Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Prezado(a) estudante, Esta disciplina tem o propósito de apresentar os principais métodos utilizados pela ciência contábil para produzir informações, bem como identificar a estrutura das demonstrações financeiras, particularmente o balanço patrimonial e a demonstração de resultado do exercício. Assim, vamos estudar os seguintes conteúdos: Unidade I: Aspectos introdutórios da contabilidade - Evolução da contabilidade. Usuário da contabilidade. Definição, princípios, campo de aplicação e forma de atuação da contabilidade. Objeto, funções e objetivo final (finalidade da contabilidade). Técnicas contábeis: escrituração, demonstrações contábeis, auditoria e análise das demonstrações financeiras. Patrimônio: bens, direitos, obrigações e patrimônio líquido. Unidade II: Contas, regimes contábeis e dinâmicas patrimoniais - Contas contábeis: teoria, função, estrutura e plano de contas. Débito, crédito e saldo. Apuração de resultado e regime de contabilização de receitas e despesas: regime de competência, regime de caixa, balanço patrimonial, demonstração do resultado do exercício e regime de competência. Dinâmica patrimonial: atos e fatos contábeis. Unidade III: Escrituração e lançamentos contábeis - Livros contábeis: livro diário, livro razão e razonetes, conta corrente e livro de duplicatas. Lançamento contábeis. Apuração do resultado do exercício. Balancete de verificação. Unidade IV: Introdução às demonstrações financeiras e índices contábeis - Introdução às demonstrações financeiras. Períodos de apresentação das demonstrações financeiras. Requisitos para publicação das demonstrações financeiras. Introdução ao Balanço Patrimonial. Introdução à Demonstração do resultado do exercício. Índices utilizados nos processos licitatórios: índice de liquidez geral, índice de liquidez corrente, índice de solvência geral, índice de garantia de capitais de terceiros. Não se esqueça de observar a bibliografia recomendada no plano de ensino da disciplina. Procure estar sempre atualizado acerca da disciplina, pois a contabilidade ainda está em processo de convergência internacional e em constante transformação. Outra dica não menos importante é a leitura da legislação indicada. Isso é fundamental! Enfatizamos que esse roteiro se trata de um RESUMO das referências básicas indicadas no projeto pedagógico do curso, bem como de legislações específicas da contabilidade e de bibliografias complementares. Ressaltamos, ainda, que o intuito não é esgotar o assunto, mas trazer um conhecimento introdutório da disciplina. A disciplina está organizada em quatro unidades temáticas e contém duas atividades de percurso, além de avaliação regular e exame final. Ela foi construída de forma que você estude e realize as atividades no seu tempo, respeitando, é claro, sua autonomia de estudos para a conclusão das atividades e o aprendizado, de acordo com o calendário acadêmico. Desejo a você um ótimo estudo! Professora Rwrsilany Silva UNIDADE I: ASPECTOS INTRODUTÓRIOS DA CONTABILIDADE Prezado(a) estudante, Nesta unidade temática, estudaremos os aspectos introdutórios da contabilidade: evolução histórica da contabilidade; conceito, objetivo, finalidade, objeto de estudo da contabilidade e usuários das informações contábeis; composição do patrimônio e representação gráfica do patrimônio. O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: ✓ Conhecer a história e os fundamentos da ciência contábil; ✓ Identificar os principais métodos utilizados pela contabilidade para gerar informações; ✓ Entender o que é patrimônio e sua representação gráfica na contabilidade. Estamos frequentemente tomando decisões, como a que hora iremos nos levantar, em que escola matricularemos os nossos filhos, qual será o próximo destino da viagem de férias, que modelo de carro comprar, por qual rota de trânsito chegarei ao trabalho neste dia, em que supermercado farei as compras do mês, dentre tantas outras. Algumas vezes, trata-se de decisões importantíssimas, como o casamento, a carreira que escolhemos, a aquisição de casa própria ou a aplicação em poupança, fundos de renda fixa ou variável. Evidentemente que estas decisões mais importantes requerem maior cuidado e uma análise mais profunda sobre as informações disponíveis, sobre os critérios racionais, os impactos ocasionados pelas variáveis do mundo externo e até mesmo o aspecto emocional íntimo, pois uma decisão importante, mal tomada, pode prejudicar toda uma vida. Planejarmos antecipadamente nossas decisões nos ajuda a diminuir os riscos de cometermos erros, talvez irreparáveis. Assim como na vida pessoal, se pensarmos em relação às decisões tomadas no ambiente organizacional e nos relacionamentos internos e externos, a situação não é diferente. Frequentemente, os responsáveis pela administração devem tomar decisões, de menor ou maior impacto, todas elas importantes e vitais para o sucesso do negócio. Por isso, são necessários dados, informações corretas e subsídios que contribuam para uma boa tomada de decisão. Decisões como comprar ou alugar uma máquina; definir preço de venda do produto; no que investir e de que forma; fazer empréstimos e financiamentos, de longo ou curto prazo; quais itens do estoque comprar ou produzir mais, e quais eliminar; reduzir custos de produzir, ou terceirizar a produção, entre outras tantas, impactam a vida da empresa em sua missão de se perpetuar (IUDÍCIBUS; MARION, 2018). A contabilidade é o principal instrumento que subsidia os administradores e gestores a tomar decisões. Na verdade, por meio da contabilidade, registram-se os fatos econômicos ocorridos (passado) – por exemplo, a compra de mercadorias, matéria- prima, máquinas e equipamentos; o pagamento de fornecedores, empregados e impostos; a venda de mercadorias, produtos e serviços –, mensurando-os monetariamente, com a finalidade de transformá-los em informações demonstradas em relatórios financeiros utilizados para projetar situações e cenários futuros com dados preditivos, que norteiam os gestores para melhor decisão (IUDÍCIBUS; MARION, 2018). A contabilidade é uma ciência que se baseia em princípios aplicados a todos os tipos de negócios, de forma padronizada, de modo que as informações de ganhos financeiros, prejuízos e grau de endividamento sejam facilmente lidas e interpretadas em todo o mundo (IUDÍCIBUS; MARION, 2018). Neste contexto, agora que já sabe a importância da contabilidade na tomada de decisões, gostaria que você se questionasse: o que é contabilidade? Qual é a aplicação da contabilidade? Quem são seus usuários? Quais os pilares da contabilidade? Com base nestas questões, convido-o a navegar pelo conhecimento dos aspectos iniciais da contabilidade. Vamos iniciar nossa jornada do conhecimento seguindo os tópicos abaixo. 1.1 Resumo sobre a evolução histórica da contabilidade O surgimento da contabilidade certamente é antigo, tanto quanto a origem da civilização, por exemplo, e está relacionado à necessidade de controlar o patrimônio. Relatos históricos demonstram que a contabilidade empírica já existia entre povos antigos, com o objetivo de registrar as posses e riquezas oriundas da criação de animais e do cultivo agrícola. Com o natural crescimento do patrimônio, surgiu a necessidade de se manter um controle sobre as movimentações e a evolução das riquezas, ação permitida pela ciência contábil até os dias de hoje. Convido você, primeiramente, a assistir ao vídeo sobre a evolução histórica da contabilidade. Depois, daremos seguimento ao assunto. <https://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg> Não é descabido afirmar que, de acordo com a noção intuitiva, a contabilidade talvez seja bastante antiga. Segundo alguns historiadores, os primeiros sinais objetivos da existência de contas remontam há aproximadamente2.000 anos a. C. Mas ainda podemos pensar que antes disso, ao inventariar o número de instrumentos de caça e pesca disponíveis, ao contar seus rebanhos ou ao enumerar suas ânforas de bebidas, o homem primitivo já estava praticando uma forma rudimentar de contabilidade. Portanto, é possível localizar os primeiros exemplos completos de contabilização, seguramente, no terceiro milênio antes de Cristo, nas civilizações da Suméria e da Babilônia – na Mesopotâmia (hoje Iraque) –, no Egito e na China. Mas é https://www.youtube.com/watch?v=qw5wbbPwXTg provável, como mencionado previamente, que algumas formas mais rudimentares de contagem de bens tenham sido realizadas bem antes disso, talvez por volta do quarto milênio antes de Cristo. É claro que a contabilidade teve evolução relativamente lenta até o momento histórico do aparecimento da moeda. Na época da troca pura e simples de mercadorias, os negociantes anotavam as obrigações, os direitos e os bens perante terceiros; porém, obviamente, tratava-se de um mero elenco de inventário físico, sem avaliação monetária (IUDÍCIBUS, 2015). A origem da contabilidade está ligada à necessidade de registros do comércio. Há indícios de que as primeiras cidades comerciais eram habitadas pelos fenícios. A prática do comércio não era exclusiva deles, sendo exercida nas principais cidades da antiguidade. A atividade de troca e venda dos comerciantes semíticos requeria o acompanhamento das variações de seus bens quando cada transação era efetuada. As trocas de bens e serviços eram seguidas de simples registros ou relatórios sobre o fato. Mas já se fazia a cobrança de impostos na Babilônia por meio da escrita, embora ela ainda fosse rudimentar. Um escriba egípcio contabilizou os negócios efetuados pelo governo de seu país no ano 2000 a. C. À medida que o homem começava a possuir maior quantidade de valores patrimoniais, preocupava-o saber quanto esses valores poderiam render e qual a forma mais simples de continuar o rendimento de suas posses. Essas informações não eram fáceis de memorizar quando já em maior volume, requerendo registros. Foi o pensamento do “futuro” que levou o homem aos primeiros registros, a fim de que pudesse conhecer as suas reais possibilidades de uso, de consumo, de produção, dentre outros. Com o surgimento das primeiras administrações particulares, houve a necessidade de controle, que não poderia ser feito sem o devido registro, a fim de que se pudesse prestar contas da coisa administrada. É importante lembrar que, naquele tempo, não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e trocas eram feitas à vista. Posteriormente, empregavam-se ramos de árvore assinalados como provas de dívida ou quitação. O desenvolvimento do papiro (papel) e do cálamo (pena de escrever) no Egito antigo facilitou extraordinariamente o registro de informações sobre negócios. À medida que as operações econômicas se tornaram complexas, seu controle se refinou. As escritas governamentais da República Romana (200 a. C.) já traziam receitas de caixa classificadas em rendas e lucros, e as despesas compreendidas nos itens salários, perdas e diversões. No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por governos locais e pela Igreja. Mas é somente na Itália que surge o termo contabilitá. Podemos resumir a evolução da ciência contábil da seguinte forma: ✓ Contabilidade do mundo antigo - período que se inicia com as primeiras civilizações e vai até o ano 1202 da era cristã, quando apareceu o Liber Abaci, de autoria de Leonardo Fibonaci, o Pisano. ✓ Contabilidade do mundo medieval - período que vai de 1202 da era cristã até 1494, quando apareceu o Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas) de Frei Luca Paciolo, publicado em 1494, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos, obra que contribuiu para inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano. ✓ Contabilidade do mundo moderno - período que vai de 1494 até 1840, com o aparecimento da Obra La Contabilità Applicatta alle Amministrazioni Private e Pubbliche, de autoria de Franscesco Villa, premiada pelo governo da Áustria; é uma obra marcante na história da contabilidade. ✓ Contabilidade do mundo científico - período que se inicia em 1840 e continua até os dias de hoje. 1.1.1 Período antigo A contabilidade empírica, praticada pelo homem antigo, já tinha como objeto o patrimônio, representado pelos rebanhos e outros bens nos seus aspectos quantitativos. Os primeiros registros processaram-se de forma rudimentar, na memória do homem. Como este é um ser pensante, inteligente, logo foram encontradas formas mais eficientes de processar seus registros, utilizando gravações e outros métodos alternativos para os registros históricos. O inventário exercia um importante papel, pois a contagem era o método adotado para o controle dos bens, que eram classificados segundo sua natureza: rebanhos, metais, escravos, dentre outros. Uma informação muito importante é que a palavra “conta” designa o agrupamento de itens da mesma espécie. As primeiras escritas contábeis datam do término da era da pedra polida, quando o homem registrava seus primeiros desenhos e gravações. Os primeiros controles eram estabelecidos pelos templos, perdurando por vários séculos. Os sumérios e babilônios, assim como os assírios, faziam os seus registros em peças de argila, retangulares ou ovais. Ficaram famosas as pequenas tábuas de Uruk, que mediam aproximadamente 2,5 a 4,5 centímetros e tinham faces ligeiramente convexas. Os registros combinavam o figurativo com o numérico. Gravava-se a cara do animal cuja existência se queria controlar e o número correspondente às cabeças existentes. Embora rudimentar, o registro, em sua forma, assemelhava-se ao que hoje se processa. O nome da conta, “matrizes”, por exemplo, substituiu a figura gravada, enquanto o aspecto numérico se tornou mais qualificado, com o acréscimo do valor monetário ao quantitativo. Esta evolução permitiu que, paralelamente à “aplicação”, se pudesse demonstrar, também, a sua “origem”. Na cidade de Ur, na Caldeia, onde teria vivido Abraão – personagem bíblico citado no livro de Gênesis –, encontram-se em escavações importantes documentos contábeis: tabela de escrita cuneiforme, onde estão registradas contas referentes a mão- de-obra e materiais, ou seja, custos diretos. Isto significa que, há 5.000 anos antes de Cristo, o homem já considerava fundamental apurar os seus custos. O sistema contábil é dinâmico e evoluiu com a duplicação de documentos e “selos de sigilo”. Os registros se tornaram diários e, posteriormente, foram sintetizados em papiros ou tábuas, efetivando-se no final de determinados períodos. Sofreram nova sintetização, agrupando-se em vários períodos, o que nos lembra o diário, o balancete mensal e o balanço anual. Já se estabelecia o confronto entre variações positivas e negativas, aplicando-se, empiricamente, o princípio da competência. Reconhecia-se a receita, que era confrontada com a despesa. Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da contabilidade, e seus registros remontam a 6.000 anos antes de Cristo. A escrita no Egito era fiscalizada pelo fisco real, o que tornava os escriturários zelosos e sérios em sua profissão. O inventário revestia-se de tal importância que a contagem do boi, divindade adorada pelos egípcios, marcava o início do calendário adotado. Inscreviam-se bens móveis e imóveis, e já se estabeleciam, de forma primitiva, controles administrativos e financeiros. As “partidas de diário” assemelhavam-se ao processo moderno: o registro iniciava-se com a data e o nome da conta, seguindo-se quantitativos unitários e totais, transporte, se ocorresse, sempre em ordemcronológica de entradas e saídas. Pode-se citar, entre outras contas: “conta de pagamento de escravos”, “conta de vendas diárias”, “conta sintética mensal dos tributos diversos”, dentre outros. Tudo indica historicamente que os egípcios foram os primeiros povos a utilizar o valor monetário nos registros. Usavam como base uma moeda, cunhada em ouro e prata, denominada “shat”. Era a adoção, de maneira prática, do princípio do denominador comum monetário. Os gregos, baseando-se em modelos egípcios, 2.000 anos antes de Cristo, já escrituravam “contas de custos e receitas”, procedendo, anualmente, a uma confrontação entre elas para apuração do saldo. Os gregos aperfeiçoaram o modelo egípcio, estendendo a escrituração contábil às várias atividades, como administração pública, privada e bancária. 1.1.2 Período medieval Na Itália, em 1202, foi publicado o livro Liber Abaci, de Leonardo Pisano. Estudavam-se, na época, técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, dentre outras temáticas relacionadas, tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros. Se os sumérios-babilônios plantaram a semente da contabilidade e os egípcios a regaram, foram os italianos que fizeram seu cultivo e a colheita. Foi um período importante na história do mundo, especialmente na história da contabilidade, denominado a “era técnica”, devido às grandes invenções, como o moinho de vento e o aperfeiçoamento da bússola, dentre outras, que abriram novos horizontes aos navegadores – como Marco Polo. A indústria artesanal proliferou-se com o surgimento de novas técnicas no sistema de mineração e metalurgia. O comércio exterior incrementou-se, por intermédio dos venezianos. Como consequência das necessidades da época, surgiu o livro caixa, que recebia registros dos recebimentos e pagamentos em dinheiro. Já se utilizavam, de forma rudimentar, o débito e o crédito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, referindo-se, inicialmente, às pessoas. O aperfeiçoamento e o crescimento da contabilidade foram a consequência natural das necessidades geradas pelo advento do capitalismo, nos séculos XII e XIII. O http://www.portaldecontabilidade.com.br/obrigacoes/livrocaixa.htm processo de produção na sociedade capitalista gerou a acumulação de capital, alterando- se as relações de trabalho. O trabalho escravo cedeu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais complexos. No século X, apareceram as primeiras corporações na Itália, transformando e fortalecendo a sociedade burguesa. No final do século XIII apareceu pela primeira vez a conta “capital”, representando o valor dos recursos injetados nas companhias pela família proprietária. O método das partidas dobradas teve origem na Itália, embora não se possa precisar em que região. Seu aparecimento implicou a adoção de outros livros que tornassem a contabilidade mais analítica. Surgiu, então, o livro da contabilidade de custos. 1.1.3 Período moderno O período moderno foi denominado como a fase da pré-ciência. Devem ser citados três eventos importantes que ocorreram neste período: ✓ Em 1453, os turcos tomam Constantinopla, o que fez com que grandes sábios bizantinos emigrassem, principalmente para a Itália; ✓ Em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil, o que representava um enorme potencial de riquezas para alguns países europeus; e ✓ Em 1517, ocorreu a reforma religiosa: os protestantes, perseguidos na Europa, emigraram para as Américas, onde se radicaram e iniciaram nova vida. A contabilidade tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi uma contribuição de comerciantes italianos do século XIII. Os empréstimos às empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os consumidores e os empregados. O aparecimento da obra de Frei Luca Pacioli, contemporâneo de Leonardo da Vinci que viveu na Toscana, no século XV, marca o início da fase moderna da contabilidade. Frei Luca Pacioli Escreveu Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que a teoria contábil do débito e do crédito corresponde à teoria dos números positivos e negativos. Pacioli foi matemático, teólogo e contabilista, dentre outras profissões. Deixou muitas obras, destacando-se a Summa de Aritmética, Geometria, Proportioni et Proporcionalitá, impressa em Veneza, na qual está inserido o seu tratado sobre contabilidade e escrituração. Pacioli, apesar de ser considerado o “pai da contabilidade”, não foi o criador das partidas dobradas. O método já era utilizado na Itália, principalmente na Toscana, desde o século XIV. O tratado destacava, inicialmente, o necessário ao “bom” comerciante. A seguir, conceituava “inventário” e como fazê-lo; discorria sobre livros mercantis – memorial, diário e razão –, e sobre a autenticação deles; sobre registros de operações – aquisições, permutas, sociedades, dentre outros –; sobre contas em geral, como abrir e como encerrar; contas de armazenamento; lucros e perdas, que na época eram “pro” e “dano”; sobre correções de erros; sobre arquivamento de contas e documentos. Sobre o método das partidas dobradas, Frei Luca Pacioli expôs a terminologia adaptada: “Per”, mediante o qual se reconhece o devedor; “A”, pelo qual se reconhece o credor. Acrescentou que, primeiro, deve vir o devedor, e depois o credor, prática que se usa até hoje. A obra de Frei Luca Pacioli marca o início da fase moderna da contabilidade. A obra de Pacioli não só sistematizou a contabilidade, como também abriu precedente para que novas obras pudessem ser escritas sobre o assunto. É compreensível que a formalização da contabilidade tenha ocorrido na Itália, afinal, neste período, instaurou- se a mercantilização; as cidades italianas eram os principais interpostos do comércio mundial. Foi a Itália o primeiro país a fazer restrições à prática da contabilidade por um indivíduo qualquer. O governo passou a somente reconhecer como contadores pessoas devidamente qualificadas para o exercício da profissão. A importância da matéria aumentou com a intensificação do comércio internacional e com as guerras ocorridas nos séculos XVIII e XIX, que consumaram numerosas falências e a consequente necessidade de se proceder à determinação de perdas e lucros entre credores e devedores. Na figura 1, são mostrados os principais fatos históricos da contabilidade. Figura 1. Fatos históricos da contabilidade Elaborado pela autora Vamos agora entrar na era científica? 1.1.4 Período científico Nos primórdios do período científico, apresentam-se dois grandes autores memoráveis: Francesco Villa, escritor milanês e contabilista público que, com sua obra La Contabilità Applicata Alle Amministrazioni Private e Pubbliche, inicia a nova fase; e Fábio Bésta, escritor veneziano. Os estudos envolvendo a contabilidade fizeram surgir três escolas do pensamento contábil: a primeira, chefiada por Francesco Villa, foi a escola lombarda; a segunda, a escola toscana, chefiada por Giusepe Cerboni; e a terceira: a escola veneziana, por Fábio Bésta. Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse inventado a calculadora, a ciência da contabilidade ainda se confundia com a ciência da Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos. Nessa época, na Itália, a contabilidade já chegara à universidade. A contabilidade começou a ser lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809. A obra de Francesco Villa foi escritapara participar de um concurso sobre contabilidade, promovido pelo governo da Áustria, que reconquistara a Lombarda, terra natal do autor. Além do prêmio, Villa teve o cargo de professor universitário. Francesco Villa extrapolou os conceitos tradicionais de contabilidade. Para ele, a contabilidade implicava conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. Este foi o início da fase científica da contabilidade. Fábio Bésta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos. Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou, muito perto de definir patrimônio como objeto da contabilidade. Foi Vicenzo Mazi, seguidor de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, em 1923, definiu patrimônio como objeto da contabilidade. O enquadramento da contabilidade como elemento fundamental da equação aziendalista teve, sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para o fato de que a contabilidade é muito mais que mero registro; é um instrumento básico de gestão. Entretanto, a escola europeia teve peso excessivo na frustração da elaboração da teoria, sem demonstrações práticas, sem pesquisas fundamentais; ou seja, preocupou-se demais em demonstrar que a contabilidade era uma ciência, ao invés de dar vazão à pesquisa séria de campo e de grupo. Em alguns casos, a exploração teórica das contas e o uso exagerado das partidas dobradas inviabilizaram a flexibilidade necessária, principalmente na contabilidade gerencial. A partir de 1920, aproximadamente, inicia-se a fase de predominância norte- americana dentro da contabilidade. Escola norte-americana Enquanto declinavam as escolas europeias, floresciam as escolas norte- americanas com suas teorias e práticas contábeis, favorecidas não apenas pelo apoio de uma ampla estrutura econômica e política, mas também pela pesquisa e pelo trabalho sério dos órgãos associativos. O surgimento do American Institut of Certified Public Accountants foi de extrema importância no desenvolvimento da contabilidade e dos princípios contábeis. Várias associações empreenderam muitos esforços e grandes somas em pesquisas nos Estados Unidos; havia uma total integração entre acadêmicos e os já profissionais da contabilidade, o que não ocorreu com as escolas europeias. A criação de grandes empresas, como as multinacionais ou transnacionais, por exemplo, que requerem grandes capitais de muitos acionistas, foi a causa primeira do estabelecimento das teorias e práticas contábeis que permitissem correta interpretação das informações por qualquer acionista ou outro interessado, em qualquer parte do mundo. No início do século atual, o surgimento de gigantescas corporações, aliado ao formidável desenvolvimento do mercado de capitais e ao extraordinário ritmo de desenvolvimento que os Estados Unidos experimentaram e ainda experimentam constituíram-se em campo fértil para o avanço das teorias e práticas contábeis. Não por acaso, atualmente, inúmeras obras contábeis de origem norte-americana têm reflexos diretos na economia mundial. Esse resumo está disponível no Portal de Contabilidade: http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm 1.1.5 A evolução histórica da contabilidade no Brasil Após a colonização do Brasil pelos portugueses, nada foi feito nas décadas seguintes com relação à educação no Brasil. Somente em meados de 1548 e 1549, quando da instituição do governo geral na colônia, sob as ordens religiosas da Igreja Católica, instituiu-se a responsabilidade pelo ensino no território brasileiro. No Brasil, os primeiros cursos superiores só foram criados em 1808 e a primeira universidade só surgiu em 1920. A vinda da família real portuguesa incrementou a atividade colonial, exigindo – devido ao aumento dos gastos públicos e da renda nos estados – um melhor aparato fiscal. Para tanto, constituiu-se o Erário Régio ou o Tesouro Público Nacional, juntamente com o Banco do Brasil, por volta de 1808 (LEITE, 2005). As Tesourarias de Fazenda nas províncias eram compostas de um inspetor, um contador e um procurador fiscal, responsáveis por toda a arrecadação, distribuição e administração financeira e fiscal. http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm A contabilidade, no Brasil, provavelmente, começou a ser lecionada com a Aula de Comércio da Corte, em 1809; a instituição passou a se chamar Instituto Comercial do Rio de Janeiro em 1856. O Brasil foi um dos primeiros países a ter um estabelecimento de ensino superior de contabilidade. A Escola de Comércio Alvares Penteado, primeira escola especializada no ensino da contabilidade, foi criada em 1902, em São Paulo (LEITE, 2005). Inicialmente, o país sofreu forte influência da corrente italiana até a antiga Lei das Sociedades Anônimas, sem perder os traços de uma escola verdadeiramente brasileira. Por volta de 1920 a 1940, cada empresa comercial ou industrial (naquele tempo não se falava “empresa”, dizia-se “firma”) tinha o seu “guarda-livros”, geralmente um homem bem-intencionado, mas de pouca formação técnica, sem haver frequentado escolas ou cursos da especialidade e que aprendera pela prática ou pelo empirismo (LEITE, 2005). O guarda-livros fazia tudo: a contabilidade da firma, sua escrituração, sua correspondência, seus contratos e distratos, preenchia os cheques, fazia pagamentos e recebimentos, enfim, era o factotum. Era o tempo em que predominavam os práticos. Os guarda-livros prestaram muitos serviços dentro de suas limitadas possibilidades. Neste momento, dizemos que o curso de contabilidade veio formalizar e profissionalizar o que correspondia à profissão do guarda-livros. A grade curricular deste novo curso era composta por um grupo de disciplinas de cultura geral e outro de cultura técnica que continha contabilidade geral, comercial, bancária e industrial (LEITE, 2005, p. 19). A partir da resolução nº 220 e da circular nº 179 do Banco Central, os cursos de contabilidade no Brasil passam a se inspirar nas ementas norte-americanas. Foi com a instalação do curso de Ciências Contábeis e Atuariais pela Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo (USP), em 1946, que o Brasil ganhou seu primeiro núcleo efetivo, embora modesto, de pesquisa contábil nos modelos norte- americanos – ou seja, com professores em regime de serviço integral, dedicando-se ao ensino e à pesquisa, produzindo trabalhos específicos de caráter científico e de grande importância para a contabilidade (LEITE, 2005). Entre grandes mestres da ciência brasileira, podemos citar Francisco D’Auria e Frederico Herman Jr. Verificou-se que a contabilidade no Brasil teve diversos momentos e foi influenciada por várias variantes econômicas, sociais e educacionais, desde a sua colonização até o século XX (LEITE, 2005). Faça também a leitura das páginas 16 a 33 do livro de Iudícibus (2015), disponível na biblioteca virtual no SUAP. 1.2 Definição, campo de aplicação, forma de atuação da contabilidade e composição do patrimônio A contabilidade, de acordo com Marion (2018), é o instrumento que fornece o máximo de informações úteis para a tomada de decisões dentro e fora da empresa. Ela é muito antiga e sempre existiu para auxiliar as pessoas a tomarem decisões. 1.2.1 Definição de contabilidade Para Montoto (2018), a contabilidade é uma ciência social que estuda o patrimônio de uma entidade econômico-administrativa, pessoa física ou jurídica, com o objetivo de obter registros classificados e sintetizados dos fenômenos que afetam a sua situação patrimonial e financeira. Todavia, devemos saber o seguinte conceito, considerado como o oficial, extraído do 1º Congresso Brasileiro de Contabilidade em 1924: “Contabilidade é a ciência que estuda e praticaas funções de orientação, de controle e de registro dos atos e fatos de uma administração econômica”. Veja a explicação do conceito na figura 2. Figura 2. Conceito de contabilidade Fonte: adaptado de Possati (2020). A ciência contábil possibilita a análise, o controle e o registro do patrimônio das aziendas, com o intuito de apurar o resultado e gerar informações favoráveis à tomada de decisões. As informações geradas pela aplicação das técnicas contábeis visam demonstrar a situação econômico-financeira das entidades. De fato, a contabilidade tem ligação direta com os números; porém, não pode ser considerada uma ciência exata, e sim social. O que a torna uma ciência social é o fato de influenciar as instituições de forma interna e externa, afinal, trabalhar com o patrimônio envolve uma gama de fatores que influenciam diretamente no ambiente (BACINELLO, 2014). Atenção! A contabilidade é uma ciência social. A contabilidade é, portanto, uma ciência que estuda e pratica suas funções a partir dos fatos contábeis produzidos pela entidade em determinado período. Assim, registra os fatos contábeis nos livros, controla a entidade a partir das demonstrações financeiras e orienta os gestores a partir da análise das demonstrações financeiras e da auditoria em toda a produção de fatos contábeis da entidade (MONTOTO, 2018). 1.2.2 Pilares da contabilidade Pilares da contabilidade são os pressupostos básicos da contabilidade que podemos chamar, genericamente, de princípios contábeis. Nesse sentido, a contabilidade repousa basicamente em dois pilares da teoria contábil: a entidade contábil e a continuidade da empresa. Em primeiro lugar, há necessidade da existência da entidade contábil, ou seja, uma pessoa para quem é mantida a contabilidade. Não havendo entidade contábil, não há, evidentemente, a contabilidade aplicada. Desse primeiro conceito, deduz-se que a contabilidade é mantida para a entidade como pessoa distinta dos sócios. A contabilidade é realizada para a entidade, devendo o contador fazer um esforço para não misturar as movimentações da entidade com as dos proprietários. Pessoas físicas e jurídicas não devem ser confundidas, e sócios não devem ser confundidos com empresas. O segundo pilar é baseado no pressuposto de que a empresa é algo em andamento, em continuidade, que funcionará por prazo indeterminado. Uma empresa em processo de extinção (descontinuidade) ou liquidação será contabilizada por outras regras que não são estudadas neste livro. Assista ao vídeo caso queira aprender os demais princípios da contábeis: https://www.youtube.com/watch?v=C0yWhslqid4&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC 5&index=6 1.2.3 Usuário da informação contábil A doutrina costuma classificar os usuários da informação contábil em dois grandes grupos: internos e externos. https://www.youtube.com/watch?v=C0yWhslqid4&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=6 https://www.youtube.com/watch?v=C0yWhslqid4&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=6 Os usuários internos estão ligados aos objetivos e às atividades da entidade. Como a própria classificação indica, são internos à entidade. Basicamente, são os administradores e acionistas/sócios controladores. Eles influenciam na gestão administrativa da entidade (funções de planejamento e aspectos gerenciais, como políticas de preços, gestão de pessoal, dentre outros). Os usuários externos, por sua vez, não compõem como regra a estrutura da entidade. Estão interessados em diversas informações, de acordo com o seu objetivo. Basicamente, englobam os acionistas/sócios não controladores (investidores), bancos, fornecedores, governo, entre outros. Entre os usuários das demonstrações contábeis, incluem-se investidores atuais e potenciais, empregados, credores por empréstimos, fornecedores e outros credores comerciais, clientes, governos e suas agências e o público. Eles usam as demonstrações contábeis para satisfazer algumas das suas diversas necessidades de informação. Marion (2018) conceitua os usuários, conforme suas necessidades, da seguinte forma: ✓ Investidores: é por meio dos relatórios contábeis que se identifica a situação econômico-financeira da empresa; dessa forma, o investidor tem em mãos os elementos necessários para decidir sobre as melhores alternativas de investimentos. Os relatórios evidenciam a capacidade da empresa de gerar lucros e outras informações; ✓ Fornecedores de bens e serviços a crédito: usam os relatórios para analisar a capacidade de pagamento da empresa compradora; ✓ Clientes: os clientes têm interesse em informações sobre a continuidade operacional da entidade, especialmente quando têm um relacionamento de longo prazo com ela, ou dela dependem, como fornecedora importante; ✓ Bancos: utilizam os relatórios para aprovar empréstimos, limites de crédito etc.; ✓ Governo: não só usa os relatórios com a finalidade de arrecadar impostos, como também para dados estatísticos, no sentido de melhor redimensionar a economia (IBGE, por exemplo); ✓ Sindicatos: utilizam os relatórios para determinar a produtividade do setor, fator preponderante para reajuste de salários; ✓ Outros interessados: funcionário (quer saber se a empresa tem condições de pagar seu salário ou não), órgãos de classes, pessoas e diversos institutos, como a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), o Conselho Regional de Contabilidade (CRC), concorrentes etc. Assista ao vídeo para melhor assimilação do conteúdo. https://www.youtube.com/watch?v=nJBGpFWjdUo&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvg BEFDPX3Wci9AlC5&index=4 1.2.4 Normas da contabilidade Você deve saber que a contabilidade também possui uma base legal para estudo. Esse alicerce, hoje, se encontra na Lei 6.404/1976 (também chamada de Lei das Sociedades por Ações). É extremamente importante que você saiba os artigos 175 a 204 desta legislação. Aqui no Brasil, devido às convergências internacionais da contabilidade, as Leis 11.638/2007 e 11.941/2009 trouxeram avanços gigantes para esse processo, alterando a Lei 6.404/1976 e permitindo a adoção de diversas normas internacionais pelas empresas brasileiras. ✓ Lei 6.404/1976 - Lei das Sociedades por Ações, artigos 175 a 204; ✓ Lei 11.638/2007 e 11.941/2009 - as principais alterações promovidas por essas leis na Lei 6.404/1976; https://www.youtube.com/watch?v=nJBGpFWjdUo&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=4 https://www.youtube.com/watch?v=nJBGpFWjdUo&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=4 ✓ Pronunciamentos contábeis - hoje, temos vigentes os pronunciamentos contábeis 00 até o CPC 49; ✓ Lei 12.873/2014 - trata dos efeitos tributários da convergência às normas internacionais. Alguns aspectos pontuais serão tratados no curso. ✓ Código Civil - também apresenta aspectos importantes sobre adoção obrigatória de sistemas de contabilidade pelas empresas brasileiras. O professor Luciano Rosa esquematizou a Lei 6.404/1976 e a disponibilizou em sua plataforma. Acesse o link para baixá-la e fazer uma leitura detalhada da lei. https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-6404-esquematizada-e-atualizada- para-concursos/ 1.2.5 Campo de aplicação da contabilidade A contabilidade pode ser estudada de modo geral (para todas as empresas) ou em particular (aplicada em certo ramo de atividade ou setor da economia). Quando a contabilidade geral for aplicada a: ✓ Empresas comerciais, denomina-se contabilidade comercial; ✓ Empresas industriais, denomina-se contabilidade industrial; ✓ Órgãos públicos, denomina-se contabilidade pública; ✓ Instituições bancárias, denomina-se contabilidade bancária; ✓ Instituições hospitalares, denomina-se contabilidade hospitalar; ✓ Empresas agropecuárias, denomina-se contabilidade agropecuária; ✓ Empresas de seguros, denomina-se contabilidade securitáriaetc. O campo de aplicação da contabilidade são as aziendas. O conceito de azienda vai além do significado da palavra empresa. Azienda é o conjunto de bens, https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-6404-esquematizada-e-atualizada-para-concursos/ https://www.estrategiaconcursos.com.br/blog/lei-6404-esquematizada-e-atualizada-para-concursos/ direitos e obrigações que constituem o patrimônio e que estejam sob a supervisão do homem. Todas as entidades, mesmo que não visem ao lucro, são consideradas aziendas, afinal, utilizam a ciência contábil para controlar a evolução de seu patrimônio (BACINELLO, 2014). São exemplos de aziendas: empresas, governo, pessoas físicas, entidades de assistência social, enfim, qualquer entidade que tenha a necessidade de controlar um patrimônio, mesmo que não seja obrigada legalmente à escrituração, como no caso de pessoas físicas. Assim, a azienda surge quando temos um patrimônio gerido de maneira organizada. Veja a figura 3. Figura 3. Campos de aplicação da contabilidade Fonte: baseado em Possati (2020). Azienda é uma entidade com ou sem fim lucrativo, com objetivo social ou econômico, de ordem econômico-administrativa, isto é, que possui patrimônio a controlar. 1.2.6 Forma de atuação da contabilidade A contabilidade, na qualidade de ciência aplicada, possui metodologias especialmente concebidas para captar, registrar, acumular, resumir e interpretar os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas de quaisquer entes – sejam pessoas físicas, entidades de finalidades não lucrativas ou empresas, sejam pessoas de direito público, tais como estado, município, União, autarquias etc. – e tem um campo de atuação circunscrito às entidades supramencionadas, o que equivale a dizer muito amplo (MONTOTO, 2018). Observe a forma de atuação na figura 4. Figura 4. Forma de atuação Fonte: adaptado de Montoto (2018). O diagrama anterior descreve a forma de atuação da contabilidade nas entidades com patrimônio a ser administrado. Não existe contabilidade sem a coleta dos dados que alteraram o patrimônio e, em seguida, o seu registro, de forma acumulada, nos livros contábeis. As demonstrações financeiras são resumos de tudo o que ocorre, porque seria impossível os interessados, pelas informações contábeis e financeiras, terem acesso fácil e compreenderem os registros na sua origem elementar. Por último, a técnica da interpretação ajudará o leitor da informação contábil no entendimento do estado patrimonial, econômico e financeiro da entidade (empresa) (MONTOTO, 2018). Assista a este vídeo e entenda o conceito de contabilidade e seu campo de aplicação. https:/ /www.youtube.com/watch?v=tgKwW00QcVY https://www.youtube.com/watch?v=tgKwW00QcVY 1.3 Objeto, funções e objetivo final (finalidade da contabilidade); técnicas contábeis Toda ciência tem um objeto, sendo o da contabilidade, que é uma ciência social, o patrimônio da entidade. A contabilidade possui duas funções práticas básicas: administrativa e econômica. O objetivo final da contabilidade é o fornecimento de informações de natureza econômica, financeira e patrimonial para o controle das operações e para o planejamento. 1.3.1 Objeto da contabilidade O objeto delimita o campo de abrangência de uma ciência. Como vimos, na contabilidade, o objeto é o PATRIMÔNIO de uma entidade, definido como um conjunto de bens e direitos e de obrigações com terceiros, pertencente a uma pessoa física, a um conjunto de pessoas ou a uma sociedade ou instituição de qualquer natureza, independentemente da sua finalidade, que pode ou não incluir o lucro. A contabilidade estuda o patrimônio nos seus aspectos quantitativos e qualitativos. Ela busca assimilar suas modificações, tendo uma visão ao longe de possíveis variações. A análise quantitativa expressa os itens patrimoniais em valores, o que exige da contabilidade uma definição de “valor”. Por aspecto qualitativo do patrimônio, entende-se a natureza dos elementos que o compõem, como: dinheiro, valores a receber ou a pagar expressos em moeda, máquinas, estoques de materiais ou de mercadorias (MONTOTO, 2018). O objeto da contabilidade é o PATRIMÔNIO e ela estuda seus aspectos QUALITATIVOS E QUANTITATIVOS. 1.3.2 Funções da contabilidade Segundo a doutrina, a contabilidade possui duas funções: a função administrativa e a função econômica. Vejamos objetivamente cada uma delas. A contabilidade tem por função administrativa o controle do patrimônio da entidade mediante registro dos fatos contábeis em livros apropriados. Os principais livros são o diário e o razão. A contabilidade tem por função econômica a apuração do resultado líquido (crédito), o qual pode ser positivo (lucro líquido) ou negativo (prejuízo líquido). Na figura 5, constam as funções da contabilidade. Figura 5. Funções da contabilidade Fonte: adaptado de Araújo (2020). No âmbito empresarial, a contabilidade, por meio de seus dois principais relatórios contábeis – o balanço patrimonial (BP) e o demonstrativo de resultado (DRE) –, resume o controle do patrimônio e a apuração do resultado. 1.3.3 Finalidade da contabilidade Basicamente, a contabilidade possui a finalidade de controlar o patrimônio administrado e fornecer informações sobre a composição e as variações patrimoniais, bem como sobre o resultado das atividades econômicas desenvolvidas pela entidade para alcançar seus fins. Assim, a contabilidade, por meio do controle do patrimônio, fornece informações úteis para a tomada de decisão (POSSATI, 2020). 28 O objetivo final da contabilidade é o de fornecer informações quantitativas e qualitativas aos seus usuários para tomada de decisões nos processos de controle e planejamento da entidade. Leia também o tópico de introdução do livro Contabilidade geral e avançada (MONTOTO, 2018): https://docero.com.br/doc/5c5xn 1.3.4 Técnicas contábeis Técnicas contábeis são os procedimentos práticos utilizados para a coleta de dados (captação), para o registro de forma acumulada desses dados nos livros contábeis e para a elaboração dos relatórios (demonstrações financeiras), bem como suas análises e checagens. Nesse sentido, as técnicas são apresentadas na figura 6. Figura 6. Técnicas de contabilidade Fonte: elaborado pela autora. Escrituração A escrituração necessita de uma boa definição do que queremos controlar, isto é, que contas precisamos registrar para podermos elaborar relatórios úteis aos usuários https://docero.com.br/doc/5c5xn 29 das informações. Nos livros contábeis e fiscais, registramos todos os fatos contábeis que ocorreram em determinado período, de acordo com o que determina a Lei n. 6.404/1976, em seu art. 177: “Art. 177. A escrituração da companhia será mantida em registros permanentes, com obediência aos preceitos da legislação comercial desta Lei e aos princípios de contabilidade geralmente aceitos, (...).” Demonstrações contábeis As demonstrações são os relatórios resumidos de tudo o que ocorreu no universo contábil. São os resumos de todos os fatos contábeis. É o art. 176 da Lei n. 6.404/1976 que regulamenta as demonstrações exigidas pela legislação comercial (societária): Art. 176. Ao fim de cada exercício social, a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, as seguintes demonstrações financeiras, que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mutações ocorridas no exercício: I — balanço patrimonial; II — demonstração dos lucros ou prejuízos acumulados; III — demonstração do resultado do exercício; IV — demonstração dos fluxos de caixa; e (Redação dada pela Lei n. 11.638, de 2007) V — se companhia aberta, demonstração do valor adicionado.(Incluído pela Lei n. 11.638, de 2007) (...) § 6º A companhia fechada com patrimônio líquido, na data do balanço, inferior a R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais) não será obrigada à elaboração e publicação da demonstração dos fluxos de caixa (Redação dada pela Lei n. 11.638, de 2007). (BRASIL, 1976). Enfim, é uma técnica que possui, basicamente, o objetivo de evidenciar os fatos contábeis escriturados. Análise das demonstrações contábeis A análise dos relatórios contábeis e a auditoria são ramos da contabilidade e consistem em verificações, comparações, cálculos e estatísticas a partir de demonstrações de, pelo menos, dois exercícios. A análise das demonstrações irá permitir verificar, por exemplo, se a empresa tem mais disponibilidade (dinheiro) que no ano anterior; se tem mais estoques; se o grau de 30 investimento em imobilizados (por exemplo, edifícios, veículos, máquinas) é compatível com o negócio e com o setor em que a empresa atua; se o retorno sobre o investimento foi adequado (quando comparado às expectativas e ao mercado), entre outras análises. Enfim, são cálculos matemáticos e estatísticos que nos possibilitam analisar como evoluíram o patrimônio e o resultado e planejar o futuro da entidade. Auditoria A auditoria consiste na análise detalhada, na qual um contador-auditor fará uma revisão de todo o trabalho realizado pela contabilidade da entidade, criticando, de forma analítica, os registros contábeis, para verificar se existe alguma impropriedade, inadequação de procedimento ou até mesmo erro ou fraude. Ao final do seu trabalho, o contador-auditor deverá emitir um parecer com as opiniões técnicas e fundamentadas sobre seu trabalho e o de sua equipe. Para compreender melhor, assista ao vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=ZRA82KRKhOA&t=2s 1.4 O patrimônio O termo patrimônio significa, a princípio, o conjunto de bens pertencente a uma pessoa ou a uma empresa. Compõe-se também de valores a receber (ou dinheiro a receber). Por isso, em contabilidade, esses valores a receber são denominados direitos a receber ou, simplesmente, direitos. Relacionando-se, todavia, apenas bens e direitos, não se pode identificar a verdadeira situação de uma pessoa ou empresa. É necessário evidenciar as obrigações (dívidas) referentes aos bens ou direitos. Por exemplo, se você disser que tem um apartamento como patrimônio e não fizer referência à dívida com o banco financiador (em caso de ter sido adquirido através desse sistema de crédito), sua informação será incompleta e pouco esclarecedora (MARION, 2018). http://www.youtube.com/watch?v=ZRA82KRKhOA&t=2s 31 Em contabilidade, portanto, a palavra patrimônio tem sentido amplo: por um lado, significa o conjunto de bens e direitos pertencentes a uma pessoa ou empresa; por outro lado, inclui as obrigações a serem pagas (MARION, 2018). Para compreender melhor, assista ao vídeo. https://www.youtube.com/watch?v=ltyDuc5zRxI&list=PLEe0nmKgw0CVAB hRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=7 1.4.1 Bens Entendem-se por bens as coisas úteis, capazes de satisfazer às necessidades das pessoas e das empresas. Se eles têm forma física, são palpáveis, denominam-se bens tangíveis: veículos, imóveis, estoques de mercadorias, dinheiro, móveis e utensílios (móveis de escritório), ferramentas, etc. (MARION, 2018). Montoto (2018) complementa indicando que bens são a parte da riqueza de uma entidade (empresa) que a ela pertence e que está em seu poder; logo, estão disponíveis para sua utilização imediata. Os bens incorpóreos, isto é, não palpáveis, não constituídos de matéria, denominam-se bens intangíveis. Normalmente, as marcas que constituem um bem significativo para as empresas (Nike, Coca-Cola) e as patentes de invenção (documento pelo qual o Estado garante a uma pessoa ou empresa o direito exclusivo de explorar uma invenção) são exemplos de bens intangíveis (MARION, 2018). Porém, há muitos outros exemplos. https://www.youtube.com/watch?v=ltyDuc5zRxI&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=7 https://www.youtube.com/watch?v=ltyDuc5zRxI&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=7 32 Os bens, além de tangíveis e intangíveis, podem ser divididos em: ✓ Bens imóveis: são aqueles vinculados ao solo, que não podem ser retirados sem destruição ou danos: edifícios, construções, árvores, dentre outros; ✓ Bens móveis: são aqueles que podem ser removidos por si próprios ou por outras pessoas: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadorias, dentre outros. Suponha que a Cia. Caxumbita tenha os bens que constam no quadro 1. Quadro 1. Cia Caxumbita BENS VALORES R$ Edifício 150 Móveis e utensílios 95 Veículos 105 Máquinas 350 Terrenos 1050 Marcas e patentes 140 Total Fonte: adaptado de Marion (2018). Esses bens podem ser classificados como consta no quadro 2 Quadro 2. Classificação dos bens BENS TANGÍVEIS INTANGÍVEIS MÓVEIS IMÓVEIS Edifício 150 -------- -------- 150 Móveis e utensílios 95 -------- 95 -------- Veículos 105 -------- 105 -------- Máquinas 350 -------- 350 -------- Terrenos 1050 -------- -------- 1050 Marcas e Patentes -------- 140 140 -------- Total 1750 140 690 1200 Fonte: adaptado de Marion (2018). 1890 1890 33 Vamos admitir que você tivesse de avaliar seu lar, sua casa. Seria fácil somar os eletrodomésticos, os utensílios, os móveis... Os bens tangíveis. Todavia, algo muito precioso, talvez o mais importante, você não pode avaliar monetariamente: o amor, a comunhão entre os membros de sua família. Estes são exemplos de bens intangíveis. 1.4.2 Direitos Em contabilidade, entende-se por direito ou direito a receber o poder de exigir alguma coisa. São valores a receber, títulos a receber, contas a receber, entre outros (MARION, 2018). Segundo Montoto (2018), os direitos são a parte da riqueza da entidade (empresa) que a ela pertence, mas que está em poder de terceiros; logo, não está disponível para utilização imediata. Após um mês de trabalho, desde que o pagamento estabelecido seja mensal, você tem direito de receber seu salário. Assim, salário a receber é um direito. Depositando determinada quantia num banco, você tem direito de sacar esse depósito a qualquer momento. Assim, dinheiro depositado em banco é um direito. Em relação à empresa, o direito a receber mais comum decorre das vendas a prazo, ou seja, quando se vendem mercadorias a outras empresas, o pagamento não é efetuado no ato, mas no futuro; a empresa vendedora emite uma duplicata como documento comprobatório. Esse direito denomina-se duplicatas a receber (MARION, 2018). Como exemplos de outros direitos, podem ser citados: aluguéis a receber, promissórias a receber, ações a receber. A relação de direitos da Cia. Caxumbita consta no quadro 3. 34 Quadro 3. A relação de direitos da Cia. Caxumbita ITENS VALORES R$ Bancos conta movimento (depósito) 2000 Duplicatas a receber 350 Títulos a receber (notas promissórias) 105 Aluguéis a receber 500 Total 2.955 Fonte: adaptado de Marion (2018). 1.4.3 Obrigações São dívidas com outras pessoas. Em contabilidade, tais dívidas são denominadas obrigações exigíveis, isto é, compromissos que serão reclamados, exigidos; pagamento na data do vencimento. Em caso de um empréstimo bancário, você fica devendo ao banco (empréstimo a pagar). Se a dívida não for liquidada na data do vencimento, o banco exigirá o pagamento. Uma obrigação exigível bastante comum nas empresas é a compra de mercadorias a prazo (exatamente o contrário de duplicatas a receber): ao comprar a prazo, a empresa fica devendo para o fornecedor da mercadoria; por essa razão, tal dívida é conhecida como fornecedores, embora também possa ser denominada duplicatas a pagar. Outras obrigações exigíveis são: com os funcionários – saláriosa pagar –; com o governo – impostos a pagar –; com as financeiras – financiamentos –; com a Previdência Social e FGTS – encargos sociais a pagar –; com o locador do prédio – aluguéis a pagar –; diversas contas de luz, água, gás etc. – contas a pagar – etc. As obrigações exigíveis da Cia. Caxumbita constam no quadro 4. 35 Quadro 4. As obrigações exigíveis da Cia. Caxumbita ITENS VALORES R$ Fornecedores (dívidas com fornecedores de 550 mercadorias) Empréstimos bancários (a pagar) 100 Salários a pagar 150 Encargos sociais a pagar (FGTS, INSS) 350 Impostos a pagar (ou a recolher) 50 Financiamentos (empréstimos a pagar a longo 300 prazo) Contas a pagar (diversos) 120 Total 1620 Fonte: adaptado de Marion (2018). Quadro 5. Bens, direitos e obrigações BENS+DIREITOS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS Bens Obrigações Dinheiro Empréstimos a pagar Mercadoria em estoques Salários a pagar Veículos imóveis Fornecedores (duplicatas a pagar) Máquinas Financiamentos Ferramentas Impostos a pagar Móveis e utensílios Encargos sociais a pagar Marcas e patentes Aluguéis a pagar Direitos Títulos a pagar Depósitos em bancos Promissórias a pagar Duplicatas a receber Contas a pagar Títulos a receber Aluguéis a receber Ações Fonte: adaptado de Marion (2018). Nessa representação (quadro 5), coloca-se do lado esquerdo bens e direitos e, do lado direito, obrigações exigíveis. Isso ocorre, porém, por mera convenção. Psicologicamente, parece interessante colocar primeiro aquilo que é positivo (bens + direitos) para em seguida apresentar aquilo que é negativo (obrigações exigíveis). 36 Podemos encontrar países, todavia, em que se colocam primeiramente as obrigações e depois os bens e direitos. Veja o patrimônio da Cia Caxumbita no quadro 6. Quadro 6. Patrimônio da Cia Caxumbita BENS+DIREITOS OBRIGAÇÕES EXIGÍVEIS Bens 1890 Direitos 2955 Obrigações (passivo exigível) 1620 Fonte: adaptado de Marion (2018). Vamos entender um pouco mais sobre o patrimônio? https://www.youtube.com/watch?v=KBuwXxbSQxE&list=PLEe0nmKgw0CVABh RvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=8 1.4.4 Elementos do patrimônio Os elementos que compõem o patrimônio são três: ativo, passivo e patrimônio líquido. Com base na junção destes três elementos, é possível realizar a mensuração do patrimônio de uma entidade econômico-administrativa. 1.4.4.1 Ativo Trata-se da parte positiva do patrimônio. É composto pelos bens e direitos, representados monetariamente. O ativo (recursos) representa o resultado de ações adotadas pela entidade e utilizadas para obtenção de resultados futuros. As contas componentes do ativo encontram-se relacionadas do lado esquerdo do balanço patrimonial (BACINELLO, 2014). https://www.youtube.com/watch?v=KBuwXxbSQxE&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=8 https://www.youtube.com/watch?v=KBuwXxbSQxE&list=PLEe0nmKgw0CVABhRvgBEFDPX3Wci9AlC5&index=8 37 Segundo o CPC 00 (R2), ativo é um recurso econômico presente controlado pela entidade como resultado de eventos passados. Destaca-se que o recurso econômico é um direito que tem o potencial de produzir benefícios econômicos. 1.4.4.2 Passivo Trata-se da parte negativa do patrimônio. É composto pelas obrigações (dívidas com terceiros). O passivo é oriundo de eventos ocorridos. Espera-se que as saídas de recursos destinadas ao pagamento de tais obrigações gerem benefícios à entidade (BACINELLO, 2014). Segundo o CPC 00 (R2), passivo é uma obrigação presente da entidade de transferir um recurso econômico como resultado de eventos passados. 1.4.4.3 Patrimônio líquido Ao passar por uma autoestrada e avistar uma empresa imponente, com letreiros luminosos, jardins ao redor, uma pessoa pode imaginar: “Como é grande o patrimônio desta empresa!”. Há possibilidade, no entanto, de esta pessoa estar errada, pois patrimônio envolve também obrigações. A empresa poderá estar a um passo da falência ou totalmente endividada, embora os números de seu patrimônio sejam elevados. Disso se conclui que patrimônio por si só não mede a efetiva riqueza de uma empresa (MARION, 2018). Assim, se um amigo seu tem um grande apartamento, um carro novo e outros bens, esse patrimônio elevado não significa necessariamente grandes vantagens: pode ser que ele deva muitas prestações ao banco financiador, que seu carro e outros bens tenham sido financiados, que sua dívida seja consideravelmente grande. Riqueza, portanto, não se mede somente pelo patrimônio. Na verdade, é necessário conhecer a riqueza líquida da pessoa ou da empresa: somam-se os bens e os direitos e, desse total, subtraem-se as obrigações; o resultado é a 38 riqueza líquida, ou seja, a parte que sobra do patrimônio para a pessoa ou a empresa. Ela é denominada patrimônio líquido ou situação líquida. O patrimônio líquido, portanto, é a medida eficiente da verdadeira riqueza. Observe-se que há situações em que o patrimônio é grande, mas as obrigações superam os bens e direitos; nesse caso, o patrimônio líquido é negativo, isto é, não há riqueza, a situação da empresa é péssima. Como exemplo, admitamos que a Cia. Tirulipa possua o seguinte patrimônio: Bens R$ 650 Direitos R$ 250 Obrigações R$ 880 Sua riqueza líquida, todavia, é muito pequena: PL = B + D – O PL = 650 + 250 – 880 PL = R$ 20 Calculemos também o patrimônio líquido da Cia. Caxumbita: PL = B + D – O PL = 1890 + 2.955 – 1620 PL = R$ 3.225 Assista ao vídeo para aprofundamento do assunto. https://www.youtube.com/watch?v=5dYY5lW52V0&list=PLo4LG32QSFX8CsKTt7 TEcojkxxWQU_WuE&index=2 https://www.youtube.com/watch?v=5dYY5lW52V0&list=PLo4LG32QSFX8CsKTt7TEcojkxxWQU_WuE&index=2 https://www.youtube.com/watch?v=5dYY5lW52V0&list=PLo4LG32QSFX8CsKTt7TEcojkxxWQU_WuE&index=2 39 1.4.5 Diferença entre capital e patrimônio De forma bem objetiva, devemos saber o seguinte: Capital é o conjunto de elementos que o proprietário da empresa possui para iniciar suas atividades. Exemplo: a Comercial “JJ Simpson AS” subscreve em dinheiro um capital no valor de R$ 5.000,00 e o valor de R$ 3.000,00 em móveis. Logo, o valor de R$ 8.000,00 constituirá o valor do capital inicial da empresa. Destaca-se que o capital inicial pode ser composto por dinheiro, bens móveis e imóveis, direitos a receber (duplicatas, por exemplo), etc. Por outro lado, patrimônio compreende o conjunto de bens, direitos e obrigações pertencentes a uma entidade. Conforme Marion (2018), também há diferença entre o capital próprio e o capital de terceiros. Capital próprio são os recursos originários dos sócios ou acionistas da entidade ou decorrentes de suas operações sociais (é um sinônimo utilizado para descrever o patrimônio líquido – PL). Por conseguinte, o capital de terceiros são os recursos originários de terceiros utilizados para a aquisição de ativos sob controle da entidade (é um sinônimo utilizado para descrever o passivo exigível – PE). De maneira geral, o termo capital significa recursos. Capital próprio, portanto, denota recursos (financeiros ou materiais) dos proprietários (sócios ou acionistas) aplicados na empresa. Capital de terceiros, por seu lado, significa recursos de outras pessoas (físicas ou jurídicas) aplicados na empresa (MARION, 2018). A importância que os proprietários investem inicialmente na empresa, contabilmente, é denominada capital ou capital nominal. O valor inicial do capital nominal será modificado, normalmente aumentado com o passar do tempo. Em caso de os sócios (ou acionistas) se comprometerem a investir na empresa certa quantia, esse capital será denominado capital subscrito (assinado, comprometido). Este compromisso surge no papel, no contrato social assinado pelos sócios. 40 Ao cumprirem o contrato firmado, fornecendo dinheiro ou outros bens à empresa, os proprietáriosintegralizam capital (realização do capital). Capital a integralizar é, portanto, a parte do capital comprometido (subscrito) ainda não realizada (MARION, 2018). 1.4.6 Origem x aplicação Todos os recursos que entram numa empresa passam pelo passivo e patrimônio líquido. Os recursos (financeiros ou materiais) são originados dos proprietários (PL), fornecedores, governo, bancos, financeiras, entre outros. E representam origens de recursos. Através do passivo e do patrimônio líquido, portanto, identificam-se as origens de recursos. O ativo, por sua vez, evidencia todas as aplicações de recursos: aplicação no caixa, em estoque, em máquinas, em imóveis etc. Assista ao vídeo para entender os termos capital, origem e aplicação de recursos. https://www.youtube.com/watch?v=tvcLFD6HMSI 1.5 Representação gráfica do patrimônio A equação patrimonial demonstra que o total do ativo é igual ao total do passivo. Como já sabemos, o patrimônio = bens + direitos (elementos positivos do patrimônio) + obrigações (elementos negativos do patrimônio). O patrimônio líquido é a diferença entre os elementos positivos do patrimônio e os elementos negativos do patrimônio. Veja representação da equação patrimonial na figura 7. https://www.youtube.com/watch?v=tvcLFD6HMSI 41 Figura 7. Equação patrimonial Fonte: elaborado pela autora. PL = elementos positivos do patrimônio – elementos negativos do patrimônio PL = bens + direitos – obrigações Assim, chegamos à equação patrimonial: A = P + PL, em que: A = ativo (bens + direitos) P = passivo exigível (obrigações) PL = patrimônio líquido O balanço patrimonial pode ser assim representado: Quadro 7. Representação do balanço patrimonial ATIVO PASSIVO Bens Direitos Obrigações (passivo exigível) Patrimônio líquido (passivo não exigível) Total = bens + direitos Total = obrigações + PL Fonte: Marion (2018). Conclusões que podemos extrair da equação patrimonial: 42 1ª) Passivo total = passivo exigível + passivo não exigível 2ª) Capital total à disposição da empresa = capital de terceiros + capital próprio Como o total do ativo (capital aplicado) é igual ao total do passivo (capital total à disposição da empresa), temos: capital aplicado = capital total à disposição da empresa 3ª) Origem dos recursos = recursos de terceiros + recursos próprios Como o total do ativo (aplicações dos recursos) é igual ao total do passivo (origem dos recursos), temos: aplicações dos recursos = origem dos recursos (POSSATI, 2020). 1.5.1 Situações líquidas patrimoniais Os elementos componentes do patrimônio poderão assumir valores diferentes. O ativo poderá ser maior ou igual a zero; o passivo poderá ser maior ou igual a zero; e o patrimônio líquido poderá ser maior, menor ou igual a zero. Salienta-se que ativo e passivo não poderão ser negativos. Ao analisarmos os possíveis resultados da equação patrimonial, poderemos observar as seguintes situações patrimoniais: 1º caso: situação líquida positiva; situação líquida ativa; situação líquida superavitária (SL > 0). Ocorre quando o total da soma dos ativos (bens + direitos) excede as obrigações com terceiros. Neste caso, diz-se que a empresa possui riqueza própria. Apresenta-se um exemplo no quadro 8. A > P à A – P > 0 à SL > 0 43 Quadro 8: Situação líquida positiva Situação líquida positiva Ativo Passivo e patrimônio líquido Passivo Bens Direitos 2.000,00 6.000,00 Obrigações 2.100,00 Patrimônio líquido 5.900,00 Total 8.000,00 Total 8.000,00 Fonte: Bacinello (2014) Observe que a situação líquida é positiva quando o ativo é maior que o passivo exigível. 2º caso: situação líquida nula; situação líquida compensada (SL = 0). Ocorre quando o total da soma das obrigações com terceiros é igual à soma dos ativos (bens + direitos). Neste caso, diz-se que a riqueza própria da empresa é inexistente. Apresenta- se um exemplo no quadro 9. A = P à A – P = 0 à SL = 0 Quadro 9. Situação líquida nula Situação líquida nula Ativo Passivo e patrimônio líquido Passivo Bens Direitos 2.000,00 6.000,00 Obrigações 8.000,00 Patrimônio líquido 0,00 Total 8.000,00 Total 8.000,00 Fonte: Bacinello (2014) 44 3º caso: situação líquida negativa; situação líquida passiva; situação líquida deficitária; passivo a descoberto (SL < 0). Ocorre quando as obrigações com terceiros são nulas. Neste caso, a soma dos ativos (bens + direitos) é igual ao patrimônio líquido da empresa. Quando o valor do passivo é maior que o do ativo, ocorre a situação de passivo a descoberto. Veja o exemplo apresentado no quadro 10. A < P à A – P < 0 à SL < 0 Quadro 10. Situação líquida negativa Situação líquida negativa Ativo Passivo e patrimônio líquido Passivo Bens Direitos 2.000,00 6.000,00 Obrigações 10.000,00 Patrimônio líquido (2.000,00) Total 8.000,00 Total 8.000,00 Fonte: Bacinello (2014). 4º caso: situação líquida plena ou propriedade total de ativos. Ocorre quando as obrigações com terceiros são nulas. Neste caso, a soma dos ativos (bens + direitos) é igual ao patrimônio líquido da empresa. Observe exemplo no quadro 11. Quadro 11. Situação líquida plena Situação líquida plena Ativo Passivo e patrimônio líquido Passivo Bens Direitos 2.000,00 6.000,00 Obrigações 0,00 Patrimônio líquido 8.000,00 Total 8.000,00 Total 8.000,00 Bacinello (2014) 45 Conclusão: a seguinte relação é aplicável a todas as entidades: A ≥ 0, P ≥ 0 e SL > 0 ou SL < 0 ou SL = 0 a) O valor registrado no patrimônio líquido de uma companhia nunca pode ser superior ao valor total de seus ativos. b) Tanto o ativo como o passivo podem ser maiores ou iguais a zero. No entanto, jamais poderão ser negativos. c) O patrimônio líquido pode ser positivo, negativo ou nulo. (POSSATI, 2020). Dica de ouro! No quadro 12, são apresentados os sinônimos para os componentes patrimoniais, bem como as principais características de cada elemento do balanço patrimonial. Quadro 12. Sinônimos dos elementos patrimoniais ATIVO (AT) PASSIVO (PA) Sinônimos para o ativo Capital aplicado Capital investido Patrimônio bruto Investimentos Características do ativo - Bens + direitos - Trata-se da parte positiva do patrimônio - Representa o resultado de ações adotadas pela entidade e utilizadas para obtenção de resultados futuros - Lado esquerdo do balanço patrimonial; - Aplicação de recursos (onde foi investido o dinheiro) Sinônimos para o passivo Passivo exigível Capital de terceiros Capital alheio Recursos de terceiros Características do passivo - Obrigações - Trata-se da parte negativa do patrimônio - Representa as dívidas com terceiros (obrigações) - Lado direito do balanço patrimonial - Origem ou fonte de recursos (onde conseguiu o dinheiro) 46 PATRIMÔNIO LÍQUIDO (PL) Sinônimos para o patrimônio líquido Passivo não exigível Situação líquida Riqueza própria (líquida) Recursos próprios Capital próprio Representa obrigações da entidade com os sócios PL= A-P PL=B+D-O TOTAL DO ATIVO Capital aplicado = capital total à disposição da empresa TOTAL DO PASSIVO Passivo total = passivo exigível + passivo não exigível Fonte: elaborado pela autora. 1.6 Função econômica da contabilidade: apurar o resultado (rédito) Segundo Viceconti e Neves (2017), o resultado é a diferença entre o valor das receitas e o valor das despesas. Pode ser: a) Positivo ou lucro – ocorre quando o valor das receitas é superior ao valor das despesas; b) Negativo ou prejuízo – ocorre quando o valor das receitas é inferior ao valor das despesas; c) Nulo – ocorre quando o valor das receitas é igual ao valor das despesas. 1.6.1 Receitas Receitas são entradas de elementospara o ativo da empresa, decorrentes de uma transação com terceiros, na forma de bens ou direitos que provocam aumento da situação líquida da entidade, em virtude de não aumentarem o passivo (VICECONTI; NEVES, 2017). Veja esquema da receita no quadro 13. 47 Quadro 13. Receita ESQUEMA RECEITAS + Ativo + Bens e/ou + Direitos + PL S/SL Fonte: adaptado de Viceconti e Neves (2017). A receita também pode advir de uma redução no valor do passivo, sem que o ativo seja diminuído. Por exemplo, a entidade recebe o perdão de uma dívida que tem para com terceiros; o passivo diminuirá, o ativo ficará constante e o patrimônio líquido aumentará. 1.6.2 Despesas São gastos incorridos com terceiros, cujo objetivo é gerar receitas, direta ou indiretamente. As despesas podem diminuir o ativo e/ou aumentar o passivo, mas sempre provocam diminuições na situação líquida ou patrimônio líquido da entidade (VICECONTI; NEVES, 2017). Veja esquema da despesa no quadro 14. Quadro 14. Despesa ESQUEMA DESPESA (-) Ativo + Passivo (-) PL /SL Fonte: adaptado de Viceconti e Neves (2017). Agora, vamos conhecer alguns conceitos importantes para a contabilidade. 1.6.3 Conceitos importantes 48 Abordaremos alguns conceitos importantes que vão facilitar seu entendimento dos conteúdos a seguir. Enfatizo que esses termos serão retomados de forma mais detalhada nas próximas unidades. 1.6.3.1 Rédito O termo rédito é mais amplo que resultado; nas entidades sem fins lucrativos, representa o superávit ou o déficit de suas atividades sociais. É o resultado da atividade econômica das entidades com fins lucrativos e provoca variação patrimonial, aumentativa ou diminutiva. 1.6.3.2 Regime de caixa Na apuração dos resultados (rédito) do exercício, o regime de caixa ocorre quando são considerados apenas os pagamentos e recebimentos efetuados no período contábil. 1.6.3.3 Regime de competência O regime de competência acontece quando, na apuração dos resultados (rédito) do exercício, são consideradas as receitas e despesas nas datas a que se referirem, independentemente de seus recebimentos ou pagamentos. 1.6.3.4 Exercício social ou período contábil O exercício social ou período contábil é o espaço de tempo (12 meses) findo no qual as pessoas jurídicas apuram os seus resultados. Ele pode coincidir, ou não, com o ano-calendário, de acordo com o que dispuser o estatuto ou o contrato social. Perante a legislação do IR, é chamado de período de apuração da base de cálculo do imposto devido e, nesse caso, pode ser trimestral ou anual. 49 1.6.3.5 Período de apuração O período de apuração é o espaço de tempo utilizado pela legislação tributária para determinar a base de cálculo do tributo a ser apurado. Referências BACINELLO, Edilson; BOM FIM, Jaqueline P. Contabilidade Geral. Cuiabá: UFMT, 2014. BRASIL. Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as Sociedades por Ações. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm. Acesso em: 15 mar. 2021. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS – CPC. Estrutura conceitual. Disponível em: http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/455_CPC00%20Pronunciamento.pdf. Acesso em: 15 mar. 2021. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Legislações. Disponível em: https://cfc.org.br/legislacao/. Acesso em: 18 mar. 2021. LEITE, Carlos Eduardo B. A evolução das ciências contábeis no Brasil. Rio de Janeiro: FGV, 2005. IUDÍCIBUS, Sérgio de. Teoria da contabilidade. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2015. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788522496242/. Acesso em: 14 mar. 2021. IUDÍCIBUS, Sérgio de; MARION, José Carlos. Curso de contabilidade para não contadores: para as áreas de administração, economia, direito e engenharia. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2018. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788597016932. Acesso em: 14 mar. 2021. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6404consol.htm http://static.cpc.aatb.com.br/Documentos/455_CPC00%20Pronunciamento.pdf https://integrada.minhabiblioteca.com.br/books/9788597016932 50 MARION, José Carlos. Contabilidade básica. 12. ed. São Paulo: Atlas, 2018. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788597018103/. Acesso em: 14 mar. 2021. MONTOTO, Eugênio. Contabilidade geral e avançada esquematizado. 5. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2018. PORTAL DE CONTABILIDADE. História da contabilidade. Disponível em: http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm. Acesso em: 14 mar. 2021. POSSATI, Gilmar. Contabilidade geral. São Paulo: Estratégia Concursos, 2020. VICECONTI, Paulo; NEVES, Silvério das. Contabilidade básica. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2017. Disponível em: https://integrada.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788547220921/. Acesso em: 18 mar. 2021. UNIDADE II: CONTAS, REGIMES CONTÁBEIS E DINÂMICAS PATRIMONIAIS Prezado(a) estudante, Nesta unidade, estudaremos as contas contábeis: teoria, função, estrutura e plano de contas. Débito, crédito e saldo. A apuração de resultado e regime de contabilização de receitas e despesas: regime de competência, regime de caixa, balanço patrimonial × demonstração do resultado do exercício e regime de competência. Dinâmica patrimonial: atos e fatos contábeis. O objetivo é que, ao final desta unidade, você consiga: ✓ Conceituar conta e plano de contas; ✓ Distinguir contas patrimoniais de contas de resultado; ✓ Reconhecer o significado dos termos débito e crédito em contabilidade; http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm 51 ✓ Diferenciar o regime de caixa e de competência; ✓ Reconhecer como os fatos administrativos podem provocar alterações no patrimônio líquido das entidades. Bons estudos! 2.1 Das contas Contas são nomes que qualificam os elementos patrimoniais e quantificam-nos por meio de saldos devedores e credores. Nesse sentido, vamos estudar as características dessas contas. 2.1.1 Teoria das contas Na literatura, várias escolas ao longo dos séculos foram criadas devido à necessidade de mudanças na sociedade; dentre elas, podemos destacar: barroco, classicismo, romantismo, parnasianismo, simbolismo e modernismo. Na contabilidade, não foi diferente. Ao longo dos anos, houve várias escolas que se especializaram nos estudos contábeis, notadamente na teoria das contas, entre as quais podemos destacar três: ✓ Personalista; ✓ Materialista; ✓ Patrimonialista. 2.1.1.1 Teoria personalista Na teoria personalista, cada conta assume a configuração de uma pessoa no seu relacionamento com a empresa ou entidade. Assim, caixa, bancos, duplicatas a receber, fornecedores, capital, receitas e despesas representam pessoas com as quais a entidade mantém relacionamento de débito e crédito (VICECONTI; NEVES, 2017). 52 Posto isso, podemos concluir que as obrigações (P) e o patrimônio líquido (PL) são pessoas credoras (representam aquelas pessoas que têm a receber da sociedade), enquanto os bens e direitos são pessoas devedoras em relação à entidade. A origem dessa teoria remonta ao tempo da Idade Média, no comércio das cidades italianas de Gênova e Veneza por meio do Mar Mediterrâneo. Naquela época, não existia o conceito de pessoa jurídica tal como conhecemos atualmente, e o mercador era considerado o proprietário dos bens que adquiria e comerciava. Assim, por exemplo, o dinheiro que ele entregava ao banqueiro como depósito seria o correspondente do moderno título “bancos conta movimento”. A importância que ele devia ao outro mercador que lhe devia a prazo correspondia, atualmente, à conta “fornecedores”, e assim por diante (VICECONTI; NEVES, 2017). Segundo esta teoria, as contas se classificam em: ✓ Contas dos agentes consignatários
Compartilhar