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UNIDADE 4: CAPITALISMO PARASITÁRIO

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UNIDADE 4: O CAPITALISMO PARASITÁRIO
	A globalização exige um melhor entendimento entre os diversos povos. Quando as pessoas se entendem melhor, elas se tornam mais tolerantes diminuindo o conflito e a luta.
	A globalização possui aspectos positivos e negativos que influenciam na vida humana, trouxe o progresso e eliminou as barreiras físicas, rompeu as fronteiras, possibilitou a expansão dos meios de comunicação, melhorou a formação e a tecnologia em todo o mundo. As fronteiras entre as pessoas também estão mais próximas devido às facilidades dos meios de transporte e comunicação, além da difusão da cultura que se espalha entre as sociedades e grupos.
	Na sociedade globalizada temos acesso a elementos culturais diferentes dos nossos. Contudo a mídia deturpa as informações para garantir o próprio sistema, manter o poder do capital e a cultura do consumo. Nesta sociedade de consumo o consumidor é manipulado,
consome muito mais do que necessário, levando a humanidade ao esgotamento dos recursos naturais.
	Gera consequências extremamente prejudiciais nas esferas econômica, social e ambiental e fica cada vez mais endividado.
	INDÚSTRIA CULTURAL E GLOBALIZAÇÃO
	“Vivemos num mundo globalizado. Isso significa que todos nós, conscientemente ou não, dependemos uns dos outros. O que quer que façamos ou nos abstenhamos de fazer afeta a vida das pessoas que vivem em lugares que nunca iremos visitar”. (Zygmunt Bauman).
BAUMAN: “ O termo indústria cultural foi empregado pela primeira vez em 1947, por Max Horkheimer (1895-1973) e Theodor Adorno (1903-1969), como resultado da oportunidade de expansão e lógica do capitalismo sobre a cultura. Significou o poder de dominação e difusão de uma cultura
de subserviência e transformou os indivíduos da sociedade em objetos. Na hierarquia das culturas, hoje não se pode mais “[…] estabelecer a distinção entre a elite cultural e aqueles que estão abaixo dela a partir dos antigos signos, por aquilo que é visto como ‘grande arte’” (BAUMAN, 2013, p. 7).
BOURDIEU: introduziu o conceito de capital cultural, afirmando que as pessoas de classes
sociais diferentes, possuem diferentes tipos de capital cultural. Ou seja, o capital cultural está
enraizado na percepção da realidade, são os gostos, conhecimentos, atitudes, linguagens e formas de pensar, que trocamos quando interagimos com os outros, sendo valorizado de forma diferente por cada grupo ou classe social.
	Indústria cultural é fruto da sociedade industrializada, do período marcado pelo
consumismo, acumulação flexível e sociedade globalizada. Entre as consequências imediatamente visíveis da globalização, pode-se mencionar: o aumento das desigualdades econômicas entre os países e, no interior de cada um deles, o desemprego crescente, o desaparecimento progressivo de universos autônomos de produção cultural pela imposição de valores comerciais, assim como a destruição das instâncias coletivas, capazes de fazer frente aos efeitos do que Bourdieu (2001) denomina de máquina infernal.
	Ao publicar La distinction, em 1979, Bourdieu virou de cabeça para baixo o conceito iluminista de cultura, ela funcionava como um dispositivo útil, destinado conscientemente para assinalar as diferenças entre as classes e salvaguardá-las, uma tecnologia inventada para a proteção e criação das hierarquias e divisões de classes sociais.
WITT:Ao interagirmos com os outros, nos baseamos nos recursos de capital cultural que possuímos. Essa interação é bastante fácil com pessoas que compartilham o mesmo conjunto básico e recursos. No caso da interação com outras pessoas que possuem um estoque diferente de capital cultural, no entanto, isso é mais complexo. Vemos esse tipo de dificuldade quando os executivos tentam interagir informalmente com os trabalhadores nas fábricas ou quando nos encontramos jantando em um lugar onde não temos certeza de quais são as regras. Se fosse apenas uma questão de diferença social entre várias subculturas, poderia não ser muito importante, mas o capital cultural da elite também está ligado a seu controle sobre os recursos econômicos e sociais. Como resultado, o capital cultural pode ser usado como forma de exclusão em relação a postos de trabalho, organizações e oportunidades (WITT, 2016, p. 246).
BAUMAN: “ Segundo o conceito original, a “cultura” seria um agente de mudança do status quo, e não de sua preservação; ou, mais precisamente, um instrumento de navegação para orientar a evolução social rumo a uma condição humana universal. O propósito inicial do conceito de “cultura” não era servir como registro de descrições, inventários e codifi cações da situação corrente, mas apontar um objetivo e uma direção para futuros esforços. O nome “cultura” foi atribuído a uma missão proselitista, planejada e empreendida sob a forma de tentativas de educar as massas a refi nar os seus costumes, e assim melhorar na sociedade e aproximar “o povo”, ou seja, os que estão na “base da sociedade”, daqueles quer estão no topo. A “cultura” era associada a um “feixe de luz” capaz de “ultrapassar os telhados” das residências rurais e urbanas para atingir os
recessos sombrios do preconceito e da superstição que, como tantos vampiros
(acreditava-se), não sobreviveriam quando expostos à luz do sol” (BAUMAN,
2013, p. 12).
	“O conceito de cultura passou a ser visto como uma declaração de intenções, uma missão a ser cumprida, ela deveria moldar uma nova ordem social e, por meio da educação, forjar o “esclarecimento do povo” e construir um novo Estado-nação. Em suma, “[...] a cultura foi transformada de estimulante em tranquilizante; de arsenal de uma revolução moderna em repositório para a conservação de produtos” (BAUMAN, 2013, p. 15).
BOURDIEU: Para Bourdieu, hoje, a cultura consiste em ofertas e não em proibições; em proposições, não em normas, em semear e plantar novos desejos e necessidades, ela não está mais relacionada ao cumprimento do dever, “[...] a cultura agora está engajada em fi xar tentações e estabelecer estímulos, em atrair e seduzir, não em produzir uma regulamentação normativa” (BAUMAN, 2013, p. 18). Na sociedade de consumidores, a cultura assemelha-se a uma gigantesca loja de departamentos, sua função básica não é satisfazer as necessidades dos consumidores, mas criar outras.
	Tal como nas outras seções desse megastore, as prateleiras estão lotadas de atrações trocadas todos os dias, e os balcões são enfeitados com as últimas promoções, as quais irão desaparecer tão instantaneamente quando as novidades em processo de envelhecimento que eles anunciam. Esses produtos exibidos nas prateleiras, assim como os anúncios nos balcões, são calculados para despertar fantasias irreprimíveis, embora, por sua própria natureza, momentâneas (BAUMAN, 2013, p. 20-21).
	Na sociedade de consumidores, a cultura assemelha-se a uma gigantesca loja de
	departamentos, sua função básica não é satisfazer as necessidades dos consumidores, mas criar outras.
	“Tal como nas outras seções desse megastore, as prateleiras estão lotadas de atrações trocadas todos os dias, e os balcões são enfeitados com as últimas promoções, as quais irão desaparecer tão instantaneamente quando as novidades em processo de envelhecimento que eles anunciam. Esses produtos exibidos nas prateleiras, assim como os anúncios nos balcões, são calculados para despertar fantasias irreprimíveis, embora, por sua própria natureza, momentâneas (BAUMAN,2013, p. 20-21).
ARAÚJO; BRIDI; MOTIM: A partir dos anos 70 houve uma aceleração do processo de internacionalização da economia ou globalização, as grandes empresas dos países desenvolvidos se espalharam pelo mundo, fenômeno que pode ser caracterizado como o processo de mundialização do capital.
	Desde os anos 1980 o capital fi nanceiro, internacional e internacionalizado, tem marcado o capitalismo, em decorrência das políticas de liberalização e de desregulamentação das forças de trabalho e das fi nanças, adotadas principalmente pelos governos dos países industriais. Novos países industrializados ganham importânciacomo centros de acumulação e outros são considerados emergentes, como o Brasil, por se inserirem na lógica de mundialização do capital, neste início de milênio. É grande o contraste entre os países (ARAÚJO; BRIDI; MOTIM, 2009, p. 71)
STRAUSS; FROST: A globalização está associada à evolução tecnológica, o acesso ao computador e internet tornou-se universal. O começo da internet está ligado ao interesse dos militares. Foi em 1962, período da Guerra Fria pelo Departamento de Defesa dos Estados Unidos em manterem a comunicação e evitar ataques dos inimigos. E, hoje, a internet é uma rede global de redes interconectadas, é como “[...] uma fonte de água para os seres humanos. Buscamos acesso fácil, barato e rápido às informações digitais e entretenimento, e ela, por sua vez, transforma indivíduos, empresas, economias e sociedades” (STRAUSS; FROST, 2012, p. 5).
ARAÚJO; BRIDI; MOTIM: O processo de globalização reforçou a crescente homogeneização das experiências culturais a partir das redes de televisão e os novos padrões de conduta e consumo.
	Com o uso de um computador e uma conexão com a rede (internet), é possível viajar a qualquer parte do planeta, realizar negócios virtuais, descobrir novidades. Tudo isso ainda é muito novo, mas já permite questionamentos: se as novelas contribuem para a alienação dos indivíduos, porque permitem uma fuga passageira da vida real, a vivência de maneira interativa num mundo imaginário e idealizado pode provocar alterações nas relações entre os homens, nas maneiras de aprender e ensinar. Qual é o alcance social e político desse fenômeno? A revolução das tecnologias da informação e da comunicação transformou-nos numa sociedade da informação – a partir da Terceira Revolução Tecnológica, com a disseminação do uso do computador, que ampliou extraordinariamente a capacidade de armazenamento e processamento de informação, estamos vivendo a era da sociedade da informação (ARAÚJO; BRIDI; MOTIM, 2009, p. 124).
	Entre as consequências sociais das transformações da informação, segundo Araújo, Bridi e Motim (2009, p. 125), esta deificação do mercado significa que o mercado tornou-se um deus e os homens foram substituídos pelas máquinas, “[...] o que era considerado essencialmente humano, a capacidade de armazenar, produzir e transmitir conhecimento”. A mídia não é neutra, ela afeta o comportamento e a consciência, produzindo manifestações culturais, artísticas e modelando a linguagem da comunicação social.
KING; NARDI; CARDOSO: O termo “rede social” começou a ser usado para designar um conjunto complexo de relações entre membros de um sistema social. Como um novo paradigma das ciências sociais ele surgiu na Sociologia e Antropologia Social, no final do século XX, as redes são compostas por pessoas e organizações, reunidas por um ou vários tipos de relações, que partilham valores e objetivos comuns.
	“As Redes Sociais Virtuais são grupos ou espaços específicos na internet, que
permitem os indivíduos partilhem dados e informações de caráter geral ou específico nas mais diversas formas (textos, arquivos, imagens fotos, vídeos, etc.). Existe também a formação de grupos por afinidade e a formação de comunidades virtuais para socialização que se conectam para possíveis discussões, debates, divulgações e apresentação de temas variados.” (KING; NARDI; CARDOSO, 2014, p. 180).
	Mudanças significativas nos comportamentos e costumes das pessoas aconteceram com a utilização dos computadores e telefones celulares, ocorrem ganhos e perdas com uso e abuso das novas tecnologias. Uma convivência abusiva pode produzir um comportamento de apego patológico ao computador ou ao telefone celular, dando origem ao termo nomofobia, para
designar o desconforto ou angústias causadas pelo medo de não conseguir acessar os meios de comunicação e ficar off -line.
	Os nomofóbios são os indivíduos que não conseguem se conectar ou fazer ligações pelo telefone celular. Sem dúvida, as novas tecnologias facilitam o nosso dia a dia, contudo é preciso ter cuidado com o uso abusivo. Os benefícios e prejuízos dessas tecnologias permanecem sendo foco de atenção de todos os profissionais que lidam com as questões da saúde e urgem novas legislações a respeito.
	“A nomofobia segue o mesmo princípio de qualquer outra fobia. O indivíduo com um transtorno ansioso como diagnóstico primário costuma desenvolver dependência patológica de uma tecnologia (computador ou telefone celular) como forma de minimizar as suas difi culdades. Esses dispositivos costumam trazer a sensação de segurança, bem-estar e confiança, e, sendo assim, reduzem o estresse. No caso da nomofobia, o indivíduo, quando se vê impossibilitado de se comunicar por algum desses veículos, ao invés da segurança e confiança que poderia adquirir, sente-se ameaçado como se estivesse em perigo, mesmo não estando. Essa interpretação equivocada do sujeito faz com que a impossibilidade de se comunicar seja considerada ameaçadora, e isso é o bastante para disparar os sintomas indesejados. Geralmente as pessoas que tendem a desenvolver nomofobia são aquelas que apresentam um perfil ansioso, dependente, inseguro e com uma predisposição característica aos transtornos de ansiedade. Indivíduos com esse perfil costumam, em função das próprias condições do seu quadro original, nunca desligar o telefone celular, seja em que local for. E, quando não é possível permanecer com o aparelho ligado, o transferem para o módulo vibrador, deixando-o sempre por perto, visível e disponível. Chegam a dormir com o telefone ligado ao lado da cama. A insegurança e a baixa autoestima contribuem para que se sintam rejeitados quando não recebem ligações ou quando verifi cam que seus amigos recebem mais ligações do que eles. (KING;NARDI; CARDOSO, 2014, p. 8).
PREVIDELLI; MEURER: O processo de globalização dos mercados tem contribuído para intensificar as mudanças no setor microempresarial, provocado muitas alterações nas políticas econômicas, diminuição das barreiras comerciais e acelerado os processos de fusões e de aquisições de empresas.
	“[...] a globalização dos mercados, que estreitou as relações entre empresas e contribuiu para aumentar a concorrência em nível internacional, [...] e o desenvolvimento da Tecnologia da Informação (TI), que alterou as relações de mercado, promoveu modifi cações no processo produtivo e colocou a informação como essencial na elaboração de políticas gerenciais e mercadológicas para as empresas.” (PREVIDELLI; MEURER, 2005, p. 30).”
	Os consumidores estão cada vez mais exigentes e se interessam mais do que apenas no preço dos produtos, fazendo perguntas sobre as práticas corporativas, o que existe por trás dos produtos e das marcas que consomem. Devido a essa mudança de comportamento dos consumidores, muitas corporações se preocupam com estas questões e procuram fazer a coisa certa. Nos anos 70, a responsabilidade social era considerada algo secundário e marginal e, hoje, a cidadania corporativa tem permeado as salas de conselhos e os chãos de fábricas.
MCINTOSH: O interesse na cidadania corporativa e na responsabilidade social está crescendo, considerando que as piores falhas noticiadas nos últimos anos envolveram estas questões de cidadania corporativa, bem como os desastres ambientais e os escândalos de corrupções, obrigando as empresas e o Estado a mudarem suas práticas e transformando-se em organizações que aprendem. Não se aceita que estas empresas e o Estado não tenham uma política e senso de responsabilidade social para lidarem com as situações e tragédias enfrentadas nos dias atuais.
	O interesse na cidadania corporativa e na responsabilidade social está crescendo, considerando que as piores falhas noticiadas nos últimos anos envolveram estas questões de cidadania corporativa, bem como os desastres ambientais e os escândalos de corrupções, obrigando as empresas e o Estado a mudarem suas práticas e transformando-se em organizações que aprendem. Não se aceita que estas empresas e o Estado não tenham uma política e senso de responsabilidadesocial para lidarem com as situações e tragédias enfrentadas nos dias atuais.
	Como parte do resultado da globalização dos mercados, em muitos países existe uma lista de tarefas a ser cumprida, entre elas, a de promover a desregulamentação e privatização contínua, profunda e aparentemente irreversível. Excluindo, assim, os governos da responsabilidade de serviços essenciais na área da educação, saúde e assistência social, entre outras, transferindo ou terceirizando para a sociedade civil e o setor produtivo essas obrigações
BAUMAN: Para Bauman (2008, p. 22) quando estamos em uma sociedade de consumidores, “[…] tornar-se uma mercadoria desejável e desejada é a matéria de que são feitos os sonhos e os contos de fada”. Ter fama é a meta a ser atingida, ou seja, na era da informação a invisibilidade, para muitos, equivale à morte, ser notado pelos outros é essencial para manter a autoestima e sobreviver.
	“O mercado de trabalho é um dos muitos mercados de produtos em que se inscrevem as vidas dos indivíduos; o preço de mercado da mão de obra é apenas um dos muitos que precisam ser acompanhados, observados e calculados nas atividades da vida individual. Mas em todos os mercados valem as mesmas
regras. Primeira: o destino final de toda mercadoria colocada à venda é ser consumida por compradores. Segunda: os compradores desejarão obter mercadorias para consumo se, e apenas se, consumi-las for algo que prometa
satisfazer seus desejos. Terceira: o preço que o potencial consumidor em busca de satisfação está preparado para pagar pelas mercadorias em oferta dependerá da credibilidade dessa promessa e da intensidade desses desejos.” (BAUMAN, 2008, p. 18).
	ZYGMUNT BAUMAN E A MODERNIDADE LÍQUIDA
	Para Bauman, o consumismo é uma economia do logro, do excesso e do lixo, o caminho da loja à lata de lixo deve ser curto e a passagem, muito rápida. O que significa que todos os seres humanos são consumidores e entre as preocupações humanas a política da vida pode ser caracterizada por uma constante “síndrome consumista”. A sociedade de consumo consegue tornar permanente a insatisfação, ou seja, toda promessa deve ser enganosa, “[...] sem a repetida frustação dos desejos, a demanda pelo consumo se esvaziaria rapidamente, e a economia voltada para o consumidor perderia o gás” (BAUMAN, 2009, p. 107).
	[...] em linguagem simples, é que os líquidos, diferentemente dos sólidos, não
	mantêm sua forma com facilidade. Os 	fluidos, por assim dizer, não fixam o
	espaço nem prendem o tempo. Enquanto 	os sólidos têm dimensões espaciais
	claras, mas neutralizam o impacto e, 	portanto, diminuem a significação do
	tempo (resistem efetivamente a seu fluxo 	ou o tornam irrelevante), os fluidos não
	se atêm muito a qualquer forma e estão 	constantemente prontos (e propensos) a
	mudá-la; assim, para eles, o que conta é 	o tempo, mais do que o espaço que lhes
	toca ocupar; espaço que, afinal, 	preenchem apenas “por um momento”. 	Em certo sentido, os sólidos suprimem o 	tempo; para os líquidos, ao contrário, o 	tempo é o que importa. Ao descrever os 	sólidos, podemos ignorar inteiramente o 	tempo; ao descrever os fluidos, deixar o 	tempo de fora seria um grave erro. 	Descrições de líquidos são fotos 	instantâneas, que precisam ser datadas 	(BAUMAN, 2001,p. 8).
	De acordo com Bauman, a sociedade está em um ritmo que não se permite viver de forma estática. Fixar conceitos e rotinas, não estando passiveis as mudanças, prejudica os indivíduos. Estar presente neste meio social é viver sem garantias, em constantes incertezas, reiniciar a todo o momento é uma forma de manter-se vivo nos dias de hoje.
	Bauman, em suas pesquisas, não vê com bons olhos essas incertezas, em que os sujeitos, para sobreviverem e pertencerem dentro do sistema globalizado tem que estar constantemente passíveis às mudanças. Isso faz com que uma pequena parcela da população consiga acompanhar. Quanto mais rápido você mudar suas ideias e comportamentos e eles estiverem aptos às mudanças do mercado, maior a sobrevivência, já que a “[...] velocidade e não duração, é o que importa. Com a velocidade certa, pode-se consumir toda a eternidade do presente contínuo da vida terrena”. (BAUMAN, 2009, p.15).
	Em suma: a vida líquida é uma vida precária, vivida em condições de incerteza constante. As preocupações mais intensas e obstinadas que assombram esse tipo de vida são os temores de ser pego tirando uma soneca, não conseguir acompanhar a rapidez dos eventos, ficar para trás, deixar passar as datas de vencimento, ficar sobrecarregado de bens agora indesejáveis, perder o momento que pede mudança e mudar de rumo antes de tomar um caminho sem volta. A vida líquida é uma sucessão de reinícios, e precisamente por isso é que os finais rápidos e indolores, sem os quais reiniciar seria inimaginável, tendem a ser os momentos mais desafiadores e as dores de cabeça mais inquietantes. Entre
as artes da vida líquido-moderna e as habilidades necessárias para praticá-las, livrar-se das coisas tem prioridade sobre adquiri-las (BAUMAN, 2009, p. 8).
INDICAÇÃO: “A FLUIDEZ DO ‘MUNDO LÍQUIDO’ DO ZYGMUNT BAUMAN”.
	Bauman reflete sobre vários temas, entre eles as relações humanas. Ele acredita que os laços de uma sociedade se dão em rede, não mais em comunidade. Dessa forma, os relacionamentos passam a ser chamados de conexões, que podem ser
feitas, desfeitas e refeitas.
	Zygmunt Bauman nasceu na Polônia, (1925-2017) sociólogo, filósofo e escritor. Sofreu a perseguição nazista e sua familia foi obrigada a emigrar para a União Soviética, em 1939, depois que a Polônia foi invadida pelo exército de Hitler. Tornou-se vítima dos expurgos antisemitas. Em 1968 ele emigrou para Grã-Bretanha, onde foi professor das universidades de Varsóvia e Leeds. Dono de uma vasta obra sobre as transformações socioculturais em nosso tempo, dedicava- se a diagnosticar os males da sociedade, mostrando a enfermidade das relações sociais e das coisas. Entre os livros mais lidos no mundo: Modernidade Líquida, Amor Líquido, Vida Líquida e Capitalismo Parasitário.
	O “derretimento dos sólidos” signifi ca eliminar as obrigações irrelevantes que impediam libertar a empresa de negócios dos grilhões dos deveres para com a família, com o lar e das obrigações éticas, deixar apenas o “nexo dinheiro”.
	“O derretimento dos sólidos levou à progressiva libertação da economia de seus tradicionais embaraços políticos, éticos e culturais. Sedimentou uma nova ordem, definida principalmente em termos economicos. Essa nova ordem deveria ser mais “sólida” que as ordens que substituía, porque, diferentemente delas, era imune a desafios por qualquer ação que não fosse econômica. A maioria das alavancas políticas ou morais capazes de mudar ou reformar a nova ordem foram quebradas ou feitas curtas ou fracas demais, ou de alguma outra forma inadequadas para a tarefa (BAUMAN, 2001, p. 10-11).
	Por fim, devemos levar em consideração que Zygmunt Bauman tem por prerrogativa apresentar como a sociedade “pós-moderna” está sempre em construção e em busca de algo que, tudo indica, nunca iremos alcançar. Trazer o autor para a Introdução das Ciências Sociais e comprovar que as mudanças aconteceram, acontecem e acontecerão. Os grupos sociais estão agindo e se comportando de várias formas e por todo o mundo, com o rompimento dos limites territoriais que a globalização nos trouxe, as mudanças continuarão acontecendo com mais frequência, possibilitando, assim, o fim do enraizamento das relações sociais.
	Viver em sociedade, trabalhar e estudar é viver sempre estressado. Miyamoto (1999) definem o estresse como um conjunto de reações e modificações do organismo de caráter adaptativo químico e fisiológico, com objetivo de manter a homeostase. Quando os estímulos estressantes, internos e externos, ultrapassarem os limites de adaptação e defesa do organismo, torna-se suscetível a danos na saúde física e psicológica. Referindo-se ainda à denominação do termo estresse, o autor Andrews (2003) traz a definição do nome estresse vindotransportado da física, utilizado para denominar a movimentação de uma mola ao ser pressionada e esticada. Associando às mudanças aceleradas no mundo do trabalho e aos grandes avanços na automação e na informática. Isso não diminuiu o “estado de estresse” na vida do trabalhador, ele trabalha cada vez mais, fi cando mais estressado, pressionado a esticar e aproveitar melhor o tempo, tal qual uma mola.
	FRANÇA; RODRIGUES: [...] estar estressado é um estado do organismo, após o esforço de adaptação, que pode produzir deformações na capacidade de resposta atingindo o comportamento mental e afetivo, o estado físico e o relacionamento com as pessoas (FRANÇA; RODRIGUES, 2005, p. 30)
	França e Rodrigues (2005) citam que a todo momento estamos em movimentos de adaptação, uma tentativa de ajustamento diante das diversas exigências impostas por este mundo de ideias, estamos vivendo em um ambiente vasto de sentimentos, desejos, expectativas, imagens, exigências internas e externas, e que cada atividade ocupacional acaba por tornar um agente estressor, pois o indivíduo tem prazos a cumprir, resultados a serem apresentados, estando em meio à adaptação para tantas reações.
REFLEXÃO: SOCIOLOGIA DOS SENTIDOS
Georg Simmel (1858-1918), sociólogo alemão, defendia que o confl ito era algo benéfico para todos, porque era um momento de desenvolvimento e tomada de consciência individual. Teria, assim, uma função positiva para a sociedade, principalmente à medida da superação das divergências por meio dos acordos e diálogos. Contudo Simmel também observou que o olhar que dirijo inadvertidamente a outra pessoa revela meu próprio eu. O olhar que dirijo na esperança de obter um lampejo de seu estado mental e/ou de seu coração tende a ser expressivo, e as emoções mais íntimas mostradas dessa maneira não podem ser refreadas ou camufladas com facilidade– a menos que eu seja um ator profissional bastante treinado.
Faz sentido, portanto, imitar o suposto hábito do avestruz de enterrar a cabeça na areia e desviar ou baixar os olhos. Não olhando o outro nos olhos, torno meu eu interior (para ser mais exato, meus pensamentos e emoções mais íntimos) invisível, inescrutável... Agora, na era dos desktops, laptops, dispositivos eletrônicos e celulares que cabem na palma da mão, a maioria de nós tem uma quantidade mais que sufi ciente de areia para enterrar a cabeça (BAUMAN, 2008, p. 27).
	Ao longo da história a cidadania foi sendo ampliada e estimulada pela própria luta por direitos e pelo exercício dos direitos já conquistados. Na atualidade, o conceito de cidadania se traduz na expressão de “ter direito a ter direitos”. Que, na interpretação clássica de Marshall (1967), poderiam ser representados como os direitos civis e políticos ou considerados direitos de primeira geração, conquistados no século XVIII, que se referem ao direito à vida, à liberdade, igualdade, propriedade, a participação política e o direito ao voto, entre outros.
	Os direitos sociais e econômicos ou direitos de segunda geração conquistados nas lutas do movimento operário e sindical, como o direito ao trabalho, à educação, à saúde, à aposentadoria e ao seguro desemprego. E os direitos considerados de terceira geração, voltados não ao direito do indivíduo, mas de forma ampla, direcionado às coletividades étnicas e à própria humanidade.
MARSHALL: destaca que a cidadania exige um elo de natureza diferente do parentesco ou descendência, requer um sentimento direto de participação numa comunidade baseada na lealdade a uma determinada civilização. Assim, a cidadania na sua proposta mais funda afi rma que todos os homens são iguais perante a lei, sem discriminação de raça, credo ou cor. Devem ter o domínio sobre seu corpo e sua vida, o direito à educação, à saúde, à habitação, ao lazer. Enfim, o direito de ter uma vida digna como ser humano.
REFLEXÃO: 
O que podemos fazer para os direitos humanos e políticas públicas serem efetivados?
INDICAÇÃO: CAPITALISMO UMA HISTÓRIA DE AMOR
O polêmico documentarista norte-americano, Michel Moore, investiga o sistema financeiro, banqueiros, corretores e as práticas parasitárias dos especuladores que levaram os EUA a maior crise econômica desde o Crack de 1929, o colapso do sistema financeiro em 2008. Para
entender as origens do colapso da economia, o diretor conversa com pais de família afundados em hipotecas, questiona os congressistas, persegue executivos das grandes corporações em Wall Street e, com seu estilo rocambolesco e o humor cáustico de sempre, até tenta dar voz de prisão aos diretores da empresa de seguros AIG, a primeira gigante a cair em 2008.

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