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• Raquianestesia, subdural, espinhal ou intratecal. • Peridural, epidural. A anestesia neuroaxial é o bloqueio de fibras aferentes nociceptivas com a interrupção temporária da transmissão de impulsos nervosos. O bloqueio neuroaxial divide-se em peridural (ou epidural) e espinal. Esquema do sistema nervoso autônomo que descreve a inervação funcional dos órgãos efetores periféricos e a origem anatômica dos nervos autônomos periféricos da medula espinal. Os algarismos romanos em nervos originários da região retal do tronco encefálico referem-se aos nervos cranianos que fornecem saída parassimpática aos órgãos executores da cabeça, pescoço e tronco. Principais alterações que podem decorrer da anestesia no neuroeixo: Sistema cardiovascular: hipotensão arterial, bradicardia e redução da contratilidade cardíaca; Sistema respiratório: geralmente ausente ou mínimo, exceto em pneumopatas submetidos a bloqueios torácicos altos (bloqueio de musculatura acessória); Sistema digestivo: aumento do peristaltismo e relaxamento de esfincteres, devido ao tônus vagal; Sistema urinário: perda do controle autonômico da bexiga, resultando em retenção urinária; Endócrino/metabólico: devido à atenuação da resposta ao estresse, há uma redução na liberação de catecolaminas, cortisol e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). EXTENSÃO DA MEDULA E DO SACO DURAL Idade Saco dural Medula Neonato S3-S4 L4 > 6 meses S2 L2-L3 > 1 ano e adulto S1-S2 L1-L2 Posicionamento para realização de anestesia no neuroeixo. CONTRAINDICAÇÕES ABSOLUTAS A recusa do paciente, a presença de hipotensão arterial, a hipovolemia, o aumento da pressão intracraniana com possibilidade de herniação cerebral e a sepse devem ser consideradas contraindicações. No caso de hipovolemia, considera-se a possibilidade do agravamento da hipotensão arterial. CONTRAINDICAÇÕES RELATIVAS • Sepse; • Infecção no sítio de punção; • Hipovolemia e hipotensão; • Uso de anticoagulantes; • Coagulopatias; • Mielopatia ou neuropatia periférica (déficit neurológico); • Esclerose múltipla; • Cirurgia de coluna prévia; • Estenose do canal medular; • Espinha bífida; • Estenose aórtica ou débito cardíaco físico. ANESTESIA ESPINHAL INDICAÇÕES: analgesia ou anestesia de procedimentos abdominais (abdome inferior), pélvicas e membros inferiores. Procedimentos e níveis ideais de bloqueio Cirurgia Nível sensitivo Cesariana T4-T6 Cirurgia abdominal alta T4 Ressecção transuretral de próstata T10 Cirurgia de quadril T10 Cirurgia de joelho/tornozelo L2 TÉCNICA: Devem-se identificar os espaços intervertebrais lombares (L2-L3, L3-L4, L4-L5), evitando a punção acima de L1 a L2 (término do cone medular). Realiza-se a infiltração da pele e do tecido subcutâneo com lidocaína a 1% no espaço escolhido. A agulha de anestesia espinal deve ser inserida na linha média, em uma angulação de 10 a 15 graus em relação à pele na direção cefálica. A agulha deve penetrar pele, tecido subcutâneo, ligamentos supraespinhoso e interespinhoso, ligamento amarelo, espaço peridural e dura-máter. A abordagem paramediana também pode ser realizada, sendo uma alternativa nos pacientes idosos com calcificação do ligamento interespinhoso. A agulha é inserida 1 cm lateral e 1 cm caudal em relação ao processo espinhoso, em direção céfalo-medial. A passagem da agulha de bloqueio subaracnóideo pelo ligamento amarelo e dura-máter produz uma sensação de “clique” (perda súbita de resistência). Estando corretamente dentro do espaço subaracnóideo, o LCS deve fluir livremente. A seringa com anestésico local é então adaptada, e este é injetado de forma lenta (0,2 mL/s). MEDICAÇÕES UTILIZADAS: ADJUVANTES: • Neocaína; • Clonidina; • Opioides. ALTURA DO BLOQUEIO: FATORES QUE INFLUENCIAM A ALTURA DO BLOQUEIO: Ao realizar a anestesia espinal, deve-se estar atento para que o nível de bloqueio alcançado esteja de acordo com o necessário para o procedimento cirúrgico proposto Vários fatores influenciam na altura do bloqueio, sendo os mais importantes o volume de LCS e a baricidade da solução anestésica. ANESTESIA EPIDURAL A anestesia peridural pode ser realizada nos níveis cervicais, torácicos e lombares. A anestesia peridural no nível sacral é chamada de bloqueio caudal (discutido mais adiante). Tem início de ação mais lento e produz bloqueio motor menos denso do que a anestesia espinal. Essa técnica é muito utilizada associada à passagem de um cateter peridural para analgesia perioperatória. INDICAÇÕES: Analgesia ou anestesia de procedimentos torácicos, abdominais, pélvicos e de membros inferiores. TÉCNICA: Realiza-se o posicionamento do paciente (sentado ou em decúbito lateral), a assepsia do local a ser puncionado e a colocação de campos estéreis. Infiltra-se o local de punção (pele e subcutâneo) com lidocaína a 1%. Os marcadores anatômicos do nível da punção são a linha entre as cristas ilíacas (espaço L4-L5) e a linha que une os bordos inferiores da escápula (corpo de T7). O espaço peridural está entre 3,5 e 6 cm de distância da pele na maioria dos pacientes, na região lombar. Outro ponto a ser observado é a angulação das apófises espinhosas na região torácica (entre 40-60°), devendo a inserção da agulha acompanhar essa inclinação. Na abordagem mediana, a agulha de Tuohy ultrapassa a pele, o subcutâneo, o ligamento supraespinhoso, o ligamento interespinhoso e o ligamento amarelo, chegando ao espaço peridural. Ao alcançar o ligamento interespinhoso, o estilete da agulha deve ser retirado, conectando-se a seringa com 2 mL de ar ou solução salina para o teste de perda de resistência (uma alternativa é preencher a seringa com 2 mL de solução salina e uma pequena bolha de ar). MEDICAÇÕES UTILIZADAS: ADJUVANTES: • Clonidina; • Opioides; • Epinefrina. ALTURA DO BLOQUEIO: FATORES QUE INFLUENCIAM NA ALTURA DO BLOQUEIO PERIDURAL: O posicionamento do paciente, ao contrário da anestesia espinal, tem uma influência menor na anestesia peridural. O nível da punção e o volume de anestésico administrado são os fatores mais importantes. Complicações da anestesia neuroaxial: Cardiovasculares • Hipotensão arterial • Bloqueio simpático • Parada cardíaca Respiratórias • Hipoventilação • Bloqueio de músculos acessórios Urológicas • Retenção urinária • Dor e agitação pós-operatórias Neurológicas • Cefaleia pós-punção da dura-máter • Lesões medulares (progressivas ou permanentes) • Síndrome da cauda equina • Aracnoidite adesiva crônica • Síndrome da artéria espinal anterior • Irritação radicular transitória • Abscesso, meningite séptica e asséptica • Hematoma peridural CEFALEIA PÓS-PUNÇÃO DA DURA-MÁTER (CPPD) É a complicação neurológica mais comum. Seus sintomas normalmente se iniciam em 48 horas e possuem uma duração autolimitada de 5 a 7 dias. A causa é a perda de LCS para o espaço peridural, levando a um estiramento dos III, IV e VI pares cranianos, sendo o abducente (VI) o mais atingido. É necessário avaliar a gravidade dos sintomas e fazer um diagnóstico diferencial com outras alterações neurológicas. SINTOMAS DA CEFALEIA PÓS-PUNÇÃODA DURA-MÁTER: • Cefaleia frontal, occipital ou difusa, posicional; • Náuseas e vômitos; • Diplopia; • Fotofobia; • Hipoacusia.
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