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formação sociocultural e etica II

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FSCE 54/2020 
 
FORMAÇÃO SOCIOCULTURAL E ÉTICA II 
 
 
 
 
 
 
Organizadores 
Adriana Pacheco do Amaral Mello 
Jessica Akemi Kawano Ribeiro 
Márcio Ricardo Dias Marosti 
Marta Ferreira Gomes de Lima 
 
 
 
 
 
 
 
Coordenação 
Fabiane Carniel 
 
 
 
 
APRESENTAÇÃO 
 
 
Quando recorremos ao significado da palavra experimentar, chegamos à ideia 
de “submeter à experiência; ensaiar, testar”. Pois bem, é isso que propomos a 
você, que a partir da leitura dos textos selecionados seja possível uma 
experiência de imersão nessa leitura permitindo conhecer mais sobre cada um 
desses temas e ainda como eles circulam em nossa sociedade. 
Assim, uma leitura crítica na qual você se permita interagir com o texto, 
considerar seu autor e sua fonte, que possa relacionar com outras leituras e 
outras linguagens será fundamental nesse processo. 
Diante disso, apresentamos os textos selecionados e desejamos uma boa 
leitura! 
 
 
Equipe e Formação Sociocultural e Ética. 
 
 
PILAR INTELECTUAL 
 
 
Política, Economia e Meio Ambiente 
 
 
TEXTOS SELECIONADOS 
 
 
 
FILOSOFIA POLÍTICA 
 
Mateus Bunde 
 
A filosofia política é tida como uma vertente filosófica, em que sua função 
abrange estudar questões que norteiam a convivência entre humanos e grupos 
de seres. 
O estudo fundamenta, na prática, questões que envolvam Estado, governo, 
iniciativa privada, justiça, liberdade, pluralismo, e, claro, a política. 
É o ponto que converge a ética com os integrantes da sociedade, em que dita 
as melhores formas de se agir no meio social. A filosofia política abrange, 
dessa maneira, o direito à liberdade, à propriedade, à defesa pessoal e à vida. 
 
 
(Imagem: Reprodução) 
A filosofia política tem por objetivo principal buscar respostas que sejam 
complementares às perguntas como: 
• O que é governo? 
• Por que o Estado é necessário? 
• É possível haver legitimidade no governo? 
• O governo deve assegurar direitos? Como? 
• Quando um governo pode/deve ser deposto? 
 
Principais pensadores da filosofia política 
 
Aristóteles e Maquiavel foram os primeiros a aderir ao “pensar político” dentro 
da filosofia. Posteriormente, os iluministas também assumiram tal alcunha 
como filósofos políticos. 
 
Aristóteles 
 
Aristóteles teve como uma de suas obras mais respeitadas no campo da 
filosofia política o trabalho de nome homônimo: Política. Além de “A República”, 
de seu mestre Platão. 
Para Aristóteles, a natureza da humanidade era a justificativa para o homem 
residir em sociedade (grupos/tribos). Esta seria, para ele, uma das principais 
características dos seres humanos enquanto pensamento como seres. 
Ou seja, o pensamento humano só seria possível de ser perpetuado, se em 
sociedade capaz de evoluir em conjunto. Só assim, para o filósofo grego, o 
homem se tornaria homem. 
Em sua obra “Política”, o filósofo ainda aponta e atesta: “O ser humano é um 
animal político”. Durante a Idade das Trevas, a Igreja Católica se apossou de 
Aristóteles, tornando-o um homem mais voltado ao cristianismo. 
A corrente ordenada por Santo Agostinho e São Tomás de Aquino extraiu o 
pensar político de Aristóteles. Evocava-se, assim, um conceito de política 
aristotélica muito mais voltada ao poder hierárquico do que propriamente da 
política social. 
 
 
Maquiavel 
 
Maquiavel decide por romper a compreensão do europeu quanto a filosofia 
política. Nas suas obras “O Príncipe” e “Os Discursos”, o filosofo político e 
pessimista reflete sobre o bem e o mal. 
Para Maquiavel, os antagonismos são apenas métodos de chegar a um fim. 
Dessa forma, ele desvincula ética, moral e atributos cristãos da política. 
O estudo da política, segundo o filósofo francês, necessitava isolamento. Era 
algo mais inerte ao humano e não dependeria de proposições criadas por 
mortais. 
 
Os iluministas 
 
O ponto alto da filosofia política na Europa. Voltaire, Rousseau e Locke foram 
os que propuseram uma continuação dos estudos maquiavélicos e 
aristotélicos. 
Denominada como era de ouro da filosofia política, o iluminismo vinha com a 
proposta de ser a luz na escuridão política do período. 
 
 
 
BUNDE, Mateus. Filosofia Política. Todo Estudo. Disponível em: 
http://www.todoestudo.com.br/historia/filosofia-politica. Acesso em: 14 set. 
2020. (adaptado) 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.todoestudo.com.br/historia/filosofia-politica
A COVID-19 E A TEORIA ECONÔMICA: SENTINDO NA 
PELE A DRAMÁTICA DIFERENÇA ENTRE RISCO E 
INCERTEZA 
 
Maurício Bugarin 
 
Até o dia 8 de maio de 2020, a pandemia causada pelo novo coronavírus havia 
causado a morte de 9.899 pessoas em todo o território nacional, enquanto 
139.900 cidadãos se tornaram vítimas fatais de doenças cardiovasculares no 
país. Comparando-se esses valores poder-se-ia estranhar a grande 
preocupação originada pela pandemia do covid-19. O que torna essa epidemia 
tão diferente dos desafios de saúde que os brasileiros enfrentam há anos e 
dominam as causas de mortalidade? 
O efeito da nova pandemia sobre a sociedade nos oferece a oportunidade de 
ilustrar dois conceitos fundamentais da Teoria Econômica: risco e incerteza. 
Ambos conceitos estão associados ao fato de vivermos em um mundo “não 
determinístico” em que não temos informação completa sobre os fenômenos 
que nos cercam, mas diferem quanto ao nível de incompletude dessa 
informação. 
Em uma situação de risco, conseguimos antecipar o que pode ocorrer e 
determinar probabilidades razoáveis sobre os possíveis acontecimentos. 
Quando nos deslocamos em nossa típica cidade brasileira, por exemplo, 
sabemos que corremos riscos. No entanto, por conhecermos a cidade, temos 
uma boa ideia de que regiões são mais perigosas, que horários são mais 
arriscados, etc. Com toda essa informação, podemos calcular com alguma 
precisão os riscos que corremos e escolher um deslocamento sem que o 
pânico nos domine. 
Em uma situação de incerteza, por outro lado, a informação é mais limitada, é 
difícil estimar as diferentes probabilidades do que pode acontecer e, em alguns 
casos, sequer conseguimos prever tudo que é passível de ocorrer. Se tivermos 
que nos deslocar em uma cidade desconhecida e perigosa em um país 
estrangeiro, estaremos em uma situação de incerteza: não sabemos que 
bairros são mais seguros, que vias são mais arriscadas, etc. Nesse caso é bem 
mais difícil decidir com segurança e não será de se estranhar que um certo 
pânico tome conta de nós... 
Uma doença que há anos acomete nosso país é a dengue. Em 2019 foram 
mais de um milhão e meio de casos em todo o país. Essa doença, no entanto, 
é relativamente bem conhecida. Sabemos diagnosticá-la e tratá-la. Ainda que 
não exista vacina, morreram menos de 800 cidadãos pela dengue em 2019. 
Trata-se de uma situação de risco, certamente, mas não é de se estranhar que 
a dengue não cause comoção social. 
Compare agora com a covid-19. Surgida em finais de 2019, parecia 
relativamente circunscrita à província chinesa de Hubei até que, de repente 
explodiram os casos mundo afora. Sobre essa nova cepa de coronavírus muito 
pouco se sabe até hoje, nem mesmo se uma pessoa pode ser reinfectada. 
Trata-se de uma claríssima situação de incerteza em que não conseguimos 
estimar as probabilidades associadas à pandemia. Que órgãos de nosso corpo, 
além do pulmão, o vírus atinge? Que remédios poderiam ser usados? Qual é a 
verdadeira taxa de fatalidade da doença? Confrontados com essa situação de 
grande incerteza, entende-se a dificuldade que temos em tomar decisões bem 
pensadas. 
Com o surgimento da covid-19 sentimos na pele a dramática diferença entre 
risco e incerteza. Fica então a esperança de que rapidamente acumulemos 
informações suficientes para passarmos de um ambiente de incerteza para um 
de risco. Até lá, resta-nos manter o isolamento social, uma vez que uma das 
poucas certezas que temos é que esse vírus tem altíssima transmissibilidademesmo antes dos sintomas se manifestarem. 
 
 
 
BUGARIN, Maurício. A covid-19 e a Teoria Econômica: sentindo na pele a 
dramática diferença entre risco e incerteza. UnB Notícias. Disponível em: 
http://noticias.unb.br/artigos-main/4209-a-covid-19-e-a-teoria-economica-
sentindo-na-pele-a-dramatica-diferenca-entre-risco-e-incerteza. Acesso em: 16 
set. 2020. 
 
 
 
http://noticias.unb.br/artigos-main/4209-a-covid-19-e-a-teoria-economica-sentindo-na-pele-a-dramatica-diferenca-entre-risco-e-incerteza
http://noticias.unb.br/artigos-main/4209-a-covid-19-e-a-teoria-economica-sentindo-na-pele-a-dramatica-diferenca-entre-risco-e-incerteza
POR QUE PANTANAL VIVE 'MAIOR TRAGÉDIA 
AMBIENTAL' EM DÉCADAS 
 
Vinícius Lemos 
 
O Pantanal passa pela sua fase mais crítica das últimas décadas. O bioma 
enfrenta uma de suas maiores secas da história recente, sofre com o 
desmatamento e tem o pior período de queimadas desde o fim dos anos 90. 
A atual situação do Pantanal, maior área úmida continental do planeta, 
preocupa ambientalistas. 
Nos primeiros sete meses deste ano, o principal rio do Pantanal atingiu o 
menor nível em quase cinco décadas. A chuva foi escassa. O desmatamento 
cresceu. Os incêndios aumentaram. E a fiscalização por parte do poder 
público, segundo entidades que atuam na preservação da área, diminuiu. 
Dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) apontam que os 
primeiros sete meses de 2020 foram os que registraram mais queimadas em 
comparativo ao mesmo período de anos anteriores, ao menos desde o fim do 
anos 90 — período em que o Inpe desenvolveu a plataforma que se tornou 
referência para monitorar focos de calor no Brasil. 
O mês passado, por exemplo, foi o julho em que o Pantanal mais pegou fogo 
nos últimos 22 anos. Conforme o Inpe, foram registrados 1.684 focos de 
queimadas. No mesmo mês, no ano passado, foram 494 focos. O recorde de 
queimadas em julho, até então, havia sido em 2005, com 1259 registros. 
Pesquisadores apontam que a situação no bioma, localizado na Bacia 
Hidrográfica do Alto Paraguai (BAP), deve permanecer difícil pelos próximos 
meses. 
Em julho, algumas cidades de Mato Grosso do Sul e de Mato Grosso, Estados 
que abrigam o Pantanal, sentiram as consequências de um dos períodos 
ambientais mais difíceis do bioma. Essas regiões chegaram a ficar encobertas 
por fumaças vindas dos incêndios no Pantanal. A situação piora os problemas 
respiratórios de moradores da região e se torna ainda mais perigosa no atual 
contexto da pandemia de coronavírus, principalmente para as pessoas que 
integram o grupo de risco, como idosos e pacientes com doenças pré-
existentes. 
Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil consideram que não há dúvidas: o 
Pantanal vive atualmente a sua maior tragédia ambiental das últimas décadas. 
"Esse cenário de redução de chuvas no primeiro semestre do ano, o menor 
nível do rio (em período recente) e, principalmente, os incêndios de grandes 
proporções indicam isso", diz o engenheiro florestal Vinícius Silgueiro, 
coordenador de inteligência territorial do Instituto Centro de Vida (ICV). 
"E o receio é que isso seja um 'novo normal', como consequência das 
mudanças acumuladas causadas pelo homem, que alteram o ciclo de chuvas, 
seca e das inundações naturais do Pantanal", acrescenta o geógrafo Marcos 
Rosa, coordenador técnico do MapBiomas, iniciativa que monitora a situação 
dos biomas brasileiros. 
 
 
 
 
LEMOS, Vinícius. Por que Pantanal vive 'maior tragédia ambiental' em 
décadas. BBC News Brasil. Disponível em: 
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-53662968. Acesso em: 16 set. 2020. 
(adaptado) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.bbc.com/portuguese/brasil-53662968
PILAR PROFISSIONAL 
 
 
Ciência e Tecnologia 
 
 
TEXTOS SELECIONADOS 
 
 
 
JANE GOODALL: “COM DESTRUIÇÃO DA NATUREZA, 
NOVAS DOENÇAS PODEM SURGIR” 
 
A lendária primatóloga, em atuação há seis décadas, diz que a pandemia é 
resultado do desrespeito ao meio ambiente e pede aos jovens que lutem pelo 
planeta. 
 
Jennifer Ann Thomas 
 
 
Jane Goodall - Ibl/Shutterstock 
Em julho de 1960, a primatóloga e ambientalista britânica Jane Goodall 
desembarcava pela primeira vez no Parque Nacional de Gombe, na Tanzânia. 
Desde a primeira incursão na selva, Jane mergulhou a fundo no 
comportamento dos chimpanzés, tornando-se nos últimos 60 anos a principal 
referência mundial no estudo desses animais. Suas descobertas não apenas 
jogaram luz nas complexas relações sociais estabelecidas pelos macacos 
como ensinaram ao mundo que há menos diferenças entre homens e 
chimpanzés do que se imaginava. Jane publicou mais de 300 artigos sobre 
primatas, estrelou diversos documentários (um deles disponível na Netflix) e 
passou a ser uma das relevantes ativistas na defesa do meio ambiente. Aos 86 
anos ela está passando a quarentena em Bournemouth, cidade onde cresceu 
na Inglaterra. Jane falou a VEJA de sua casa, ao lado de porta-retratos com 
fotos da família, do cachorro e dos inesquecíveis amigos chimpanzés. 
 
Após seis décadas de dedicação à natureza, como a senhora avalia a 
preservação ambiental hoje em dia? 
Gradualmente, a situação do meio ambiente ficou cada vez pior. O 
desaparecimento de animais resultou na sexta grande extinção (como a ciência 
se refere ao período atual, marcado pela aniquilação biológica de inúmeras 
espécies) e as mudanças climáticas causaram danos em várias partes do 
mundo, inclusive no Brasil, devido à destruição da Amazônia. A tragédia se 
traduz na pandemia que trouxemos para nós mesmos marcada pelo 
desrespeito à natureza e aos animais. 
 
Por que a senhora diz isso? 
Enquanto destruímos o mundo natural, nos aproximamos dos animais e novas 
doenças podem surgir. As espécies perdem o seu habitat e fica mais fácil para 
um vírus ou uma bactéria infectar um humano. Na África, os mercados de 
carne de chimpanzés levaram a epidemia de AIDS. A Síndrome Respiratória do 
Oriente Médio – MERS, começou quando um patógeno passou de um camelo 
para um humano, no Oriente Médio. Todo o ambiente pode estar contaminado 
com urina e fezes, e, assim, começa uma nova epidemia. Cientistas preveem 
esse tipo de comportamento há anos. 
 
O que a senhora pensa a respeito da política ambiental brasileira? 
Líderes como o presidente Jair Bolsonaro estão cometendo crimes contra as 
gerações futuras. Seja Bolsonaro ou qualquer outro presidente, eles estão 
colocando o desenvolvimento econômico à frente do meio ambiente, o que é 
um grande equívoco. É política de curto prazo e os poderosos querem ganhos 
pessoais e lucro para as empresas. A estratégia é uma contradição por si só. 
Não há como ter desenvolvimento econômico global ilimitado em um planeta 
com recursos limitados. Em vários lugares, já estamos usando esses recursos 
de forma mais rápida do que a natureza consegue recuperar. Há mais de 7 
bilhões de pessoas no planeta. Teremos 9,7 bilhões em 2050. Temos que 
pensar em uma nova economia verde e uma forma diferente de interagir com o 
mundo natural, do qual somos dependentes. 
 
Qual é a sua avaliação sobre as ações de Bolsonaro? 
Desde que Bolsonaro assumiu, o impacto no meio ambiente foi extremamente 
negativo. Não há dúvidas quanto a isso. Neste sentido, há dois aspectos a se 
levar em consideração. O primeiro é o que ele está fazendo com as florestas e, 
consequentemente, com o clima global. O segundo é que a floresta está sendo 
transformada em pasto. Como o mundo está comendo mais carne, há mais 
indústrias. Esses animais precisam ser alimentados. Áreas enormes de habitat 
foram destruídas para produzir ração. Bilhões de animais que vivem de forma 
torturante produzem gás metano, altamente poluente. O manejo e a forma de 
criar os animais são ruins e causam impactos negativos no ambiente. 
 
Há negacionismo sobre a pandemia e as mudanças climáticas. Como 
conversar com essas pessoas? 
Há duas opções para aquelesque dizem não acreditar nas mudanças 
climáticas: são 100% estúpidas ou falam que não acreditam por causa de seus 
interesses econômicos. É um ou outro. Só algumas pessoas são realmente 
desinformadas e não acreditam nos efeitos do clima. A maioria sabe que é real 
e defende que as alterações não têm a ver com as ações humanas. No 
entanto, quando quero fazer alguém mudar de ideia, sempre digo para alcançar 
a pessoa pelo coração. Com os líderes que temos por aí, não sei se eles têm 
coração. Como alcança-los nesse lugar se ele não existe? 
É uma questão de se investir mais em ciência? 
Em muitos países há mais dinheiro entrando em pesquisa científica, como nos 
Estados Unidos. Fiquei totalmente chocada quando, meses atrás, a equipe de 
conselheiros de Donald Trump explicou o impacto econômico das mudanças 
climáticas na Flórida. Trump olhou para o cientista e disse: não acredito em 
você. O que fazer? Está além da minha compreensão. Temos que trabalhar 
com o público em geral e espero que a pandemia mostre o luxo de ter ar limpo 
e um céu com estrelas. Na prática, estamos matando as nossas crianças. O 
futuro será impossível para elas no modelo em que vivemos. É terrível. 
 
Por que proteger florestas como a Amazônia? 
A floresta amazônica, junto com as florestas do Congo, são grandes órgãos 
vitais do mundo. Ambas absorvem CO2, providenciam oxigênio e são regiões 
absolutamente fantásticas para a biodiversidade, com uma variedade muito rica 
de espécies. Nós dependemos do mundo natural. E ele depende de sua 
biodiversidade. Cada espécie tem uma função. Elas podem parecer 
insignificantes, mas um pequeno animal pode ser a fonte de alimento para 
outro e o efeito em cadeia pode levar a um colapso. Se não mudarmos logo, o 
planeta que sobrará não é um local em que eu gosto de pensar. 
 
A senhora acredita que as medidas para uma recuperação econômica 
verde serão implementadas? 
Se nossa única preocupação for econômica, será o fim da vida na Terra como 
a conhecemos. Esta não é uma fala da boca para fora. O planeta não pode 
continuar sendo alvo de ataques ambientais da mesma maneira como vem 
acontecendo nos últimos anos. É uma situação desesperadora. Torço para que 
a pandemia deixe mais pessoas determinadas a proteger o futuro para as 
próximas gerações. 
 
O que precisa mudar? 
É importante entender o que fizemos de errado. Desrespeitamos a natureza. 
Cada um de nós pode ser um fator de mudança. Comer menos carne, proteger 
florestas. Tenho um programa para crianças, o Roots and Shoots. Quando 
você conversa com elas sobre suas ideias, o leque é enorme. Uma quer plantar 
árvores, a outra quer defender os povos indígenas. Isso é animador. Entre os 
jovens, há quem queira resolver todos os problemas que temos e eu já não 
consigo mais fazer isso. 
 
Qual é o objetivo desse trabalho? 
Entender que, todos os dias, cada um de nós causa um impacto no planeta. Só 
os mais pobres não têm escolha, eles fazem o que precisam para sobreviver. 
Vou deixar o mundo um pouco melhor ou não? Depende de nós. 
 
Movimentos como o da sueca Greta Thunberg podem ser decisivos? 
Sim. Eles aumentaram a consciência sobre a causa ambiental. No entanto, 
nosso projeto é escolher um objetivo, arregaçar as mangas e agir. Não é só 
sobre protestar. As crianças aprendem que precisamos romper barreiras entre 
pessoas de nações, culturas e religiões diferentes. Com a globalização, 
podemos alcançar o mundo inteiro. É o que aconteceu comigo durante a 
quarentena. Nunca estive tão exausta. 
 
A senhora defende uma dieta vegetariana? 
Cresci durante a Segunda Guerra e comíamos um pedaço de carne por 
semana. Hoje em dia as pessoas querem carne todos os dias. Mais jovem, não 
sabia que a produção em escala industrial existia. Quando li um livro sobre 
esse método, vi que havia uma espécie de campo de concentração para 
animais. Logo depois, ao ver um pedaço de carne no meu prato, percebi que 
ele simbolizava dor e morte. Decidi que não queria mais aquilo dentro de mim e 
assim mudei de dieta. Agora estou tentando ser vegana, porque aprendi 
demais sobre a crueldade com os animais. 
 
A senhora foi muito questionada sobre as suas descobertas no campo do 
comportamento animal? 
Quando estudei em Cambridge, me falaram que só os humanos tinham 
personalidade. Por sorte, cresci com um cachorro e ele me ensinou o contrário. 
Quando pensamos em frigoríficos, temos que lembrar que cada animal tem 
personalidade e sentimentos. Quando a ciência saiu da forma reducionista de 
pensar sobre os bichos, abriu-se o caminho para que esse campo pudesse ser 
estudado. Sabemos que não só os humanos, mas também porcos, vacas e 
outras espécies também são inteligentes. 
 
Como lidou com os questionamentos? 
Veja, não tínhamos a comunicação de hoje. Alguns diziam: “por que acreditar 
na Jane, ela é apenas uma garota”. Não me importei. Eu sabia que tudo o que 
eu escrevia e era totalmente preciso. Deixei que eles falassem. O objetivo era 
aprender mais sobre chimpanzés e escrever livros. Meu mentor ameaçou me 
expulsar de Cambridge, porque cientistas não escreviam livros populares. Por 
sorte, minha pesquisa era nobre, única, e a universidade queria o meu estudo. 
Hoje em dia, o objetivo de todos os cientistas é escrever um livro popular para 
ganhar dinheiro. 
 
A senhora foi julgada por ser mulher? 
Quando fui a campo, tive o apoio incondicional da National Geographic. 
Naquela época, me falaram: “Jane só está ganhando dinheiro porque ela está 
na capa da revista e isso só aconteceu porque ela tem belas penas”. Eu 
pensei: “Bem, se minhas penas ajudaram, obrigada, pernas.” O documentário 
comprova, eram ótimas pernas. As atitudes naquele tempo eram 
completamente diferentes. Agora sabemos de situações horríveis de homens 
abusadores. É realmente trágico e inaceitável. 
 
Como tem sido a sua quarentena? 
Viajar 300 dias por ano é moleza perto do que vivemos agora. Nunca em minha 
vida estive tão ocupada. Todos os dias tenho uma sequência de compromissos 
virtuais. Acho que alcancei mais gente em diferentes países nos últimos quatro 
meses do que nos últimos quatro anos. Estou acostumada com o auditório e a 
plateia. Agora eu fico olhando para a câmera do computador e me tornei capaz 
de lidar com isso. 
 
THOMAS, Jennifer Ann. Jane Goodall - Com destruição da natureza, novas 
doenças podem surgir. Disponível em: http://veja.abril.com.br/ciencia/jane-
goodall-com-destruicao-da-natureza-novas-doencas-podem-surgir/. Acesso 
em: 14. set. 2020. (adaptado) 
http://veja.abril.com.br/ciencia/jane-goodall-com-destruicao-da-natureza-novas-doencas-podem-surgir/
http://veja.abril.com.br/ciencia/jane-goodall-com-destruicao-da-natureza-novas-doencas-podem-surgir/
FUTURO: O PAPEL DA CIÊNCIA, TECNOLOGIA E 
INOVAÇÃO 
 
As projeções mundiais de aumento do consumo de água (+50%), energia 
(+40%) e alimentos (+35%) até 2030 são reflexos principalmente das 
tendências de expansão populacional, maior longevidade e aumento do poder 
aquisitivo de grande parte da população mundial, particularmente na Ásia, 
África e América Latina. Esses aspectos, associados ao processo de intensa 
urbanização, alterações no comportamento dos consumidores, às mudanças 
nas cadeias produtivas globais e aos conflitos geopolíticos, pressionam o setor 
agrícola no mundo inteiro para que concilie o aumento da produção de 
alimentos, fibras e bicombustíveis com a necessária sustentabilidade. 
Internacionalmente, agendas inclusivas e integradas têm demandado das 
organizações de Ciência, Tecnologia e Inovação - CT&I, novos 
comprometimentos diante do desenvolvimento sustentável. Destaque pode ser 
dado aos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável - ODS, coordenados 
pelas Nações Unidas. São 17 objetivos e 169 metas a serem atingidos até 
2030, com ações mundiais nas áreas de erradicação da pobreza, segurança 
alimentar, agricultura, saúde, educação, igualdade de gênero,redução das 
desigualdades, energia, água e saneamento, padrões sustentáveis de 
produção e de consumo, mudança do clima, cidades sustentáveis, proteção e 
uso sustentável dos oceanos e dos ecossistemas terrestres, crescimento 
econômico inclusivo, infraestrutura, industrialização, entre outras. Agricultura e 
alimentação estão no centro dessa agenda mundial, e o Brasil está preparado 
para desempenhar papel de destaque no alcance das metas estabelecidas. 
Nesse contexto, a agricultura brasileira passa por profundas transformações 
econômicas, culturais, sociais, tecnológicas, ambientais e mercadológicas, que 
ocorrem em alta velocidade e em direções distintas, impactando de forma 
substancial o mundo rural. O conjunto mais recente de sinais e tendências 
globais e nacionais sobre essas transformações captado e analisado pela 
Embrapa e sua rede de parceiros, dando origem a um grupo de sete 
megatendências que, integradas, proporcionam uma visão sobre o futuro da 
agricultura brasileira, detalhada nos capítulos anteriores e sintetizada na figura 
abaixo: 
 
O futuro da agricultura brasileira: principais sinais e tendências em cada 
megatendência 
 
Processos como expansão e intensificação agrícolas serão ainda mais 
dinâmicos e continuarão a impulsionar a velocidade das mudanças 
socioeconômicas e espaciais na agricultura no Brasil. A conjunção desses 
processos tende a concentrar ainda mais a produção de grãos em larga escala 
no Cerrado brasileiro e com potencial expansão em novas direções para o 
Norte do País. A especialização e a intensificação das produções animal e 
vegetal serão crescentes em todas as regiões. Haverá maior contribuição 
desses sistemas para elevar a produtividade de forma sustentável, 
aumentando a oferta de alimentos, fibras e bicombustíveis no mercado interno 
e a diversidade da pauta de exportações. 
A disponibilidade de mão de obra no campo continua em queda, decorrente 
não somente da tendência de concentração da riqueza, que limita as 
oportunidades sociais, mantendo a pobreza rural como importante desafio em 
algumas regiões, mas também da busca por melhores oportunidades nas 
cidades, especialmente pela população mais jovem. A abertura de postos de 
trabalho com maior nível de qualificação continuará crescente, especialmente 
os atrelados à intensificação tecnológica. 
Ações inovadoras de governança dos processos e resultados nas cadeias 
produtivas deverão experimentar melhorias estratégicas. Estudos 
multiescalares envolvendo análises de paisagens, biomas, tanto no Brasil 
quanto no mundo, deverão se intensificar. Monitoramentos geoespaciais e 
inteligência territorial estratégica serão desafiados a integrar uma diversidade 
ainda maior de dados agrícolas com aspectos sociais, econômicos, ambientais, 
mercadológicos, de infraestrutura, de logística e armazenamento, além de 
viabilizar a realização de análises sob diferentes recortes geográficos. 
A compreensão desses processos se tornará cada vez mais relevante para o 
planejamento e a tomada de decisão, tanto na esfera pública quanto privada. 
Serão essenciais políticas públicas inovadoras e integradas (saúde, educação– 
com ênfase na formação profissional –, saneamento, crédito e assistência 
técnica), com foco na inclusão social, na redução das desigualdades e na 
erradicação da pobreza rural; bem como investimentos privados em pesquisa e 
desenvolvimento. 
A sociedade terá preocupação crescente e demandará das instituições públicas 
e de suas políticas, bem como do setor produtivo, atenção no desenvolvimento 
de sistemas de produção mais sustentáveis. O Brasil poderá fortalecer seu 
reconhecimento e protagonismo mundial na elevação da produtividade e no 
aumento da oferta de produtos agrícolas com maior equilíbrio ambiental. 
Porém, será necessário elevar ainda mais os esforços visando à 
intensificação e à sustentabilidade dos sistemas de produção agrícolas 
diante da limitação de recursos naturais, especialmente água e solo, e da 
pressão mundial pela sustentabilidade em seus três aspectos (social, 
econômico e ambiental). 
Sistemas de produção mais resilientes e sustentáveis serão incentivados e 
priorizados nas novas agendas de pesquisa de organizações públicas e 
privadas. No mundo rural, serão cada vez mais presentes os seguintes 
sistemas e processos: 
• integração lavoura-pecuária-floresta; 
• agrofloresta; 
• agricultura orgânica; 
• plantio direto; 
• fixação biológica de nitrogênio; 
• recuperação de pastagens degradadas; 
• manejo de florestas nativas e florestas plantadas; 
• otimização da irrigação; 
• controle biológico de pragas e doenças; 
• reciclagem de resíduos e produção protegida. 
A intensificação, viabilizando de dois a três cultivos por ano em um mesmo 
local, será incrementada ainda mais pela inovação tecnológica, gerando 
maiores benefícios sociais, econômicos e ambientais. A demanda crescente 
por energia impulsionará ainda mais a produção de agroenergia – 
biocombustíveis e biogás – e das energias eólica e solar no ambiente rural. Em 
substituição às fontes fósseis, essas energias renováveis estarão vinculadas à 
intensificação agrícola e deverão amplificar as oportunidades regionais de 
emprego e renda. 
As sinergias e interdependências do nexo água- energia-alimento irão elevar a 
necessidade de planejamento, implementação, monitoramento e integração de 
políticas econômicas, sociais e ambientais. Serviços ambientais providos nas 
APPs e em áreas de RL das propriedades poderão constituir um diferencial na 
competitividade brasileira diante dos mercados internacionais de produtos 
agropecuários e florestais. A multifuncionalidade do espaço rural, com a 
integração de atividades econômicas não agrícolas, como turismo rural e 
gastronomia, tende a crescer em todo o País. O desenvolvimento de métodos, 
indicadores e protocolos de certificação desses sistemas sustentáveis 
precisará ser incrementado, favorecendo a superação de possíveis dicotomias 
entre a produção agrícola e a preservação do meio ambiente. 
Apontada por inúmeros cenários, a mudança do clima indica riscos e 
possíveis impactos para a agricultura em todo o mundo nas próximas décadas. 
A contínua discussão e análise dessas mudanças produzirão novos 
compromissos nacionais e internacionais. Novas tecnologias de adaptação e 
mitigação dos efeitos da mudança do clima deverão ser desenvolvidas e 
implementadas para as diferentes realidades rurais do País. A redução das 
emissões de GEE, a diminuição das taxas de desmatamento, o aumento das 
áreas com sistemas agropecuários intensivos de baixa emissão de carbono e a 
recuperação de áreas degradadas serão fundamentais no processo de 
valoração da agricultura brasileira nas negociações mundiais. 
As tecnologias avançadas serão um ingrediente essencial para a 
sustentabilidade, porém dependentes das decisões humanas em suas formas 
de uso. Estudos sobre métricas de resiliência, ciclo de vida e balanço de 
energia de sistemas de produção animal e vegetal deverão apoiar a 
governança da política nacional de mudança do clima. Será necessário 
amplificar estudos, análises e zoneamento das potencialidades e 
vulnerabilidades ambientais e socioeconômicas nos diferentes biomas para o 
crescimento da agricultura no Brasil, com base na oferta de água e insumos. 
Questões ambientais, energéticas, sanitárias (animais e vegetais), de insumos, 
investimentos, mercado e comercialização poderão elevar ainda mais os 
riscos na agricultura na próxima década. É imprescindível o enfrentamento 
dos riscos de forma mais articulada entre os setores público e privado, 
passando por sua gestão integrada. O Brasil deverá contar com novas 
políticas, programas e mecanismos que contribuam para minimizar riscos e 
diminuir o diferencial tecnológico entre as diferentes classes de produtores 
rurais. 
Haverá uma progressiva necessidade de otimização e aperfeiçoamento do 
desempenhodos sistemas de produção, com melhor aproveitamento dos 
períodos de plantio, manejo e colheita; além da elevação da eficiência das 
operações no dia a dia da propriedade rural. Novas plataformas acessadas por 
múltiplas vias, incluindo dispositivos móveis, devem prover acesso a dados e 
informações estratégicas, projeções, cenários e comunicação diretamente para 
a sociedade, em escalas locais. Análises integradas e prospectivas deverão 
apoiar a tomada de decisão e incrementar a capacidade dos produtores de 
antecipação e de adaptação dos seus sistemas produtivos às diferentes fontes 
de riscos. 
A agregação de valor nas cadeias produtivas agrícolas será crescente, 
inclusive com perspectiva de ampliação no uso da biodiversidade nativa. A 
diversificação e a especialização permitirão atender expectativas de uma 
sociedade mais exigente, sofisticada e com consumidores propensos a pagar 
preço-prêmio, em um ambiente em que os mercados serão ainda mais 
competitivos. A rastreabilidade dos produtos que contenham informações de 
seu local de origem, insumos utilizados, colheita, abate, processamento, 
conservação, qualidade, armazenamento e transporte se tornará condição 
essencial para atendimento ao consumidor que exigirá transparência em 
relação a tais características. 
O desenvolvimento de alimentos e bebidas baseados em nichos de mercado, 
como funcionais, fortificados, reduzidos ou isentos de açúcar, sódio e gorduras 
trans, será ampliado. Além da nutrição, o alimento ganhará novos espaços, 
como seu poder de socialização, prazer sensorial e experiência cultural. 
Produtos com novas funcionalidades, comercialização diferenciada, terroir ou 
regionalidade de bebidas, queijos, embutidos, polpas, frutas e doces tendem a 
gerar cada vez mais empregos e renda no meio rural. 
O uso de recursos biológicos renováveis será amplificado na produção de 
alimentos, químicos, semioquímicos, fármacos, nutracêuticos, fibras, extratos e 
óleos essenciais, produtos industriais e energia. A domesticação e o 
aproveitamento da biodiversidade nativa deverão continuar crescentes, 
permitindo poupar recursos naturais e fortalecer os espaços rurais com 
inclusão social e econômica das populações locais. Aspectos relacionados à 
rotulagem e às certificações, como os selos de qualidade, denominação de 
origem, produto orgânico e socioambiental, tendem a expressivo crescimento 
nas próximas décadas. 
O protagonismo dos consumidores acelera movimentos globais em direção 
à intensificação do uso de plataformas digitais nas relações de consumo, à 
cocriação de produtos e serviços e à redução do desperdício de alimentos. O 
crescente nível de escolaridade da população adulta brasileira nas próximas 
décadas deverá aumentar esse protagonismo, em razão do maior acesso às 
informações por meio de novas mídias nos meios urbano e rural. Os avanços 
das mídias sociais e das plataformas de comércio eletrônico têm impulsionado 
grandes transformações no relacionamento, na interação e na comunicação 
entre produtores, comerciantes e consumidores. 
A economia digital e colaborativa incrementará ainda mais as habilidades de 
negociação e interações do consumidor nos processos comerciais. No setor 
agroalimentar, isso é evidenciado pela emergência de novos modelos de 
negócio, como a venda direta do produtor, o desenvolvimento de alimentos a 
partir de excedentes e a valorização de produtos regionais, orgânicos, 
probióticos, vitamínicos, alergênicos, bioestimulantes, bem-estar animal, 
gourmet e premium. Cada pessoa pode tornar-se um produtor e/ou um criador 
e difundir seus próprios produtos e conteúdos por meio de suas redes de 
relacionamento através das plataformas digitais. 
Cadeias produtivas serão mais valorizadas por causa da inclusão dos 
diferentes grupos sociais de produtores tradicionais e da incorporação de 
novas responsabilidades em seus negócios, tanto em termos de compliance, 
quanto pela capacidade de executar e comunicar práticas empresariais 
ambientalmente corretas e socialmente mais justas. As redes de fair trade 
tendem a maior protagonismo associado ao incremento das certificações de 
comércio justo, com o desenvolvimento de melhores condições de troca e a 
garantia dos direitos para produtores e trabalhadores. 
Concomitantemente às mudanças sociais, culturais e econômicas nacionais e 
mundiais, a agricultura passará por novas transformações baseadas na 
convergência tecnológica e de conhecimentos na agricultura. A 
convergência das geotecnologias (GPS, Vants e sistemas de informação) com 
a agricultura de precisão (robótica, automação, inteligência artificial e 
impressoras 3D) proporcionarão novos patamares de eficiência e 
sustentabilidade na produção animal e vegetal via agricultura digital. 
A interoperabilidade por meio da IoT permitirá ampliar a supervisão e a análise 
das operações nas propriedades rurais. O número de aplicativos para 
pequenos, médios e grandes produtores terá elevado desenvolvimento, 
especialmente para a gestão das áreas agrícolas, manejo de rebanhos, 
cotação de insumos, previsão de clima, identificação de doenças, uso de 
defensivos, irrigação, código florestal e comercialização. O desenvolvimento 
científico será ampliado com a utilização convergente das áreas de 
nanotecnologia, biotecnologia, tecnologia da informação e ciência cognitiva 
(NBIC). 
Abordagens e análises sistêmicas via bioinformática proporcionarão melhor 
compreensão sobre o funcionamento de sistemas agrícolas mais complexos e 
suas interações com o meio. A engenharia genética, por meio da edição 
genômica, tende a evoluir exponencialmente na busca de genes que conferem 
maior resistência e tolerância a estresses climáticos, no controle de pragas e 
doenças agrícolas e no melhoramento genético animal, bem como na 
diminuição de custos de produção e maior sustentabilidade. Rotas metabólicas 
inovadoras serão desenvolvidas visando à obtenção de novos bioprodutos, 
como cosméticos, biofármacos, bioplásticos, biofertilizantes, bioenzimas e 
biocombustíveis. Espera-se ainda um crescente desenvolvimento da citizen 
science (ciência cidadã) para melhorar a tomada de decisão de produtores 
rurais e políticas públicas. 
Nesse paradigma, os negócios convencionais se desenvolverão sob a ótica do 
mercado digital. O relacionamento com clientes e consumidores será 
fortalecido por meio dos ecossistemas empresariais, do uso intensivo da 
automação e da convergência das TIC. A inteligência cognitiva computacional 
viabilizará a criação de novos produtos e serviços digitais para a sociedade. 
 
Desafios comuns e transversais a todas as organizações dedicadas a 
CT&I agrícola 
Para superar os desafios em CT&I decorrentes das megatendências e 
aproveitar as oportunidades em uma agricultura cada vez mais complexa e um 
mercado exigente em qualidade e sustentabilidade, alguns desafios serão 
comuns e transversais a todas as organizações dedicadas a CT&I agrícola, 
destacando a necessidade de: 
• Fortalecer a articulação público-privada e público-pública, visando integrar 
investimentos e esforços estruturais diante das rupturas tecnológicas 
crescentes e ampliar o acesso à saúde, à educação e à segurança alimentar 
das comunidades rurais, a fim de minimizar as desigualdades regionais. 
• Amplificar a análise integrada das incertezas e riscos econômicos, sociais e 
ambientais em escalas regionais e sua influência global no planejamento 
estratégico da organização das diferentes cadeias produtivas agrícolas. 
• Definir estratégias de planejamento territorial visando ao uso e à ocupação 
do solo via nexo de produção alimentar e energias renováveis, conservação e 
preservação ambiental. 
• Identificar e analisar novos padrões de consumo visando atender às 
crescentes exigências do consumidor em saudabilidade, praticidade, qualidade, 
confiabilidade, sensorialidade, prazer, sustentabilidade e ética da produção e 
consumode alimentos e derivados. 
• Contribuir para políticas públicas regionalizadas visando ao maior 
dinamismo organizacional científico-industrial- institucional, apoiando arranjos 
produtivos agroindustriais e sua integração aos mercados locais. 
• Estabelecer novas conexões entre sistemas de conhecimento tradicionais e 
científicos envolvendo múltiplos atores e agentes públicos e privados para 
gerar inovações sociais e tecnológicas. 
• Aprimorar articulações para construção de redes institucionais de múltiplos 
atores – do governo, da sociedade civil organizada e do setor privado – com 
articulações intersetoriais e intergovernamentais para desenvolver tecnologias 
e práticas voltadas também à agricultura urbana e periurbana. 
• Melhorar a capacitação, tanto pública quanto privada, técnica e 
profissional, bem como o acesso a tecnologias, inovações e conhecimentos de 
gestão das propriedades agrícolas, a fim de atender às diferentes classes 
rurais e às necessidades específicas de gênero (avançando na equidade de 
gênero). 
• Fortalecer alianças estratégicas nacionais e internacionais, conjugando 
atores e ações governamentais, do setor privado e da sociedade civil 
organizada para maior acesso a informações, tecnologias, financiamentos e 
mercados. 
• Desenvolver estratégias de comunicação rural-urbana e Brasil-Mundo, 
fortalecendo a importância estratégica da produção de alimentos saudáveis e 
da agroenergia limpa, ambas ambientalmente sustentáveis. 
Ciência, tecnologia e inovação foram pilares do desenvolvimento agrícola 
brasileiro nessas últimas décadas e será com essa mesma tríade, desenvolvida 
por fortes parcerias público-privadas orientadas por políticas públicas 
consistentes e efetivas, que o protagonismo da agricultura no desenvolvimento 
econômico, social e ambiental no País e no mundo será mantido. Para tanto, o 
papel das organizações públicas e privadas de CT&I, como a Embrapa, será 
imprescindível. As seguintes questões centrais se apresentam para o futuro 
das organizações: definir seu foco de atuação, reconhecendo a necessidade de 
realizar pesquisa e inovação responsáveis, e fomentar a adoção de novos 
padrões de consumo, a diversificação da produção e melhorias na governança 
e inovação institucional. 
O Brasil alcançou seu recorde de produção de grãos na última safra, com cerca 
de 240 milhões de toneladas de grãos. Produz mais de 400 produtos de origem 
animal e vegetal, provenientes das diferentes escalas e tamanhos de unidades 
produtivas, os quais são consumidos internamente e exportados para mais de 
150 países de todos os continentes. Os efeitos dessa condição proporcionaram 
preços mais acessíveis aos consumidores, elevaram a renda, geraram novos 
empregos e impulsionaram a participação da agricultura no PIB brasileiro. Em 
2017, as exportações de produtos agropecuários alcançaram US$ 96,1 bilhões 
e responderam por 44,1% do total das exportações brasileiras. O sucesso 
competitivo e sustentável da agricultura nacional passará por sua diversidade, 
pluralidade e heterogeneidade, resultantes das relações culturais, sociais, 
econômicas e ambientais em curso e futuras. 
O conjunto das megatendências e os desafios apresentados neste estudo 
podem moldar a agricultura do futuro e seu efeito transformador para nossa 
história. A população e a renda continuam crescendo e a longevidade se 
expandindo em âmbito global, acarretando o desafio de atender à elevação do 
consumo de alimentos, fibras e energia de mais de 2 bilhões de pessoas 
adicionais no planeta até 2030. As vulnerabilidades e incertezas são 
crescentes e, nesse futuro próximo, não bastará produzir maiores volumes, 
será imperativo produzir com mais qualidade, reduzindo custos, minimizando 
riscos e conservando os recursos naturais. 
 
 
EMBRAPA – Portal Embrapa. Futuro: o papel da ciência, tecnologia e 
inovação. Disponível em: http://www.embrapa.br/visao/o-papel-da-ciencia-
tecnologia-e-inovacao. Acesso em: 14 set. 2020 (adaptado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://www.embrapa.br/visao/o-papel-da-ciencia-tecnologia-e-inovacao
http://www.embrapa.br/visao/o-papel-da-ciencia-tecnologia-e-inovacao
10 MUDANÇAS QUE A LEI GERAL DE PROTEÇÃO DE 
DADOS CAUSARÁ NA SUA VIDA 
 
Débora Ely 
 
Medida começará a valer nos próximos dias, após sanção do presidente Jair 
Bolsonaro 
 
 
Aprovada para vigência imediata pelo Senado, a Lei Geral de Proteção de 
Dados (LGPD) assegura a privacidade de informações compartilhadas pelos 
usuários e estabelece diretrizes a serem seguidas por qualquer empresa que 
armazene e colete dados pessoais – desde o histórico de buscas no Google de 
um indivíduo até sua digital registrada na portaria do condomínio, por exemplo. 
Na véspera da análise pelos senadores, a Câmara dos Deputados havia 
decidido pelo adiamento do início da validade para 2021, atendendo a uma 
Medida Provisória (MP) de Jair Bolsonaro. Agora, com a reviravolta sobre o 
prazo imposta pelo Senado, o teor da norma, que foi aprovada em 2018, 
começará a valer a partir da sanção presidencial. 
Para especialistas em privacidade digital, o Brasil chega atrasado em um 
movimento mundial de proteção de dados. De acordo com a Conferência das 
Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento, 66% dos países possuem 
regras específicas sobre o tema. 
– Até a edição desta lei, as empresas eram, de certa forma, proprietárias dos 
dados pessoais de seus clientes e colaboradores. Agora, há uma inversão 
desta cultura. Os titulares passam a ter a consciência de que têm o direito de 
dispor de seus dados pessoais, enquanto as empresas precisam correr atrás 
para atender a essa demanda — analisa a advogada Bruna Serro, especialista 
em direito digital. 
Embora a vigência da lei tenha sido antecipada, as sanções que serão 
aplicadas pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), instituída 
em um decreto presidencial publicado na madrugada desta quinta-feira (27), 
https://gauchazh.clicrbs.com.br/tecnologia/noticia/2020/08/senado-derruba-adiamento-da-nova-lei-de-protecao-de-dados-ckec0j5b1002y01475obrit6h.html
https://gauchazh.clicrbs.com.br/ultimas-noticias/tag/google/
https://gauchazh.clicrbs.com.br/politica/noticia/2020/08/camara-adia-lei-de-protecao-de-dados-para-janeiro-de-2021-ckeb9n3f0000y01es8ameb6ih.html
https://gauchazh.clicrbs.com.br/ultimas-noticias/tag/jair-bolsonaro/
terão início apenas em agosto de 2021. Bruna afirma, contudo, que outros 
órgãos, como o Ministério Público, têm autonomia para fiscalizá-la: 
– Com a entrada em vigor nos próximos dias, os titulares de dados, caso se 
sintam ofendidos ou queiram entender como suas informações foram coletadas 
e tratadas, podem demandar estes relatórios das empresas. 
Também advogada, a especialista em direitos digitais do Instituto Brasileiro de 
Defesa do Consumidor (Idec), Bárbara Simão, antecipa que o maior desafio à 
adaptação será de empresas pequenas. 
– Esta confusão legislativa sobre a data criou uma insegurança jurídica sobre 
quando as regras passam efetivamente a valer, sobretudo para os menores. 
Mas muitas empresas, principalmente as maiores, já estavam passando por um 
processo de adequação à lei, enviando e-mails de consentimento de seus 
novos termos de uso – diz Bárbara. 
Confira os 10 principais aspectos que mudam com a lei, segundo levantamento 
do Idec: 
1. Permissões detalhadas 
Torna obrigatório que as empresas detalhem aos usuários o uso de seus dados 
pessoais, proibindo termos genéricos, como "melhoria dos serviços". Se o 
consumidor informar seu e-mail para se inscrever em um evento, por exemplo, 
a empresa não poderá usá-lo para enviar mensagens promocionais. Terá de 
pedir uma autorização específica para este uso. 
2. Pacote de direitos 
Pela norma, cada usuário terá controle sobre seus próprios dados e poderá 
autorizar a coleta de suas informações. A pessoa terá a possibilidade de 
questionar uma empresa sobre o uso que está sendodado ao seu nome, CPF 
e registros de compras. Também garante que o usuário possa retificar dados 
imprecisos e se opor à coleta de informações consideradas sensíveis, como 
sua orientação sexual. 
Um exemplo dado pelo Idec é sobre o usuário de um aplicativo de 
relacionamentos, como o Tinder. A lei possibilita que a pessoa solicite à 
empresa quais dados possui, como são tratados e com quem são 
compartilhados. "Se o Tinder analisa todos os seus likes para formar um perfil 
de 'parceiro ideal', isso deve ser explicado", ilustra o instituto. 
3. CPF na compra de medicamentos 
https://idec.org.br/dadospessoais
https://idec.org.br/dadospessoais
Ao assegurar o direito de saber como dados estão sendo empregados, a 
norma permite que o consumidor consulte uma farmácia sobre o uso de seu 
CPF e registro de compras. No caso de informar seu CPF para conseguir 
descontos em um medicamento, o cliente tem a garantia de que seus dados 
não serão usados para criar um "perfil farmacológico" – valendo-se de um uso 
contínuo, por exemplo, para cobrar mais caro pelo remédio. 
4. Reparação em caso de vazamentos 
Empresas controladoras e operadoras, responsáveis pela coleta e pelo 
tratamento de dados, precisam manter registrados seus procedimentos, 
podendo ser chamadas a qualquer momento para informar um relatório de 
proteção. 
Se a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) constatar o 
vazamento, o usuário terá de ser notificado e informado sobre as medidas 
tomadas. Também poderá solicitar reparação e indenização pelo dano. 
5. Reconhecimento facial e dados biométricos 
O uso de "câmeras inteligentes", que coletam dados sobre as emoções dos 
usuários, por meio do reconhecimento facial, está proibido sem autorização. A 
venda de dados de reconhecimento facial e biométricos também passa a ser 
vedada pela lei. 
6. Digital em condomínios 
A instalação de biometria na portaria de condomínios poderá ser feita apenas 
com base legítima, como o consentimento dos moradores ou a previsão 
expressa em contrato. Não será mais permitido implementá-la, de maneira 
impositiva, pelos administradores. Em caso de uso, o condomínio terá de 
assegurar uma estrutura segura para a coleta e o armazenamento das digitais. 
7. Inteligência artificial 
O uso de inteligência artificial para decisões automáticas, incluindo acesso a 
crédito bancário e seleção de emprego, deverá ser informado ao usuário, que 
terá, ainda, de autorizá-lo. 
Segundo o Idec, se uma decisão automatizada causar impacto em interesses 
pessoais, profissionais ou de consumo, poderá ser questionada pelo usuário, 
pedindo que seja revisada. "Se você foi desclassificado da primeira etapa de 
uma seleção de emprego porque não sorriu o suficiente, você pode pedir a 
revisão dessa decisão", informa o instituto. 
8. Testes de personalidade 
A lei determina que desenvolvedores de testes e aplicativos solicitem a menor 
quantidade de dados necessário para suas atividades, respeitando, de acordo 
com o Idec, o "princípio da finalidade". Esta diretriz aplica-se para os populares 
testes de envelhecimento ou que mudam a foto de gênero. 
Normalmente, estes aplicativos coletam, de maneira gratuita, dados além da 
foto, como lista de amigos, curtidas e interesses, sendo vendidos, 
posteriormente, para empresas. O usuário terá o direito de solicitar ao 
desenvolvedor um relatório das informações colhidas e pedir que sejam 
deletados. 
9. Preço diferenciado 
Empresas de comércio eletrônico precisam informar aos seus clientes sobre 
seus dados colhidos e a eventual oferta de preços individualizados, baseados 
em sua localização e histórico de busca, entre outros. O consumidor poderá 
acolher – ou não – a política e, em caso de diferenciação de preço sem seu 
consentimento, pedir indenização. 
10. Portabilidade de dados pessoais 
O usuário, pela lei, terá o direito de pedir a portabilidade de seus dados 
pessoais de uma ferramenta para outra – do Spotify para o Deezer, exemplifica 
o Idec. Neste caso, o responsável precisará excluir suas informações ou torná-
las anônimas. Será semelhante à portabilidade de uma operadora de telefonia 
para outra. 
 
 
 
ELY, Débora. 10 mudanças que a Lei Geral de Proteção de Dados causará 
na sua vida. Disponível em: 
http://gauchazh.clicrbs.com.br/tecnologia/noticia/2020/08/10-mudancas-que-a-
lei-geral-de-protecao-de-dados-causara-na-sua-vida-
cked925vy002k013girwkg7uv.html. Acesso em: 11 set. 2020. (adaptado) 
 
 
 
 
 
http://gauchazh.clicrbs.com.br/tecnologia/noticia/2020/08/10-mudancas-que-a-lei-geral-de-protecao-de-dados-causara-na-sua-vida-cked925vy002k013girwkg7uv.html
http://gauchazh.clicrbs.com.br/tecnologia/noticia/2020/08/10-mudancas-que-a-lei-geral-de-protecao-de-dados-causara-na-sua-vida-cked925vy002k013girwkg7uv.html
http://gauchazh.clicrbs.com.br/tecnologia/noticia/2020/08/10-mudancas-que-a-lei-geral-de-protecao-de-dados-causara-na-sua-vida-cked925vy002k013girwkg7uv.html
TECNOLOGIA NA PANDEMIA 
 
“Obesidade digital”: como o excesso de tecnologia pode ser prejudicial. 
 
 
Marcia Hino, Daniela Leluddak e Taiane Ritta Coelho 
 
 
Foto: Eirik Solheim/Unsplash 
 
Em abril de 2020, mais da metade da população global estava com algum nível 
de distanciamento social ou lockdown. A pandemia da Covid-19 nos mostrou a 
necessidade de estarmos conectados e não vivermos excluídos, à margem da 
sociedade. As medidas de isolamento nos forçaram a nos fazer presentes em 
um mundo digital para manter nossa rotina de trabalho, de estudo, de consumo 
e até de entretenimento. Houve uma grande mudança nas nossas vidas, que 
só foi possível pelo uso mais intenso de tecnologia. 
A mudança também ocorreu nas organizações. A transformação digital era 
latente e ocorria lentamente. No entanto, durante a pandemia essa 
transformação foi impulsionada e, em menos de três meses, foi significativa e 
impactante para toda a sociedade mundial. O receio e o desconhecimento 
deram espaço à adoção de tecnologias digitais. Muitas empresas aceleraram 
sua transformação digital, com a implementação de diversos recursos 
tecnológicos que permitissem seus negócios continuarem funcionando. 
O uso indiscriminado de tecnologia já existia, contudo, passou a ser a forma de 
conexão entre a empresa e seu funcionário, entre a empresa e seu cliente, 
entre o cliente e o mundo real. O trabalho remoto se popularizou, e assim, a 
utilidade da tecnologia para as empresas. A partir de então, novas ferramentas 
tecnológicas começaram a ser utilizadas. Historicamente, o uso de tecnologia 
foi sempre acompanhado da necessidade de mudança de paradigmas no dia a 
dia, e as empresas não tiveram tempo para amadurecer reflexos dessa 
mudança em processos e, principalmente, nas pessoas. 
 
/ Diante desse uso intenso de tecnologia, chamamos a atenção para o 
risco de uma obesidade digital. 
E o que seria isso? O termo “obesidade digital” foi inicialmente usado em 
2004 pela Toshiba para representar o aumento do volume de dados 
digitais que pessoas e organizações começavam a acumular em seus 
dispositivos tecnológicos. 
Transportando esse conceito para os tempos atuais, a obesidade digital 
pode ser entendida como o uso excessivo e indiscriminado de 
ferramentas tecnológicas ou digitais. / 
 
A obesidade digital pode ser gerada pela falta de consciência crítica no uso de 
tecnologia. Poderíamos até dizer que é um estágio inicial da dependência 
digital. Ela é um problema iminente tanto para as pessoas, quanto para as 
organizações, pois a tecnologia está sendo utilizada para saciar necessidades 
sociais que o isolamento impediu que fossem supridas da forma tradicional. 
Seu uso intenso pode ser percebido pelo aumento de 76% do uso de 
WhatsApp, o incremento de 70% no tempo de uso do Facebook e o aumento 
em 70% das lives no Instagram em março de 2020. E ainda, em 18 de abril, 
mais de oito milhões de pessoas assistiram ao festival online “One World: 
Togetherat Home”. Dessa forma, artistas, médicos, organizações, 
empreendedores, professores, religiosos, prestadores de serviço, e outros 
profissionais ressignificaram as transmissões em vídeo. 
O uso intenso não é percebido somente nas mídias sociais e tende permanecer 
intenso quando o isolamento social acabar. O home office deve continuar 
sendo estimulado pela maioria das organizações. A instituição financeira XP 
Inc, bem como a JP Morgan Chase, a Barclays e outras organizações de Nova 
York, avaliam manter o home office como prática permanente. Essa mudança 
veio para ficar, como um novo comportamento das pessoas. Nossa identidade 
no mundo real está sendo substituída por nosso perfil no ambiente virtual. 
Uma pesquisa recente de Cassitas Hino, Coelho e Leluddak realizada com 
mais de 300 pessoas identificou que mais de 45% das pessoas utilizam três ou 
mais aplicativos diferentes para fazer a mesma coisa. Mas já paramos para 
entender o por quê? Essa mesma pesquisa indicou que o nível de ansiedade 
por estar conectado aumentou mais de 400% durante a pandemia e que, 
embora o uso de tecnologia esteja mais intenso, as pessoas não querem voltar 
a usá-la como antes. 
 
/ Isso nos leva a crer que as pessoas não parecem perceber o que está 
acontecendo e é esse comportamento que está levando as pessoas à 
obesidade digital. 
Usamos e dependemos tanto da tecnologia que se quer percebemos o 
risco que podemos correr. 
A obesidade digital pode afetar vários aspectos da vida de uma pessoa e 
pode até exigir tratamento. 
A frequência e duração do uso podem influenciar e impactar na 
biomecânica do corpo, como no caso dos smartphones, interferindo 
também nos aspectos sociais e psicológicos. / 
 
E o que você faz quando se está obeso? Uma dieta. Mas a dieta digital não é 
tão simples assim. O uso de tecnologia tem a ver com utilidade e essa utilidade 
dificulta o processo de libertação ou “equilíbrio” de seu uso. 
O smartphone, por exemplo, ficou mais popular à medida que sua conveniência 
aumentou. O smartphone hoje é agenda, máquina fotográfica, calculadora, 
navegador de internet, plataforma de jogos, equipamento de trabalho, enfim: a 
partir do momento que os usuários passaram a perceber mais utilidade, eles se 
tornaram mais relevantes, mais presentes, e nós, mais dependentes. Da 
mesma forma, o uso da internet em equipamentos móveis, que, por um lado, 
nos possibilita ter acesso em qualquer lugar e a qualquer hora, é o que nos 
monitora, controlando nossas vidas e nossos hábitos. 
No momento em que você se depara com mudanças tecnológicas que são 
incorporadas na sua rotina e facilitam o seu dia a dia, as pessoas não desejam 
mais regredir. Algumas pessoas abandonarão estes hábitos, mas muitas 
ficarão dependentes destas novas tecnologias. A tecnologia já está tão 
incorporada na vida das pessoas que elas passaram a ver isso como algo 
“normal”, ou ainda, “o novo normal”. A tendência é cada vez mais as pessoas 
ficarem mais dependentes e obesas digitais. 
 
Temos a tendência de olhar a obesidade digital como algo ruim, perigoso. 
Será? Como tratar isso se as pessoas se sentem confortáveis e felizes com o 
uso intenso de tecnologia? Como tornar a vontade de ficar desconectado o 
objeto de desejo do “novo normal”? 
*Marcia Regina Martelozo Cassitas Hino é PhD em Administração. Atua como 
pesquisadora na Cibiogás e faz pós-doutorado em Administração na 
Universidade Positivo. Possui artigos de tecnologia publicados no Brasil e no 
Exterior. 
*Daniela Leluddak é especialista em gente. Atua como psicóloga clínica e 
corporativa, palestrante, colunista e orientadora de carreiras em mercados 
diversos no Brasil e no Exterior. 
*Taiane Ritta Coelho é pesquisadora e professora do Departamento de Ciência 
e Gestão da Informação da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Doutora 
em Administração pela FGV-EAESP, possui inúmeras publicações e pesquisa 
realizadas sobre tecnologia e gestão estratégica da informação. 
 
 
LELUDDAK, Daniela et al. Tecnologia na pandemia. Disponível em: 
http://www.gazetadopovo.com.br/vozes/gazzconecta-colab/obesidade-digital/. 
Acesso em: 14 set. 2020. (adaptado) 
 
 
 
http://www.gazetadopovo.com.br/vozes/gazzconecta-colab/obesidade-digital/
PILAR EMOCIONAL 
 
 
Ética, Sociedade e Direitos Humanos 
 
 
TEXTOS SELECIONADOS 
 
 
 
 
A ÉTICA NOSSA DE CADA DIA 
 
Somos todos habitantes de uma grande polis, deste planeta que nos abriga 
 
Jailson Vieira Alves 
 
Estava eu essa semana caminhando por aí, numa comunidade do interior, 
tentando exercitar as pernas e oxigenar a alma nesses tempos de pandemia. 
Aquele exercício que não é apenas físico, mas também terapêutico, porque 
olhar e ouvidos atentos captam canto dos pássaros, flores, visão de belas 
espécies de bichos percorrendo espaços, natureza exuberante. Sabe aquele 
dia que resolvemos “tirar o plugue da tomada”, ficarmos menos reféns da 
tecnologia e nos aproximarmos um pouco mais de nossa essência? Foi o que 
busquei neste dia, indo trilhar, subindo a montanha! 
Lá pelas tantas, após uns cinquenta minutos de caminhada, na beira da 
estrada me deparo com uma mesa. Dezenas de vasos com plantas 
diferenciadas, uma pequena etiqueta com preço em cada uma delas. Um 
isopor onde estava escrito: “pague e leve”, com outro pote ao lado contendo 
dinheiro dentro, para troco. A ideia é você escolher a planta que lhe agrada, 
pagar, e pegar o troco caso o valor depositado seja maior que o preço da 
planta. 
Simples assim! Mas onde estavam os donos das plantas? Estavam em sua 
casa, a uns cem metros dali, embora eu nem os tenha visto. Onde estava a 
placa com a mensagem: “Sorria, você está sendo filmado”? Não havia! Ah, mas 
com certeza havia lá alguma câmera escondida, você deve estar pensando. 
Nada de câmera. A única câmera escondida ali era a da minha própria 
consciência. A situação inusitada com a qual me deparei transmitia um recado 
inteligente, uma sabedoria silenciosa: nós estamos aqui fazendo nossa parte, 
agora faça você a sua! 
Diante da situação real que vivenciei, podemos fazer algumas considerações 
sob o ponto de vista da Ética, campo de investigação da Filosofia, e palavra tão 
usada em nosso cotidiano. Se pensarmos naquilo que os gregos chamavam de 
ethos, e que pode ser traduzido como “hábito, costume, caráter”, entenderemos 
que a Ética está fundamentalmente ligada ao modo de vida, a uma conduta 
pessoal e intransferível, que cada um de nós resolve adotar diante do mundo 
(da natureza) e da vida na pólis (a vida em sociedade). Por isso Sócrates, 
aquele que foi considerado a mais sábio entre os gregos, dizia que é preferível 
ser vítima do mal a ser autor do mal. O cálculo moral é simples: se você é 
vítima do mal, nada fez de errado. Mas se você é autor do mal, e até considera 
ser esperto por conta disso ao obter uma vantagem ilícita sobre o outro (por 
exemplo), você tem o caráter corrompido. E ter o caráter corrompido, para 
Sócrates, é o maior dos males: uma pessoa de mau caráter tem que conviver o 
tempo todo consigo. 
Por outro lado, quem é vítima deste mau-caratismo, mas está em paz com sua 
consciência, pode botar a cabeça no travesseiro e dormir em paz. Isso não 
significa que não tenhamos que ter prudência em nossas ações, mas sim, que 
retidão de caráter é característica de pessoas virtuosas. Algo muito parecido 
nos disse Immanuel Kant, filósofo do Iluminismo, que em uma das formulações 
de seu famoso imperativo categórico, nos diz: “Pensa e age de tal modo que 
todas as tuas ações possam ser transformadas em lei universal”. Ou seja: 
quando fores agir, faça o seguinte exercício de exame em sua consciência: e 
se todos fizerem o mesmo que eu farei agora, isso será bom para a vida em 
sociedade? É o que toda pessoa que joga lixo na rua deveria pensar: “mas se 
todos fizerem o que vou fazer agora, se todos jogarem lixo na rua, isso será 
bom?” A resposta, sabemos,obviamente é negativa. E se eu, naquela trilha, 
não pagasse pela planta que escolhi e ainda levasse embora o dinheiro que 
estava lá para o troco, isso seria bom? Segundo Sócrates e Kant, segundo 
uma concepção de Ética universal, certamente não. Ah, mas o mundo é dos 
espertos, muitos dirão. Mas o que é ser esperto? Apropriar-me daquilo que não 
me pertence, enganar deliberadamente os outros para obter vantagem, ser 
lobo em pele de cordeiro? Ora, somente uma espécie de doença da alma 
poderia me levar a trair a confiança da pessoa que deixou as plantas ali, com o 
dinheiro para o troco. O recado implícito, que não estava escrito, mas que 
entendi de imediato era: agora é você e sua própria consciência. Poderíamos 
nos perguntar: no final das contas, não é sempre assim? 
Somos todos habitantes de uma grande polis, deste planeta que nos abriga. 
Um papel de bala jogado no chão, a embriaguez ao volante, um pedra riscada 
para deixar meu nome registrado num lugar ermo, uma gentileza no trânsito ou 
no estacionamento do supermercado, devolver o troco correto, não são e 
nunca serão ações isoladas. Todas as nossas ações reverberam no contexto 
social no qual estamos inseridos, em maior ou menor grau. Talvez nossa maior 
esperteza consista em estarmos atentos à necessidade de lapidarmos nosso 
caráter para sermos melhores pais, amigos, companheiros, cidadãos. Estarmos 
atentos ao modo como nos conduzimos no mundo. Ou como nos diz Zélia 
Duncan, poeta da MPB: “O que eu tenho é minha atitude. O que eu levo é 
minha atitude. O que pesa é minha atitude. Minha porção maior”. 
 
 
 
ALVES, Jailson Vieira. A ética nossa de cada dia. Disponível em: 
http://notisul.com.br/opiniao/211521/. Acesso em: 22 set. 2020. 
 
 
 
 
 
 
http://notisul.com.br/opiniao/211521/
AS BOMBAS E A NECESSIDADE DE UMA NOVA ÉTICA 
 
Daniel Medeiros 
 
Há 75 anos, o governo Harry Truman decidiu que poderia abreviar a guerra 
com o Japão jogando sobre o seu território um novo artefato, com um poder 
destrutivo sem precedentes. E jogou não um, mas dois desses artefatos, sobre 
Hiroshima e sobre Nagasaki. O resultado foram mais de duzentos mil mortos e 
uma nova e irreversível realidade: os humanos tornaram-se capazes de 
destruir a vida no planeta Terra. 
A Ética é o ramo da Filosofia que estuda a conduta humana. A condição para a 
Ética é a necessária reflexão sobre como devemos agir em um mundo no qual 
não é possível nos eximir da presença das outras pessoas. Aristóteles é uma 
espécie de “pai” da Ética, pois escreveu o seu “Ética a Nicomaco” para mostrar 
ao filho como alcançar um estado de espírito pleno, a eudaimonia, em meio às 
outras pessoas. Para isso, o filho de Aristóteles não podia pensar só em si 
mesmo, mas no bem comum, na felicidade como algo coletivo. A Ética, 
portanto, busca a melhor forma de existência comum entre as pessoas. 
Kant, no século XVIII, também pensou uma ética para melhorar o mundo, 
igualmente voltada para a relação com as outras pessoas, condicionando a 
conduta a um comando que poderia ser resumido assim: “é ético agir se a sua 
ação puder ser algo que qualquer um também possa fazer, sem prejuízo para 
os outros.” Kant submete nossa condição de pessoas éticas à nossa própria 
avaliação racional, sem a necessidade de nenhuma instância superior, 
metafísica, divina. Somos capazes de agir corretamente a partir de nossa 
própria avaliação das coisas. Só precisamos fazê-lo. 
Todas essas reflexões, porém, centraram-se nos humanos, ignorando os 
outros seres vivos do planeta, e isso por uma razão simples: não havíamos 
ainda desenvolvido a capacidade de pôr em risco as espécies animais e 
vegetais da Terra. Nosso problema era com a gente mesmo. Mas isso foi antes 
das bombas atômicas. Quando os cientistas que se uniram em torno do projeto 
Manhattan e decidiram construir um artefato capaz de liberar uma quantidade 
tão grande de energia que seria capaz de devastar o planeta, pensavam em 
proteger o mundo da loucura do nazismo. Parecia nobre a causa e os cientistas 
acreditaram que poderiam ajudar a paz mundial. No entanto, Hitler caiu sem 
precisar desse estratagema e Truman resolveu usar as bombas para acabar 
com a guerra no Pacífico e, ao mesmo tempo, mandar um recado para Stalin. 
Os cientistas se sentiram traídos, mas, enfim, já era tarde. 
Pensar uma ética que envolva a natureza, todas as formas de vida, e que 
permita aos cidadãos comuns controlarem os projetos dos cientistas, parece 
ser a urgência do nosso tempo. Os avanços da tecnologia – o que 
ingenuamente chamamos de progresso – parecem legitimar a ação da ciência, 
como se os cientistas não fossem pessoas com falhas de caráter como 
qualquer um de nós. Como afirma o filósofo Hans Jonas, a ciência é um 
exercício do poder humano, e toda forma de ação humana está sujeita a uma 
avaliação moral. Um mesmo poder pode ser usado para o bem e para o mal. A 
técnica moderna se traduz enquanto poder humano enormemente aumentado. 
Daí precisar ser tratada como um caso novo e especial. Cabe ao cientista ter a 
obrigação em relação à integridade do ser humano do futuro. Dessa 
responsabilidade se depreenderia que o homem não pode tratar com descuido 
nem o mundo da vida extra-humana, nem a si mesmo. 
As bombas mostraram nosso limite em relação ao quanto a ciência é capaz de 
colocar-nos em risco. Todos os que virão têm direito a uma vida autêntica, com 
rios, mares, ar puro e a convivência dos outros seres vivos. É dever de todos 
nós ensinarmos às futuras gerações para que tenham consciência disso e que 
possam exigir esse controle. As duas bombas foram recado suficiente para nos 
alertar. Ou construímos uma nova ética ou um dia o planeta inteiro será 
Hiroshima, será Nagasaki. 
 
 
 
MEDEIROS, Daniel. As bombas e a necessidade de uma nova ética. 
Disponível em: http://paranashop.com.br/2020/09/as-bombas-e-a-necessidade-
de-uma-nova-etica/. Acesso em: 18 set. 2020. 
 
 
 
http://paranashop.com.br/2020/09/as-bombas-e-a-necessidade-de-uma-nova-etica/
http://paranashop.com.br/2020/09/as-bombas-e-a-necessidade-de-uma-nova-etica/
GOVERNO REGISTRA 1,3 MIL DENÚNCIAS DE 
VIOLAÇÕES DE DIREITOS HUMANOS APÓS 
RESTRIÇÕES POR CORONAVÍRUS 
 
Isabelle Barone 
 
 
Índice de denúncias de violação de direitos humanos aumentaram significativamente 
após quarentena. Imagem ilustrativa. Foto: Unsplash. 
 
À medida que governos estaduais e municipais estabeleceram medidas 
restritivas de deslocamento na tentativa de conter a pandemia do novo 
coronavírus, o número de denúncias de violação de direitos humanos 
aumentou significativamente no país. É o que revela um levantamento do 
Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) divulgado 
em 26 de março/2020. 
Em 14 de março, quando o Brasil registrou 121 casos de coronavírus e após os 
primeiros anúncios de restrição, a Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos 
(ONDH) recebeu apenas 5 denúncias de violação de direitos humanos. Dez 
dias depois, em 24 de março, o número chegou a 236; o pico de queixas 
ocorreu no dia 23: 406. De 14 a 24 de março, foram registradas 1,3 mil 
denúncias dessa natureza. Veja o gráfico abaixo: 
 
 
 
https://media.gazetadopovo.com.br/2020/03/26161200/violacao-de-direitos-humanos-numeros-aumentam-com-quarentena-por-conta-do-coronavirus-660x372.jpg
Evolução diária de denúncias 
 
Infográfico: Direitos humanos - Evolução diária de denúncias - Coronavírus - Covid 19. 
Fonte: ONDH. 
 
Entre as principais queixas de violação estão a exposição de risco à saúde, 
sobretudo no ambiente de trabalho, seguida de maus tratos e escassez de 
recursos para sustento familiar devido à restrição de deslocamento e acesso a 
espaços públicos e privados. 
Ainda de acordo com o MMFDH, as violações teriam ocorrido, principalmente, 
contra pessoas socialmente vulneráveis, como trabalhadores informais, e 
pessoas em unidades prisionais. Também há denúncias de violação dedireitos 
humanos contra idosos, crianças ou adolescentes, e contra a mulher. Observe, 
no gráfico, as principais queixas: 
 
 
 
 
 
 
https://multimidia.gazetadopovo.com.br/media/info/2020/202003/violacao-direitos-humanos_02.png
Principais queixas apresentadas 
 
Infográfico: Direitos humanos - Principais queixas apresentadas - Coronavírus - Covid 
19. Fonte: ONDH. 
 
Apenas São Paulo, onde há o maior número de casos registrados de 
coronavírus (862 até a manhã do dia 26 de março), foram registradas 360 
denúncias de violação de direitos humanos. Do Rio de Janeiro, que já 
contabiliza 370 infectados pelo vírus, partiram 236 queixas. Minas Gerais, 
Santa Catarina e o Paraná registraram 151, 106 e 31 denúncias cada, 
respectivamente. O índice de reclamações, como nota o órgão, converge com 
a incidência de infectados nas regiões. 
Observe, abaixo, o número de queixas por região: 
 
 
 
 
https://multimidia.gazetadopovo.com.br/media/info/2020/202003/violacao-direitos-humanos_04.png
Denúncias por estados 
 
Infográfico: Direitos humanos - Denúncias por estados - Coronavírus - Covid 19. 
Fonte: ONDH. 
 
No dia 25 de março, o governo estendeu o canal de denúncias a brasileiros 
que residem em outros 50 países. "Temos que nos preocupar com essas 
pessoas. Elas não estão no Brasil, mas são brasileiros e nós temos olhos para 
eles", afirmou a ministra da pasta, Damares Alves. 
 
Denúncias 
Os canais de atendimento da Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos 
(ONDH) funcionam 24 horas por dia, de forma gratuita. Caso precise realizar 
uma denúncia em território brasileiro, basta ligar para o Disque 100. Para 
brasileiros no exterior, o canal de denúncias é o 180. 
https://multimidia.gazetadopovo.com.br/media/info/2020/202003/violacao-direitos-humanos_06.png
Em breve, a pasta deve divulgar um aplicativo e um site por meio dos quais 
poderão ser registradas as denúncias. 
 
 
 
BARONE, Isabelle. Governo registra 1,3 mil denúncias de violações de 
direitos humanos após restrições por coronavírus. Disponível em: 
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/governo-registra-13-mil-
denuncias-de-violacoes-de-direitos-humanos-apos-restricoes-por-coronavirus/. 
Acesso em: 18 set. 2020 (adaptado). 
 
 
 
ATUALIDADES: CONHEÇA UM PANORAMA GERAL 
SOBRE OS DIREITOS HUMANOS 
 
O tema aparece constantemente em questões de vestibulares e do ENEM 
(Exame Nacional do Ensino Médio), assim como em concursos públicos. 
 
Clara Ribeiro 
 
Muito se fala sobre Direitos Humanos. Está presente nas notícias do dia a dia, 
nos livros, nas apostilas, nas aulas, assim como na rotina cotidiana. Afinal, se 
referem às determinações que nos protegem contra atos que ferem a honra e a 
dignidade. 
Mas apesar de ser um tema super debatido, muitas pessoas ainda têm dúvidas 
sobre os seus conceitos e suas características. 
Por aparecer constantemente em questões de vestibulares e do ENEM (Exame 
Nacional do Ensino Médio), assim como em concursos públicos, trouxemos um 
panorama para você conhecer. 
 
Contexto histórico 
Para entender a proclamação dos direitos humanos, precisamos voltar no 
tempo e entender o contexto pós Segunda Guerra Mundial. 
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/governo-registra-13-mil-denuncias-de-violacoes-de-direitos-humanos-apos-restricoes-por-coronavirus/
http://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/governo-registra-13-mil-denuncias-de-violacoes-de-direitos-humanos-apos-restricoes-por-coronavirus/
Com a invasão das tropas aliadas adentrando territórios nazistas e 
presenciando o horror humanitário, sobretudo pelo holocausto e seus terríveis 
campos de concentração. 
Vale frisar que ao contrário do que sabemos hoje em dia sobre essa época de 
terror nazista. As suas práticas de extermínio no Terceiro Reich comunidade 
internacional. 
O que se sabia sobre o governo autoritário de Adolf Hitler girava em torno da 
perseguição de certos povos. Como por exemplo: 
 
• Judeus 
• Negros 
• Homossexuais 
• Ciganos 
• Entre outros 
 
Porém, o holocausto e todo seu terror não era, de fato, algo de conhecimento 
público. Logo após o fim da Segunda Guerra ocorre a exposição do holocausto 
e de seus terríveis campos de concentração, o que choca o mundo todo. 
Com isso, a ONU (Organização das Nações Unidas), que na época tinha pouco 
tempo desde a sua criação, decide criar um instrumento jurídico que proteja os 
direitos considerados fundamentais para qualquer pessoa. 
 
Proclamação dos direitos humanos 
Diante deste cenário em 1948 a ONU proclama a Declaração Internacional dos 
Direitos Humanos e afirma que “direitos inerentes a todos os seres humanos, 
independentemente de raça, sexo, nacionalidade, etnia, idioma, religião ou 
qualquer outra condição”. 
A ONU ainda cita as características mais importantes dos direitos humanos, 
que podem ser acessadas por meio de seu site oficial. 
 
Veja as principais características: 
 Os direitos humanos são fundados sobre o respeito pela dignidade e o 
valor de cada pessoa; 
 Os direitos humanos são universais, o que quer dizer que são aplicados 
de forma igual e sem discriminação a todas as pessoas; 
 Direitos humanos são inalienáveis, e ninguém pode ser privado de seus 
direitos humanos; eles podem ser limitados em situações específicas. 
Por exemplo, o direito à liberdade pode ser restringido se uma pessoa é 
considerada culpada de um crime diante de um tribunal e com o devido 
processo legal; 
 Os direitos humanos são indivisíveis, inter-relacionados e 
interdependentes, já que é insuficiente respeitar alguns direitos humanos 
e outros não. Na prática, a violação de um direito vai afetar o respeito 
por muitos outros; 
 Todos os direitos humanos devem, portanto, ser vistos como de igual 
importância, sendo igualmente essencial respeitar a dignidade e o valor 
de cada pessoa. 
 
 
 
 
 
RIBEIRO, Clara. Atualidades: conheça um panorama geral sobre os 
direitos humanos. Disponível em: 
http://noticiasconcursos.com.br/educacao/atualidades-direitos-humanos/. 
Acesso em 21 set. 2020. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
http://noticiasconcursos.com.br/educacao/atualidades-direitos-humanos/
PILAR ESPIRITUAL 
 
 
Ética, Cultura e Arte 
 
 
TEXTOS SELECIONADOS 
 
 
 
PRA QUE SERVE A ARTE 
 
Margaret Imbroisi e Simone Martins 
 
As obras de arte, desde a Antiguidade até hoje, nem sempre tiveram a mesma 
função. Ora serviam para contar uma história, ora para rememorar um 
acontecimento importante, ora para despertar o sentimento religioso ou cívico. 
Foi só neste século que a obra de arte passou a ser considerada um objeto 
desvinculado desses interesses não artísticos, um objeto propiciador de uma 
experiência estética por seus valores íntimos. 
Assim dependendo do propósito e do tipo de interesse com que alguém se 
aproxima de uma obra de arte, podemos distinguir três funções principais para 
a arte. 
Função Utilitária: A arte serve ou é útil para se alcançar um fim não artístico, 
isto é, ela não é valorizada por si mesma, mas só como meio de se alcançar 
uma outra finalidade. 
Esses fins não artísticos variam muito no curso da história. Na Idade Média, por 
exemplo, na medida em que a maior parte da população dos feudos era 
analfabeta, a arte serviu para ensinar os principais preceitos da religião católica 
e para relatar as histórias bíblicas. 
Função Naturalista: A obra é encarada como um espelho, que reflete a 
realidade e nos remete diretamente a ela. Em outras palavras, a obra tem 
função referencial de nos enviar para fora do mundo artístico, para o mundo 
dos objetos retratados. Essa atitude perante a arte surge bastante cedo. Ela 
aparece na Grécia, no século V a.C., nas esculturas e pinturas que “imitam” ou 
“copiam” a realidade. Essa tendência caracterizou a arte ocidental até meados 
do século XIX, quando surgiu a fotografia. A partir de então, a função arte, 
especialmente da pintura,

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