sendo queimada. Forma uma mistura de gordura e exsudato do paciente e isso se acumula formando um abaulamento. • Edema localizado e circunscrito que não dói e não tem hiperemia. A punção é a melhor conduta, nele vem um líquido citrino, amarelado, sem secreção purulenta na maioria das vezes. Em geral, se faz a punção no local da incisão, pois nesse local foi cortada a terminação nervosa, então não dói. • Prevenção: drenos de sucção. • Complicação: Eventualmente pode acontecer infecção por alguma bactéria que ficou na ferida. Seroma infectado → drenagem e ATB. • Tratamento: drenagem. Se puncionar e o líquido vier sem secreção purulenta, sem infecção, a punção resolve, eventualmente pode precisar de uma segunda drenagem. Mas normalmente drenando e fazendo um curativo mais compressivo (diminuir o espaço que fica entre a pele e a musculatura), já resolve. A infecção de sítio cirúrgico não leva a formação dessa “bolsinha de água”, já no caso do seroma infectado sim. O paciente chega contando que formou uma bolsa de água, sentindo o líquido ao toque e que depois começou uma hiperemia em volta e começou a doer. Seroma infectado pode virar uma infecção de sítio cirúrgico, nesse caso o paciente já vai começar com hiperemia, dor, edema. Já não é mais de líquido - bolha de água; é um edema mais endurecido a palpação. Se for um seroma pequeno, o corpo pode conseguir reabsorver, mas se for grande, pode demorar para absorver, podendo atrapalhar a cicatrização e precisando fazer uma retração maior ou com sobra de pele. Nesse caso pode até precisar de uma nova cirurgia para corrigir a cicatriz. HEMATOMA • Bem comum no dia-a-dia; • Coleção anormal de sangue, geralmente subcutâneo (mas pode ter hematoma de planos profundos) de uma incisão recente ou em um espaço potencial na cavidade abdominal após exérese de um órgão. • Potencial para infecções secundárias (> seroma). 2 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas • Hemostasia, depleção de fatores de coagulação e coagulopatia; medicamentos. Na grande maioria das vezes isso está relacionado com o procedimento cirúrgico se o paciente não tinha nenhuma coagulopatia prévia a princípio. Pode ser algum vaso que ficou sangrando e o cirurgião não conseguiu ver ou alguma ligadura que soltou. Quando faz a anestesia, a pressão baixa um pouco, quando o paciente acorda da anestesia, a pressão tende a voltar ao normal. Esse aumento de pressão, se a sutura ficou frouxa, pode soltar e fazer um sangramento maior. Mas pode ser que o paciente tem um distúrbio de coagulação não sabido e que se descobre na hora da cirurgia. Medicamentos como AAS e clopidogrel, heparina também podem ser a causa. • Manifestações clínicas variadas. Pode ser só uma marca ou pode fazer um hematoma extenso (como na segunda imagem abaixo) que dissecam, pode fazer hematoma retoperitoneal (dor abdominal, desconforto, não evolui bem, começa a ter febre), hematoma na região cervical (desconforto respiratório). Eventualmente é preciso drenar o hematoma a beira leito porque não dá tempo. Eles também variam a depender do local da cirurgia. PREVENÇÃO ❖ Correção de distúrbios de coagulação. ❖ Suspensão de medicamentos. Ex.: suspender varfarina, colocar clexane, vitamina K, se o RNI estiver fora da faixa. ❖ Hemostasia adequada intraoperatória. Tentar revisar a hemostasia o máximo possível. ❖ Uso de hemostáticos, cola de fibrina se houver um sangramento que não se consegue controlar. ❖ Drenagem de grandes espaços mortos para evitar, p. ex., compressão de alguma coisa pelo hematoma. TRATAMENTO ❖ Individual. ❖ Avaliação do local, expansão, fatores de coagulação, coagulograma. Ex.: se for no pescoço tem que fazer IOT, levar para o centro cirúrgico; se for abdominal vai voltar para o centro cirúrgico, revisar a hemostasia, esvaziar os coágulos e redrenar. Em alguns hematomas pequenos podem ser feita condutas expectantes, observação, compressa de água morna. Se é muito pequeno, às vezes, não vale a pena fazer algo ou abrir um ponto só e tentar drenar. ❖ Lembrar que grandes hematomas consomem os fatores de coagulação, então, eventualmente, se o paciente tiver esse hematoma, deve-se fazer transfusão, plasma, pedir exames de sangue ❖ Reoperação. DEISCÊNCIA DE FERIDA • Separação das camadas musculoaponeuróticas no início do pós-operatório. Musculoaponeuróticas quando se fala em abdome. Mas na imagem, que é mama, também é uma deiscência de ferida e não é músculo, é só subcutâneo e pele. Ela pode acontecer em qualquer cirurgia. • No abdome existe o risco de evisceração (abre a aponeurose e a pele – imagem), reoperação, infecção e hérnia incisional. Pode ter também eventração, que é quando o músculo afasta, mas a pele fica íntegra, então tem alça saindo para o subcutâneo sem exteriorizar. *Em caso de evisceração, o paciente vai para sala assim que ela é identificada. Normalmente coloca-se compressas úmidas para as alças não gerarem fístulas. Nesses casos também, o paciente perde mais líquido. ❖ 7-10 dias. TRATAMENTO – ABDOME ❖ Reoperação! Existem técnicas específicas para fechar a ferida operatória na reabordagem e o paciente vai ter sempre indicação de usar faixa. ❖ Faixa abdominal. O ideal é que, se sabe que o paciente é gordinho, com estado nutricional não muito bom... esse paciente já sai da cirurgia usando a faixa. A faixa vai da costela até a pelve e que recobre toda barriga. Ela ajuda (p. ex., quando o 3 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas paciente vai levantar, momento de maior pressão intra-abdominal) a segurar. ❖ “Bolsa de Bogotá” é usada quando não consegue fechar. FATORES ASSOCIADOS A DEISCÊNCIA Erro técnico no fechamento: O fio multifilamentar tem maior risco de infeccionar a ferida. Cirurgia de emergência: não houve tempo de preparar o paciente para o procedimento, não controlou o DM, a HAS... Infecção intra-abdominal. Idade avançada. Idosos têm a aponeurose já fraca. Seroma, hematoma, infecção. Pressão intra-abdominalelevada/tensão na ferida. Obesidade; Desnutrição. Uso crônico de corticoides. Deiscência de ferida anterior. Quimio/radioterapia. Doença sistêmica (uremia, diabetes). INFECÇÃO DE FERIDA • Contaminação do local cirúrgico por microrganismos. • Fontes endógena (flora do paciente) X exógena (quebra na técnica cirúrgica). Quebra na técnica cirúrgica é quando o cirurgião se contamina no momento que se paramentou ou os instrumentos que estão contaminados ou até próteses contaminadas. • 50% → bactérias gram +. Principal é Staphylo aureus, mas tem enterococo e strepto. • 5-6 dias após cirurgia. Se acontecer antes desses dias, pensar em fasceíte necrotizante; se tem hiperemia secreção, pensar em bactéria... • 80-90% até 30 dias do procedimento. Quando tem prótese pode ser em até 1 ano. • Eritema, dor local, drenagem. • Leucocitose, febre baixa, se avançar pode até levar a sepse. • *Infecção de ferida pode fazer choque séptico; não feridas superficiais, mas profunda ou de espaço orgânico. FERIDAS CIRÚRGICAS • Superficiais: Pele, tecido subcutâneo. • Profunda: Aponeurose, músculo. • Espaço orgânico: órgãos internos, se operação incluir esta área. P. ex., se fez uma abdominoplastia, não entrou nos órgãos internos, então, a princípio não tem porque ter infecção de espaço orgânico, mas se for uma laparotomia por qualquer motivo, vai mexer em órgãos internos. Infecção de ferida – classificação CDC Existe uma classificação do CDC para fechar diagnóstico. INCISIONAL SUPERFICIAL • < 30 dias. • Pele e subcutâneo, além de: ❖ Drenagem purulenta. ❖ Diagnóstico pelo cirurgião. ❖ Eritema, dor, calor local. • Com isso já fecha, basta ter eritema, dor e calor, não precisa ter drenagem purulenta. INCISIONAL PROFUNDO • < 30 dias sem implante e envolvimento de partes moles. • < 1 ano com implante envolvendo tecidos moles profundos, além de: ❖ Drenagem purulenta profunda (músculo, aponeurose). ❖ Abscesso em espaço profundo em exame direto (abriu um ponto e está saindo pus por baixo da aponeurose) ou imagem (TC). ❖ Diagnóstico pelo cirurgião. ❖ Febre, dor, sensibilidade com deiscência ou abertura da ferida pelo cirurgião. ESPAÇO DOS ORGÃOS • < 30 dias sem implante; • < 1 ano com implante e infecção: envolve qualquer parte da operação aberta ou manipulada, além de: ❖ Drenagem purulenta a partir de dreno no espaço do órgão; ❖ Organismos cultivados de material aspirado do espaço; ❖ Abscesso encontrado em exame direto ou imagem ou reoperação; ❖ Diagnóstico pelo cirurgião. É necessário saber as definições e lembrar principalmente que quando tem implante precisa-se considerar até um ano a infecção de ferida. Ex: um paciente que fez uma prótese de quadril e voltou 6 meses depois com o local vermelho, sentido dor, 4 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas dando para ver abscesso na tomografia → considerar infecção da cirurgia que foi feita há 6 meses. Fatores de risco DO PACIENTE • Ascite; inflamação crônica; desnutrição; obesidade; diabetes; extremos de idade; hipercolesterolemia; hipoxemia; doença vascular periférica; anemia pós- operatória; sítio anterior da radiação; cirurgia recente de infecção remota; colonização da pele por estafilo; doença de pele na área de infecção. AMBIENTAIS • Medicamentos contaminados; • Desinfecção/esterilização inadequada; • Antissepsia cutânea inadequada; • Ventilação inadequada; • Presença de corpo estranho (fio, Gossipiboma). Gossipiboma é um corpo estranho deixado pelo médico durante a cirurgia (gaze, compressa). É algo bem grave, pois, na teoria, deve-se contar a quantidade de compressa e gaze utilizada no intraoperatório para não gerar esse tipo de complicação. É um corpo estranho que causa uma reação inflamatória muito grande. Muitas vezes, o paciente sai bem da cirurgia e 2-3 meses depois volta se queixando, e ao ver a tomografia tem uma compressa dentro. Com isso, tem que reoperar. Isso pode até gerar processo. TRATAMENTO • Drenos; Sabe-se que deixar dreno aumenta chances de aumentar infecção de ferida. Muitas vezes, ele é colocado porque pode fazer hematoma, que é um risco mais grave. É custo-benefício, e é deixado o menor tempo possível. • O dreno também serve para diagnosticar precocemente complicações (anastomoses difíceis em certos locais); ❖ Procedimentos de emergência (quando não dá tempo de fazer assepsia correta no local) ❖ Cobertura antibiótica inadequada: é sempre importante saber, principalmente da CCIH, se está usando o antibiótico certo ❖ Hospitalização pré-operatória: é importante saber, pois, se o paciente já estava internado, ele já vai estar colonizado com bactérias do hospital que são bactérias mais resistentes/difíceis para tratar. ❖ Operação prolongada (exposição prolongada dos tecidos que facilita a colonização de bactérias). Tratamento PREVENÇÃO • Cessar tabagismo dias antes; • Nutrição; • Perda de peso; • Controle glicêmico; • Tricotomia na cirurgia. ❖ ATB profilático se indicado; ❖ Superficiais → abertura de pontos e lavagem: ATB se febre, taquicardia (muitas vezes, apenas isso já resolve); ❖ Intrabdominal→ ATB, drenagem, reoperação. Na Imagem B mostra uma esternotomia que complicou com uma infecção. Às vezes é necessário usar esses curativos à vácuo, mostrado na imagem D para tratar algumas infecções. Se tiver hiperemia ao redor da ferida, dor local, é só fazer o uso do ATB que já pode resolver. Obs: o ideal é usar ATB só se estiver febre, mas na prática acaba entrando com o ATB um pouco antes. Complicações com a termorregulação HIPOTERMIA • Hipotermia é uma das complicações que na maioria das vezes se consegue prevenir. ❖ Causas: lesões extensas, paralisia, reanimação com líquidos EV frios, transfusões ou irrigação cavitária com líquidos frios, idade avançada, temperatura da sala, anestésicos 5 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas Nos pacientes mais idosos, que já tem o controle térmico alterado, mesmo com todas as medidas não se consegue manter a temperatura > 35ºC. • Tx< 35ºC no pós operatório; ❖ Aumento isquemia precoce. ❖ Taquiarritmia ventricular ❖ Redução das atividades dos fatores de coagulação • Prevenção: ❖ Temperatura sala; ❖ Colchão e líquidos aquecidos. Normalmente o anestesista deixa o ar desligado, ou numa temperatura mais ambiente enquanto o paciente não está coberto. Depois que cobre, usa-se colchões aquecidos. Se for necessário lavar a cavidade (abdome, tórax) do paciente, o ideal é que utilize liquido aquecido para diminuir as chances de hipotermia. Na cirurgia a temperatura da sala é baixa, mas no pós operatório o ideal é deixar a temperatura ambiente. HIPERTERMIA MALIGNA Ocorre aumento do influxo de cálcio levando a uma alteração a nível muscular O paciente começa ater temperatura elevada, alteração renal, hepática • Crise metabólica potencialmente fatal durante ou após exposição a anestésico deflagrador em pacientes suscetíveis (ex: succinilcolina, anestésicos inalatórios como isofurano) • Susceptibilidade autossômica dominante • Prevenção: ❖ História familiar ou mialgia pós exercício, tendência a febre e intolerância a cafeína • Tratamento: ❖ Suspender anestésico; ❖ Dantrolene; ❖ Resfriamento; ❖ UTI. FEBRE PÓS-OPERATÓRIA 48 a 72 horas depois de operar o paciente, caso ele tenha febre baixa, mas sem nenhuma complicação maior, primeira coisa a se pensar é atelectasia, embora exista uma infinidade de causas para febre pós-operatória. Sempre relacionar a febre com o procedimento realizado. Exemplo: operou um paciente de abdominoplastia, o mais provável é que no pós-operatório ele tenha tido uma atelectasia, não deve pensar em hematoma sendo que a ferida está normal. Portanto, como o médico irá proceder e osexames que ele deverá pedir vai partir do raciocínio clínico de acordo com a complicação do paciente. Exemplo: Operou o paciente e 5 dias depois fez uma enteroanastomose, com dor abdominal e febre. Então, pensa-se que a anastomose tenha aberto, isso vai direcionar quais exames devem ser feitos e a conduta a ser tomada. Febre pós-operatório é muita coisa, por isso é preciso procurar. INFECCIOSAS • Abscesso; colescistite acalculosa; bacteremia; úlceras de decúbito; infecções relacionadas com aparelhos; empiema; sepse fúngica; hepatite; traqueobronquite; meningite; osteomielite; colite pseudomembranosa; peritonite; faringite; pneumonia; corpo estranho retido; sinusite. NÃO INFECCIOSAS • Necrose hepática aguda; insuficiência adrenal; reação alérgica; atelectasia; desidratação; reação medicamentosa; trauma craniano; hipertireoidismo; linfoma; IAM; pancreatite; Feocromocitoma; embolia pulmonar; hematomas; hemorragia subaracnóide; SIRS; tromboflebite; reação transfusional; infecção de ferida. Complicações respiratórias ATELECTASIA E PNEUMONIA • Atelectasia é a complicação pós-operatória mais comum – ocorre normalmente 2-3 dias depois da cirurgia. • Pneumonia é a infecção nosocomial (dentro do hospital) mais comum Muitas vezes elas se confundem, ou uma atelectasia pode eventualmente virar uma pneumonia caso não resolva a atelectasia no pós-operatório pode evoluir com uma pneumonia. • Diagnóstico: febre + ausculta pulmonar + Rx de tórax ❖ Tosse + secreção purulenta + leucocitose → culturas 6 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas • Tratamento: Fisioterapia; antibiótico. • No RX mostra circulado em vermelho uma atelectasia laminar. • O pulmão está normal, o paciente não tem desconforto respiratório, ele só tem apenas a febre, e na ausculta identifica- se que o murmúrio está diminuído. • O tratamento para a atelectasia geralmente é fisioterapia, não precisa de ATB, só se o paciente evoluir com tosse, secreção purulenta, leucocitose, dessa forma, pensa-se que ele fez uma pneumonia. • Nesse RX ainda mostra o pulmão com atelectasia. • Muitas vezes, apenas com a fisioterapia resolve, pois com a pressão positiva o paciente pode melhorar. Embora, eventualmente o paciente pode evoluir com pneumonia. • Nesse Rx mostra o pulmão compneumonia. Não se confirma apenas com Rx, mas sim com história clínica. Normalmente esse paciente terá leucocitose, febre mais alta, desconforto respiratório, taquipneia. • Nesses casos terá que pedir cultura, exames laboratoriais, RX para ajudar no diagnóstico para ajudar no diagnóstico para que o paciente receba ATB direcionado. Outras complicações respiratórias PNEUMONITE E PNEUMONIA POR ASPIRAÇÃO Exemplo: paciente foi fazer uma cirurgia e ele estava de estômago cheio, pois a cirurgia era de urgência. Na hora da cirurgia ele vomitou e aspirou. Se ele só aspirou o conteúdo gástrico com o conteúdo gástrico pode fazer pneumonite (lesão pulmonar aguda). Eventualmente, uma pneumonite pode evoluir para uma pneumonia, e dessa forma, o paciente passa a ter desconforto respiratório, febre, leucocitose quando se tem pneumonia associado. EDEMA PULMONAR Normalmente acontece quando se coloca muito líquido para dentro desse paciente; lesão pulmonar aguda e síndrome da angustia respiratória do adulto (SARA) – esses pacientes vão precisar de gasometria, terapia intensiva, intubação EMBOLIA PULMONAR E TROMBOEMBOLIA VENOSA Lembrar da profilaxia do tromboembolismo venoso (TEV), pois, quando tenta fazer a profilaxia é porque embolia pulmonar pode ser pequena, de um microvaso que não vai levar repercussão hemodinâmica nenhuma do paciente, mas pode fazer também um TEP maciço que é mais complicado. Por isso, se puder prevenir com meias compressivas, colocar o paciente para deambular precocemente, se for possível, fazer compressão pneumática com a botinha, ou entrar com o Clexane, caso o paciente vá ficar acamado por mais tempo. Fatores de risco GERAIS • Avanço da idade; • Hospitalização ou lar de idosos; • Cateter venoso; • Doença neurológica – plegia, paresia; • Cardiomiopatia, IAM ou IC secundária a doença valvar; • Doença pulmonar aguda; • DPOC; • Varizes. HEREDITÁRIOS • Deficiência de proteína C; • Deficiência de proteína S; • Deficiência de antitrombina III; • Disfibrinogenemia; • Mutação do fator V Leiden; • Mutação do gene da protrombina; • Hiper-homocisteinemia; • Anticorpo anticardiolipina; • Hemoglobinemia paroxística noturna. ADQUIRIDOS • Lesões malignas; • Doença intestinal inflamatória; • Trombocitopenia induzida por heparina; • Trauma; 7 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas • Cirurgia de grande porte; • Gravides/pós-parto; • Síndrome nefrótica; • Síndrome de Behçet; • Lúpus eritematoso sistêmico; • Histórico de tromboembolismo venoso. Complicações cardíacas • Hipertensão pós-operatória; • Isquemia e infarto perioperatório; • Choque cardiogênico; • Arritmias cardíacas; • Insuficiência cardíaca. Exemplo: paciente idoso com doença arterial, se for submetido a cirurgia de urgência, ele pode infartar dentro da sala. Lembrar que existe complicações relacionadas com o sistema cardiovascular e que o tratamento pode não ser tão simples. O paciente pode complicar por conta do problema cardiovascular, e não por causa da cirurgia. Complicações renais • Retenção urinária; • Insuficiência renal aguda. No pós operatório, a retenção urinária é comum quando faz raqui e pere anestesia, procedimentos urológicos. Será necessário fazer uma sondagem de alívio. Ficar atento à bexigoma, caso o paciente demore muito a urinar após anestesia. Exemplo: Paciente chega chocado, ou que choca no intraoperatório, lembrar que pode evoluir para uma lesão pré-renal, e eventualmente, para uma insuficiência renal aguda. Complicações gastrointestinais ÍLEO E OBSTRUÇÃO INTESTINAL PRECOCE Em cirurgias do aparelho digestivo é bem comum ter um ílio adinâmico ou ílio funcional, e também em outras cirurgias. Paciente que fica muito anestesiado, a própria anestesia é a causa para que o intestino fique mais lento. Normalmente, o que volta a funcionar primeiro é o intestino delgado, 2-3 dias depois a peristalse do estômago volta a funcionar normalmente, e por último o cólon. Por isso a importância de começar a deambular precocemente no pós- cirúrgico. • Obstrução intestinal pós-operatória →< 30 dias de cirurgia ❖ Funcional → íleo Íleo primário → após cirurgia, sem fatores precipitantes, dura 2-4 dias (tem distensão abdominal, diminuição de flatus, mas quando coloca para caminhar já resolve) Íleo secundário, adinâmico ou paralítico → com fator precipitante e atraso no retorno (dura mais tempo) ❖ Mecânica→ barreira luminal, mural ou extraintestinal. • Aderências são a causa mecânica mais comum, elas levam o paciente a ter o quadro de distensão abdominal. • Brida é um tipo de aderência mais firme, não consegue soltar facilmente entre as alças. QUADRO CLÍNICO • Obstrução alta (a nível de duodeno ou piloro): vômitos biliosos precoces com pouca distensão abdominal • Obstrução baixa (a nível de delgado e cólon): dor abdominal, distensão, vomito inicialmente bilioso → fecalóide (vomito com aspecto de fezes) • Febre, taquicardia, hipovolemia e sepse • Exames: nos pacientes que temos uma obstrução mais prolongada, íleo secundário realmente, eu preciso de: • Laboratório: Vai mostrar mais uma LEUCOCITOSE. • Rx de abdome: vai ajudar a ver se tem nível hidroaéreo, gás no intestino todo, ponto de stop. • TC de abdome: Vai ajudar mais ainda, mas eu posso pedir apenas rx de abdome para os casos acima, mas a tomo vai ver se tem abscesso, deiscência desse gás fora da alça, qual o nível da obstrução (é na anastomose?É um pouco mais baixo? É no intestino? Ou não é nada demais, só o cólon que ainda não voltou a funcionar como deveria?). Ela vai ser mais fidedigna! 8 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas O íleo secundário é da nossa manipulação mesmo, a menos que tenha outro fator, como p.ex. infecção intrabdominal, pancreatite. Normalmente o íleo secundário leva mais que 4 dias e tem alguma coisa “dentro da barriga” que está fazendo a diminuição da peristalse. O íleo primário é só do anestésico, das medicações, tempo cirúrgico... Rx de um ílio abdominal normal (imagem do lado direito). Tem até nível hidroaéreo, mas se vê gás no intestino todo. Não existem pontos em que a alça fique mais fina. PREVENÇÃO DA COMPLICAÇÃO • Delicadeza, manter alças úmidas: delicadeza na hora da cirurgia é importante para evitar estenosar a alça, quando você manipula e tem muita infecção e inflamação, a gente pode, sem querer, abrir um pedaço da serosa (mucosa fica íntegra), e isso pode levar a aderência (que é uma das causas de obstrução intestinal) • Controle hidroeletrolítico: pode ser que ele já tenha distúrbio hidroeletrolítico ou tenha desenvolvido depois da cirurgia. • Evitar opioides: sempre que possível! • SNG, se necessário: Começar a ver que o pct tá muito distendido, fica nauseado... ás vezes vamos usar a sonda nasogástrica e deixar ele em dieta 0 • Deambulação precoce: Sempre! Pois 1ª coisa pro íleo é que eu não sei se é uma obstrução realmente, ou se é aquele íleo primário, que pode ocorrer depois de qualquer cirurgia. O começo é nebuloso, então, de qualquer forma, pedir para esse pct caminhar, pedir exame de sangue, pedir RX, ver se fica nauseado ou começa a ter flatos depois de começar a caminhar e ver como ele vai evoluir Situação 1: Continua sem flatos, tá caminhando muito, hospital todo, e ainda assim, barriga tá ficando mais distendida, a gente vai ficar mais atento para esse pct. Ás vezes passa uma sonda nasogástrica, para evitar pneumonite por aspiração (que ele vomite e aspire). Ver se tem distúrbio hidroeletrolítico, coletar exames e eventualmente tomografar (se eu achar que o íleo tá prolongado demais). TRATAMENTO • Reanimação: hidrato, corrijo distúrbios, coleto os exames para ver se tem alteração. Se não ficar confortável com íleo inicial, íleo primário, vou investigar... • Investigação: Com RX, TC. • Intervenção: Eventualmente, se tiver obstrução, abscesso. Tenta ser o menos invasivo possível! Exemplo: É um abscesso puncionava, posso tentar drenar esse abscesso e não operar esse pct, mas eventualmente, podemos precisar levar ao centro cirúrgico novamente. O tratamento será individualizado! SÍNDROME COMPARTIMENTAL ABDOMINAL Existem outros lugares que pode ter sd compartimental: braço, perna, região cervical (começa a evoluir com desconforto respiratório). Mas a abdominal, a gente leva muito em consideração a pressão intra-abdominal (PIA) Mensuração da PIA: primeira coisa que vamos fazer, pelo monitor mesmo usando uma sonda vesical, normalmente medida a cada 4-6 horas. • HIA (hipertensão intra-abdominal)➔ após três mensurações com intervalos de 4 a 6 horas, a PIA encontra-se >12mmHg • SCA (Síndrome compartimental abdominal)➔ pressão intra-abdominal >20mmHg. Se essa pressão se mantiver maior que 20, isso não quer dizer que vamos levar diretamente para o centro cirúrgico. Pois, para levar, normalmente é preciso ter alguns distúrbios: disfunção renal ou ventilatória. Pensar: Tenho um abdome que está aumentado, que está tenso, que está com a pressão aumentada dentro da barriga, então eu tenho essas alterações (FICAR ATENTO a esses distúrbios): • Redução do volume pulmonar: tenho uma restrição ventilatória, já que quando tento expandir o meu pulmão, o abdome atrapalha. • Redução do retorno venoso • Redução da taxa de filtração glomerular: então o paciente terá OLIGÚRIA! A presença deles, vai indicar ao cirurgião que será necessário operar! 9 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas Classificação PRIMÁRIA: 1. Hipertensão intra-abdominal patológica: trauma múltiplo, ascite, hemorragia retroperitonal, pancreatite, pneumoperitônio.Ou eu tenho uma obstrução, seja por qualquer motivo daqueles que conversamos, que leve a uma distensão das alças, pode gerar sd. compartimental. SECUNDÁRIA: 1. Iatrogênica 2. Pacientes em choque após ressuscitação volêmica agressiva: quando fazemos esse volume todo, as minhas alças ficam “engurgitadas”, geralmente acontece na emergência, quando repomos volume muito rápido. Diagnóstico • Dificuldade de ventilação, abdômen distendido e tenso: Tenho oligúria, dificuldade de retorno venoso... Tudo isso junto. • Mensuração da PIA: Passamos uma sonda de Foley, e conecto em um equipo de soro. Normalmente infundimos 25-30 ml de soro (professora aponta para a seringa na imagem e faz o movimento de entrar), fecho essa área aqui (aponta para a parte superior do joelho do pct na imagem). Existem aparelhos específicos para isso ai, eu posso medir a PIA, através do aparelho, punciono a barriga e posso medir a pressão diretamente. Mas essa mensuração da imagem, via bexiga, muito fidedigna (muito vista na literatura). Um dos testes, para a indicação formal de, por exemplo, uma laparotomia. Depois de infundir, eu espero e deixo o coletor fechado (aponta para o coletor de urina na imagem) e ele vai, como infundi aqui (aponta para a parte inferior do abdome da imagem), fazendo uma pressão na minha bexiga que se for maior que 20 (monitor mostra essa medição em mmHg, OU em cmH2O [através de um equipo, e medir com uma régua os centímetros]); • Se a pressão for dada em cmH2O, é necessária a CONVERSÃO. Transformar cmH2O em mmHg➔ dividir por 1,36 ou multiplicar por 0,74 Mas na CEI (1:13:00? Não ouvi bem não) que é onde fazemos essas monitorizações tem o aparelho, então conseguimos monitorizar por ele mesmo. Tratamento • Intervir se HIA e disfunção orgânica. Alça muito distendida: • Tem uma anastomose aqui (círculo azul) que pode ser o motivo para ela ficar dessa forma. • Nesse pct, acabamos levando para a sala de novo, se for primária, tem indicação de laparotomia. • Se for secundária, por ressuscitação volêmica, posso tentar fazer uma restrição hídrica, estimular diurese (tentamos compensar isso clinicamente- fazendo o cuidado intensivo desse pct), pois não existe nada obstruindo e a alça só está edemaciada, não levar para a sala de cirurgia! • Lembrar que esse intestino não entra novamente não, distensão muito grande➔ e mesmo que entre e eu feche, eu ainda tenho uma PIA aumentada➔ por isso que deixamos a: • Bolsa de Bogotá: • Fica aberta assim mesmo! Eu fico vendo a alça➔ 2-3 dias➔ manda o pct para UTI➔ intensivista se vira para tentar diminuir a hidratação dele e tentar diminuir a alça, para que eventualmente no futuro➔ conseguirmos fechar essa 10 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas barriga. Pct fica na UTI por 2-3 dias com essa bolsa, geralmente (chance de infecção altíssima!), espero desinchar, e fecho cirurgicamente. • Isso é um coletor de urina estéril (aponta para as bordas brancas da bolsa, que contornam toda a abertura dela). • Curativo a vácuo: • É só para exemplificar ele, pois os pcts precisam depois. Porque a ferida fica contaminada • Materiais: usa-se a compressa, uma coisa parecida com papel filme (só que é estéril- plástico por cima), um tubo (retângulo branco) conectado em um aparelho faça a aspiração (esse é o curativo do pobre). • Tipos: existe o feito pela empresa (já vem tudo pronto) OU a gente pode fazer (tubo de cobre e botar naqueles aparelhos aspiradores [o VAC?] de hospital mesmo). DEISCÊNCIA DE ANASTOMOSE • Ileocólicas, ileorretal➔seguras: Chance de deiscência menor, mas eventualmente, elas também abrem. • Esofágicas, pancreaticoentéricas e colorretais➔ alto risco: porque tem mais pressão e são anastomoses difíceis de fazer. Essa é um exemplo: esofagogástrica, tem chance de abrir! Quando falamos em anastomoses, estamos conectando, por exemplo, o esôfago com o intestino, intestino com intestino... Deiscência= quando abre os pontos e temos secreções jogadas para as cavidades, pescoço por exemplo. QUADRO CLÍNICO: 1. Sinais precoces➔ mal estar, febre, dor abdominal, íleo(normalmente íleo secundário, porque há um motivo para ele acontecer), eritema na incisão(está caindo secreção na minha barriga), leucocitose 2. Sepse por pneumonite: caindo secreção entérica por vezes, na barriga. 3. Vazamento difuso pela cavidade(eventualmente)ou pelo dreno também➔ dreno ou coleções. Foto de vazamento difuso pela cavidade: Isso é cocô (retângulo marrom) e secreções entéricas saindo pelo meio da ferida. Isso é lama! PREVENÇÃO • Suporte nutricional se necessário 7-14 dias antes; • Evitar anastomose na emergência se peritonite (lembra que falamos da barriga muito infectada➔ muita secreção purulenta➔ evita anastomose porque as chances de infectar é maior!), dilatação intestinal significativa (pode abrir anastomose também) e edema; • Cuidado na confecção: cuidado técnico com a minha anastomose, tem que ser bem feita! TRATAMENTO • Reanimação (soro para hidratar meu pct), dieta 0, SNG: isso porque a deiscência de anastomose vai levar a um processo inflamatório e infeccioso abdominal e meu paciente vai fazer um íleo secundário! E eventualmente uma obstrução intestinal importante, então, para evitar que ele aspire, passa a Sonda nasogástrica. Na maioria das vezes o pct vai para o exame de imagem. • No caso da foto devazamento difuso pela cavidade➔ NÃO TENHO DÚVIDAS de que vamos levar para a sala de operações. Mas, as vezes podemos tomografar para ver se estamos diante de um abscesso: • TC com abscesso único➔ avaliar drenagem percutânea (e ai não leva para a sala de cirurgia, só se esse procedimento falhar, quando o paciente não evolui bem, continua sem conseguir comer, sem dejeção)- se for deiscência pequena, faz abscesso pequeno e talvez não precisemos levar para a sala, drenar e fazer ATB➔reoperação(eventualmente levo para a cirurgia). 11 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas • TC com abscessos múltiplos (vários focos de abscesso na barriga) ➔ reoperação. • Reoperação: se TC mostra que está aberto ou lesão de vazamento difuso pela cavidade (nesse caso, preciso encontrar onde está vazando conteúdo de alça intestinal)]. FÍSTULAS INTESTINAIS • Comunicação anormal entre um órgão oco epitelizado (alça ou estômago) e outra superfície epitelizada (pele, bexiga, outra alça) = • As fístulas podem ser: Traumáticas(p.ex. comunicação do intestino com a pele porque tomou facada), espontâneas(p.ex. tumor de intestino gigante que encontrou um lugar para sair pela pele), pós-operatórias(p.ex. manipulei e uma alça grudou na outra, ou alça grudou na bexiga, ou alça grudou na pele) FATORES DE RISCO 1. Tipo de cirurgia: Tratamento de CA, cirurgia infectada, uma lama, um monte de alça aberta ou serosada. 2. Doença de Crohn OU Retocolite ulcerativa: qualquer doença inflamatória intestinal, principalmente fístula ESPONTÂNEA. 3. Radiação: Tecido fica bem friável, tecido fica bem diferente na área irradiada, podendo fazer fístula espontânea também. 4. Obstrução intestinal. 5. Cirurgia de emergência. CLASSIFICAÇÃO • Alto débito➔>500ml/24h: lesões de via biliar, as vezes fazem fístulas de 1000ml por dia! Fistulas entéricas também podem ter! • Moderado➔ 200-500ml/24h; • Baixo débito➔<200ml/24h. SINAIS E SINTOMAS • Sepse➔ 25-75% dos casos: Esse não é o caminho normal, o corpo encontrou uma forma de drenar aquela secreção, mas isso aqui não é normal. • Exteriorização➔ pele, bexiga (piúria, infecção urinária recorrente, urina muda a cor), vagina (cocô pela vagina). • Interna: como por exemplo, pancreatite que complica com fístula interna que vai começar a formar coleção na barriga, aí você punciona, ai forma coleção de novo e fica nesse ciclo, punção-coleção, aí você pode ter essa fístula interna OU até mesmo aquela fístula de alças intestinais (mas ela não drena de uma alça para a outra? Mas ela não exteriorizou para nenhum lugar). • Desequilíbrio hidroeletrolítico: principalmente se estamos falando de uma fístula entérica, ali no delgado, meu intestino delgado ainda não absorveu todos os nutrientes (Na, K, enfim...) tá tudo saindo e exteriorizando pela pele e pela barriga, por onde não devia estar saindo. • Desnutrição. • Dermatite: pode ter no lugar que sai pela pele. TRATAMENTO Vamos tentar ser conservadores! • Reposição hidroeletrolítica; • ATB e controle da sepse; • Dieta 0; • Suporte nutricional; • Reabordagem: Se fístula não fechar por si mesma depois das medidas anteriores, vou ter que operar para corrigir a fístula! Isso aqui é um divertículo de Merkel (retângulo branco) do intestino delgado que fistulizou para a bexiga. Isso é uma fístula espontânea, o divertículo inflamou, perfurou e fez fistula para a bexiga. Na maioria das vezes você tem que esfriar o processo (ver se vai resolver). Se não resolver, aí depois a gente opera. Disse que essas complicações não vão se ater e falou muito rápido: SANGRAMENTO PÓS-OPERATÓRIO • Complicações das ostomias: • Colostomia: pode necrosar, desabar. COLITE PSEUDOMEMBRANOSA Lesões de ducto biliar: “Por último e não menos importante”. Principal complicação hepatobiliar é essa! 12 Beatriz Machado de Almeida Complicações cirúrgicas • Lesões pós-colecistectomia (na grande maioria das vezes vai ocorrer em uma colecistectomia mais difícil, de colecistite, e ai pode acontecer a lesão)- 0,4% a 0,7% (laparoscopia); 0,2% (aberta): quando acontece a lesão, eu tenho um acometimento do colédoco, do hepático comum OU o clip que coloquei no meu ducto cístico abre. QUADRO CLÍNICO: • Dor em HCD, febre, mal estar, icterícia (pode ou não ter icterícia) • Bile no dreno intra-abdominal: se eu coloquei o dreno, pode ter bile saindo por ele • Biloma, ascite bilosa: se não tem exteriorização para a pele, não tem dreno, pode fazer bilioma. Ou a bile extravasar para a cavidade abdominal toda, fazendo uma ascite biliosa. • Colangite: quando estenosa (resultado de cicatrização) DIAGNÓSTICO: • TC de abdome: Melhor forma, mais prática e disponível para fazermos diagnóstico. • CPRM: é um exame muito bom! Se temos disponível, usar ele antes da CPRE. Vemos a via biliar todinha. • CPRE: Não precisa decorar a Classificação de Strasberg, é para vida! Calma! Só para saber que ela é para a lesão de ducto biliar quando o preceptor perguntar. Imagem da TC: Na seta branca de PC: aqui tá o canal por onde passa bile. Nas setas brancas, vemos o extravasamento de bile para a cavidade, acumulando no espaço peri-hepático. TRATAMENTO: Vai variar muito também! • Se eu identifiquei no Intraoperatório➔ conversão (não tem como resolver por vídeo), correção (se eu consigo dar uns pontos e resolver é ótimo), dreno em T (se correção não deu certo- dreno que vai para cima da via biliar, para baixo e exterioriza pela pele), Y de Roux(eventualmente, se eu sei essa cirurgia, posso tentar fazer a conversão com o Y- pedaço de alça de intestino vai lá para a minha via biliar), drenagem e centro terciário(se eu não consegui/sei resolver- só drena e encaminha!) • Bilioma (fiz TC e vi isso)➔ drenagem percutânea e esfincterotomia com stent por CPRE • Cirurgia: essas são as indicações obrigatórias: 1. Obstrução importante do ducto; 2. Lesão grande; 3. Suspeita de lesão intestinal;4. Vi no intraoperatório e não sei resolver, manda para quem sabe!
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