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Semiologia da cabeça e pescoço

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Semiologia
A semiologia é a ciência que estuda os sinais e sintomas das patologias.
É fundamentada em: inspeção, palpação, percussão e ausculta. 
Semiologia da cabeça
No exame da cabeça, deve-se atentar para o tamanho, forma, posição e movimento; superfície do crânio e couro cabeludo; cabelos; inspeção da face; exame dos olhos, do aparelho auditivo, boca, faringe; e linfonodos.
Inspeção
	Avalia-se o tamanho, forma, posição e movimento do crânio, ademais do cabelo, pelos, orelhas, face e couro cabeludo, os olhos, boca, nariz e ouvidos. Avaliam-se as principais anomalias de configuração do crânio associadas a doenças congênitas, genéticas, deficiências nutricionais ou ao próprio fenótipo. 
1. Tamanho: na criança precisa determinar o perímetro craniano, parâmetro do desenvolvimento do segmento cefálico. 
MACROCEFALIA: crânio anormalmente grande, cuja causa mais frequente é a hidrocefalia. Também na acromegalia, doença de Paget óssea, raquitismo e cretinismo. 
MICROCEFALIA: crânio anormalmente pequeno. Pode ser congênita, ou constitucional.
2. Forma: na avaliação, observa-se a largura e comprimento do crânio, para definir o crânio como:
DOLICOCÉFALO: quando a largura é menor que o comprimento do crânio. 
 
MESOCÉFALO: quando a largura é igual ao comprimento do crânio.Vitória Freire – MEDICINA/EF
 	 	
BRAQUICÉFALO: quando a largura é maior que o comprimento do crânio.
 
3. Posição: A cabeça deve estar ereta em relação ao tronco. Desvios da posição podem indicar complicações, exemplos: torcicolo, deficiências na audição. 
4. Movimento: 
MOVIMENTOS VOLUNTÁRIOS
MOVIMENTOS INVOLUNTÁRIOS: observar espasmos, tiques (mais comuns)...
· Parkinson – movimentos em “não”.
· Musset – movimentos em “sim”.
· Tremor essencial benigno
· Coréia – movimentos involuntários irregulares (coréia de Sydenham e de Huntington). Estado de movimentos espontâneos excessivo, movimentos involuntários, arrítmicos, abruptos não repetitivos, com distribuição variável e predomínio distal.
· Movimentos atetósicos: movimentos lentos principalmente nos dedos das mãos e dos pés a exemplo de tentáculos. 
· Balismos: movimentos involuntários, acometendo preferencialmente membros na posição proximal, com grande amplitude, com amplo deslocamento de extremidades. 
5. Cabelo: deve-se observar a cor, quantidade, distribuição, implantação, textura e padrão de perda, se houver. Quanto ao padrão de perda, pode ser alopecia areata (pelada), alopecia androgenética (sem perda em regiões posteriores e laterais do couro cabeludo) ou alopecia difusa (quimioterapia, lúpus). Deve-se observar também a qualidade do cabelo, que pode estar alterada no hipotireoidismo, insuficiência renal ou desnutrição, por exemplo. A altura da implantação deve ser avaliada, em suspeita de síndromes genéticas. 
6. Orelhas: observa-se a simetria, tamanho, edema, espessamento, presença de lesões, linha de implantação do pavilhão auricular. 
7. Assimetrias da face e couro cabeludo 
FACE
Avaliar o aspecto geral, pele, olhos e região orbitária, nariz, boca, região periorbicular e orelhas, avaliando alterações como assimetrias (causada por tumefações, depressões unilaterais, paralisia facial, hipertrofia de glândulas), movimentos involuntários, lesões de pele, edema, massas e deformidades específicas. Observar fácies sindrômicas. 
Síndrome: conjunto de sinais e sintomas que definem uma doença.
COURO CABELUDO
Identificar saliências (tumores, tumefações, bossas, depressões, pontos dolorosos e hematomas). 
Em crianças verificar fontanela anterior:
· Se hipertensa e saliente aumento da pressão intracraniana meningite, hidrocefalia.
· Se hipotensa e deprimida desidratação.
8. Olhos: identificar as alterações oculopalpebrais acessíveis à inspeção simples, tendo como intuito principal uma visão panorâmica dos olhos e suas adjacências. Avalia-se também a motilidade, acuidade visual e campimetria visual de confrontação. 
SUPERCÍLIOS OU SOBRANCELHAS
Pode ocorrer queda, que é denominada madrose, que ocorre em mixedema, hanseníase, esclerodermia, quimioterapia, senilidade e desnutrição acentuada. Pode haver fusão (podendo ser patológica ou fisiológica). 
PÁLPEBRAS
Verificar forma, simetria. Deve-se avaliar presença de edema (uni ou bilaretal), retração, epicanto (prega de pele que se estende da raiz do nariz até a extremidade interna das sobrancelhas), entrópio (a pálpebra, geralmente interior, se dobra para dentro e lesiona a córnea), esquimose, xantelasma (placas amarelas altas) etc. 
FENDAS PALPEBRAISVitória Freire – MEDICINA/EF
Constituem sinais de cromossomopatias e malformações congênitas. 
GLOBOS OCULARES
Observa-se o tamanho, posição, movimentos anormais, desvios do olhar, simetrias dos olhos nas órbitas, observar também no segmento anterior esclera, córnea, íris, pupila, cristalino, conjuntiva, no segmento posterior, examina fundo de olho. 
· Exoftalmia: deslocamento anterior dos olhos;
· Enoftalmia: deslocamento posterior dos olhos;
· Desvios: no estrabismo;
· Movimentos involuntários: nistagmo;
· Procura de sinais e sintomas: sensação de corpo estranho, queimação, ardência, dor, cefaleia, prurido, lacrimejamento, xeroftalmia, alucinações visuais, vermelhidão, diplopia, fotofobia. 
CONJUNTIVAS
São normalmente róseas, podendo observar palidez, hiperemia (causas: conjuntivite, infecção da córnea, glaucoma agudo, irite agudo, hemorragia subconjuntival), edema (quemose), hemorragia subconjuntival ou secreção mucopurulenta. 
· Pinguécula: nódulo amarelado situado na conjuntiva bulbar, em qualquer lugar da esclera (comum no envelhecimento) 
· Pterígio: espessamento da conjuntiva bulbar, que cresce sobre a superfície externa da córnea, geralmente do lado nasal. É necessário tratamento cirúrgico.
ESCLERÓTICA
Procurar alterações na cor. Podemos observar icterícia ou coloração azulada decorrente de osteogênese imperfeita, doenças do colágeno e anemia ferropriva.
CÓRNEA 
Membrana transparente que reflete parcialmente a luz, deixando o restante dos feixes luminosos passarem. Sua opacidade surge na mucopolissacarídose. 
· Halo senil: deposito de colesterol na região periférica da córnea, comum em idosos. 
· Anel de Kayser-Fleischer: compatível com alterações pigmentares ligadas a doença de Wilson. 
· Arco senil
PUPILAS
Devem estar arredondada ou levemente ovaladas, devem ser centralizadas, seu tamanho deve ser dito como: midríase ou miose. 
· Reflexo fotomotor: devem contrair quando tem presença de luz;
· Reflexo consensual: contração pupilar de um lado pela estimulação luminosa no outro olho.
· Reflexo de acomodação e convergência: contração das pupilas e convergência dos globos oculares à medida que se aproxima do nariz um foco luminoso. 
· Pupilas isocóricas: apresentam o mesmo tamanho;
· Pupilas anisocóricas: apresentam tamanhos diferentes.
LINFONODOS
São gânglios linfáticos ou tecidos linfoide espalhados pelo corpo no trajeto dos vasos linfáticos, atuam como filtros da linfa.
Desempenham papel de defesa no organismo, filtrando os corpos estranhos da linfa (células neoplásicas, vírus ou bactérias). 
Liberam uma substância quimiotáxica que atraem linfócitos e macrófagos levando a enfartamento ganglionar ou linfadenomegalia. 
Quando aumentados podem ser facilmente encontrados ao exame físico (nem sempre significa patologia). Podem ser os primeiros ou um únicos sinais de patologias graves:
1. Doenças inflamatórias
2. Infecções agudas ou crônicas
3. Neoplasias (metástases)
Grupo ganglionar da cabeça e pescoço:
· Linfonodos occipitais
· Linfonodos auriculares anteriores
· Linfonodos auriculares posteriores
· Linfonodos amigdalianos
· Linfonodos submaxilares
· Linfonodos sub mentonianos
· Linfonodos cervicais (superficiais, posteriores e profundos)
· Linfonodos supra claviculares
Vitória Freire – MEDICINA/EF
INSPEÇÃO E PALPAÇÃO
PALPAÇÃO: polpas digitais e a face ventral dos dedos médio, indicador e anular, fletindo-se levemente o pescoço e a cabeça para o lado que se quer examinar.
Avaliar alocalização e tempo de evolução, tamanho e volume (0,5 a 2,5 cm), consistência: duro, ou mole com e sem flutuação, a sua mobilidade, sensibilidade: doloroso, ou não e alterações de pele sinais flogísticos (edema, calor, rubor, dor) fístulas ou ulcerações.
AVALIAÇÕES DAS LINFADENOPATIAS
· Por causa obvias (faringites, amigdalites, oma, dermatites, exame físico).
· Com evolução constitucional: febre, sudorese noturna, emagrecimento, requer investigação.
· Jovens com linfadenomegalia sem sintomas constitucionais, maior possibilidade de doenças graves como neoplasias.
· Evolução progressiva, inicialmente silenciosa.
· Indolor
· Pele inicialmente sem alterações da cor
· Com frequência única no início do processo neoplásico ou metastático
· Superfície irregular, em geral maiores de 2 cm.
· Ausência de celulite em tecidos vizinhos
· Aderidos
· Consistência pétrea
INVESTIGAÇÃO
· Laboratório: 
· Hemograma
· Sorologias HIV, CMV
· VHS
· PCR
· Imagem: Vitória Freire – MEDICINA/EF
· Tomografia computadorizada; 
· PET
· Biópsia: indicações: Gânglios que aumentam após 2 ou 3 semanas; não regressão após 8 semanas; adenomegalia supraclavicular ou cervical inferior; nódulos maior que 2 cm; ausência de inflamação, aderidos a planos profundos, duros, ulceração; falha de resposta a antibioticoterapia; sintomas sistêmicos.
Pescoço
· Abordagem posterior: paciente sentado e o examinador de pé atrás dele. As mãos e os dedos rodeiam o pescoço com os polegares fixos na nuca, e as pontas dos indicadores e médios quase a se tocarem na linha mediana. O lobo direito é palpado pelos dedos médio e indicador da mão direita; para o lobo esquerdo usamos os dedos médios e indicador da mão esquerda. 
· Abordagem anterior: paciente sentado ou de pé e o examinador também sentado ou de pé, postado à sua frente. São os dedos indicadores e médios que palpam a glândula enquanto os polegares apoiam-se sobre o tórax do paciente. O lobo direito é palpado pelos dedos médio e indicador da mão esquerda e o lobo esquerdo é palpado pelos dedos médio e indicador da mão direita. 
· Pode-se obter dados referentes a volume, consistência, mobilidade, superfície, temperatura da pele, frêmito, sopro e sensibilidade. 
EXAME DOS VASOS DO PESCOÇO
· Turgência ou ingurgitamento e pulsações venosas e artérias;
· Frêmito no trajeto das carótidas: indicativo de estenose da valva aórtica ou carótida;
· Ausculta: deve ser sem sopros. 
EXAME DAS ARTÉRIAS CARÓTIDAS
· Inicia-se no tronco arterial braquiocefálico;
· Pulsações das carótidas;
· O espessamento da íntima das artérias carótidas, decorrente de processo aterosclerótico, pode causar obstrução parcial ou total do fluxo sanguíneo, cuja consequência pode ser disfasia ou afasia, paralisia facial ou ptose palpebral, amaurose fugaz, vertigem, convulsão, hemiparesia ou hemiplegia.

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