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Alegações Finais em Memoriais - Caso de Furto

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CRIMINAL DA COMARCA DE 
BELO HORIZONTE-MG 
 
 
 
 
 
PROCESSO Nº: ... 
 
BRUNO SILVA, já qualificado nos autos da ação penal nº ..., por seu advogado que redige esta 
inicial, vem, respeitosamente a presença de Vossa Excelência apresentar ALEGAÇÕES FINAIS 
EM MEMORIAIS com fundamento no art. 403, §3º do CPP, pelas razões de fatos e de direitos a 
seguir expostas: 
 
DOS FATOS 
 
Bruno Silva, nascido em 10 de janeiro de 1997, enquanto adolescente, aos 16 anos, respondeu 
perante a Vara da Infância e Juventude pela prática de ato infracional análogo ao crime de 
tráfico, sendo julgada procedente a ação socioeducativa e aplicada a medida de semiliberdade. 
No dia 10 de janeiro de 2015, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Bruno se encontrava 
no interior de um ônibus, quando encontrou um relógio caído ao lado do banco em que estava 
sentado. Estando o ônibus vazio, Bruno aproveitou para pegar o relógio e colocá-lo dentro de 
sua mochila, não informando o ocorrido ao motorista. Mais adiante, porém, 15 minutos após 
esse fato, o proprietário do relógio, Bernardo, já na companhia de um policial, ingressou no 
coletivo procurando pelo seu pertence, que havia sido comprado apenas duas semanas antes 
por R$ 100,00 (cem reais). Verificando que Bruno estava sentado no banco por ele antes 
utilizado, revistou sua mochila e encontrou o relógio. Bernardo narrou ao motorista de ônibus 
o ocorrido, admitindo que Bruno não estava no coletivo quando ele o deixou. 
Diante de tais fatos, Bruno foi denunciado perante o juízo competente pela prática do crime 
de furto simples, na forma do Art. 155, caput, do Código Penal. A denúncia foi recebida e foi 
formulada pelo Ministério Público a proposta de suspensão condicional do processo, não 
sendo aceita pelo acusado, que respondeu ao processo em liberdade. 
No curso da instrução, o policial que efetivou a prisão do acusado, Bernardo, o motorista do 
ônibus e Bruno foram ouvidos e todos confirmaram os fatos acima narrados. Com a juntada do 
laudo de avaliação do bem arrecadado, confirmando o valor de R$ 100,00 (cem reais), os autos 
foram encaminhados ao Ministério Público, que se manifestou pela procedência do pedido nos 
termos da denúncia, pleiteando reconhecimento de maus antecedentes, em razão da medida 
socioeducativa antes aplicada. 
 
DOS DIREITOS 
 
Bruno foi denunciado pelo crime de furto simples, art. 155, caput, do CP, diante dos fatos 
descritos pode-se notar que nenhum crime de furto foi cometido, este crime exige que o 
agente pegue algo alheio tirando da posse da vítima. 
Nesse sentindo também, a doutrina defende que a coisa perdida não pode ser objeto de furto 
pois não está na posse de ninguém, o acusado apenas se apropriou de algo que não tinha 
possuidor aquele momento, já que estava em lugar de uso público e totalmente sem vigilância 
do dono, portanto, nada foi furtado. 
No caso, pelo fato de Bruno ter pego uma coisa achada configura-se o delito no art. 169, II do 
CP, ainda que sendo cabível a desclassificação o acusado deve ser absolvido por faltar 
elementos no tipo, a punição prevista só deve ser aplicada se este não devolver a coisa achada 
em 15 dias, que não foi o que ocorreu. 
Caso Vossa Excelência intérprete que houve o furto, tendo por base o princípio da 
eventualidade, configurará atipicidade material baseando-se no princípio da insignificância 
pelo valor reduzido do bem em questão em torno de 1 /8 do salário mínimo e sem lesão. 
No caso de condenação, deve ser aplicado a pena mínima já que o acusado é primário e de 
bons antecedentes, tendo o agente atingido a maioridade a pouco tempo. O fato de o acusado 
ter cumprido medida socioeducativa por um ato infracional não se configura maus 
antecedentes ou circunstância desfavorável. 
O acusado no momento do ocorrido era menor de 21 anos e faz uso da atenuante da 
menoridade relativa art. 65, I do CP, também como da confissão prevista no art. 65, II, d do CP 
por ter confessado todo o ocorrido. 
Na terceira fase da dosimetria da pena deve conhecer o delito de furto privilegiado com 
atenção no art. 155, §2º do CP, pelo fato do acusado ser primário e a coisa de reduzido valor, 
substituindo a pena de reclusão pela detenção e aplicando a sua devida diminuição. 
Caso haja a aplicação de pena privativa de liberdade que esta seja esta substituída pela pena 
restritiva de direitos prevista art. 44 do CP, aplicando o regime inicial aberto disposto no art. 
33, §1º, "c" do CP. 
Caso Vossa Excelência não entenda pela substituição da pena por faltar pré-requisitos, que 
seja sobreposto a suspensão condicional da pena, art. 77 do CP. 
 
DOS PEDIDOS 
 
Após todo o exposto se pede que Vossa Excelência absolva o acusado em questão do crime de 
furto art. 386, III do CPP. Por ventura não entenda assim Vossa Excelência, que seja a pena 
fixada no mínimo legal e que seja levando em consideração as atenuantes da menoridade e da 
confissão, sendo ainda observado a prática do delito de furto privilegiado art. 155, §2º do CP, 
trocando-se a pena privativa de liberdade por restritiva de direitos com cumprimento inicial 
em regime aberto, não sendo atendida a substituição que seja aplicada a suspensão 
condicional da pena. 
 
Nesses termos, 
Requer deferimento. 
Belo Horizonte-MG, 30 de março de 2015 
 
Advogado - OAB

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