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O caso da tabuleta da Confeitaria 
Machado de Assis 
Capítulo 49: Tabuleta velha 
 
Toda a gente voltou da ilha com o baile na cabeça, muita sonhou com ele, alguma dormiu mal ou nada. Aires 
foi dos que acordaram tarde; eram onze horas. Ao meio-dia almoçou (...). Fumou, leu, até que resolveu ir à Rua do 
Ouvidor. Como chegasse à vidraça de uma das janelas da frente, viu à porta da confeitaria uma figura inesperada, o 
velho Custódio, cheio de melancolia. (...) Aires queria saber o que o entristecia. 
– Vim para contá-lo a V. Ex
a
. É a tabuleta. 
– Que tabuleta? (...) 
– Tanto me aconselharam que fizesse reformar a tabuleta que afinal consenti (...) E sabe V. Ex
a
, o que me 
disse o pintor? Que a tábua está velha, e precisa de outra; a madeira não aguenta mais tinta. Não pude convencê-lo 
de pintar na mesma madeira. Mostrou-me que estava rachada e comida de bichos. Pois cá de baixo não se via. Teimei 
que pintasse assim mesmo; respondeu-me que era artista e não faria obra que se estragasse logo. 
– Pois reforme tudo. Pintura nova em madeira velha não vale nada. Agora verá que dura pelo resto da nossa 
vida. 
Capítulo 42: “Pare no d.” 
 
“Na véspera, tendo de ir abaixo, Custódio foi à rua da Assembleia, onde se pintava a tabuleta. Era já tarde; o 
pintor suspendera o trabalho. Só algumas das letras ficaram pintadas: a palavra Confeitaria e a letra d. (...) Gostou da 
tinta e da cor, reconciliou-se com a forma, e apenas perdoou a despesa. Recomendou pressa. Queria inaugurar a 
tabuleta no domingo. 
Ao acordar de manhã não soube logo do que houvera na cidade, mas pouco a pouco vieram vindo as notícias, 
viu passar um batalhão, e acreditou que lhe diziam a verdade, os que afirmavam a revolução e vagamente a 
República. A princípio, no meio do espanto, esqueceu-lhe a tabuleta. Quando se lembrou dela, viu que era preciso 
sustar a pintura. Escreveu às pressas um bilhete e mandou um caixeiro ao pintor. O bilhete dizia só isto: “Pare no D.” 
(...) Quando o portador voltou trouxe a notícia de que a tabuleta estava pronta. 
– Você viu-a pronta? 
– Vi, patrão. 
– Tinha escrito o nome antigo? 
– Tinha, sim, senhor: “Confeitaria do Império”. 
Custódio enfiou um casaco de alpaca e voou à Rua da Assembleia. Lá estava a tabuleta, por sinal que coberta 
com um pedaço de chita (...). Levantada a cortina, Custódio leu: “Confeitaria do Império”. Era o nome antigo, o 
próprio, o célebre (...) 
 
– O senhor vai despintar tudo isto, disse ele. 
– Não entendo. Quer dizer que o senhor paga primeiro a despesa. Depois, pinto outra coisa. 
– Mas que perde o senhor em substituir a última palavra por outra? A primeira pode ficar, e mesmo o d... Não 
leu o meu bilhete? 
– Chegou tarde. 
– E por que pintou, depois de tão graves acontecimentos? 
– O senhor tinha pressa, e eu acordei às cinco e meia para servi-lo. Quando me deram as notícias, a tabuleta 
estava pronta. Não me disse que queria pendurá-la domingo? Tive que pôr muito secante na tinta, e, além da tinta, 
gastei tempo e trabalho. 
Custódio quis repudiar a obra, mas o pintor ameaçou de pôr o número da confeitaria e o nome do dono na 
tabuleta, e expô-la assim, para que os revolucionários lhe fossem quebrar as vidraças do Catete. Não teve remédio 
senão capitular. Que esperasse; ia pensar na substituição (...) Que nome lhe poria agora? Nisso lembrou-lhe o vizinho 
Aires e correu a ouvi-lo. (...) 
Capítulo 43: Tabuleta nova 
 
– Mas o que é que há? – perguntou Aires. 
– A República está proclamada. 
– Já há governo? 
– Penso que já (...). Ajude-me a sair deste embaraço. A tabuleta está pronta, o nome todo pintado. – 
“Confeitaria do Império”, a tinta é viva e bonita. (...)V. Exa. crê que, se ficar “Império”, venham quebrar-me as 
vidraças? (...) 
– Mas pode pôr “Confeitaria da República”... 
– Lembrou-me isso, em caminho, mas também me lembrou que, se daqui a um ou dois meses, houver nova 
reviravolta, fico no ponto em que estou hoje, e perco outra vez o dinheiro. 
– Tem razão... Sente-se. 
(...) Aires propôs-lhe um meio-termo, um título que iria com ambas as hipóteses, – “Confeitaria do Governo”. 
– Tanto serve para um regime como para outro. 
– Não digo que não, e, a não ser a despesa perdida... Há, porém, uma razão contra. V.Exa. sabe que nenhum 
governo deixa de ter oposição. As oposições, quando descerem à rua, podem implicar comigo, imaginar que as 
desafio, e quebrarem-me a tabuleta; entretanto, o que procuro é o respeito de todos. (...) 
– Olhe, dou-lhe uma ideia, que pode ser aproveitada, e, se não a achar boa, tenho outra à mão, e será a 
última. Mas eu creio que qualquer uma delas serve. Deixe a tabuleta pintada como está, e à direita, na ponta, por 
baixo do título, mande escrever estas palavras que explicam tudo: “Fundada em 1860”. Não foi em 1860 que abriu a 
casa? 
– Foi, respondeu Custódio. 
 
– Pois... 
Custódio refletia. Não se lhe podia ler sim nem não (...) confessou que a ideia era boa. (...). Entretanto, a 
outra ideia podia ser igual ou melhor, e quisera comparar as duas. 
– A outra ideia não tem a vantagem de pôr a data à fundação da casa, tem só a de definir o título, que fica 
sendo o mesmo, de uma maneira alheia ao regime. Deixe-lhe a palavra império e acrescente-lhe embaixo, ao centro, 
estas duas... das leis. Olhe, assim, concluiu Aires, sentando-se à secretária, e escrevendo em uma tira de papel o que 
dizia. 
Custódio leu, releu e achou que a ideia era útil; sim, não lhe parecia má. Só lhe via um defeito: sendo as letras 
de baixo menores, podiam não ser lidas tão depressa e claramente como as de cima (...) Daí que algum político ou 
sequer inimigo pessoal não entendesse logo e... (...) 
Aires achou outro título, o nome da rua, “Confeitaria do Catete” (...) havendo outra confeitaria na mesma 
rua, esse título ficava comum às duas casas. (...) Disse-lhe então que o melhor seria pagar a despesa feita e não pôr 
nada, a não ser que preferisse o seu próprio nome: Confeitaria do Custódio. Muita gente certamente lhe não conhecia 
a casa por outra designação. Um nome, o próprio nome do dono, não tinha significação política ou figuração histórica, 
ódio nem amor, nada que chamasse a atenção dos dois regimes, e conseguintemente que pusesse em perigo os seus 
pastéis de Santa Clara, menos ainda a vida do proprietário e dos empregados. Por que é que não adotava esse alvitre? 
Gastava alguma coisa com a troca de uma palavra por outra, Custódio em vez de Império, mas as revoluções trazem 
sempre despesas. 
– Sim, vou pensar, Excelentíssimo. Talvez convenha esperar um ou dois dias, a ver em que param as modas, 
disse Custódio agradecendo. 
ASSIS, Machado de. Esaú e Jacó (1904). São Paulo: Ática, 1998, p. 91-116. 
 
 
Avenida Central, Rio de Janeiro, c. 1906 (detalhe). Fotografia de Marc Ferrez/Coleção Gilberto Ferrez/Acervo Instituto 
Moreira Salles. 
 
 
 
 
Sugestões de atividades 
 
 
1. Situar tempo e espaço da narrativa. 
 
a) Em que cidade se passam os acontecimentos? Qual era a importância dessa cidade na época? 
 
b) A partir das frases e expressões citadas abaixo, em que dias ocorreram os fatos narrados? 
“Toda gente voltou da ilha com o baile na cabeça” (Cap. 49) 
“Na véspera” (Cap. 42) 
“Ao acordar de manhã” (Cap. 42) 
 
c) A narrativa menciona ruas importantes do centro do Rio de Janeiro. Quais são elas? 
 
2. Compreensão da leitura 
 
a) Qual era o nome original da Confeitaria? 
 
b) Por que esse nome não podia mais permanecer? 
 
c) Que outros nomes foram sugeridos para a confeitaria? 
 
d) Por que Custódio não aceitou esses nomes sugeridos? O que havia de errado com eles? 
 
3. Análise e contextualização da narrativa 
 
Nos trechos abaixo, o autor faz alusões irônicas à mudança do regime que permitem refletir sobre o significado dos 
acontecimentos para a população da época. Comente cada trecho destacando a mensagem que há em cada um deles. 
 
I. “A tábua está velha, e precisa de outra; a madeira não aguentamais tinta. (…) estava rachada e comida de 
bichos. Pois cá de baixo não se via.” 
 
II. “Ao acordar de manhã não soube logo do que houvera na cidade, mas pouco a pouco vieram vindo as 
notícias, viu passar um batalhão, e acreditou que lhe diziam a verdade, os que afirmavam a revolução e 
vagamente a República.” 
 
III. “Custódio quis repudiar a obra, mas o pintor ameaçou de pôr o número da confeitaria e o nome do dono na 
tabuleta, e expô-la assim, para que os revolucionários lhe fossem quebrar as vidraças do Catete.” 
 
IV. “– Lembrou-me isso, em caminho, mas também me lembrou que, se daqui a um ou dois meses, houver nova 
reviravolta, fico no ponto em que estou hoje, e perco outra vez o dinheiro.” 
 
V. “V.Exa. sabe que nenhum governo deixa de ter oposição. As oposições, quando descerem à rua, podem 
implicar comigo, imaginar que as desafio, e quebrarem-me a tabuleta; entretanto, o que procuro é o respeito 
de todos.” 
 
VI. “– Sim, vou pensar, Excelentíssimo. Talvez convenha esperar um ou dois dias, a ver em que param as modas, 
disse Custódio agradecendo.” 
 
4. Pesquisa sobre a época 
 
Pesquisar sobre o Rio de Janeiro no final do século XIX, especialmente sobre as ruas mencionadas no trecho estudado: 
rua do Ouvidor, rua da Assembleia e rua do Catete. Uma pesquisa por imagem, na Internet, permitirá que os alunos 
encontrarem muitas fotografias da época especialmente de Marc Ferrez, Augusto Malta e Militão. 
 
 
5. Teste de vestibular: UNESP (2011) 
 
 “Confeitaria do Custódio”. Muita gente certamente lhe não conhecia a casa por outra designação. Um nome, o 
próprio nome do dono, não tinha significação política ou figuração histórica, ódio nem amor, nada que chamasse a 
atenção dos dois regimes, e conseguintemente que pusesse em perigo os seus pastéis de Santa Clara, menos ainda a 
vida do proprietário e dos empregados. Por que é que não adotava esse alvitre? Gastava alguma coisa com a troca de 
uma palavra por outra, Custódio em vez de Império, mas as revoluções trazem sempre despesas.” 
Machado de Assis. Esaú e Jacó. Obra completa, 1904. 
 
O fragmento, extraído do romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, narra a desventura de Custódio, dono de uma 
confeitaria no Rio de Janeiro que, às vésperas da proclamação da República, mandou fazer uma placa com o nome 
“Confeitaria do Império” e agora temia desagradar ao novo regime. A ironia com que as dúvidas de Custódio são 
narradas representa o: 
 
a) Desconsolo popular com o fim da monarquia e a queda do imperador, uma personagem política idolatrada. 
b) Respaldo da sociedade com que a proclamação da república contou e que a transformou numa revolução 
social. 
c) Alheamento de parte da sociedade brasileira diante do conteúdo ideológico da mudança política. 
d) Reconhecimento, pelos cidadãos brasileiros, da ampliação dos direitos de cidadania trazidos pela república. 
e) Impacto profundo da transformação política no cotidiano da população, que imediatamente apoiou o novo 
regime. 
 
 
 
Respostas 
 
 
1. Situar tempo e espaço da narrativa 
 
a) Os fatos se passam na cidade do Rio de Janeiro que era a sede da Corte e a capital do Império. 
b) Os fatos ocorreram entre os dias 10 e 15 de novembro de 1889. A primeira frase refere-se ao Baile da Ilha 
Fiscal, ocorrido em 9/11/1889, no Rio de Janeiro. “Na véspera”, refere-se ao dia 14, anterior à proclamação 
da República, o que se pode deduzir pelo parágrafo seguinte que diz respeito à proclamação propriamente 
dita, ocorrida naquela manhã. 
c) Rua do Ouvidor, Rua da Assembleia e Rua do Catete – ruas do centro da Corte. 
 
 
2. Compreensão de leitura 
 
a) Confeitaria do Império. 
 
b) Porque mudou a forma de governo: caiu a monarquia e foi implantada a República. 
 
c) Foram sugeridos cinco nomes: Confeitaria da República, Confeitaria do Governo, Confeitaria do Império das 
Leis, Confeitaria do Catete e Confeitaria do Custódio. 
 
d) Confeitaria da República: nome impróprio porque poderia haver uma reviravolta política e volta a 
Monarquia. Confeitaria do Governo: poderia instigar a oposição a atacar a loja. Confeitaria do Império das 
Leis: as pessoas poderiam, na pressa, lerem somente o começo do nome isso poderia dar problemas. 
Confeitaria do Catete: já havia outra doceira com o mesmo nome. 
 
3. Análise e contextualização da narrativa 
 
I. Alusão ao regime monárquico que estaria desgastado, corrompido e, portanto, deveria ser mudado.A frase 
“Pois cá de baixo não se via” remete à ideia de que a população, distante das decisões do poder, não tinha 
ideia do desgaste do governo que não aguentava sequer uma reforma política. 
II. Refere-se ao golpe que pegou a população de surpresa e que ficou sem entender direito o que estava 
acontecendo. 
III. Os ânimos estavam exaltados e aqueles que defendessem o regime deposto podiam sofrer represálias. Por 
isso, Custódio ficou com medo de ter seu nome exposto na tabuleta “Confeitaria do Império”. 
IV. Não havia certeza se a mudança de forma de governo seria definitiva, os fatos poderiam mudar e a 
monarquia ser restabelecida. 
V. Nenhum governo é plenamente aceito e tem a concordância da maioria da população. Seja Monarquia ou 
República sempre haverá oposição, adversários e críticas. 
VI. Tem o mesmo sentido do trecho IV acrescentando ainda que a mudança de forma de governo era uma 
questão de “moda” – o que faz pensar que os republicanos não teriam um programa político definido. 
 
4. Pesquisa sobre a época 
A atividade proposta pode se desdobrar em um trabalho interdisciplinar com Artes e Língua Portuguesa tendo por 
tema central o patrimônio histórico e cultural do Brasil Imperial. Além do acervo patrimonial do Rio de Janeiro (que 
também pode ser investigado por meio de romances da época), pode-se propor o mapeamento do patrimônio da 
cidade em que se vive ou da capital do estado. 
 
5. Teste de vestibular 
Alternativa C. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sugestões de atividades 
 
1. Situar tempo e espaço da narrativa. 
 
 
a) Em que cidade se passam os acontecimentos? Qual era a importância dessa cidade na época? 
 
b) A partir das frases e expressões abaixo citadas, em que dias ocorreram os fatos narrados? 
“Toda gente voltou da ilha com o baile na cabeça” (Cap. 49) 
“Na véspera” (Cap. 42) 
“Ao acordar de manhã” (Cap. 42) 
 
c) A narrativa menciona ruas importantes do centro do Rio de Janeiro. Quais são elas? 
 
2. Compreensão da leitura 
 
a) Qual era o nome original da Confeitaria? 
 
b) Por que esse nome não podia mais permanecer? 
 
c) Que outros nomes foram sugeridos para a confeitaria? 
 
d) Por que Custódio não aceitou esses nomes sugeridos? O que havia de errado com eles? 
 
3. Análise e interpretação de texto 
 
Nos trechos abaixo, o autor faz alusões irônicas à mudança do regime que permitem refletir sobre o significado dos 
acontecimentos para a população da época. Comente cada trecho destacando a mensagem subentendida que há em 
cada um deles. 
 
I. “A tábua está velha, e precisa de outra; a madeira não aguenta mais tinta. (…) estava rachada e comida de bichos. 
Pois cá de baixo não se via.” 
 
II “Ao acordar de manhã não soube logo do que houvera na cidade, mas pouco a pouco vieram vindo as notícias, viu 
passar um batalhão, e acreditou que lhe diziam a verdade, os que afirmavam a revolução e vagamente a República.” 
 
III. “Custódio quis repudiar a obra, mas o pintor ameaçou de pôr o número da confeitaria e o nome do dono na 
tabuleta, e expô-la assim, para que os revolucionários lhe fossem quebrar as vidraças do Catete.” 
 
IV. “– Lembrou-me isso, em caminho, mas também me lembrou que, se daqui a um ou dois meses, houver nova 
reviravolta, fico no ponto em que estou hoje, e perco outra vez o dinheiro.” 
 
V. “V.Exa. sabe que nenhum governo deixa de ter oposição. As oposições, quando descerem à rua, podem implicar 
comigo, imaginar que as desafio, e quebrarem-me a tabuleta; entretanto, o que procuro é o respeito de todos.” 
VI. “– Sim, vou pensar, Excelentíssimo.Talvez convenha esperar um ou dois dias, a ver em que param as modas, disse 
Custódio agradecendo.” 
 
4. Pesquisa sobre a época 
 
Pesquisar sobre o Rio de Janeiro no final do século XIX, especialmente sobre as ruas mencionadas no trecho estudado: 
rua do Ouvidor, rua da Assembleia e rua do Catete. Uma pesquisa por imagem, na Internet, permitirá que os alunos 
encontrarem muitas fotografias da época especialmente de Marc Ferrez, Augusto Malta e Militão. 
 
5. Teste de vestibular: UNESP (2011) 
 
 “Confeitaria do Custódio”. Muita gente certamente lhe não conhecia a casa por outra designação. Um nome, o 
próprio nome do dono, não tinha significação política ou figuração histórica, ódio nem amor, nada que chamasse a 
atenção dos dois regimes, e conseguintemente que pusesse em perigo os seus pastéis de Santa Clara, menos ainda a 
vida do proprietário e dos empregados. Por que é que não adotava esse alvitre? Gastava alguma coisa com a troca de 
uma palavra por outra, Custódio em vez de Império, mas as revoluções trazem sempre despesas.” 
Machado de Assis. Esaú e Jacó. Obra completa, 1904. 
 
 
O fragmento, extraído do romance Esaú e Jacó, de Machado de Assis, narra a desventura de Custódio, dono de uma 
confeitaria no Rio de Janeiro que, às vésperas da proclamação da República, mandou fazer uma placa com o nome 
“Confeitaria do Império” e agora temia desagradar ao novo regime. A ironia com que as dúvidas de Custódio são 
narradas representa o: 
 
Desconsolo popular com o fim da monarquia e a queda do imperador, uma personagem política idolatrada. 
Respaldo da sociedade com que a proclamação da república contou e que a transformou numa revolução social. 
Alheamento de parte da sociedade brasileira diante do conteúdo ideológico da mudança política. 
Reconhecimento, pelos cidadãos brasileiros, da ampliação dos direitos de cidadania trazidos pela república. 
Impacto profundo da transformação política no cotidiano da população, que imediatamente apoiou o novo regime. 
 
 
 
RESPOSTAS 
 
1. 
a) Os fatos se passam na cidade do Rio de Janeiro que era a sede da Corte e a capital do Império. 
 
b) Os fatos ocorreram entre os dias 10 e 15 de novembro de 1889. A primeira frase refere-se ao Baile da Ilha Fiscal, 
ocorrido em 9/11/1889, no Rio de Janeiro. “Na véspera”, refere-se ao dia anterior à proclamação da República, dia 14, 
o que se pode deduzir pelo parágrafo seguinte que diz respeito ao fato já ocorrido naquela manhã, a proclamação 
propriamente dita. 
 
c) Rua do Ouvidor, rua da Assembleia e rua do Catete – ruas do centro da Corte. 
 
 
2. 
a) Confeitaria do Império. 
 
b) Porque mudou a forma de governo: caiu a monarquia e foi implantada a República. 
 
c) Foram sugeridos cinco nomes: Confeitaria da República, Confeitaria do Governo, Confeitaria do Império das Leis, 
Confeitaria do Catete e Confeitaria do Custódio. 
 
d) Confeitaria da República: nome impróprio porque poderia haver uma reviravolta política e volta a Monarquia. 
Confeitaria do Governo: poderia instigar a oposição a atacar a loja. 
Confeitaria do Império das Leis: as pessoas poderiam, na pressa, lerem somente o começo do nome isso poderia dar 
problemas. 
Confeitaria do Catete: já havia outra doceira com o mesmo nome.

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