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Língua Portuguesa simulado

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Prévia do material em texto

Simulado
Criado em: 11/08/2021 às 22:56:58
TEXTO 1
1 Os cadáveres eram então atirados por sobre as ondas, sem qualquer cerimônia,
às vezes sem ao menos a proteção de um pano ou lençol, para serem imediatamente
devorados por tubarões e outros predadores marinhos. Segundo inúmeras testemu-
nhas da época, mortes tão frequentes e em cifras tão grandes fizeram com que esses
5 grandes peixes mudassem suas rotas migratórias, passando a acompanhar os navios
negreiros na travessia do oceano, à espera dos corpos que seriam lançados sobre as
ondas e lhes serviriam de alimento. Esses rituais eram parte da rotina a bordo.
“Os tubarões começaram a seguir os navios negreiros assim que as embarca-
ções alcançavam a costa de Guiné, escreveu o historiador Marcus Rediker. “Eram
10 observados pelos marinheiros da Senegâmbia ao Congo e Angola, passando pela
Costa do Ouro e dos Escravos (atuais Gana, Togo, República do Benim e Nigéria),
sempre que os navios estavam ancorados ou se moviam lentamente”. Um corpo ou
um homem vivo que caísse nas águas por acidente seria imediatamente destroçado.
Alexander Falconbridge, médico britânico que participou de quatro viagens negreiras
15 entre 1780 a 1787, testemunhou diversas cenas como essa enquanto observava o
embarque de cativos na costa de Bouny (atual Nigéria). Segundo ele, os tubarões
cercavam os navios “em número inacreditável, devorando rapidamente os negros
que eram arremessados da amurada”. Relato semelhante é de John Atkins, também
médico da Marinha Britânica na primeira metade do século XVIII: “Diversas vezes eu
20 vi os tubarões se apoderarem de um cadáver; assim que era jogado ao mar, despe-
daçando-o e devorando-o com tal voracidade que não dava tempo sequer para que
começasse a afundar nas águas”.
GOMES, Laurentino. Escravidão (Vol. 1): Do primeiro leilão de cativos em Portugal até a morte de
Zumbi dos Palmares. 1 ed. Rio de Janeiro: Globolivros, 2019, pp. 49-50.
1. [Q1825798]
Na oração “Esses rituais eram parte da rotina a bordo”, a expressão “esses rituais” se refere a:
a) rituais macabros realizados na África.
b) rituais de morte das religiões de origem afro.
c) a rotina de lançar cadáveres pela amurada dos navios aos tubarões.
d) as rezas e benzeções dos negros a bordo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais (Questões inéditas) - CRS - PMMG. 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG /
Soldado - 2º Simulado / Questão: 3
2. [Q1825804]
Na oração “Um corpo ou um homem vivo que caísse nas águas por acidente seria imediatamente
destroçado”, o sujeito do verbo “seria destroçado” é:
a) “Um corpo”.
b) “Um corpo ou um homem vivo que caísse nas águas por acidente”.
c) “Um corpo ou um homem”.
d) “Um corpo ou um homem vivo”.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais (Questões inéditas) - CRS - PMMG. 2021 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG /
Soldado - 2º Simulado / Questão: 7
Pulsão de morte
O ano era 1932. Albert Einstein (1879-1955) foi convidado pela recém-criada Comissão Permanente
de Letras e Artes da Liga das Nações para debater com um interlocutor escolhido por ele sobre
algum tema de interesse geral do planeta. O físico quis tratar das razões que levam os países a
conflitos armados e escolheu Sigmund Freud para trocar cartas sobre o assunto. Falar a respeito da
paz mundial, aliás, fazia todo o sentido na época – não era só papo-furado de Miss Universo. A
Primeira Guerra, aquela que os mais otimistas achavam que seria “a guerra para acabar com todas
as guerras” havia terminado só 14 anos antes, deixando cerca de 18 milhões de mortos. Naquele
mesmo 1932, o Partido Nazista elegeria 230 deputados e se tornaria o segundo com maior
representação no Parlamento alemão. No começo do ano seguinte, Hitler se tornaria chanceler da
Alemanha.
Foi nesse cenário de ódio e instabilidade internacional que Einstein – pacifista declarado – tomou a
iniciativa de escrever para Freud. O teor da mensagem era justamente um pedido de
“esclarecimento psicológico” sobre o que seria possível fazer a favor da paz. Mas a resposta não foi
bem o que o físico esperava. “Vigora no homem uma necessidade de odiar e aniquilar”, escreveu
Freud. “Tal predisposição, em tempos normais, apresenta-se em estado latente e só vem à tona no
anormal. Mas ela pode ser despertada com uma relativa facilidade e se intensificar em psicose de
massa.” Diante de uma declaração que mais parecia argumentar a favor da guerra – como uma
extensão inevitável da natureza humana –, o pai da relatividade pediu mais explicações ao pai da
psicanálise. A nova resposta veio, então, em forma de um manifesto político, intitulado Warum
Krieg? (“Por que a guerra?”).
Nesse texto, bem mais extenso do que a carta de três páginas com que Einstein tinha começado o
debate, Freud não chegou a negar o que já havia dito, pelo contrário: “Não há perspectiva de abolir
as tendências agressivas do ser humano”. O que passa perto de ser otimista na carta de Sigmund
Freud a Albert Einstein é justamente a ideia de que, se temos uma energia mental voltada à
destruição, ela tem uma contrapartida que busca a autoconservação e a união dos povos. Para
Freud, um caminho possível para se evitar a guerra, então, passaria por manter internalizada essa
energia destrutiva e dar espaço para que as pessoas externem um impulso que ele associou a Eros, o
deus do amor. Quando estamos na base do All You Need is Love, formamos laços emocionais com as
pessoas e desenvolvemos a empatia, dois importantes antídotos contra a guerra.
Freud diz ainda que o desenvolvimento da cultura ou da civilização, ao colocar obstáculos aos nossos
impulsos destrutivos – afinal, não dá para viver em sociedade sendo um cão raivoso o tempo todo –, é
o que dá melhor resultado na prevenção de grandes conflitos. Até que conclui a carta torcendo para
que, num futuro indeterminado, diversas circunstâncias contribuam para o fim definitivo das guerras
entre países – ainda que, pelo tom, dê para perceber que ele mesmo não acredite muito nisso.
Dossiê Superinteressante, editora Abril, junho/2020, pp.61-62.
3. [Q1320307]
A partir do texto lido, pode-se afirmar que, para Freud, a guerra é
a) uma necessidade humana inevitável a longo prazo.
b) possível resultado de se despertar, em tempos anormais, a predisposição humana latente para
odiar e aniquilar.
c) uma oportunidade para conhecer a real natureza humana que eclode para evidenciar sua
tendência natural à destruição.
d) um evento completamente inevitável no decurso da história humana.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Pressupostos e subentendidos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais (Questões inéditas) - CRS - PMMG. 2020 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG /
Oficial CFO - 1º Simulado / Questão: 3
INTERPRETAÇÃO DO TEXTO
Leia, atentamente, os textos I e II e, em seguida, responda as questões propostas.
TEXTO I
A regreção da redassão
Carlos Eduardo Novaes
Semana passada recebi um telefonema de uma senhora que me deixou surpreso. Pedia
encarecidamente que ensinasse seu filho a escrever.
- Mas, minha senhora, - desculpei-me -, eu não sou professor.
- Eu sei. Por isso mesmo. Os professores não têm conseguido muito.
- A culpa não é deles. A falha é do ensino.
- Pode ser, mas gostaria que o senhor ensinasse o menino. O senhor escreve muito bem.
- Obrigado - agradeci -, mas não acredite muito nisso. Não coloco vírgulas e nunca sei onde botar os
acentos. A senhora precisa ver o trabalho que dou ao revisor.
- Não faz mal – insistiu -, o senhor vem e traz um revisor.
- Não dá, minha senhora – tornei a me desculpar -, eu não tenho o menor jeito com crianças.
- E quem falou em crianças? Meu filho tem 17 anos
Comentei o fato com um professor, meu amigo, que me respondeu: “Você não deve se assustar, o
estudante brasileiro não sabe escrever”. No dia seguinte, ouvi de outro educador: “O estudantebrasileiro não sabe escrever”. Depois li no jornal as declarações de um diretor de faculdade: “O
estudante brasileiro escreve muito mal”. Impressionado, saí à procura de outros educadores. Todos
disseram: “acredite, o estudante brasileiro não sabe escrever”. Passei a observar e notei que já não
se escreve mais como antigamente. Ninguém faz mais diário, ninguém escreve em portas de
banheiros, em muros, em paredes. Não tenho visto nem aquelas inscrições, geralmente
acompanhadas de um coração, feitas em casca de árvore. Bem, é verdade que não tenho visto nem
árvore.
- Quer dizer – disse a um amigo enquanto íamos pela rua – que o estudante brasileiro não sabe
escrever? Isto é ótimo para mim. Pelo menos diminui a concorrência e me garante o emprego por
mais dez anos.
- Engano seu – disse ele. – A continuar assim, dentro de cinco anos você terá que mudar de
profissão.
- Por quê? – espantei-me. – Quanto menos gente sabendo escrever, mais chance eu tenho de
sobreviver.
- E você sabe por que essa geração não sabe escrever?
- Sei lá – dei com os ombros –, vai ver que é porque não pega direito no lápis.
- Não senhor. Não sabe escrever porque está perdendo o hábito de leitura. E quando perder
completamente, você vai escrever para quem?
Taí um dado novo que eu não havia considerado. Imediatamente pensei quais as utilidades que
teria um jornal no futuro: embrulhar carne? Então vou trabalhar em açougue. Serviria para fazer
barquinhos, para fazer fogueira nas arquibancadas do Maracanã, para forrar sapato furado ou para
quebrar um galho em banheiro de estrada? Imaginei-me com uns textos na mão, correndo pelas ruas
para oferecer às pessoas, assim como quem oferece um bilhete de loteria:
- Por favor amigo, leia – disse, puxando um cidadão pelo paletó.
- Não, obrigado. Não estou interessado. Nos últimos cinco anos a única coisa que leio é a bula de
remédio.
- E a senhorita não quer ler? - perguntei, acompanhando os passos de uma universitária. – A
senhorita vai gostar. É um texto muito curioso.
- O senhor só tem escrito? Então não quero. Por que o senhor não grava o texto? Fica mais fácil
ouvi-lo no meu gravador.
- E o senhor, não está interessado nuns textos?
- É sobre o quê? Ensina como ganhar dinheiro?
- E o senhor, vai? Leva três e paga um.
- Deixa eu ver o tamanho – pediu ele.
Assustou-se com o tamanho do texto:
- O quê? Tudo isso? O senhor está pensando que sou vagabundo? Que tenho tempo para ler tudo
isso? Não dá para resumir tudo isso em cinco linhas?
NOVAES, Carlos Eduardo. In: A cadeira do dentista & outras crônicas. São Paulo: Ática,
1999. Para gostar de ler, vol. 15.
TEXTO II
O fragmento de texto reproduzido a seguir faz parte da crônica “A menina que falava em
internetês, escrito por Rosana Hermann. Na crônica, Wanda, uma mãe que gostava de acreditar-se
moderna, compra um computador e, navegando, pela internet, inicia uma conversa “on-line” com a
filha adolescente. Quase ao final do diálogo, mãe e filha escrevem:
“[...]
_ Antes de ir para casa eu vou passar no supermercado. O que você quer que compre para...
para... para vc? É assim que se diz em internetês.
_ refri e bisc8
_ Refrigerante e biscoito? Biscoito? Filha, francamente, que linguagem é essa? Você estuda no
melhor colégio, seu pai paga uma mensalidade altíssima, e você escreve assim na internet? Sem
vogais, sem acentos, sem completar as palavras, sem usar maiúsculas no início de uma frase, com
orações sem nexo e ainda por cima usando números no lugar de sílabas? Isso é inadmissível, Maria
Eugênia!
“_ xau mãe, c ta xata.”
_ Maria Eugênia! Chata é com ch.
_
_ Maria Eugênia?
_
_ Desligou. [...]’’
HERMANN, Rosana. Lições de Gramática para que gosta de literatura. São Paulo: Panda Books, 2007.
4. [Q1748442]
Marque a opção cuja frase ou trecho de frase apresenta locução prepositiva:
a) “O senhor escreve muito bem.”
b) “Impressionado, saí à procura de outros educadores.”
c) “[...] ninguém escreve em portas de banheiros [...]”.
d) “[...] vai ver que é porque não pega direito no lápis.”
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Preposição, Locução prepositiva.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2019 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficial Médico - Área:
Anestesiologia / Questão: 7
Passeio noturno
Cheguei em casa carregando a pasta cheia de papéis, relatórios, estudos, pesquisas, propostas,
contratos. Minha mulher, jogando paciência na cama, um copo de uísque na mesa de cabeceira,
disse, sem tirar os olhos das cartas, você está com um ar cansado. Os sons da casa: minha filha no
quarto dela treinando impostação de voz, a música quadrifônica do quarto do meu filho. Você não vai
largar essa mala?, perguntou minha mulher, tira essa roupa, bebe um uisquinho, você precisa
aprender a relaxar.
Fui para a biblioteca, o lugar da casa onde gostava de ficar isolado e como sempre não fiz nada. Abri
o volume de pesquisas sobre a mesa, não via as letras e números, eu esperava apenas. Você não
pára de trabalhar, aposto que os teus sócios não trabalham nem a metade e ganham a mesma coisa,
entrou a minha mulher na sala com o copo na mão, já posso mandar servir o jantar?
A copeira servia à francesa, meus filhos tinham crescido, eu e a minha mulher estávamos gordos. É
aquele vinho que você gosta, ela estalou a língua com prazer. Meu filho me pediu dinheiro quando
estávamos no cafezinho, minha filha me pediu dinheiro na hora do licor. Minha mulher nada pediu,
nós tínhamos conta bancária conjunta. Vamos dar uma volta de carro?, convidei. Eu sabia que ela
não ia, era hora da novela. Não sei que graça você acha em passear de carro todas as noites,
também aquele carro custou uma fortuna, tem que ser usado, eu é que cada vez me apego menos
aos bens materiais, minha mulher respondeu.
Os carros dos meninos bloqueavam a porta da garagem, impedindo que eu tirasse o meu. Tirei os
carros dos dois, botei na rua, tirei o meu, botei na rua, coloquei os dois carros novamente na
garagem, fechei a porta, essas manobras todas me deixaram levemente irritado, mas ao ver os pára-
choques salientes do meu carro, o reforço especial duplo de aço cromado, senti o coração bater
apressado de euforia. Enfiei a chave na ignição, era um motor poderoso que gerava a sua força em
silêncio, escondido no capô aerodinâmico. Saí, como sempre sem saber para onde ir, tinha que ser
uma rua deserta, nesta cidade que tem mais gente do que moscas. Na avenida Brasil, ali não podia
ser, muito movimento. Cheguei numa rua mal iluminada, cheia de árvores escuras, o lugar ideal.
Homem ou mulher? Realmente não fazia grande diferença, mas não aparecia ninguém em condições,
comecei a ficar tenso, isso sempre acontecia, eu até gostava, o alívio era maior. Então vi a mulher,
podia ser ela, ainda que mulher fosse menos emocionante, por ser mais fácil. Ela caminhava
apressadamente, carregando um embrulho de papel ordinário, coisas de padaria ou de quitanda,
estava de saia e blusa, andava depressa, havia árvores na calçada, de vinte em vinte metros, um
interessante problema a exigir uma grande dose de perícia. Apaguei as luzes do carro e acelerei. Ela
só percebeu que eu ia para cima dela quando ouviu o som da borracha dos pneus batendo no meio-
fio. Peguei a mulher acima dos joelhos, bem no meio das duas pernas, um pouco mais sobre a
esquerda, um golpe perfeito, ouvi o barulho do impacto partindo os dois ossões, dei uma guinada
rápida para a esquerda, passei como um foguete rente a uma das árvores e deslizei com os pneus
cantando, de volta para o asfalto. Motor bom, o meu, ia de zero a cem quilômetros em nove
segundos. Ainda deu para ver que o corpo todo desengonçado da mulher havia ido parar, colorido de
sangue, em cima de um muro, desses baixinhos de casa de subúrbio.
Examinei o carro na garagem. Corri orgulhosamente a mão de leve pelos pára-lamas, os pára-
choques sem marca. Poucas pessoas, no mundo inteiro, igualavam a minha habilidade no uso
daquelas máquinas.
A família estavavendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha
mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi,
amanhã vou ter um dia terrível na companhia.
Referência: FONSECA, Rubem. Passeio Noturno, in: Contos Reunidos. São Paulo:
Companhia das Letras. 1994.
INTERPRETAÇÃO DE TEXTO
Com base no texto “Passeio noturno” responda as questões abaixo:
5. [Q1143634]
Leia o trecho apresentado e responda à questão abaixo:
“A família estava vendo televisão. Deu a sua voltinha, agora está mais calmo?, perguntou minha
mulher, deitada no sofá, olhando fixamente o vídeo. Vou dormir, boa noite para todos, respondi,
amanhã vou ter um dia terrível na companhia.”
Com base no trecho acima, marque a alternativa CORRETA que corresponda à inferência feita pela
mulher em relação ao passeio de carro feito pelo marido:
a) A mulher inferiu que o passeio não seria uma maneira do marido liberar o estresse diário.
b) A mulher inferiu que o passeio seria uma maneira do marido, relaxado, conduzir o carro sem
um objetivo específico.
c) A mulher inferiu que o passeio seria uma maneira do marido se ocupar com algo inútil que
aumentasse o nível de estresse diário.
d) A mulher inferiu que o passeio seria uma maneira do marido liberar o estresse diário.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2018 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado da Polícia
Militar / Questão: 6
VIVER EM SOCIEDADE
Dalmo de Abreu Dallari
A sociedade humana é um conjunto de pessoas ligadas pela necessidade de se ajudarem umas às
outras, a fim de que possam garantir a continuidade da vida e satisfazer seus interesses e desejos.
Sem vida em sociedade, as pessoas não conseguiriam sobreviver, pois o ser humano, durante muito
tempo, necessita de outros para conseguir alimentação e abrigo.
E no mundo moderno, com a grande maioria das pessoas morando na cidade, com hábitos que
tornam necessários muitos bens produzidos pela indústria, não há quem não necessite dos outros
muitas vezes por dia. Mas as necessidades dos seres humanos não são apenas de ordem material,
como os alimentos, a roupa, a moradia, os meios de transportes e os cuidados de saúde.
Elas são também de ordem espiritual e psicológica. Toda pessoa humana necessita de afeto, precisa
amar e sentir-se amada, quer sempre que alguém lhe dê atenção e que todos a respeitem. Além
disso, todo ser humano tem suas crenças, tem sua fé em alguma coisa, que é a base de suas
esperanças.
Os seres humanos não vivem juntos, não vivem em sociedade, apenas porque escolhem esse modo
de vida, mas porque a vida em sociedade é uma necessidade da natureza humana. Assim, por
exemplo, se dependesse apenas da vontade, seria possível uma pessoa muito rica isolar-se em algum
lugar, onde tivesse armazenado grande quantidade de alimentos. Mas essa pessoa estaria, em pouco
tempo, sentindo falta de companhia, sofrendo a tristeza da solidão, precisando de alguém com quem
falar e trocar ideias, necessitada de dar e receber afeto. E muito provavelmente ficaria louca se
continuasse sozinha por muito tempo.
Mas, justamente porque vivendo em sociedade é que a pessoa humana pode satisfazer suas
necessidades, é preciso que a sociedade seja organizada de tal modo que sirva, realmente, para esse
fim. E não basta que a vida social permita apenas a satisfação de algumas necessidades da pessoa
humana ou de todas as necessidades de apenas algumas pessoas. A sociedade organizada com
justiça é aquela em que se procura fazer com que todas as pessoas possam satisfazer todas as suas
necessidades, é aquela em que todos, desde o momento em que nascem, têm as mesmas
oportunidades, aquela em que os benefícios e encargos são repartidos igualmente entre todos.
Para que essa repartição se faça com justiça, é preciso que todos procurem conhecer seus direitos e
exijam que eles sejam respeitados, como também devem conhecer e cumprir seus deveres e suas
responsabilidades sociais.
Rosenthal, Marcelo et al. Interpretação de textos e semântica para concursos. Rio de Janeiro:
Essevier, 2012.
6. [Q1753435]
Quanto à tipologia, o texto apresenta as características de um (a):
a) Carta.
b) Artigo de opinião.
c) Debate.
d) Crônica.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Artigo de opinião.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 3
7. [Q1753438]
relação ao texto, nas assertivas abaixo, marque “V” se for verdadeira ou “F” se for falsa e, em
seguida, marque a alternativa que contém a sequência de respostas CORRETA, na ordem de cima
para baixo:
( )O autor apresenta uma série de argumentos ordenados logicamente não se importando em
convencer o leitor.
( )O autor fala de forma subjetiva a respeito do tema abordado.
( )Seria impossível a sobrevivência se não existisse a sociedade.
( ) Na sociedade organizada basta que as pessoas possam satisfazer todos os seus desejos.
a) V V F F.
b) F F V V.
c) V V F V.
d) F F V F.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Sentidos do texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado Policial Militar
/ Questão: 4
SEGURANÇA
O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua segurança. Havia as belas casas, os jardins,
os playgrounds, as piscinas, mas havia acima de tudo, segurança. Toda a área era cercada por um
muro alto. Havia um portão principal com muitos guardas que controlavam tudo por um circuito
fechado de TV. Só entravam no condomínio os proprietários e visitantes devidamente identificados e
crachados.
Mas os assaltos começaram assim mesmo.
Ladrões pulavam os muros e assaltavam as casas. Os condôminos decidiram colocar torres com
guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados. As inspeções tornaram-se mais rigorosas no portão
de entrada. Agora não só os visitantes eram obrigados a usar crachá. Os proprietários e seus
familiares também. Não passava ninguém pelo portão sem se identificar para a guarda. Nem as
babás. Nem os bebês.
Mas os assaltos continuaram.
Decidiram eletrificar os muros. Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O mais
importante era a segurança. Quem tocasse no fio de alta tensão em cima do muro morreria
eletrocutado. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas com ordem de atirar
para matar.
Mas os assaltos continuaram.
Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos
muros, e o fio de alta tensão, e as patrulhas, e os cachorros, e a segunda cerca, de arame farpado,
erguida dentro do perímetro, não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas foram
engradadas.
Mas os assaltos continuaram.
Foi feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa o mínimo possível. Dois assaltantes tinham
entrado no condomínio no banco de trás do carro de um proprietário, com um revólver apontado
para a sua nuca. Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado, com crachás roubados. Além do
controle das entradas, passou a ser feito um rigoroso controle de saídas. Para sair, só com exame
demorado do crachá e com autorização expressa da guarda, que não queria conversa nem aceitava
suborno.
Mas os assaltos continuaram.
Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira cerca. As famílias de mais posses, com mais
coisas para serem roubadas, mudaram-se para uma chamada área de segurança máxima. E foi
tomada uma medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio. Ninguém. Visitas, só num local
predeterminado pela guarda, sob sua severa vigilância e por curtos períodos.
E ninguém pode sair.
Agora, a segurança é completa. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa temer pelo seu
patrimônio. Os ladrões que passam pela calçada só conseguem espiar através do grande portão de
ferro etalvez avistar um ou outro condômino agarrado às grades de sua casa, olhando
melancolicamente para a rua.
Mas surgiu outro problema.
As tentativas de fuga. E há motins constantes de condôminos que tentam de qualquer maneira
atingir a liberdade.
A guarda tem sido obrigada a agir com energia.
VERÍSSIMO, Luís Fernando. Comédias para se ler na escola; RJ: Objetiva,2001.
8. [Q1752209]
Em relação à sequência dos fatos e ao processo de organização das ideias, no texto, é CORRETO
afirmar:
a) No sétimo parágrafo, as medidas de segurança evidenciam a apreensão dos moradores do
condomínio com a falta de liberdade causada pelas janelas que foram engradadas.
b) A sequência narrativa é acrescida, gradativamente, de informações relacionados à segurança
de um local mencionado, no início do texto, como muito seguro.
c) No décimo primeiro parágrafo, a preocupação com a segurança dos moradores chega ao
extremo, e todos, incluindo os visitantes, são impedidos de entrar no condomínio.
d) Ao final do texto, um novo problema é apresentado: a guarda é obrigada a agir com energia
contra moradores e criminosos envolvidos em motinsconstantes.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Conhecimentos específicos de Língua Portuguesa.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2017 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Enfermeiro / Questão:
2
O Roubo do Relógio
Rolando Boldrin
Naquele arraial do Pau Fincado, havia um sujeitinho danado pra roubar coisas. Às vezes galinha, às
vezes cavalo, às vezes coisas miúdas. A verdade é que o dito cujo era chegado em surrupiar bens
alheios.
Todo mundo daquele arraial já estava até acostumado com os tais furtos. E a coisa chegou a tal
ponto de constância que bastava alguém da por falta de qualquer objeto e lá vinha o comentário:
“Ah, foi o Justino Larápio”.
E foi numa dessas que sumiu o relógio do cumpadi João, um cidadão por demais conhecido por
aquelas bandas do Pau Fincado. Foi a conta de sumir o relógio dele para o dito cujo correr pra
delegacia mais próxima e dar parte do fato.
O delegado pediu que o sêo João arranjasse três testemunhas para lavrar o ocorrido e então prender
o tal ladrãozinho popular. Arranjar três testemunhas de que o tal Justino havia surrupiado qualquer
coisa era fácil, dado a popularidade do dito cujo pra esses afazeres fora da lei.
A cena que conto agora transcorreu assim, sem tirar nem pôr. Intimado o Justino, eis ali, ladrão,
vítima e três testemunhas:
DELEGADO (para a primeira testemunha) – O senhor viu o Justino roubar o relógio do sêo João, aqui
presente?
TESTEMUNHA 1 – Dotô.Vê, ansim com os óio, eu num posso dizê que vi. Mas sei que ele é ladrão
mêmo. O que ele vê na frente dele, ele passa a mão na hora. Pode prendê ele dotô!
DELEGADO (para a segunda testemunha) – E o senhor? Viu o Justino roubar o relógio do sêo João?
TESTEMUNHA 2 – Óia, dotô ...num vô falá que vi ele fazê isso, mas todo mundo no arraiá sabe que
ele róba mêmo, uai. Pode prender sem susto. Eu garanto que foi ele que robô esse relógio.
DELEGADO (para a última testemunha) – E o senhor? Pode me dizer se viu o Justino roubar o relógio
do sêo João?
TESTEMUNHA 3 – Dotô, ponho a mão no fogo si num foi ele. Prende logo esse sem vergonha, ladrão
duma figa. Foi ele mêmo!
DELEGADO – Mas o senhor não viu ele roubar? O senhor sabe que foi ele, mas não viu o fato em si?
TESTEMUNHA 3 – Num carece de vê, dotô! Todo mundo sabe que ele róba. Pode preguntá pra
cidade intêra. Foi ele. Prende logo esse peste!
DELEGADO (olhando firme para o Justino) – Olha aqui, Justino. Eu também tenho certeza de que foi
você que roubou o relógio do sêo João. Mas, como não temos provas cabíveis, palpáveis e
congruentes.... você está, por mim, absolvido.
JUSTINO (espantado, arregalando os olhos para o delegado) – O que, dotô ? O que que o sinhô me
diz? Eu tô absorvido????
DELEGADO – Está absolvido.
JUSTINO – Qué dizê intão que eu tenho que devorvê o relógio?
Disponível em: http://www.rolandoboldrin.com.br/causos. Acessado em 19 ago. de 2016.
9. [Q1684876]
Leia o excerto a seguir e marque a alternativa CORRETA. “Dotô.Vê, ansim com os óio, eu num
posso dizê que vi. Mas sei que ele é ladrão mêmo”.
Quanto ao emprego da vírgula, a oração sublinhada tem a função de:
a) ( ) Conjunção pospositiva.
b) ( ) Adjunto adnominal.
c) ( ) Adjunto adverbial.
d) ( ) Adjetiva explicativa.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Análise sintática, Pontuação, Uso da Vírgula, Oração.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2016 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 2
10. [Q1684879]
Marque a alternativa CORRETA. Quanto à diversidade linguística no texto apresentado, podemos
afirmar que o autor optou por:
a) ( ) utilizar uma variação diastrática.
b) ( ) utilizar uma variação diafásica.
c) ( ) utilizar uma variação histórica.
d) ( ) utilizar uma variação diatópica.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto, Análise das estruturas linguísticas do texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2016 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Oficiais da Polícia
Militar de Minas Gerais - Curso de Formação / Questão: 3
11. [Q1063466] Marque a alternativa cujo sinal indicativo de crase seja OBRIGATÓRIO,
preenchendo CORRETAMENTE a lacuna:
a) A coordenação do parque decidiu fechá-lo ___ visitas.
b) Tomou a medicação gota ___ gota.
c) Não me referi ___ Vossa Eminência.
d) Não estou falando de todas as mulheres; refiro-me ___ que você ama.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Emprego do sinal indicativo de crase, Casos obrigatórios de crase.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2014 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 39
Meio covarde
Ivan Ângelo
Eu devia ter dezesseis, dezoito anos no máximo. Teresa era uma vizinha nova e falada. Não eram
necessários muitos motivos para uma moça ficar falada naqueles anos 50, mas Teresa conseguiu
reunir quase todos: decote, vestido justo, batom vermelho, sardas, tempo demais na janela, marido
noturno e bissexto, muito bolero no toca-discos e, motivo dos motivos, corpo em forma de violão,
como se dizia. Entre a minha casa e a dela havia um muro. Na época da antiga vizinha, velha, feia,
engraçada, amiga que eu visitava sempre, costumava pular nosso muro para encurtar caminho. Ela
não se importava e eu era quase uma criança. Agora, olhando disfarçadamente a nova vizinha, eu
ficava pensando como seria bom pular o muro outra vez. Mas para essas coisas sou meio covarde.
O muro ficava na área do tanque de lavar roupa. Do lado de lá, ela cantava com uma voz sensual,
inquietante. Meu pai não gostava, sabe-se lá por quê. Minha mãe também não, pode-se imaginar por
quê. Talvez os motivos dele e dela convergissem para o mesmo ponto, embora diferentes, ponto que
era o meu motivo para gostar tanto daquele canto. A voz ficava equilibrando-se em cima do muro:
"Meu bem, esse seu corpo parece, do jeito que ele me aquece, um amendoim torradinho". Dava para
ouvir minha mãe murmurar: "Sem-vergonha". O "torradinho" era quase um gemido rouco, talvez ela
cantasse de olhos fechados. De vez em quando umas calcinhas de renda eram penduradas no varal.
Minha mãe não suportava aquilo. Eu tinha vontade de espiar por cima do muro para ver o que ela
estava fazendo, mas para essas coisas sou meio covarde.
Não era casada - a suspeita era geral. Mulher casada procura as vizinhas, apresenta o marido, pede
uma xícara de arroz emprestado. A independência de Teresa insultava a comunidade solidária de
mães, avós e filhas, sempre se socorrendo com um molhozinho de couve, uma olhadinha no bebê, um
trocadinho para o ônibus. Os homens tinham pouco que fazer naquele quarteirão: meninos jogando
bola na rua, adolescentes trabalhando como office-boys ou balconistas de dia e estudando à noite,
maridos trabalhando de dia e relaxandoà noite com uma cervejinha — todos desejando Teresa.
Quando eu voltava do colégio, perto da meia-noite, via-a no alto do alpendre, esperando o marido, o
amante: o homem. Eu olhava, ela fumava, eu passava, ela ficava. Com a repetição Teresa já me
sorria, mas eu desconfiava do ar zombeteiro dela e nunca acreditei no sorriso. Tinha vontade de
enfrentá-la e perguntar, bem atrevido: está rindo de mim ou pra mim? Em casa, na frente do
espelho, ensaiava o tom, mãos na cintura. Quando vinha no bonde, de volta do colégio, planejava:
hoje eu falo. Mas nunca consegui. Sou meio covarde para essas coisas.
Uma noite ela assoviou. Usava-se naqueles anos um assovio de galanteio, de homem para mulher,
um silvo curto logo emendado num mais longo, fui-fuiiiu, que podia ser traduzido em palavras, e até
era às vezes, quando a pessoa queria ser mais discreta, ou quando estava contando que assoviaram
para ela, e nesse caso a garota falava: fulano fez um fui-fuiu pra mim. As mulheres às vezes usavam
o assovio para imitar com certa graça o jeito cafajeste dos homens, e foi o que Teresa fez naquela
noite. Tomei coragem, voltei, abri o portão, subi as escadas, parei na sua frente no alpendre. Ela
vestia um penhoar azul e sorria da minha ousadia. Eu pretendia parecer desafiador, seguro, dono da
situação, mas o sorriso dela não indicava nada disso. Teresa disse com malícia que o marido estava
para chegar, não seria bom encontrar-me ali. Concentrei-me no papel tantas vezes ensaiado,
respondi que seria ótimo se ele chegasse, que assim eu poderia explicar que ela havia assoviado, que
eu havia subido para tomar satisfações, que não sou palhaço... Não creio que a representação tenha
sido muito boa: ela continuava sorrindo. Recostou-se na amurada, usando a luz do alpendre como
uma atriz num palco, e sua voz quente convidou: "Ele não vem hoje. Quer entrar um pouco?" Deveria
ter sido mais prudente e recusado, mas para essas coisas não sou covarde.
Entrei, conversamos sobre o meu futuro e o passado dela. Vem cá ver minhas fotos, me disse, e eu a
segui até um quarto pequeno onde havia uma grande cama, um guarda-roupa, uma mesinha com um
abajur. Senta, ela disse. Apanhou no guarda-roupa uma caixa e mostrou-me fotografias de quando
era mocinha, cartas apaixonadas de antigos namorados, retratos deles ou de outros com declarações
de amor nas costas e uns versos dedicados a ela pelo namorado atual. "Ele não é meu marido, não."
Eram sonetos copiados de Camões, palavra por palavra. Amor é ferida que dói e não se sente.
Busque amor, novas artes, novo engenho. Alma minha gentil que te partiste. "Eu não gosto muito
dele, mas gosto que ele me ame assim. Os meus namorados sempre me amaram muito." Tive ciúmes
deles e vontade de contar a ela que os sonetos eram de Camões, mas para essas coisas sou meio
covarde.
A roupa que Teresa vestia nem sempre estava onde deveria estar. Conversar em cima de uma cama,
recostar, mudar o braço de apoio, apanhar coisas para mostrar, buscar conforto são movimentos que
podem impedir um penhoar azul de cumprir seu papel, mesmo que a pessoa não queira. Quando
chegou a hora de falarmos de nós, disse-lhe que seus olhares e sorrisos me pareciam zombaria e me
deixavam encabulado. Que tinha vontade de perguntar a ela "o quê que há?", em tom de briga. Que
tinha só dezessete (ou dezoito?) anos. Ela falou que me achava muito sério para minha idade, muito
bonitinho também, que quando ouvia barulho de bonde depois das onze corna para o alpendre para
me ver e que às vezes me olhava por cima do muro. Tive vontade de contar que sonhava muito com
ela. Mas para essas coisas sou meio covarde.
Quase de manhã, pulei o muro que dava para minha casa. Ela me disse que voltasse outras vezes.
Era perigoso e eu deveria ter recusado. Mas para essas coisas não sou covarde.
O texto acima foi extraído do livro “O ladrão de sonhos e outras histórias”, Editora Ática – São Paulo,
1994, pág. 46.
12. [Q1415509]
No trecho, “(...) Tive ciúmes deles e vontade de contar a ela que os sonetos eram de Camões, mas
para essas coisas sou meio covarde.”, é CORRETO dizer que:
a) O narrador sente ciúmes porque os versos utilizados pelo namorado de Teresa eram de
Camões.
b) O narrador atribui sua covardia aos ciúmes que sente de Teresa.
c) O narrador revela sua paixão por Teresa e a insegurança de adolescente frente ao objeto de
sua paixão.
d) O narrador não conta a Teresa que os versos eram de Camões por medo do namorado dela.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Pressupostos e subentendidos, Sentidos do texto.
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais (CRS - PM/MG) (CRS - PM/MG) (CRS - PM/MG) 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG -
MG / Assistente Administrativo / Questão: 9
13. [Q778946] Assinale a alternativa em que TODAS as palavras foram grafadas
CORRETAMENTE:
a) intrugice, vicissitude, revezes
b) grizar, chale, toesa
c) xarque, herege, ascessível
d) haurir, rebotalho, buliçoso
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Ortografia oficial e acentuação gráfica.
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais (CRS - PM/MG) (CRS - PM/MG) (CRS - PM/MG) 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG -
MG / Soldado / Questão: 11
14. [Q778948]
Observe as palavras sublinhadas:
I. Os curta-metragens forma vistos por milhares de pessoas.
II. Os micos- leões-dourados estão em extinção.
III. Os bota-foras realizaram-se, hoje, na comunidade fluminense.
IV. As frutas-pão estavam estragadas.
Quanto à pluralização, estão CORRETAS as assertivas:
a) I e III.
b) II e III.
c) II e IV.
d) I e IV.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Ortografia oficial e acentuação gráfica.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2013 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 13
15. [Q1415829]
Assinale a opção CORRETA quanto às palavras sublinhadas:
a) Os sêxtuplos ainda estão da maternidade”. O numeral não pode ser usado como substantivo.
b) Durante a reunião, falou-se de mil e uma sugestões ”. O termo destacado na linguagem afetiva
e hiperbólica é esvaziado de seu sentido próprio para exprimir número determinado.
c) “O primeiro resultado foi incorretamente divulgado”. Ao flexionar a oração em número, o
numeral permanecerá invariável.
d) “O septuagésimo maratonista feriu-se na prova”. O numeral destacado apresenta mais de uma
forma.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Classes de palavras (classes gramaticais).
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2009 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 12
Aos inimigos, a lei
Hélio Schwartsman
No Brasil, a lei é sempre para os outros. Até conseguimos vislumbrar a racionalidade por trás de
normas positivas, mas, assim que elas passam a provocar algum embaraço as nossas atividades ou à
de pessoas próximas a nós, estamos dispostos a ignorá-las ou mesmo burlá-las. "Aos amigos tudo!
Aos inimigos, a lei". A autoria do provérbio é controversa, mas há pouca dúvida de que a máxima
seja genuinamente brasileira. Eu ao menos não encontrei equivalentes em outros idiomas.
Faço essas observações por conta de reportagem publicada na Folha sobre menores de 18 anos
que dirigem veículos. Chamaram-me especial atenção os dados da pesquisa "O Jovem e o Trânsito"
realizada pelo Ibope em abril do ano passado e divulgada em setembro. De acordo com o
levantamento, 20% dos jovens de 16 e 17 anos costumam dirigir carros e motos, mesmo sem ter
idade legal para fazê-lo. Destes, 61% se metem atrás do volante ou guidão com alguma freqüência. O
que mais assusta, porém, é constatar que a maioria conta com a anuência familiar: 60% dos menores
que dirigem aprenderam a atividade com seus pais; os 40% restantes, com amigos ou outros
parentes. (...)
Podemos elencar dezenas de "justificativas" para tal comportamento. Há de fato crianças de
16 anos bem mais responsáveis do que adultos de 40. Ninguém de bom senso nega que o país
enfrenta um grave problema de segurança pública e que,sob esse aspecto, andar de carro,
especialmente nas madrugadas, é preferível a circular a pé ou tomar ônibus. Também é certo que o
cumprimento das exigências burocráticas consubstanciadas nas provas dos Detrans --os quais, de
resto, não são imunes aos ventos da corrupção-- está longe de comprovar a real competência para
dirigir. Outro bom argumento é o de que é ilógico autorizar um jovem de 16 anos a escolher os
governantes do país, como o faz a Constituição, mas não a conduzir um veículo motorizado.
Apesar disso tudo, precisamos decidir se vamos ser uma família ou um país. Numa República
são leis de validade universal que regulam as relações sociais, e não decisões "ad hoc", tendo em
conta as pessoas e as circunstâncias particulares envolvidas.
Gostemos ou não, existem razões objetivas para que a lei tenha fixado em 18 anos a idade
mínima para dirigir.
Em princípio, jovens de 16 e 17 deveriam ser os melhores pilotos sobre a face da terra. Afinal,
seus músculos estão tinindo, seus reflexos estão no auge da rapidez e, mais importante, eles estão
na fase em que se atribui valor máximo à vida. Ainda assim, condutores nessa faixa etária se
envolvem proporcionalmente mais que adultos em acidentes. Pior, os desastres tendem a ser mais
letais. (...)
Ocorre que tudo em sociedade é, ou deveria ser uma espécie de solução de compromisso
entre o ideal e as necessidades práticas. Podemos reduzir drasticamente o risco de atentados
terroristas em metrôs mundo afora submetendo cada passageiro a revista e checagem de segurança.
Neste caso, porém, precisaríamos dar adeus à idéia de que o trem subterrâneo é um transporte
rápido e de massa. Ninguém mais chegaria ao trabalho na hora, mas seria muito difícil para um
terrorista plantar uma bomba.
De modo análogo, poderíamos baixar quase a zero o número de acidentes automobilísticos
fatais, se cobríssemos a cidade inteira com detectores de velocidade e colocássemos todos os
recursos das forças policiais para reprimir infrações de trânsito. Fazê-lo, entretanto, revelaria uma
brutal falta de bom senso --o mesmo bom senso que falta aos jovens na direção.
Entre o ideal e o necessário, existem soluções intermediárias. Defendo a redução da
"maioridade veicular" para 16 anos, mas sob condições. A primeira obviamente é permitir que jovens
de 16 anos respondam penalmente por crimes de trânsito que cometam. E não paro por aí. Jovens,
por exemplo, tendem a tomar decisões mais arriscadas quando estão sendo observados por colegas.
Assim, uma possibilidade é permitir que adolescentes de 16 anos dirijam, mas apenas sozinhos ou,
melhor ainda, acompanhados de maiores de 25. Outro caminho é proibi-los de conduzir à noite, que
é quando acontecem os acidentes mais graves. A associação de direção e álcool poderia ser
convertida em crime inafiançável e imprescritível, e para todas as idades, não só para jovens.
Infelizmente, no Brasil preferimos seguir com a lógica de aprovar leis rigorosas para a audiência
e nos apressamos a burlá-las no plano familiar. Os acidentes estão matando nas rodovias? Baixa-se
uma MP proibindo até hipermercados instalados há anos na beira de rodovias federais de vender
bebidas alcoólicas. Desta vez o governo está falando sério, todos exclamarão. Tanto pior para
investimentos, empregos gerados, para a segurança jurídica. A vida vem em primeiro lugar. Mas
ninguém precisa se preocupar em demasia, nem os donos de hipermercados. A fiscalização, se
houver, será apenas na primeira semana, de preferência diante das câmeras de TV. E, se o filho de
um deputado for flagrado dirigindo bêbado, o caso muito provavelmente será abafado. Se não der,
contarão uma história triste sobre os problemas psicológicos que o menino vem enfrentado. Todos se
solidarizarão e tudo ficará por isso mesmo.
É claro que também eu sou capaz de solidarizar-me com dramas familiares. Tolstoi matou a
charada em "Anna Karienina", cuja magistral abertura diz: "Todas as famílias felizes parecem-se
entre si; já as infelizes o são cada uma à sua maneira". Freqüentemente finjo que não vejo pequenas
transgressões de meus filhos para não ter de brigar com eles ou puni-los. Só que há uma enorme
diferença entre o âmbito das relações familiares e a constituição de uma República.
Cuidado, não estou aqui advogando pelo legalismo absoluto. O melhor caminho para tornar a
vida de todos um inferno é aplicar todas as leis em 100% dos casos. Se fôssemos essas máquinas de
obedecer como propugnam alguns representantes da direita, não haveria direito a greve, voto
feminino ou nenhuma outra das chamadas conquistas sociais. Muitas vezes é preciso desrespeitar as
leis para mudá-las. Se assim não fosse, nós muito provavelmente ainda seríamos regidos pelo Código
de Hammurabi. Mas daí não se segue que normas legais devam ser uma massa amorfa que
interpretamos e aplicamos segundo nossas conveniências. Enquanto insistirmos em que a lei é
apenas para os outros, dando-nos o direito de desrespeitá-la sempre que acharmos apropriado,
seguiremos sendo a nação do suave fracasso.
Disponível em: http://www.1.folha.uol.com.br/folha/pensata/helioschwartsman/ult510u388268.shtml
Texto publicado em 03/04/2008 (adaptado)
16. [Q1414678]
Segundo as regras de colocação pronominal, assinale a alternativa em que o pronome foi colocado
observando a variedade padrão da língua:
a) Infelizmente, no Brasil preferimos seguir com a lógica de aprovar leis rigorosas para a
audiência, nos apressamos a burlá-las no plano familiar.
b) Ainda assim, condutores nessa faixa etária se envolvem proporcionalmente mais que adultos
em acidentes.
c) Os homens se solidarizarão e tudo ficará por isso mesmo.
d) "Todas as famílias felizes parecem-se entre si; já as infelizes o são cada uma à sua maneira".
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Colocação Pronominal.
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais (CRS - PM/MG) (CRS - PM/MG) (CRS - PM/MG) 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG -
MG / Policial Militar PM / Soldado / Questão: 10
17. [Q1414688]
Assinale a alternativa em que encontramos três substantivos que tenham a seguinte classificação:
comum, simples, derivado e abstrato:
a) Assim, uma possibilidade é permitir que adolescentes de 16 anos dirijam, mas apenas
sozinhos...
b) A associação de direção e álcool poderia ser convertida em crime inafiançável e
imprescritível, e para todos, não só para jovens.
c) Entre o ideal e o necessário, existem soluções intermediárias.
d) Infelizmente, no Brasil preferimos seguir com a lógica de aprovar leis rigorosas para a
audiência...
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Substantivos.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Policial Militar PM /
Soldado / Questão: 12
18. [Q779573] Assinale a alternativa em que a função sintática – entre parênteses – do pronome
relativo está CORRETA:
a) “(...) valendo de uma mesma chave interpretativa que me parece especialmente valiosa para
entender o Brasil de hoje.” (sujeito simples)
b) “Cada qual é livre para submeter-se a qualquer nível de perigo que julgue conveniente...”
(predicativo do sujeito)
c) “Em termos exclusivamente técnicos, a nova regra, enunciada na lei nº 11.705, que alterou o
Código de Trânsito Brasileiro (...)” (objeto direto)
d) “O que mais me incomoda, entretanto, é o grande teatro que se montou neste caso.” (agente
da passiva)
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Morfossintaxe do período.
Fonte: Polícia Militar de Minas Gerais (CRS - PM/MG) (CRS - PM/MG) (CRS - PM/MG) 2008 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG -
MG / Soldado / Questão: 8
19. [Q779531] A alternativa CORRETA quanto ao emprego do pronome demonstrativo sublinhado
é:
a) O comandante da viatura perguntou: “Então, pode me entregar estes papéis que estão com o
senhor?”.
b) Perguntado, o depoente respondeu: “Estamos em Belo Horizonte, logo não acredito que o
suspeito esteja aqui, nessa capital mineira”.
c)O militar que atendeu a ocorrência disse: “Encontrei três suspeitos: João Sem Sorte (25 anos),
José Azarado (22 anos) e CGO (14 anos). Esse é menor”.
d) Estava escrito no Ofício isto: “treinamento e instrução”.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Pronomes.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 6
20. [Q779537]
Observe o seguinte trecho:
De noite, depois do enterro, que foi cerimônia de ser vista e ouvida, jantei tristeza na mesa larga
do Sobradinho. E de pé, no fundo da sala, recebi o pesar dos currais. A morte do velho desencavou
gente que eu nunca vi e até além da meia-noite a varanda fez rebuliço de espora. Nele, Ponciano
narra:
a) a morte de seu pai durante um rixa de fronteira com um vizinho.
b) a morte do avô Simeão.
c) a morte de seu amigo e velho protetor, Barbirato.
d) a morte de Juca Azeredo.
Disciplinas/Assuntos vinculados: Língua Portuguesa > Interpretação de Texto.
Fonte: CRS - Polícia Militar de Minas Gerais - CRS - PMMG 2007 / Polícia Militar de Minas Gerais PM MG - MG / Soldado / Questão: 12
Gabarito
Criado em: 11/08/2021 às 22:56:58
(1 = c) (2 = b) (3 = b) (4 = b) (5 = d) (6 = b) (7 = d) (8 = b) (9 = c) (10 = a) (11 = d) (12 = c) (13 =
d) (14 = c) (15 = d) (16 = d) (17 = c) (18 = a) (19 = d) (20 = b)

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