Buscar

Roteiro_Introdução à Contabilidade_aluno 29 03 pdf prova

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 147 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 
 
Prezado(a) estudante, 
Esta disciplina tem o propósito de apresentar os principais métodos utilizados pela 
ciência contábil para produzir informações, bem como identificar a estrutura das 
demonstrações financeiras, particularmente o balanço patrimonial e a demonstração de 
resultado do exercício. 
Assim, vamos estudar os seguintes conteúdos: 
Unidade I: Aspectos introdutórios da contabilidade - Evolução da contabilidade. 
Usuário da contabilidade. Definição, princípios, campo de aplicação e forma de atuação 
da contabilidade. Objeto, funções e objetivo final (finalidade da contabilidade). 
Técnicas contábeis: escrituração, demonstrações contábeis, auditoria e análise das 
demonstrações financeiras. Patrimônio: bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido. 
Unidade II: Contas, regimes contábeis e dinâmicas patrimoniais - Contas contábeis: 
teoria, função, estrutura e plano de contas. Débito, crédito e saldo. Apuração de 
resultado e regime de contabilização de receitas e despesas: regime de competência, 
regime de caixa, balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício e regime 
de competência. Dinâmica patrimonial: atos e fatos contábeis. 
Unidade III: Escrituração e lançamentos contábeis - Livros contábeis: livro diário, 
livro razão e razonetes, conta corrente e livro de duplicatas. Lançamento contábeis. 
Apuração do resultado do exercício. Balancete de verificação. 
Unidade IV: Introdução às demonstrações financeiras e índices contábeis - 
Introdução às demonstrações financeiras. Períodos de apresentação das demonstrações 
financeiras. Requisitos para publicação das demonstrações financeiras. Introdução ao 
Balanço Patrimonial. Introdução à Demonstração do resultado do exercício. Índices 
utilizados nos processos licitatórios: índice de liquidez geral, índice de liquidez corrente, 
índice de solvência geral, índice de garantia de capitais de terceiros. 
 
 
 
Não se esqueça de observar a bibliografia recomendada no plano de ensino da 
disciplina. Procure estar sempre atualizado acerca da disciplina, pois a contabilidade 
ainda está em processo de convergência internacional e em constante transformação. 
Outra dica não menos importante é a leitura da legislação indicada. Isso é 
fundamental! 
Enfatizamos que esse roteiro se trata de um RESUMO das referências básicas 
indicadas no projeto pedagógico do curso, bem como de legislações específicas da 
contabilidade e de bibliografias complementares. Ressaltamos, ainda, que o intuito não 
é esgotar o assunto, mas trazer um conhecimento introdutório da disciplina. 
A disciplina está organizada em quatro unidades temáticas e contém duas 
atividades de percurso, além de avaliação regular e exame final. Ela foi construída de 
forma que você estude e realize as atividades no seu tempo, respeitando, é claro, sua 
autonomia de estudos para a conclusão das atividades e o aprendizado, de acordo com o 
calendário acadêmico. 
 
Desejo a você um ótimo estudo! 
Professora Rwrsilany Silva 
 
 
 
UNIDADE I: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA 
CONTABILIDADE 
 
Prezado(a) estudante, 
Nesta unidade temática, estudaremos os aspectos introdutórios da contabilidade: 
evolução histórica da contabilidade; conceito, objetivo, finalidade, objeto de estudo da 
contabilidade e usuários das informações contábeis; composição do patrimônio e 
representação gráfica do patrimônio. 
O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: 
✓ Conhecer a história e os fundamentos da ciência contábil; 
✓ Identificar os principais métodos utilizados pela contabilidade para gerar 
informações; 
✓ Entender o que é patrimônio e sua representação gráfica na contabilidade. 
 
 
Estamos frequentemente tomando decisões, como a que hora iremos nos levantar, 
em que escola matricularemos os nossos filhos, qual será o próximo destino da viagem de 
férias, que modelo de carro comprar, por qual rota de trânsito chegarei ao trabalho neste 
dia, em que supermercado farei as compras do mês, dentre tantas outras. 
Algumas vezes, trata-se de decisões importantíssimas, como o casamento, a 
carreira que escolhemos, a aquisição de casa própria ou a aplicação em poupança, fundos 
de renda fixa ou variável. Evidentemente que estas decisões mais importantes requerem 
maior cuidado e uma análise mais profunda sobre as informações disponíveis, sobre os 
critérios racionais, os impactos ocasionados pelas variáveis do mundo externo e até 
mesmo o aspecto emocional íntimo, pois uma decisão importante, mal tomada, pode 
prejudicar toda uma vida. Planejarmos antecipadamente nossas decisões nos ajuda a 
diminuir os riscos de cometermos erros, talvez irreparáveis. 
 
 
 
Assim como na vida pessoal, se pensarmos em relação às decisões tomadas no 
ambiente organizacional e nos relacionamentos internos e externos, a situação não é 
diferente. Frequentemente, os responsáveis pela administração devem tomar decisões, de 
menor ou maior impacto, todas elas importantes e vitais para o sucesso do negócio. Por 
isso, são necessários dados, informações corretas e subsídios que contribuam para uma 
boa tomada de decisão. 
Decisões como comprar ou alugar uma máquina; definir preço de venda do 
produto; no que investir e de que forma; fazer empréstimos e financiamentos, de longo 
ou curto prazo; quais itens do estoque comprar ou produzir mais, e quais eliminar; reduzir 
custos de produzir, ou terceirizar a produção, entre outras tantas, impactam a vida da 
empresa em sua missão de se perpetuar (IUDÍCIBUS; MARION, 2018). 
A contabilidade é o principal instrumento que subsidia os administradores e 
gestores a tomar decisões. Na verdade, por meio da contabilidade, registram-se os fatos 
econômicos ocorridos (passado) – por exemplo, a compra de mercadorias, matéria- prima, 
máquinas e equipamentos; o pagamento de fornecedores, empregados e impostos; a 
venda de mercadorias, produtos e serviços –, mensurando-os monetariamente, com a 
finalidade de transformá-los em informações demonstradas em relatórios financeiros 
utilizados para projetar situações e cenários futuros com dados preditivos, que norteiam 
os gestores para melhor decisão (IUDÍCIBUS; MARION, 2018). 
A contabilidade é uma ciência que se baseia em princípios aplicados a todos os 
tipos de negócios, de forma padronizada, de modo que as informações de ganhos 
financeiros, prejuízos e grau de endividamento sejam facilmente lidas e interpretadas em 
todo o mundo (IUDÍCIBUS; MARION, 2018). 
Neste contexto, agora que já sabe a importância da contabilidade na tomada de 
decisões, gostaria que você se questionasse: o que é contabilidade? Qual é a aplicação 
da contabilidade? Quem são seus usuários? Quais os pilares da contabilidade? Com 
 
 
base nestas questões, convido-o a navegar pelo conhecimento dos aspectos iniciais da 
contabilidade. 
 
Vamos iniciar nossa jornada do conhecimento seguindo os tópicos abaixo. 
 
 
1.1 Resumo sobre a evolução histórica da contabilidade 
O surgimento da contabilidade certamente é antigo, tanto quanto a origem da 
civilização, por exemplo, e está relacionado à necessidade de controlar o patrimônio. 
Relatos históricos demonstram que a contabilidade empírica já existia entre povos antigos, 
com o objetivo de registrar as posses e riquezas oriundas da criação de animais e do 
cultivo agrícola. Com o natural crescimento do patrimônio, surgiu a necessidade de se 
manter um controle sobre as movimentações e a evolução das riquezas, ação permitida 
pela ciência contábil até os dias de hoje. 
 
Convido você, primeiramente, a assistir ao vídeo sobre a evolução 
 histórica da contabilidade. Depois, daremos seguimento ao assunto. 
<https://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg> 
 
 
Não é descabido afirmar que, de acordo com a noção intuitiva, a contabilidade 
talvez seja bastante antiga. Segundo alguns historiadores, os primeiros sinais objetivos da 
existência de contas remontam há aproximadamente2.000 anos a. C. Mas ainda podemos 
pensar que antes disso, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca 
disponíveis, ao contar seus rebanhos ou ao enumerar suas ânforas de bebidas, o homem 
primitivo já estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade. 
Portanto, é possível localizar os primeiros exemplos completos de contabilização, 
seguramente, no terceiro milênio antes de Cristo, nas civilizações da Suméria e da 
Babilônia – na Mesopotâmia (hoje Iraque) –, no Egito e na China. Mas é 
https://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg
 
 
 
provável, como mencionado previamente, que algumas formas mais rudimentares de 
contagem de bens tenham sido realizadas bem antes disso, talvez por volta do quarto 
milênio antes de Cristo. É claro que a contabilidade teve evolução relativamente lenta até 
o momento histórico do aparecimento da moeda. Na época da troca pura e simples de 
mercadorias, os negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens perante 
terceiros; porém, obviamente, tratava-se de um mero elenco de inventário físico, sem 
avaliação monetária (IUDÍCIBUS, 2015). 
A origem da contabilidade está ligada à necessidade de registros do comércio. 
Há indícios de que as primeiras cidades comerciais eram habitadas pelos fenícios. A 
prática do comércio não era exclusiva deles, sendo exercida nas principais cidades da 
antiguidade. 
A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o 
acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As 
trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. 
Mas já se fazia a cobrança de impostos na Babilônia por meio da escrita, embora ela ainda 
fosse rudimentar. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo 
de seu país no ano 2000 a. C. 
À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores 
patrimoniais, preocupava-o saber quanto esses valores poderiam render e qual a forma 
mais simples de continuar o rendimento de suas posses. Essas informações não eram 
fáceis de memorizar quando já em maior volume, requerendo registros. Foi o pensamento 
do “futuro” que levou o homem aos primeiros registros, a fim de que pudesse conhecer 
as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção, dentre outros. 
Com o surgimento das primeiras administrações particulares, houve a necessidade 
de controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse 
prestar contas da coisa administrada. 
 
 
 
É importante lembrar que, naquele tempo, não havia o crédito, ou seja, as compras, 
vendas e trocas eram feitas à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore 
assinalados como provas de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e 
do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de 
informações sobre negócios. 
À medida que as operações econômicas se tornaram complexas, seu controle se 
refinou. As escritas governamentais da República Romana (200 a. C.) já traziam receitas 
de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, 
perdas e diversões. 
No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por 
governos locais e pela Igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo contabilitá. 
Podemos resumir a evolução da ciência contábil da seguinte forma: 
✓ Contabilidade do mundo antigo - período que se inicia com as primeiras 
civilizações e vai até o ano 1202 da era cristã, quando apareceu o Liber Abaci, de 
autoria de Leonardo Fibonaci, o Pisano. 
✓ Contabilidade do mundo medieval - período que vai de 1202 da era cristã até 
1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por 
Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, publicado em 1494, enfatizando que a 
teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos 
e negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade entre os ramos do 
conhecimento humano. 
✓ Contabilidade do mundo moderno - período que vai de 1494 até 1840, com o 
aparecimento da Obra La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e 
Pubbliche, de autoria de Franscesco Villa, premiada pelo governo da Áustria; é 
uma obra marcante na história da contabilidade. 
✓ Contabilidade do mundo científico - período que se inicia em 1840 e continua 
até os dias de hoje. 
 
 
 
 
 
1.1.1 Período antigo 
A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como objeto o 
patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. 
Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do 
homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo foram encontradas formas mais 
eficientes de processar seus registros, utilizando gravações e outros métodos alternativos 
para os registros históricos. 
O inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado 
para o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, metais, 
escravos, dentre outros. Uma informação muito importante é que a palavra “conta” 
designa o agrupamento de itens da mesma espécie. 
As primeiras escritas contábeis datam do término da era da pedra polida, quando 
o homem registrava seus primeiros desenhos e gravações. Os primeiros controles eram 
estabelecidos pelos templos, perdurando por vários séculos. 
Os sumérios e babilônios, assim como os assírios, faziam os seus registros em 
peças de argila, retangulares ou ovais. Ficaram famosas as pequenas tábuas de Uruk, que 
mediam aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros e tinham faces ligeiramente convexas. 
Os registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do animal cuja 
existência se queria controlar e o número correspondente às cabeças existentes. 
Embora rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que hoje se 
processa. O nome da conta, “matrizes”, por exemplo, substituiu a figura gravada, 
enquanto o aspecto numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo do valor 
monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à “aplicação”, se 
pudesse demonstrar, também, a sua “origem”. 
 
 
 
Na cidade de Ur, na Caldeia, onde teria vivido Abraão – personagem bíblico 
citado no livro de Gênesis –, encontram-se em escavações importantes documentos 
contábeis: tabela de escrita cuneiforme, onde estão registradas contas referentes a mão- 
de-obra e materiais, ou seja, custos diretos. Isto significa que, há 5.000 anos antes de 
Cristo, o homem já considerava fundamental apurar os seus custos. 
O sistema contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de documentos e “selos 
de sigilo”. Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados em 
papiros ou tábuas, efetivando-se no final de determinados períodos. Sofreram nova 
sintetização, agrupando-se em vários períodos, o que nos lembra o diário, o balancete 
mensal e o balanço anual. 
Já se estabelecia o confronto entre variações positivas e negativas, aplicando-se, 
empiricamente, o princípio da competência. Reconhecia-se a receita, que era confrontada 
com a despesa. 
Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da contabilidade, e 
seus registros remontam a 6.000 anos antes de Cristo. A escrita no Egito era fiscalizada 
pelo fisco real, o que tornava os escriturários zelosos e sérios em sua profissão. O 
inventário revestia-se de tal importância que a contagem do boi, divindade adorada pelos 
egípcios, marcava o início do calendário adotado. Inscreviam-se bens móveis e imóveis, 
e já se estabeleciam, de forma primitiva, controles administrativos e financeiros. 
As “partidas de diário” assemelhavam-se ao processo moderno: o registro 
iniciava-se com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e totais, 
transporte, se ocorresse, sempre em ordemcronológica de entradas e saídas. 
Pode-se citar, entre outras contas: “conta de pagamento de escravos”, “conta de 
vendas diárias”, “conta sintética mensal dos tributos diversos”, dentre outros. 
Tudo indica historicamente que os egípcios foram os primeiros povos a utilizar o 
valor monetário nos registros. Usavam como base uma moeda, cunhada em ouro e 
 
 
 
prata, denominada “shat”. Era a adoção, de maneira prática, do princípio do denominador 
comum monetário. 
Os gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já 
escrituravam “contas de custos e receitas”, procedendo, anualmente, a uma confrontação 
entre elas para apuração do saldo. Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo 
a escrituração contábil às várias atividades, como administração pública, privada e 
bancária. 
 
1.1.2 Período medieval 
Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Liber Abaci, de Leonardo Pisano. 
Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, dentre outras 
temáticas relacionadas, tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais 
e financeiros. 
Se os sumérios-babilônios plantaram a semente da contabilidade e os egípcios a 
regaram, foram os italianos que fizeram seu cultivo e a colheita. 
Foi um período importante na história do mundo, especialmente na história da 
contabilidade, denominado a “era técnica”, devido às grandes invenções, como o moinho 
de vento e o aperfeiçoamento da bússola, dentre outras, que abriram novos horizontes aos 
navegadores – como Marco Polo. 
A indústria artesanal proliferou-se com o surgimento de novas técnicas no sistema 
de mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se, por intermédio dos 
venezianos. Como consequência das necessidades da época, surgiu o livro caixa, que 
recebia registros dos recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma 
rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, 
referindo-se, inicialmente, às pessoas. 
O aperfeiçoamento e o crescimento da contabilidade foram a consequência natural 
das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/obrigacoes/livrocaixa.htm
 
 
 
processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando- 
se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, 
tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações 
na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa. No final do século XIII 
apareceu pela primeira vez a conta “capital”, representando o valor dos recursos injetados 
nas companhias pela família proprietária. 
O método das partidas dobradas teve origem na Itália, embora não se possa 
precisar em que região. Seu aparecimento implicou a adoção de outros livros que 
tornassem a contabilidade mais analítica. Surgiu, então, o livro da contabilidade de custos. 
 
1.1.3 Período moderno 
O período moderno foi denominado como a fase da pré-ciência. Devem ser citados 
três eventos importantes que ocorreram neste período: 
✓ Em 1453, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes sábios 
bizantinos emigrassem, principalmente para a Itália; 
✓ Em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava um 
enorme potencial de riquezas para alguns países europeus; e 
✓ Em 1517, ocorreu a reforma religiosa: os protestantes, perseguidos na Europa, 
emigraram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida. 
A contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das 
inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. A introdução da técnica contábil nos 
negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do século XIII. Os 
empréstimos às empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o 
desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e 
investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os 
consumidores e os empregados. 
 
 
 
O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci 
que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da contabilidade. 
 
 
 
Frei Luca Pacioli 
Escreveu Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas 
Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito 
corresponde à teoria dos números positivos e negativos. 
Pacioli foi matemático, teólogo e contabilista, dentre outras profissões. Deixou 
muitas obras, destacando-se a Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et 
Proporcionalitá, impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre 
contabilidade e escrituração. 
Pacioli, apesar de ser considerado o “pai da contabilidade”, não foi o criador das 
partidas dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde 
o século XIV. 
O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao “bom” comerciante. A seguir, 
conceituava “inventário” e como fazê-lo; discorria sobre livros mercantis – memorial, 
diário e razão –, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações – aquisições, 
permutas, sociedades, dentre outros –; sobre contas em geral, como abrir e como encerrar; 
contas de armazenamento; lucros e perdas, que na época eram “pro” e “dano”; sobre 
correções de erros; sobre arquivamento de contas e documentos. 
Sobre o método das partidas dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia 
adaptada: 
“Per”, mediante o qual se reconhece o devedor; 
“A”, pelo qual se reconhece o credor. 
Acrescentou que, primeiro, deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se 
usa até hoje. 
 
 
 
A obra de Frei Luca Pacioli marca o início da fase moderna da contabilidade. A 
obra de Pacioli não só sistematizou a contabilidade, como também abriu precedente 
para que novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a 
formalização da contabilidade tenha ocorrido na Itália, afinal, neste período, instaurou- 
se a mercantilização; as cidades italianas eram os principais interpostos do comércio 
mundial. 
Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da contabilidade por um 
indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores pessoas 
devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da matéria 
aumentou com a intensificação do comércio internacional e com as guerras ocorridas 
nos séculos XVIII e XIX, que consumaram numerosas falências e a consequente 
necessidade de se proceder à determinação de perdas e lucros entre credores e devedores. 
Na figura 1, são mostrados os principais fatos históricos da contabilidade. 
 
 
Figura 1. Fatos históricos da contabilidade 
 
Elaborado pela autora 
 
 
 
 
 
Vamos agora entrar na era científica? 
 
 
1.1.4 Período científico 
Nos primórdios do período científico, apresentam-se dois grandes autores 
memoráveis: Francesco Villa, escritor milanês e contabilista público que, com sua obra 
La Contabilità Applicata Alle Amministrazioni Private e Pubbliche, inicia a nova fase; e 
Fábio Bésta, escritor veneziano. 
Os estudos envolvendo a contabilidade fizeram surgir três escolas do pensamento 
contábil: a primeira, chefiada por Francesco Villa, foi a escola lombarda; a segunda, a 
escola toscana, chefiada por Giusepe Cerboni; e a terceira: a escola veneziana, por Fábio 
Bésta. 
Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse 
inventado a calculadora, a ciência da contabilidade ainda se confundia com a ciência da 
Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos. 
Nessa época, na Itália, a contabilidade já chegara à universidade. A contabilidade 
começou a ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809. 
A obra de Francesco Villa foi escritapara participar de um concurso sobre 
contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra 
natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de professor universitário. 
Francesco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de contabilidade. Para ele, a 
contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas 
que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento 
patrimonialista. 
Este foi o início da fase científica da contabilidade. Fábio Bésta, seguidor de 
Francesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos. Demonstrou o elemento 
 
 
 
fundamental da conta, o valor, e chegou, muito perto de definir patrimônio como objeto 
da contabilidade. 
Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, em 1923, 
definiu patrimônio como objeto da contabilidade. O enquadramento da contabilidade 
como elemento fundamental da equação aziendalista teve, sobretudo, o mérito 
incontestável de chamar atenção para o fato de que a contabilidade é muito mais que mero 
registro; é um instrumento básico de gestão. 
Entretanto, a escola europeia teve peso excessivo na frustração da elaboração da 
teoria, sem demonstrações práticas, sem pesquisas fundamentais; ou seja, preocupou-se 
demais em demonstrar que a contabilidade era uma ciência, ao invés de dar vazão à 
pesquisa séria de campo e de grupo. Em alguns casos, a exploração teórica das contas e 
o uso exagerado das partidas dobradas inviabilizaram a flexibilidade necessária, 
principalmente na contabilidade gerencial. 
A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte- 
americana dentro da contabilidade. 
 
Escola norte-americana 
Enquanto declinavam as escolas europeias, floresciam as escolas norte- 
americanas com suas teorias e práticas contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de 
uma ampla estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e pelo trabalho 
sério dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut of Certified Public 
Accountants foi de extrema importância no desenvolvimento da contabilidade e dos 
princípios contábeis. Várias associações empreenderam muitos esforços e grandes somas 
em pesquisas nos Estados Unidos; havia uma total integração entre acadêmicos e os já 
profissionais da contabilidade, o que não ocorreu com as escolas europeias. 
A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por 
exemplo, que requerem grandes capitais de muitos acionistas, foi a causa primeira do 
 
 
 
estabelecimento das teorias e práticas contábeis que permitissem correta interpretação das 
informações por qualquer acionista ou outro interessado, em qualquer parte do mundo. 
No início do século atual, o surgimento de gigantescas corporações, aliado ao 
formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de 
desenvolvimento que os Estados Unidos experimentaram e ainda experimentam 
constituíram-se em campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis. Não por 
acaso, atualmente, inúmeras obras contábeis de origem norte-americana têm reflexos 
diretos na economia mundial. 
 
Esse resumo está disponível no Portal de Contabilidade: 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm 
 
 
1.1.5 A evolução histórica da contabilidade no Brasil 
Após a colonização do Brasil pelos portugueses, nada foi feito nas décadas 
seguintes com relação à educação no Brasil. Somente em meados de 1548 e 1549, quando 
da instituição do governo geral na colônia, sob as ordens religiosas da Igreja Católica, 
instituiu-se a responsabilidade pelo ensino no território brasileiro. 
No Brasil, os primeiros cursos superiores só foram criados em 1808 e a primeira 
universidade só surgiu em 1920. A vinda da família real portuguesa incrementou a 
atividade colonial, exigindo – devido ao aumento dos gastos públicos e da renda nos 
estados – um melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o 
Tesouro Público Nacional, juntamente com o Banco do Brasil, por volta de 1808 (LEITE, 
2005). As Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um 
contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e 
administração financeira e fiscal. 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm
 
 
 
A contabilidade, no Brasil, provavelmente, começou a ser lecionada com a Aula 
de Comércio da Corte, em 1809; a instituição passou a se chamar Instituto Comercial do 
Rio de Janeiro em 1856. O Brasil foi um dos primeiros países a ter um estabelecimento 
de ensino superior de contabilidade. A Escola de Comércio Alvares Penteado, primeira 
escola especializada no ensino da contabilidade, foi criada em 1902, em São Paulo 
(LEITE, 2005). 
Inicialmente, o país sofreu forte influência da corrente italiana até a antiga Lei das 
Sociedades Anônimas, sem perder os traços de uma escola verdadeiramente brasileira. 
Por volta de 1920 a 1940, cada empresa comercial ou industrial (naquele tempo não se 
falava “empresa”, dizia-se “firma”) tinha o seu “guarda-livros”, geralmente um homem 
bem-intencionado, mas de pouca formação técnica, sem haver frequentado escolas ou 
cursos da especialidade e que aprendera pela prática ou pelo empirismo (LEITE, 2005). 
O guarda-livros fazia tudo: a contabilidade da firma, sua escrituração, sua 
correspondência, seus contratos e distratos, preenchia os cheques, fazia pagamentos e 
recebimentos, enfim, era o factotum. Era o tempo em que predominavam os práticos. Os 
guarda-livros prestaram muitos serviços dentro de suas limitadas possibilidades. 
Neste momento, dizemos que o curso de contabilidade veio formalizar e 
profissionalizar o que correspondia à profissão do guarda-livros. A grade curricular 
deste novo curso era composta por um grupo de disciplinas de cultura geral e outro de 
cultura técnica que continha contabilidade geral, comercial, bancária e industrial (LEITE, 
2005, p. 19). 
A partir da resolução nº 220 e da circular nº 179 do Banco Central, os cursos de 
contabilidade no Brasil passam a se inspirar nas ementas norte-americanas. Foi com a 
instalação do curso de Ciências Contábeis e Atuariais pela Faculdade de Economia e 
Administração da Universidade de São Paulo (USP), em 1946, que o Brasil ganhou seu 
primeiro núcleo efetivo, embora modesto, de pesquisa contábil nos modelos norte- 
 
 
 
americanos – ou seja, com professores em regime de serviço integral, dedicando-se ao 
ensino e à pesquisa, produzindo trabalhos específicos de caráter científico e de grande 
importância para a contabilidade (LEITE, 2005). 
Entre grandes mestres da ciência brasileira, podemos citar Francisco D’Auria e 
Frederico Herman Jr. Verificou-se que a contabilidade no Brasil teve diversos momentos 
e foi influenciada por várias variantes econômicas, sociais e educacionais, desde a sua 
colonização até o século XX (LEITE, 2005). 
 
Faça também a leitura das páginas 16 a 33 do livro de Iudícibus (2015), disponível na 
biblioteca virtual no SUAP. 
 
 
 
1.2 Definição, campo de aplicação, forma de atuação da contabilidade e composição 
do patrimônio 
A contabilidade, de acordo com Marion (2018), é o instrumento que fornece o 
máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é 
muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. 
 
1.2.1 Definição de contabilidade 
Para Montoto (2018), a contabilidade é uma ciência social que estuda o 
patrimônio de uma entidade econômico-administrativa, pessoa física ou jurídica, com 
o objetivo de obter registros classificados e sintetizados dos fenômenos que afetam a sua 
situação patrimonial e financeira. Todavia, devemos saber o seguinte conceito, 
considerado como o oficial, extraído do 1º Congresso Brasileiro de Contabilidade em 
1924: “Contabilidade é a ciência que estuda e praticaas funções de orientação, de 
controle e de registro dos atos e fatos de uma administração econômica”. Veja a 
explicação do conceito na figura 2. 
 
 
 
Figura 2. Conceito de contabilidade 
 
Fonte: adaptado de Possati (2020). 
 
A ciência contábil possibilita a análise, o controle e o registro do patrimônio das 
aziendas, com o intuito de apurar o resultado e gerar informações favoráveis à tomada 
de decisões. As informações geradas pela aplicação das técnicas contábeis visam 
demonstrar a situação econômico-financeira das entidades. 
De fato, a contabilidade tem ligação direta com os números; porém, não pode ser 
considerada uma ciência exata, e sim social. O que a torna uma ciência social é o fato 
de influenciar as instituições de forma interna e externa, afinal, trabalhar com o 
patrimônio envolve uma gama de fatores que influenciam diretamente no ambiente 
(BACINELLO, 2014). 
 Atenção! A contabilidade é uma ciência social. 
A contabilidade é, portanto, uma ciência que estuda e pratica suas funções a partir 
dos fatos contábeis produzidos pela entidade em determinado período. Assim, registra os 
fatos contábeis nos livros, controla a entidade a partir das demonstrações financeiras e 
orienta os gestores a partir da análise das demonstrações financeiras e da auditoria em 
toda a produção de fatos contábeis da entidade (MONTOTO, 2018). 
 
 
 
 
 
1.2.2 Pilares da contabilidade 
Pilares da contabilidade são os pressupostos básicos da contabilidade que 
podemos chamar, genericamente, de princípios contábeis. Nesse sentido, a contabilidade 
repousa basicamente em dois pilares da teoria contábil: a entidade contábil e a 
continuidade da empresa. 
Em primeiro lugar, há necessidade da existência da entidade contábil, ou seja, uma 
pessoa para quem é mantida a contabilidade. Não havendo entidade contábil, não há, 
evidentemente, a contabilidade aplicada. 
Desse primeiro conceito, deduz-se que a contabilidade é mantida para a entidade 
como pessoa distinta dos sócios. A contabilidade é realizada para a entidade, devendo o 
contador fazer um esforço para não misturar as movimentações da entidade com as dos 
proprietários. Pessoas físicas e jurídicas não devem ser confundidas, e sócios não devem 
ser confundidos com empresas. 
O segundo pilar é baseado no pressuposto de que a empresa é algo em andamento, 
em continuidade, que funcionará por prazo indeterminado. Uma empresa em processo 
de extinção (descontinuidade) ou liquidação será contabilizada por outras regras que não 
são estudadas neste livro. 
 Assista ao vídeo caso queira aprender os demais princípios da 
contábeis: 
https://www.youtube.com/watch?v=C0yWhslqid4&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC 
5&index=6 
 
1.2.3 Usuário da informação contábil 
A doutrina costuma classificar os usuários da informação contábil em dois grandes 
grupos: internos e externos. 
https://www.youtube.com/watch?v=C0yWhslqid4&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=6
https://www.youtube.com/watch?v=C0yWhslqid4&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=6
 
 
 
Os usuários internos estão ligados aos objetivos e às atividades da entidade. Como 
a própria classificação indica, são internos à entidade. Basicamente, são os 
administradores e acionistas/sócios controladores. Eles influenciam na gestão 
administrativa da entidade (funções de planejamento e aspectos gerenciais, como 
políticas de preços, gestão de pessoal, dentre outros). 
Os usuários externos, por sua vez, não compõem como regra a estrutura da 
entidade. Estão interessados em diversas informações, de acordo com o seu objetivo. 
Basicamente, englobam os acionistas/sócios não controladores (investidores), bancos, 
fornecedores, governo, entre outros. 
Entre os usuários das demonstrações contábeis, incluem-se investidores atuais e 
potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores 
comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Eles usam as demonstrações 
contábeis para satisfazer algumas das suas diversas necessidades de informação. 
Marion (2018) conceitua os usuários, conforme suas necessidades, da seguinte 
forma: 
 
 
✓ Investidores: é por meio dos relatórios contábeis que se identifica a situação 
econômico-financeira da empresa; dessa forma, o investidor tem em mãos os 
elementos necessários para decidir sobre as melhores alternativas de 
investimentos. Os relatórios evidenciam a capacidade da empresa de gerar lucros 
e outras informações; 
✓ Fornecedores de bens e serviços a crédito: usam os relatórios para analisar a 
capacidade de pagamento da empresa compradora; 
✓ Clientes: os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade 
operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento de longo 
prazo com ela, ou dela dependem, como fornecedora importante; 
✓ Bancos: utilizam os relatórios para aprovar empréstimos, limites de crédito etc.; 
 
 
 
✓ Governo: não só usa os relatórios com a finalidade de arrecadar impostos, como 
também para dados estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a economia 
(IBGE, por exemplo); 
✓ Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor, fator 
preponderante para reajuste de salários; 
✓ Outros interessados: funcionário (quer saber se a empresa tem condições de pagar 
seu salário ou não), órgãos de classes, pessoas e diversos institutos, como a 
Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho Regional de Contabilidade 
(CRC), concorrentes etc. 
 
Assista ao vídeo para melhor assimilação do conteúdo. 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=nJBGpFWjdUo&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvg 
BEFDPX3Wci9AlC5&index=4 
 
1.2.4 Normas da contabilidade 
Você deve saber que a contabilidade também possui uma base legal para estudo. 
Esse alicerce, hoje, se encontra na Lei 6.404/1976 (também chamada de Lei das 
Sociedades por Ações). É extremamente importante que você saiba os artigos 175 a 204 
desta legislação. 
Aqui no Brasil, devido às convergências internacionais da contabilidade, as Leis 
11.638/2007 e 11.941/2009 trouxeram avanços gigantes para esse processo, alterando a 
Lei 6.404/1976 e permitindo a adoção de diversas normas internacionais pelas empresas 
brasileiras. 
✓ Lei 6.404/1976 - Lei das Sociedades por Ações, artigos 175 a 204; 
✓ Lei 11.638/2007 e 11.941/2009 - as principais alterações promovidas por essas 
leis na Lei 6.404/1976; 
https://www.youtube.com/watch?v=nJBGpFWjdUo&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=4
https://www.youtube.com/watch?v=nJBGpFWjdUo&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=4
 
 
 
✓ Pronunciamentos contábeis - hoje, temos vigentes os pronunciamentos contábeis 
00 até o CPC 49; 
✓ Lei 12.873/2014 - trata dos efeitos tributários da convergência às normas 
internacionais. Alguns aspectos pontuais serão tratados no curso. 
✓ Código Civil - também apresenta aspectos importantes sobre adoção obrigatória 
de sistemas de contabilidade pelas empresas brasileiras. 
 
O professor Luciano Rosa esquematizou a Lei 6.404/1976 e a disponibilizou em 
sua plataforma. Acesse o link para baixá-la e fazer uma leitura detalhada da lei. 
 
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-6404-esquematizada-e-atualizada- 
para-concursos/ 
 
 
 
1.2.5 Campo de aplicação da contabilidade 
A contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou 
em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou setor da economia). Quando a 
contabilidade geral for aplicada a: 
✓ Empresas comerciais, denomina-se contabilidade comercial; 
✓ Empresas industriais, denomina-se contabilidade industrial; 
✓ Órgãos públicos, denomina-se contabilidade pública; 
✓ Instituições bancárias, denomina-se contabilidade bancária; 
✓ Instituições hospitalares, denomina-se contabilidade hospitalar; 
✓ Empresas agropecuárias, denomina-se contabilidade agropecuária; 
✓ Empresas de seguros, denomina-se contabilidade securitáriaetc. 
 
 
O campo de aplicação da contabilidade são as aziendas. O conceito de azienda 
vai além do significado da palavra empresa. Azienda é o conjunto de bens,
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-6404-esquematizada-e-atualizada-para-concursos/
https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-6404-esquematizada-e-atualizada-para-concursos/
 
 
 
direitos e obrigações que constituem o patrimônio e que estejam sob a supervisão do 
homem. Todas as entidades, mesmo que não visem ao lucro, são consideradas aziendas, 
afinal, utilizam a ciência contábil para controlar a evolução de seu patrimônio 
(BACINELLO, 2014). 
São exemplos de aziendas: empresas, governo, pessoas físicas, entidades de 
assistência social, enfim, qualquer entidade que tenha a necessidade de controlar um 
patrimônio, mesmo que não seja obrigada legalmente à escrituração, como no caso de 
pessoas físicas. 
Assim, a azienda surge quando temos um patrimônio gerido de maneira 
organizada. Veja a figura 3. 
 
Figura 3. Campos de aplicação da contabilidade 
 
Fonte: baseado em Possati (2020). 
 
 
Azienda é uma entidade com ou sem fim lucrativo, com objetivo social ou econômico, de 
ordem econômico-administrativa, isto é, que possui patrimônio a controlar. 
 
 
1.2.6 Forma de atuação da contabilidade 
A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, possui metodologias 
especialmente concebidas para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os 
fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de quaisquer 
entes – sejam pessoas físicas, entidades de finalidades não lucrativas ou empresas, sejam 
pessoas de direito público, tais como estado, município, União, autarquias etc. – e 
 
 
 
tem um campo de atuação circunscrito às entidades supramencionadas, o que equivale a 
dizer muito amplo (MONTOTO, 2018). Observe a forma de atuação na figura 4. 
Figura 4. Forma de atuação 
 
Fonte: adaptado de Montoto (2018). 
 
 
O diagrama anterior descreve a forma de atuação da contabilidade nas entidades 
com patrimônio a ser administrado. Não existe contabilidade sem a coleta dos dados 
que alteraram o patrimônio e, em seguida, o seu registro, de forma acumulada, nos 
livros contábeis. As demonstrações financeiras são resumos de tudo o que ocorre, porque 
seria impossível os interessados, pelas informações contábeis e financeiras, terem acesso 
fácil e compreenderem os registros na sua origem elementar. Por último, a técnica da 
interpretação ajudará o leitor da informação contábil no entendimento do estado 
patrimonial, econômico e financeiro da entidade (empresa) (MONTOTO, 2018). 
Assista a este vídeo e entenda o conceito de contabilidade e seu campo de 
aplicação. 
https:/ /www.youtube.com/watch?v=tgKwW00QcVY 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
https://www.youtube.com/watch?v=tgKwW00QcVY
 
 
1.3 Objeto, funções e objetivo final (finalidade da contabilidade); técnicas 
contábeis 
Toda ciência tem um objeto, sendo o da contabilidade, que é uma ciência social, 
o patrimônio da entidade. A contabilidade possui duas funções práticas básicas: 
administrativa e econômica. O objetivo final da contabilidade é o fornecimento de 
informações de natureza econômica, financeira e patrimonial para o controle das 
operações e para o planejamento. 
 
1.3.1 Objeto da contabilidade 
O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência. Como vimos, na 
contabilidade, o objeto é o PATRIMÔNIO de uma entidade, definido como um conjunto 
de bens e direitos e de obrigações com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um 
conjunto de pessoas ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, 
independentemente da sua finalidade, que pode ou não incluir o lucro. 
A contabilidade estuda o patrimônio nos seus aspectos quantitativos e 
qualitativos. Ela busca assimilar suas modificações, tendo uma visão ao longe de 
possíveis variações. A análise quantitativa expressa os itens patrimoniais em valores, 
o que exige da contabilidade uma definição de “valor”. Por aspecto qualitativo do 
patrimônio, entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como: dinheiro, valores 
a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de 
mercadorias (MONTOTO, 2018). 
 
O objeto da contabilidade é o PATRIMÔNIO e ela estuda seus aspectos 
QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS. 
 
 
1.3.2 Funções da contabilidade 
Segundo a doutrina, a contabilidade possui duas funções: a função administrativa 
e a função econômica. Vejamos objetivamente cada uma delas. 
 
 
 
A contabilidade tem por função administrativa o controle do patrimônio da 
entidade mediante registro dos fatos contábeis em livros apropriados. Os principais livros 
são o diário e o razão. A contabilidade tem por função econômica a apuração do 
resultado líquido (crédito), o qual pode ser positivo (lucro líquido) ou negativo (prejuízo 
líquido). Na figura 5, constam as funções da contabilidade. 
 
Figura 5. Funções da contabilidade 
 
Fonte: adaptado de Araújo (2020). 
 
 
No âmbito empresarial, a contabilidade, por meio de seus dois principais relatórios 
contábeis – o balanço patrimonial (BP) e o demonstrativo de resultado (DRE) 
–, resume o controle do patrimônio e a apuração do resultado. 
 
 
1.3.3 Finalidade da contabilidade 
Basicamente, a contabilidade possui a finalidade de controlar o patrimônio 
administrado e fornecer informações sobre a composição e as variações patrimoniais, bem 
como sobre o resultado das atividades econômicas desenvolvidas pela entidade para 
alcançar seus fins. Assim, a contabilidade, por meio do controle do patrimônio, fornece 
informações úteis para a tomada de decisão (POSSATI, 2020). 
 
28 
 
O objetivo final da contabilidade é o de fornecer informações quantitativas e qualitativas aos seus 
usuários para tomada de decisões nos processos de controle e planejamento da entidade. 
 
 
Leia também o tópico de introdução do livro Contabilidade geral e 
avançada (MONTOTO, 2018): https://docero.com.br/doc/5c5xn 
 
 
 
1.3.4 Técnicas contábeis 
Técnicas contábeis são os procedimentos práticos utilizados para a coleta de dados 
(captação), para o registro de forma acumulada desses dados nos livros contábeis e para 
a elaboração dos relatórios (demonstrações financeiras), bem como suas análises e 
checagens. Nesse sentido, as técnicas são apresentadas na figura 6. 
 
Figura 6. Técnicas de contabilidade 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: elaborado pela autora. 
 
 
Escrituração 
A escrituração necessita de uma boa definição do que queremos controlar, isto é, 
que contas precisamos registrar para podermos elaborar relatórios úteis aos usuários 
https://docero.com.br/doc/5c5xn
 
29 
das informações. Nos livros contábeis e fiscais, registramos todos os fatos contábeis que 
ocorreram em determinado período, de acordo com o que determina a Lei n. 6.404/1976, 
em seu art. 177: “Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros 
permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial desta Lei e aos 
princípios de contabilidade geralmente aceitos, (...).” 
 
Demonstrações contábeis 
As demonstrações são os relatórios resumidos de tudo o que ocorreu no universo 
contábil. São os resumos de todos os fatos contábeis. É o art. 176 da Lei n. 6.404/1976 
que regulamenta as demonstrações exigidas pela legislação comercial (societária): 
 
Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base 
na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações 
financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da 
companhia e as mutações ocorridas no exercício: 
I — balanço patrimonial; 
II — demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; 
III — demonstração do resultado do exercício; 
IV — demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei n. 
11.638, de 2007) 
V — se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.(Incluído 
pela Lei n. 11.638, de 2007) (...) 
§ 6º A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, 
inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à 
elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa (Redação 
dada pela Lei n. 11.638, de 2007). (BRASIL, 1976). 
 
Enfim, é uma técnica que possui, basicamente, o objetivo de evidenciar os fatos 
contábeis escriturados. 
 
Análise das demonstrações contábeis 
A análise dos relatórios contábeis e a auditoria são ramos da contabilidade e 
consistem em verificações, comparações, cálculos e estatísticas a partir de demonstrações 
de, pelo menos, dois exercícios. 
A análise das demonstrações irá permitir verificar, por exemplo, se a empresa tem 
mais disponibilidade (dinheiro) que no ano anterior; se tem mais estoques; se o grau de 
 
30 
investimento em imobilizados (por exemplo, edifícios, veículos, máquinas) é compatível 
com o negócio e com o setor em que a empresa atua; se o retorno sobre o investimento 
foi adequado (quando comparado às expectativas e ao mercado), entre outras análises. 
Enfim, são cálculos matemáticos e estatísticos que nos possibilitam analisar como 
evoluíram o patrimônio e o resultado e planejar o futuro da entidade. 
 
Auditoria 
A auditoria consiste na análise detalhada, na qual um contador-auditor fará uma 
revisão de todo o trabalho realizado pela contabilidade da entidade, criticando, de forma 
analítica, os registros contábeis, para verificar se existe alguma impropriedade, 
inadequação de procedimento ou até mesmo erro ou fraude. Ao final do seu trabalho, o 
contador-auditor deverá emitir um parecer com as opiniões técnicas e fundamentadas 
sobre seu trabalho e o de sua equipe. 
 
 Para compreender melhor, assista ao vídeo. 
https://www.youtube.com/watch?v=ZRA82KRKhOA&t=2s 
 
 
1.4 O patrimônio 
O termo patrimônio significa, a princípio, o conjunto de bens pertencente a uma 
pessoa ou a uma empresa. Compõe-se também de valores a receber (ou dinheiro a 
receber). Por isso, em contabilidade, esses valores a receber são denominados direitos a 
receber ou, simplesmente, direitos. 
Relacionando-se, todavia, apenas bens e direitos, não se pode identificar a 
verdadeira situação de uma pessoa ou empresa. É necessário evidenciar as obrigações 
(dívidas) referentes aos bens ou direitos. Por exemplo, se você disser que tem um 
apartamento como patrimônio e não fizer referência à dívida com o banco financiador 
(em caso de ter sido adquirido através desse sistema de crédito), sua informação será 
incompleta e pouco esclarecedora (MARION, 2018). 
http://www.youtube.com/watch?v=ZRA82KRKhOA&t=2s
 
31 
Em contabilidade, portanto, a palavra patrimônio tem sentido amplo: por um lado, 
significa o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma pessoa ou empresa; por outro 
lado, inclui as obrigações a serem pagas (MARION, 2018). 
 
 
Para compreender melhor, assista ao vídeo. 
https://www.youtube.com/watch?v=ltyDuc5zRxI&list=PLEe0nmKgw0CVAB 
hRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=7 
 
 
1.4.1 Bens 
Entendem-se por bens as coisas úteis, capazes de satisfazer às necessidades das 
pessoas e das empresas. Se eles têm forma física, são palpáveis, denominam-se bens 
tangíveis: veículos, imóveis, estoques de mercadorias, dinheiro, móveis e utensílios 
(móveis de escritório), ferramentas, etc. (MARION, 2018). Montoto (2018) complementa 
indicando que bens são a parte da riqueza de uma entidade (empresa) que a ela pertence 
e que está em seu poder; logo, estão disponíveis para sua utilização imediata. 
Os bens incorpóreos, isto é, não palpáveis, não constituídos de matéria, 
denominam-se bens intangíveis. Normalmente, as marcas que constituem um bem 
significativo para as empresas (Nike, Coca-Cola) e as patentes de invenção (documento 
pelo qual o Estado garante a uma pessoa ou empresa o direito exclusivo de explorar uma 
invenção) são exemplos de bens intangíveis (MARION, 2018). Porém, há muitos outros 
exemplos. 
https://www.youtube.com/watch?v=ltyDuc5zRxI&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=7
https://www.youtube.com/watch?v=ltyDuc5zRxI&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=7
 
32 
 
Os bens, além de tangíveis e intangíveis, podem ser divididos em: 
✓ Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem 
destruição ou danos: edifícios, construções, árvores, dentre outros; 
✓ Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por 
outras pessoas: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias, 
dentre outros. 
 
Suponha que a Cia. Caxumbita tenha os bens que constam no quadro 1. 
 
 
Quadro 1. Cia Caxumbita 
 
BENS VALORES R$ 
Edifício 150 
Móveis e utensílios 95 
Veículos 105 
Máquinas 350 
Terrenos 1050 
Marcas e patentes 140 
Total 
Fonte: adaptado de Marion (2018). 
 
 
Esses bens podem ser classificados como consta no quadro 2 
 
 
Quadro 2. Classificação dos bens 
 
BENS TANGÍVEIS INTANGÍVEIS MÓVEIS IMÓVEIS 
Edifício 150 -------- -------- 150 
Móveis e utensílios 95 -------- 95 -------- 
Veículos 105 -------- 105 -------- 
Máquinas 350 -------- 350 -------- 
Terrenos 1050 -------- -------- 1050 
Marcas e Patentes -------- 140 140 -------- 
Total 1750 140 690 1200 
 
Fonte: adaptado de Marion (2018). 
 
1890 1890 
 
33 
 
 
Vamos admitir que você tivesse de avaliar seu lar, sua casa. Seria fácil somar os 
eletrodomésticos, os utensílios, os móveis... Os bens tangíveis. Todavia, algo muito precioso, 
talvez o mais importante, você não pode avaliar monetariamente: o amor, a comunhão entre os 
membros de sua família. Estes são exemplos de bens intangíveis. 
 
 
1.4.2 Direitos 
Em contabilidade, entende-se por direito ou direito a receber o poder de exigir 
alguma coisa. São valores a receber, títulos a receber, contas a receber, entre outros 
(MARION, 2018). Segundo Montoto (2018), os direitos são a parte da riqueza da entidade 
(empresa) que a ela pertence, mas que está em poder de terceiros; logo, não está 
disponível para utilização imediata. 
Após um mês de trabalho, desde que o pagamento estabelecido seja mensal, você 
tem direito de receber seu salário. Assim, salário a receber é um direito. Depositando 
determinada quantia num banco, você tem direito de sacar esse depósito a qualquer 
momento. Assim, dinheiro depositado em banco é um direito. 
Em relação à empresa, o direito a receber mais comum decorre das vendas a prazo, 
ou seja, quando se vendem mercadorias a outras empresas, o pagamento não é efetuado 
no ato, mas no futuro; a empresa vendedora emite uma duplicata como documento 
comprobatório. Esse direito denomina-se duplicatas a receber (MARION, 2018). 
Como exemplos de outros direitos, podem ser citados: aluguéis a receber, 
promissórias a receber, ações a receber. A relação de direitos da Cia. Caxumbita consta 
no quadro 3. 
 
34 
 
Quadro 3. A relação de direitos da Cia. Caxumbita 
 
ITENS VALORES R$ 
Bancos conta movimento (depósito) 2000 
Duplicatas a receber 350 
Títulos a receber (notas promissórias) 105 
Aluguéis a receber 500 
Total 2.955 
Fonte: adaptado de Marion (2018). 
 
 
1.4.3 Obrigações 
São dívidas com outras pessoas. Em contabilidade, tais dívidas são denominadas 
obrigações exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados, exigidos; pagamento 
na data do vencimento. 
Em caso de um empréstimo bancário, você fica devendo ao banco (empréstimo a 
pagar). Se a dívida não for liquidada na data do vencimento, o banco exigirá o 
pagamento. 
Uma obrigação exigível bastante comum nas empresas é a compra de mercadorias 
a prazo (exatamente o contrário de duplicatas a receber): ao comprar a prazo, a empresa 
fica devendo para o fornecedor da mercadoria; por essa razão, tal dívida é conhecida 
como fornecedores, embora também possa ser denominada duplicatas a pagar. 
Outras obrigações exigíveis são: com os funcionários – saláriosa pagar –; com 
o governo – impostos a pagar –; com as financeiras – financiamentos –; com a 
Previdência Social e FGTS – encargos sociais a pagar –; com o locador do prédio – 
aluguéis a pagar –; diversas contas de luz, água, gás etc. – contas a pagar – etc. 
As obrigações exigíveis da Cia. Caxumbita constam no quadro 4. 
 
35 
 
Quadro 4. As obrigações exigíveis da Cia. Caxumbita 
 
ITENS VALORES R$ 
Fornecedores (dívidas com fornecedores de 550 
mercadorias) 
Empréstimos bancários (a pagar) 100 
Salários a pagar 150 
Encargos sociais a pagar (FGTS, INSS) 350 
Impostos a pagar (ou a recolher) 50 
Financiamentos (empréstimos a pagar a longo 300 
prazo) 
Contas a pagar (diversos) 120 
Total 1620 
Fonte: adaptado de Marion (2018). 
 
 
Quadro 5. Bens, direitos e obrigações 
 
BENS+DIREITOS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS 
Bens Obrigações 
Dinheiro Empréstimos a pagar 
Mercadoria em estoques Salários a pagar 
Veículos imóveis Fornecedores (duplicatas a pagar) 
Máquinas Financiamentos 
Ferramentas Impostos a pagar 
Móveis e utensílios Encargos sociais a pagar 
Marcas e patentes Aluguéis a pagar 
Direitos Títulos a pagar 
Depósitos em bancos Promissórias a pagar 
Duplicatas a receber Contas a pagar 
Títulos a receber 
Aluguéis a receber 
Ações 
Fonte: adaptado de Marion (2018). 
 
 
Nessa representação (quadro 5), coloca-se do lado esquerdo bens e direitos e, do 
lado direito, obrigações exigíveis. Isso ocorre, porém, por mera convenção. 
Psicologicamente, parece interessante colocar primeiro aquilo que é positivo (bens + 
direitos) para em seguida apresentar aquilo que é negativo (obrigações exigíveis). 
 
36 
 
Podemos encontrar países, todavia, em que se colocam primeiramente as obrigações e 
depois os bens e direitos. 
Veja o patrimônio da Cia Caxumbita no quadro 6. 
 
 
Quadro 6. Patrimônio da Cia Caxumbita 
 
BENS+DIREITOS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS 
Bens 1890 
 
Direitos 2955 
Obrigações (passivo exigível) 1620 
Fonte: adaptado de Marion (2018). 
 
 
 
Vamos entender um pouco mais sobre o patrimônio? 
https://www.youtube.com/watch?v=KBuwXxbSQxE&list=PLEe0nmKgw0CVABh 
RvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=8 
 
1.4.4 Elementos do patrimônio 
Os elementos que compõem o patrimônio são três: ativo, passivo e patrimônio 
líquido. Com base na junção destes três elementos, é possível realizar a mensuração do 
patrimônio de uma entidade econômico-administrativa. 
 
1.4.4.1 Ativo 
Trata-se da parte positiva do patrimônio. É composto pelos bens e direitos, 
representados monetariamente. O ativo (recursos) representa o resultado de ações 
adotadas pela entidade e utilizadas para obtenção de resultados futuros. As contas 
componentes do ativo encontram-se relacionadas do lado esquerdo do balanço 
patrimonial (BACINELLO, 2014). 
https://www.youtube.com/watch?v=KBuwXxbSQxE&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=8
https://www.youtube.com/watch?v=KBuwXxbSQxE&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=8
 
37 
 
Segundo o CPC 00 (R2), ativo é um recurso econômico presente controlado 
pela entidade como resultado de eventos passados. Destaca-se que o recurso 
econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. 
 
1.4.4.2 Passivo 
Trata-se da parte negativa do patrimônio. É composto pelas obrigações (dívidas 
com terceiros). O passivo é oriundo de eventos ocorridos. Espera-se que as saídas de 
recursos destinadas ao pagamento de tais obrigações gerem benefícios à entidade 
(BACINELLO, 2014). 
Segundo o CPC 00 (R2), passivo é uma obrigação presente da entidade de 
transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. 
 
1.4.4.3 Patrimônio líquido 
Ao passar por uma autoestrada e avistar uma empresa imponente, com letreiros 
luminosos, jardins ao redor, uma pessoa pode imaginar: “Como é grande o patrimônio 
desta empresa!”. Há possibilidade, no entanto, de esta pessoa estar errada, pois 
patrimônio envolve também obrigações. A empresa poderá estar a um passo da falência 
ou totalmente endividada, embora os números de seu patrimônio sejam elevados. Disso 
se conclui que patrimônio por si só não mede a efetiva riqueza de uma empresa 
(MARION, 2018). 
Assim, se um amigo seu tem um grande apartamento, um carro novo e outros 
bens, esse patrimônio elevado não significa necessariamente grandes vantagens: pode ser 
que ele deva muitas prestações ao banco financiador, que seu carro e outros bens tenham 
sido financiados, que sua dívida seja consideravelmente grande. Riqueza, portanto, não 
se mede somente pelo patrimônio. 
Na verdade, é necessário conhecer a riqueza líquida da pessoa ou da empresa: 
somam-se os bens e os direitos e, desse total, subtraem-se as obrigações; o resultado é a 
 
38 
 
riqueza líquida, ou seja, a parte que sobra do patrimônio para a pessoa ou a empresa. Ela 
é denominada patrimônio líquido ou situação líquida. 
O patrimônio líquido, portanto, é a medida eficiente da verdadeira riqueza. 
Observe-se que há situações em que o patrimônio é grande, mas as obrigações superam 
os bens e direitos; nesse caso, o patrimônio líquido é negativo, isto é, não há riqueza, a 
situação da empresa é péssima. Como exemplo, admitamos que a Cia. Tirulipa possua o 
seguinte patrimônio: 
 
 
Bens R$ 650 
Direitos R$ 250 
Obrigações R$ 880 
 
 
Sua riqueza líquida, todavia, é muito pequena: 
 
 
PL = B + D – O 
PL = 650 + 250 – 880 
PL = R$ 20 
 
Calculemos também o patrimônio líquido da Cia. Caxumbita: 
 
 
PL = B + D – O 
PL = 1890 + 2.955 – 1620 
PL = R$ 3.225 
 
Assista ao vídeo para aprofundamento do assunto. 
https://www.youtube.com/watch?v=5dYY5lW52V0&list=PLo4LG32QSFX8CsKTt7 
TEcojkxxWQU_WuE&index=2 
https://www.youtube.com/watch?v=5dYY5lW52V0&list=PLo4LG32QSFX8CsKTt7TEcojkxxWQU_WuE&index=2
https://www.youtube.com/watch?v=5dYY5lW52V0&list=PLo4LG32QSFX8CsKTt7TEcojkxxWQU_WuE&index=2
 
39 
 
1.4.5 Diferença entre capital e patrimônio 
De forma bem objetiva, devemos saber o seguinte: 
Capital é o conjunto de elementos que o proprietário da empresa possui para 
iniciar suas atividades. Exemplo: a Comercial “JJ Simpson AS” subscreve em dinheiro 
um capital no valor de R$ 5.000,00 e o valor de R$ 3.000,00 em móveis. Logo, o valor 
de R$ 8.000,00 constituirá o valor do capital inicial da empresa. Destaca-se que o capital 
inicial pode ser composto por dinheiro, bens móveis e imóveis, direitos a receber 
(duplicatas, por exemplo), etc. 
Por outro lado, patrimônio compreende o conjunto de bens, direitos e obrigações 
pertencentes a uma entidade. 
Conforme Marion (2018), também há diferença entre o capital próprio e o capital 
de terceiros. Capital próprio são os recursos originários dos sócios ou acionistas da 
entidade ou decorrentes de suas operações sociais (é um sinônimo utilizado para 
descrever o patrimônio líquido – PL). Por conseguinte, o capital de terceiros são os 
recursos originários de terceiros utilizados para a aquisição de ativos sob controle da 
entidade (é um sinônimo utilizado para descrever o passivo exigível – PE). 
De maneira geral, o termo capital significa recursos. Capital próprio, portanto, 
denota recursos (financeiros ou materiais) dos proprietários (sócios ou acionistas) 
aplicados na empresa. Capital de terceiros, por seu lado, significa recursos de outras 
pessoas (físicas ou jurídicas) aplicados na empresa (MARION, 2018). 
A importância que os proprietários investem inicialmente na empresa, 
contabilmente, é denominada capital ou capital nominal. O valor inicial do capital 
nominal será modificado, normalmente aumentado com o passar do tempo. 
Em caso de os sócios (ou acionistas) se comprometerem a investir na empresa 
certa quantia, esse capital será denominado capital subscrito (assinado, comprometido). 
Este compromisso surge no papel, no contrato social assinado pelos sócios. 
 
40 
 
Ao cumprirem o contrato firmado, fornecendo dinheiro ou outros bens à empresa, 
os proprietáriosintegralizam capital (realização do capital). Capital a integralizar é, 
portanto, a parte do capital comprometido (subscrito) ainda não realizada (MARION, 
2018). 
 
1.4.6 Origem x aplicação 
Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo passivo e patrimônio 
líquido. Os recursos (financeiros ou materiais) são originados dos proprietários (PL), 
fornecedores, governo, bancos, financeiras, entre outros. E representam origens de 
recursos. Através do passivo e do patrimônio líquido, portanto, identificam-se as origens 
de recursos. 
O ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações de recursos: aplicação no caixa, 
em estoque, em máquinas, em imóveis etc. 
Assista ao vídeo para entender os termos capital, origem e aplicação de 
recursos. 
https://www.youtube.com/watch?v=tvcLFD6HMSI 
 
 
1.5 Representação gráfica do patrimônio 
A equação patrimonial demonstra que o total do ativo é igual ao total do passivo. 
Como já sabemos, o patrimônio = bens + direitos (elementos positivos do patrimônio) + 
obrigações (elementos negativos do patrimônio). O patrimônio líquido é a diferença 
entre os elementos positivos do patrimônio e os elementos negativos do patrimônio. 
Veja representação da equação patrimonial na figura 7. 
https://www.youtube.com/watch?v=tvcLFD6HMSI
 
41 
 
Figura 7. Equação patrimonial 
 
Fonte: elaborado pela autora. 
 
 
PL = elementos positivos do patrimônio – elementos negativos do patrimônio 
PL = bens + direitos – obrigações 
 
Assim, chegamos à equação patrimonial: A = P + PL, em que: 
 
 
A = ativo (bens + direitos) 
P = passivo exigível (obrigações) 
PL = patrimônio líquido 
 
O balanço patrimonial pode ser assim representado: 
 
 
Quadro 7. Representação do balanço patrimonial 
 
ATIVO PASSIVO 
Bens 
Direitos 
Obrigações (passivo exigível) 
Patrimônio líquido (passivo não exigível) 
Total = bens + direitos Total = obrigações + PL 
Fonte: Marion (2018). 
 
Conclusões que podemos extrair da equação patrimonial: 
 
42 
 
1ª) Passivo total = passivo exigível + passivo não exigível 
2ª) Capital total à disposição da empresa = capital de terceiros + capital próprio 
Como o total do ativo (capital aplicado) é igual ao total do passivo (capital total 
à disposição da empresa), temos: capital aplicado = capital total à disposição 
da empresa 
3ª) Origem dos recursos = recursos de terceiros + recursos próprios 
Como o total do ativo (aplicações dos recursos) é igual ao total do passivo 
(origem dos recursos), temos: aplicações dos recursos = origem dos recursos 
(POSSATI, 2020). 
 
1.5.1 Situações líquidas patrimoniais 
Os elementos componentes do patrimônio poderão assumir valores diferentes. O 
ativo poderá ser maior ou igual a zero; o passivo poderá ser maior ou igual a zero; e o 
patrimônio líquido poderá ser maior, menor ou igual a zero. Salienta-se que ativo e 
passivo não poderão ser negativos. Ao analisarmos os possíveis resultados da equação 
patrimonial, poderemos observar as seguintes situações patrimoniais: 
 
1º caso: situação líquida positiva; situação líquida ativa; situação líquida 
superavitária (SL > 0). Ocorre quando o total da soma dos ativos (bens + direitos) excede 
as obrigações com terceiros. Neste caso, diz-se que a empresa possui riqueza própria. 
Apresenta-se um exemplo no quadro 8. 
 
A > P à A – P > 0 à SL > 0 
 
43 
 
Quadro 8: Situação líquida positiva 
 
Situação líquida positiva 
Ativo Passivo e patrimônio líquido 
 Passivo 
Bens 
Direitos 
2.000,00 
6.000,00 
Obrigações 2.100,00 
 Patrimônio líquido 5.900,00 
Total 8.000,00 Total 8.000,00 
Fonte: Bacinello (2014) 
 
Observe que a situação líquida é positiva quando o ativo é maior que o passivo 
exigível. 
 
2º caso: situação líquida nula; situação líquida compensada (SL = 0). Ocorre 
quando o total da soma das obrigações com terceiros é igual à soma dos ativos (bens + 
direitos). Neste caso, diz-se que a riqueza própria da empresa é inexistente. Apresenta- se 
um exemplo no quadro 9. 
 
A = P à A – P = 0 à SL = 0 
 
 
Quadro 9. Situação líquida nula 
 
Situação líquida nula 
Ativo Passivo e patrimônio líquido 
 Passivo 
Bens 
Direitos 
2.000,00 
6.000,00 
Obrigações 8.000,00 
 Patrimônio líquido 0,00 
Total 8.000,00 Total 8.000,00 
Fonte: Bacinello (2014)
 
44 
3º caso: situação líquida negativa; situação líquida passiva; situação líquida deficitária; 
passivo a descoberto (SL < 0). Ocorre quando as obrigações com terceiros são nulas. Neste 
caso, a soma dos ativos (bens + direitos) é igual ao patrimônio líquido da empresa. Quando o 
valor do passivo é maior que o do ativo, ocorre a situação de passivo a descoberto. Veja o 
exemplo apresentado no quadro 10. 
 
A < P à A – P < 0 à SL < 0 
 
 
Quadro 10. Situação líquida negativa 
 
Situação líquida negativa 
Ativo Passivo e patrimônio líquido 
 Passivo 
Bens 
Direitos 
2.000,00 
6.000,00 
Obrigações 10.000,00 
 Patrimônio líquido (2.000,00) 
Total 8.000,00 Total 8.000,00 
Fonte: Bacinello (2014). 
 
4º caso: situação líquida plena ou propriedade total de ativos. Ocorre quando as 
obrigações com terceiros são nulas. Neste caso, a soma dos ativos (bens + direitos) é igual 
ao patrimônio líquido da empresa. Observe exemplo no quadro 11. 
 
Quadro 11. Situação líquida plena 
 
Situação líquida plena 
Ativo Passivo e patrimônio líquido 
 Passivo 
Bens 
Direitos 
2.000,00 
6.000,00 
Obrigações 0,00 
 Patrimônio líquido 8.000,00 
Total 8.000,00 Total 8.000,00 
Bacinello (2014) 
 
45 
 
 
Conclusão: a seguinte relação é aplicável a todas as entidades: 
 
 
A ≥ 0, P ≥ 0 e SL > 0 ou SL < 0 ou SL = 0 
 
 
a) O valor registrado no patrimônio líquido de uma companhia nunca pode 
ser superior ao valor total de seus ativos. 
b) Tanto o ativo como o passivo podem ser maiores ou iguais a zero. No 
entanto, jamais poderão ser negativos. 
c) O patrimônio líquido pode ser positivo, negativo ou nulo. (POSSATI, 
2020). 
 
Dica de ouro! 
 
 
No quadro 12, são apresentados os sinônimos para os componentes patrimoniais, 
bem como as principais características de cada elemento do balanço patrimonial. 
 
Quadro 12. Sinônimos dos elementos patrimoniais 
 
ATIVO (AT) PASSIVO (PA) 
Sinônimos para o ativo 
Capital aplicado 
Capital investido 
Patrimônio bruto 
Investimentos 
 
Características do ativo 
 
- Bens + direitos 
- Trata-se da parte positiva do patrimônio 
- Representa o resultado de ações adotadas pela 
entidade e utilizadas para obtenção de resultados 
futuros 
- Lado esquerdo do balanço patrimonial; 
- Aplicação de recursos (onde foi investido o 
dinheiro) 
Sinônimos para o passivo 
Passivo exigível 
Capital de terceiros 
Capital alheio 
 Recursos de terceiros 
 
Características do passivo 
 
- Obrigações 
- Trata-se da parte negativa do patrimônio 
- Representa as dívidas com terceiros 
(obrigações) 
- Lado direito do balanço patrimonial 
- Origem ou fonte de recursos (onde conseguiu o 
dinheiro) 
 
46 
 
 
 
PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) 
Sinônimos para o patrimônio líquido 
Passivo não exigível 
Situação líquida 
Riqueza própria (líquida) 
Recursos próprios 
Capital próprio 
Representa obrigações da entidade com os sócios 
PL= A-P 
PL=B+D-O 
TOTAL DO ATIVO 
Capital aplicado = capital total à disposição da 
empresa 
 
TOTAL DO PASSIVO 
Passivo total = passivo exigível + passivo não 
exigível 
 
Fonte: elaborado pela autora. 
 
 
1.6 Função econômica da contabilidade: apurar o resultado (rédito) 
Segundo Viceconti e Neves (2017), o resultado é a diferença entre o valor das 
receitas e o valor das despesas. Pode ser: 
a) Positivo ou lucro – ocorre quando o valor das receitas é superior ao valor das 
despesas; 
b) Negativo ou prejuízo – ocorre quando o valor das receitas é inferior ao valor 
das despesas; 
c) Nulo – ocorre quando o valor das receitas é igual ao valor das despesas. 
 
 
1.6.1 Receitas 
Receitas são entradas de elementospara o ativo da empresa, decorrentes de uma 
transação com terceiros, na forma de bens ou direitos que provocam aumento da situação 
líquida da entidade, em virtude de não aumentarem o passivo (VICECONTI; NEVES, 
2017). Veja esquema da receita no quadro 13. 
 
47 
 
Quadro 13. Receita 
 
ESQUEMA 
 
RECEITAS 
+ Ativo + Bens e/ou 
+ Direitos 
+ PL S/SL 
Fonte: adaptado de Viceconti e Neves (2017). 
 
 
A receita também pode advir de uma redução no valor do passivo, sem que o ativo 
seja diminuído. Por exemplo, a entidade recebe o perdão de uma dívida que tem para com 
terceiros; o passivo diminuirá, o ativo ficará constante e o patrimônio líquido aumentará. 
 
1.6.2 Despesas 
São gastos incorridos com terceiros, cujo objetivo é gerar receitas, direta ou 
indiretamente. As despesas podem diminuir o ativo e/ou aumentar o passivo, mas sempre 
provocam diminuições na situação líquida ou patrimônio líquido da entidade 
(VICECONTI; NEVES, 2017). Veja esquema da despesa no quadro 14. 
 
Quadro 14. Despesa 
 
ESQUEMA 
 
DESPESA 
(-) Ativo 
+ Passivo 
(-) PL /SL 
Fonte: adaptado de Viceconti e Neves (2017). 
 
 
Agora, vamos conhecer alguns conceitos importantes para a contabilidade. 
 
 
 
1.6.3 Conceitos importantes 
 
 
48 
Abordaremos alguns conceitos importantes que vão facilitar seu entendimento dos 
conteúdos a seguir. Enfatizo que esses termos serão retomados de forma mais detalhada 
nas próximas unidades. 
 
1.6.3.1 Rédito 
O termo rédito é mais amplo que resultado; nas entidades sem fins lucrativos, 
representa o superávit ou o déficit de suas atividades sociais. É o resultado da atividade 
econômica das entidades com fins lucrativos e provoca variação patrimonial, aumentativa 
ou diminutiva. 
 
1.6.3.2 Regime de caixa 
Na apuração dos resultados (rédito) do exercício, o regime de caixa ocorre quando 
são considerados apenas os pagamentos e recebimentos efetuados no período contábil. 
 
1.6.3.3 Regime de competência 
O regime de competência acontece quando, na apuração dos resultados (rédito) 
do exercício, são consideradas as receitas e despesas nas datas a que se referirem, 
independentemente de seus recebimentos ou pagamentos. 
 
1.6.3.4 Exercício social ou período contábil 
O exercício social ou período contábil é o espaço de tempo (12 meses) findo no 
qual as pessoas jurídicas apuram os seus resultados. Ele pode coincidir, ou não, com o 
ano-calendário, de acordo com o que dispuser o estatuto ou o contrato social. Perante a 
legislação do IR, é chamado de período de apuração da base de cálculo do imposto devido 
e, nesse caso, pode ser trimestral ou anual. 
 
49 
 
1.6.3.5 Período de apuração 
O período de apuração é o espaço de tempo utilizado pela legislação tributária 
para determinar a base de cálculo do tributo a ser apurado. 
 
 Referências 
 
BACINELLO, Edilson; BOM FIM, Jaqueline P. Contabilidade Geral. Cuiabá: UFMT, 
2014. 
 
BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por 
Ações. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. 
Acesso em: 15 mar. 2021. 
 
COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC. Estrutura conceitual. 
Disponível em: 
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/455_CPC00%20Pronunciamento.pdf. Acesso 
em: 15 mar. 2021. 
 
CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Legislações. Disponível em: 
https://cfc.org.br/legislacao/. Acesso em: 18 mar. 2021. 
 
LEITE, Carlos Eduardo B. A evolução das ciências contábeis no Brasil. Rio de 
Janeiro: FGV, 2005. 
 
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. 
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522496242/. 
Acesso em: 14 mar. 2021. 
 
IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Curso de contabilidade para não 
contadores: para as áreas de administração, economia, direito e engenharia. 8. ed. São 
Paulo: Atlas, 2018. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788597016932. Acesso em: 14 mar. 
2021. 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm
http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/455_CPC00%20Pronunciamento.pdf
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788597016932
 
50 
 
MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. 
Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018103/. 
Acesso em: 14 mar. 2021. 
 
MONTOTO, Eugênio. Contabilidade geral e avançada esquematizado. 5. ed. São 
Paulo: Saraiva Educação, 2018. 
 
PORTAL DE CONTABILIDADE. História da contabilidade. Disponível em: 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm. Acesso em: 14 mar. 
2021. 
 
POSSATI, Gilmar. Contabilidade geral. São Paulo: Estratégia Concursos, 2020. 
 
VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Contabilidade básica. 18. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2017. Disponível em: 
https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547220921/. Acesso em: 18 mar. 
2021. 
 
 
 
UNIDADE II: CONTAS, REGIMES CONTÁBEIS E 
DINÂMICAS PATRIMONIAIS 
 
Prezado(a) estudante, 
Nesta unidade, estudaremos as contas contábeis: teoria, função, estrutura e plano 
de contas. Débito, crédito e saldo. A apuração de resultado e regime de contabilização de 
receitas e despesas: regime de competência, regime de caixa, balanço patrimonial × 
demonstração do resultado do exercício e regime de competência. Dinâmica patrimonial: 
atos e fatos contábeis. 
O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: 
✓ Conceituar conta e plano de contas; 
✓ Distinguir contas patrimoniais de contas de resultado; 
✓ Reconhecer o significado dos termos débito e crédito em contabilidade; 
http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm
 
51 
 
✓ Diferenciar o regime de caixa e de competência; 
✓ Reconhecer como os fatos administrativos podem provocar alterações no 
patrimônio líquido das entidades. 
 
Bons estudos! 
 
 
2.1 Das contas 
Contas são nomes que qualificam os elementos patrimoniais e quantificam-nos 
por meio de saldos devedores e credores. Nesse sentido, vamos estudar as características 
dessas contas. 
 
2.1.1 Teoria das contas 
Na literatura, várias escolas ao longo dos séculos foram criadas devido à 
necessidade de mudanças na sociedade; dentre elas, podemos destacar: barroco, 
classicismo, romantismo, parnasianismo, simbolismo e modernismo. 
Na contabilidade, não foi diferente. Ao longo dos anos, houve várias escolas que 
se especializaram nos estudos contábeis, notadamente na teoria das contas, entre as 
quais podemos destacar três: 
✓ Personalista; 
✓ Materialista; 
✓ Patrimonialista. 
 
 
2.1.1.1 Teoria personalista 
Na teoria personalista, cada conta assume a configuração de uma pessoa no seu 
relacionamento com a empresa ou entidade. Assim, caixa, bancos, duplicatas a receber, 
fornecedores, capital, receitas e despesas representam pessoas com as quais a entidade 
mantém relacionamento de débito e crédito (VICECONTI; NEVES, 2017). 
 
52 
 
Posto isso, podemos concluir que as obrigações (P) e o patrimônio líquido (PL) 
são pessoas credoras (representam aquelas pessoas que têm a receber da sociedade), 
enquanto os bens e direitos são pessoas devedoras em relação à entidade. 
A origem dessa teoria remonta ao tempo da Idade Média, no comércio das cidades 
italianas de Gênova e Veneza por meio do Mar Mediterrâneo. Naquela época, não existia 
o conceito de pessoa jurídica tal como conhecemos atualmente, e o mercador era 
considerado o proprietário dos bens que adquiria e comerciava. Assim, por exemplo, o 
dinheiro que ele entregava ao banqueiro como depósito seria o correspondente do 
moderno título “bancos conta movimento”. A importância que ele devia ao outro 
mercador que lhe devia a prazo correspondia, atualmente, à conta “fornecedores”, e assim 
por diante (VICECONTI; NEVES, 2017). 
Segundo esta teoria, as contas se classificam em: 
✓ Contas dos agentes consignatários

Outros materiais