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Fabiana A. Getulino - ATM23 INTRODUÇÃO À ANTIBIOTICOTERAPIA ESTRUTURA, FISIOLOGIA E CLASSIFICAÇÃO BACTERIANA: • Bactérias são organismos unicelulares que se multiplicam por divisão binária. • São classificadas como procariotas. • Uma célula bacteriana típica possui parede celular, membrana citoplasmática, citoplasma, núcleo sem membrana celular e organelas. Outros elementos estruturais bacterianos incluem cápsulas, slimes e esporos. o Parede Celular: é uma estrutura rígida de peptidoglicano que confere forma à bactéria e previne lise da célula mesmo sob intensa pressão osmótica interna. Todas as bactérias têm parede celular, com exceção dos micoplasmas. • As bactérias têm uma enzima chamada de transpeptidase (ou Proteína Ligadora de Penicilina - PLP). Essa enzima promove o processo de transpeptidação, o qual consiste na síntese da parede celular de peptidoglicano. COLORAÇÃO DE GRAM: De acordo com a coloração pelo método Gram, os microorganismos são classificados como gram-positivos ou gram-negativos. Existem ainda algumas bactérias, como as micobactérias, cuja descoloração da parede celular é resistente ao álcool-ácido (BAAR), os quais podem ser caracterizados por outros métodos de coloração, como o método de Ziell-Neelsen. • GRAM + o À microscopia, apresentam uma coloração azul-violeta. o Tem Parede de Peptidoglicano mais espessa. o Apresentam Ácido lipoteicoico • GRAM - o À microscopia, apresenta coloração vermelha, pois não retém o corante. o Tem Parede de Peptidoglicano mais fina. o Apresenta membrana externa de natureza lipoproteica. o Apresentam endotoxinas GRAM POSITIVA: GRAM NEGATIVA: CLASSIFICAÇÃO BACTERIANA: * ** Clostridium e Actinomyces são os únicos anaeróbicos presentes nessa tabela. MECANISMOS DE RESISTÊNCIA: CONCEITUAÇÃO: A expressão “resistente” significa que o germe tem a capacidade de crescer in vitro em presença da concentração que essa droga atinge no sangue, ou seja, o conceito é dose-dependente. No entanto, a concentração sanguínea de vários antibióticos é muito inferior à concentração alcançada pelo mesmo antibiótico em outros líquidos ou tecidos corpóreos, como a urina. Assim, uma bactéria pode ser “resistente” a um determinado antibiótico quando ela está presente na corrente sanguínea, mas “sensível” quando está nas vias urinárias. • As bactérias possuem diversos mecanismos de resistência aos antibióticos. Os principais são: o Produção de enzimas que destroem os antibióticos o Alteração no sítio atuação do antibiótico o Alteração na permeabilidade da membrana o Bombeamento ativo do antibiótico para fora da bactéria Gram + Gram - Cocos Estreptos Estáfilos Enterococos Neisserias Moraxellas Bacilos Listeria Corynebacterium Clostridium* Actinomyces** Pseudomonas Haemophilus Enterobactérias (E. coli, Klebsiella, Salmonella, Shiguella) Outras Bactérias Micobacterium Clamydia Mycoplasma Treponema Uma endotoxina conhecida é o Lipídeo A, o qual é responsável pela produção de febre e de choque séptico nos pacientes infectados com bactérias gram negativas. Fabiana A. Getulino - ATM23 I. MECANISMO ENZIMÁTICO: A inibição ou inativação enzimática do antibiótico é o principal mecanismo de resistência adquirida contra os beta-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, carbapenêmicos, monobactâmicos). EXEMPLO: Produção de beta-lactamases: Nesse caso, as bactérias podem produzir enzimas chamadas de Beta-lactamases. Essas beta-lactamases são moléculas que fazem clivagem do anel betalactâmico (o qual é comum a todos os fármacos betalactâmicos). Ao hidrolisar o anel betalactâmico, essas enzimas inativam o antibiótico. Na procura de antibióticos beta-lactâmicos mais resistentes à ação das Beta-lactamases, foram desenvolvidas combinações do antibiótico beta-lactâmico com agentes inibidores da ação da Beta-lactamase → Exemplos de inibidores de beta-lactamases: Clavulanato, Subactam, Tazobactan) II. ALTERAÇÃO DO SÍTIO DE AÇÃO: O sítio de ação em que o antibiótico atua pode ser alterado de maneira que essa estrutura apresente uma baixa afinidade pelo agente bacteriano. EXEMPLO: Baixa afinidade da transpeptidase / Alteração da PBP: Pode haver algumas situações em que a enzima transpeptidase pode ter uma conformação tridimensional diferente. Essas situações, não favorecem o encaixamento correto do antibiótico. Logo, esse antibiótico passa a não alcançar seu mecanismo de ação e a parede bacteriana não é lisada, por exemplo. III. ALTERAÇÃO DO TRANSPORTE = Alteração de permeabilidade / Bomba de efluxo Esse mecanismo é mais comum em bactérias gram negativas do que em bactérias gram positivas, pois a principal barreira à difusão de antibióticos na célula bacteriana é a membrana externa, estrutura inexistente em organismos gram positivos. EXEMPLO: Diminuição ou alteração na produção de porinas: As porinas são canais-proteínas presentes na membrana externa de bactérias gram negativas. Mutações causadoras de diminuição na produção ou alteração estrutural nessas enzimas levam à redução da permeabilidade celular. CLASSIFICAÇÃO DOS ANTIBIÓTICOS: ✓ POR EFEITO NOS MICROORGANISMOS: Bactericida → lise bacteriana o Beta-lactâmicos o Glicopeptídeos o Lipopeptídeos o Quinolonas o Aminoglicosídeos Bacteriostáticos → inibe multiplicação o Macrolídeos o Afenicóis o Sulfonamidas o Lincosamidas o Tetraciclinas o Oxazolidinonas Bactericida & Bacteriostático o Sulfonamidas o Eritromicina o Nitrofurantoína ✓ POR MECANISMO DE AÇÃO: Fabiana A. Getulino - ATM23 RESUMO SOBRE RESISTÊNCIA BACTERIANA: MECANISMOS DE RESISTÊNCIA AOS ANTIBIÓTICOS: ✓ Baixa afinidade da PBP (Transpeptidase) ✓ Produção de Beta-lactamase o Beta-lactamase “simples” o Beta-lactamase “complexa/ poderosas” ▪ ESBL → Klebisiella, E. coli ▪ Gene Amp-C → grupo PESC (Proteus/ Providencia; Enterobacter; Serratia; Citrobacter). ▪ Metalobetalactamamases ALTERAÇÃO DE PBP PRODUÇÃO DE BETALACTAMASE Pneuococcos Neisserias Estáfilos MRSA Enterococos Enterobactérias Hemófilos Anaeróbios Estáfilos MSSA o • Todas as vezes que um germe for resistente e seu mecanismo de resistência for relacionado à PBP, não faz sentido ser adicionado um inibidor de beta-lactamase, pois o seu mecanismo de resistência não tem relação alguma com as betalactamases. • Quando se trata da produção de beta-lactamases, algumas são mais simples e conseguem ser inibidas pelos inibidores de beta-lactamases. No entanto, algumas outras são mais “complexas” e difíceis de serem inibidas por esses inibidores. Na realidade, essas últimas são naturalmente resistentes aos inibidores de beta-lactamases. São elas: ▪ ESBL (Betalactamases de espectro estendido); ▪ Beta-lactamases codificadas pelo gene Amp-C → grupo PESC ▪ Metalobetalactamases (são as mais poderosas. Geralmente, é difícil de achar antibiótico para esses tipos de bactérias).
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